O papel do Gestor do Top na Implementação de Estratégias 1

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1 O PAPEL DO GESTOR DO TOPO NA IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS Introdução O presente artigo faz uma reflexão sobre o papel do gestor do topo na implementação de estratégias. A selecção de uma abordagem para implementação de estratégia e avaliação de resultados e integração vertical. Naturalmente estamos numa sociedade dominada por organizações, grande ou pequenas, com ou sem fins lucrativos, nas quais as pessoas trabalham em conjunto, com vista à prossecução de objectivos que seriam impossíveis de atingir se as pessoas trabalhassem isoladamente. Dentre essas organizações a empresa é, sem dúvidas, uma das mais importantes e com maiores percussões nas nossas vidas. Contudo, nem todas as iniciativas empresariais terminam em sucesso. IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS Uma função gerencial de alto nível envolve a capacidade de conhecer, desenvolver alternativas e responder às demandas, necessidades e apoios comunitários - público e clientela (estratégia). Agir segundo etapas de uma acção racional calculada (racionalidade administrativa); Reactivar e reconstruir constantemente a ideia de missão e dos objectivos comuns, conduzindo as pessoas à acção cooperativa desejada (liderança e habilidades interpessoais), tomar decisões, interagir com grupos e indivíduos, resolver problemas e conflitos à medida que surgem (processo decisório organizacional). A importância do conhecimento por parte do dirigente, das dimensões formais e previsíveis do processo decisório organizacional, enfocando as formas de divisão e especialização do trabalho, bem como a distribuição do poder e da autoridade para melhor utilizar os recursos disponíveis; A maneira de captar, processar e analisar informações externas e internas para melhor agir na formulação de políticas, estratégias organizacionais e na solução de problemas; as alternativas de definição de processos sequenciais interdependentes que levam ao alcance de resultados, para poder actuar na coordenação e no controle; as formas comportamentais humanas - individuais e grupais - que se estabelecem em uma organização de trabalho, para saber que acções gerenciais produzem respostas comportamentais mais adequadas. O

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O PAPEL DO GESTOR DO TOPO NA IMPLEMENTAÇÃO DAS

ESTRATÉGIAS

Introdução

O presente artigo faz uma reflexão sobre o papel do gestor do topo na implementação de

estratégias. A selecção de uma abordagem para implementação de estratégia e avaliação de

resultados e integração vertical. Naturalmente estamos numa sociedade dominada por

organizações, grande ou pequenas, com ou sem fins lucrativos, nas quais as pessoas

trabalham em conjunto, com vista à prossecução de objectivos que seriam impossíveis de

atingir se as pessoas trabalhassem isoladamente. Dentre essas organizações a empresa é, sem

dúvidas, uma das mais importantes e com maiores percussões nas nossas vidas. Contudo,

nem todas as iniciativas empresariais terminam em sucesso.

IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS

Uma função gerencial de alto nível envolve a capacidade de conhecer, desenvolver

alternativas e responder às demandas, necessidades e apoios comunitários - público e

clientela (estratégia). Agir segundo etapas de uma acção racional calculada (racionalidade

administrativa); Reactivar e reconstruir constantemente a ideia de missão e dos objectivos

comuns, conduzindo as pessoas à acção cooperativa desejada (liderança e habilidades

interpessoais), tomar decisões, interagir com grupos e indivíduos, resolver problemas e

conflitos à medida que surgem (processo decisório organizacional). A importância do

conhecimento por parte do dirigente, das dimensões formais e previsíveis do processo

decisório organizacional, enfocando as formas de divisão e especialização do trabalho, bem

como a distribuição do poder e da autoridade para melhor utilizar os recursos disponíveis;

A maneira de captar, processar e analisar informações externas e internas para melhor agir na

formulação de políticas, estratégias organizacionais e na solução de problemas; as

alternativas de definição de processos sequenciais interdependentes que levam ao alcance de

resultados, para poder actuar na coordenação e no controle; as formas comportamentais

humanas - individuais e grupais - que se estabelecem em uma organização de trabalho, para

saber que acções gerenciais produzem respostas comportamentais mais adequadas. O

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conhecimento da dimensão informal do meio organizacional é também condição para que os

dirigentes eficientes possam: conhecer os limites humanos e organizacionais da racionalidade

administrativa para saber considerá-los na tomada de decisão; aprender a avaliar e agir com

base em informações ambíguas, imprecisas e pouco analisadas, para melhor enfrentar os

riscos e as incertezas inerentes ao planeamento organizacional; adquirir grande capacidade de

adaptação e antecipação ao não-rotineiro, para manter a coerência da acção organizacional na

ocorrência de emergências e de imprevistos; Desenvolver continuamente habilidades

interpessoais para garantir maior eficiência, lealdade e satisfação humana no trabalho,

obtendo um melhor equilíbrio no sistema individual de contribuição/retribuição. A fim de

definir a função do administrador, podemos fazer uma analogia à função do clínico-geral.

Assim é função do administrador como gerente-geral: Identificar os sintomas em qualquer

situação; Diagnosticar o mal ou a causa do problema.

Estar preparado para permitir que os receptores adaptem a estratégia final (a estratégia

adaptada por um indivíduo pode, com mais facilidade, ser chamada por ele de sua própria

estratégia.

A propriedade equivale à internalização, ou seja, é auto-suficiente); Estar preparado para

aceitar uma estratégia que não chegue a ser óptima, visando realizar alguma coisa, ao invés

de coisa alguma. Os altos administradores tipicamente pensam que os administradores dos

níveis intermediários: Ignoram ou resistem passivamente às novas iniciativas provenientes da

alta administração;

Dão valor à diversidade e ao trabalho em equipas multiculturais como fórum básico dentro do

qual realizam seus objectivos pessoais, profissionais e organizacionais; fluem com a mudança

como oportunidade e se sentem à vontade com as surpresas e ambiguidades; Buscam

continuamente estar abertas a si mesmas e aos demais, repensando limites, encontrando

novos significados e modificando sua direcção e conduta. As características pessoais estão

associadas às mentalidades, evidenciando como uma influência a outra e vice-versa:

Conhecimento - precisa ser amplo e profundo, abrangendo aspectos técnicos e do negócio e

contribuindo para gerir adequadamente o processo competitivo;

1.1. Selecção de uma abordagem para implementação.

Um dos momentos mais importantes de todo o processo de planeamento consiste na

implementação da estratégia, pois é nessa fase que o planeamento irá se concretizar. Estudos

recentes sugerem que somente 10% das estratégias formuladas são implementadas. Em geral,

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os gestores buscam resolver esse problema, ampliando o controle, buscando gerenciar a

cultura organizacional ou ainda colocando a culpa nos executantes, alegando que esses são

incapazes de colocar em prática o que foi formulado. Entretanto, o verdadeiro problema pode

estar além: na separação entre formulação e implementação, na dissociação entre pensar e

agir.

Durante muito tempo compreendido como um processo top-down, definido formalmente pela

alta gerência e repassado para os demais níveis, o planeamento é visto e praticado hoje, em

muitas empresas, como um processo contínuo de reflexão sobre onde se quer chegar

(objectivos) e de como se chegará lá (estratégia). Nesses casos, o planeamento deixa de ser

uma função exclusiva de um departamento da empresa, passando a ser uma atribuição de

todos os níveis (estratégico, táctico e operacional). Por outro lado, a distância entre esses

níveis também diminui, ou seja, a formulação e a implementação da estratégia se tornam cada

vez mais interdependentes.

Actualmente é difícil a formulação ocorrer totalmente dissociada da implementação. Muitas

vezes, é no próprio desenvolvimento da gestão da empresa que os gestores e suas equipes

definem e implementam as estratégias, buscando aprender com os erros cometidos. No

quotidiano empresarial, o planeamento constitui também um processo de aprendizado

contínuo, onde a formulação e a implementação se tornam indistinguíveis. Nesse sentido,

parece fundamental que o gestor seja capaz de lidar com esse lado “ imprevisível” do

processo de planeamento, sendo flexível e capaz de realizar as mudanças de curso necessárias

à implementação da estratégia.

Assim, é importante levar em consideração que as estratégias podem surgir dos lugares mais

estranhos e de pessoas que não se esperava. O papel da liderança, segundo esta concepção,

não é apenas de preconceber estratégias, mas de gerenciar o processo de aprendizado

estratégico, pelo qual novas estratégias podem emergir. O Planeamento é hoje mais do que

nunca necessário à gestão da empresa. Entretanto, para colocá-lo em prática de forma

efectiva, é preciso que o gestor conheça bem cada um de seus elementos, suas funções e seus

limites. É fundamental que saiba utilizar bem os seus instrumentos e, mais do que tudo, que

seja flexível o bastante para perceber que planejar nem sempre é o contrário de fazer.

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1.2. Avaliação de resultados da implementação de estratégia.

O pensamento actual da maioria dos executivos - aqueles que detentores de grande poder para

a tomada de decisão nas empresas - não coloca de lado o passado. Ou seja, o olhar atento para

as experiências que ao longo do tempo foram fontes de transformação tanto positivamente

quanto negativamente, os impactos e as consequências das mudanças dos diversos cenários

económicos, políticos e sociais onde as empresas estão inseridas ainda é considerado por

gestores de muitas instituições como rica fonte de informações e comparações com o actual

cenário.

Tais informações constituem também um material muito útil, tornando-se de certa forma uma

ferramenta para o desdobramento das acções que irão nortear a criação do escopo das

estratégias das empresas, quando passamos a falar em planeamento estratégico e mais

precisamente da formulação da estratégia. Reunir estrategicamente as pessoas-chave em

torno de uma mesa numa sala fechada para discutir, planear e levantar exaustivamente todas

essas informações, de facto, é uma actividade que apesar de cansativa e desgastante, essencial

para traçar novos rumos à luz dos novos desafios que perpassam o campo das ideias.

Porém, toda essa filosofia, todo este afloramento da teoria colocada a serviço de um bem

maior que é o sucesso da empresa, garantindo o retorno aos stakeholders e às outras

principais fontes de investimentos, podem acarretar grandes problemas quando se discute

apenas o planeamento estratégico e se esquece dos processos de implementação. Alguns

estudos apontam que o percentual de empresas que definem as suas estratégias e elaboram o

planeamento para atingirem o seu macro ambiente vem crescendo continuamente. Em

contrapartida, quando se fala em implementação, o cenário não nos parece tão agradável

quanto deveria ser. Implementar a estratégia torna-se, então, um pesadelo nas grandes

corporações na constante busca pelo sucesso ou até mesmo para se manterem no status,

conforme na qual se encontram perante a competitividade do mercado.

1.3. Integração Vertical

Em microeconomia ou gestão estratégica, a integração vertical é uma concepção da

organização e controle empresarial. Companhias verticalmente integradas são unidas através

de uma hierarquia e partilham um dono comum. Normalmente, cada membro da hierarquia

produz um produto diferente e os produtos combinados satisfazem uma necessidade. Na

produção de um determinado produto, a integração vertical ocorre quando uma empresa,

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passa a controlar operações a montante ou a jusante. Por exemplo, quando uma empresa de

distribuição passa a produzir os produtos que vende está a integrar verticalmente as operações

a montante.

A integração vertical pode ocorrer por via de uma fusão ou aquisição. O objectivo da

integração vertical é estratégico e pode justificar se por uma serie de razões: sinergias,

controlo das cadeias de distribuição ou proximidade ao mercado.

1.4. Tipos ou variedades

• Integração vertical a montante (para trás ou para nascente) - A companhia monta (ou

adquire) subsidiárias que produzem componentes (inputs) dos seus produtos. Por exemplo,

uma companhia de automóveis pode deter também uma fábrica de pneus, uma companhia de

vidro ou de metal. O controle destes fornecedores pretende criar o fornecimento estável dos

componentes e assegurar a qualidade consistente do produto final.

• Integração vertical a jusante (para a frente ou para poente) - A companhia monta (ou

adquire) subsidiárias que distribuem ou vendem produtos aos consumidores ou que os

incorporam no seu processo produtivo. Por exemplo: A empresa francesa BRVP, produtora

de software, comprou a empresa MediaGold (hoje Avanquest), uma empresa que se dedica à

revenda no retalho de marcas independentes de software. Outro exemplo: uma empresa

produtora de filmes que compra uma empresa que opera cadeias de cinemas.

2. CONCLUSÃO

Nesta abordagem de gestor do top na implementação de estratégias ressalta-nos dois aspectos

que merecem destaque: o primeiro é que o futuro das organizações é claramente influenciado

pela estratégia e o segundo é que os processos de definição dos objectivos, dos meios e das

formas de os atingir, bem como a sua concretização na prática, não podem ser desligados,

devendo antes ser pensados como um conjunto de processos integrados e coerentes. O estudo

realizado por Kaplan e Norton, em 2006, permitiu concluir que as empresas possuem

sistemas de gestão capaz de integrar a planificação estratégica e a execução operativa, o que

implica uma revisão, modificação e coordenação nos processos já existentes nas

organizações.

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3. BIBLIOGRAFIA

Nicolau, “O conceito de Estratégia”. Instituto para o Desenvolvimento da Gestão

Empresarial, comunicação pessoal, 2001;

R. Kaplan e D. Norton, The Execution Premium – integrando la estrategia y las

operaciones para lograr ventajas competitivas, 2008;

R. Kaplan e D. Norton, Organização orientada para a estratégia. Editora

Campus, 2000;

JOHN, A., Wagner e JOHN, R., Hollenbeck; Comportamento Organizacional,

editora saraiva, 2002;

Mckenna, R.; Competindo em tempo real: estratégias vencedoras para era do

cliente nunca satisfeito. Rio de Janeiro, 1998;

CARLOS Alves; Comportamento Organizacional, editora escolar, Portugal, 2007.

Por: António Alfazema