O papel do webjornalismo participativo

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    O papel do webjornalismo participativo

    Marcelo Trsel1

    Estou certo de que qualquer um pode encontrar contra-exemplos, artigos muito menos do que equilibrados ou

    justos, ou que entenderam errado os fatos principais. Eu,por outro lado, posso abrir qualquer jornal ou assistir

    CNN e apontar ao menos trs erros factuais em cincominutos. Notcia algo muito difcil de se acertar, e nem

    todo mundo acerta o tempo todo.2

    Rusty Foster

    A epgrafe que abre este artigo refere-se s anlises dos ataques terroristas de 11

    de setembro de 2001 publicadas em weblogs. Foster criador de um dos sites

    jornalsticos em que as notcias so produzidas por uma comunidade de leitores, sem a

    necessidade de conhecimento formal algum em tcnicas de reportagem, o Kuro5hin 3.

    Ele critica a viso ufanista do jornalismo em weblogs. Seu argumento que a maioria

    dos blogueiros no se d o trabalho de checar adequadamente os fatos, nem conta com

    recursos para tanto. Carecem, alm disso, de controle por seus pares, como ocorre entre

    os profissionais nas redaes (ou no Kuro5hin). Apesar da postura crtica ao carnaval

    em torno dos blogs, Foster tampouco tem f cega ao que oferecido pela grande mdia,

    nem acha que o jornalismo deve se restringir aos jornalistas. Ao argumento de que osleigos no teriam estofo tico para produzir contedo jornalstico, Foster contrape o

    fato de que a tica da profisso no propriedade apenas de uma elite treinada: Acho

    que todos ns conseguimos pegar a idia de que quando voc escreve uma notcia, deve

    tentar fazer com que ela seja verdadeira4. Importante a responsabilidade, que permite

    revisar os fatos publicados e cobrar de seus autores exatido e honestidade.

    O presente trabalho parte do pressuposto de que a abertura de canais de

    publicao para virtualmente qualquer um no ciberespao no implica na publicao de

    1 Jornalista, mestrando do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Informao da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul. Bolsista Capes. Colaborador do Laboratrio de Interao Mediada porComputador da Fabico-UFRGS. Site: http://www.ufrgs.br/limc. Email: [email protected].

    2 Im sure anyone can find counter-examples, articles that are far less than balanced or fair, or that gotkey facts wrong. I, in return, can open up any newspaper or flip on CNN and point out at least threefactual errors within five minutes. News is a really hard business to get right, and no one gets it right allthe time. Traduo livre. FOSTER, Rusty. The utter failure of weblogs as journalism.Kuro5hin,11/10/2001. Disponvel em: http://www.kuro5hin.org/story/2001/10/11/232538/32. ltimo acesso em:18/6/2006.3 http://www.kuro5hin.org/.4 I think all of us basically grasp the idea that when you report news, you should try to make it true.Traduo livre. Op. Cit.

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    notcias sem qualquer controle sobre a preciso dos fatos relatados. Pelo contrrio,

    acredita-se que a possibilidade de interveno de centenas ou milhares de leitores

    contribui para a exatido das informaes publicadas e incentiva uma maior variedade

    de interpretaes.

    Por outro lado, acredita-se que, embora importantes no ambiente miditico

    contemporneo, estes novos veculos no so uma ameaa categoria dos jornalistas,

    nem aos noticirios impressos ou eletrnicos tradicionais. Os sites de jornalismo

    participativo vm ocupar o vcuo deixado pela grande mdia em diversas reas e regies

    onde no h interesse comercial. O pblico s toma a reportagem em suas mos onde os

    jornalistas deixam espaos vazios.

    A simples negao de qualquer valor jornalstico a projetos como os aqui

    descritos, por no serem desempenhados por profissionais ou infringirem cnones

    tericos, contraproducente. O fato que o pblico j est participando e escrevendo

    suas prprias notcias. O alcance do webjornalismo participativo ainda restrito,

    quando comparado aos webjornais tradicionais, e mais ainda quando comparado

    televiso e imprensa, mas h indcios de que sua importncia vem crescendo ao longo

    dos anos. Nos protestos contra a invaso do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, em

    So Francisco, o Centro de Mdia Independente local furou a imprensa profissional

    em vrios casos de brutalidade policial contra manifestantes, que s depois disso foram

    relatados por jornais e emissoras (GILLMOR, 2004, p.145). As informaes talvez

    jamais chegassem ao pblico pelas mos de profissionais.

    Analisando alguns projetos de webjornalismo participativo que j esto em

    andamento, espera-se poder inferir sobre o futuro da cooperao de amadores na

    produo de notcias. Os sites analisados esto em constante evoluo e vrias

    caractersticas podem mudar de um dia para o outro. Todavia, acredita-se que a atual

    configurao dos servios de jornalismo participativo na Web pode dar valiosas pistasde seu futuro.

    Quando o pblico passa a produzir notcias no contexto do ciberespao, emerge

    o webjornalismo participativo. Trata-se daquelas prticas desenvolvidas em sees

    ou na totalidade de um site em que a participao do pblico essencial para a produo

    do texto informativo (PRIMO e TRSEL, 2006). Em outras palavras, aqueles veculos

    em que os leitores so tambm co-autores e tm o papel de comunicar fatos, redigir

    notcias e outros contedos jornalsticos, edit-las, revis-las ou public-las, com ousem a superviso de jornalistas profissionais.

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    Exemplos deste tipo de webjornalismo so veculos como o Kuro5hin, o Centro

    de Mdia Independente (CMI)5, o Wikinews6, o OhmyNews International7e o canal VC

    Reprter8, do portal Terra. Alm disso, blogs que comentam notcias ou publicam

    informaes podem tambm ser considerados pertinentes categoria webjornalismo

    participativo. Devido aos limites espaciais desta comunicao, os exemplos sero

    apresentados com brevidade.

    Kuro5hin

    O Kuro5hin um site em ingls sobre cultura e tecnologia em que qualquer

    pessoa pode se cadastrar como colaborador. Estes podem propor matrias e tambm

    avaliar os artigos e comentrios de outros colaboradores. Cada nova matria entra em

    uma "fila de propostas" e l permanece por at 24 horas, disposio dos membroscadastrados, que sugerem modificaes, apontam erros e votam sobre o destino do

    texto. As opes incluem desde "publicar na primeira pgina" a "jogar fora". Aps o

    perodo de edio, o artigo publicado na primeira pgina, nas listas de ltimas

    notcias, ou rejeitado. Neste ltimo caso, o colaborador pode reescrev-lo e envi-lo

    novamente para a fila de propostas.

    Aps a publicao, os colaboradores podem fazer comentrios gerais sobre a

    matria e discutir os fatos relatados. Podem tambm votar na qualidade dos comentrios

    feitos sobre cada artigo, podendo "esconder", "encorajar", "desencorajar" ou manter-se

    "neutro". O leitor depois escolhe se prefere ver os comentrios em ordem crescente de

    qualidade, em ordem decrescente, ou ignorar a avaliao, sem necessidade de estar

    cadastrado. Assim, evita-se a perda de intervenes importantes em meio s dezenas ou

    centenas de comentrios inteis que em geral acompanham cada texto9.

    Centro de Mdia Independente

    O primeiro Centro de Mdia Independente foi criado em Seattle (EUA) em 1999,na esteira dos protestos contra a reunio da Organizao Mundial do Comrcio. Nasceu

    como uma rede de diversos veculos alternativos, que uniram foras para publicar

    relatos do ponto de vista dos manifestantes10. O sucesso da iniciativa incentivou a

    abertura de projetos semelhantes em diversos pases, inclusive o Brasil (BRUNS, 2005).

    5 http://www.midiaindependente.org.6 http://www.wikinews.org.7 http://english.ohmynews.com/.8 http://www.terra.com.br/vcreporter/.9 http://www.kuro5hin.org/special/faq.10 http://www.indymedia.org/en/static/about.shtml.

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    At junho de 2006, as notcias enviadas por correspondentes em todo o mundo estavam

    disponveis em oito lnguas (ingls, alemo, portugus, espanhol, francs, grego,

    holands e italiano).

    Qualquer internauta pode publicar notcias, comentrios ou artigos de opinio,

    bem como udio, vdeo e fotos, nos diversos CMIs. Os artigos publicados pelos

    colaboradores so avaliados por um "coletivo editorial" e, caso sejam consistentes e

    estejam de acordo com a poltica editorial, ganham destaque na coluna central da

    homepage. Todos os artigos, porm, entram diretamente na lista de ltimas notcias.

    Artigos contrrios poltica editorial, abertamente de esquerda, so movidos para a

    seo "artigos escondidos" e retirados da lista de ltimas notcias, mas ficam

    disponveis ao leitor interessado. Os membros dos coletivos editoriais so voluntrios e

    qualquer colaborador pode se candidatar. Cada artigo acompanhado por uma sesso de

    comentrios aberta a todos.

    WikinewsO Wikinews um projeto da Wikimedia Foundation, organizao que mantm

    diversos sites de criao cooperativa de contedo, entre eles a enciclopdia Wikipedia11,

    cuja verso em ingls j conta com mais de um milho de verbetes e foi considerada to

    confivel quanto a enciclopdia Brittanica, conforme um estudo da revista Nature 12. O

    Wikinews leva ainda mais longe a proposta de jornalismo colaborativo do Kuro5hin e

    do CMI, pois no apenas qualquer um pode publicar, estando cadastrado no sistema ou

    no, como qualquer um pode editar os textos publicados por outros, ou mesmo editar a

    pgina principal do site. O servio tem verses em 21 lnguas, entre elas o portugus.

    Toda notcia oferece um link edit (editar), que leva o colaborador a uma

    plataforma de edio. Atravs desta ferramenta, ou usando uma sintaxe especfica

    chamada wiki markup, o colaborador pode corrigir erros factuais ou simplesmente erros

    ortogrficos e de estilo, acrescentar informaes ou multimdia. Toda modificao

    imediatamente publicada ao se clicar em save (gravar). As verses anteriores do texto,

    desde a original, ficam registradas em um histrico acessvel a todos os leitores. Desta

    maneira, as notcias podem ser revertidas a uma verso anterior em caso de

    modificaes erradas ou vandalismo. Existe ainda um linkdiscussion (discusso), que

    11 http://www.wikipedia.org/.12Internet enciclopaedias go head to head.Nature, n. 908, dezembro de 2005. Disponvel em:http://www.nature.com/nature/journal/v438/n7070/full/438900a.html.

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    leva a um espao para debater o artigo em questo, semelhante a um frum. A pgina

    principal funciona de acordo com o mesmo princpio13.

    OhmyNews International

    Sob o slogan "todo cidado um reprter", o jornalista sul-coreano Oh Yeon Holanou em 2000 o OhmyNews, com o franco objetivo de difundir informaes desde o

    lado progressista do espectro poltico, j que 80% da mdia local era dominada por

    organizaes tidas como conservadoras (BRAMBILLA, 2006). Permitindo a qualquer

    cidado participar na redao de notcias, sobretudo a respeito dos problemas de suas

    comunidades, o veculo expe problemas ausentes no resto da imprensa. As hard news,

    entretanto, so competncia de uma redao profissional, bem como a superviso e

    edio das colaboraes dos cidados-reprteres. O site ganhou mais tarde uma versoem ingls, o OhmyNews International.

    O sistema de publicao do OhmyNews funciona de forma parecida ao

    Kuro5hin: as propostas de artigos entram em uma lista e podem ser vistos por todos os

    colaboradores. No entanto, a edio do texto feita em negociao apenas com os

    editores profissionais, que fazem correes ortogrficas, discutem as questes factuais e

    selecionam a posio em que o artigo ser publicado no site ou o rejeitam. possvel

    acrescentar fotos, udio e vdeos s matrias. Ao contrrio dos outros exemplos aqui

    expostos, os cidados-reprteres recebem um pagamento (cerca de US$ 20) para cada

    matria publicada. Aps a publicao, o texto no pode ser modificado, nem excludo, e

    os direitos autorais passam a pertencer ao OhmyNews. As matrias so acompanhadas

    de espao para comentrios dos leitores, mas estes so moderados pela equipe de

    editores e na verso em coreano podem inclusive ser restringidos a colaboradores

    cadastrados14.

    VC ReprterO portal Terra lanou o canal VC Reprter durante o carnaval de 2006,

    permitindo que os leitores enviem informaes, udio e fotos por correio eletrnico ou

    celular. , todavia, apenas um canal entre outros na gama de servios oferecidos pelo

    portal. Por um lado, uma forma de cobrir eventos aos quais a equipe de jornalistas no

    pode estar presente, ou que no sejam cobertos por agncias de notcias. Por outro,

    trata-se de integrar o pblico no processo produtivo, o que permite ao portal abrir mais

    13 http://en.wikinews.org/wiki/Wikinews:About.14 FAQ da verso em ingls. Disponvel em: http://english.ohmynews.com/index.asp.

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    espaos para publicidade e ao mesmo tempo fazer marketing positivo com os prprios

    leitores.

    Para publicar textos ou hipermdia, necessrio cadastrar-se e autorizar o Terra a

    usar o material. Os documentos enviados por correio eletrnico, ou mensagens

    multimdia por celular, so analisados pela equipe editorial e, caso selecionados para

    publicao, so checados junto s fontes pertinentes. Os jornalistas tm total controle

    sobre a edio e publicao do texto e no h espao para comentrios embora seja

    tecnicamente possvel adicionar um frum matria. Os direitos das notcias e

    hipermdia pertencem ao Terra15.

    Blogs

    Weblogs, ou blogs, so sites de autoria individual ou coletiva em que se publicam pequenos blocos de texto (posts), fotos ou outros tipos de hipermdia

    organizados de forma cronolgica, em geral descrescente, e no mais das vezes com

    fartura de links para sites considerados interessantes pelo autor. A maioria conta com

    recursos como espao para comentrios dos leitores, trackbacks (que permitem ao autor

    de umpostsaber se outros blogs criaram algum link para o mesmo) e permalinks (que

    cria um endereo especfico para determinadopost, facilitando a referncia). Blogueiro

    o autor de um blog. Nem todo blog tem carter jornalstico. apenas uma ferramenta

    que permite a publicao rpida de textos sem necessidade de expertise em

    programao. Assim, pode ser usada tanto para escrever um dirio confessional, quanto

    para publicar notcias ou anlise.

    Weblogs so participativos na medida em que esto contidos na blogosfera, a

    comunidade de blogs e blogueiros interligada por um grande nmero de referncias

    cruzadas mediante links para textos especficos (BRUNS, 2005, p. 182). Em outras

    palavras, uma notcia publicada por um determinado blogueiro pode ser comentada e

    referenciada por outros blogueiros, gerando uma conversao mediada por computador

    (PRIMO e SMANIOTTO, 2005). A categoria webjornalismo participativo tambm se

    aplica mais imediatamente aos blogs coletivos e queles que permitem os comentrios

    dos leitores.

    O H2OTown16, por exemplo, foi criado pela dona-de-casa Lisa Williams para

    informar aos cidados de Watertown, subrbio de Boston (EUA), sobre os eventos

    locais. A iniciativa partiu da constatao de que a cobertura do maior jornal da regio, o

    15 http://www.terra.com.br/vcreporter/comoparticipar.htm.16 http://h2otown.info/.

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    Boston Globe, ignorava Watertown. ... na maior parte das cidades e vilarejos que por

    acaso estejam a mais de 500 ps de um grande mercado de comunicao, a gente local

    sofre mais de anorexia miditica do que de sobrecarga de informao. difcil

    encontrar boa informao sobre onde voc vive17. Recolhendo informaes da TV a

    cabo local, das instituies e dos prprios concidados, via correio eletrnico,

    telefonemas ou conversas na rua, a autora consegue suprir o vcuo de informaes

    deixado pela grande mdia. Os cidados interessados podem se cadastrar e ter seus

    prprios blogs, cujas notcias so publicadas em uma lista geral. Os comentrios de

    leitores, inclusive annimos, so permitidos.

    As breves descries pretendem elucidar o que se entende aqui por

    webjornalismo participativo, mostrando que inclui tanto os modelos mais anrquicos e

    voluntrios, como o Wikinews, at empreendimentos comerciais em que h mais ou

    menos controle profissional sobre a produo, como VC Reprter ou OhmyNews. O

    ponto em comum o fato de que nenhum destes veculos ou sees seriam os mesmos

    sem a participao dos leitores.

    Jornalismo sem jornalistas?

    Sem dvida, muitos jornalistas que dedicaram anos de estudo e treinamento,bem como muitos acadmicos da rea, podem ver com ceticismo a hiptese de o

    pblico tomar em suas prprias mos a produo de contedo antes sob

    responsabilidade daqueles que tinham trilhado, muitas vezes com dificuldade, o

    caminho at seus postos de trabalho em organizaes miditicas. O jornalismo

    alternativo e os reprteres "prticos" como a eles se refere DINES (1986), em

    discusso sobre a necessidade do diploma existiam antes do advento da informtica.

    Na Internet e outras redes telemticas, porm, exercem maior influncia.

    Por um lado, os custos para a criao de um blog, ou mesmo de um site que

    exija a compra e manuteno de servidores, so muito baixos, quando comparados aos

    custos para se produzir e transmitir um programa de televiso, ou imprimir e distribuir

    17 ...in most cities and towns that happen to be more than 500 feet outside a major media market, thelocal people suffer more from media anorexia than information overload. Its hard to find goodinformation about the place where you live. Traduo livre. If I didn't build it, they wouldn't come:citizen journalism is discovered (alive) in Watertown, MA.Pressthink, 14/11/2005. Disponvel em:

    http://journalism.nyu.edu/pubzone/weblogs/pressthink/2005/11/14/lw_h2tn.html. ltimo acesso:10/3/2006.

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    um jornal. No caso da televiso e do rdio, existe ainda a necessidade de obter uma

    concesso para o uso do espectro eletromagntico. Na Internet, o espao tende ao

    infinito, enquanto os custos tendem ao zero. Embora a questo da excluso digital no

    possa ser ignorada, um relato sobre as aes do Exrcito Zapatista de Libertao

    Nacional do Mxico mostra que mesmo indgenas isolados em uma rea florestal e

    cercados por militares podem fazer suas mensagens chegarem rede (FORD e GIL,

    2002, p.272).Entre 2000 e 2005, o nvel de acesso mundial Internet cresceu 183,4%.

    Na Amrica Latina e Caribe, o crescimento foi ainda maior, chegando a 342,5%18.

    A relativa facilidade tcnica e econmica de publicao na Internet alia-se a uma

    cultura calcada no slogan punkdo it yourself [DIY, faa-voc-mesmo]. A cibercultura

    incentiva alm disso a apropriao social hedonista da tecnologia, cujo maior exemplo

    a subcultura hacker (LEMOS, 2002). Some-se a isso a histrica demanda pela

    democratizao dos meios de comunicao (BRECHT, 2005; MACHADO et al., 1987)

    e o que se v no ciberespao um intenso fluxo de texto, imagem, udio e vdeo

    publicados por milhares de pessoas ao redor do mundo, muitos deles com contedo

    jornalstico. Conforme o instituto Pew, at o final de 2004 pelo menos 8 milhes de

    norte-americanos j haviam criado um blog, enquanto 53 milhes haviam usado a

    Internet para divulgar seus pensamentos, responder a outros internautas, publicar fotos,

    compartilhar arquivos e contribuir de forma geral para a exploso de contedo

    disponvel online19. assim que, nas palavras de GILLMOR (2004, p.XIV):

    Antes mera consumidora de notcias, a audincia est aprendendo comoconseguir informao melhor e mais oportuna. Tambm est aprendendocomo se juntar ao processo jornalstico, ajudando a criar uma enormeconversao e, em alguns casos, fazendo um trabalho melhor que o dosprofissionais20.

    18 Estatsticas colhidas no dia 19/5/2006 e disponveis no site da Internet Usage World Stats:http://www.internetworldstats.com/stats.htm.19 Relatrios disponveis em: http://www.pewinternet.org. Os nmeros so muito discutidos e

    provavelmente bem mais altos. O Blog Heraldestimava em 34,5 milhes o nmero de blogs na poca dapublicao dos relatrios do instituto Pew: Blog numbers are closer to 34,5 million worldwide.BlogHerald, 10/1/2005. Disponvel em: http://www.blogherald.com/. ltimo acesso em: 26/6/2006.

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    A primeira questo a ser levantada frente a estes dados pode ser: "mas isso

    jornalismo?". A hiptese com que se trabalha aqui que estes veculos praticam

    jornalismo. Porm, em lugar de arrolar uma srie de definies do que seria a prtica

    de produzir notcias para defender essa posio, arrisque-se uma inverso da pergunta.

    Se a Folha de So Paulo publica a foto de um buraco no calamento de determinada rua,

    exigindo providncias da Prefeitura, ningum discutir que se trata de jornalismo. Se

    um weblog ou o CMI o faz, ento, por que no seria jornalismo? O exemplo simples,

    para facilitar a compreenso, mas o princpio se aplica a situaes mais complexas.

    Uma forma de negar que se trate de jornalismo a falta de superviso dos pares,

    uma das condies do trabalho em uma redao. Joan Connel, produtora executiva da

    MSNBC.com, acredita que a falta de um editor entre autor e leitor, no caso dos blogs,

    excluiria este tipo de mdia da esfera jornalstica: "Eu diria que a funo editorial (da

    redao) o fator que realmente faz o jornalismo"21. Crtica que se aplicaria tambm ao

    CMI e Wikinews, em que a publicao imediata, mas no ao Kuro5hin, OhmyNews, e

    VC Reprter, nos quais os artigos so verificados antes pela comunidade de

    colaboradores ou por editores profissionais.

    Porm. no caso dos blogs, Wikinews e CMI existe edio posterior

    publicao. Nos comentrios dos blogs e do CMI os leitores podem apontar imprecises

    e erros, ou contrapor outros fatos e referncias interpretao do autor para

    determinado acontecimento. No CMI, podem publicar uma outra matria, em um

    espao equivalente, questionando a primeira. No Wikinews, o leitor que detecta um erro

    pode corrigir a prpria notcia, tornando-se co-autor da mesma.

    Compare-se esta edio posterior com as erratas da imprensa tradicional.

    Retomando o exemplo do buraco em determinada rua, suponha-se que o endereo esteja

    errado na legenda da Folha de So Paulo e tambm no blog. No primeiro caso, seria

    necessrio esperar at o dia seguinte para corrigi-lo, em um espao diferente da notciaoriginal, sem a garantia de que o leitor veria a correo. No segundo, qualquer leitor

    pode apontar o erro nos comentrios, separados do texto original, criando uma espcie

    de errata. O autor pode corrigir a informao no prprio texto original. Caso um leitor

    desavisado decida voltar matria, ter maiores chances de perceber a correo. Alm

    20 "Once mere consumers of news, the audience is learning how to get a better, timelier report. It's alsolearning how to join the process of journalism, hleping to create a massive conversation and, in somecases, doing a better job than the professionals." Traduo livre.21 "I would submit that editing function really is the factor that makes it journalism". Traduo livre.Weblogging. Newshour, 28/4/2003. Disponvel em: http://www.pbs.org/newshour/bb/media/jan-june03/blog_04-28.html. ltimo acesso em 27/6/2006.

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    disso, qualquer um a quem tenha enviado o link para o texto ler a verso corrigida. Na

    verso online da Folha de So Paulo, h uma seo chamada "erramos" 22, em que so

    publicadas as correes, apontando para a notcia original. Esta tambm corrigida,

    mas no recebe um link para a errata. O leitor no tem como saber que houve um erro

    na verso original do texto. Nos blogs ou CMI, o registro do erro fica nos comentrios,

    enquanto no Wikinews possvel acessar um histrico de todas as modificaes e

    verificar a transformao do texto desde a verso original.

    De resto, como indica pesquisa feita por MACHADO e SOSTER (2003) no

    portal UOL durante as eleies presidenciais de 2002, no webjornalismo o erro uma

    constante maior do que o acerto. Em uma nica manh, 38 entre 43 matrias publicadas

    continham algum tipo de erro. O artigo no explica se os erros eram posteriormente

    corrigidos, mas de qualquer modo o que se tem a uma edio de facto posterior

    publicao, no anterior, como exigem as tcnicas profissionais.

    Outro argumento possvel para descaracterizar como jornalismo a matria sobre

    o buraco publicada num blog a suposta falta de compromisso dos "leigos" com um

    cdigo de tica. Tais reprteres amadores seriam uma ameaa esfera pblica, meros

    panfleteiros sem nenhum compromisso com os ideais da profisso, como imparcialidade

    e objetividade.

    De fato, as presses e jogos de poder a que um reprter submetido na redao

    so um incentivo que no pode ser desprezado para a introjeo de uma tica

    profissional. Em artigo publicado em 1955, BREED (1993, p.154-156) demonstra que a

    assimilao da poltica editorial depende de um processo de socializao entre o

    jornalista, seus chefes e colegas. O novato "aprende a antever aquilo que se espera dele,

    a fim de obter recompensas e evitar penalidades". No caso, o autor est fazendo uma

    crtica ingerncia do proprietrio do veculo sobre a produo de notcias, atravs da

    poltica editorial. Mas a socializao tambm funciona no sentido oposto: um dosfatores de resistncia s interferncias superiores a tica jornalstica (p.152). tica que

    o novato assimila da mesma forma que faz com a poltica editorial: interagindo com

    seus pares.

    Em 1989, SOLOSKI (1993, p.91-100) retoma o tema do controle social na

    redao, afirmando que a interao das polticas editoriais com o profissionalismo,

    consubstanciado nos valores-notcia e no cdigo de tica do jornalismo, cria

    constrangimentos organizacionais que agem sobre as rotinas produtivas. Alm da22 http://www.folha.uol.com.br/folha/erramos/.

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    convivncia na redao, o autor reconhece os cursos de jornalismo como forma de

    introjeo do cdigo de tica: "Estas escolas profissionais asseguram (...) que os ideais e

    os objetivos da profisso sejam aceitos pelos novos profissionais" (p.94). O tom de

    crtica, porm, pois a educao logo, os ideais e objetivos da profisso seria

    controlada pelas prprias organizaes jornalsticas, comprometendo o ensino com a

    ideologia capitalista (no contexto norte-americano, foco do autor). As escolas

    funcionariam ento como reprodutoras de uma viso de mundo que desestimula

    qualquer mudana nostatus quo.

    Finalmente, TUCHMAN (1993 [1971]) caracteriza a objetividade, valor ligado

    imparcialidade e ao equilbrio, como ritual estratgico favorvel primeiramente aos

    interesses dos proprietrios do jornal, pois garante a produo das notcias dentro do

    intervalo temporal determinado e evita processos judiciais. A satisfao do interesse

    pblico, que de fato est a presente, mero efeito colateral travestido em valor do

    corpo profissional. No se pretende cair no cinismo completo, porm: os ideais de

    objetividade e imparcialidade trouxeram e continuam trazendo benefcios ao jornalismo

    e democracia. No so, no entanto, conhecimentos esotricos, inacessveis a reprteres

    amadores com alguma habilidade. Com efeito, esto bastante prximos do senso

    comum.

    MEDITSCH (1997, online) v no jornalismo um tipo de conhecimento

    posicionado entre a cincia e o senso comum. Tende para este ltimo, visto que sua

    direo a de universalizar, no a de especializar. Enquanto forma de conhecimento, o

    jornalismo sofre duas crticas por parte dos homens de cincia: falta de rigor analtico e

    incapacidade de revelar o novo. Isto se deve ao fato de no gerar novas leis universais

    atravs da anlise sistemtica de fenmenos, mas revelar singularidades a partir do

    senso comum, destacar os aspectos de determinado acontecimento que o contrariam:

    o fato de operar no campo lgico da realidade dominante que assegura aomodo de conhecimento do Jornalismo tanto a sua fragilidade quanto a suafora enquanto argumentao. frgil, enquanto mtodo analtico edemonstrativo, uma vez que no pode se descolar de noes pr-tericas pararepresentar a realidade. forte na medida em que essas mesmas noes pr-tericas orientam o princpio de realidade de seu pblico, nele includoscientistas e filsofos quando retornam vida cotidiana vindos de seuscampos finitos de significao.

    No se defende aqui que a formao seja intil ou desnecessria ao desempenho

    do jornalismo, mas apenas que, em sendo este uma tcnica de produo de

    conhecimento aparentada ao senso comum, algum habilidoso pode aprend-la de

    forma autodidata, se a isto dedicar algum esforo. Embora talvez no o faa to bem

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    quanto um jornalista formado nos bancos universitrios, o reprter amador estar apto a

    desempenhar suas funes no papel que cabe ao webjornalismo participativo, que

    menos o de competir com o jornalismo tradicional e mais o de complement-lo com

    uma multiplicidade de pontos de vista sobre um mesmo fato, bem como por meio de

    uma atitude fiscalizadora. Tampouco defende-se que os jornais tenham se tornado

    inteis. No apenas porque a maioria dos blogs e webjornais participativos como o

    Wikinews continuem mais apontando para matrias de outros veculos do que

    produzindo reportagens originais (TRSEL, 2005), como porque nem todos os

    internautas se interessaro em fazer reportagens23.

    Aps definir o jornalismo como tcnica produtora de conhecimento,

    MEDITSCH (1997, online) afirma que esse estatuto implica maior exigncia na

    formao profissional, sim, mas tambm maior fiscalizao. Este controle, todavia, no

    seria feito apenas pelos prprios jornalistas:

    A questo do conhecimento que o jornalismo produz e reproduz e de seusefeitos pode ser demasiado estratgica para a vida de uma sociedade para sercontrolada exclusivamente pelos jornalistas como grupo profissional ou pelasorganizaes onde trabalham.

    O webjornalismo participativo pode contribuir para tal fiscalizao pela

    pluralizao das vises sobre um mesmo acontecimento. A verdade, enquanto realidade

    pura, inacessvel ao ser humano, visto que um aparato sensorial faz a mediao entre omundo e nossa mente. Assim, vemos os objetos como ns somos, tanto quanto como

    eles so (MATURANA e VARELA, 2001). Esta constatao demanda necessariamente

    um jornalismo de mltiplas perspectivas.

    Um dos principais problemas do jornalismo identificados por MEDITSCH

    (1997, online) a falta de transparncia sobre seus prprios condicionantes, sobre os

    constrangimentos que levam o reprter ou veculo a adotar determinada perspectiva

    sobre um fato, e no outra:

    A notcia apresentada ao pblico como sendo a realidade e, mesmo que opblico perceba que se trata apenas de uma verso da realidade, dificilmenteter acesso aos critrios de deciso que orientaram a equipe de jornalistaspara constru-la, e muito menos ao que foi relegado e omitido por estescritrios, profissionais ou no.

    Neste sentido, tambm, o webjornalismo participativo tem algo a contribuir.

    Sites como o Kuro5hin, CMI, OhmyNews e Wikinews apontam modelos pelos quais se

    pode tornar a produo de notcias mais transparente. Tm ainda o duplo papel de, junto

    23Quanto a isso, Dominique Wolton pondera que ningum quer brincar de editor-chefe todas asmanhs. Entrevista a Catherine Mallaval. Libration. 20/21 de maro de 1999. Disponvel em:http://www.nettime.org/Lists-Archives/nettime-l-9908/msg00118.html

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    aos blogs, fiscalizar a grande mdia, apontando os erros, distores e limitaes de seus

    produtos noticiosos. Fazem-no quando os criticam diretamente, mas tambm ao

    apresentar perspectivas diferenciadas sobre um mesmo acontecimento.

    BRUNS (2005) defende justamente este aspecto do webjornalismo participativo.

    Em uma extensa pesquisa de estudos de caso, retoma a proposta de "notcias

    multiperspectivas" de Herbert Gans, invivel tecnologicamente na dcada de 1970, para

    mostrar que ela encontra sua concretizao no ciberespao, com a emergncia do

    jornalismo participativo na Web. "...as notcias no so mais fixas e completas na hora

    da publicao, marcadas com o selo de qualidade profissional do jornalista oupublisher

    responsvel, mas se mantm abertas para adio e engajamento por parte dos usurios-

    produtores"24 (p.53). Como resultado, as notcias se tornam dialgicas, uma

    conversao, no mais uma palestra do reprter (GILLMOR, 2004, p.XIII).

    Concluso

    O relatrio State of the news media 2006 aponta seis grandes tendncias no

    jornalismo norte-americano, que podem indicar futuros desdobramentos no resto do

    mundo25. H mais veculos cobrindo menos assuntos, canalizando seus esforos s

    grandes questes nacionais e ignorando as locais, gerando monotonia no noticirio; os

    jornais metropolitanos de mdio porte esto em dificuldades, tendo seu espao tomadopor jornais de bairro ou peridicos nacionais; os idealistas perderam a batalha para os

    contadores nas redaes, ou seja, a qualidade foi deixada de lado em favor do lucro; a

    mdia tradicional comeou a investir na inovao tecnolgica; os "agregadores de

    notcias", como Google News e Yahoo!, esto investindo em contedo; e a questo

    econmica central do jornalismo continua a ser quanto tempo transcorrer at que as

    operaes online sejam to lucrativas quanto as da velha mdia.

    O que se pode inferir deste panorama uma reorganizao geral do modelo de

    produo de notcias, devida por um lado presso econmica (o rendimento aumentou

    entre 1% e 2% para os jornais impressos, enquanto cresceu 30% nos webjornais) e por

    outro atuao de novos agentes no ciberespao, que desviam trfego e mesmo

    concorrem com as organizaes jornalsticas. Embora possa ser em parte responsvel

    pelas dificuldades da mdia, o webjornalismo participativo oferece solues para

    algumas das questes levantadas no relatrio.

    24 "...news stories are no longer fixed and completed at the time of publication, stamped as it were with

    the originating journalist's or publisher's seal of professional approval, but remain open for addition andengagement by user-produsers." Traduo livre.25 http://stateofthemedia.org/2006/.

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    Se o idealismo no tem mais lugar nos conglomerados miditicos, aceito de

    braos abertos na maior parte dos webjornais participativos. O CMI o caso mais

    evidente de reportagem incentivada pelo desejo de servir ao interesse pblico ainda

    que a execuo possa ser muitas vezes equivocada (BRUNS, 2005). O Wikinews tem

    como objetivo se tornar uma fonte de notcias aberta, oferecendo material para veculos

    e grupos ao redor do mundo que no tenham recursos para contratar reprteres ou

    assinar uma agncia de notcias, e ao mesmo tempo praticar um jornalismo mais

    equilibrado, reunindo pontos de vista diversos26. O OhmyNews, no contexto sul-

    coreano, tambm pode ser considerado um veculo alternativo mdia conservadora e

    progressista (BRAMBILLA, 2006). Finalmente, no faltam blogueiros insatisfeitos com

    o noticirio tradicional que resolvem produzir suas prprias notcias, caso do j citado

    H2Otown. Para BRUNS, o idealismo , com efeito, um dos principais motores do

    webjornalismo participativo (2005b, p.11).

    O webjornalismo participativo tambm uma resposta para a monotonia da

    cobertura na imprensa tradicional. Os veculos so obrigados a deslocar grande parte de

    suas equipes para os eventos polticos e econmicos centrais, deixando de lado assuntos

    locais de "menor importncia". Sites como Wikinews, Kuro5hin, CMI e a mirade de

    blogs se prestam perfeitamente ocupao destes espaos vazios, visto que contam com

    a colaborao voluntria de milhares de reprteres espalhados por todos os cantos. Por

    outro lado, sites como o VC Reprter e o OhmyNews mostram que a mdia tradicional

    est aprendendo a usar este exrcito de reprteres potenciais formado pelos navegadores

    da World Wide Web para cobrir os eventos aos quais no podem estar presentes.

    Referncias

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