O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA METODOLOGIA DO PNAIC … · 2017-08-11 · DO PNAIC NUMA...
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ISSN 2176-1396
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA METODOLOGIA
DO PNAIC NUMA ESCOLA PÚBLICA DO RIO GRANDE DO NORTE
Amanda Ravenna Vieira de Oliveira 1 - UERN
Luzilene Fontes do Nascimento2 - UERN
Lucielton Tavares de Almeida³ - UERN
Eixo – Alfabetização, leitura e escrita
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A pesquisa foi realizada com o intuito de averiguar o processo de aquisição do SEA (Sistema
de Escrita Alfabética) considerando a importância dessa aprendizagem no ciclo de alfabetização
de todo educando. A metodologia utilizada foi a trazida pelo programa de alfabetização do
governo federal PNAIC (Pacto Nacional Pela Alfabetização na idade certa), que traz uma
proposta inovadora com a utilização da ludicidade por meio de jogos e brincadeiras,
demonstrando como confeccionar materiais concretos como a caixa da matemática,
disponibilizando livros e curso de formação para os professores da rede pública de ensino de
todo o Brasil. A pesquisa foi desenvolvida numa escola pública da cidade de Mossoró-RN,
tendo como sujeitos alunos do primeiro ano do ensino fundamental desta mesma escola. O
referencial teórico utilizado foi o material disponibilizado pelo curso, a metodologia foi estudo
de caso descritivo, em que objetivamos entender o método que a professora aprendeu no curso
e que realizou na sala de aula. Foram quatro semanas de observação, utilizando o diário de
campo. Concluímos que o PNAIC trouxe grandes contribuições, novas estratégias e jogos que
despertaram o interesse dos alunos, trazendo avanços significativos em suas aprendizagens.
Através das metodologias apresentadas no programa, do material fornecido pelo MEC, a
educadora pôde aperfeiçoar o seu trabalho como professora alfabetizadora, motivar novas
aprendizagens, ter uma rotina mais elaborada com a utilização dos recursos didáticos recebidos
e métodos apresentados para utilizar com os educandos. A professora também enfatiza que o
PNAIC a incentivou a pesquisar e continuar seus estudos melhorando a sua formação
continuada.
1 Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio G.
do Norte (POSEDUC/UERN), Professora dos anos iniciais na rede básica estadual. E-mail:
[email protected]. 2 Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio G.
do Norte (POSEDUC/UERN), Supervisora pedagógica na rede Municipal de Mossoró-RN E-mail:
³ Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio G.
do Norte (POSEDUC/UERN), Professor dos anos iniciais das redes básica estadual e Municipal de Triunfo
Potiguar-RN. E-mail: [email protected].
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Palavras-chave: Alfabetização. Método. Aprendizagem.
Introdução
Compreender o código escrito é uma necessidade que esteve presente desde os tempos
antigos, quando surgiu o comércio surgiu também à necessidade de registrar as quantidades, os
nomes e transações.
A forma de alfabetizar passou por muitas mudanças de métodos, vários pensadores
criaram suas cartilhas, cada um utilizando-se de uma metodologia, dentre eles destacamos: Jan
Hus, utilizando-se de conteúdo religioso; Valentin Icekelsamer, também utilizando a religião,
mas incluindo sílabas simples; Comênio que é considerado o pai da didática, inovou utilizando
gravuras junto das palavras; La Salle, dividindo as lições em cinco etapas, sendo elas o alfabeto,
as sílabas, o silabário, leitura de sílabas simples e por último, textos; José Hamel, nos trazendo
o ensino coletivo de quinze minutos; Robert Howen, com a escola para filhos de operários e
Froebel, o fundador dos jardins de infância.
Nós professores sempre nos deparamos com a palavra didática, sobre como ensinar e os
métodos que devemos utilizar, em quais autores devemos basear nossa prática. Na formação
inicial nos perguntamos como ela surgiu de onde veio à necessidade de criar método de ensino.
A didática surge no século XVII, a partir das contribuições de dois educadores europeus:
Comênio e Ratíquio, os mesmos viviam em países que estavam passando pela reforma
protestante, ambos gostariam de romper com a forma de ensino praticado pela igreja, onde a
figura do professor dominava, os conteúdos eram inquestionáveis e a palmatória era utilizada
como forma de punição ao aluno que não se comportasse da forma esperada. Comênio escreveu
a Didática Magna, conhecida como a arte de ensinar tudo a todos de forma rápida e agradável,
pretendia transformar os processos de aprendizagem ao mesmo tempo em que abria uma porta
para a salvação espiritual do individuo, pois sua didática é baseada na tríade: instrução, moral
e piedade. Esta vontade de ensinar tudo a todos não era muito possível de se concretizar devido
à própria brevidade da vida.
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Comênio é um clássico da educação que apesar de não responder diretamente ao
momento em que estamos e nem as necessidades atuais, nos faz refletir sobre a nossa prática e
tentar compreendê-lo, nos melhorando enquanto educadores que somos.
Após a contribuição deste grande pensador surgiram outros que também trouxeram seus
valorosos conhecimentos e descobertas com novas concepções a respeito da forma de ensinar
o processo de aquisição do sistema alfabético. Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Dewey,
Montessori, Malaguzzi, Freinet dentre outros contribuíram bastante para o avanço da didática.
A didática é um instrumento de suma importância para o professor melhorar a sua
prática e sua relação com o aluno, objetivando a melhoria na realização do objetivo que é a
efetivação do ensino e o êxito na aquisição do conhecimento de seu educando.
Nossa pesquisa objetiva analisar o método trazido pelo programa do governo Federal, o
Pacto Nacional pela Alfabetização na idade certa (PNAIC), observar se suas práticas de ensino
possibilitam ao aluno uma maneira mais eficaz de aprendizagem, verificar a apropriação do
código escrito e o processo de dominação da leitura.
Conhecendo o pacto nacional pela alfabetização na idade certa
O PNAIC é um programa que tem como objetivo alfabetizar os alunos no decorrer ciclo
de alfabetização do primeiro ao terceiro ano até os oito anos de idade. Este pacto possui várias
ações integradas que juntas visam aprimorar a formação continuada dos professores,
capacitando-os para melhor performance nos métodos de ensino . Estas ações são divididas em
quatro eixos: formação continuada presencial para professores alfabetizadores e seus
orientadores de estudo; Materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos
e tecnologias educacionais; Avaliações sistemáticas e gestão, controle social e mobilização.
O programa foi criado devido à preocupação com os números alarmantes de crianças
que concluem o terceiro ano do ensino fundamental sem estar devidamente alfabetizada. Este
fato interfere bastante no processo de aprendizagem e aquisição dos conhecimentos estudados
no currículo do ensino fundamental I e consequentemente nos níveis posteriores.
O conjunto de material recebido pelo professor cursista no primeiro ano do programa
foram: três cadernos introdutórios: Apresentação do Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa; Caderno de formação de professores e; Caderno de Educação Especial. Oito
cadernos para cada ano e para as escolas do campo. Os conteúdos existentes nos cadernos são
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textos teóricos sobre os temas de formação, relatos de experiências de professores na sua prática
docente, sugestões de atividades, confecções de materiais didáticos como jogos, dentre outros.
Todo professor que atua nos três primeiros anos do Ensino Fundamental de escola pública
lotado e contando no censo escolar do município deve participar do curso.
A avaliação se dá a partir dos seguintes critérios: ter frequência aos encontros
presenciais (mínimo de 75%); realizar as tarefas previstas em cada unidade; Avaliar as crianças
e preencher o quadro de acompanhamento de aprendizagem dos alunos; fazer autoavaliação,
considerando o percurso durante cada encontro da formação, as contribuições do curso em sua
prática pedagógica e Relatar uma experiência no Seminário Final do Programa.
Desse modo, no Pacto Nacional Pela Educação na Idade Certa serão
desenvolvidas ações que contribuam para o debate acerca dos direitos de
aprendizagem das crianças. No ciclo de alfabetização; para os processos de
avaliação e acompanhamentos da aprendizagem das crianças; para o
planejamento e avaliação das situações didáticas; Para o conhecimento e uso
dos materiais distribuídos pelo Ministério da Educação, voltados para a
melhoria da qualidade do ensino no clico de alfabetização. (BRASIL, 2012,
p.40).
Os encontros presenciais acontecem de uma a duas vezes por mês, sempre aos sábados
no horário das 8h às 17h, sendo dez encontros durante o ano para a discussão dos cadernos de
formação e socialização das práticas e resultados obtidos como metodologia e troca de
experiência. O professor alfabetizador recebe uma bolsa como ajuda de custo para cada
encontro no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) a alimentação também é custeada pelo
programa, visto que os cursistas almoçam e lancham no local onde o curso é ministrado.
A avaliação sobre o cumprimento das metas do PNAIC e os índices de conhecimento
dos alunos será feita através da ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização), que faz parte do
Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). A Provinha Brasil, é outra avaliação feita no
ciclo de alfabetização, aplicada com alunos do 2º ano do Ensino Fundamental, no início e ao
final do ano letivo. Porém, é uma prova amostral para avaliar o nível dos alunos e não censitária,
como a ANA.
Revisão bibliográfica
Com intuito de compreendermos a concepção de alfabetização na perspectiva do
letramento, trataremos da aquisição do SEA através da teoria da psicogênese da língua escrita
de Emília Ferreiro e Ana Teberosky.
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Segundo a autora Ferreiro (1986) o processo possui quatro fases formais, denominando
de garatuja a fase em que a criança antecede estas fases. A pesquisadora expressa que esse
processo deve ser vivenciado de forma espontânea e criativa. Ambos defendem que o processo
de alfabetização ocorre na medida em que a criança se expressa e pratica a escrita, ou seja, ela
deve aprender fazendo.
A escrita alfabética não deve ser um código que se aprende com atividades que se
repetem e se utilizam da memorização, deve ser um processo no qual as crianças precisam
refletir, compreender, pensar e entender como funciona o sistema da apropriação da escrita para
que o mesmo se torne significativo. Por isso que Ferreiro critica a concepção mecanicista e
defende a concepção psicogenética de ensino.
A nova concepção de alfabetização trazida pelo pacto nos diz que os antigos métodos
elaborados na época em que não dispúnhamos dos conhecimentos que a psicolinguística nos
oferece, tinham uma visão equivocada sobre como o individuo aprende a escrita alfabética, pois
segundos estes métodos a criança seria uma tabula rasa, que apenas repetia fórmulas prontas.
Morais (20012) elabora uma lista de propriedades que o educando no ciclo de
alfabetização precisa reconstruir em sua mente, de suma importância para os professores
alfabetizadores poderem criar situações favoráveis e desafiadoras para que a criança consiga
dominar os itens listados a seguir:
Propriedades que o educando necessita adquirir no ciclo de alfabetização.
Propriedades do SEA que o aprendiz precisa reconstruir para se tornar alfabetizado
1. Escreve-se com letras, que não podem ser inventadas, que têm um repertório finito e que são diferentes
de números e de outros símbolos;
2. As letras têm formatos fixos e pequenas variações produzem mudanças na identidade das mesmas (p, q,
b, d), embora uma letra assuma formatos variados (P, p, P, p);
3. A ordem das letras no interior da palavra não pode ser mudada;
4. Uma letra pode se repetir no interior de uma palavra e em diferentes palavras, ao mesmo tempo em que
distintas palavras compartilham as mesmas letras;
5. Nem todas as letras podem ocupar certas posições no interior das palavras e nem todas as letras podem
vir juntas de quaisquer outras;
6. As letras notam ou substituem a pauta sonora das palavras que pronunciamos e nunca levam em conta
as características físicas ou funcionais dos referentes que substituem;
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7. As letras notam segmentos menores que as sílabas orais que pronunciamos;
8. As letras têm valores sonoros fixos, apesar de muitas terem mais de um valor sonoro e certos sons
poderem ser notados com mais de uma letra;
9. Além de letras, na escrita de palavras, usam-se, também, algumas marcas (acentos) que podem modificar
a tonicidade ou o som das letras ou sílabas onde aparecem;
10. As sílabas podem variar quanto às combinações entre consoantes e vogais (CV, CCV, CVV, CVC, V,
VCC, CCVCC...), mas a estrutura predominante no português é a silaba CV (consoante - vogal), e todas
as sílabas do português contêm, ao menos, uma vogal.
Fonte: Morais, 2012.
Pudemos perceber ao analisar a escrita espontânea da criança que elas criam hipóteses
muito bem descritas por Ferreiro e Teberosky, que defendem que as crianças precisam escrever
como acham que sabem e não copiar do quadro corretamente, como a professora, recebendo a
resposta pronta. Esse processo é fundamental para identificarmos em que nível de compreensão
do sistema alfabético a criança se encontra.
De acordo com a teoria da psicogênese da escrita, os educandos passam por períodos
diferentes quando estão no processo de aquisição do sistema escrito, que são: Fase de
representação por grafismos livres – garatujas. Nessa fase a criança se expressa através de
grafismos separados ou ligados por linhas curvas e quebradas sem expressão de formas
inseridas num entendimento convencional; Fase pré-silábica. Nessa etapa a criança desenha
e/ou escreve bolinhas, tracinhos, pseudoletras, números etc, percebendo a diferença entre a
escrita e o desenho, embora seja comum a escrita utilizando as mesmas letras e caracteres na
formulação de palavras diferentes; Nível silábico. Nessa fase a criança passa a compreender
que há correspondência entre grafia e som, e passa a escrever uma letra para cada sílaba,
aproximando as vogais e consoantes com a sonoridade da palavra que a compõe; Nível silábico-
alfabético. Corresponde a transição entre o nível silábico e o alfabético. Nesse período a criança
escreve uma letra para cada emissão de voz (correspondência grafia/sílaba) e outras vezes
escreve uma letra para cada emissão de voz (correspondência grafia/fonema) e o nível
alfabético corresponde à última fase. Nessa etapa a criança apresenta hipóteses de escrita cada
vez mais aproximadas do sistema de representação convencional, fazendo correspondência
entre os números de letras e os fonemas que formam as palavras.
O pacto nacional pela alfabetização na idade certa nos trouxe alguns direitos de
aprendizagens que devem ser introduzidos, aprofundados e consolidados ainda no primeiro ano
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do ensino fundamental, são eles: escrever o próprio nome; reconhecer e nomear as letras do
alfabeto; diferenciar letras de números e outros símbolos; conhecer a ordem alfabética;
compreender que palavras diferentes compartilham certas letras; perceber que palavras
diferentes variam quanto ao número, repertório e ordem de letras; segmentar oralmente as
sílabas de palavras e compará-las; identificar semelhanças sonoras em sílabas iniciais e em
rimas; reconhecer que as sílabas variam quanto às suas composições ( e que a estrutura
consoante/vogal não é a única possível); perceber que as vogais estão presentes em todas as
sílabas; ler, ajustando a pauta sonora ao escrito e localizar palavras em textos conhecidos.
Como o professor é o facilitador da aprendizagem e aquisição destes direitos, é
importante a elaboração de sequencias didáticas para ajudar na construção do conhecimento de
modo gradativo, no próximo ponto relataremos experiências em que objetivamos alcançar a
introdução destes direitos e para que os alunos avancem em suas hipóteses.
O universo das letras na sala de aula
Dedicamo-nos a refletir sobre diferentes alternativas didáticas da professora que podem
contribuir com a aprendizagem das crianças, considerando suas necessidades e singularidades
com uso de diferentes materiais distribuídos pelo MEC, identificando os objetivos a elas
associados. Escolhemos uma turma de primeiro ano por imaginarmos que os avanços poderiam
aparecer mais rápido pelo fato da criança estar embarcando no ensino fundamental, tendo os
“primeiros” contatos com o sistema de escrita alfabética.
A turma é formada por 26 alunos matriculados regularmente, na faixa etária de seis e
sete anos. O intuito é observar o processo de aprendizagem dos alunos, mas não podemos deixar
de ouvir a professora que nos diz:
Ao longo do ano letivo venho desenvolvendo atividades que contemplam os
direitos de aprendizagens dos alunos, buscando relacionar as mesmas, com o
contexto social o qual o aluno está inserido, no sentido de alfabetizar letrando,
seguindo as contribuições da formação que recebemos durante o curso, pois,
antes de iniciar a formação, não as realizava com a frequência necessária, e
muitas vezes não desenvolviam atividades que obtivessem melhor proveito das
situações didáticas desenvolvidas em sala, com objetivo da alfabetização na
idade certa, tendo como orientação para o desenvolvimento destas, os eixos
norteadores da Língua Portuguesa, os conhecimentos e as capacidades para
a contemplação dos direitos desta área.
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A utilização do livro didático é mais um recurso para o trabalho pedagógico da
professora, visto que ele também foi desenvolvido para facilitar a aquisição do SEA.
Descreveremos uma atividade trazida pelo LD que engloba leitura e escrita, a atividade trazia
uma parlenda já conhecida pela turma.
No primeiro momento a parlenda foi lida pela professora em voz alta com os alunos
sentados no chão da sala formando um círculo. A professora trouxe os versos de casa recortados
para que os alunos colassem no mural na ordem correta. Foi dado destaque a palavra RATO,
perguntou-se a turma quem conhecia e sabia onde se encontrava na parlenda este nome. A
maioria da turma se pronunciou e apontou onde estava o nome.
- Na minha casa não tem porque minha mãe coloca veneno, tia, ela diz que traz doenças. Disse
Tereza.
- Pois na minha já vi um monte e dos bem “grandão”, falou Jaedson.
Imagem da parlenda utilizada em sala pela professora.
Fonte: Livro didático.
- Tia, boi se escreve com a letra B de bola? Perguntou Emilly. Eu prefiro o boi do que o rato,
continuou.
Levantou-se a questão das rimas, foi explicado que o som final das palavras deveriam
ser iguais ou parecidos. Quais as palavras que rimam, então surgiu um coro: Gato e rato. Tereza
logo notou que mato também rimava. Yuri indagou apagou e queimou também rimam? - Veja
tia: apaGOU / queiMOU falando mais alto a última sílaba. A professora elogiou sorrindo e
perguntou bebeu rima com apagou? Lucas disse que sim pois tinha a letra u no final, logo foi
rebatido por Kauan que falou que não era só uma letra e sim o som final que deveria ser igual
– Fale em voz alta, beBEU rima com coMEU.
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Dessa forma foi aprofundado o gênero textual parlenda, o som das rimas, ambos já
explorados em outras aulas com outros gêneros textuais. Continuando a atividade do livro
didático a educadora pediu aos alunos que completassem os quadrinhos com as palavras que
rimam em ordem alfabética.
Como era necessário fazer a leitura da parlenda sozinho, a professora percebeu
dificuldade da maioria dos alunos e decidiu fazer esta tarefa em duplas, deixando a escolha por
conta dos próprios alunos.
Percebemos neste relato a sequência didática seguida pela professora, criando um
trabalho pedagógico estruturado para um determinado tempo. “Em síntese a sequencia didática
consiste em um procedimento de ensino, em que o conteúdo específico é focalizado em passos
ou etapas encadeadas, tornando mais eficiente o processo de aprendizagem” (BRASIL, 2012).
Para sabermos em qual hipótese o educando se encontra é preciso aplicar um teste de
diagnóstico. Geralmente é utilizado o ditado de palavras em que o aluno é orientado a utilizar
as letras que acha que é escrita a palavra que a professora pronuncia em voz alta. A cada semana
aplicamos este teste para analisarmos o avanço de aprendizagem da sala.
Alguns alunos sentiram dificuldade, pedindo ajuda a professora que explicou
pacientemente que aquele momento ela não poderia ajudar e que não importava se a maneira
de escrever estava correta e sim que eles tentassem realizar a tarefa. Ao ser questionada sobre
a utilização desta atividade a professora nos diz que:
A psicogênese da Língua escrita contribui para a minha ação pedagógica, desde o
início do ano letivo, a partir das avaliações diagnósticas iniciais, onde investiguei o
nível de aprendizagem escrita no qual os estudantes encontravam-se, permitindo-me
conhecer a turma e suas necessidades iniciais, pois, a análise nos dar suporte para
compreender que conteúdos precisam ser trabalhados em sala, quais devem obter
mais destaque no seu processo, que metodologias irão contribuir para o melhor
desenvolvimento possível no processo de alfabetização. Outro ponto de importante
destaque da psicogênese é no auxílio das seleções de atividades que proporcionem
aprendizagens em relação aos eixos de trabalho de Língua Portuguesa, elas
favorecem a aprendizagem dos alunos.
Destacamos estes três alunos em diferentes níveis de aprendizagem para analisarmos
em qual hipótese cada qual se encontram, chamaremos o primeiro de aluno 1, o segundo de
aluno 2 e o terceiro de aluno 3. As palavras ditadas pela professora foram: 1- Lápis 2 –borracha
3- caderno 4- livro 5- mochila 6- lapiseira 7- tesoura 8-cola 9- coleção e 10- hidrocor. No teste
de sondagem devem conter palavras polissílabas, trissílabas, dissílabas e serem do mesmo
campo semântico.
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Atividade de sondagem da escrita utilizada pela professora em sala.
Fonte: Registro das atividades em sala de aula.
O aluno 1 escreveu a palavra hidrocor dessa forma: Tintin, podemos afirma que ele se
encontra no período pré-silábico, pois ainda não entende que a escrita registra pequenos pedaços
sonoros mas já diferencia letras de números e rabiscos. Ela passa a utilizar letras mas sem
estabelecer sons entre elas. A medida que vai aprendendo a escrever passa a utilizar letras
conhecidas e repeti-las, usando por exemplo as letras do seu nome.
O aluno 2 entende que a palavra lápis se escreve: lasi, entendemos que está inserido no
perído silábico-alfabético pois já consegue compreender que a escrita nota os pedaços sonoros
das palavras e que é preciso conhecer o som que cada letra produz. Neste período a criança ora
coloca duas ou mais letras para uma sílaba, ora apenas uma, voltando a pensar como um aluno
do período silábico. Muitos pensadores consideram como um período de transição.
O aluno 3 apresenta apenas erros ortográficos, mas já segue o princípio de que a escrita
nota a pauta sonora das palavras, colocando cada letra para cada um dos sons que aparecem na
sílaba, escreveu a palavra tesoura corretamente.
O pacto propõe atividades diárias chamadas de atividades permanentes, são elas:
Acolhida; Oração; Registro do tempo, uso do calendário (dia, mês e ano); contagem dos alunos;
chamada; correção da atividade de casa; registro da merenda do dia; leitura deleite; roda de
conversa; atividade polivalente Lanche; cantinho da leitura livre; intervalo; jogo de
alfabetização atividade polivalente, atividade para casa; e organização da sala.
A leitura deleite é realizada pela professora, geralmente utilizando os livros da caixa
recebida do programa, as crianças participam atentamente. Quando a leitura deve ser feita pelos
alunos encontramos algumas dificuldades pelo fato da pesquisa ter sido realizado no inicio do
ano letivo.
Com a utilização dos jogos, percebemos que durante as aulas, alguns alunos que tinha
dificuldades em desenvolver principalmente a consciência fonológica, vêm avançando bastante
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ao participar e interagir com os jogos os quais possuem esse objetivo como, por exemplo: o
bingo dos sons iniciais. O lúdico propõe a estimulação de várias habilidades de aprendizagem,
de maneira prazerosa.
Um dos jogos oferecidos pelo programa do PNAIC, utilizado pela professora em sala.
Fonte:http://psicopedagogialudica.blogspot.com.br/p/consciência - fonologica.html.
Este jogo proporciona uma reflexão fonológica, analise e reflexão sobre a língua,
processos de leitura e possibilita avanços na escrita ao observar quais letras são utilizadas para
registrar os sons iniciais, visto que eles estão destacados do restante da palavra.
A medida que o jogo se desenrolava a professora pedia que os alunos citassem outra
palavra que começasse com este mesmo som, quem acertasse tinha o direito de escrever a
palavra no quadro, os alunos participavam com entusiasmo. Foi sorteada a palavra TAPETE,
alguns marcaram em suas cartelas palavras com o som inicial correspondente. Kauã logo falou:
- Tia, eu sei: TARTARUGA, TARTARUGA, tem o som igual e eu sei como se escreve, deixe eu
ir.
Ao escrever no quadro a palavra não colocou o R na primeira sílaba e os colegas não
perceberam, aceitando a palavra como certa. A professora interviu e mostrou como se escrevia
corretamente, fazendo-os refletir que uma letra pode mudar o som da sílaba.
Neste jogo, destacamos a possibilidade de abordar alguns direitos de aprendizagem dos
alunos, como, por exemplo: Participar de interações orais em sala de aula; compreender que
palavras diferentes compartilham certas letras; perceber que palavras diferentes variam quanto
ao número, repertório e ordem de letras; identificar semelhanças sonoras em sílabas e em rimas;
perceber que as vogais estão presentes em todas as sílabas; dominar as correspondências entre
letras ou grupos de letras e seu valor sonoro, de modo a ler palavras.
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Considerações finais
Foi possível diagnosticar, que o programa de alfabetização na idade certa modificou e
contribuiu de forma positiva na prática docente da professora alfabetizadora pesquisada e o
processo de aprendizagem dos alunos. Percebemos que a teoria ligada à prática é o diferencial
neste programa, visto que não apenas diz o que se deve fazer, mas também mostra como se
pode fazer, pois ao participar do programa as professoras trocam experiências, esse é um ponto
chave na busca pela qualidade na educação.
Os conhecimentos adquiridos no pacto contribuíram para identificar e compreender
como se dá o desenvolvimento da aprendizagem, a dificuldade das crianças e mostrar subsídios
para avançar dentro do processo de apropriação da leitura e escrita, a formação proporciona um
olhar diferenciado, traz novas concepções em relação ao papel de como alfabetizar e educar,
fazendo refletir através das experiências da professora e de colegas do curso dando mais
segurança na efetivação do trabalho melhorando consideravelmente o êxito dos alunos no
objetivo principal do curso que é alfabetizar letrando na idade certa.
Na observação da prática da educadora pudemos compreender que a partir do PNAIC
elas começaram a desenvolver práticas diferenciadas e inovadoras no processo de alfabetizar
seus alunos, passando a promover atividades que os fizessem refletir sobre a escrita, como por
exemplo: decompor palavras em sílabas, compreender que a ordem das letras na palavra
corresponde aos fonemas e que se mudarmos uma letra de lugar altera o sentido da palavra.
Diferentes tipos de leitura e gêneros textuais, produções de textos coletivos e individuais,
procurando desenvolver bastante a oralidade com rodas de conversas sobre temas diversos e
leituras nos mais diversos contextos.
Conforme o estudo do caderno 3 do material do PNAIC: A aprendizagem do sistema de
escrita alfabética, segundo Ferreiro (1986) para a acriança conseguir entender como o SEA
(sistema de escrita alfabética) funciona, ela vivencia um trabalho conceitual no qual precisa
conhecer duas respostas de perguntas que surgem em sua mente infantil: O que é que as letras
notam e como as letras criam notações. Quando a criança consegue responder a estas questões
“abrem as portas do tesouro-alfabeto” e cria uma série de hipóteses em sua mente, e vai
construindo as propriedades do SEA, para então dominá-lo.
Através das metodologias apresentadas, do material fornecido Pelo MEC, a professora
pôde aperfeiçoar o seu trabalho como alfabetizadora, motivar novas aprendizagens, ter uma
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rotina mais elaborada com a utilização dos recursos didáticos recebidos e metodologias
apresentadas para utilizar com os alunos. A professora também enfatiza que o Pacto a incentiva
a pesquisar e continuar seus estudos melhorando a sua formação continuada.
REFERENCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto
Nacional pela alfabetização na idade certa: a aprendizagem do sistema da escrita
alfabética: ano 1: unidade 3/ Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2012.___________.
Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional
pela alfabetização na idade certa: formação do professor alfabetizador: caderno de
apresentação/ Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à
Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2012.
COMENIO, João Amós. Didática Magna. 4. ed. 1976.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre:
Artmed, 1986.
MORAIS, Artur G. Sistema de Escrita Alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012.