o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf ·...

17
o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, POl' PAULO M. C. BARRETTO ( *) Pernambuco ABSTRACT This resume is con centrated only on th e gen e- ral geologi cal and st ra tigraphical r esults of th e J atoba Basin. P ernambuco Stat e, and re p r ese n t s fi eld in ve stigation s m ad e by g eol ogists of Nucl ear En ergy Commission of Brazil. Four new formations of th e middl e P al eozoic are proposed and study, description and correla- tions indicated, present a new aid in the int erpre- tation of the Devonian paleogeography in Brazil. INTRODU<;JAO Foi F. Halfeld, em 1860 , 0 primeiro a relatar a ocorrencia de arenitos, considerados como cretacicos ao longo do Rio Sao Fran- cisco. Almeida (1962) fazendo uma viagem de reconhecimento na bacia de Jatoba, foi 0 pri- meiro a chamar a atencao para a po ssibili- dade de se encontrar sedimentos paleozoicos na bacia pela grande semelhanc;a com os se- dimentos de Tucano norte . Em 1962 a Petrobras iniciou 0 mapea- mento geol6gico em semi-detalhe. No mes- mo ano, ge6logos da Comissao Nacional de Energia Nuclear iniciaram 0 reconhecimento geol6gico, radiornetrtco e sedimentol6gico da bacia. Como pode ser visto por este breve his- t6rico a bacia de .Iatoba s6 recentemente foi estudada em sua geologia. l!:sses trabalhos foram executados em ritmo crescente ate 1963 pela Petrobras e ate 1966 pela CNEN. Atualmente existem 2 pecos perfurados pela Petrobras (IMst-1-PE e IJa-1-PEl, inumeras sondagens para captaeao de aguas subter- raneas efetuadas pelo DNOCS, CVSF, SU- DENE e CONESPE. Desejamos expressar nossos a grade cimen- tos ao geologo Bernard Blangy do «Commis- sari at a l'Energie Atomique da Franca », pela orientaeao nos trabalhos de campo; a Petro- 1?ras pela perrnissao em divulgar a parte final do perfil de cornplementacao da sondagem de Ibimirim e aos seus geologos O. S. Raulino e N. O. Cenachi, pelas informac;6es verbais . Dentre os tecnicos da CNEN, que traba- lhararn na bacia de .Iatoba, expressamos nos- sa gratidao aos colegas K. Fuzikawa, J. N. Villac;a, N. Morrone, L. C. S. Surcan, G. J. Ayres, A. C. Maciel, D. A. Souza, N. A. Mou- rao, F. G. Chaves, J. C. Lemos, M. N. Con- sentino, G. C. Leite, J. C. Favali e C. H. C. Azuaga, pela colaboracao durante tres anos de trabalho de campo. Ao Sr. e Sra. Gorsky, que fizeram as ana- lises petrograficas, mineral6gicas e sedimen- tol6gicas no laborat6rio mineraI6gico-petro- grafico da CNEN , fo rne cendo assim preciosas informac;6es. Ao Dr. Setembrino Petri, pela orientacao e sugest6es na execueao desse trabalho . CARACTERISTICAS GERAIS Limites - A bacia de Jatoba , prolonga- men to da bacia de Tucano, e inscrita dentro do poligono delimitado pelas Cidades de Pe- trolandia , Inaja, Buique, Riacho Seco e Ibi- mirim. Em termos geograficos , esta compreen- dida entre os paralelos de 8° 30' a 9° 10' la- titude suI e entre os meridianos 37010' e 38° 40' longitude oeste. Com 6.200 krn e de area, tem um compri- mento maximo de 155 km e largura de 50 km, lembrando na sua forma uma elipse, 0 limi- (.) ComissaoNacion al de Energia Nuclear.

Transcript of o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf ·...

Page 1: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA,

POl'

PAULO M. C. BARRETTO ( *)

Pernambuco

ABSTRACT

This resume is con centrated only on the gene­ral geological and s t rati g ra ph ica l results of theJ atoba Basin. P ernambuco State, and re pr ese n tsfi eld in vestigations mad e by geologists of NuclearEnergy Commission of B razil.

Four new formations of the middle P al eozoicare proposed and study, description and co r re la ­tions indicated, present a new aid in the interpre­tation of the Devonian paleogeography in Brazil.

INTRODU<;JAO

Foi F. Halfeld, em 1860 , 0 primeiro arelatar a ocorrencia de arenitos, consideradoscomo cretacicos ao longo do Rio Sao Fran­cisco.

Almeida (1962) fazendo uma viagem dereconhecimento na bacia de Jatoba, foi 0 pri­meiro a chamar a atencao para a po ssibili­dade de se encontrar sedimentos paleozoicosna bacia pela grande semelhanc;a com os se­dimentos de Tucano norte.

Em 1962 a Petrobras iniciou 0 mapea­mento geol6gico em semi-detalhe. No mes­mo ano, ge6logos da Comissao Nacional deEnergia Nuclear iniciaram 0 reconhecimentogeol6gico, radiornetrtco e sedimentol6gico dabacia.

Como pode ser visto por este breve his­t6rico a bacia de .Iatoba s6 recentemente foiestudada em sua geologia. l!:sses trabalhosforam executados em ritmo crescente ate1963 pela Petrobras e ate 1966 pela CNEN.Atualmente existem 2 pecos perfurados pelaPetrobras (IMst-1-PE e IJa-1-PEl, inumerassondagens para captaeao de aguas subter­raneas efetuadas pelo DNOCS, CVSF, SU­DENE e CONESPE.

Desejamos expressar nossos agradecimen­tos ao geologo Bernard Blangy do «Com m is -

sariat a l'Energie Atomique da Franca», pelaorientaeao nos trabalhos de campo; a Petro­1?ras pela perrnissao em divulgar a parte finaldo perfil de cornplementacao da sondagem deIbimirim e aos seus geologos O. S. Raulinoe N. O. Cenachi, pelas informac;6es verbais.

Dentre os tecnicos da CNEN, que traba­lhararn na bacia de .Iatoba, expressamos nos­sa gratidao aos colegas K. Fuzikawa, J. N.Villac;a, N. Morrone, L. C. S. Surcan, G. J.Ayres, A. C. Maciel, D. A. Souza, N. A. Mou­rao, F. G. Chaves, J . C. Lemos, M. N . Con­sentino, G. C. Leite, J. C. Favali e C. H . C.Azuaga, pela colaboracao durante tres anosde trabalho de campo.

Ao Sr. e Sra. Gorsky, que fizeram as ana­lises petrograficas, mineral6gicas e sedimen­tol6gicas no laborat6rio mineraI6gico-petro­grafico da CNEN, fo rnecendo assim preciosasinformac;6es.

Ao Dr. Setembrino Petri, pela orientacaoe sugest6es na execueao desse trabalho.

CARACTERISTICAS GERAIS

Limites - A bacia de Jatoba, prolonga­mento da bacia de Tucano, e inscrita dentro

do poligono delimitado pelas Cidades de Pe­trolandia, Inaja, Buique, Riacho Seco e Ibi­mirim.

Em termos geograficos, esta compreen­dida entre os paralelos de 8° 30' a 9° 10 ' la­titude suI e entre os meridianos 370 10' e38° 40' longitude oeste.

Com 6.200 krne de a rea, tem um com p ri­mento maximo de 155 km e largura de 50 km,lembrando na sua forma uma elipse, 0 limi-

(.) Comissao Nacional de Energia Nuclear.

Page 2: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

30 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N° I, 1968

.:jJ

30'

J30'

!\' ~ \\~ DNAIS5

o CIO&.DE

;":; SE.flI"A

CONTATO OaOl..OIlICO

=

Fig. no 1 - Bacia de Jatoba, Looaliaacao.

te dos afloramentos e bastante rettlineo, esegundo a dlrecao do eixo maior da Bacia.

o limite norte e feito pela grande falhade Ibimirim, com rejeito acima de 4.000 m .A oeste seu limite natural e 0 do rio SaoFrancisco, sendo separada estruturalmenteda bacia de Tucano pelo Arco 'I'ectonlco deSao Francisco.

Morfulog'la - A forma estrutural daBacia e urn graben assimetrico, 0 que influino aspecto atual do relevo. 0 mergulho dasca madas e de ordem de 4° a 5° NW nos se ­dimentos da borda SE e pouco mais suavena borda NW. Localmente pede atingir 10°a 12°.

Existem 2 relevos dist in t os . 0 primeiro,bastante acidentado consti t uido por morros,serras, serrotes, escarpas de falha, morrostestemunhos, ocorre exclusivamente ao langeda borda SW. Sao os sedimentos sotopostosao embasamento, cuja resistencia it erosaoaliada ao tectonismo, deu origem a essas for­mas topogrlificas. Serra do Saco, Serra do

Manari, Serra do Parafuso, Serra do Soe,Serra do Imbuzeiro, sao exemplos que podemser citados.

Essas formas abruptas, cujas encostasapresentam fortes gradientes, em sua maio­ria semelhantes a «Cuestas», correspondem acompartimentos levantados por tectonismo elimitados por escarpas de falha. (Foto 1).

A parte superior dessas serras e constituidapar sedimentos bern compactados da Forma­C;iio Manari protegendo 0 granito.

o segundo tipo de relevo, com expresaoterritorial muito maior, e constituido por ta­buleiros de altitude variando entre 400 e 500

metros. (Foto no 2) Sao formados por sedi­mentos mesoz6icos, em grande parte recober­tos por uma espessa camada de areia, queatinge ate 8 metros, resultante do intensointemperismo a que foi submetida a bacia nos

ultlmos tempos geol6gicos . Essa topografiaplana e i'Inicamente alterada pela Serra ,N e­gra, ponto mais alto de tecta a bacia, atin­gindo a cota de 950 m.

Page 3: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

P. M. C. BARRETTO - a P aleozoico da Bacia de . . . 31

Foto nO 1 - Diaclasam ento colunar na FormacaoManari, ao s uI de Mana ri Velho. Pernambuco (Bacia

de J'atoba, fota do autor).

SINQPSE DA GEOLOGIA GERAL

Ocorrem na bacia de Jatoba com area de6.200 km2 arenites mesopaleozoicos, consti­tuindo 0 chamado Grupo Jatoba: sedimentos.Iura-Cretacicos do Grupo Bahia, constituidopelas F'orrnacoes Alianca , Sergi, Candeias,Ilhas e Sao Sebastiao: e a r eias e sedimentosterciartos da Serra Negra.

as sedimentos foram depositados emuma bacia formada pOI' um diast.rofisrno in­tenso e que fo! estruturalmente ativada p OI'fenomenos tectonicos posteriores, resultandouma coluna sedimentar estimada em 3.200 mno minimo , na sua parte mais profunda.

Dessa espessura total , 0 Paleozoico e aFormacao Sao Sebasttao sao os componentesde maier expressao territorial.

as arenitos p redominam grandemente

sobre os outros tipos litol6gicos.

A Estratigrafia e assim resumida (fi g. 2 ) :

a ) Paleozoico

Formacao Manari - comp os t a pOI' are­

n itos grossos, reldspaticos, estratificados cor­

relacionaveis com a Formacao Se rra Grande

do Maranhao.

Formacao Inaja - cons ti t uida de areni­tos siltitos e folhelhos correla cionaveis com aFormacao Pimenteiras e parte da FormacaoCabecas.

- - ._- - - - - - - - ---.

Foto no 2 - A Serr-a do Manari vista pela faceSuI, mostrando a repeticao par f'alha da F'ormaeaoManari cujos sedimentos estao em primeiro planoa direita. Na chapad a central t em os a Formacao

Inaja. (Bacia de J'utoba, foto do uutor) ,

Forma~ao Ibimirim - Constituida pOI'arenitos medics, brancos, po ucos folhelhos esiltttos calciferos, fossiliferos , do mesodevo­niano, en contrada sornente em subsuperficiee identifi cada na son dag em de Ibimirim.

Formanao Moxoto - Constituida por fo­lh elhos, silt itos endurecidos, com niveis decalcar ios , do Me socarbonifero, Ig ua lm en teidentific ada na sondagem da Ibimirim .

b) Mesozoico

Formacao Allanea - do Neojura ssico se­gundo os ultirnos dados de paleont ologia; re­presentada 56 pOI' seu membro superior,constituido de folhelhos vermelhos.

Formacao Sergi - Cretaceo, cons t ituidade arenitos, nao aparece em grande parteda ba cia , sendo ausente de Inaja para ENE.

Formacao Candeias - represe n tada pelaspartes media e superior, co nstit uida de a re­n itos com predominancia sobre si lt rto s efolhelhos.

Formaoao Ilhas - cons ti tuida por are­nitos verrnelhos, fo rmando alguns morros n o

ce n t ro sui da bacia.

Formacao Sao Sebastlao - Cretaceo,cons ti t uida pOI' arenitos finos e folhelhos a re­nosos vermelhos.

Sedimentos da Serra Negra - do T er­ciario, calcar io cinza e a renitos a rroxeados .

Page 4: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

32 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N Q1, 1968

COLUNA ESTRATIGRAFICA GERAL,

DA BACIA DE JATOBAPlIOC£NO <! :.::::~ _: tr-.::.:' ArelOS, bloeos d e cren ito , blo eos de quort zo

g l'l'..& :.:.:: Sed imentos do Serra Neljro : orenito gronul , g r o s's a vi o idceo , tr ldvet ,.. V~:~:::'-"; : , '. estratlfi c ccec obliquo , rnurto coulfnico . Seixos mol orredondo dos .

~ ...,. ;....- . Colcor; 0 esbrcnquiccdo , fossilifero,lominodo . Morga.3 Folhtlhos omorelodos fossi I(feros .

_ _. . ' Formacao SOo Sebostioo : orenitos avermelhadas -castanho$,Qronulo~Oo

: : .. . : grasselro a mid io , ct css tticccoo boo, frjove is,

~ ==-=--? Folhelhos cm zc omarelados, orenosos, fossil ifero com restos de peixes .o . . . .o

1,-'·' '.,•8•-- --- Folhelhos vermelhos.

- - . ....

owu

'""I-W0:U

Formocao Ilhos : arenito Ijronulocoo fino, leitos grosseiros e conglomera­ncos , fridveis, es tr otittcccec oblfquo, bem ctos srficodo.fetospc n co.

Folhe lhos overmelhados, fisseis .

~enen

' «0:::>..,I

tu

~

~ E - - -

~~-=

Formacao Conde jos : Silitos e folhelhos verdes , c inzento, micoceos ,fisse­

is. Arenitos finos intercalados, esbtcnquiccdos .

Culc dr t 0 crnzento e colcito fibrosa.

Formocoo Serai : ore ruto gronulocOo medio 0 f ino, amorelodo ,pouco mi­co ceo, muito bem arredondodo, bem compo clodo com modeiro sil icifi­co da .

For mo cflo Alionco : folhe lhos morron- choco late J vermelho, si lt ito verdesu bordmo do . Folhelhos flsse,s, ealciferos t os siuf eros.

Cclc cr l 0 c rnzo e sbrcnquiccdc em blocos, to ssru't eru .f n terco tcc oes de are­nito Ijronuiocaa m edr o 0 f ino.

Formocoo Moxoto (Poleozorco o)-Arenlto esbrcnqu tccdo , qronutcc do fino

a media . (ntercolo~oes de folhelhos vermelhos e siltito s.

:....=:.:-,:. Formocao Ibimirim (Po leo zorco C)-Folhelhos cinz c escuro, densos, mi cd >

f ":.:: ::;.; · eeos, ccrbon osos . Arenito esbranquicado. granulocao media 0 grosselra,~ ' . :.. . .. grOos cn qutcres a sub cr r ed oridcdos... , ....

FormocOo Monorl (Poleozdico A )-Arenitos t! conglomerados cor crem e 0

esbronquicodo , ft!ldspatlco 0 cimenlo orgiloso, mu itos vezes coul in ic 0e m i cdc e o ,Ar eru to s grosseiros, overmelhados , lentes de conglomerodos, estrati­f icc c do oblique forte.

- Formacao Inajc (Paleozoico B)- Arenitos verm elho terruemcso, viotdceos ,gran . media a fino, ocosionois lentes ccn qtome r c ticcs rni coc eo s ,lom inodos , lom inados, estro t it lcocao obliquo obundonte, rib-and-furrow,feldspotico. ote orcosico , fosse,s, 5iltitos omorelodos ,vio loceos, concre ­clles lirnoni trccs ,Argilita in ter col odo, org il oso , rnic dceo , f(ssli .

.,' . ' .. . ~ '.

:~:~ ,~~:

oa.::>0:C>

'q:IIIoI­q:..,

oz""zo>wo

Groru to roseo ,gnoisse. cristois de feldspotos grand es, zonas co m bio ­

l ito, zonas quortzosos .

F igu ra 2

Page 5: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

~

~

~

to>~~o

toIl>(:l

Pi'0­n>

o"dIl>mo..O·(l 'o0­Il>

" 40$ '00 ·

+ EI XO AN TICL I NAL

't [I XO S INCll NAL

oo./ISOPA CA DO EMBA ­~7 SAM[NT O

"l

J f - , ' " J O"

~-=--:-:r. I I e · ••

~j/ ... . ,. '"

o C O ~ TATO

/'/ FALH A

//' F'Al. "M P ~ I NC IPA L

~ FORM , S S£l3 AS T IAO

D'· } ~" . }: : : :: fO R ... . IL HAS :?:l?': FO RM _ALIAN~A 0• . •.• ' ;z:

o 49 FORM C• • O[ I. S . ~ ~ FO.... . I•• , A ~~ "illJ] f ORM. S[RG I U ~ "-ORlo" MANARr

·0"1

.. J"'>Q ',! ? " 117.~c:100

BACIA SEDIMENTAR DE JATOBAE TECT8NICOI . s oo.ooo

fP.\t~"

.. "I.....••

hO'co"

~

III

A

'00'1 if ' '\(- ''''-'/ ~T I ~. 07~ ~ j "-.. .r l"oo"1

Figura 3

CA>CA>

Page 6: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

34 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, NQ 1, 1968

As direcoes tect6nicas sao duas, corres­pondentes a duas fases tectonicas distintas,uma N 70 E e a outra mais moderna N 45° W.A principal falha visivel e a falha de Ibimi­rim, que limita a bacia ao Norte, colocandoo embasamento em contato com os sedimen­tos da Formacao Sao Sebastiao.

A Inconstancia, a irregularidade, as mu­dancas bruscas de espessura granulacao, tex­tura, vartacoes faciol6gicas laterais sao a re­gra de sedimentaqao durante 0 Paleozoico,especialmente da Formacao Inaja. Uma sedi­mentacao rapida deve ter caracterizado 0

Eodevoniano, passando gradualmente a sedi­mentacao marinha de aguas rasas, com ra­pidas e suceseivas subsidenclas.

OS SEDIMENTOS PALEOZOICOS

Descrevemos aqui com maiores detalhesos sedimentos do Paleoz6ico, uma vez que asformacoes pos-Alianca sao bastante conheci­das quanto a sua petrografia e sedimento­logia :

£sses sedimentos sao constituidos porarenitos, sHtitos, folhelhos, verificando-se umatenden cia arenosa em todo 0 pacote sedi­mental'.

Constituem a parte basal da coluna es­tratlgrartca, representada pelas F'orrnacoesManari e Inaja. A primeira, corresponde aum pacote de arenito quartzozo, petrografica­mente simples, ocasionalmente feldspatico .A segunda, com suas varlacoes faciol6gicas,apresenta uma petrografia bem mais interes­sante, com arenites, folhelhos e siItitos.

F'oto nv 3 - Lamina G 1177 amostra P 20 ­Inaja. Anomalia 325. Facies Lages. Testemunho deSondagem S 10. Profundidade 25 m. Arenito gros­so. Quartzo e feldspato em matriz argflosa-rntcacea;rosrattca: apatita e sericita microcristallna, e man­chas de 6xido de ferro. Um crista! de feldspatocom cotoranto ao longo de clivagem. Aumento 50 X.

As amostras dos facies «Arenito Felspa­tieo» e «Ar enit o Lages» da Formacao Inajaexibem, estruturas irregulares, as vezes cru­zadas, rna classificacao, camadas argiIosasmisturadas com outras grossas e cascalhoass,indicando condicoes turbulentas de sedimen­ta~ao, aguas rasas, costeiras, deltaicas.

A mineralizacao radioativa primaria, naFormacao Inaja, foi de apatita microcrista­lina uranifera que foi secundariamente alte­rada em pseudowavellita e crandalita, hidro­fosfatos de calcic e aluminio de zona super­gena.

Pseudowavellita e crandalita ocorrem namatriz em agragados fibrosos, aciculares, ra­dials, estrelados, normalmente ligados ao6xido de ferro (foto n Q 4). Penetram, as ve­zes, no quartzo como que substituindo-o.

A matriz e argflo-rerruginosa-fosfattca­uranifera (foto nO 3). Sob condicoes favora­velmente supergenas, cristalizaram-se autu­nita e meta-autunlta nas fraturas. Nasamostras da regiao de Ibimirim foi en contra­da carnotita, 0 que raramente acontece emPetrolandia,

Os minerais detriticos sao quartzo, pre­ponderante, feldspatos (microclina, albita­-oligoclasio) ocasionalmente biotita e musco­vita. A espeetrografia de raio X indica apresenca de Fe, Sr, Zr, Y, Mn, Rb, Pb, Na,Zn, Cu? As?

Fosfatos - Desde 1963 Gorsky (1965)vem estudando os fosfatos dos arenitos dabacia de Jatoba, Em 1966 esses fosfatos fo­ram objeto de estudo POl' parte de Matzko e

F.oto n v 4 - Lamina G 1177 - amostra P 20 ­Anomalia 325. Facies Lages - Inaja. Testemunhode sondagem S 12. 24 m de profundidade, Arenitofino com quartzo preponderante e feldspatos namatriz argtlosa-rerrugtnosa-rosrattca que se apre­senta d e forma de lentes orientadas subparalela-

mente. Aumento 35 X.

Page 7: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

P. M. C. BARRETTO - 0 Paleozoico da Bacia de . .. 35

Foto no 5 - L amina G 1007 - amostra 707-24, Ano­malia 325 - F acies L ages - I na ja Ar enito Con­g lomeratico, Qu artzo e feldspatos detritieos. Osgraos pequenos, braneos de alto re levo sao ap a­ttta. Matriz fbsfatiea-argilosa-ferrugi nosa escassa.Ao cen t ro urn er istal de feldspato rragm enta fo comcolofanio ao lan ge de clivagem. Aumen t o 150 X .

F ot o no 7 - L ami na G 1159 - amostra P 4. P e­trola nd ia, An omali a 35. Con tato das facie s segun­do Siltito e Lages. Ar gilito Siltico ferruginoso .As ma nchas brancas sao vazios parcialmente pre­enc hi dos P Ol' fosfatos. No centro urn agrega do mi ­erocri s ta li no ra dial fib roso de Strengita. (vide La­mina G 1159). P equenas plaeas alongadas de

micas. Aumento 150 X .

Pomerancblum (1967) do Projeto Bahia doDNPM em cola bora !<ao com 0 casal Gorsky.

o metoda rapido aproximado de determi­l;8.0 de P e 0 " utilizado no DNPM nao tern pre­cisao para teores abaixo de 3%.

Das observacoes de Iabo ratorto pode-seclass ificar as ocorrenc ias de fosfatos nas nu­merosas amostras de arenitos e outros sedi­mentos da bacia de Jatoba como:

A) Agregado microcristalino argiloso­-fer ruginoso-fosfa ti co-uranifero com:

a) fosfatos nao determinavets ;b ) apatlta microcristalina (preponde­

rante ) ;c) colofanlo e francolita (foto nss 3 e 5) .

Foto no 6 - Lamina G 1023 - amostra 707-61.Anoma!ia 325 - Facies L ages Inaja Arenito con­gIomeratico. Graos de quartzo com matriz argi­losa ferruginosa com francolita . Pequenos cristaisde apatita e agregado radial fibroso d e crandal-

!ita no centro da foto . Aumento 250 X .

Foto n v 8 - L amina G 1159 - Trata-se do mesmocristal de Strengita sob aumento maior. 430 X .

B) Agregado de crandalita, wavellita,pseudowavellita, secundarias, provenientes daapatita microcristalina, wardita (rara) . (F'o­

to n v 6).

C) Autunita e meta-autunita, secunda­rias originad as da matriz rosranca uranifera.

D) Apatita, monazita, xenotima (rara) ,

acessortos nos sedimentos. Esses agregadosapresentam-se como matriz dos arenitos e fo­ram formados durante os processos de depo­Si!tRO e diagenese.

Fosfatos sob forma mineral6gica interes­sante foram identificados (fotos n vs 7 e 8.)

Page 8: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

36 BOL. DA SOCIEDAD E BR ASILEIR A DE GEOLOGIA - V. 17, NQ1, 1968

A,>lcJSTRAS 251 P18 P19 P21 P28 P 1 P 2 P J P 5 P4V P 4 P20 5 J 2 1 94 9C 9E lOB 100 19 18 16C 16B lJP 1£1:\

Wl!I.rdlt8 x

4p1lt1ta x x x x x x x x x x x x x x x • x

Rutilo x x x

Crandallita x x x xZiroio X x x x x x x

11meD1 ta x x xHemn. t1 te. x x x x x

TurMl1na x x x x x x x x

Ill1ta x

Prancollta x x x •Sagen1ta x x

F81dspatoB x x x x x x x x

Monazlta X x x

MUBCov1 ta x x x x x x x x x x x x x x • x x xQuartc1 to x xBioUta x xClorita x x x x x x x x x x

Granada x x xNoponita x

" P20S 10" 20" 5" 8" 2" 1" 2" - - l~ lJ:< - 10" - -

Os resultados obtidos na analise dos fos­fatos em 208 amostras da Formacao Inajasao :

minerto normal (fosforitos) urn teor de 22%

de P "05' os fosfatos de Jatoba constituemuma ocorrencia pobre.

Nota-se claramente que os teores emfosforos e uranio (equivalente) estao em re­lacao direta. POl' out ro lado, nao se revelounenhuma associacao regular entre fosfatos eoxldo de ferro. COnsiderando-se para urn

N ode amostras 'I'eor de

'70 p "O" medio % eU"Os29 0 0,00311 ± 5 0,0305 7 0 ,0527 ± 10 0,0821 > 30 0,320

Total 145

Total

Total

53

1

3

51

10

4347

24

11

8

12

311

20

30

o3

5

7-8

10-12

15-20

0,0040,0540,135

0,160

0,125

0,180

0 ,200

ESTRATIGRAFIA

Formacao Manari - Esta formacao foiem parte mapeada e descrita pelos geologos0. S. Raulino e N. C. Cenachi (1964) da Pe­trobras sob a denorninacao de «Unidade Ado Paleozoico», portanto sem designacaoformal. A partir de 1964, trabalhando emmapeamento de detalhe, adotamos, nos rela­torios internos da C.N.E.N., as denorninacoesde Formacao Manari e Formacao Inaja paraos sedimentos inferiores da coluna estratigra­fica da bacia de .Iatoba. E stas denominacoaspassaram a ser usadas fora da CNEN sementretanto terem sido caracterizados os se­dimentos a elas atribuidos .

Com a com unicacao feita por J. N. Vil­laca e L . C. S. Surcan (1966 ) no XX Con­gresso de Geologia realizado em Vitoria, es­tas denominacoes tornaram-se amplamentedivulgadas. Assim e que P . G. 0. Braum(1966) utiliza a denorninacao Formacao Ina­ja, mas, para designar os sedimentos da basedo paleozoico, utiliza a denorninacao Forma­~ao Tacaratu, sem contudo, caracteriza-Iaformalmente de acordo com 0 c6digo de no­menclatura estratigraftca.

Propom os aqui designa-Ia formalmentede «F ormacao Manari», pols, na Serra doManari, urn dos pontos mais altos da bacia,

Page 9: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

P. M. C. BARRETTO - a Paleozoico da Bacia de ... 37

SEQAO TIPO I;

. ,. . . 9 - Arenito medio, vermelho-tijolo, friavel , mal clas-100m • sificado, pouco feldspat.ico, cimento ferruginoso,

homogerieo, (lam manchas castanhas (pintalgado) ,

E 0 0m 8 - Arenito medlo, creme-r6seo, pouco rriavel, malIt) classificado, pouco cimento, com estratirtcacao

obliqua.

7 - Arenito medio, cinza, embranquaenno no topo, pou-co rrtavel, classifica!:ao media, reldspatico, homo-geneo, com concrecoes limonltlcas na base.

6 - Arenito fino, creme-amarelado, rrtavel, classifica-,.. T !:ao media, com estrattricacao cruzada.E 75m £ G)om0 ~

5 - Arenito rmo, castanho escuro, pouco friavel com

• o ",m,ocimento ferruginoso, compacto POl' l imorritizaqao.

If')

f 4 - Arenlto fino, r6seo a amarelo-ocre, trtavet, clas-

0 0 ,sirtcacao media, muito feldspatico, com fina es-E tratifica!:ao obliqua, com intensa Iimorrit.izacao na

it 0base.

c( 1 0zc( ..,..

3- Arenito fino, r6seo ate alaranjado, com pequenos~ If')

0 0f fd ... pantos vermelhos, friavel, classtricacao media,•0 l oj reldspattco, micaceo.'"10(::l0-

G)Offd b£ct E ~:E 2- Conglomerado medio, (lam niveis grosseiros (sei-I[ 50m CD

E

txos ate 2cm), creme-amarelado, frlavel, mal c1as-sificado, feldspatico, com estrattricacgo obliqua.

1 - Conglomerado basal, grosseiro, embranquecido,frlavel, mal classificado, multo Ieldspatico.

t: 0C9~I.O..N

~5m 1 0 v,.

1boeo.

... -r

-to 4-

t- ~lHUI.1O

¥ .j.. +I + I-

\C11.. ..j.. ....CL

+1- t-O i-

SERRA DO $ACU

M""ta'1"1O 01 l",,~.

Page 10: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

38 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N" 1, 1968

Esta serraigual nome,a Formacao

ocorre magnifica secao vertical.originou-se da grande falha deque nivelou 0 embasamento comAlianca.

Foram feitas diversas secoes verticals,pr6ximas a Moxot6, Inaja, Manari Velho, Ser­ra do Quiri-d'Alho e antiga usina de Forgade Petrolandia.

A denominacao de Formacao Manari eaqui atribuida it sequencia arenosa, continen­tal, macica que recobre 0 embasamento (fig.n- 4). 0 contato superior com a FormacaoInaja e gradual e feito atraves do primeironivel de siltitos e argtlitos, correspondentesit primeira transgressao marinha.

Litologia - E bastante mon6tona, cons­tituida exelusivarnente de arenitos, conglome­rados e lentes de caulim. 0 conglomeradobasal e grosso, porem nao possue seixos comdiametros maiores que 2 em. Ocorre em todaa extensao do contato com uma espessuraaproximada de 1 m, podendo oeasionalmenteatingir 2 m. Possui cor creme, seixos sub­arredondados e arredondados de quartzo,feldspato; cimento argiloso, bern compactado,ocasionalmente friavel.

Acima temos conglomerados medics cons­tituidos de seixos predominantemente quart­zozos, arenitos grosses, medics, f'inos, de corvariando de vermelho-ferruginosa, roseo-ama­relada, cinza ate esbranquicada. Apresentamestratificacao cruzada, Ieitos horizontais;muito feldspaticos ate caulinicos, ocasional­mente arc6sicos, bastante micaceos, predomi­nantemente mal selecionados com raras ca­madas bern selecionadas, bern compactados,coerentes ate muito friaveis.

Possui lentes, especialmente de materialgrosso. Foram verificados alguns provaveiscanais fluviais de pequenas dimensoes, mar­cas de ondas, nodules de argila e diversaszonas silicificadas.

Distribui~o e Expressao Topografica ­A presence da Formacao Manari e predomi­nante na parte SeW, no centro da bacia,constituindo a Serra Manari (foto nv 1) e prd­ximo it cidade de Moxot6. Esta Formacaoconstitui as maiores serras e morros da re­gtao, escarpas muito abruptas, formando urncapeamento sobre 0 granito. A serra do Ma­nari e 0 ponto mais alto da Formacao.

Espessura e Area - Medindo-se os mer­gulhos na superficie, da ordem de 69 a 10 9 etomando-se a area de afloramento, a espes-

sura e calculada em 250-300 m aproximada­mente. Estimou-se a espessura desta forma­gao com base em varias colunas estratigra­ficas, feitas em diversos pontos da area ondeela aflora e correlacionando-se estas colu­nas de acordo com 0 mapeamento e com anatureza das camadas. A precisao da esti­mativa para a espessura e limitada pelagrande variacao lateral das camadas que di­ficulta a correlacao, bern como a presenca defalhas e cobertura de areia. A sondagem daPetrobras em Ibimirim, com 2.862 m, naoatingiu 0 embasamento, tendo sido interrom­pidos os trabalhos sem ser attngida a For­macae Manari. Em Inaja foram perfuradosaproximadamente 380 m de paleoz6ico.

Origem e ambiente de sedimentacaoA presenca de material grosse abundante, avariacao rapida do mergulho e direcao dasestratificacoes obliquas, tipo torrencial, e va­riacoes laterais bruscas, indicam uma sedi­mentagao sob condicoes de chuvas pesadas,ambiente de planicie de inundacao, depositoslacustre-fluviais. Tarnbem as lentes mostramuma vartacao na sedimentacao, com 0 pre­enchimento quase sempre por argila dos bu­racos e fendas. Tudo indica uma sedimenta­gao rapida em planos de inundacao. Os sedi­mentos da Formacao Manari sao constitui­dos de material elastica e granulacao grossa,com estratittcacao nitida. A anglosidade dosgraos de quartzo e a presenca de feldspatoscom arestas frescas sugerem que a fonte dossedimentos nao se achava multo distante.

Ja no fim da deposicao da FormacaoManari predominam arenites mais finos eprovavelmente 0 ambiente sedimentologico jase aproximava do marinho com a constantesubsidencia da bacia.

Rela!:Oes Estratigraficas 0 contatoinferior com 0 embasamento e discordante efeito atraves do conglomerado basal. 0 con­tato superior com a Formacao Inaja e gra­dativo ou as vezes POl' falha, e marcado se­gundo a convencao estabelecida anteriormen­te, isto e, onde aparece 0 primeiro nivel desiltito ou argilito e arenitos finos. A conti­nuidade desse contato e muito dificil de sernotado no campo.

Idade e Correlacao - Ate agora nao fo­ram encontrados f6sseis na Formacao Mana­ri. Sua datacao e deduzida pelas relacoesestrattgrartcas com os sedimentos da Forma­gao Inaja, do mesodevoniano. Sua idade po-

Page 11: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

P. M. C. BARRETTO - a Paleoz6ico da Bacia de . . . 39

"SILTITO CACIMBA"

"SILT/TO BASAL"

"ARENITO FELDSPATICO"

Arenito medio , esbranquicado ou arrouxeado, mi­c d c eo com es tro ttficucdo cruzada e feldspaticp .

H "ARENITO LAGES" - Arenito fino, claro, ho-

mo qen eo ,come strctiticocdo cruzado .

Lente de nr e n i to murto fino, cinzo, lamlnadol

marcosde ondas e prs to s de vermes, rn rc r o ves trct i Hco crioe mo s covrto .

Siltito fino, cinza, com lentes intercaladas de

siltito mais grosseiro e arenito multo fino .

C2 - Arenito grosseiro I conqlomerdtrco avermelhado,rmcd c eo , com estro tificcc do cruzada.

G

E "ARENITO CACIMBA" - Arenlto muito fino,

rose o a esbranqui ­Co do , hornoqeneo , m icdce o , fricvel com mo rcas de on­das e fossilrtero.F - intercalacoo de arenito muito fino, cor de cho-

colate, com bastante moscovrto nos pion. de. estrat.e mur to fossl lffero,

- Arenito grosselro, bemes trc nficcdu .corn ',10­

r i o cdo lateral para conglamerada.

Siltito qr osse l r o crn ­z 0 , com rentes interca­

ladas de arenito muito fino, laminado,cam mar­cos de ondas e rno s co vrt o nos pianos de estra­t ificacllo .

C 1 - Arenito grosselro , micoceo cverrnetho do e comes t r cti f i c o c do oblfqu o •

c

B

A " FORMACAo MANAR I"

1\~f\1V\

SECAO- TIPO-:Ir,FORMA~AO INAJA

GRANULOMETRIA

I 23.. 5 6 7

0° 0 0'III _,,_~ ... • C,

c2

:: : ~. ':":. " ". "

" ,' ..". ,",

. ' , ..0 · · · ' ".." .. . :

. , .'

' . . '" ..

- .-.-- .- -

. '. ' .: .

:::~:~~. : " ' . ; ."

" .

- -- ~FALHA

X~'Ui....<!~~ H I~ :-::-..:..

o.C; ·O:Q~·:' " .. '

+~". ' . ' .

FAZ. DOS NUNESMUN. DE TARACARATU -PE

t

SeQ. O .A . Say ..

t8m.

OZ

';io~>crwou.o

'< o..,~ZZ- <X 40 m

F igura 6

Page 12: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

40 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N? 1, 1968

deria ser eodevoniana, uma vez que os f6s­seis da Formacao Inaja sao datados como doDevoniano inferior a rnedio, A identidade Ii­tol6gica com os sedimentos da Formacao Ser­ra Grande na bacia Maranhao sugeriria a ida­de siluriana. Correlaciona-se tambem comas camadas paleoz6icas mapeadas na baciade Tucano Norte (Sta. Brigida). Litologtca­mente e semelhante a parte inferior das ca­madas da Formacao Batinga, de Sergipe.

Rela9llo Sedimentol6gica - Como foi es­tabelecido que 0 contato entre a FormacaoManari e Formacao Inaja seria tracado ondeocorrem os prirneiros siltitos e arenitos finos,s6 existe material classico, e portanto a re­lac;ao arenito-folhelho tende para 0 infinito.

FORMAQAO INAJA - Foi em parte ma­peada a descrita por O. S. Raulino e N. C.Cenachi (1964) sob a designacao informal de«Unidade B do Paleoz6ico».

Depois de estuda-Ia em todos os seus fa­cies e mapea-Ia em toda a bacia propomosaqui a designacao formal de Formacao Inaja.Trata-se da formacao paleozoica mais inte­ressante devido a sua litologia e fauna.

Essa denominacao e atribuida a sequen­cia de folhelhos, siltitos e arenitos finos queocorrem na parte media dos sedimentos de­vonianos da bacia .Iatoba,

As melhores exposicoes dessa formacaoestao no vale do Rio Moxot6 ao lado da ci­dade de Inaja, pr6ximo ao cemiterto da Fa­zenda Caraibeiras, na cidade de Moxot6, na

Foto nQ 9 - Dobras adiastr6ficas no arenito finoda Formacao Inaja, Pernambuco (Bacia de J'atoba,

foto do autor),

Fazenda dos Nunes, distante 25 km de Pe­trolandia, ao lado direito da estrada federalPetroHl.ndia-Ibimirim. Neste ultimo local foiestabelecida a seeao tipo II (fig. nv 5).

Os siltitos basais sao expostos de umamaneira magnifica ao Norte da Fazenda Tou­ro, pr6ximo ao leito do riacho dos Coites eproximo a cidade de Moxot6.

Dos sedimentos do Paleozoico, esta for­macao e a melhor estudada devido a dissemi­nacao geoquimica de uranio que ela encerra.Sua petrografia, mineralogia e sedimentologiaforam exaustivamente estudadas em labora­t6rio. 'I'ambem as condicoes de sedimentacaoe direcao das correntes, a atitude e espessurados facies foram controlados por inumerassondagens a percursao feitas com Wagon­Drills e sondagens rotativas com recuperacaode testemunhos. Somerite durante 1965-66 fo­ram perfuradas 4.040 m de sedimentos per­tencentes a essa formacao.

Litologia - Constituida com predominan­cia de arenitos finos, siltitos e folhelhos, ocor­rendo em menor quantidade arenitos grossos.Os arenitos sao de cor vermelho-ferruginosa,violaceos, creme-amarelado e branco; granu­lacao grosseira ate multo fina, bem compac­tado, bem selecionado quando fino e rna se­Iecao quando grosso; micaceo (rnuscovita j ,

em planes ou distribuida na matriz, lamina­do ou nao: estr'atif'icacao cruzada abundante,inclusive micro-estratificac;5es (foto nv 10),ocasionalmente arc6sico, fossilifero.

Os siltitos sao amarelados, violaceos ro­sas e esverdeados, apresentam ccncrecoes li­moniticas, intercalacoes de argilito, quasesempre micaceo e fissil (bem laminadoj .

Foto nv 10 - Mic ro-est.ratificacao de tlpo bastanteraro na Formacao Inaja, Fazenda Touro, municipiode Inaja, Pernambuco (Bacia de J'abota. foto

do autor).

Page 13: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

P. M. C. BARRETTO - 0 Paleozoico da Bacia de . .. 41

Os folhelhos sao cinza-esverdeados, mui­to argilosos, micaceos, fisseis, puco a muitocalciferos. A intensa erosao que atuou so­bre os sedimentos superiores do paleozoico,Unidades C, D, da Petrobras parece tel' re­tirado tambern parte da Formacao Inaja.Assim a Norte do vale do Rio Moxoto temosa ocorrencia de folhelhos castanho-chocolateda Formacao Alianca sobre arenites grossos,muito estrattficados, com leitos conglomera­ticos da Formacao Inaja, que ocorrem em ex­tenses afloramentos sobre os quais corre 0

rio Moxot6.A col una geral, estabelecida para a For­

macao Inaja, baseada na correlacao das di­versas colunas parciais obtidas nos variesperfis executados, traz consigo as dificulda­des inerentes a tada correlaeao, principal­mente neste caso, com a grande vartacao fa­ciol6gica lateral e a presenca de falhas emespecial aquelas paralelas a. direcao das ca­madas (N 70 E) .

A parte aflorante da Formacao Inaja,foi ap6s prolongados estudos, subdividida POl'Villaca e Surcan (1965), nas seguintes facies:

Siltito basal - Constituido pOI' siltito es­verdeado-amarelado com interoalacao de are­nito branco, fino a muito fino, calcifero, car­bonatico, com intercalacoes mais argilosas.

Sua espessura varia de 12 a 20 m, sendoo primeiro nivel argiloso do Devoniano.

Arenite feldspatico - Arenite amarelado,cinza, ferruginoso, granulacao media a gros­sa, com vartacoes laterats, com niveis felds­paticos, micaceos, graos angulosos, mal clas­sificados. 0 cimento e argiloso. Sao abundan­tes as estrattrtcacoes obliquas,

:m 0 facies mats espesso da FormacaoInaja variando entre 50 a 70 m . Sua espes­sura total nao e bern con hecida mas nao deveser superior a 80 m.

Na base, acima do primeiro nivel de sil­titos, temos urn arenito branco, fino a muitofino, micaceo, argiloso, calcifero, com 1 m(urn metro) de espessura,

Arenito Cacimba - Arenito branco aamarelado, cinza com partes vermelhas e es­curas, granulacao fina a muito fina, berncompactado, sem ou quase sem cimento, oca­sionalmente micaceo, homogeneo, macico,bern estratificado.

Alem da granulometrica tipica e 0 faciesportador dos macrof6sseis que indicaram prl­meiramente a idade devoniana para a For-

macae Inaja. Foram encontrados Orbiculoideae Australocoelia, mais abundantes nos hori­

zontes ou Intercalacoes ferruginosas Iocaliza­dos na sua parte inferior.

A espessura varia de 12 a 20 m . :E bas­tante falhado apresentando essas falhas urnmergulho para 0 suI.

Siltito Cacimba - Siltito amarelado, cin­za clare, zonas vermelhas, com intercalacoesde urn arenito muito fino com passagem parafolhelho. Pelos testemunhos de sondagens no­ta-se, nas zonas de siltito cinza a presencade materia organica. :m estratificado em fi­nas laminas. A espessura varia de 12 a 20 m.

Arenito Lages - Constrtutdo por urnarenito de variadas cores, branca, cinza,avermelhada, amarelada, violacea, com man­chas circulares castanhas e pigmentacao fer­ruginosa, Os graos sao mal arredondados asub-angular, mal selecionados, quartzoso, mi­caceo, ocasionalmente bern compactado, ci­mento argilo-fosfattco (foto 5) . Estratiflcacaocruzada. Os graos de quartzo mostraram, emcertas amostras, extincao ondulante.

Os minerais pesados encontrados foramrutilo, hematita, zlrcao, turrnalina, ilmanita ,crandallita.

Na sua base ocorre urn arenito bastantegrosse contendo pequenas lentes conglome­raticas.

A espessura varia de 20 a- 30 m. 0 con­tacto com a Formacao Alianca, onde podeser observado e feito atraves de uma discor­dancia erosiva e angular.

Em resumo podernos caracterizar a lito­logia da Formacao Inaja pela repeticao dealgumas facies semelhantes; asslm teriamosdois nlveis de siltito bern definidos: urn are­nito fino, bern laminado e micaceo, urn are­nito grosseiro, mal classificado, ferruginosoe uma sequencia de arenites de granulaqaornais grosseira.

Esta sequencia, com suas caracteristicassedimentol6gicas, indicariam com major pro­babilidade, uma sedimentacao em sucessoesciclicas, definida pela repetieao do siltito edas camadas superiores. As diferencas obser­vadas entre algumas facies correspondentes,de ciclos diferentes, sao admissiveis em depo­sil;;oes originadas em ambientes identicos po­rem em epocas diversas.

Em se tratando de uma sucessao ritmtca,como deve ser 0 caso, teriamos que admitir

Page 14: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

42 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N'" I , 1968

urn ambiente de aguas rasas, possivelmenteepicontinental, com ligeiras recorrencias domar, ocasionando a deposicao de sedimentosmais propriamente marinhos como sao os sil­titos das bases dos ciclos (com maiores ex­tens5es em areas continuas, homogeneas, etc.)mudando gradualmente para 0 topo ate atin­gil' sedimentos continentais (com granuloma­tria mais grosseira, heterogeneo, descontinuo,com grande varlacao lateral, etc.).

Distrfbuieao e expressao topograflcaOcorre ao longo de toda borda sul reapare­cerido na parte nordeste e estreitando-se parasudoeste, 0 que the confere a configuraqao de«Y» com a Serra de Manari no centro.

Topograficamente constitui-se em peque­nos morros em cuja base, quase sempre, en­contramos urn siltito, e em planicies geral­mente encobertas pOI' areia. Os pequenos mor­ros sao originados pOI' falhamentos locatsprotegidos no topo pOI' uma camada de are­nito limonitizado. Entretanto, a fei<;ao geral,e de uma topografia pouco ondulada, de semi­-planicie.

Espessura e area - A espessura mediada Formacao Inaja, estimada em perfis rea­Iizados e na correlacao das vartas colunasestabelecidas, e de aproximadamente 200 m .A sua espessura e muito variavel devido avariacoes laterais e presenca de falhas, sendoem geral rna is espessas na parte central ediminuindo para a borda sul da bacia. Forammedidas espessuras variando entre 140 e185m.

Origem e ambiente de sedimentaeao ­A maior parte desses sedimentos foi deposi­tada em mar epicontinental, ambiente deaguas rasas, evidenciado pela fauna encon­trada (7 e 22) e pelas marcas de ondas, Aparte inferior, constituida de material maisfino, indica sedimentacao rnais calma. 0 sil­tito superior e bastante carbonatico. Umaplataforma estavel, com pouca subsidenciaseria 0 ambiente indicado, ocorrendo suces­sivas flutuacoes epirogeneticas, com tenden­cia gradual para dominacao e estabelecimen­to de ambiente marinho, sendo que a fontedo material teria sido a Formacao Manarierodida em suas partes menos resistentes.

Os f6sseis encontrados pela Petrobrassao todos marinhos e a presenca dos niveisde folhelhos e siltitos indicam urn ambientede sedimentacao calmo, com flutuacoes.

Rela~oes estratigrlificas - 0 contato in-

ferior com a Formacao Manari e feito gra­dualmente com a passagem de urn arenitomedic, bern cJassificado, cinza-branco a ala­ranjado, bastante f'rtavel, quase sem cimento,com graos de quartzo limpido arredondadosda Formacao Manari, ao primeiro nivel desiltito da Formacao Inaja. 0 contato supe­rior e fe ito atraves de uma discordancia an­gular (regional) com a Formacao Alianca,Em sub-superf'icie 0 contato com a FormacaoIbimirim e concordante.

Idade e correlacoes - Inicialmente aidade atribuida a esses sedimentos foi Pre­Alianca pela posieao estratigrafica. Posterior­mente, com 0 mapeamento de superficie, fo­ram encontrados gaster6podos Bellerophon­tideos, alguns especimes de lamelibranquiospter6ides e Nuculites indicando uma idadedevoniana.

A Formacao Inaja e correlacionada coma Formacao Pimenteiras do Maranhao.

Ramo sedimentol6gica - A razao areni­to-folhelho e igual a 3,00. A presenca desedimentos nao clasaicos e desprezivel.

FORMA(JAO IBIMIRIM - Esta unidadeIitoestratigrafica nao aparece jamais em su­perficie tendo sido identificada na sondagemde Ibimirim, concluida pela Petrobras emmarco de 1963. A sequencia arenosa encon­trada acima da Formacao Inaja passou a serconhecida como Unidade C do Paleozoico.

Anteriormente os geologos da Petrobrashavlam mapeado nas margens do Rio SaoFrancisco, proximo a cidade de Pet.rolandia,cinco unidades paleozoicas que receberam asdesignacoes de «Un ida des A, B, C, D, E ».

Foi verificado, mais tarde, que as unida­des C, D, E, constituiam, naquela regiao,apenas uma repeticao, pOI' falha, das unida­des A e B.

Assim, quando na sondagem de Ibimirimapareceram sedimentos do Paleozoico dife­rentes daqueles conhecidos em superficie, elesforam designados como unidades C e D.

As cordenadas da sondagem sao 80 38' 10"latitude sul e 37040' 05" longitude oeste. Estasituado a uma altitude de 470 m tendo sidoperfurado no total de 2.862 m .

Sugerimos aqui a designacao formal deFormacao Ibimirim, nome da cidade e muni­cipio onde foi realizada a sondagem, para asequencia de arenitos medios com raras inter­calacoes de folhelhos acima da Formacao Ina­ja conforms secao tipo III (fig. 6).

Page 15: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

·P . M. C. BARRETTO - a Paleoz6ico da Bacia de ... 43

=~=-=: CARBONIFERO INF. ? <MISSIPIANOOEVONIANO 2.04-20511

Ortoquarllito, melomorf eNo esverd .clcro,med I.gros m! duroTETMO N9 21 Aren euertrose,esbrcnq Ima/mt l,flo, Iechodo

Calcono cnzo esc/preto, cripto-cnstl ml duro, com cstrucoldes.

Arenito esbronq !cosl claro,fino/med, ftchodo, molriz orgiloso

Arenlto esbrQ~ I fmo/mt fino, boo clossil , fr,ia've'. bocporos , colcil IT clorit,mll: Oc

.;d~ ~,~:~" .::",.:...;.'":

GDI: . '. " , .

S E C () ES - TIPOs III E IVRESISTlVIDADE -1

TETMO N9 19TETMO NQ 20 Fa lh.....erm., cest.everm., sill duro,calclf mUlto frolLU'C1

Folh. cloza esverd / media

rolhr~ cmf O'l'r:rm I b!l,)cosjplocoI

Arenilo,esbrcrq ,medJgross, rool c1ossif~mtio duro,colcif fecrlOdo

folh verm ,cost-cverm lese, sill, duro, cc!n! , bloccs

II

DEVONIANO2 652~2 1.7 91 )

TEn t{) ~Q' 22 Fljh ICIIlZQesc p l ~ 5 11l ml l!t1D, ITIICG':, nBo ccled I Ir ecrOOti

~_-5~>

-~-~.,- -~

~?-=

Arenito I esbronq , fino,reI} porosdnoe

;:. .:-.-.::~ .~

0:

~ ~0~ sz ...

2GOO ~

~

~,,~ .

~s~

z~

~

••7': ~ :;-::.

'~~~ 1.[TMON924 : Arenito, esbronq ,castclarollma/media

2800_FoIhtlho. venTi, cost,Qverm meio duro, mldlero

Folh.lho,clO'. mi<l~/.",rd / ..curo

Artnito., branco, fino, friavel, booporOlidode .

..:...: ...::

SONDAGEM DE IBIMIRIM (Petrobr'. 1M .t-I-PE \ 1963110 P[RFll Dr SONDAGE'M FORAM /NO/CAOA$ P£lO AurOR A$ $[c6[$ - r/pos I I I - IV

Page 16: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

44 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N o 1, 1968

Esta formacao e constituida exclusiva­mente de urn arenito esbranquicado, de gra­nulacao media a grossa, bern classificado,pcroso, friavel . Na parte mediana ocorrempequenas intercatacoes de folhelhos casta­nhos avermelhados siltitos cinza escuros, du­ros, calciferos, mecaceos.

A espessura en contrada na sondagem deIbimirim e da ordem de 90 m . Assenta-seconcordantemente sobre os sedimentos daFormacao Inaja e seu contato superior coma Formacao Moxot6 e gradual com a pas­sagem do arenito para urn folhelho .

Sua idade poderia ser mesodevonlana pe­las relacoes est r a ti g r afica s com os sedimen­tos da Forrnaqao Moxot6. Quanto a razaosedimentol6gica os arenitos predominam lar­gamente,

FORMA()AO MOXOTO - Esta forma­<;3.0, igualmente s6 encontrada em subsuper­ficie, foi tambern identificada na sondagemde Ibimirim, tendo side designada informal­mente pela Petrobras como «Un ida de D doPaleozoico». Propomos aqui a designacaoformal Formacao Moxot6, nome da cida de si­tuada a 38 km a W de Inaja. Embora acidade de Moxot6 esteja distante 32 km dolocal onde f'oi perfurado 0 poco de Ibimirim,sujerimos este nome uma vez que as outrastres fnrmacoes descritas anteriormente rece­beram designacoes que correspondem aos no­mes das tres cidades principais da redondesa.

Essa designacao e dada a sequencia defolhelhos , siltttos, arenitos que ocorrem aci­rna da Formacao Ibimirim conforme secaotipo IV (fig. 6).

Litologtcamente e constituida na base pOI'folhelhos castanhos e cinzas, duro, calcifero,micaceo, siltitos endurecidos, calciferos, fra­turados. Na parte media, intercalando comos folhelhos existem niveis de calcaria cinzaa castanho claro, cr ipt o-cri st a lino, muito du­ro. No topo, temos arenito esbranquicado,granulacao fino a media, com matriz argilo­sa, friavel , poroso, cIoritico e micaceo.

Sua espessura medida rot de 170 m, e seutopo foi encontrado na profundidade de 2.504metros onde os folhelhos vermelhos com es­trac6ides na Formacao Alianca repousam emdiscordiincia sobre os arenitos finos, da For­macae. Seu contato inferior com a FormacaoIbimirim e concordante e gradual.

Regali (1964) encontrou no intervale cor­respondente as profundidades de 2.535 m a2.850 m microf6sseis cuja rrequencia e carac-

teristicas indicariam as idades mesodevonia­na a mesocarbonifera. Foram identificados osseguintes esporomorfos : Densoporites, Aney­rospora e Apiculatisporites. Correspondem,portanto a zona palinol6gica «0» de idade car­bonifera media.

Posteriores datacoes foram realizadaspor Brito (1965) que estudando 0 testemunhonv 22 da sondagem Ibimirim obtido a 2.662 mde profundidade, verificou a ocorrencia dediversos grupos de microfosseis tais comoArchaeotriletes entre os esporos dispersos,Pterospermopsis, Duvernaysphaera, Leiofusa,etc ., entre os Acritarcha alem de Tasmana­ceas, Escoleocodontes, Histricosferideos, dan­do para essa constelacao uma idade mesodevo­niana a eodevoniana equivalente a Zona Pa­linol6gica «A» da bacia do Maranhao.

Ainda, segundo 0 mesmo autor (1965)as especies Leiofusa bispinosoides e Dactylo­fusa Mamnhensis, caracteristicas do Siluria­no foram encontradas no mesmo testemunho,sendo provavelmente material siluriano retra­balhado.

Assim, da idade da Formacao Ibimirimseria devoniana na base e no topo mesocor-'bonifera.

HISTORIA GEOLOGICA

Os sedimentos da base da bacia de Ja­toba sao datados como do Eodevoniano aoMesocarbonifero pelas faunas encontradas epela correlaeao com os sedimentos inferioresda bacia do Maranhao.

Durante 0 Eodevoniano iniciou-se a de­posicao dos sedimentos da Formacao Manari.Ocorreram eritao as primeiras invas6es mari­nhas, talvez vindas de SW ou W, depositandoos sedimentos finos da Formacao Inaja, commarcas e fauna de aguas pouco profundas.Houve certa movimentacao, recuo e novasflutuacoes que explicariam os horizontes desiltito e folhelhos intercalados com arenito.A invasao das aguas marinhas deve tel' al­cancado seu ponto maximo por ocasiao da se­dimentacao da parte inferior da FormacaoMoxot6 com a presenea de folhelhos carbono­sos e material elastica bern fino caracteristi­cos da zona batial.

A fase regressiva da ssdimentacao ini­ciar-se-ia no Mesocarbonifero com a deposi­G3.0 dos sedimentos neriticos da FormacaoMoxot6, podendo mesmo ser totalmente con­tinental sua parte superior.

Durante quase todo 0 Permiano ate 0

Page 17: o PALEOZoICO DA BACIA DE JATOBA, Pernambucoboletim.siteoficial.ws/pdf/1968/17_1-29-45.pdf · Pernambuco ABSTRACT This resume ... territorial muito maior, e constituido por ta ...

P. M. C. BARRETTO - a Paleozoico da Bacia de . . . 45

Eo-Jurassico nao houve se dimentaca o a lgu­rna , ocorrendo apenas 0 re t rabalhamento domaterial ja depositado, evidenciado pel a dis­cordancia ex istente entre 0 Paleozoico e Me­sozoico. Neste hiato da sedimentacao levan­t ou-se 0 Arco de Sao Francisco separando abacia de .Iatoba da bacia de Tu cano, ate en ­ta o ligadas, disp ondo os sed imentos da baciade .Iatoba de tal fo rma qu e um a forte erosaodestruiu a s Formacoes Ibimirim e Moxoto e

tambern parte da Formacao Inaja . Dai en­cont ramos a tua lmente a Formacao Inaja emcontata com a Formacao Alianca.

Com 0 nivelamento entre as bacias deTucano e Jatoba restituido, inicia-se entaouma segunda fase de subsidencia dando ori­gem, outra ve z, a uma ba cia, onde , sob con ­dieoes de am biente calma de aguas profun­das foram depositados no jurassico os fo­lhelhos c cal ca rios da Formacao Alianca,

BIBLIOGRAFIA

1. ALMEIDA, A. C. F., 1963 - Geologia da BaciaJatobd e Tucano NOTte. ReI. 700 - Setex , Pe­trobras. ReI. I n t e r n o .

2. ANDRADE, G. O. e L I N S , R. C., 1962 - In­troduciio a MO',/oclirnatolonia do Nordeste doBrasil. Bul. Soc. Bras. r.eol. Nucleo de Per­nambuco.

3. AYRES, G. J . , 1966 - Relatodo Final de Va/O­rizaciio das Anomalias 61 e 62, Inaja, Pernam-buco. DEM CNEN. ReI. Interno.

4 . BARRETO. P . M. C. e SURCAN. L . C. S ., 1964- Levantamento Geol6yico de detalhe das qua­driculas Arco-Ve"de 10-13-14 - Relatorio finalDEM - CNEN. ReI. Interno.

5 . BRAUN, P. G. 0 .. 1966 - Estmtig"alia dos Se­dimentos da Parte I-nferior da Regi{io - Nor­deste do Brasil - Bol. nQ 236 - DGM - DNPM.

6. BRITO, I. M. E. SANTOS, A. S ., 1965 - Con­tribuiciio ao Conhecimento tios Micro/6sseis ­Silurianos da Bacia do Mamnhiio (Parte I) No­tas, Pul. e Est . - DGM, DNPM.

7 . BRITO, I. M.. 1965 - Nota Pnivia Sobre osMicr%sseis Devonianos de PeTnambuco - Esc.Geol. Univ. Bahia - Pub. Av. n v 3. - Cont" i­buic{io para 0 Conhecimento dos Micro/6sseisDevonianos de P61'nmnbuco - Anaes da Ac.Bras. de Ciencias, Inedito.

8 . CHAVES, F. G., 1966 - Relaiorio Final deValor izaciio da Anomalia 35 Petrouiru t ui - Per­nambuco, DEM - CNEN. ReI. Interno.

9 . DERBY, O. A ., 1870 - Cont"ibuicoes ao Estu­do da Geologia do Vale do Rio de Silo Fran­cisco - Arquivo do Museu Nacional - IV,pags. 87 a 117.

to . FUZIKAWA, K. e VILLACA J . N., 1963 - R e­lat6rio Final da Missiio 606 Bacia de Jtitobti,Pernambuco, DEM - CNEN. ReI. Interno.

11. GHIGNONE, J . I., 1963 - Geologia do FI,l1leoOTiental da Bacia de Tucano Norte (do VasaBarris ao Sao Francisco) - ReI. 688 - Setex- Petrobras - ReI. Interno.

12. GERSTNER, A. , 1966 - Mission Bresit, Rappo,·tFinal - D .P. - Commissariat a I'EnergiaAtomique, Franca.

13 . GORSKY, V . A . ; GORSKY, E .; SURCAN, L .C. e FALLABELLA, M . H. , 1963 a 1966 - R e­lat6rlos de Andlises Petrogra/icos da Bacia deJatobd - Pernambuco - DEM - CNEN. R eI.Interno.

14. GORSKY, V. A., 1966 - CaracteTistieas Petro­O"d/icas e Geologicas da Bacia de Jatobd ; Eos­iatos dc PetToldndia - Pernambuco. R elat6rioAnual d a Sec. de Min. e Pctrografia, DEM ­CNEN. ReI . Interno.

15. GUIMARAES, D. , 1964 - Gcoloiiia do Emsi/- Memoria nv 1 - DFPM-DNPM.

16. MIURA, R ., 196:! - RelatMio Final dc Com­plementactio do Poco IMst-1 (IMst-l-PE) .Arq. d e Superficie - Setex , Petrobras, ReI.Irrterno.

17. MORAES, L . J. , 1928 - Estndos Gcouujico« doEslado de Pe"nambne<> - Service Geologico eMineralogico do Brasil - Botctim II" :!2.

18. MORCHE, M. F ,. e outros - Re/at6rio Finalda Missilo 301/401 Buique, Bacia de Jatobti,Pernambuco, DEM-CNEN. ReI. Interno.

19 . MUHLMANN, H.; GONSALVES, A. e ARAUJO,C. E. A. G.. 1963 - Geologia do F/anco Ociden­tal da Ba cia de Tneano NOTt e - R elal6r'io 698- Setex - Petrobras. ReI. Interno.

20 . POMERANCBLUM, M. e MATZKO, J. J. , 1967- Phosphatic Roes From the Jatobti Basin,P ernambuco - Technical L etter BR-17 U.S.G.S.

21. RAULINO, O. S . e CENACHI, N . C.. 1964 ­Bemi-detathe Geol6gico da Bacia de Jatobri,Regiao d e Pr-oducao da Bahia, setor de Explo­l'a~ao, P etrobras - ReI. Irrterno,

22. REGALI , S. P . M., 1964 Resultudos deA mostras Paleoz6-icas da Bacia de Tucano-Ja­tobri - Boletirn Tee. Petrobras, vol. 7, II" 2,pags . 165 a 180.

22. REGALI , M. S. P .. 1964 Resultados dey ern de Reconhecimento as Bacias de TucanoNOTt e e Jaiobti. ReI. 533, Setex - P et.rcbras.R eI. Int. erno.

24 . SOUZA, D. A. , 1966 - Relat6" io Filial Valo­rizariio da A nomalia 31 Petroldndia - Pernam­buco - DEM-CNEN. ReI. Interno,

25 . SURCAN. L. C. S ., 1965 - Geologia dc Deta/hede Quad"icula de Petroland-ia, Pernambuco ­DEM-CNEN. ReI. Interno.

26 . VILLACA, :T. N. e SURCAN, L . C. S ., lD65 ­Controle Sedimentol6gico da Milleraliza~ilo u""­nifera da Bacia de Jatobd - Lned ito.

27. VILLACA, J. N . e MORRONE, N . 1964 - Re­lat6rio F inal de Valoriza~iio da Anomalia 325- DEM-CNEN - R eI. Interno.