O passado com as roças, o presente sem elas...e o futuro??

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1 Instituto Diocesano de Formação João Paulo II Disciplina: Aplicações Informáticas B 12ºAno Ciências e Tecnologias O passado com as roças, o presente sem elas… e o futuro??

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Este livro foi realizado no âmbito da disciplina de Aplicações Informáticas B e tem como objetivo informar a população em geral sobre a origem das roças, a sua realidade atual evidenciando aspetos positivos e negativos da economia de São Tomé e Príncipe antigamente. O livro é muito interessante, tem informações pertinentes e imagens belissimas.

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Instituto Diocesano de Formação João Paulo II

Disciplina: Aplicações Informáticas B

12ºAno Ciências e Tecnologias

O passado com as roças, o presente sem

elas… e o futuro??

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Mudança!

São Tomé e Príncipe, terra insular

Querubim de África

Com praias lindas

Coberta por densas vegetações,

Vastas áreas agrícolas,

Clima ameno,…

Onde a alma, em silêncio

Deslumbra a beleza

E a variedade de espécies animais e vegetais

Exibem o seu esplendor invejado por muitos

Encantando até os cosmos do espaço.

Sob muitos anos foi o palco

Do comércio de escravos

E chegou a lacrimejar

Ao ver seus filhos escravizados.

Campo do melhor cacau, do melhor café do mundo

E dos produtos alimentares mais deliciosos.

E as roças pareciam

Hortícolas abençoadas por Júpiter.

Aiiii!!!! Mas hoje já não há roças.

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A beleza já não sabe o que é ser bela.

A população cresce cada vez mais

Não há alimentos que cheguem para todos.

O espírito monótono enfeitiçou o povo

A maioria dos dirigentes está corrompida pela corrupção.

Os valores morais clamam os seus antepassados.

Com a destruição da floresta virgem, quase que já não chove

E as plantas,…., coitadas!!! Elas que alimentam tantas famílias….

Lutam pela sobrevivência, lutam pela vida,

Tal como uma mãe é capaz de dar sua própria vida

Para salvar seu filho.

São muitas coisas. Se continuar não termino.

E a economia deste país…que já não anda nada bem,

Morre cada vez mais mesmo estando dependente mais do que um

prematuro.

Deste jeito, só com milagre.

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Praia Banana

Introdução

São Tomé e Príncipe são duas lindas ilhas com grandes

potencialidades. Do ponto de vista económico, político, social e

turístico, a diversidade cultural e a riqueza natural constituem um

ponto de partida para o seu desenvolvimento.

As inúmeras praias, o clima ameno favorável à existência de várias

espécies animais e vegetais, dentre elas, muitas endémicas, a

existência de solos altamente férteis com alto teor de produtividade,

a própria localização geográfica, as vastas áreas cobertas por

densas vegetações e o carácter acolhedor das populações são

alguns dentre os muitos aspetos convidativos deste pequeno

arquipélago.

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Mar da Costa Sãotomense

Este situa-se, geograficamente, no continente africano, mais

concretamente junto ao Equador no Golfo da Guiné, a menos de

300 quilómetros da costa africana, com cerca de 964𝑘𝑚2de área

(854 Km² em São Tomé e 110 km² no Príncipe). Todo o território

está dividido em 7 distritos: Água Grande, Caué, Cantagalo, Mé-

Zochi, Pagué, Lobata e Lembá.

São Tomé e Príncipe foi descoberto pela primeira vez no dia 21 de

Dezembro de 1470. O país era o centro comercial de escravos de

vários países e permaneceu sob o domínio dos colonos

portugueses durante várias décadas, tendo assumido a

independência no dia 12 do mês de Julho do ano 1975. Atualmente,

é um país de regime democrático tripartido.

Segundo os dados do Recenseamento Geral da População e

Habitação em 1981, o número de indivíduos estimado era de 91

356 na ilha de São Tomé e de 5 255 na do Príncipe, o que

corresponde a uma densidade populacional em São Tomé superior

ao dobro da do Príncipe. A taxa média de crescimento da

população estimada, nesse mesmo ano, foi de 2.46%. Sabe-se

ainda que, da população ativa, mais de 50% está ligada ao setor

agrícola/ primário. Por conseguinte, cerca de 10% está no setor

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secundário (Indústria e Construção de Obras Públicas) e a restante

população ativa, 26% está destacada no sector terciário.

Relativamente ao valor do PIB e à sua decomposição em setores,

os valores citados são do relatório da Fundação Calouste

Gulbenkian e reproduzidos no Quadro 1.1.

Setor PIB Emprego

Primário 47.5%

56.1%

Secundário 9.8% 12.7%

Terciário 42.7% 31.2%

Quadro 1.1-Estrutura do PIB (1979) e do Emprego (1981)

Pela análise do quadro, facilmente se conclui que o sector primário

é aquele que mais se destaca dentre os outros.

Do sector secundário, consegue-se resumir o modo como este tem

vindo a ser explorado da seguinte forma:

Construção e Obras Públicas 48 %

Indústrias produtoras de bens de consumo final

37 %

Quadro 1.2-Distribuição da população do sector secundário

Por sua vez, sector terciário, e caracterizado segundo o quadro a

seguir:

Comércio e Bancos 21 %

Administração pública e defesa 26 %

Quadro 1.3-Distribuição da população ativa no sector terciário

Desta forma não podemos negar quão influente é o estado na

economia das duas ilhas. O aspeto mais relevante no Orçamento

Geral do Estado reside no elevado peso das despesas com a

amortização da dívida pública. Este peso tem vindo a aumentar nos

últimos anos, deixando antever algumas dificuldades na condução

da política, principalmente pela crescente rigidez no lado das

despesas.

Os traços culturais de um país, nunca deixariam de influenciar o seu

desenvolvimento económico. Em S.T.P. verifica-se que a

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desvalorização social das atividades manuais, nomeadamente, da

prática agrícola e das profissões técnicas, constitui um entrave ao

percurso fluente da sociedade sãotomense. Nota-se, aliás, que

muitos quadros técnicos acabam por imigrar, ao passo que a sua

importância para o desenvolvimento do país é reconhecida como

indispensável. Segundo os dados de um breve inquérito relativo a

diferentes empresas, a maioria delas afirma ter a necessidade de

aumentar o nível de habilitações técnicas dos seus trabalhadores

nos próximos 20 anos.

A evolução económica que se verifica recentemente na R.D.S.T.P.

é semelhante à experimentada por muitos países africanos

subsaarianos, onde a taxa de crescimento do produto não foi

superior à taxa de crescimento da população, verificando-se, por

isso, um decréscimo nos seus produtos internos per capita.

Com o objectivo de minimizar os desequilíbrios verificados nas suas

economias, estes países implementam o recurso ao crédito externo,

originando por vezes grandes e preocupantes endividamentos

exteriores.

Embora a nossa República não seja uma das que se encontram em

estado muito crítico, a necessidade de políticas rigorosas na frente

externa é reconhecida por todos os especialistas. Relembre-se que

em termos do PIB, S.T.P, dentre os países africanos, é o que

apresenta maior peso da dívida externa. O problema é tanto mais

grave quanto é certo que, apesar deste elevado endividamento, os

empréstimos foram quase sempre dirigidos á satisfação do

consumo, nomeadamente do consumo público e de investimentos

com baixas taxas de retorno.

Alguns dados recentes mostram que os países com maior

crescimento per capita, de investimento interno e de exportações

foram os que adotaram políticas de abertura exterior, de

liberalização do mercado internam e de diminuição do peso do

sector público, embora, em muitos casos, se mantenha a clara

preponderância do sector estatal na economia.

São Tomé e Príncipe é um daqueles casos paradigmáticos onde,

pela dimensão do mercado nacional, o processo de

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desenvolvimento passa, obrigatoriamente, pela sua integração num

contexto económico mais vasto, com acesso a grandes mercados.

A total inserção da economia santomense no comércio

internacional, nomeadamente através de acordos bilaterais ou

multilaterais que promovam as suas exportações, criará condições

para o estabelecimento de um sector produtivo competitivo em

termos internacionais. Outros países com mercados de maiores

dimensões vivem esta experiência. A exiguidade do mercado

interno, devida à reduzidíssima população do país, ainda por cima

com baixíssimo poder de compra, não justifica a implantação de

empresas competitivas. O acesso a mercados de exportações

torna-se, por isso, condição sine qua non para o desenvolvimento

de actividades económicas apoiadas nas vantagens comparativas

de São Tomé e Príncipe. As exportações do nosso país encontram-

se muito centradas num reduzido número de produtos agrícolas, o

que as torna muito sensíveis a factores como condições

climatéricas e preços internacionais. A cultura que tradicionalmente

se exporta até os dias de hoje é o cacau. Logo após à

independência nacional, a sua importância decresceu muito, pois

durante este período verificou-se alguns problemas na sua

produção, bem como a implementação de uma política de

diversificação das exportações, por parte das autoridades, o que

contribuiu em muito para a sua desvalorização. Esta nova política

tinha como objectivo diminuir a variabilidade nas receitas externas

provocadas pelas flutuações do preço do cacau. Após a

independência de 1975, o Governo, perante a necessidade de

substituição do modelo colonial, tentou por via de estatização gerir o

património agrícola do País. Esta não teve êxito não só pela

inadequação do modelo para o sector, mas também pela quebra

das cotações das produções no mercado internacional, falta de

quadros e de recursos para investir. Por esta razão, é que depois

de 1975, as exportações de outros produtos, como a copra e as

bananas, aumentaram. As exportações de bananas, contudo,

diminuíram gradualmente após 1981, por causa de uma seca que

então se verificou.

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Depois da tentativa anterior, seguiu-se um ensaio de gestão

estrangeira em algumas das melhores plantações que se viria a

revelar excessivamente oneroso e de resultados discutíveis.

Enquadra-se neste âmbito o programa de reabilitação de 4

empresas com apoio do Banco Mundial, do Banco Africano de

Desenvolvimento de da Caixa Central de Cooperação Económica.

Paralelamente, em Agosto deu-se início ao PPADPP (Projecto de

Privatização Agrícola e Desenvolvimento de Pequenas

Propriedades), com financiamento do Banco Mundial, destinado a

privatização das restantes 9 grandes empresas estatais.

Este tem como objectivo distribuir cerca de 24,000ha de terras

cultiváveis em 5 anos.

A diferença entre esta operação de distribuição de terras e

anteriores acções no mesmo sentido, está no facto do processo

partir de uma análise agro-ecológica das terras a distribuir.

O incremento esperado da população agrícola nas terras

distribuídas, vai reforçar a monetarização da economia, pela

incrementação de trocas intersectoriais, nomeadamente,

Agricultura, Pesa e Comércio. Este facto constitui um passo

essencial para o desenvolvimento sustentado da economia do País

e do sector agrário.

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Roça Rio de Ouro vista da sede

Origem das roças

Como se viu anteriormente, São Tomé e Príncipe é uma pequena

república ainda em desenvolvimento. Para que haja um

desenvolvimento sustentável é necessário que se aposte

significativamente na prática agrícola e na exportação dos produtos

agrícolas. No passado, quando o país ainda estava sob o domínio

colonial, as roças surgiram com o intuito de aumentar a riqueza da

metrópole portuguesa. No entanto, mesmo com a partida dos

colonos, a população local continuou com a prática agrícola como

meio de sustento. Desta forma, as roças assumiram uma relevante

importância, já que estas favoreciam um maior índice de

produtividade agrícola. Mas o que são as roças?

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Centro de Produção de Café da roça Monte Café

Hoje em dia, o conceito de roça não tem sido empregue

adequadamente, pois as pessoas entendem as roças como sendo

zonas longínquas. Na verdade, o termo roça significa roçar,

associando-se ao ato de ceifar terras. Por outro lado, as roças, no

contexto económico, devem ser consideradas como unidades

agrárias.

No caso de São Tomé e Príncipe, a existência de terrenos férteis e

de clima ameno favorável à prática agrícola, levou os povoadores a

implementarem culturas agrícolas, sendo a primeira a de cana-de-

açúcar. A cultura alastrou-se pelas terras baixas do contorno de

nordeste a noroeste da ilha, o que culminou com o nascimento e

crescimento das populações de Santana, Trindade, Madalena,

Santo Amaro, Guadalupe e Nossa Senhora das Neves, levando ao

aparecimento de roças onde se instalaram muitos engenhos de

açúcar.

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Locomotiva da Roça Rio de Ouro

Na primeira metade do século XV havia cerca de oitenta engenhos

de açúcar. Exportavam-se milhares de toneladas deste produto. O

número de indivíduos na altura ultrapassava os 50000, e, estavam

concentrados principalmente no norte da ilha de São Tomé. Em

1795, iniciou-se a cultura de café, que foi disseminando pelas terras

acima da Trindade, nomeadamente, Monte Café, Saudade, Nova

Moca e São Nicolau. As roças começaram a surgir em maior

número e a população dispersou-se pelas áreas em que se

derrubava o Obô (floresta virgem) com o desenvolvimento e o

aumento da prática das culturas. A ilha do Príncipe acompanhou a

de São Tomé no aumento da cultura do cafezeiro.

Em 1822 introduziu-se o cacaueiro, o qual, posteriormente, iria

contribuir, significativamente, para o aumento do capital de São

Tomé e Príncipe. Em 1968 a exportação do cacau e do café em

toneladas era quatro vezes superior à dos bens alimentares (12

contos contra 3,5 contos).

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Locomotiva da Roça Sundy

A introdução da nova cultura provocou a destruição de grandes

áreas florestais virgens por todo o contorno das ilhas incluindo as

terras interiores. Apareceram, rapidamente, plantações de cacau

nas roças existentes e surgiram muitas outras do litoral para o

interior, nomeadamente, Diogo Vaz, São Miguel, Porto Alegre,

Angolares e Água Izé. Após o árduo trabalho de cultivo destas

plantações, atingiu-se o auge da produção de cacau, logo patente

pela vitória em 1903 do arquipélago em relação a todos os outros

países do mundo produtores de cacau.

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Cultura de Café

Cultura de Cacau

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O quadro 1.1 mostra, resumidamente, a evolução das colheitas de

cacau e de café desde o ano 1869 a 1956.

Anos Cacau Café

1869 223 2082

1889 1284 2396

1898 10737 2509

1900 11429 2003

1903 18843 1291

1905 22307 731

1910 26148 979

1913 36500 675

1917 31283 675

1920 19019 382

1930 9646 502

1940 6972 505

1945 8111 441

1950 8003 272

1956 7577 352

Quadro 1.1-Exportação de cacau e de café em São Tomé e

Príncipe (em toneladas)

A observação do quadro permite concluir que o período de maior

exportação anual de cacau do país fora de 1900 a 1913. As razões

principais do aumento rápido e em quantidade da produção de

cacau estiveram associadas ao alastramento das plantações de

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cacau pelas terras que estavam cobertas de floresta virgem. Após o

período de culminância, a exportação decaiu bruscamente, em

1920, para cerca da metade do que fora em 1913, e continuou a

decrescer continuamente, para a ordem de um quinto. Assim, após

o período de prosperidade de 13 anos, seguiu-se um período

contínuo de 40 anos de decadência.

A diminuição da produção seguida do declínio brusco das

exportações deverá, sobretudo, à erosão, ao corte abusivo das

árvores de sombreamento do cacau e ao derrube das encostas e

dos montes do litoral, que provocaram uma grave perturbação do

ambiente climático. Esta esteve associada à intensa luminosidade

que sobre as plantações incidia, levando à secura e à perda de

fertilidade dos solos. Por outro lado, a queima trágica do cacau que

aconteceu em 1914, e que perdurou por mais de 30 anos, o

surgimento de pragas, o aumento de imposições fiscais e o

encarecimento da mão de obra associado ao baixo rendimento do

trabalho, também contribuíram para o declínio das exportações.

A introdução das novas culturas de plantações levou, assim, a uma

nefasta mudança na paisagem, devido à destruição da densa

floresta virgem que dominava as ilhas.

Para a revalorização agrícola das ilhas de São Tomé e Príncipe

definiram-se planos de trabalhos coletivos. As terras insulares

dividiram-se em roças, terras dos forros e dos povos mais nativos e

terras do domínio público. As terras de domínio público, tirando os

contornos de algumas povoações, abrangem pequena superfície

valorizável em termos de produtividade. A maior superfície

produtora foi a das roças.

Estas apresentam várias modalidades, dentre elas, orográficas,

agrológicas e climáticas, o que faz com que seja necessário

determinar o melhor conjunto de culturas para cada roça.

A Secção Central de Estatística, Propaganda e Informação das

ilhas de São Tomé e Príncipe definiu a divisão das ilhas em zonas

de produção agrícola: a de São Tomé em doze, e a do Príncipe em

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três. As zonas situadas no nordeste da ilha, são as mais pequenas

em superfície unitária. As produções divergem, significativamente,

em quantidade, de zona para zona, e na natureza dos produtos. As

maiores produtoras de cacau da ilha de São Tomé foram as roças

Rio do Ouro, Diogo Vaz, Santa Catarina e Ponta Furada. As áreas

situadas entre Monte Café e Java, por causa das grandes altitudes,

não produziam grandes quantidades de cacau. As zonas que não

tinham condições favoráveis à produção de cacau, eram as que

abrangiam o Sul da ilha de São Tomé, desde a Roça Água Izé, o

Ilhéu das Rolas ao Blindá. Desta forma, conclui-se que é necessário

ponderar bem as características de cada região para se definir o

melhor aproveitamento da sua terra na cultura de cacau, como de

qualquer outra cultura.

Cultura de Cacau

Similarmente, para a cultura de café, dados estatísticos

demonstravam que as melhores áreas para a sua prática

localizavam-se no Sul da ilha, contrastando com a situação de

terras convenientes para a cultura do cacau. Por outro lado, verifica-

se que a cultura dos palmares de coqueiros dava maiores

rendimentos, quando cultivadas nas zonas litorais, enquanto a

palmeira de andim associava-se às encostas até além de 800

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metros. Além das culturas de cacau, café, cana-de-açúcar, andim e

coqueiros, praticava-se também as cultura de copra, óleo de palma,

coconote, banana, mandioca, inhame, rícino, baunilha, canela,

batata doce, cola, quina, entre outras. A diversificação das

exportações é muito importante, mas deve ser gradual de forma a

não sacrificar excessivamente a eficiência da economia a curto

prazo. No setor agrícola, a diversificação das culturas deve ser

prosseguida através de uma política indicativa, visando o aumento

das receitas externas, a diminuição da sua volatilidade provocada

pelas oscilações dos preços internacionais e a produção de bens

que possam, no futuro, constituir inputs para indústrias a jusante.

Esta diversificação pode ser atingida, em simultâneo, com um

aumento da produção dos bens tradicionais da agricultura

santomense, pelo facto da área utilizada, atualmente, representar

menos de 50% da área total cultivável.

A cultura do cacau é a principal em termos de área agrícola

ocupada, de população ativa empregue e de valores da produção e

exportação, apesar das quebras verificadas na produtividade das

explorações agrícolas significarem que a produção actual não vá

além de cerca de metade da média verificada na década 1965-74.

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Prática pesqueira

Por outro lado, no âmbito económico, a criação de condições para o

desenvolvimento do ramo das Pescas assume igual importância, de

modo a atender aos elevados recursos existentes nos mares de

São Tomé e Príncipe contribuindo assim para a melhoria da

economia. Não obstante, é de se considerar que só a abertura de

mercados de exportação poderá pagar os custos de investimentos

em meios piscatórios, portuários, frigoríficos, de distribuição e até

de informação sobre os recursos e de formação profissional, sem o

que esta, sem o que esta atividade de grande valor económico

nunca passará da sua situação artesanal e São Tomé e Príncipe e

a sua exploração terá de ser feita por frotas estrangeiras a troco de

venda de licenças de pesca devidamente controladas. Assim, como

muitos outros pequenos países, São Tomé e Príncipe terá de

conseguir urgentemente, com ajuda internacional, os necessários

meios de vigilância aérea e marítima.

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O desenvolvimento do setor industrial, onde o espírito empresarial

acaba sempre por ser o motor, apresenta dificuldades evidentes

dificilmente ultrapassáveis. Para além da insularidade do país, da

não existência de recursos energéticos significativos e da

exiguidade do capital humano, quer em termos de número, quer em

termos do próprio nível e diversidade de habilitações técnicas, o

refúgio dos elementos mais válidos na administração pública e nos

cargos políticos, quando não mesmo em instâncias internacionais, é

um problema que deverá exigir a atenção de todos os

santomenses.

As dimensões cultural, social, política e, certamente, remuneratórias

explicarão certamente o fenómeno que, de resto, é bem conhecido

em muitos outros países. A verdade é que as causas terão de

desaparecer se se pretender efetivamente mudar as condições de

vida das populações, especialmente das que não têm acesso à

proteção da estrutura económico-política.

O Presente

Museu da Roça Monte Café

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Após a partida dos colonos e alguns anos depois da independência

nacional, as roças deixaram de existir. Os vários centros de cultivo

e as fábricas de produção de produtos como a cana-de-açúcar e de

cacau foram destruídos pelos próprios escravos.

Roça Rio de Ouro (escolha manual de cacau seco para

exportação)

As roças passaram a ser lotes, e após a introdução do regime

democrático, passaram a pertencer aos povos nacionais. As roças

deixaram, assim, de existir. No entanto, parte da economia nacional

continua dependente e reforçada pela prática agrícola, sendo esta

cerca de 4%. Contudo, atualmente grande parte da economia do

país é dependente da ajuda externa e fundos monetários

provenientes de várias organizações e instituições internacionais.

A realidade, é que São Tomé e Príncipe, atualmente se depara com

uma exacerbada pobreza e uma total dependência do exterior para

suprir as necessidades básicas para a sobrevivência das

populações. As razões, claramente, estão associadas facto de, o

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país ainda não ter desenvolvido mecanismos e políticas eficientes

para atenuar os diversos problemas que afetam a sociedade. Por

outro lado, o precário espírito de trabalho, em consequência, em

grande parte, dos anos de escravidão vividos pelos antepassados

santomenses, e a diminuição brusca da produtividade interferiram

significativamente no rendimento económico. Do mesmo modo, o

aumento da corrupção, o desemprego, a falta de motivação por

parte dos trabalhadores, a ausência do civismo, a degradação de

valores éticos, morais e culturais, bem como o encarecimento da

união familiar são alguns dentre os muitos aspectos que

caracterizam a sociedade santomense actual.

Roça Monte Café

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Roça Monte Café

Atualmente, verifica-se que as populações nas “chamadas roças”

vivem em condições precárias, com falta de acesso a postos de

saúde e de educação, bem como a ausência de serviços que

promovam o saneamento meio. O facto da taxa de produtividade

não acompanhar o crescimento populacional, tem constituído um

grande entrave na medida em que os recursos não satisfazem

todas as necessidades destas pessoas.

O governo tem implementado algumas medidas. No entanto,

consta-se que uma grande parte da população passa fome, e

mesmo vivendo da agricultura de subsistência não conseguem

sustentar todos os membros da família. Dada a falta de recursos

económicos e a considerável dependência à ajuda externa, uma

outra consequência negativa é a falta de energia eléctrica, a

insuficiência de água potável e o não acesso da mesma a todas as

localidades, a falta de transportes públicos e a falta de recursos

para restaurar possíveis pontos de interesse turísticos. Tudo isto

agrava a situação do país não só a nível económico actual, como

também nos tempos vindouros, se não forem tomadas a s devidas

precauções.

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Roça Monte Café

Perspetivas para o Futuro

Claro está que o futuro desta nação está nas mãos dos cidadãos

que verdadeiramente se interessam não só pelo bem estar comum,

mas também pelos sucessos económico, político e social deste

país.

A atual tarefa de distribuição de terras irá numa primeira fase, ter

um impacto muito positivo, incrementando a produção das terras

com potencialidade agrícola, através de melhor utilização de

recurso (mão de obra), constituindo assim, um processo evolutivo

em que simultaneamente se registam incrementos de população a

nível individual e coletivo.

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A margem de manobra do sector agrário santomense para vencer

os desafios que o futuro encerra é escassa. Fala-se muito em

diversificação da agricultura, mas esse é um tema que já terá sido

colocado em termos semelhantes na década de 20, aquando da

primeira crise do cacau, e que desde então nunca teve resposta

adequada.

Roça Monte Café

No ponto de visa ecológico e principalmente do ponto de vista da

manutenção da fertilidade dos solos, as culturas perenes arbóreas

são adequadas e conduzem a soluções sustentáveis ao longo de

dezenas de anos, sem perturbar o ambiente, consoante se pode

constatar em São Tomé e Príncipe.

Se pretendermos criar alternativas à importação de bens

alimentares, através da produção local teremos necessidades de

produzir anualmente: 2,500 toneladas de milho; 5,500 toneladas de

arroz e 250 toneladas de feijão.

Para o efeito e pondo de lado a competitividade das produções

locais, em termos de custo, bastará disponibilizar 1,000 hectares

para o milho, 1,000 hectares para o arroz e cerca de 100 hectares

de feijão.

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Se pensarmos em alternativas baseadas na exportação, devemos

considerar a possibilidade de evolução dos mercados explorados

pelos pequenos comerciantes que exercem as suas vendas no

Gabão. Esta exportação poderá abranger outros países do

continente, nomeadamente Angola.

Uma outra hipótese é a exploração da potencialidade do país para

produção de frutos tropicais com espaço nos mercados europeus,

nomeadamente, a manga, a papaia, a anona, o mangustão, etc.

Estes não envolveriam áreas muito significativas (centenas ou

alguns milhares de hectares), para criar um volume de produção

equivalente ao cacau actualmente.

Fruto Mangustão

Se associarmos estas condições às restritas áreas destinadas a

produção de culturas hortícolas para o consumo interno, podemos

concluir que, a área agrícola de São Tomé só poderá ser

considerada escassa, se por um lado não for uma fonte crescente

de riqueza e por outro, se tiver que suportar uma população

crescente que não encontra condições para transitar para outros

setores da economia.

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Relativamente ao setor industrial, o impacto previsível em função do

incremento da população é fácil de se traçar. O estudo realizado em

1990 pela INTERFOREST aponta para o consumo de 18000 m³ de

madeira serrada e outras utilizações. Hoje em dia são queimadas,

anualmente, cerca de〖100,000 m〗³ de madeira, que dadas as

suas características, poderia ter outros destinos geradores de maior

riqueza, designadamente o fabrico de mobiliário para exportação.

Efetivamente, vêm sendo destinados à queima, toros de madeiras

de qualidade de diâmetro que normalmente deveriam ter

aproveitamento industrial, enquanto apodrecem no terreno milhares

de árvores que não são usadas mesmo localmente porque têm

menos capacidade calorifica.

Trata-se então da desvalorização das madeiras de qualidade que

não estimulou o recurso a processo de queima mais eficiente em

uso noutras regiões. Tem-se verificado um acentuado desperdício

pois o consumo atual, apesar de tudo, tem cabido dentro da

produção anual das florestas no País. Contudo, a sua duplicação

não comportará do modo desejado. Dentro de poucas dezenas de

anos, seremos confrontados com uma situação muito indesejável se

nada for mudado.

A mudança necessária baseia-se na valorização de madeiras de

qualidade que provoque uma transferência de usos, apoiando em

novas tecnologias de queima, quer a nível industrial quer

doméstico.

Page 28: O passado com as roças, o presente sem elas...e o futuro??

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Cultura de Cacau (secagem)

Baseia-se também na expansão de secagem solar (cacau e coco),

pelo incremento de consumo de gás natural e pela implantação de

essências de crescimento rápido, para conter a exploração florestal

dentro das suas potencialidades.

Para finalizar diremos que em termos gerais, o setor agrícola que

hoje tem um peso determinante na economia do País (30% do PIB),

deverá, em termos relativos deixar de o ter, num prazo muito curto,

para o progresso de São Tomé e Príncipe.

Para isso é importante que se desenvolvam os restantes setores,

nomeadamente, o da economia, o turístico, o florestal, das pescas,

dos serviços, criando desta forma um espaço económico propício a

evolução e não a involução do sector agrícola.

Page 29: O passado com as roças, o presente sem elas...e o futuro??

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Conclusão

Pode-se desta forma, através de todas as constatações acima

descritas, concluir que as roças e a adoção da prática agrícola

constituem um dos maiores meios de desenvolvimento da economia

do país. Resta-nos agora pôr em prática todas as medidas e

alternativas que visam o amortecimento dos problemas do país.

Também é de se realçar que o trabalho não é só do governo, mas

também de cada indivíduo como cidadão que tem os seus deveres,

assim como os seus direitos.

Roça Rio de Ouro

As roças existiram no passado, e de facto, durante um período de

tempo, contribuíram significativamente para as condições

financeiras do país. No entanto, estas já não existem. Por esta

razão, verifica-se alguma repercussão no país, embora não seja

esta a maior causa da situação precária na qual o país se encontra.

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Escola Primária de Monte Café

Perante toda a sociedade sãotomense está um futuro incerto, mas

certamente condicionado por fatores indiscutíveis. A probabilidade

deste futuro ser melhor depende da adoção de uma postura ativa,

crítica e de um espírito inovador de trabalho. Caso contrário, se

achamos que o presente está mal o futuro será pior.

Trabalho realizado por:

Cláudia Ferreira

Juceline do Rosário

Melissa Lima