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N9 8 1978 Novembro Um coraç ão humilde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 A virtude da esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 O serviço . . ............. . ....... . ... . .. o o... 5 Diante de li o ••• o o o o •• o 7 A catequese como testemunho . . . . . . . . . . . . . . . 9 Ao encontro de Deus . o •••••• o •• •• o ••••••• o 11 Frente a frente o •• •• ••• ••• o ••• o 15 " Oi, !" .. . ...... .. o .......... o.... .. ..... .. 16 O mutirão de Juiz de Fora .. .. ...... . o. o o.. 18 Vale a pena? ... . .. o . ....... o.. .............. 22 Notícias dos Setores ... . ..... . .. .. ...... o.... 23 Sessão de formação em Santos .. ........... o 31 Sede vigilantes . ..................... . ..... . o 32

Transcript of o o.. o - ens.org.br · coisa? Acontece, porque nos apegamos a três verdades: Deus é onipotente,...

N9 8 1978

Novembro

Um coração humilde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

A virtude da esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

O serviço . . ............. . ....... . ... . .. o o... 5

Diante de li o • • ••• o o o • o • •• o • • • • • • • • • • • • • • • • • 7

A catequese como testemunho . . . . . . . . . . . . . . . 9

Ao encontro de Deus . o •••••• • o •• • •• o ••••••• o 11

Frente a frente o •• •• ••• • ••• o • • • ••• • o • • • • • • • • • 15

"Oi, vó!" .. . ...... . . o .......... o.... .. ..... . . 16

O mutirão de Juiz de Fora .. .. ...... . o. o o.. 18

Vale a pena? ... . .. o . ....... o.. .............. 22

Notícias dos Setores ... . ..... . .. .. ...... o.... 23

Sessão de formação em Santos . . ........... o 31

Sede vigilantes . ..................... . ..... . o 32

EDITORIAL

UM CORAÇÃO HUMILDE

Em matéria de santidade, somos sempre indigentes. Há uma longa distância entre as ambições espirituais de uma tarde de retiro e a nossa laboriosa caminhada. Não seria parcimonioso o nosso amor por Deus? E não temos de reconhecer que um egoís­mo de formas múltiplas- por vezes tão escondidas que se tornam inconscientes - nos impede de amarmos os nossos irmãos, mesmo os mais próximos, como gostaríamos e como o Senhor nos pede?

Então, dirijamo-nos para o Senhor com um coração humilde, uma alma de pobre. Entraremos assim na longa linhagem espi­ritual desses clientes da misericórd1a, esses "pobres que Deus ama", que durante séculos esperaram a vinda do Salvador, que o acolheram quando ele veio para o mew de nós, e que desde então vão para ele com a simplicidade de uma criança, na con­fiança, na alegria de se saberem amados, na certeza de poderem contar, não com os seus próprios méritos, mas com a generosi­dade de uma ternura infinita. "Em verdade vos digo que quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha não entrará nele" (Me. 10, 15).

Na família espiritual dos "pobres que Deus ama" figuraram Maria, "a humilde serva do Senhor", e o próprio Jesus, que se nos apresentou "manso e humilde de coração", isto é, com uma alma de pobre. E se ainda nos sentimos inquietos porque gosta­ríamos de ter a certeza de nada termos a censurar-nos perante Deus, procuremos libertar-nos deste receio paralisante, nascido de uma falsa imagem de Deus, descobrindo em Jesus o rosto da "doce piedade de Deus".

Próximo da sua morte, Santa Teresa do Menino Jesus dizia: "A santidade não consiste nesta ou naquela prática, consiste numa disposição do coração que nos torna humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes de nossa fraqueza e confiantes até b. audácia na sua bondade de Pai." E dizia também: "O que

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agrada ao bom Deus na minha alma é ver-me amar a minha pequenez e a minha pobreza, é a esperança cega que eu tenho na sua misericórdia".

Não receiam que esta humildade os torne tímidos. Os santos mais humildes foram extraordinariamente empreendedores e au­daciosos. Não lhes parece que essas disposições do coração faci­litariam enormemente as relações humanas? Se reconhecerem, serenamente, a sua falibilidade e a necessidade que têm de se con­verter, ser-lhes-á mais fácil aceitar as observações do seu cônjuge e a sua ajuda, ir até ao fim de um dever de sentar-se, consentir em reconsiderar a sua vida à luz de uma partilha sobre os meios de aperfeiçoamento e as exigências do Evangelho. E poderão ajudar espiritualmente os outros - cônjuge, filhos, companheiros de equipe, amigos - porque lhes falarão francamente, mas com essa humildade e essa delicadeza fraterna que, em vez de magoar, permitem fazer aceitar uma verdade salutar, mas muitas vezes difícil de ouvir. Não poderemos ser plenamente irmãos, senão comungando nesta mesma consciência de sermos, ao mesmo tem­po pecadores, perdoados e ternamente amados, todos tendo a mes­ma necessidade de ser salvos por uma graça tão generosa como imerecida.

"Felizes os pobres de coração, porque é deles o Reino dos céus" (Mt. 5, 3).

Yves le Chapelier, P.S.S .

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A PALAVRA DO PAPA

A VIRTUDE DA ESPERANÇA

Desde que aparecera na sacada, naquela tarde de sábado,' emocionado mas sorridente, chamavam-no de "Papa da Es­perança", exatamente pela esperança em dias radiantes para a Igreja que seu sorriso alegre e bondo.so, suas palavras sim­

ples e diretas faziam esperar. No dia 20 de setembro, falava de alegria e de esperança,

dessa "capacidade de converter as coisas num sorriso alegre" de que ele próprio era um testemunho vivo. No dia 28, principiou a cantar eternamente "o aleluia do amor pleno no Paraíso".

"Entre as sete "lâmpadas da santificação", a segunda era, para o Papa João, a esperança. Falo-vos hoje desta virtude, que é obrigatória para cada cristão.

É obrigatória, mas nem por isso a esperança é feia ou dura; ao contrário, quem a vive viaja num clima de confiança e de entrega, dizendo com o salmista: "Senhor, tu és a minha rocha, o meu escudo, a minha fortaleza, o meu refúgio, a minha lâm­pada, o meu pastor, a minha salvação. Mesmo que um exército se formasse contra mim, o meu coração não temeria; e se contra mim se levantar a batalha, mesmo então terei confiança."

Podereis dizer: mas não é exageradamente entusiasta este salmista? É lá possível que a ele as coisas tenham sempre corrido tão bem? Não, não lhe correram sempre bem. Dizem que os maus são muitas vezes afortunados e os bons oprimidos. Disto se lamentou até por vezes dirigindo-se ao Senhor. Mas a sua esperança manteve-se firme, inabalável. A ele, e a todos quan­tos esperam, se pode aplicar o que disse São Paulo de Abraão: "acreditou esperando contra toda a esperança" (Rom. 4, 18).

Podereis ainda me perguntar: Mas como pode acontecer tal coisa? Acontece, porque nos apegamos a três verdades: Deus é onipotente, Deus ama-me imensamente e Deus é fiel às promes­sas. E é Ele, o Deus da misericórdia, que acende em mim a confiança; por isso não me sinto nem só, nem inútil, nem aban­donado, mas integrado num destino de salvação, que um dia virá a levar-me ao Paraíso.

Aludi aos Salmos. A mesma confiança segura vibra nos li­vros dos Santos. Gostaria que lesseis uma homilia feita por Santo Agostinho no dia de Páscoa sobre o Aleluia .. . O verdadeiro Aleluia - diz aproximadamente - cantá-lo-emos no Paraíso.

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Este será o Aleluia do amor pleno; o de agora é o Aleluia do amor faminto, isto é, da esperança.

Dirá alguém: Mas se eu sou um pobre pecador? Respondo­-lhe: Deus detesta as faltas, porque são faltas. Mas, por outro lado, em certo sentido, ama as faltas, enquanto Lhe dão ensejo de mostrar a sua misericórdia e a nós o de permanecermos hu­mildes e compreenderemos as faltas do próximo e delas nos com­padecermos.

Nem todos partilham esta minha simpatia pela esperança. Nietzche, por exemplo, chama-lhe "virtude dos fracos". Segundo ele, faz do cristão um inútil, um solitário, um resignado e um estranho ao progresso do mundo. Outros falam de "alienação", dizendo que afasta os cristãos da luta em favor da promoção humana. Todavia "a mensagem cristã" - disse o Concílio - não afasta os homens da construção do mundo. . . impõe-lhes ao con­trário, um dever mais rigoroso" (GS 34, 39 e 57).

Têm surgido de vez em quando no decurso dos séculos, afir­mações e tendências de cristãos demasiados pessimistas quanto ao homem. Mas tais afirmações foram desaprovadas pela Igreja e esquecidas graças a uma falange de santos alegres e ativos, gra­ças ao humanismo cristão, aos mestres de ascética e graças ainda a uma teologia compreensiva. São Tomás de Aquino, por exem­plo, coloca entre as virtudes a iucunditas, ou seja a capacidade de converter num sorriso alegre - na medida e no modo · con­veniente - as coisas ouvidas e vistas. Declarando ser virtude gracejar e fazer sorrir, São Tomás encontrava-se de acordo com a "alegre nova" pregada por Cristo, com a hilaritas recomendada por Santo Agostinho. Vencia o pessimismo, revestia de alegria a vida cristã, convidava-nos a tomar ânimo também com os gozos sãos e puros que se nos deparam no caminho. . ..

Em Friburgo, no 85.° Katholikentag, foi tratado, nestes úl_. timos dias, o tema "o futuro da esperança". Falava-se do "mun­do" que é preciso melhorar, e a palavra "futuro" vinha a propósi~ to. Mas se da esperança para o "mundo" se passa à esperança para cada alma, então é necessário falar também da "eternidade".

Em óstia à beira mar, numa famosa conversa, Agostinhó ·e Mônica, "esquecidos do passado e voltados para o futuro, ·per.! guntavam-se o que viria a ser a vida eterna". Tal é a esperança cristã; a esta se referia o Papa João e a esta nos referimos nós; quando com o catecismo, oramos:

"Meu Peus, espero da Vossa bondade. . . a vida eterna e as graças necessárias para a merecer com as boas obras que eu ·devo e quero fazer. Meu Deus, não fique eu confundido eternamente'\

(Audiência geral de 20/9/78) ·

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COM A PALAVRA OS CONSELHEffiOS ESPffiiTUAIS

O SERVIÇO

Três operários exerciam o ofício de pedreiro. Alguém lhes perguntou o que faziam. Cada qual deu sua resposta.

- Ganho meu pão.

-Aparelho uma bela pedra.

- Construo uma catedral.

Este último tinha descoberto a grandeza do serviço.

A vida do cristão é uma vida de serviço, em todos os sen­tidos. Primeiro, na vida familiar. Os pais têm autoridade para servir. Autoridade, na sua origem, quer dizer fazer crescer, Jesus veio revolucionar a noção da autoridade ao afirmar: "Os reis das nações são chamados benfeitores: porém, não seja assim entre vós, mas que o maior seja como o menor, e o que manda como o que serve." (Lc. 22, 25-27). Os filhos obrigam os pais a crescerem e a serem mais generosos - e por isso muitos não querem filhos.

Na vida profissional, o cristão deve aceitar o primado do serviço sobre o dinheiro e o lucro. O ordenado vem do serviço. Se não há serviço, não se merece ordenado. É com muito acerto que o trabalho se chama "serviço". Na prática, o serviço pro­fissional exige competência, justiça, honestidade, respeito à ver­dade e ao outro. São as virtudes ou a ascese do santo leigo.

Serviço, enfim, na vida pública e social. Aí também temos muito a fazer para descobrir os deveres do cidadão cristão. Será que podemos servir à sociedade sem informação, crítica cons­trutiva e colaboração ativa? Ninguém será santo se não for um cidadão exemplar. Não se trata de construir uma catedral, mas um mundo fraterno conforme o plano divino, o que é muito mais difícil.

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O espírito de serviço se apoia em algumas virtudes, em pri­meiro lugar, o amor. Num regime capitalista, o espírito de serviço tende a desaparecer, porque são privilegiados o lucro, o rendimento, a produção, a técnica, o prazer. Não há lugar para o gratuito, o serviço, o amor. E neste mundo que devemos praticar o conselho de São Paulo: "Sede servos uns dos outros pela caridade" (Gal. 5, 13). Muitas vezes precisamos nos ques­tionar: O que predomina em minha vida: o espírito interes­seiro ou o espírito evangélico?

Jesus é muito radical: "Não podeis servir a Deus e ao di­nheiro" (Mt 6, 24). Se servimos ao dinheiro, suprimimos Deus e escravizamos os outros. Não há mais serviço, mas dominação. Serviço supõe pobreza espiritual.

Quem serve não procura seus interesses, suas vantagens, sua glória. Ninguém é um verdadeiro servidor sem humildade.

Tudo isso nos leva à gloriosa liberdade dos filhos de Deus, A liturgia diz muito bem: "Servir a Deus é reinar". Servir nos liberta de toda escravidão.

A equipe, o Movimento das Equipes, são uma grande escola, porque nos obrigam a prestar mil pequenos serviços. E quem não é capaz de prestar serviços humildes e simples nunca pres­tará grandes serviços.

·o Pe. Congar disse: "O santo é alguém disponível que es­pera ordens". E este ouvirá um dia a palavra divina: "E_ntra; bom e fiel servidor, na alegria de teu Senhor; porque foste fiel nas· pequenas coisas, eu te estabelecerei sobre as grandes".

Pe. Alberto Boissinot

Eu dormia e sonhava que e. vida era só alegria.

Despertei e vi que a vida era só serviço.

Servi e vi que o serviço era alegria .

Rabindranth Tagore

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DIANTE DE TI

Senhor,

Eis-me aqui diante de ti. Quisera neste momento cativar o tempo e fazê-lo parar no espaço turbulen.to da vida que passa.

~s tu, Senhor, que me espreitas no fundo do1 meu coração. Sacias a minha sede de fé e me inebrias com o teu amor.

No silêncio da capela, na penumbra da noite, perdida e acom­panhada de ti, eu encontro a paz que buscava . . .

Como é bom, Senhor, abrir meus olhos para enxergar-te com a alma. Como é bom atentar meus ouvidos à tua tão eloqüente e contagiante voz. Voz muda, mas que eu ouço até gritante, porque ela penetra em cada milímetro do meu ser.

~ maravilhoso louvar a tua maravilha!

Sentir-me filha amparada no teu abraço de Pai.

Eu te agradeço, meu Senhor, por este Mutirão, pela alegria que enche os corações e transborda nos risos de todos na hora da confraternização.

Só agora aqui, e por isto mesmo privilegiada neste instante, é que posso perceber a grandiosidade da tua graça a transbor­dar em nós.

Como fomos tolos, Senhor! Sentimos medo de tudo sair 1 ·r­rado . . . de os inscritos não comparecerem, de nós não desemp )· nharmos cada um a tarefa pré-determinada. Pensávamos que éramos nós que montávamos e realizaríamos o Mutirão, enquanto que tudo era obra da tua benevolência.

Nós nos esquecemos de que a tua mão nos ampararia e que os teus braços estendidos nesta cruz estariam ávidos pelo nosso abraço.

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E aqui, sentada no chão, diante do teu Sacrário, tua pre­sença me é quase visível. Te vislumbro na cruz e não vejo, pela primeira vez, angústia nem dor no teu semblante. A sere­nidade me invade a alma, e eu creio que a dor, por mais truci­dante, é promessa de felicidade.

Tudo escuro. . . Só a luz da tua presença ilumina o am­biente, e eu vejo quase que a claridade do sol, mesmo sendo noite.

Há quanto tempo tu estavas a me esperar neste encontro tão íntimo! E eu, absorvida pelo corre-corre da vida, não me apercebia de que esta espera te era angustiante.

Eu quero viver este encontro, cada instante da minha vida. Não me deixes vacilar, Senhor.

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Margarida Equipe 2, J uiz de F ora

A CATEQUESE COMO TESTEMUNHO

(Da. palestra de Elfie e Dra.gan no EACRE)

A catequese, para ser autêntica, deve partir de uma vivência baseada no Evangelho, anunciando o Cristo vivido. O simples testemunho de um matrimônio bem vivido, e porque é cristão, já nos faz participar da catequese. Os primeiros cristãos não tinham muita ciência própria. Mas convertiam para o Cristo pelo exemplo e testemunho de sua vida e de seu amor a Deus E:: ao próximo: "Vede como se amam ... "

A catequese só é válida quando parte da vivência, quando representa um testemunho vivido de nossa vida familiar, de nossa vida cristã, de nossa vida em equipe.

Não podemos aceitar aquele que fala brilhantemente e não põe em prática aquilo de que fala. Aquele que nos diz para amar e tem raiva de um seu Jrmão. Aquele que ensina os outros a educar os filhos e não dá atenção aos seus próprios filhos. Aquele que dá belíssimas palestras sobre o amor con­jugal e vive mal com a mulher. Aquele que fala da justiça social mas é injusto com seus empregados.

São os fariseus, os "sepulcros caiados", apontados por Jesus, que dizia: "Não sejam como eles ... " "Eles dizem, mas não fazem ... "

O segredo da catequese está nisso: para poder dizer, é pre­ciso fazer.

-o O o-

Vamos à reunião da equipe para receber o Cristo, para aprender a vivê-lo lá fora e a testemunhá-lo. Mas a coisa fun­ciona nos dois sentidos. Na reunião, cada um vai em busca do Cristo testemunhado pelos outros. É preciso que levemos para a reunião o testemunho do Cristo que vivemos no dia a dia.

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Se não o vivemos lá fora, como iremos levá-lo para a reunião? E se ninguém leva o Cristo para a reunião, temos uma reunião sem Cristo . ..

Aquele que não vive o Cristo fora da reunião ainda precisa ser catequisado. É bom nos convencermos de que nunca estare­mos definitivamente catequisados. Se o estivéssemos, não preci­saríamos da equipe . . .

-oOo-

O documento do Sínodo chama a atenção para o problema dos jovens, lembrando que "as gerações jovens manifestam de modo violento uma ruptura radical com as gerações precedentes. Os valores do passado já não são aceitos ou estão caindo por com­pleto." Quando os jovens questionam ou recusam o casamento, o batismo, a missa, cabe a nós mostrar-lhes o caminho da fé, ter as respostas seguras e autênticas. É indispensável que haja coerência entre o que pregamos e o que praticamos.

Por outro lado, frisa o Documento, que se manifesta nos jovens maior consciência de si e um desejo de comprometer-se e desempenhar o seu papel na construção de uma sociedade de justiça. Aqui também devemos incentivá-los com o testemunho de nosso próprio empenho em viver a justiça nas nossas situações de vida. Aqui, catequese e desapego se encontram. É tentando traduzir concretamente o desapego em nossas vidas que nos tor­naremos realmente livres para a catequese .

A catequese não se pode separar de um sério compromisso de vida: " Não !:áo os que dizem: Senhor, Senhor .. . " (Mt. '7, 21) .

Para qualquer forma de catequese se realizar na sua integridade, é necessário estarem indissoluvelmente unidos:

-o conhecimento da Palavra de Deus, - a celebração da fé nos sacramentos, - e a confissão da fé na vida cotidiana.

(" A catequese no nosso tempo ... " , n'ls 10 e 11)

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AO ENCONTRO DE DEUS

Um jovem seminarista, de 17 anos, Mário Bor­ghesan, escreveu, antes de morrer, a seguinte carta à sua tia, a Irmã franciscana Ana Borghesan, de Blumenau.

Estou recostado no meu leito de dores (meu trono de santi­ficação) , cego. Não distingo mais as pessoas . . . as coisas. . . as cores.

Só me sento com o auxílio de alguém e nem escrevo à mão. Os médicos, dedicadíssimos. Os enfermeiros, solícitos. Até me arranjaram esta máquina para poder dizer alguma coisa ... as últimas coisas. . . pouca coisa, porque a minha cabeça está fa­lhando e a febre é tão minha amiga que não me abandona um instante . . .

Ninguém de casa ainda esteve aqui. Mas, como sabes, a distância é grande. Ana querida, não deixes papai, mamãe e os manos chorarem minha ausência. Depois de minha morte, estarei sempre bem presente, tanto em casa como contigo e no meu querido seminário de Azambuja.

Ana, já estou aceitando a morte com alegria, sinto-me feliz em poder merecer esta confiança. Sabes, já estou entendendo aquela história, te lembras?

Quando eu tinha 8 anos, me chamaste para plantar uma se­mente de laranja, e quando já havia germinado e se transforma­do numa plantinha me disseste: olha, Mário, assim é morrer.

A semente precisou apodrecer, morrer, só depois se trans­formou numa linda planta: aqui na cova só ficou a casca mas a essência da semente está ali, na planta ressuscitada.

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Tia, lembro com que carinho cuidei daquela "minha laran­jeira". Hoje, diante da morte, me vejo naquela cena. Na se­pultura só ficará a minha casca e minha essência se transformará.

Lembro-me também que me escreveste um dia: Cristo é a resposta para tudo. Para conhecer a resposta é preciso entender a pergunta. Já estou entendendo , par~ gl.le perguntas Cristo é a resposta. ' ' · ' ·

(Será que vais conseguir ler? Muitas palavras sem espaço. 'l'ia, não vejo).

Mas, Ana, diga a todos que parte tranquilo, calmo, alegre, feliz, em paz. Porque Cristo é o meu grande libertador. Mas um libertador exigente. Com Ele se decide a própria sorte. É impossível passar por Cristo e permanecer indiferente. Eu tentei rrie situar de forma responsável diante de Cristo, embora não tenha sido fácil devido ao meu t~spírito crítico. Cristo atingiu a minha pessoa e exigiu a minha conversão. Conversão! Mu­dança no meu modo de pensar e agir no sentido de Deus. Foi uma revolução interior. Conversão, não em exercícios piedosos, mas num novo modo de existir diante de Deus. Sabes, Ana, neste leito a doença me fechou os olhos corporais, mas Cristo me abriu os olhos espirituais para muita coisa. A ele não interessa tanto se a gente observa os fundamentos, se está em dia com o dízi­mo, se observou as prescrições da relig:ão. A ele importa se a gente está, em primeiro lugar, disposta a vender todos os bens para adquirir o terreno do tesouro escondido; abandonar a fa­mília, os amigos, a fortuna, perder a visão, cortar a mão.

Querida Ana, diga ao Milani, aos meus familiares que eu estou nesta atitude de prontidão para as exigências do meu Cristo. Estou pronto até a renunciar a ser padre, que é o meu único desejo neste mundo, mas se esta for a vontade do Pai sacrificarei com alegria também isto.

Ana, tu imaginas o que estou sofrendo. Eu nunca podia parar ... Agora, no silêncio profundo de um quarto de isolamento, na calma tenebrosa de um hospital, numa cama, imóvel!

Estou calmo, sereno, tranquilo, nem precisei de botas de ferro, tuas orações e tua carta me fizeram feliz. Muito obrigado! Estou retribuindo. Hoje comunguei e recebi a unção dos enfermos. Consegui acompanhar tudo. Fiz com o padre a ação de graças e uma reflexão sobre a morte. Gostei demais. Mas a uma certa altura notei que ele soluçava. Fiz uma pergunta, não conseguiu responder, apertou minha mão, beijou-me a testa e se retirou. Ana, este é um padre!

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Ana, esta é a última vez que te escrevo. Queria tanto es­crever para o Milani, mas as minhas forças estão fugindo ... Fale com ele que Cristo não precisou do meu sacerdócio. Tenhd fé que dentro em breve poderei ajudar muito mais a ele, a ti, aos meus familiares. Serei eternamente grato por tudo o que fizeste por mim. Ana, não estarei separado de você nem por paredes, nem por distâncias: apenas um véu simples impede a nossa visão.

Estou em atitude de oração diante de meu Deus. Sei que ele me vê, me penetra, me ouve, estou nele, a força dele está em mim. Meu corpo está triturado pela febre e ele sabe quanto me custa sofrer, pois para o seu filho também não foi fácil. E ele não se compraz com o sofrimento dos seus filhos, e ele per­mite que eu associe os meus sofrimentos aos de Cristo, pará que se purifique sempre mais o meu interior, e me dá coragerri para vencer o desânimo e o cansaço. E força para me conservai simples, compreensivo, paciente, alegre, otimista, sereno, cora­joso, afável, confiante em Deus, feliz.

Ana, quero estar atento ao menor sinal que Cristo usar para me chamar. E se os meus pais não chegarem em tempo, não os de'xe chorar. Não há motivo. O meu padre disse que vai celebrar a missa e fazer o meu enterro. Já disse a ele que não peço nada, mas como insistem em fazer, façam-no com muita alegria, a missa da alegria - estarei tocando e cantando junto.

Gostaria que meu enterro fosse muito simples, tudo: caixão, roupas, etc., e se alguém quiser comprar flores diga que eu gosto muito de flores, mas prefiro que dê esta quantia em dinheiro a um seminarista menos favorecido. Para mim, só o estrito ne­cessário.

Ana, escreva a D. Elza, agradeça por mim a grande genero­sidade. O endereço está na minha caderneta de endereços. Que­rida, mesmo depois de morto, fico te dando trabalho. Obrigado! Deus te pagará por tudo.

Ana querida. Adeus, adeus, adeus, adeus. . . até o céu. . . é logo aí. .. Só que para alcançá-lo é necessário esforço, porque a porta é estreita e os instalados não conseguem passar por ela. Mas provai e vede como o Senhor é bom!

Meus pais não chegam e eu estou no fim. . . console-os ... não posso mais escrever ... Ana, o meu último e por isso o maior abraço, que dura uma eternidade.

Mário

*

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Ao mesmo tempo, a Irmã recebia esta outra carta:

Prezada Irmã Ana,

Não se assuste com a notícia, bastante desagradável, tanto para nós quanto para a senhora, como é a da morte do nosso grande amigo Mário.

Faleceu vítima de meningite. Os médicos não mediram es­forços para salvá-lo, mas tudo foi debalde. Dava muita espe­rança, porque reagia muito bem. Faleceu esta manhã. Apenas conseguiu terminar a sua carta, pediu para deitar. Disse: vou morrer. Vieram alguns enfermeiros e um médico. Quando ter­minamos de rezar com ele "Jesus, Maria e José, etc., expire entre vós em paz a minha alma", olhou para cada um dos presentes (parece que nesta hora obteve a visão), chamando pelo nome e dizendo: muito obrigado, Deus te pague. Beijou a mão do médico. "Um adeus a meus pais." "Pai, aqui está o vosso Mário. Tornai-o". E faleceu.

Irmã, ninguém ficou sem chorar. Nem o médico.

Dentro de poucos instantes o corpo vai ser levado para a casa dos pais. Está na câmara fria. Vão com três carros acom­panhar a funerária. Vão o médico, enfermeiros e alguns Irmãos.

Sou o enfermeiro que o atendeu, desde que foi internado.

Mário é um santo e dos modernos.

Despede-se N élio.

Hospital São Vicente

(Transcrito de "0 São Paulo")

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FRENTE A FRENTE

Por vanos dias, nós dois nos preparamos para um encontro que, por certo, viria determinar em definitivo a espiritualidade de nossa vida em comum, familiar e social. Para isso fizemos uma triagem de tudo que nos desagradava reciprocamente, acumu­lado no decorrer dos anos por comodismo conjugal.

Chegado o momento esperado, cerimoniosos, mas com muita determinação, dirigimo-nos de mãos dadas a um recanto onde pudéssemos ficar seguros de que não haveria qualquer interfe­rência. Rezamos, pedindo ao Espírito Santo que nos inspirasse e orientasse nosso diálogo.

Nossa mãe! Como choveram coisinhas, mal entendidos, fa­lhas involuntárias, mágoas reprimidas e sofrimentos desneces­sários.

Nossa vida em comum parecia a de um navio quando pro­cura um estaleiro para reparos depois de um longo cruzeiro: infinidade de algas, mariscos e outras tantas coisas aderidas ao casco, em prejuízo da sua marcha normal, estrutura e segurança. Geralmente, os grandes males logo aparecem, mas os pequenos, se não forem procurados para eliminação ou reparos, poderão causar danos de imprevisíveis conseqüências quando acumulados.

Num clima de sinceridade e franqueza, desejosos de nos ajudarmos mutuamente, focalizamos nossas pessoas, com seus res­pectivos defeitos e qualidades, nossa vida a dois, nossos filhos, parentes, amigos e, finalmente o mais importante, nossas rela­ções com os outros e com Deus.

Ficamos surpreendidos, pois, no mais e menos das falhas e acertos, o saldo foi positivo e a contribuição do outro aumentou nossas reservas de amor e compreensão para serem aplicadas em nosso próprio aprimoramento e na ajuda aos necessitados.

Sentimos que neste encontro operou-se em nós uma completa renovação de sentimentos. O "nós" conjugal saiu mais fortale­cido, confiante e feliz.

O dever de sentar-se será doravante uma constante em nossa vida.

<Do "Equlpetrópolis")

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"OI. VÓ!"

(Do jornal "A Folha de São Paulo")

"Prezado Senhor,

Foi minha filha quem me mandou ler uma crônica do senhor que saiu na "Folha", chamada "Silêncio à mesa". Ela achou que a família descrita lá era igual à nossa. Talvez até fosse. Meu genro, por coincidência, é juiz. Meus netos pouco falam entre si e muito menos ainda com os pais. A avó, posso dizer que é igual a mim. Por essa razão, estou tomando a liberdade de escrever esta carta.

Tenho setenta e cinco anos, sou viúva há dez e moro em casa de minha única filha. Sou muito agradecida a todos, prin­cipalmente a meu genro, que me acolheu muito bem. Não passo necessidades e posso até fazer algumas gentilezas com os outros com a pouca renda que meu finado marido deixou. Por isso não se assuste, esta carta não é para contar desgraças e muito menos pedir qualquer coisa. Estou apenas desabafando e procurando sair um pouco do enorme silêncio em que vivo.

Até a morte de meu marido, tudo foi muito bem. Quantas saudades dos nossos últimos anos juntos! Uma vida pacata, mas cheia de bons momentos. Lembro-me de quando fazia tricô e ele ficava lendo. Mas não deixava passar meia hora sem me dizer qualquer coisa, perguntar se eu estava bem.

Hoje, vivo mais das recordações do que propriamente parti­cipando da vida da minha família. Como tudo mudou! E como eu me sinto estranha nessa vida de hoje.

Nunca tive por hábito censurar o comportamento das pes­soas. Acho que as atitudes sempre têm alguma razão de ser, mesmo as que na hora parecem absurdas. Mas não tenho mais com quem conversar.

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Até hoje nenhum neto me perguntou nada sobre minha vida. Tenho a impressão que eles acham que sempre fui assim. Uma pessoa calada, que levanta, faz tricô, almoça, dá um passeio e depois do jantar acaba cochilando em frente da televisão.

Sei que eles não me querem mal. Me dão um beijo e me dizem "ôi vó". E só. De vez em quando a neta mais velha faz um supremo esforço e comenta que está fazendo frio. Coitada! Tenho a impressão que ela só entende disso, porque nem com a mãe ela conversa. Só pergunta se telefonaram e deixaram re­cado. Como eu gostaria de ser uma pessoa invisível para ver como ela é no quarto dela, de frente para o espelho, ou então com os amigos. Será que só falam do tempo?

Vou confessar uma coisa para o senhor. Não aguento mais ouvir o "ôi, vó" e nada mais. Queria ter gente que conversasse comigo. Muitas vezes me dá até vontade de ficar rabujenta para, pelo menos, eles terem do que reclamar. Mas sempre tive um temperamento calmo e gostei de tratar bem todo mundo.

Não sei se ex' stem muitas pessoas solitárias como eu. Acho que os outros pensam que a gente fica muda porque quer. Que é uma atitude feita de propósito para não ter que se preocupar com os problemas deles . . Numa ocasião, meu genro estava pas­sando um pito no meu neto que tinha dezessete anos. Era sobre dinheiro. Não sei porque, fiz a bobagem de me meter na con­versa. Meu neto disse: "Você não entende disso, vó". Ninguém me apoiou nem se dirigiu a mim. Abaixei a cabeça e continuei meu tricô. Só meu netinho de seis anos percebeu que chorei um pouco e me deu um beijo. Mas ele também cresceu e logo entrou para a turma do "ôi, vó".

Acho que não tenho mais nada para dizer. 1 Ou melhor, eu 11 acho que tenho tudo para dizer, mas não tenho mais por quem

ser ouvida. Agradeço a paciência do senhor, se tiver chegado ao fim destas linhas. Talvez minhas queixas sejam mesmo de quem, não tendo realmente do que reclamar, fica inventando bes­teiras. O melhor é mesmo eu ir encontrar quanto antes meu querido velho."

A Semana do Ancião já passou. Mas o problema continua. Como tratamos nossos velhos e o que fazemos pelos velho& abandonados?

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O MUTIRAO DE JUIZ DE FORA

"Esperei com paetencia no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor" (SI. 40, 1)

"E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus . .. " (SI. 40, 3)

Era uma tarde de sexta-feira. Uma tarde fria e penumbrosa, triste mesmo.

Deixamos Juiz de Fora em companhia de um casal amigo.

Em certo momento, percebemos alguém piscando uma lan­terna e entendemos haver chegado ao nosso destino. Estacio­namos e ingressamos no pátio do casarão, onde, solicitamente, uma jovem senhora tomou as nossas malas e nos conduziu, es­cada acima, até o nosso alojamento.

Alguns casais já haviam chegado e outros foram chegando. Eram ao todo 39 casais.

Encontrávamo-nos no Seminário da Floresta.

Pela primeira vez, íamos participar de um encontro de for­mação do Movimento.

Começamos a conhecer os outros casais. Uns simplesmente lá estavam, como nós, com o objetivo de participar do encontro, outros, com o compromisso de nos servir.

íamos ouvir palestras, discutir temas, orar e meditar. íamos procurar nos encontrar com Deus, mais intimamente, através da oração e do recolhimento.

Depois do nosso primeiro jantar em comum, nós, que guar­dávamos certo receio quanto ao ambiente que encontraríamos, começamos a nos sentir à vontade. Sentia-se uma abertura, uma camaradagem pouco comum entre pessoas desconhecidas.

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Fomos convidados a um salão, onde ficamos conhecendo Elfie e Dragan, um casal de gringos, de fala meio enrolada, mas que nos trouxe a segunda mensagem daquela sexta-feira. Sim, a se­gunda mensagem, pois a primeira já nos havia sido transmitida, através do sorriso de cada um, do aperto de mão, do abraço, da camaradagem que reinou desde o primeiro momento.

"A Vocação Humana, Cristã e Equipista", foi o tema abor­dado por Elfie e Dragan, que nos disseram que "o homem é chamado a amar e adorar a Deus e ser como Ele". E nos dis­seram mais, que o homem existe para servir, afirmação que não foi feita apenas com palavras, mas com o seu exemplo, vindo de Petrópolis até aqui, para nos trazer a sua mensagem de amor.

Dormimos um sono tranquilo e, no sábado, levantamos para novo dia, maravilhoso sob todos os aspectos, cheio de paz e amor e, principalmente, pleno de alegria.

Aos poucos, desde a nossa chegada, éramos transportados pa­ra um ambiente de extraordinária serenidade, de calma interior. Sentíamos que algo de estranho acontecia, algo que não sabíamos explicar, mas que nos enchia de prazer e felicidade.

Nova palestra. Agora eram Maria Helena e Zarif que nos falavam dos "Meios de Aperfeiçoamento".

Falavam-nos em "escutar a palavra de Deus", e nós a es­cutávamos mesmo, através deles. Palavras cheias de sabedoria e de amor, nascidas da vivência, da fé, do desapego à materia­lidade da vida. Palavras de quem está em paz com a v1da e com Deus. Palavras de quem procura se dar por inteiro à causa do Senhor. Palavras de fé na humanidade.

Intercalando seus ensinamentos com uma pitadinha de hu­mor, o Zarif conseguia contagiar a todos, com seu extraordinário poder de comunicação.

"Uma Reunião de Equipe", é o novo tema que nos vem, nesse mesmo dia, através da simpatia de Maria Alice, cujo sor­riso ameniza um pouco a fisionomia séria do Adelson, acentua­da por um bigodão "tamanho família".

Eles vieram do Rio de Janeiro e iniciaram a sua mensagem com o Evangelho de Mateus, no trecho referente ao grão de mostarda.

Foram palavras de fé, as que ouvimos. Ensinamentos oriun­dos do seu viver cotidiano. Considerações, às vezes duras, que sacodem a nossa indiferença; que nos lembram nossas responsa-

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bilidades; que nos conscientizam da nossa imperfeição; que ver­beram a nossa omissão, mas, sobretudo, que nos encorajam, que nos impelem à ação e nos conduzem à certeza do quanto deve-· mos e podemos, se nos colocarmos ao lado de Deus.

E, assim, entre orações e palestras, fomos surpreend:dos pela sineta que anunciava a hora do silêncio.

Terminava mais um dia.

O domingo amanheceu chuvoso, como se simbolizasse as lá­grimas que antecedem as despedidas. Chuvoso e frio. Em com­pensação, aumentava a cada instante o calor do carinho com que nos tratávamos uns aos outros.

A quarta palestra da série foi proferida por Frei Orlando Bernardi, um gaúcho barulhento, que, entre outras coisas, vive sempre a chupar um cachimbo. Falou da "Espiritualidade Con­jugal" e disse-nos da responsabilidade do matrimônio, da respon­sabilidade recíproca que apro-xima os cônjuges. . . "e os leva a colocar em comum a sua vida espiritual". D!sse que "a comuni­dade conjugal. . . deve ser uma comunidade de serviço, onde a visão cristã e sacramental dos cônjuges deve se estender às pes­soas e aos acontecimentos .. . ", aos filhos, aos vizinhos, aos cole­gas de trabalho, a tudo, enfim.

E o tempo passava. . . e outra vez são anunciados Maria Helena e Zarif, sempre pródigos de ensinamento·s e de amor.

"Eu dormia e sonhava que a vida era só alegria.

Despertei e vi que a vida era só serviço.

Servi e vi que o serviço era alegria."

Com estas palavras de Tagore, começaram a discorrer sobre o tema "Alegria do Serviço". Ele tem 59 anos de juventude e de sorrisos. Saíram de São Paulo, e aqui vieram dar o seu tes­temunho da "Alegria do Serviço". Lá estavam eles, alegres, sor­ridentes, manifestando a sua alegria, em poder levar aos outros a palavra do Senhor. Foram incisivas as suas afirmações, por­que fortalec 'das pelo exemplo do serviço que nos vieram prestar.

Mas estava acabando o mutirão.

Cada grupo, dos que se formaram para estudo, apresenta-se no palco, procurando externar um pouco do seu senso de humor, para alegrar mais ainda os amigos, mas, sobretudo, para mani­festar a sua própria alegria, desejosos de gritar bem alto:

- Obrigado, meu Deus por eu estar aqui.

- Eu estou feliz por ter participado desse mutirão.

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- Eu ajudei o meu irmão, o meu cônjuge, a plantar e colher.

- Eu privei intimamente da presença do Senhor.

"E ele pôs um cântico novo em minha boca . .. " E a noite caía ...

E nós nos despedíamos uns dos outros . . .

Do Padre Edmundo, com o seu vozeirão . . . do Padre Lima, do Padre Eduardo, menino ainda. . . de todos nos despedimos, pesarosos, mas extremamente felizes.

Lá ficaram, ainda, os casais de serviço, empenhados em dei­xar limpa e arranjada aquela casa, onde respiramos o perfume do amor de Deus, onde provamos a doçura da oração e onde chegamos a sentir remorsos por ter experimentado tanta paz.

Ruth e Antonio Carlos

Equipe 6 de Juiz de Fora

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TESTEMUNHO

VALE A PENA?

(Do Boletim de Campinas)

Desde que éramos namorados, "vivíamos" no meio das Equi­pes, entre entregas de cartas mensais, avisos de reuniões, deveres de sentar-se, retiros, etc. . . Tudo isso refletia muito em nossas conversas; quantas vezes discutimos sobre a validade do Movi­mento; quantas vezes tivemos que namorar na casa de um amigo porque meus pais haviam ido a uma reunião, ou mesmo não po­díamos nos encontrar porque eles haviam ido a um retiro ... Isso no marcou muito; na época, colaborávamos, por bem ou por mal, mas o importante é que colaborávamos . . .

Quando nos casamos, sentíamos falta de algo que nos desse maior base e estrutura, pois achamos que um casamento hoje em dia precisa muito de um crescimento profundo dos dois, precisa acrescentar algo e fazer a vida valer mais a pena!

Achávamos também que nos faltava um amadurecimento na vida espiritual, pois sabemos o quanto é importante isso! Muitos amigos nossos comentam sobre a nossa coragem de querermos ter filhos num mundo como o de hoje! É que temos uma grande tranquilidade e a certeza de que Cristo está conosco e poderemos educá-los sem medo, se houver fé! Aprendemos a rezar, louvando e pedindo por eles, temos portanto segurança.

A nossa equipe foi formada, os casais estão se tornando cada vez mais amigos e percebemos que tudo está nos ajudando muito. Alguém nos disse, quando começamos a formar nossa equipe, que o Movimento é válido para os que estão iniciando a vida. Assist'mos a uma reunião do Setor e ficamos confortados em verificar que a vida não perde o sentido e que, mesmo com 15 ou 20 anos de equipe, sempre há uma grande necessidade de buscar o Cristo cada vez mais.

Vale a pena dedicar tanto trabalho para as Equipes?

Claro! Nós queremos ser testemunhas de que tudo é válido ...

Marta e Antonio Carlos

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NOTíCIAS DOS SETORES

JAO - 40 anos de sacerdócio

Completou o Con. Pedro Rodrigues Branco, Conselheiro Es­piritual das Equipes de Jaú desde a sua fundação, quarenta anos de fecundo sacerdócio. Isto foi no dia 31 de julho, mas só agora, em fins de setembro, ficamos sabendo, e a Carta Mensal, embora com atraso, quer associar-se às ações de graças dos equipistas de J aú e às suas preces para que o Senhor continue abençoando o querido sacerdote. Quantas horas de seu ministério não dedicou ele, durante os últimos vinte anos, às Equipes de Nossa Senhora? E não foi só em Jaú, pois ele ajudou a fundar e firmar as pri­meiras equipes de Bauru e de São Carlos e, aqui em São Paulo, quantas vezes não veio ele trazer a sua palavra de incentivo, seja aos Responsáveis de equipe, seja aos Responsáveis de Setor, nos Encontros organizados pelo Movimento? Ainda hoje, é pre­sença constante em todas as ocasiões importantes e, no último EACRE, cá estava ele. No dia seguinte é que iria comemorar o grato aniversário, mas, devido à sua habitual modéstia, ninguém ficou sabendo ...

- Desculpem o malentendido

Publicamos na Carta de setembro os dados referentes a três novas equipes em Jaú. Ora, essas equipes não são de Jaú, se­gundo nos comunicaram Maria do Carmo e Evandro, Responsá­veis pelo Setor, mas de Dois C6rregos. Trata-se das equipes 4, 5 e 6 daquela cidade. Parece que constava também da infor­mação enviada a equipe 3, também de Dois Córregos, cuio Casal Responsável é Maria e Olavo, o Consf'lheiro Espiritual, Pe. Vida! Alonso, tendo sido pilotos J ane e Gilberto.

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SAO PAULO - Despedida de D. Benedito

D. Benedito de Ulhoa Vieira, B1spo da Região Lapa, nomeado Arcebispo de Uberaba pelo Papa Paulo VI - foi sua última nomeação para o Brasil - despediu-se da arquidiocese e dos amigos, entre os quais muitos equipistas, em comovente missa realizada no dia da abertura do Sínodo.

D. Benedito, que é grande devoto de Nossa Senhora, escolheu para tomar posse a festa de Na. Sra. da Piedade, Padroeira do Estado de Minas Gerais. A catedral metropolitana de Uberaba foi pequena para conter os 40 bispos e 150 sacerdotes, o povo da cidade e os amigos de São Paulo que foram part;cipar da solenidade. Saudou-o o arcebispo resignatário, D. Alexandre, com o próprio lema de D. Benedito: "Bendito o que vem em nome do Senhor" - repetido por três vezes pelo povo de Uberaba. Isto era apenas o começo de muita emoção, que culminou quando os paulistanos leram o texto de "entrega" do seu bispo à arquidio­cese de Uberaba.

As orações de todos os equipistas que se beneficiaram com o ministério e a amizade de D. Benedito acompanham o pastor e amigo na sua nova missão.

ARARAQUARA - Preparando catequistas

A propósito da catequese, um dos temas do EACRE deste ano, recebemos de Sandra Alvarenga Reis, da equipe 1, o se­guinte testemunho:

"Em colaboração com um sacerdote, uma companheira de equipe e eu iniciamos, há três anos, um trabalho de catequese com classes da 5.a. à 8.a. séries. Durante dois anos, preparávamos apostilas, que distribuíamos, numa reunião semanal, às catequis­tas, com orientações.

Para este ano, resolvemos adotar a série "Libertação-Páscoa", da Editora Vozes, e chegamos à conclusão que, em se tratando de crianças, adolescentes ou jovens que vão ter o primeiro con­tato com estes livros, convém adotar o volume destinado à 5.a série, para qualquer delas, devido ao caráter sequencial da edição, que supõe, para as três últimas séries, uma iniciação de que, lamentavelmente, a grande maioria de nossos adolescentes e jovens estão carentes. Este termo é bem apropriado, porque se percebe que, além de não a possuírem, eles realmente a desejam. Alie-se esta receptividade ao nosso carisma próprio de cristãos, à missão que nos incumbe e foi enfatizada pelo documento do Sínodo, e podemos ver o quanto deve ser incentivado o nosso trabalho na catequese."

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NITEROI - Não é notícia, mas . ..

Recebemos de Helena e Paulo Xavier, nosso eficiente "casal noticiarista ", correspondência que transcrevemos, embora, por modéstia, talvez não devêssemos fazê-lo. Mas traz-nos tanta alegria saber que nosso trabalho não está sendo de todo inú­til, principalmente em final de ano, quando a tentação de esmorecer se faz maior. . . Eles escreveram:

"É sempre com alegria que vimos à presença de vocês. É bom falar com quem temos afinidades - principalmente espiri­tuais - ainda mais quando é gentP. que tanta coisa boa nos ofe­rece. A Carta Mensal continua ótima - cada vez mais. Sente-se por seu conteúdo que ela foi feita para ser útil e não apenas para cumprir mera formalidade. E é por isso que cada equi­pista a espera ansiosamente: nela encontra valiosos reforços à espiritualidade, à cultura religiosa, ao conhecimento do próprio Movimento e à fraternidade entre os equipistas. E que auxílio maravilhoso nas reuniões mensais! Não apenas pelos textos de meditação ou pelas orações litúrgicas, mas também pela opor­tunidade de se debater idéias, pontos de vista, notícias, e tantas outras coisas vindas na Carta.

Dizemo-lhes tudo isso porque desejamos que a Carta Mensal continue assim, nesse alto e vigoroso padrão. É quase um apelo: não esmoreçam, não deixem a "nossa" Carta Mensal perder esse valor que tem para nós.

Junto desta vai uma notícia para ver se vocês podem pu­blicar. É sobre o retiro que aconteceu nesses últimos dias. Pelo texto, vocês verão quanto nos entusiasmou e quão benéfico foi para todos quantos dele participaram.

Deixamos aqui reafirmados nossos agradecimentos por tudo de bom que vocês nos têm dado, prometendo-lhes nossas orações sinceras."

Não menos sinceros os agradecimentos da Equipe da Carta Mensal. Que maior incentivo pode haver do que sabermos que a Carta Mensal é ansiosamente esperada? que é realmen­te um auxflio para o aperfeiçoamento espiritual? Que maior incentivo do que esse "apelo" para que não esmoreçamos? Obrigado, Helena e Paulo, e continuem rezando para que possamos não decepciona-los!

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- Retiro com Frei Estevão

"Calou fundo no espírito dos 56 casais que dele participaram o retiro espiritual promovido pelo Setor de Niterói nos dias 19 e 20 de agosto. O pregador foi Frei Estevão Nunes, que veio de São Paulo especialmente para o retiro.

O tema abordado por Frei Estevão foi "O sentido da Vida", e já na primeira palestra foram sentidos os primeiros benefícios daquele ato de fé cristã, prenunciando que todo o retiro seria um acontecimento incomum. E, à medida que se desenrolavam as palestras, mais e mais crescia a espiritualidade dos partici­pantes. Alguns casais - que participavam pela primeira vez de um retiro - a custo continham os ímpetos de seus corações, transbordantes de fé e de amor cristão.

O último ato foi a Santa Missa, explicada em seus mínimos detalhes por Frei Estevão. Transcorreu em clima de forte emo­ção, chegando ao ápice quando houve a renovação do compro­misso matrimonial.

Não restam dúvidas: o retiro espiritual é uma necessidade para os casa;s cristãos. É uma oportunidade ímpar de aumentar a espiritualidade, de aproximar-se do Pai, de crescer na fé, mercê do aprimoramento do espírito através da reflexão, da meditação, da oração e da co-participação fraterna."

AMERICANA - Noite de estudos

Pe. Francisco Romanelli, s.j., diretor da Casa de Retiros de Itaici, com o dom de comunicação que possui, conseguiu, na fria noite de 24 de agosto, cativar mais de uma centena de pessoas, entre casais equipistas e convidados de Americana, Sumaré e Santa Bárbara d'Oeste.

O Evangelho de São Mateus, cap. 17, vers. 1 a 13, serviu de base para que o Pe. Romanelli estabelecesse a relação existente entre o Homem e a Natureza, o Homem e a Comunidade, e o Homem e Deus.

Foi uma feliz noite de formação e de confraternização, or­ganizada pela equipe 1 de Americana.

CAMPINAS - Parabéns pelo Boletim

O "ÉaQUiaPISTA" de agosto está excelente. "Recortamos" algumas coisas para usar em tempo oportuno e hoje transcre­vemos o seguinte trecho:

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I

"Somos equipes de espiritualidade, portanto a oração deve ser uma constante em nossa vida.

Somos povo de Deus, somos Igreja. Como Igreja, oremos ao Senhor:

- pelo novo Papa. Que o Senhor derrame seu Espírito sobre os Cardeais reunidos para a eleição do sucessor de Paulo VI e que conceda ao Papa eleito um grande amor pela Igreja, um coração aberto às necessidades do Povo de Deus e uma firmeza muito grande na luta pela Paz e pela Unidade.

- pela Conferência Latino-Americana de Puebla. Que as decisões a serem tomadas pelos Bispos que se reunirão em outu­bro em Puebla tenham uma ressonância profética para a Igreja da América Latina e especialmente do Brasil.

- que o Espírito Santo inspire ao Movimento das E.N.S. uma adesão e participação efetiva na Pastoral Arquidiocesana, aten­dendo ao apelo de D. Gilberto.

- que a Palavra do Senhor se torne viva e operante em nosso coração."

- Inquérito sobre temas de estudo

O Setor resolveu fazer um levantamento dos temas que estão sendo estudados, aproveitando para perguntar como é feito este estudo e se a equipe está fazendo reunião prévia.

Quanto aos temas estudados, a maioria estuda o Evangelho, a Palavra de Deus, e também a pessoa de Jesus Cristo. Das 16 equipes que responderam, 7 estudam o Evangelho (três, o de São Lucas, uma, o de São João, as outras não especificaram), uma os Atos dos Apóstolos e outra as "Parábolas". "Cristo está vivo" e "Jesus Cristo Libertador" são livros estudados por duas eqlfipes e há uma equipe estudando o Catecismo Holandês.

"Amor e Casamento" está sendo estudado por duas equipes e uma terceira, que resolveu voltar a ele depois de 15 anos.

É uma pena que muitas equipes tenham deixado de res­ponder, impedindo que se tenha uma idéia geral. Pelas que responderam, dá para ver a predileção de que goza a Palavra de Deus. Na realidade, esse estudo é muito enriquecedor e feli­zes essas equipes, de quem o Con. Caffarel dizia que "conhe­cerão o fervor que reina sempre nos cristãos reunidos para meditar as Escrituras".

Quanto à preparação, a maioria responde por escrito, como manda o figurino. Em uma ou outra equipe, um casal por mês

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se encarrega da apresentação do tema, ou o tema é dividido entre os casais, que deverão estudar sua parte mais a fundo.

A pergunta sobre a prévia parece óbvia, mas, pelas respos­tas, vê-se que não é. Não foi perguntado "como é feita a prévia", ou seja, "quando, como, com quem", mas apenas "se" a equipe faz prévia. Em outras palavras, antes de ver o "como", o Setor desejava verificar se estava realmente havendo em todas as equi­pes essa reunião indispensável ao bom funcionamento da reunião propriamente dita. Parece que valeu a pena perguntar: das 16 equipes que responderam, apenas 6 mencionaram a prévia ... Diante do que, como era de se esperar, o Setor solicitou "aos novos casais responsáveis que se empenhem no sentido de rea­lizarem a reunião prévia". Aproveitou para insistir também "no relatório mensal que cada equipe deve apresentar." Carapuça que provavelmente serve para equipes de outras plagas . ..

Vimos, com satisfação, que a equipe 10, além do estudo do Evangelho, mencionou que "cada casal fica responsável por um tema da Carta Mensal", acrescentando: "como conseqüência, novo interesse na equipe e valorização da Carta Mensal".

MARILIA - Novas equipes

Há duas equipes em formação em Marília (não publicamos adiante, porque faltam o número da equipe e o nome do Con­selheiro Espiritual), e duas também em Assis. Aguardamos maiores informações. Além de a equipe 9 contar com mais dois casais, foi feita uma reunião de informação, a cargo de Conceição e Clovis, para vários casais vindos do E.C.C.

- Curso de ligação

Dez casais participaram do curso para casais de ligação, que foi bastante animado e se revelou muito proveitoso.

SAO JOS~ DOS CAMPOS - Em prol do Orfanato

Foi de tal ordem a resposta dos equipistas joséenses ao apelo do Setor para que ajudassem as cento e tantas crianças do Orfa­nato de Paraibuna que o Editorial do Boletim é dedicado a um agradecimento e uma prestação de contas:

"Apesar da exiguidade do prazo dado para as primeiras ofer­tas, tendo em vista que o frio não se fazia esperar, centenas de

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roupinhas usadas de criança chegaram ao Setor em tempo de seguir na primeira leva. E, para maior alegria daquela criançada humilde de Paraibuna, em meio às roupas ainda apareceram alguns brinquedos, bonecas, balas e biscoitos. E, ainda mais, diversas equipes, equipistas, filhos e amigos de equipistas, que não conseguiram roupas usadas, enviaram roupas novas e até di­nheiro. E, como se não bastasse, ainda chegaram nada menos que 2 peças (rolos) da flanela estampada com motivos infantis e 2 mantas de lã (acrílica) das melhores que existem.

E o mais comovente de tudo é que uma das nossas equipes, entusiasmada com a visita ao orfanato, se prontificou a ficar em constante contato com aquelas pobres crianças, para sentir e pro­curar acudir as suas maiores necessidades. Louvado seja Deus!

E agora, depois de toda essa maravilha, o que podemos dizer a esses irmãos solícitos e generosos? Em nome daquela centena de crianças necessitadas e em nome daquela gota de abnegadas Irmãs, só podemos dizer a todos vocês e de todo o coração: Deus lhes pague!"

- Caraguá é notícia

A Equipe Nossa Senhora Auxiliadora de Caraguatatuba fez seu compromisso. Isso foi em abril. . . Não noticiamos antes, porque saiu no Boletim de São José de junho-julho, que saiu em agosto e chegou-nos em setembro. . . Também em abril foi feita uma reunião de informação naquela cidade litorânea. Aguar, damos mais notícias.

DEUS CHAMOU A SI

Mons. Luiz Gonzaga Pasetto

Conselheiro Espiritual da Equipe 1 de Lins. No dia 19 de setembro.

Vigário geral da Diocese, da qual sempre foi o esteio, braço direito de D. Pedro Paulo Koop, "culto, inteligente, com acurado espírito de diplomacia, paciente, muito caridoso, dedicado de cor­po e alma aos doentes e mais necessitados, sem descuidar dos outros", Mons. Pasetto passou a vida fazendo o bem e era muito querido na cidade, que compareceu em massa ao velório (15.000 pessoas) e ao enterro (6.000).

Escrevem Therezinha e Paulo, em nome da equipe, à qual "dedicou o melhor do seu tempo, com carinho e amor", e do

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Movimento em Lins, que "insistentemente incentivou, colaboran­do na formação de diversas equipes".

"Aconselhava sempre, diante dos problemas mais graves, ter paciência e amor, pois 'a batalha é ganha no segundo tempo'. De fato, isso aconteceu consigo próprio, pois ele ganhou o Céu, no segundo tempo! Deixa uma lacuna difícil de ser preenchida, dan­do-nos a sensação de termos ficado órfãos. Mas, por outro lado, a certeza de que ele está na Glória do Pai Eterno conforta-nos e alegra-nos o coração. Foi um santo, como o Pai é Santo!"

Victor Antonio Atolini

Da equipe 4 de Casa Branca. No dia 27 de agosto, festa de Na. Sra. do Desterro, padroeira da equipe, e exatamente na hora da procissão, durante a qual, segundo contam seus companheiros de equipe, "todos os anos, o Toninha carregava o andor. Este ano, Jesus o carregou... Tínhamos a nítida impressão de vê-lo ao lado de Nossa Mãe. No dia seguinte, quando abriram o caixão no cemitério, os membros de todas as equipes locais entoaram em uníssono o "Magnificat" e, no momento do sepultamento, todos os presentes cantaram "Com minha Mãe estarei". Lia, com toda a formação cristã que a equipe lhe proporcionou, soube com­preender tudo com resignação e, com lucidez, tranquilizar os filhos."

RETIRO EM SANTOS

Os equipistas de Santos, felizes por contarem agora com sua própria casa de retiros, convidam todos os equipistas da Região São Paulo/ A e cidades próximas a participarem com eles do re­tiro de

10, 11 e 12 de novembro, cujo pregador será

Frei Orlando Bernardi, o.f.m., de Petrópolis.

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SESSAO DE FORMAÇÃO EM SANTOS

A Sessão de Formação de Dirigentes realizada em Santos, na Casa de Retiros do Centro de Formação para o Apostolado (CEFAS) da Diocese, de 7 a 10 de setembro, primou pelo en­tusiasmo e pelo relacionamento fraterno entre todos que ali es­tiveram.

Participaram do Encontro 25 casais, provenientes de Brasília, Juiz de Fora, Araçatuba, Itu, Jundiaí, São Bernardo do Campo, São Paulo e Santos, bem como 2 Conselheiros Espirituais, Pe. Lima, de Juiz de Fora, e Pe. Marcelo, de Araçatuba.

Uma vez que funcionam como instrumento real de ativação para melhor vida em equipe, achamos que Sessões de Formação como esta deveriam ser realizadas com mais freqüência e até como uma obrigação de todo casal equipista.

Naqueles dias, adquire-se toda a bagagem necessária para poder-se viver realmente a v:da em equipe, entendendo-se me­lhor como tirar proveito dos meios de aperfeiçoamento que o Movimento nos coloca à disposição, bem como a riqueza de vida que ele oferece, permitindo uma vivência mais profunda da es­piritualidade conjugal.

Guardamos profunda saudade de nosso grupo de co-partici­pação, sob a animação da figura admirável do Zinho, onde casais que nunca se tinham visto antes tiveram uma abertura pouco comum mesmo em equipes com vários anos de existência.

O espírito de doação de toda a equ1pe de serviço, composta de 9 casais, sob a coordenação de C1dinha e Igar (Jundiaí) e a direção espiritual do Padre Chiquinho (São Paulo), foi um gran­àe exemplo de ajuda mútua e não podemos deixar de destacar toda a força espiritual com que Dulcemar (Rio de Janeiro) nos envolveu com os seus cantos. Esteve tudo em ordem, organi­zação, calor humano, ensinamentos e, acima de tudo, amor cristão.

Por tudo isso, recomendamos a Sessão de Formação àqueles casais que realmente desejam ver as ENS atingir cada vez mais seus objetivos de, embora não sendo um movimento de ação, formar gente ativa, que possa, através da vivência do Cristo em comunidade, levar este Cristo aos outros.

Vania Silvia e Walter Denari Equipe 2 de Santos

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SEDE VIGILANTES

Deus nos irá pedir contas e não sabemos quando. Aprendamos a estar sempre preparados, sem nos prendermos aos bens deste mundo.

TEXTO DE MEDITAÇAO - Lc. 12, 3~-48

"Compreendei bem: se o dono da casa tivesse sabido a que hora havia de vir o ladrão, não o teria deixado arrombar a casa. Estai, pois, preparados, vós também, porque à hora em que não pensais virá o Filho do homem."

Disse então Pedro: "Senhor, é para nós que ensinas esta pa­rábola ou para todos?" Respondeu-lhe o Senhor: "Quem é o administrador prudente e fiel que o senhor porá à frente dos seus empregados para lhes distribuir o alimento no tempo de­vido? Feliz daquele servidor que, à sua chegada, o senhor en­contrar assim fazendo! Verdadeiramente eu vos digo: ele o porá à frente de todos os seus bens. Mas se aquele servidor disser consigo mesmo: 'Meu senhor tarda em vir' e começar a espancar os empregados e as empregadas, a comer e a beber, a embria­gar-se, virá o senhor daquele servidor, no dia em que não o Pspera e na hora que não sabe; puni-lo-á severissimamente e o colocará entre os infié' s. O servidor que, havendo conhecido a vontade do amo, não tiver preparado nada, nem agido conforme a essa vontade, receberá grande número de açoites; mas aquele que não a conhecer, se fizer algo que mereça castigo, receberá pequeno número de golpes. A quem se tiver dado muito, ser­-lhe-á exigido muito; quanto mais se confia a alguém, tanto mais dele se exigirá."

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ORAÇÃO - Salmo 30

Nas tuas mãos, Senhor, entrego o meu espírito. Sê o rochedo que me protege, a casa bem defendida que me salva. Para honra do teu nome me conduzirás e me guiarás. Nas tuas mãos entrego o meu espírito; és tu que me libertas, Senhor. Conto contigo, o teu amor faz-me dançar de alegria. Que o teu olhar se ilumine para o teu servo! Salva-me pelo teu amor! Bem perto da tua face me protegerás, longe das intrigas dos homens.

Oremos:

6 Pai, faze que saibamos desprender nosso espírito e nosso coração dos bens deste mundo, a fim de que, preparados para o momento em que nos chamares, possamos partilhar, c:-~m teus eleitos, do único Bem. Isto te pedimos, por Jesus Cristo,

-Amém.

EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Movimento de casais por · uma espiritllalidade

conjugal e familiar

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