O NÚCLEO SUPRAQUIASMÁTICO E O FOLHETO INTERGENICULADO DO ... · Figura 1: Representação...
Transcript of O NÚCLEO SUPRAQUIASMÁTICO E O FOLHETO INTERGENICULADO DO ... · Figura 1: Representação...
NELYANE NAYARA MARTINS DE SANTANA
O NÚCLEO SUPRAQUIASMÁTICO E O FOLHETO INTERGENICULADO DO
MORCEGO (Artibeus planirostris): PROJEÇÃO RETINIANA E
CARACTERIZAÇÃO NEUROQUÍMICA
NATAL/RN
2015
NELYANE NAYARA MARTINS DE SANTANA
O NÚCLEO SUPRAQUIASMÁTICO E O FOLHETO INTERGENICULADO DO
MORCEGO (Artibeus planirostris): PROJEÇÃO RETINIANA E
CARACTERIZAÇÃO NEUROQUÍMICA
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Psicobiologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
Orientador: Expedito Silva do Nascimento Jr.
Co-Orientadora: Rovena C.G.J. Engelberth
NATAL/RN
2015
Título: O núcleo supraquiasmático e o folheto intergeniculado do morcego (Artibeus
planirostris): projeção retiniana e caracterização neuroquímica
Autor: Nelyane Nayara Martins de Santana
Data de defesa: 30/09/2015
Banca examinadora:
Prof. Dr. Eudes Euler de Souza Lucena
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
Prof. Dr. Fernando Vagner Lobo Ladd
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
“O conhecimento é orgulhoso por ter aprendido; a sabedoria é humilde por
não saber mais. Saber o que é possível é o começo da felicidade.”
(William Cowper)
AGRADECIMENTOS
“A Deus por me dar o presente da vida.”
“Aos meus pais, Nely e Joaquim, por toda dedicação, esforço e
ensinamentos de princípios éticos e morais.”
“Aos meus familiares pelo apoio, incentivo e generosidade para alcançar os
meus objetivos.”
“Aos meus colegas do Laboratório de neuroanatomia e do Laboratório de
estudos neuroquímicos pela paciência e por me ensinarem técnicas de pesquisa”
“Ao Prof. DR. Expedito Silva do Nascimento Júnior por ter me aceitado como
sua orientanda e pelos ensinamentos acadêmicos.”
“A Profª DRª Rovena C.J.G. Engelberth por ter me guiado nessa longa
jornada, por nunca desistir de mim e me apoiar nos momentos difíceis. Obrigada!”
“Ao Prof. DR. Ruthnaldo Rodrigues Melo de Lima, pela ajuda na elaboração
dos Charts”.
“Aos meus amigos Damião Diniz, Mariana Hortência, Fladjany Emanuelle,
Lara Laíse e Renata Pêssoa, pelo carinho, apoio e pelos momentos de alegria.”
“Aos colegas da Secretaria de Planejamento e Finanças de Parnamirim por
me proporcionarem um ambiente saudável de trabalho.”
“A Jamaranúbia de Melo Marinho pela compreensão, companherismo e
inspiração que me fazem ser mais forte a cada dia, além de me ensinar que não
existem barreiras para o amor.”
“A Maria Lúcia de Melo pelo acolhimento e por me permitir fazer parte da sua
família.”
“A minha avó Maria Leonardo dos Santos, que mesmo no céu, está guiando
os meus passos.”
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação esquemática simplificada do Sistema de
Temporização Circadiana de mamíferos................................................................ 16
Figura 2: Representação esquemática simplificada das vias
sincronizadoras....................................................................................................... 18
Figura 3: Representação esquemática simplificada das vias eferentes,
enfatizando as porções do NSQ............................................................................. 23
Figura 4: Representação esquemática simplificada das vias aferentes do
FIG.......................................................................................................................... 25
Figura 5: Representação esquemática simplificada das vias eferentes do FIG
em ratos.................................................................................................................. 26
Figura 6: Árvore molecular das famílias de morcegos existentes. Família do
modelo experimental em destaque........................................................................ 31
Figura 7: Macho adulto jovem do morcego Artibeus planirostris........................... 32
Figura 8: Distribuição geográfica do Artibeus planirostris..................................... 33
Figura 9: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do
A. planirostris nos níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C), mostrando a
citoarquitetura do NSQ pelo método de Nissl........................................................ 41
Figura 10: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo
do A. planirostris nos níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C), mostrando a
distribuição de terminais retinianos imunorreativos a Ctb no NSQ........................ 42
Figura 11: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do NSQ do
A. planirostris, mostrando o padrão de imunorreatividade a VP (A) e VIP (B) no
nível caudal; a NPY (C) no nível médio e 5-HT (D) no nível rostral....................... 44
Figura 12: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do NSQ do
A. planirostris, mostrando o padrão de imunorreatividade a CB no nível caudal;
a CR (B) e GFAP (D) no nível médio e PV (C) no nível rostral.............................. 46
Figura 13: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do NSQ do A. planirostris, no nível rostral, médio e caudal,
ilustrando o contorno citoarquitetônico; a distribuição de terminais retinianos
imunorreativos a CTb; distribuição de pericários positivos para VP e VIP........ 47
Figura 14: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do NSQ do A. planirostris, no nível rostral, médio e caudal,
ilustrando a distribuição de fibras/terminais imunorreativos a NPY e 5-HT e
pericários positivos para CB e CR.....................................................................
48
Figura 15: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do NSQ do A. planirostris, no nível rostral, médio e caudal,
ilustrando a distribuição de pericários positivos para PV e GFAP.....................
49
Figura 16: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do
encéfalo do A. planirostris nos níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C),
mostrando a citoarquitetura do FIG pelo método de Nissl................................
51
Figura 17: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do
encéfalo do A. planirostris, no nível rostral (A), médio (B) e caudal (C),
evidenciado a distribuição de terminais retinianos imunorreativos a Ctb no
complexo geniculado lateral..............................................................................
52
Figura 18: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do
complexo geniculado lateral do A. planirostris, mostrando o padrão de
imunorreatividade a NPY (A) e GFAP (C) no nível caudal e 5-HT (B) no nível
rostral.................................................................................................................
54
Figura 19: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do
complexo geniculado lateral do A. planirostris, mostrando o padrão de
imunorreatividade a PLCa: CB (A) no nível rostral; CR (B) no nível médio e
PV (C) no nível caudal....................................................................................... 56
Figura 20: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do complexo geniculado lateral do A. planirostris, no nível
rostral, médio e caudal, ilustrando o contorno citoarquitetônico; a distribuição
de terminais retinianos imunorreativos a CTb; distribuição de pericários
positivos para NPY e fibras/terminais imunorreativas a 5-HT...........................
57
Figura 21: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do complexo geniculado lateral do A. planirostris, no nível
rostral, médio e caudal, ilustrando a distribuição de pericários positivos para
positivos para CB, CR, PV e GFAP...................................................................
58
Quadro 1: Especificações de anticorpos primários e anticorpos secundários
utilizados no procedimento imuno-histoquímico com as suas referidas
diluições e fabricantes.......................................................................................
39
Tabela 1: Conteúdo neuropeptidérgico e de PLCa no NSQ do Artibeus
planirostris..........................................................................................................
45
Tabela 2: Conteúdo neuropeptidérgico e de PLCa no FIG do Artibeus
planirostris..........................................................................................................
55
LISTA DE ABREVIATURAS
5-HT - Serotonina
5-HT - IR - Imunorretivo (a) a 5-HT
BSA - Albumina de soro bovino
CB - Calbindina
CB - IR- Imunorretivo (a) a CB
CE - Ciclo claro/escuro
CR - Calretinina
CRF - Curva de resposta dependente de fase
CR - IR- Imunorretivo(a) a CR
CTb - Subunidade B da toxina colérica
DABtetra - Diaminobenzidina
DMH - Núcleo dorsomedial do hipotálamo
DMSO - Dimetilsufúrico
ENK - Encefalina
FIG - Folheto intergeniculado
Fos - Proteína do gene c-fos
GABA - Ácido gama amino-butírico
GFAP - Proteína acídica fribilar glial
GFAP - IR Imunorreatividade a GFAP
GLD - Núcleo geniculado lateral dorsal
GLV - Núcleo geniculado lateral ventral
GRP - Peptídeo liberador de gastrina
ipRGC - Células ganglionares intrinsecamente fotossensíveis da retina
NEuN - Proteína nuclear neuronal
NPG - Núcleo pré-geniculado
NPY - Neuropeptídeo Y
NPY - IR - Imunorretivo (a) a NPY
NSQ - Núcleo supraquiasmático
NT - neurotensina
PBS - Tampão fosfato
PLCa Proteínas ligantes de cálcio
PV - Parvalbulmina
PVN- Núcleo paraventricular do hipotálamo
PVT - Núcleo paraventricular do tálamo
STC - Sistema de temporização circadiana
TGH - Tracto geniculo-hipotalâmico
TRH - Tracto retino-hipotalâmico
VIP - Polipeptídeo intestinal vasoativo
VIP- IR - Imunorretivo (a) a VIP
VP - Vasopressina
VP- IR - Imunorretivo (a) a VP
ZSPV - Zona subparaventricular
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................... 13
ABSTRACT....................................................................................................................... 14
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 15
1.1 Ritmos biológicos...................................................................................................... 15
1.2 Sistema de temporização circadiana (STC).............................................................. 15
1.2.1 Vias sincronizadoras........................................................................................ 16
1.2.2 Núcleo supraquiasmático (NSQ)..................................................................... 19
1.2.3 Vias eferentes.................................................................................................. 22
1.2.4 Folheto intergeniculado (FIG).......................................................................... 23
1.4 O morcego Artibeus planisrostris.............................................................................. 29
2. JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 31
3. OBJETIVOS.............................................................................................................. 32
3.1 Geral.......................................................................................................................... 32
3.2 Específicos................................................................................................................ 32
4. METODOLOGIA....................................................................................................... 33
4.1 Sujeitos...................................................................................................................... 33
4.2 Procedimentos experimentais................................................................................... 33
4.2.1 Anestesia......................................................................................................... 33
4.2.2 Injeção intra-ocular de CTb.............................................................................. 34
4.2.3 Perfusão........................................................................................................... 35
4.2.4 Remoção dos encéfalos................................................................................... 36
4.2.5 Microtomia e Técnica de Nissl......................................................................... 36
4.2.6 Imuno-histoquímica.......................................................................................... 36
4.2.7 Montagem de lâminas e intensificação em Tetróxido de Ósmio...................... 38
4.3 Análise das lâminas.................................................................................................. 38
5. RESULTADOS.......................................................................................................... 40
5.1 Núcleo supraquiasmático.......................................................................................... 40
5.1.1 Citoarquitetura.................................................................................................. 40
5.1.2 Projeção retiniana............................................................................................ 40
5.1.3 Neuroquímica................................................................................................... 43
5.2 Folheto intergeniculado............................................................................................. 50
5.2.1 Citoarquitetura.................................................................................................. 50
5.2.2 Projeção retiniana............................................................................................ 50
5.2.3 Neuroquímica................................................................................................... 53
6. DISCUSSÂO............................................................................................................. 59
6.1 Núcleo supraquiasmático.......................................................................................... 59
6.1.1 Citoarquitetura.................................................................................................. 59
6.1.2 Projeção retiniana............................................................................................ 59
6.1.3 Neuroquímica................................................................................................... 61
6.1.4 Organização neuroquímica do NSQ do Artibeus planirostris........................ 66
6.2 Folheto intergeniculado............................................................................................. 67
6.2.1 Citoarquitetura.................................................................................................. 67
6.2.2 Projeção retiniana............................................................................................ 67
6.2.3 Neuroquímica................................................................................................... 67
6.3 Discussão funcional e filogenética da organização neuroquímica do NSQ e FIG... 70
7. CONCLUSÃO........................................................................................................... 71
7.1 Núcleo supraquiasmático.......................................................................................... 71
7.2 Folheto intergeniculado............................................................................................. 71
7.3 Nicho temporal e os centros circadianos.................................................................. 72
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 73
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 74
ANEXOS................................................................................................................... 99
13
RESUMO
O sistema de temporização circadiana (STC) compreende um conjunto de
estruturas neurais, que incluem vias aferentes, como projeções retinianas, que
permitem a sincronização dos ritmos biológicos aos ciclos ambientais; um
marcapasso central que gera o sinal circadiano e vias eferentes, que conectam o
marcapasso aos efetores comportamentais. Entre os componentes centrais do STC,
destaca-se o núcleo supraquiasmático (NSQ), classicamente reconhecido como a
estrutura neural que rege a ritmicidade biológica, e o folheto intergeniculado (FIG) do
complexo geniculado lateral do tálamo, modulador do marcapasso. Nesse estudo,
ambos os centros circadianos foram avaliados quanto a sua citoarquitetura, padrão
de inervação retiniana e conteúdo neuroquímco por meio da técnica de Nissl, de
traçador neural e técnicas imuno-histoquímicas no morcego Artibeus planirostris,
microquiróptero comum no território brasileiro. Com base nessas técnicas foi
possível observar que o NSQ, no nível rostral, exibe um formato aproximadamante
triangular e no nível médio e caudal, assume um contorno arredondado, além de
apresentar inervação retiniana bilateral, com leve predominância contralateral. O
NSQ do Artibeus planirostris é dotado de células imunorreativas a vasopressina
(VP), polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP), calbindina (CB) e calretinina (CR);
fibras/terminiais imunorreativos a neuropeptídeo Y (NPY) e serotonina (5-HT), além
de marcação para proteína acídica fribilar glial (GFAP). O FIG recebe projeção
retiniana bilateral e nos níveis rostral e médio exibe a forma de um fino folheto
interposto entre o GLD e o GLV e a nível caudal expande-se medialmente
contornando o GLV, além de conter células que expressam NPY, CB e CR;
terminais imunorreativos a 5-HT e marcação para GFAP. Esse é o primeiro estudo a
examinar o STC dessa espécie de quiróptero. Os dados indicam que o NSQ e FIG
no Artibeus planirostris apresenta aferências retinianas e conteúdo neuroquímico
similar a outras espécies de mamíferos. Em contrapartida, o NSQ desse morcego
transcende os esquemas organizacionais clássicos descritos na literatura científica.
Estudos moleculares e hodológicos são necessários para estabelecer uma divisão
específica dessa estrutura nessa espécie de quiróptero.
Palavras-chaves: Núcleo supraquiasmático; Folheto intergeniculado; Sistema de
temporização circadiana; Projeção retiniana; Neuroquímica; Artibeus planirostris.
14
ABSTRACT
The circadian timing system (CTS) comprises a set of neural structures that
include input pathways, such retinal projections, which allow the synchronization of
the biological rhythms to environmental cycles; a central circadian pacemaker, which
generates the circadian signal and output pathways connecting the pacemaker to the
behavioral effectors. Among the major components of the STC, highlight the
suprachiasmatic nucleus (SCN), classically known as the neural structure that
governs biological rhythmicity, and the intergeniculate leaflet (FIG) of the thalamic
lateral geniculate complex, modulator pacemaker. In this study, both circadian
centers were evaluated in respect to their cytoarchiteture, pattern of the retinal
innervations and chemical content with a Nissl stain, neural tracer and
imunohistochemical techniques in bat Artibeus planirostris, common microchiropteran
in Brazil. Based on these techniques was observed in rostral sections, the SCN had
an approximately triangular shape and in middle and caudal sections, this nucleus
assumed an ellipsoidal contour. It receives bilateral retinal innervations, with discrete
contralateral predominance and contains vasopressin (VP), vasoactive intestinal
polypeptide (VIP), calbindin (CB) e calretinin (CR) immunoreactive cell bodies;
neuropeptide Y (NPY) and serotonin (5-HT) imunopositive fibers/terminals, besides
to glial fibrillary acidic protein (GFAP) labeling. The IGL contains NPY, CB and CR
immunoreactive perikarya and receives a bilateral retinal projection. The rostral and
middle IGL had a leaflet shape between the DLG and VLG. At a caudal level it had a
descending portions which outlines de VLG medially. This is the first report
examining the CTS of these species of chiropteran. The results indicate that retinal
input and chemical content of the SCN and IGL in Artibeus planirostris are similar
other mammalian species. In contrast, the SCN of these bat transcend the classical
organizational schemes proposed in the scientific literature. Hodological and
molecular studies are needed to stablish a specific division of this structure in these
species of chiropteran
Key-words: Suprachiasmatic nucleus; Intergeniculate leaflet; Circadian timing
system; Retinal projections; Neurochemistry; Artibeus planirostris.
15
1. INTRODUÇÃO
1.1 Ritmos biológicos
Ao longo do processo evolutivo, os organismos desenvolveram diferentes
estratégias para manter uma organização temporal interna em resposta as mais
distintas oscilações ambientais (Rusak e Zucker, 1975; Hut e Beersma, 2011). Essa
dimensão temporal se expressa na forma de oscilações nos parâmetros
comportamentais e fisiológicos, denominada de ritmos biológicos (Cavalcante et al.,
2006).
A ritmicidade biológica é geneticamente determinada (Lowrey e Takahashi,
2011) e apresenta propriedades bem definidas, com o oscilações endógenas que se
repetem periodicamente (Tomotani e Oda, 2012), sincronização ao ciclo claro-
escuro (CE), ritmo em livre-curso sob condições constantes e compensação interna
da temperatura (Ukai e Ueda, 2010). Além disso, os ritmos biológicos são ubíquos,
estando presentes em vários níveis de organização e complexidade dos seres vivos
(Menna-Barreto e Díez-Noguera, 2011). Essa natureza ubíqua da ritmicidade
biológica sugere que estas oscilações conferem uma vantagem adaptativa ao
organismo, quanto ao ajustamento fisiológico e comportamental frente a alterações
ambientais (Foster e Kreitzman, 2013).
Para a adaptação dos organismos as flutuações ambientais, foi crucial o
desenvolvimento de um sistema auto-sustentado, continuamente oscilante, com
sincronização fótica ou não-fótica, responsável pela gênese e regulação dos ritmos
biológicos, o Sistema de Temporização Circadiana (STC) (Cavalcante et al., 2006)
(Fig.1). O STC é o aparato neural que orquestra os ritmos do corpo para coordenar
ações e ajustá-las as pistas ambientais (Kronfeld-Schor et al., 2013). Dessa
maneira, esse sistema aumentou a habilidade inata de organismos sobreviverem às
constantes modificações do meio, possibilitando-os antecipar eficientemente aos
mais diferentes eventos periódicos (Vitaterna et al., 2001; Panda et al., 2002).
1.2 Sistema de temporização circadiana (STC)
Para o organismo estabelecer uma organização temporal interna, é
necessário captar a informação ambiental, processá-la e responder adequadamente
a esse estímulo. Nessa perspectiva, o STC é responsável por realizar eficientemente
essa função (Golombek e Rosenstein, 2010). Em mamíferos, esse sistema é
16
composto basicamente por 3 elementos distintos: (1) vias aferentes, também
denominada de vias sincronizadoras, que permitem a sincronização dos ritmos
biológicos aos ciclos ambientais, (2) marcapasso central, que gera o sinal circadiano
e (3) vias eferentes, que conectam o marcapasso aos efetores comportamentais
(Rosenwasser, 2009).
Contudo, várias evidências têm demonstrado que o STC apresenta uma
configuração complexa, constituída de múltiplos osciladores hierarquicamente
organizados e interativos (glândula adrenal, coração, fígado e rins), no qual, o
marcapasso central coordenaria uma ampla rede de osciladores secundários, tanto
a nível de sistema nervoso central, quanto a nível periférico (Albrech, 2012).
Figura 1: Representação esquemática simplificada do Sistema de Temporização
Circadiana de mamíferos. Adaptado de Moore, 1999.
1.2.1 Vias sincronizadoras
O NSQ recebe informações ambientais e do estado fisiológico do indivíduo
para assegurar a correta sincronização com os ciclos geofísicos e endógenos. Essa
informação é conduzida para o marcapasso central através de projeções de uma
variedade de regiões encefálicas, mas principalmente da retina (Hendrickson et al.,
1972), do folheto intergeniculado (FIG) (Card e Moore, 1989) e os núcleos da rafe
(Meyer-Bernstein e Morin, 1996) (Fig. 2).
17
O tracto retino-hipotalâmico (TRH) conduz informação luminosa, sendo
formado por fibras originárias das células ganglionares intrinsecamente
fotossensíveis da retina (ipRGC) do tipo M1 e M2 (Baver et al., 2008; Paul et al.,
2009). Essas células expressam o fotopigmento melanopsina, sendo constituintes do
sistema não-formador de imagem (Dibner, 2010; Albrecht, 2012). Essa via percorre o
nervo óptico e destaca-se do quiasma óptico, ramificando-se bilateralmente no NSQ
(Hendrickson et al., 1972; Moore e Lenn, 1972; Moore, 1973). O TRH é considerado
a principal via sincronizadora dos ritmos circadianos ao ciclo claro/escuro, pois na
ausência de todas as outras vias visuais, esse trato é suficiente para manter a
sincronização comportamental (Klein e Moore, 1979) e a sua lesão resulta em perda
da sincronização, com persistência dos ritmos em livre-curso (Johnson et al., 1988a).
Embora o NSQ receba bilateralmente aferências retinianas através do TRH
em todos os mamíferos, esse padrão de inervação varia consideravelmente entre as
espécies, apresentando distribuição das projeções retinianas quase completamente
contralateral em sagüi (Costa et al.,1999), predominantemente ipsilateral em
mussaranho (Tokunaga et al.,1992) ou com quase completa simetria bilateral em
carneiro (Tessonneaud et al.,1994). Adicionalmente, no rato (Canteras et al., 2011),
gato (Murakami et al.,1989), rato-toupeira da Palestina (Negroni et al.,1997) e mocó
(Nascimento Jr et al., 2010), o TRH se ramifica predominantemente na porção
ventral do NSQ. Já no degus (Goel et al.,1999) e Arvicanthis niloticus (Smale e
Boverhof, 1999), o referido trato apresenta inervação ventral e lateral. Em
marsupiais, como o gambá-da-Virgínia (Didelphis virginiana) e Monodelphis
domestica (Cassone et al.,1988), o TRH ramifica-se dorsomedialmente. Já em
hamster (Johnson et al.,1988b) e camundongo esse trato preenche praticamente
todo o núcleo (Carneiro, 2000; Abrahamson e Moore, 2001).
Em ratos foi demonstrado que o TRH está dividido em dois componentes:
TRH-medial e TRH-lateral. O primeiro emerge diretamente do quiasma óptico,
inervando o NSQ, região peri-supraquiasmática e o núcleo hipotalâmico anterior,
fornecendo uma densa aferência bilateral para o NSQ, com clara prevalência
contralateral. O segundo se projeta para a área pré-óptica lateral e principalmente
para a parte retinorrecipiente da zona ventral do grupo anterior da área hipotalâmica
lateral e apresenta duas fontes área de fibras, um grupo de axônios que percorre
lateralmente o TGH-medial, e outra ascendente do tracto óptico (Canteras et al.,
2011).
18
A segunda via é o tracto genículo-hipotalâmico (TGH). Essa projeção aferente
ao NSQ é originada de neurônios retinorrecipientes do FIG e incide na porção
ventrolateral do NSQ (Harrington et al., 1987; Moga e Moore, 1997),
desempenhando a sua função através do NPY e do GABA (Harrington et al., 1985;
Moore e Card, 1994). O TGH foi confirmado anatomicamente em rato (Takatsuji e
Tohyama, 1989; Moore e Card, 1994), hamster (Harrington et al.,1985;1987; Morin e
Blanchard, 1995), degus (Goel et al.,1999) e Arvicanthis niloticus (Gall et al., 2014).
A terceira fonte de aferências para o NSQ é representada pela projeção
serotonérgica proveniente dos núcleos da rafe, mais especificamente, do núcleo
mediano (Moga e Moore, 1997; Yamakawa e Antle, 2010). Além disso, projeções
ascendentes serotonérgicas do núcleo dorsal da rafe inervam o FIG (Meyer-
Bernstein e Morin, 1996; Hay-Schmidt et al., 2003; Blasiak e Lewandowisk,
2003).Evidências indicam que a 5-HT originária do núcleo mediano da rafe modula
os efeitos fóticos do NSQ (Pontes et al., 2010) pelo controle da liberação de
glutamato a partir do TRH (Morin, 1999).
Figura 2: Representação esquemática simplificada das vias sincronizadoras.
Adaptado de Samuels et al. 2006. NSQ, núcleo supraquiasmático; FIG, folheto
intergeniculado; DR, núcleo dorsal da rafe; MR, núcleo mediano da rafe
19
1.2.2 Núcleo supraquiasmático (NSQ)
Dentre os componentes do STC de mamíferos, destaca-se um par de
aglomerados neuronais localizados no hipotálamo anterior, imediatamente dorsal ao
quiasma óptico e de cada lado do terceiro ventrículo, denominado de Núcleo
Supraquiasmático (NSQ) (van den Pol, 1991). Embora apresente variações quanto a
forma tridimensional, volume, densidade e tamanho de células, entre todas as
espécies estudadas, como rato (van den Pol, 1980; Moore, 1982; Morin et al., 2006),
camundongo (Abrahamsom e Moore, 2001; Morin et al., 2006), hamster (Card e
Moore, 1984), mocó (Kerodon rupestris) (Nascimento Jr et al., 2010) e diferentes
tipos de primatas (Moore, 1983; Bons et al., 1990; Mai et al., 1991; Costa et al.,
1998; Rocha et al., 2014), essa estrutura é considerada o marcapasso mestre,
responsável pelo controle da geração cíclica dos processos fisiológicos e
consequentemente dos comportamentos expressos pelos indivíduos (Cavalcante et
al., 2006; Golombek e Rosenstein, 2010).
Para corroborar a importância do NSQ, na geração dos ritmos biológicos,
diferentes abordagens experimentais foram utilizadas, como técnicas de ablações
(Moore e Eichler, 1972), eletrofisiológicas (Albus et al., 2005), neuroquímicas (Costa
et al., 1998; Morin, 2007), moleculares (Albrecht et al., 2001; Ueda et al., 2005) e de
transplante de tecido fetal (Lehman et al., 1987; Ralph et al., 1990).
Classicamente, os NSQ´s são núcleos heterogêneos quanto a sua natureza
neuroquímica e vias de projeções (aferentes e eferentes), sendo subdividido em
duas subregiões distintas, o cerne ou porção ventrolateral e a casca ou porção
dorsomedial (van den Pol, 1980; Mammen e Jagota, 2011). Essa subdivisão
evidencia a compartimentalização funcional dessa estrutura, tanto na decodificação
da informação fótica, quanto na geração da ritmicidade intrínseca de cada porção
(Moore et al., 2002; de la Iglesia et al., 2004).
Fenotipicamente, o cerne é definido pela presença de células imunorreativas
ao peptídeo intestinal vasoativo (VIP), peptídeo liberador de gastrina (GRP) (Antle e
Silver, 2005) e calbindina (CB), além de apresentar, embora de maneira escassa,
neurotensina (NT) e calretinina (CR) (Moore et al., 2002; Welsh et al., 2010).
Adicionalmente, essa porção recebe aferências retinianas, FIG e da área pré-tectal
através dos seus respectivos tractos, TRH, TGH e pretecto-hipotalâmico (Morin,
2013), bem como, projeções de fibras serotonérgicas do núcleo mediano e dorsal da
rafe (Meyer-Bernstein e Morin, 1999; Hay-Schmidt et al., 2003). Já em relação as
20
suas eferências, o cerne projeta para diferentes núcleos hipotalâmicos, como a área
peri-supraquiasmática, a zona subparaventricular (SZPV) e a área tuberal ventral;
talâmicos, incluindo o núcleo paratenial e o paraventricular (PVT) e
prosencenfálicos, abrangendo o núcleo septal lateral (Leak e Moore, 2001).
Acredita-se que a função do cerne pode ser usar informações visuais primárias e
secundárias para sincronizar os mecanismos do NSQ e convergir essa informação
para a casca e para regiões inervadas por essa própria porção (Leak e Moore,
2001).
A casca é caracterizada pela maciça presença de neurônios que expressam a
arginina vasopressina (VP-IR), além de angiotensina II, encefalina (ENK) e CB
(Abrahamson e Moore, 2001; Welsh et al., 2010). Além disso, essa porção recebe
aferências do cerne (Morin, 2006), do tronco encefálico (Bina et al., 1993),
hipotálamo (Panula et al., 1989; Wada et al., 1991), tálamo e sistema límbico (Moga
e Moore, 1997) e enviam densamente projeções para a SZPV, núcleo dorsomedial
(DMH) e paraventricular do hipotálamo (PVN), bem como, para o PVT (Abrahamson
e Moore, 2001; Leak e Moore, 2001). Teoriza-se que o papel predominante dessa
porção seria integrar as informações do cerne com aferências hipotalâmicas e
límbicas, para fornecer um sinal temporal preciso para os efetores comportamentais
(Leak e Moore, 2001).
Apesar do alto grau de variabilidade neuroquímica entre as espécies, vários
outros compostos neuroativos, que atuam como neurotransmissores e
neuromoduladores foram descritos em terminais ou pericários do NSQ. O
neuropeptídeo Y (NPY), principal composto neuromodulador da ritmicidade biológica
(Card e Moore, 1984; Albers et al., 1984) foi evidenciado apenas em terminais e
fibras, predominantemente na porção ventral do NSQ em camundongo
(Abrahamsom e Moore, 2001), hamster (Card e Moore, 1984), sagui (Callitrix jaccus)
(Costa et al., 1998; Cavalcante et al., 2002), macaco-prego (Cebus apella) (Pinato et
al., 2009), rato-toupeira da Palestina (Spalax ehrenbergi) (Negroni et al., 1997), rato-
toupeira da África do Sul (Cryptomys hottentotus) (Negroni et al., 2003), degus
(Octodon degus) (Goel et al., 1999), Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999) e
mocó (Nascimento Jr et al., 2010). Contudo, no ouriço Echinops telfairi (Künzle e
Unger, 1992) e em duas espécies de primatas, Microcebus murinus (Bons et al.,
1990) e em humanos (Mai et al., 1991), corpos celulares imunorreativos a NPY
(NPY-IR) foram encontrados no NSQ.
21
A serotonina (5-HT), proveniente principalmente dos núcleos da rafe, também
foi descrita em fibras/terminais em camundongo (Abrahamsom e Moore, 2001),
hamster (Card e Moore, 1984), sagui (Costa et al., 1998; Cavalcante et al., 2002),
gato (Ueda et al.,1983), rato (Ueda et al.,1983; van den Pol e Tsujimoto, 1985), rato-
toupeira da Palestina (Negroni et al.,1997), rato-toupeira da África do Sul (Negroni et
al.,2003), Macaca fuscata (Ueda et al.,1983) e mocó (Nascimento Jr et al., 2010).
O ácido gama amino-butírico (GABA), que é sintetizado pela maioria dos
neurônios do NSQ (Moore e Speh, 1993), apresenta co-localização com uma
variedade de neuropeptídeos, evidenciando uma ampla distribuição espacial desse
neurotransmissor (Antle e Silver, 2005; Buijs et al., 1995).
A proteína acídica fibrilar glial (GFAP), proteína estrutural de astrócitos, foi
descrita no NSQ de hamster e rato (Morin et al., 1989), mocó (Nascimento Jr et al.,
2010), Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999) e em humanos (Mai et al.,
1991). Já a NeuN, proteína nuclear neuronal, foi observada no NSQ de macaco-
prego (Cebus apella) (Nascimento et al., 2010), hamster e camundongo (Morin et al.,
2011).
Além dessas substâncias supracitadas, elementos imunorreativos a
substância P (Smale et al., 1991; Costa et al., 1998; Moore et al., 2002),
somatostatina (Moore e Card, 1984; Abrahamsom e Moore, 2001; Moore et al.,
2002), galanina (Mai et al., 1991; Abrahamsom e Moore, 2001), fator liberador de
corticotrofina (Smale e Boverhof, 1999; Morin et al., 2006), colecistoquinina,
bombesina, dopamina e hormônio liberador de tireotropina (van den Pol e Tsujimoto,
1985) também foram identificados no NSQ. Sugere-se que a variabilidade no
conteúdo neuroquímico desse núcleo reflete o funcionamento diferenciado dos
mecanismos de sincronização de cada espécie (Cavalcante et al., 2006).
O NSQ apresenta proteínas ligantes de cálcio (PLCa), como CB, CR e
parvalbulmina (PV). Essas PLCa estão associadas a diminuição e controle da
concentração citoplasmática do íon cálcio, sendo responsáveis pela diminuição da
amplitude dos sinais de cálcio (Hof et al., 1999). A CB já foi descrita em neurônios
do NSQ de sagüi (Costa e Britto, 1997; Costa et al., 1998), rato (Celio, 1990; Rogers
e Résibois, 1992; Arvanitogiannis et al., 2000), Arvicanthis niloticus (Mahoney et al.,
2000), Rattus novergicus (Mahoney et al., 2000), mocó (Nascimento Jr et al., 2010),
camundongo (Ikeda e Allen, 2003), hamster (Silver et al., 1996), lêmure (Microcebus
murinus) (Cayetanot et al., 2007) e humano (Mai et al., 1991). CR foi identificada em
pericários de NSQ de Arvicanthis niloticus (Marshall et al., 2000), mocó (Nascimento
22
Jr et al., 2010), camundongo (Ikeda e Allen, 2003) e rato (Résibois e Rogers, 1992).
PV foi identificada no NSQ de gato (de Leon et al.,1995), contudo, está ausente no
sagüi (Costa et al., 1998), rato (Celio, 1990), macaco de cheiro (Saimiri sciureus)
(Fortin e Parent, 1997) e mocó (Nascimento Jr et al., 2010).
1.2.3 Vias eferentes
Sinais eferentes provenientes do NSQ transmitem informações de
temporização circadiana para as demais estruturas encefálicas e periféricas. Uma
das características das projeções do NSQ é que essas eferências percorrem
pequenas distâncias para inervar distritos talâmicos, hipotalâmicos e prosencefálicos
(Morin, 2013) (Fig.3). Apesar das variações intraespecíficas, as projeções do NSQ
se destinam às áreas hipotalâmicas anterior, posterior e lateral, às áreas
retroquiasmática e pré-óptica medial (Morin, 1994; Cavalcante et al., 2006).Dentro
do hipotálamo, as fibras se projetam para a SZPV, PVN (Leak e Moore, 2001),
núcleo ventromedial e DMH (Morin, 2013). Além disso, algumas projeções extra-
hipotalâmicas inervam o PVT, substância cinzenta periaquedutal rostral (Leak e
Moore, 2001), núcleo intersticial da estria terminal e o sistema límbico, nesse último,
principalmente através do PVN e PVT (Leak e Moore, 2001).
23
Figura 3: Representação esquemática simplificada das vias eferentes, enfatizando
as porções do NSQ. Adaptado de Leak e Moore, 2001. MSPVZ, porção medial da
zona subparaventricular; POA, área pré-óptica; DMH, núcleo dorsomedial do
hipotálamo; PVH, núcleo paraventricular do hipotálamo; BST, núcleo intersticial da
estria terminal; ZI, zona incerta; PVT, núcleo paraventricular do hipotálamo; PT,
núcleo paratenial; PSCN, região perisupraquiasmática; LSPVZ, porção lateral da
zona subparaventricular; VTU, área tuberal ventral e LS, núcleo septal lateral.
1.2.4 Folheto intergeniculado (FIG)
Em espécies não-primatas, interposta entre o núcleo geniculado lateral ventral
(GLV) e o núcleo geniculado lateral dorsal (GLD) do complexo geniculado lateral do
tálamo, encontra-se uma fina lâmina celular, o FIG (Hickey e Spear, 1976). Por
muitos anos, acreditava-se que essa estrutura fazia parte do GLV. Apenas com
métodos imuno-histoquímicos (Hickey e Spear, 1976; Mantyh e Kemp, 1983) e
radiográficos (Swason et al., 1974; Ribak e Peters, 1975) foi possível demonstrar a
sua distinta característica neuroquímica e morfológica, bem como, determinar suas
conexões e delimitações (Lewandowski e Blasiak, 2004). Nos primatas, a estrutura
homóloga ao FIG é o núcleo pré-geniculado (NPG) (Moore, 1989; Van der Gucht et
24
al., 2003) e no gato, é a divisão magnocelular do GLV (Pu e Pickard, 1996; Van der
Gucht et al., 2003; Nakamura e Itoh, 2004).
Como o NSQ, o FIG recebe aferência retiniana binocular direta das mesmas
ipRGC que se projetam para o marcapasso circadiano, atingindo ambas as
estruturas após a bifurcação dos seus axônios(Pickard, 1985; Morin et al., 2003). O
TGH origina-se parcialmente de células que expressam NPY, que se projetam
predominantemente a partir do FIG para o NSQ (Blasiak e Lewandowski, 2013).
Essa característica foi confirmada por estudos de lesões do FIG, o que provoca uma
drástica redução na quantidade de terminais NPY-érgicos no NSQ (Morin e
Blanchard, 2001).
Quanto ao seu aspecto neuroquímico, o FIG é caracterizado pela presença de
elementos imunorreativos a NPY (Card e Moore, 1989; Laemle et al.,1993;
Harrington et al., 1985; 1987; Ueda et al.,1986; Hostetler et al., 2013), GABA (Moore
e Speh, 1993; Agarwala et al., 1992a; 1992b), ENK (Mantyh e Kemp, 1983; Morin et
al.,1992; Moore e Speh, 1993; Conley e Freiderich-Ecsy, 1993), óxido nítrico
(Nascimento Jr et al., 2010) e Substância P (Takatsushi et al.,1989; Samuels et al.,
2006). Fibras/terminais imunorreativos a 5-HT (5-HT-IR) também foram detectadas
nessa estrutura (Morin et al.,1982; Card e Moore, 1984; Goel et al.,1999; Negroni et
al., 2003). Além disso, foi observada imunorreatividade a GFAP (Morin et al., 1989;
Smale e Boverhof, 1999; Nascimento Jr et al., 2010), CB (Celio, 1990; Carneiro,
2000; Cavalcante et al., 2008; Negroni et al.,2003) e CR (Arai et al., 1993; Carneiro,
2000; Cavalcante et al., 2008).
Em roedores, existem basicamente dois tipos populações celulares no FIG. A
primeira é caracterizada pela co-localização de GABA e ENK e, se projeta
exclusivamente para o FIG contralateral e a segunda, apresenta co-localização com
GABA e NPY, projetando-se predominantemente para o NSQ através do TGH
(Moore, 1992; Morin e Allen, 2006). Em hamster, ainda pode ser identificado um
terceiro tipo subpopulação, com co-localização com neurotensina e NPY (Morin e
Banchard, 1995).
As principais conexões aferentes para FIG são provenientes da retina, do
NSQ (bilateralmente) e do FIG contralateral (Moore e Card, 1994; Tang et al., 2002).
Além dessas projeções, o FIG também é inervado por áreas do córtex pré-frontal,
núcleo hipotalâmico ventromedial, área retroquiasmática, zona incerta, a parte
magnocelular do núcelo subparafascicular, núcleo dorsal da rafe, as camadas
25
profundas do colículo superior, núcleo cuneiforme e o locus coeruleus (Vrang et al.,
2003) (Fig.4).
Figura 4: Representação esquemática simplificada das vias aferentes do FIG.
Adaptado de Vrang et al. 2004. ZI, zona incerta; SPF, parte magnocelular do núcelo
subparafascicular; SCN, núcleo supraquiasmático; VMH, núcleo ventromedial do
hipotálamo; SC; colículo superior; CUN, núcleo cuneiforme; LC, locus coeruleus;
RCh, área retroquiasmática; DR, núcleo dorsal da rafe, IGL, folheto intergeniculado.
26
Em relação as suas eferências, o FIG, em ratos, se projeta para além do
NSQ, inervando as áreas hipotalâmicas anterior, posterior e dorsal; a área
retroquiasmática; a ZSPV; o núcleo dorsomedial; os núcleos talâmicos da linha
média, incluindo o reuniens, rhomboide e paraventricular; o núcleo lateral posterior
do tálamo; a substância cinzenta periaquedutal, a zona incerta; núcleo do tracto
óptico; a área pré-tectal medial; o núcleo olivar pré-tectal, a camada cinzenta
superficial do colículo superior e os núcleos terminais lateral e dorsal do sistema
óptico acessório (Moore et al., 2000) (Fig. 5).
Figura 5: Representação esquemática simplificada das vias eferentes do FIG em
ratos. Adaptado de Moore, 2000. RE, núcleo reuniens; RH, núcleo rhomboide; PVT,
núcleo paraventricular do tálamo; ZI, zona incerta; ZSPV, zona subparaventricular;
LP, núcleo lateral posterior do tálamo; LTN, núcleo terminal lateral do sistema óptico
acessório e DTN, núcleo termianal dorsal do sistema óptico acessório.
27
Em uma sequência de trabalhos, os pesquisadores Morin e Blanchard
demonstraram as eferências do FIG em hamster. Em um estudo inicial, com o uso
de fluorogold como traçador retrógrado, forma observadas projeções do FIG para o
NSQ, para o FIG contralateral e para o núcleo talâmico limitante posterior (Morin e
Blanchard, 1995). Em um trabalho posterior, esses autores descrevem conexões
com todo o complexo geniculado lateral, núcleo lateral posterior do tálamo, núcleo
limitante posterior, núcleo pré-tectal anterior, núcleo do tracto óptico, núcleo olivar
pré-tectal, núcleo pré-tectal comissural, núcleo pré-tectal medial, núcleo pré-tectal
posterior e colículo superior (Morin e Blanchard, 1998). A partir dos resultados desse
trabalho aventou-se a hipótese da participação do FIG no controle motor ocular.
Posteriormente, com o uso do traçador anterógrado PHA-L foram descritas
eferências do FIG para o prosencéfalo, incluindo a divisão anterior do núcleo
intersticial da estria terminal, porção horizontal da banda diagonal de Broca e porção
intermédia do núcleo septal (Morin e Blanchard, 1999). Áreas tronco-encefálicas,
como núcleo do nervo óculo-motor, do nervo troclear, de Edinger-Westpal, do trato
óptico, núcleo lateral e dorsal do pedúnculo-pontino, substância cinzenta
periaquedutal supra-oculomotora, núcleo intersticial do fascículo longitudinal medial,
oliva inferior, núcleo interpósito da rafe, os núcleos terminais e todas as camadas do
colículo superior foram descritas como alvos de projeções do FIG. A presença dessa
inervação no tronco encefálico permitiu a teorização da participação do FIG nos
mecanismos de regulação de sono-vigília e vísuomotores (Morin e Blanchard, 2005).
Quanto a sua funcionalidade, postula-se que o FIG participa da regulação do
ciclo sono-vigília, do controle visuomotor e da ritmicidade circadiana (Harrington
1997; Morin e Blanchard, 2005). Nesse último aspecto, estudos farmacológicos e/ou
de lesões revelam que o FIG não está diretamente envolvido com a sincronização
dos ritmos endógenos ao CE, mas na verdade, é responsável pela modulação fótica
e não fótica dos ritmos biológicos (Dark e Asdourian, 1975; Harrington e Rusak,
1986; Pickard et al., 1987; Johnson et al., 1989).
O fato do FIG ser uma área retinorrecipiente com projeções para o NSQ
permitiu à teorização de que essa estrutura poderia ser um relé para uma via
alternativa de sincronização fótica. Contudo, como citado anteriormente, foi
observado que o TRH é suficiente para esse tipo de sincronização (Klein e Moore,
1979). Em rato (Dark e Asdourian, 1975) e hamster (Harrington e Rusak, 1986;
Pickard et al., 1987; Johnson et al., 1989), a lesão bilateral do FIG não altera a
sincronização do ritmo de atividade a um CE em condições controladas e nem
28
modifica a fase do ritmo de N-acetil-serotonina da pineal de ratos (Cipolla Neto et al.,
1995).
Embora esses dados indiquem que o FIG não está diretamente envolvido com
a sincronização fótica, diversos aspectos comportamentais corroboram a sua
importância para a modulação da ritmicidade biológica. Em camundongos, a lesão
bilateral do FIG alonga o período do ritmo de atividade em livre-curso sob escuro
constante, mas não em claro constante (Pickard, 1994) e em rato, resulta na
perturbação da sincronização a um fotoperíodo esqueleto (Edelstein e Amir, 1999).
Em hamster, ablações do FIG prolongam o tempo de ressincronização a mudanças
de fases em ciclo claro/escuro (Harrington e Rusak, 1986; Johson et al., 1989),
modificam o ângulo de fase de sincronização a um ciclo escuro sinusoidal (Pickard,
1989).Também em hamsters, a lesão do FIG diminue a frequência do fenômeno de
bipartição (spliting) dos NSQ em condições de claro constante (Harrington e Rusak,
1988), altera mudanças de fase a pulsos de luz agudos em escuro constante e
suprime a resposta de alongamento do período normalmente provocado pelo claro
constante (Pickard et al., 1987).
Em espécies diurnas, como o degus, a lesão bilateral do FIG resulta em um
significativo avanço e alongamento da fase ativa do ciclo desse animal, sobre
condições controladas de iluminação (CE 12:12) (Goel et al., 2000). No Arvicanthis
niloticus, esse mesmo tipo de trauma induz o aumento do atividade locomotora após
pulsos de escuro em claro constante e diminui esse mesmo tipo de atividade após
pulsos de claro em escuro contante (Gall et al., 2013). Ablações do FIG também
aumentam a atividade locomotora principalmente durante a fase escura (CE12:12) e,
durante a noite subjetiva em condições constantes de iluminação nesse roedor
diurno (Gall et al., 2013).
Adicionalmente, evidências fornecidas por diferentes abordagens
experimentais apontam que o FIG/TGH modula a sincronização dos ritmos
circadianos a estímulos não fóticos (Challet e Pèvet, 2003). Mudanças de fase
induzidas por restrição alimentar em ratos (Challet et al., 1996); corrida forçada em
camundongos (Marchant et al., 1997); além de nova roda de atividade (Mrososovsky
et al.,1992; Biello et al.,1994; Wickland e Turek, 1994; Janik e Mrosovisky, 1994) e
injeções de triazolam (Johnson et al., 1988a; Schuhler et al., 1999) ou
clordiazepóxido (Biello et al., 1991; Meyer et al., 1993) em hamster são bloqueadas
ou suprimidas por lesões no FIG/TGH.
29
Outro indicador do papel do FIG na mediação de efeitos de mudança de fase
a estímulos não fóticos é apoiado pela própria estimulação elétrica dessa estrutura
(Rusak et al., 1989); por infusões de NPY (Albers et al., 1984; Huhman e Albers,
1994), anticorpos anti-NPY (Biello et al., 1994), N-metil-aspartato (Johson et
al.,1988c) ou glutamato (Meijer e Harrington, 1993) dentro do NSQ e por micro-
aplicações de NPY no NSQ in vitro (Medanic e Gillete, 1993; Shibata e Moore,
1993). Ambos os estímulos produzem uma curva de resposta dependente de fase
(CRF) diferente daquela produzida pela luz, assemelhando-se, na verdade, a um
CRF não-fótica. Essa similaridade nas CRF incluem o avanço de fase durante o dia
subjetivo e o atraso de fase ao longo da noite subjetiva. Sugere-se que esse
fenômeno é um mecanismo de retroalimentação, que regula a função do NSQ, de
maneira diferente do que faz a luz (Cavalcante et al., 2006).
A hipótese do papel não-fótico do FIG na ritmicidade circadiana é corroborada
pela expressão da proteína do gene c-fos (Fos) (Edelstein e Amir, 1995; Janik et al.,
1995; Mikkelsen et al., 1998). Para esse tipo de estímulo foi observado a maior
expressão de Fos no FIG durante o dia subjetivo (Mikkelsen et al., 1998),
principalmente nas células NPY-érgicas (Janik et al., 1995).
1.4 O morcego Artibeus planirostris
Os morcegos, em sua maioria, são exclusivamente noturnos (Rydell e
Speakman, 1995; Speakman, 2001) e constituem uma das ordens – Chiroptera –
mais diversificadas dos mamíferos, sendo os únicos que apresentam real
capacidade do vôo, como relata a denominação grega: cheir (mão) e pteron (asa)
(Reis et al., 2007). O esqueleto desses animais é adaptado ao vôo, com ossos finos,
tubulares e leves. A capacidade de voar e a ecolocalização são creditadas como as
mais importantes características responsáveis pela dispersão desses indivíduos no
planeta (Simmons, 2005). Essa ampla distribuição mundial não está apenas refletida
na variedade de habitats explorados por esses animais (regiões temperadas e
tropicais, com exceção de algumas ilhas oceânicas e a Antártica), mas também na
riqueza de espécies, formando a segunda maior ordem de mamíferos, com cerca de
200 gêneros e 1100 espécies (Kunz e Lumsden, 2003; Simmons, 2005).
Tradicionalmente, os quirópteros são divididos em duas subordens
monofiléticas, Megachiroptera e Microchiroptera, de acordo com características
moleculares (Madsen et al., 2001; Murphy et al., 2001; Springer et al., 2004) e
30
morfológicas (Simmons, 1994; Van Den Bussche et al., 1998). A primeira
compreende as maiores formas de morcegos, agrupadas em uma única família
(Pteropodidae), sendo encontrados em trópicos e subtrópicos apenas no Velho
Mundo (Neuweiler, 2000). Devido ao seu porte (1,7m de envergadura e 1,5kg de
peso) e as suas características faciais, os megaquirópteros são conhecidos
popularmente como “raposas-voadoras” (Reis et al., 2007). Já a segunda, apresenta
distribuição cosmopolita, não ocorrendo em regiões polares e ilhas muito afastadas
das massas continentais, sendo formada por 17 famílias e 928 espécies (Hutson et
al., 2000; Simmons, 2005). Esses animais pesam entre 2 e 196g (Aguiar e Taddei,
1995), com comprimento de antebraço variando de 22,5 a 115 mm (Hutson et al.,
2000).
Entretanto, essa classificação tem sido contrariada por estudos filogenéticos
baseados em dados moleculares (Van Den Bussche et al., 1998; Hutcheon et
al.,1998). Estudos apontam que alguns grupos de morcegos com ecolocalização
sofisticada compartilham um ancestral comum com as “raposas-voadoras”,
sugerindo a parafilia dos quirópteros (Van Den Bussche e Hoofer, 2004; Teeling et
al., 2005; Teeling, 2009). Dessa forma, a família Pteropodidae e mais cinco famílias
de microquirópteros foram agrupados na subordem Yinpterochiroptera, e as famílias
restantes, incluindo a Phyllostomidae, na subordem Yangochiroptera (Figura 3)
(Jones e Teeling, 2006; Teeling et al., 2012). No território brasileiro, são conhecidas
nove famílias de microquirópteros, dentre essas, a família Phyllostomidae, a qual
pertence o Artibeus planirostris (Figura 4). Esse animal tem tamanho médio, com
massa corporal entre 40 a 69 g, amplitude de braço de 62 a 73mm (Hollis, 2005) e
comprimento do corpo variando de 7,5 a 11 cm (Reis et al.,2013).
O morcego A. Planirostris apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo
em zonas tropicais de diversos países ao longo da metade norte da América do Sul
(Hollis, 2005). É um morcego comum em muitas regiões do Brasil (Zortéa, 2007),
inclusive no Rio Grande do Norte (Figura 5), habitando fragmentos de mata, em
áreas de floresta úmida ou xeromórfica, utilizando folhagem e ocos de árvores como
abrigo (Reis et al., 2013). Embora tenha sido registrada em diferentes horários ao
longo do período noturno, essa espécie é mais ativa no início da noite, sobretudo na
segunda e terceira hora após o crepúsculo (Bernard, 2002).
31
Figura 6: Árvore molecular das famílias de morcegos existentes. Família do
modelo experimental em destaque. Adaptado de Jones e Teeling, 2006
Morfologicamente, o A. planirostris possui pelagem castanho-clara ou cinza-
clara, curta, pouco densa e áspera; a face apresenta listras quase imperceptíveis; o
antebraço apresenta poucos pelos; as pontas das asas são esbranquiçadas; não
possui cauda; as orelhas são curtas com pontas arredondadas e o trago (apêndice
membranoso na abertura auricular) também é curto, ambos de coloração não
diferenciada (Simmons e Voss 1998; Haynes e Lee Jr., 2004; Hollis, 2005; Aguirre et
al., 2009; Miranda et al., 2011; Reis et al., 2013).
32
Figura 7: Macho adulto joven do morcego Artibeus planirostris
(Foto: Marília Barros).
33
Figura 8: Distribuição geográfica do Artibeus planirostris (em amarelo).
(Fonte: The IUCN Red List).
O mocego A. planirostris é solitário ou pode formar pequenas colônias de 6-
15 indivíduos, apresentando dieta predominantemente frugívora, no entanto, a sua
alimentação pode ser complementada com recursos florais (néctar e pólen)
(Beguelini et al., 2013). Esse quiróptero é oportunista, utilizando principalmente
habitats fechados, onde forrageia junto à vegetação (Bernard, 2002). Apresenta
estratégia de forrageio do tipo “coletor” (gleaning), caracterizada pela captura de
alimentos relativamente estacionários junto à superfície, diferentemente dos
morcegos “aéreos” (aerial), que capturam presas durante o vôo (Kalko et al., 1996).
Quanto à reprodução, esse quiróptero apresenta período gestacional de 3,5
meses, normalmente com o desenvolvimento de apenas um único filhote e exibe
poliestria bimodal sazonal, com pico reprodutivo de fevereiro a março e de outubro a
novembro (Beguelini et al., 2013).
31
2. JUSTIFICATIVA
Considerando a importância do STC na adaptação temporal dos organismos
vivos é fundamental conhecer a especificidade neuroquímica e das projeções
retinianas desse sistema em uma maior variedade de espécies, com o intuito de
melhor explorar sua função e elucidar muitas questões pertinentes a sua
constituição e ao seu padrão de desenvolvimento evolutivo.
No que se refere a estudos de mapeamento anatômico cerebral, o morcego
Artibeus planirostris é uma espécie pouco explorada, apresentando amplo campo de
estudos e uma oportunidade única de perceber adaptações relativas ao voo em um
mamífero voador.
Quanto a determinação do nicho temporal das espécies, esse estudo pode
fornecer subsídios para o entendimento dos padrões temporais de atividade de
animais diurnos, crepusculares e noturnos.
Em face ao cenário controverso quanto à monofilia dos quirópteros, a
pesquisa visa contribuir para esclarecer as relações filogenéticas desses animais e
também do próprio STC, oferecendo o substrato necessário para estudos
comparativos desse grupo e do referido sistema.
Adicionalmente, o trabalho também tem como objetivo estabelecer o morcego,
como modelo experimental para posteriores investigações filogenéticas e
cronobiológicas.
32
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Caracterizar neuroquímica e morfologicamente o NSQ e o FIG do morcego
Artibeus planirostris.
3.2 Específicos
Delimitar citoarquitetônicamente o NSQ e FIG;
Caracterizar o padrão de aferência retiniana para o NSQ e FIG;
Caracterizar o conteúdo neuroquímico do NSQ e FIG.
.
33
4. METODOLOGIA
4.1 Sujeitos:
Para a realização deste projeto foram utilizados 13 (treze) exemplares
machos do morcego Artibeus planirostris, pesando em média de 41,34g. Os
morcegos foram classificados como adultos jovens baseados na coloração da
pelagem, no desgaste dos dentes, na ossificação da articulação metacarpo-
falangeana das asas e na evidência dos testículos.
Os animais foram obtidos por captura na borda de um fragmento de
vegetação, no Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (CB/UFRN) (Coordenadas em UTM: 25M 256251 / 9353764) e em um
agrupamento arbóreo, nas proximidades da Reitoria da referida instituição de ensino
(Coordenadas em UTM: 25M 256226 / 9354214), mediante autorização do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) (Licença SISBIO Nº 25233-2).
Para a captura dos animais foram utilizadas de uma a três redes de neblina
Ecotone® de nylon, dimensões 12 x 3 m e tamanho de malha 19 x 19 mm. As redes
foram armadas no nível do solo e, em cada noite de captura, foram abertas logo
após o pôr do sol e permaneceram expostas por duas horas consecutivas.
Cada indivíduo capturado foi analisado quanto ao sexo e à faixa etária.
Foram mantidos em sacos de algodão até o término da amostragem e transportados
até o laboratório de Neuroanatomia. Os demais indivíduos que não eram
caracterizados como adultos jovens foram soltos no mesmo local da captura.
Antes do procedimento experimental e após a injeção intra-ocular de
traçador retrógrado, os animais foram acomodados no biotério do Departamento de
Morfologia da referida instituição de ensino (DMOR/UFRN), em gaiolas medindo
0,50 x 0,70 x 0,35m, onde havia caixas ninho medindo 0,15 x 0,13 x 0,29m. Os
animais foram expostos a condições naturais de luminosidade, temperatura e
umidade, com comida e a água ad libitum. Os morcegos foram acompanhados
durante a pesquisa por um médico veterinário, para atestar as boas condições de
saúde desses animais.
A totalidade dos procedimentos experimentais deste plano de trabalho foi
aprovada pela Comissão de Ética o Uso de Animais da Universidade Federal do Rio
34
Grande do Norte (CEUA/UFRN) (Protocolo nº 009/2012), sendo executados no
laboratório de Neuroanatomia, vinculado ao DMOR/UFRN.
Todos os cuidados foram tomados no sentido de evitar dor e sofrimento aos
animais durante os procedimentos experimentais, seguindo estritamente as normas
e princípios estabelecidos pela Lei Arouca (11.794/08), para o uso científico de
animais (Brasil, 2008) e pela National Research Council of the National Academy
publicadas no livro “Guidelines for the Care and Use of Mammals in Neuroscience
and Behavioral Research”. Esta última possui uma versão em formato pdf,
disponível gratuitamente no site da Sociedade de Neurociências e Comportamento
(SBNeC) – http://www.sbnec.gov.br/links.
4.2 Procedimentos experimentais
4.2.1 Anestesia
Os animais foram anestesiados com uma combinação medicamentosa, de
propriedades analgésicas, anestésicas e de relaxamento muscular. A administração
dessa solução ocorreu por meio de injeção intramuscular, até que o sujeito
experimental atingisse o plano anestésico. As substâncias utilizadas foram o
cloridrato de tramadol (5mg/Kg), potente analgésico contra dores de intensidade
moderada a grave; o diazepam (0,5mg/Kg), benzodiazepina de ação central, que
induz ao estado de sedação, hipnose, amnésia e apresenta características anti-
convulsionantes; o cloridrato de cetamina(5mg/Kg), anestésico dissociativo, que
causa sedação, imobilidade e analgesia e o cloridrato de xilazina (0,5mg/Kg), um
relaxante muscular, que potencializa a ação da maioria das drogas anestésicas.
Acrescido a isso, foi instilado 1 gota de tetracaína oftalmológica, no olho submetido a
infusão de CTb.
4.2.2 Injeção intra-ocular
Após a aplicação do anestésico, os animais foram submetidos a uma injeção
intraocular unilateral de 15 µl de uma solução aquosa da subunidade B da toxina
colérica (CTb) (List Biological Laboratories, Inc., Campbell, CA) a 5 % contendo
dimetilsufóxico (DMSO) a 10% para aumentar a permeabilidade e
35
conseqüentemente melhorar a captação do CTb. A injeção foi aplicada no olho
esquerdo, utilizando-se uma agulha de calibre 30 (8,00mm x 0.3mm), lentamente,
sob pressão, com auxílio de uma micro-bomba propulsora. Esse equipamento
impulsiona a solução em um fluxo de 0,8 l/min. A agulha foi introduzida na junção
esclero-corneal, atingindo o corpo vítreo, em um ângulo de aproximadamente 45º,
sendo retirada 15 minutos após ter cessado o fluxo. Esse procedimento objetiva
diminuir um possível refluxo da solução.
Durante o período de recuperação (5 dias) os animais retornaram para as
gaiolas de origem onde receberam antibioticoterapia, com Cefalotina® e um
antiinflamatório, Meloxican® por via intramuscular, além de suplementação com o
complexo vitamínico Bionew® (Vetnil, Louveira, SP) pela via subcutânea. Após esse
período de sobrevida, os animais foram novamente anestesiados, com o mesmo
protocoloco anestésico do procedimento cirúrgico e, posteriormente foram
perfundidos.
4.2.3 Perfusão
Ao atingir o plano anestésico, cada animal foi perfundido transcardiacamente,
em capela de exaustão. O animal foi posicionado em decúbito dorsal, sobre tela de
arame sob ponto de água e submetido à toracotomia, com incisão de pele, músculos
e arco costal, sendo esses removidos em bloco, para exposição do coração. Logo
em seguida, foi realizada a cardiopunção no ventrículo esquerdo, utilizando agulha
de 16G (1,6 x 17 mm), a qual foi direcionada para a aorta ascendente e, logo após
esse procedimento, seccionou-se o átrio direito para escoamento do líquido vascular.
A agulha foi conectada a uma bomba peristáltica (Masterflex, Cole-Parmer, Niles, IL),
infundindo-se pelo leito vascular 150 ml de solução salina a 0,9% em tampão fostato
(PBS) 0,1M, pH 7,4, acrescida com heparina (Parinex, 5000 UI/ml, Hipolabor, Belo
Horizonte, MG) na concentração de 2ml/L, à temperatura ambiente, com velocidade
de 6 ml/minuto. Posteriormente, foram infundidos 300 ml de solução fixadora
(formaldeído a 4%, Dinâmica, Diadema, SP) em PBS 0,1M, pH 7,4, passando-se a
primeira metade dessa solução, a um fluxo de 6 ml/minuto e o restante a 3
ml/minuto. Todos os animais foram perfundindos durante a fotofase (ZT10-12).
A utilização da solução heparinizada tem como objetivo lavar o sistema
circulatório do animal, prevenindo a formação de coágulos e possibilitando a melhor
penetração de fixador nos tecidos.
36
4.2.4 Remoção dos encéfalos
Concluída a etapa da perfusão, os encéfalos foram retirados da cavidade
craniana, por fratura dos ossos da calota craniana, com o uso de broca e trocater.
Em seguida, foram pós-fixados na mesma solução fixadora por duas horas e
posteriormente transferidos para uma solução de sacarose 30% (Dinâmica,
Diadema, SP) em PBS 0,1 M, pH 7,4 a 4°C, até serem submetidos à microtomia.
4.2.5 Microtomia e Técnica de Nissl
Finalizada a etapa de pós-fixação e imersão em tampão sacarose a 30%,
os encéfalos foram congelados em gelo seco e seccionados em um micrótomo
horizontal de deslizamento, obtendo-se cortes coronais de 30 µm. Essas secções
foram distribuidas sequencialmente em 6 compartimentos, em uma solução anti-
congelante (PBS 0,05 M, pH 7,4, Etileno glicol e sacarose). Cada um desses
compartimentos apresentava 1 de 6 secções, de modo que a distância entre uma
secção e a seguinte seja de aproximadamente 180 µm.
De cada sujeito experimental, as secções contidas em um dos
compartimentos foram submetidas à coloração citoarquitetônica pelo método de
Nissl, utilizando o corante tionina. Através dessa técnica todas as células são
marcadas, proporcionando a possibilidade de identificá-las através de seus
tamanhos, formas e localizações. Esse procedimento é feito com cada um dos
animais utilizados, uma vez, que podem ocorrer diferenças individuais nas
estruturas encefálicas.
Os cortes dos demais compartimentos foram armazenados em solução anti-
congelante e conservados a -20 ºC para posterior utilização em procedimentos
imuno-histoquímicos.
4.2.6 Imuno-histoquímica
As demais séries de secções foram submetidas à análise imuno-histoquímica,
empregando o protocolo ABC (avidina-biotina complexo peroxidadase; ABC, kit Elite,
Vector labs, Burlingame, CA) para marcação simples com imunoperoxidade. Nessa
análise, cortes de uma série foram submetidos a imuno-histoquímica para revelação
37
de CTb, com a finalidade de detectar-se os alvos das projeções retinianas e os
compartimentos restantes foram expostos ao mesmo procedimento, para identificar
a expressão de substâncias neuroativas, como VP, VIP, NPY, 5-HT, além de GFAP
e das PLCa, CB, CR, e PV. A concentração dos anticorpos utilizados seguiu as
especificações técnicas dos fabricantes.
Precedendo a técnica de imuno-histoquímica, foi necessário realizar um pré-
tratamento dos cortes, na perspectiva de atenuar ou abolir a presença de artefatos
As secções de um compartimento por vez foram submetidas a 5 lavagens, com
duração de 5 minutos cada, em PBS 0,1M, pH 7,4. Posteriormente, os cortes foram
submetidos à pré-tratamento, para inativação da peroxidade endógena do tecido,
sendo colocados em contato com o peróxido de hidrogênio (H2O2) a 0,3% diluído em
PBS 0,1M, pH 7,4 por 20 minutos. Em seguida, as secções foram lavadas
novamente (5 vezes de 5 minutos), em PBS 0,1M, pH 7,4. Todos os procedimentos
supracitados foram realizados em agitador orbital.
Após esse procedimento, os cortes foram incubados em uma solução de
bloqueio, contendo albumina de soro bovino (BSA) (Ebram, Belezinho, SP) a 22%
diluído em Triton X-100 a 0,4% (ICN Biomedical, Irvine, CA) durante 60 minutos,
com o propósito de bloquear sítios inespecíficos ao anticorpo primário. Em seguida,
as secções foram colocadas em contato com uma solução contendo o anticorpo
primário específico (Tabela1), Triton X-100 a 0,4%, BSA a 2% por 16 horas em rotor
com baixa velocidade (60 a 80rpm) a 24 °C. Finalizado esse processo, os cortes
foram lavados (5 vezes de 5 minutos) em PBS 0,1M, pH 7,4.
Ao final dessa etapa, as secções foram colocadas em contato com o
anticorpo secundário biotinilado (Quadro 1) em Triton X-100 a 0,4%, durante 90
minutos à 24 °C, sob agitação lenta (60 a 80 rpm), em rotor. Em seguida, os cortes
passaram por uma sessão de lavagens novamente em PBS 0,1M, pH 7,4 e foram
colocados na solução do complexo avidina-biotina-HRP (Protocolo ABC, Kit elite -
Vector) em Triton X-100 a 0,4%, contendo NaCl por 90 minutos. Essa solução foi
preparada anteriormente (30 minutos antes do procedimento com o anticorpo
secundário), para que ocorresse a formação de complexos avidina-biotina-
peroxidase. Ao fim da incubação nesse complexo, as secções foram lavadas
novamente (5 vezes de 5 minutos) em PBS 0,1M, pH 7,4.
Para evidenciar a reação, as secções foram expostas a uma solução de
diaminobenzidina (DABtetra) (Sigma-Aldrich, St Louis, MO) a 2,5% diluída em PBS
0,1M, pH 7,4, e como substrato, H2O2 a 0,3%. Ao adicionar o H2O2 a reação inicia e
38
o cromógeno começa a ser utilizado, deixando reagir até que fique com coloração
marrom. Por fim, os cortes foram submetidos uma série de lavagens com PBS 0,1M,
pH 7,4 em agitador orbital.
4.2.7 Montagem de lâminas e intensificação com Tetróxido de Ósmio
Após o procedimento imuno-histoquímico, os cortes foram montados
sequencialmente em lâminas gelatinizadas com gelatina-alúmen-cromo (VETEC
Química Fina, Duque de Caxias, RJ), que após secarem a temperatura ambiente,
foram imersas em solução de tetróxido de ósmio a 0,05% por 30 segundos, com o
intuito de intensificar a reação. Após as etapas de desidratação, em baterias de
álcool de graduação crescente até o álcool absoluto (70, 95 e 100%) (Cromato
produtos químicos, Diadema, SP) e diafanização em xilol (Cromato produtos
químicos, Diadema, SP), as secções foram cobertas com lamínulas usando-se DPX
(Aldrich, Milwauke, WI).
4.3 Análise das lâminas
Para avaliar os resultados imuno-histoquímicos e da coloração de Nissl nas
secções encefálicas, foi utilizado microscópio óptico (Nikon Eclipse Ni) em campo
claro. Imagens digitais foram obtidas por meio de uma videocâmera digital (Nikon
DS-Ri1) acopladas ao microscópio, ajustado com as objetivas de 4X e 10X. As
imagens foram analisadas, corrigidas minimamente no brilho e contraste, com auxílio
do programa Canvas 12. Os desenhos de coloração citoarquitetônica e de marcação
imuno-histoquímica foram elaborados utilizando também o software Canvas 12. Para
técnica de Nissl, os limites do NSQ e do FIG foram delimitados tomando como base
o atlas esteriotáxico do cérebro de rato (Paxinos e Watson, 2007) e de camundongo
(Franklin e Paxinos, 2008). Já para os procedimentos imuno-histoquímicos, o
contorno citoarquitetônico dessas estruturas foi identificado a partir da sobreposição
de imagens digitalizadas das secções adjascentes coradas com tionina. Os
resultados foram documentados em fotomicrografias.
39
Quadro 1: Especificações de anticorpos primários e anticorpos secundários
utilizados no procedimento imuno-histoquímico com as suas referidas diluições e
fabricantes.
ANTÍGENO ANTICORPO
PRIMÁRIO
ANTICORPO
SECUNDÁRIO
5-HT
α-5-HT obtido em coelho
[1:5000]
Sigma-Aldrich
α-coelho obtido em cabra
[1:1000]
Jackson Laboratories
CB
α-CB obtido em camundongo
[1:1000]
Sigma-Aldrich
α-camundongo obtido em cabra
[1:1000]
Jackson Laboratories
CR
α-CR obtido em coelho
[1:1000]
Sigma-Aldrich
α-coelho obtido em asno
[1:1000]
Jackson Laboratories
CTb
α-CTb obtido em cabra
[1:1000]
List Biological Laboratories
α-cabra obtido em asno
[1:1000]
Jackson Laboratories
GFAP
α-GFAP obtido em camundongo
[1:1000]
Sigma-Aldrich
α-camundongo obtido em cabra
[1:1000]
Jackson Laboratories
NPY
α-NPY obtido em coelho
[1:8000]
Sigma-Aldrich
α-coelho obtido em cabra
[1:1000]
Jackson Laboratories
PV
α-PV obtido em camundongo
[1:1000]
Sigma-Aldrich
α-camundongo obtido em cabra
[1:1000]
Jackson Laboratories
VIP
α-VIP obtido em coelho
[1:5000]
Península Laboratories
α-coelho obtido em cabra
[1:1000]
Jackson Laboratories
VP
α-VP obtido em cobaia
[1:1000]
Península Laboratories
α-cobaia obtido em cabra
[1:1000]
Jackson Laboratories
40
5. RESULTADOS
5.1 Núcleo supraquiasmático
5.1.1 Citoarquitertura
O método de Nissl, que utiliza o corante Thionina, mostrou-se eficiente para
a marcação celular e delimitação do NSQ do Artibeus planirostris. Nas secções
coronais coradas por esse método, o NSQ foi visualizado como uma estrutura
distinta no hipotálamo anterior, sendo caracterizado pela forte afinidade tintorial
das suas células, quando comparado aos grupos celulares adjacentes no
hipotálamo. No nível rostral, o NSQ exibe um formato aproximadamente triangular
e no nível médio e caudal, assume um contorno arredondado, com o seu maior
eixo direcionado para o sentido dorsal (Fig.9 e 13).
5.1.2 Projeção retiniana
As projeções retinianas para o NSQ foram demonstradas por transporte
anterógrado de CTb. Nos cortes coronais submetidos à imuno-histoquímica para
essa substância, foi observado que as fibras retinianas dispõem-se bilateralmente,
com uma leve predominância contralateral em todos os níveis. No nível rostral, as
fibras estão dispostas na porção ventral do núcleo, enquanto no nível médio
povoam a região ventromedial, estando ausente na porção laterodorsal e no nível
caudal ocupam uma posição mais centralizada dentro do NSQ (Fig. 10 e 13).
41
Figura 9: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do A.
planirostris nos níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C), mostrando a citoarquitetura
do NSQ pelo método de Nissl. (A’-C’) Respectivas imagens em maior aumento.
Abreviações: 3V, terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico. Barra: 500 μm em (A-C) e
100 μm (A’-C’).
42
Figura 10: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do A.
planirostris nos níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C), mostrando a distribuição de
terminais retinianos imunorreativos a Ctb no NSQ. (A’-C’) Respectivas imagens em
maior aumento. Abreviações: 3V, terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico. Barra: 500
μm (A-C) e 100 μm (A’-C’).
43
5.1.3 Neuroquímica
Vasopressina – VP
Foram visualizados neurônios parvocelulares imunorreativos a VP (VP-IR),
imersos em uma moderada neurópila na porção dorsomedial do NSQ, nos seus
níveis médio e caudal (Fig.11 e 13). A imunorreatividade a VP também foi
evidenciada em outras regiões do hipotálamo anterior, como PVN e núcleo supra-
óptico, apresentando pericários magnocelulares e um denso plexo de
fibras/terminais.
Polipeptídeo Intestinal Vasoativo – VIP
Pericários VIP-IR foram identificados no NSQ do Artibeus planirostris, ao
longo de toda a sua extensão rostrocaudal. Esses neurônios eram esparsos e
estavam imersos em uma densa neurópila, sobretudo na porção ventrolateral desse
núcleo (Fig.11 e 13).
Neuropeptídeo Y- NPY
Um denso plexo de fibras/terminais NPY-IR foi encontrado no NSQ nos níveis
médio e caudal, com maior concentração na porção ventrolateral dessa estrutura
(Fig.11 e 14).
Serotonina – 5HT
Foram visualizadas fibras 5-HT-IR em toda a extensão rostrocaudal do NSQ.
No nível rostral, essas fibras distribuem-se predominantemente na porção
ventrolateral. Já no nível médio, esses elementos 5-HT-IR povoam a porção
ventromedial e no nível caudal incidem na região central do NSQ, preservando a
periferia desse núcleo (Fig.11 e 14).
44
Figura 11: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do NSQ do A.
planirostris, mostrando o padrão de imunorreatividade a VP (A) e VIP (B) no nível
caudal; a NPY (C) no nível médio e 5-HT (D) no nível rostral. Abreviações: 3V,
terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico. Barra: 100 μm.
45
Proteínas ligantes de cálcio - PLCa
No NSQ do Artibeus planirostris foi detectada a presença neurônios
imunorreativos a CB (CB-IR) apenas no seu nível caudal (Fig.12 e 14). Essas céluas
foram mais abundantes na porção dorsal desse núcleo. A imunorreatividade a CR
também foi visualizada no NSQ, com pericários predominantemente localizados na
sua porção ventrolateral (Fig.12 e 14). Não foi observada imunorreatividade a PV na
referida estrutura (Fig.12 e 15).
Proteína acídica fibrilar glial – GFAP
Foi observada a imunorreatividade a GFAP (GFAP-IR) nos processos, assim
como, no corpo celular de astrócitos presentes no NSQ do Artibeus planirostris.
Essa marcação foi evidente ao longo de toda a extensão rostrocaudal desse núcleo.
A GFAP-IR é mais densa dentro do NSQ do que nas áreas hipotalâmicas
adjascentes (Fig. 12 e 15).
Tabela 1: Conteúdo neuropeptidérgico e de PLCa no NSQ do Artibeus planirostris
Neuropeptídeo/PLCa Células Fibras/terminais
VP + +
VIP + +
NPY - +
5-HT - +
CB + +
CR + +
PV - -
GFAP + -
Presença (+) ou ausência (-) de neurônios ou fibras/terminais imunorreativos.
46
Figura 12: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do NSQ do A.
planirostris, mostrando o padrão de imunorreatividade a CB no nível caudal; a CR
(B) e GFAP (D) no nível médio e PV (C) no nível rostral. Abreviações: 3V, terceiro
ventrículo; qo, quiasma óptico. Barra: 100 μm.
47
Figura 13: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do NSQ do A. planirostris, no nível rostral, médio e caudal,
ilustrando o contorno citoarquitetônico; a distribuição de terminais retinianos
imunorreativos a CTb; distribuição de pericários positivos para VP e VIP.
48
Figura 14: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do NSQ do A. planirostris, no nível rostral, médio e caudal,
ilustrando a distribuição de fibras/terminais imunorreativos a NPY e 5-HT e pericários
positivos para CB e CR.
49
Figura 15: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do NSQ do A. planirostris, no nível rostral, médio e caudal,
ilustrando a distribuição de pericários positivos para PV e GFAP.
50
5.2 Folheto intergenicualdo
5.2.1 Citoarquitertura
Nos cortes frontais do tálamo dorsal, corados pelo método de Nissl, com o
corante thionina, o complexo geniculado lateral apresenta o GLV e GLD. Entre essas
estruturas, foi identificada uma região com menor densidade celular, com o formato
de um fino folheto, a qual pela sua topografia foi identificada como FIG (Fig. 16 e
20).
5.2.2 Projeção retiniana
As projeções retinianas para o FIG foram traçadas pelo uso de injeções
intravítreas de CTb. Fibras imunorreativas a esse composto foram visualizadas
bilateralmente ao longo da extensão rostro-caudal do FIG. Através desse padrão de
projeção, foi possível constatar que o FIG, em níveis rostral e médio, exibe sua
morfologia clássica, na forma de folheto interposto entre o GLD e o GLV e a nível
caudal expande-se medialmente contornando o GLV (Fig. 17 e 20).
51
Figura 16: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do A.
planirostris nos níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C), mostrando a citoarquitetura
do FIG pelo método de Nissl. (A’- C’) Respectivas imagens em maior aumento.
Abreviações: FIG, folheto intergeniculado; GLD, núcleo geniculado lateral dorsal;
GLV, núcleo geniculado lateral ventral Barra: 500 μm (A-C) e 100 μm (A’-C’).
52
Fig
ura
17
: F
oto
mic
rogra
fias e
m c
am
po c
laro
de s
ecções c
oro
nais
do e
ncéfa
lo d
o A
. pla
nirostr
is,
no n
ível
rostr
al
(A),
mé
dio
(B
) e c
audal
(C),
evid
encia
do a
dis
trib
uiç
ão d
e t
erm
inais
retin
ianos i
munorr
eativos a
Ctb
no c
om
ple
xo g
enic
ula
do l
ate
ral. P
ain
el
da e
squerd
a m
ostr
a as p
roje
ções r
etinia
nas d
o l
ado i
psila
tera
l em
ma
ior
aum
ento
; pain
el
da d
ireita m
ostr
a a
s
pro
jeções r
etin
ianas d
o la
do c
ontr
ala
tera
l em
ma
ior
aum
ento
. A
bre
via
ções:
FIG
, fo
lheto
in
terg
enic
ula
do;
GLD
, núcle
o g
enic
ula
do la
tera
l dors
al; G
LV
, núcle
o g
enic
ula
do la
tera
l ventr
al. B
arr
a:
500 μ
m e
100 μ
m.
53
5.2.3 Neuroquímica
Vasopressina – VP
No FIG do Artibeus planirostris não foi observado elementos imunorreativos a
VP. Esse mesmo padrão também foi visto no GLD e GLV.
Polipeptídeo Intestinal Vasoativo – VIP
Não foi visualizada imunorreatividade a VIP no FIG, assim como, no GLD e
GLV do Artibeus planirostris.
Neuropeptídeo Y- NPY
Foram encontradas no FIG do Artibeus planirostris raras células imunorreativas
a NPY (NPY-IR) ao longo de toda a sua extensão rostrocaudal. Esses neurônios
estavam imersos em um esparso plexo de fibras/terminais. Esse padrão de
distribuição de elementos NPY-érgicos não foi observado no GLD e GLV do referido
sujeito experimental (Fig.18 e 20).
Serotonina – 5HT
Um denso plexo de fibras/terminais serotonérgicas foi visualizado no FIG e no
GLV do Artibeus planirostris, diferentemente do GLD, no qual não foram detectados
elementos imunorreativos a essa substância (Fig.18 e 20).
54
Figura 18: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do complexo
geniculado lateral do A. planirostris, mostrando o padrão de imunorreatividade a
NPY (A) e GFAP (C) no nível caudal e 5-HT (B) no nível médio. Abreviações: FIG,
folheto intergeniculado; GLD, núcleo geniculado lateral dorsal; GLV, núcleo
geniculado lateral ventral. Barra: 100 μm.
55
Proteínas ligantes de cálcio - PLCa
Foram visualizados pericários e fibras/terminais CB-IR (Fig.16 e 18) e CR-IR
(Fig.19 e 21) no FIG e no GLD do Artibeus planirostris, ao longo de toda a extensão
rostrocaudal dessas estruturas. No GLV foi identificada esparsas células e
fibras/terminais que expressam CR. A imunorreatividade a PV não foi observada no
FIG, embora células marcadas para essa proteína foram vistas no GLD e GLV
(Fig.19 e 21).
Proteína acídica fibrilar glial - GFAP
No FIG do Artibeus planirostris foi visualizada GFAP-IR ao longo de toda a sua
extensão rostrocaudal. Essa marcação foi observada nos processos e no corpo
celular de astrócitos presentes nessa estrutura. GFAP-IR também foi identificada no
GLD e GLV. Essa marcação evidencia a atividade astrocitária nesses três núcleos
(Fig.18 e 21).
Tabela 2: Conteúdo neuropeptidérgico e das PLCa no FIG do Artibeus planirostris.
Neuropeptídeo/PLCa Células Fibras/terminais
VP - -
VIP - -
NPY + +
5-HT - +
CB + +
CR + +
PV - -
GFAP + -
Presença (+) ou ausência (-) de neurônios ou fibras/terminais imunorreativos.
56
Figura 19: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do
complexo geniculado lateral do A. planirostris, mostrando o padrão de
imunorreatividade a PLCa: CB (A) no nível rostral; CR (B) no nível médio e PV
(C) no nível caudal. Abreviações: FIG, folheto intergeniculado; GLD, núcleo
geniculado lateral dorsal; GLV, núcleo geniculado lateral ventral. Barra: 100
μm.
57
Figura 20: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do complexo geniculado lateral do A. planirostris, no nível rostral,
médio e caudal, ilustrando o contorno citoarquitetônico; a distribuição de terminais
retinianos imunorreativos a CTb; distribuição de pericários positivos para NPY e
fibras/terminais imunorreativas a 5-HT.
58
Figura 21: Esquemas obtidos a partir de fotomicrografias em campo claro de
secções coronais do complexo geniculado lateral do A. planirostris, no nível rostral,
médio e caudal, ilustrando a distribuição de pericários positivos para CB, CR, PV e
GFAP.
59
6. DISCUSSÃO
6.1 Núcleo supraquiasmático
6.1.1 Citoarquitetura
De acordo com os nossos resultados, o NSQ do morcego Artibeus
planirostris, assim como em outros mamíferos, é um par de núcleos celulares
presente no hipotálamo anterior, localizado dorsalmente ao quiasma óptico e de
cada lado do terceiro ventrículo. Quanto ao seu aspecto morfológico, essa estrutura
apresenta forma semelhante a que é descrita no mocó (Nascimento Jr et al., 2010),
considerando que esse núcleo em ambos os animais apresenta forma seccional
triangular no nível rostral e um contorno arredondado no nível médio e caudal. A
localização do NSQ no Artibeus planirostris está em conformidade com o padrão
observado para todos os mamíferos estudados, como Rattus novergicus, hamster
(Mesocricetus auratus), gato (Felix domesticus), Macaca mulatta e macaco de cheiro
(Saimiri sciureus) (Lydic et al., 1982), cobaia (Cavia porcellus), gambá-da-Virgínia,
Monodelphis domestica, (Cassone et al., 1988), sagui (Costa et al., 1998), rato
espinhoso do Cairo (Acomys cahirinus), rato espinhoso dourado (Acomys russatus)
(Cohen et al., 2010) e mocó (Nascimento Jr et al., 2010), o que corrobora a ideia de
que o NSQ é um aparato neural filogeneticamente estável.
6.1.2 Projeção retiniana
Com exceção do esquilo Spermophilus lateralis, única espécie que apresenta
um padrão de inervação exclusivamente contralateral (Smale et al., 1991), o NSQ
de todos os mamíferos estudados apresenta inervação bilateral pelas ipRGC,
embora diferenças entre as espécies sejam notadas quanto à intensidade de
distribuição das fibras ipsi e contralateralmente. No nosso estudo, pode-se observar
que o NSQ do Artibeus planirostris, recebe aferência retiniana bilateral, com
predominância contralateral ao longo de toda a sua extensão rostrocaudal. Em
estudos anteriores, esse padrão de distribuição foi observado em espécies não-
primatas, como rato (Johnson et al., 1988b; Levine et al., 1991), arganaz-toupeira
60
(Ellobius lutescens, Ellobius talpinus) (Herbin et al.,1994), rato-toupeira da Palestina
(Negroni et al., 1997),Tupaia glis (Moore, 1973; Magnin et al., 1989), furão (Mustela
pustorius) (Magnin et al., 1989), gato (Murakami et al., 1989; Matteau, 2003), mocó
(Nascimento Jr et al., 2010), Microtus montebelli (Uchiumi et al., 1995), coelho
(Juárez et al., 2013), cobaia (Cassone et al., 1988), Spermophilus beecheyi (Major et
al., 2003), hirace (Dendrohyrax dorsalis) (Magnin et al., 1989), gambá (Caluromys
philander) e ouriço (Hemiechinus auritus) (Moore, 1973).Uma distribuição bilateral e
quase simétrica das aferências retinianas sobre o NSQ foi descrita na preguiça
(Bradypus pilosa) (Magnin et al., 1989), marmota (Mustela vison) (Martinet et al.,
1992) e degus (Goel et al., 1999). Em mussaranho (Suncus murinus) (Tokunaga et
al., 1992), mussaranho das árvores (Tupaia belangeri) (Reuss e Fuchs, 2000),
Cryptomys anselli (Nemec et al., 2004), rato-toupeira da África do Sul (Negroni et al.,
2003) e na toupeira japonesa (Mogera kobeae) (Kudo et al., 1991) foi observado
uma predominância ipsilateral. Uma inervação bilateral e completamente simétrica
ou predominantemente ipsilateral foi vista em ovelhas (Tenosseaud et al., 1994)
Em quirópteros, estudos autoradiográficos detectaram projeções retinianas
bilaterais no NSQ do Pteropus giganteus, Myotis lucifugus (Cotter e Pentney, 1979),
Eptesicus fuscus e Artibeus jamaicenses (Cotter, 1985). Nesses dois últimos
morcegos, a maior concentração de aferências foi observada no lado contralateral.
No E.fuscus, fibras foram visualizadas na porção ventral e no A. jamaicenses, foram
encontradas na porção ventrolateral do lado contralateral e na porção ventromedial
do lado ipsilateral do NSQ (Cotter, 1985). Em Rhinolophus rouxi, com o uso do
traçador retrógrado peroxidade da raiz forte (HRP, do inglês, horseradish
peroxidade), projeções retinianas foram descritas como esparsas e a citoarquitetura
do NSQ não foi bem delimitada (Reimer, 1989). No Rousettus aegyptiacus e Carollia
perspicillata, essas fibras inervam bilateralmente e simetricamente o NSQ (Magnin et
al., 1989; Scalia et al., 2014).
Em hamters, camundongo e no Arvicantis niloticus existem registros
divergentes quanto ao padrão de distribuição retiniana para o NSQ. No Arvicantis
niloticus foi relatado que as aferências retinianas são predominantemente
contralaterais (Smale e Boverhof, 1999) ou bilateralmente simétricas (Gaillard et al.,
2013).Em hamsters, como o Phodopus sungaris, foi descrita uma predominância
ipsilateral no nível rostral; contralateral nos níveis médio e caudal (Reuss et al.,
1994) ou ainda contralateral assimétrica em indivíduos adultos e simétrico em jovens
(Yellon et al., 1993).No hamster turco (Mesocricetus blandt) e no Syrian ou Golden
61
hamster (Mesocricetus auratus) foi observado uma tendência ipsilateral no nível
rostral e quase simétrica no nível caudal (Pickard e Silverman, 1981; Youngstron e
Nunez, 1986) ou aproximadamente simétrica em todos os níveis (Youngstron et al.,
1991; Ling et al., 1998). Em camundongos foi vista uma distribuição bilateral, sendo
quase simétrica no Mus musculus (Abrahamsom e Moore, 2001; Hattar et al., 2006)
e com predominância contralateral no Peromyscus maniculatus bairdi e Peromyscus
leucopus (Youngstron e Nunez, 1986).
Em primatas, o mesmo padrão de dominância contralateral observado no
Artibeus planirostris foi encontrada em sagui (Costa et al., 1999), macaco-prego
(Cebus apella) (Pinato et al., 2009) e Saguinus oedipus (Moore, 1973). Uma
distribuição assimétrica ipsilateral foi visualizada em chimpanzé (Pan troglodytes)
(Tigges et al., 1977), gibão (Hylobates concolor), potto (Peridictus potto), bush baby
(Galago alleni, Galago demidovii) e Macaca fascicularis (Magnin et al., 1989;
Hannibal et al., 2014). No lêmure Microcebus murinus (Magnin et al., 1989) e no
macaco de cheiro (Tigges e O’Steen, 1974) foi descrita uma tendência bilateral e
simétrica das fibras retinianas. Na Macaca mulatta, a inervação retiniana sobre o
NSQ apresenta relatos contraditórios, sendo descrita como contralateral (Hendrikson
et al., 1972; Moore, 1973) ou ipsilateral (Hannibal et al., 2014).
A relevância funcional da variabilidade na distribuição do TRH sobre o NSQ
ainda não é completamente compreendida. Postula-se que essas divergências
reflitam apenas variações individuais ou diferentes abordagens metodológicas
(Major et al., 2003), como por exemplo, uma alta sensibilidade ao traçador por parte
de determinados grupos de ipGRC nas diferentes espécies estudadas (Costa et al.,
1999).
6.1.3 Neuroquímica
Quanto ao conteúdo neuropeptidérgico (Tabela 1), o NSQ do Artibeus
planirostris apresenta neurônios VP-IR na sua porção dorsomedial. Esse padrão de
distribuição das células vasopressinérgicas foi visualizado em rato (van den Pol e
Tsujimoto, 1985; Buijs et al., 1995; Moore et al., 2002; Morin et al., 2006),
camundongo (Abrahamson e Moore, 2001), esquilo da toca (Spermophilus
tridecemlineatus e Spermophilus richardsonii) (Reuss et al.,1989), Tupaia belangeri
chinensis (Ni et al., 2014), rato espinhoso do Cairo, rato espinhoso dourado (Cohen
et al., 2010), gambá-da-Virgínia, Monodelphis domestica (Cassone et al., 1988) e
62
hamster (Card e Moore, 1984). No esquilo palmado comum (Funambulus palmarum)
(Mammen e Jagota, 2011), macaco-prego (Sapajus apella) (Rocha et al., 2014) e
degus (Goel et al., 1999), pericários VP-positivos foram descritos na porção
dorsomedial e ventral do NSQ. Na Macaca fuscata (Ueda et al., 1983), Spermophilus
lateralis (Smale et al., 1991), rato-toupeira da Palestina (Negroni et al., 1997),
Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999), mocó (Nascimento Jr et al., 2010) e
humanos (Mai et al., 1991), células VP-IR foram observadas predominantemente na
porção dorsal do referido núcleo. No rato-toupeira da África do Sul, pericários VP-IR
foram localizados na região ventral e medial do NSQ, extendendo-se parcialmente
para o polo dorsal dessa estrutura (Negroni et al., 2003).
Em quirópteros, como o Miniopterus schreibersii fuliginosus, neurônios
parvocelulares VP-IR foram observados no NSQ (Mikami et al.,1988) e no
Rhinolophus ferrumequinum, esse mesmo tipo de célula foi visualizada na porção
dorsal e dorsomedial desse núcleo (Kumamoto et al., 1992). No sagui, existem
relatos divergentes quanto à presença de elementos imunorreativos a VP no NSQ.
Pericários VP-IR foram descritos como esparsos (Wang et al., 1997) ou ausentes no
referido núcleo (Costa et al., 1998). Células vasopressinérgicas não foram
identificadas no NSQ do musaranho mascarado (Tokunaga et al.,1992), rato-
toupeira-pelado (Heterocephallus glaber) (Rosen et al., 2007) e marmota (Larsen e
Mikkelsen, 1993; Martinet et al.,1995). Sugere-se que as células vasopressinérgicas
podem estar envolvidas na retransmissão da informação acerca da atividade do
NSQ para outras partes do cérebro (Bult et al., 1993).
O NSQ do Artibeus planirostris contém uma população neural que expressa
VIP na sua região ventromedial. Essa mesma distribuição de células VIP-IR foi
descrita no degus (Goel et al., 1999) e no mocó (Nascimento Jr et al., 2010). Um
padrão ventrolateral foi obervado em rato (van den Pol e Tsujimoto, 1985; Moore et
al., 2002; Morin et al., 2006), hamster (Card e Moore, 1984), Tupaia belangeri
chinensis (Ni et al., 2014), esquilo palmado comum (Mammen e Jagota, 2011) e
degus (Goel et al., 1999). No macaco-prego (Sapajus apella) (Rocha et al., 2014),
Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999), Spermophilus lateralis (Smale et al.,
1991), rato-toupeira da África do Sul (Negroni et al., 2003), rato-toupeira da
Palestina (Negroni et al., 1997), rato espinhoso do Cairo, rato espinhoso dourado
(Cohen et al., 2010), esquilo da toca (Reuss et al.,1989), camundongo (Abrahamsom
e Moore, 2001; Morin et al., 2006) e ouriço (Erinaceus europeus) (Antonopoulos et
al., 1987), pericários VIP-IR apresentaram maior concentração na porção ventral do
63
NSQ. No gambá-da-Virgínia, Monodelphis domestica (Cassone et al., 1988) e no
sagui (Costa et al., 1998), neurônios VIP-IR foram observados na porção
dorsomedial da referida estrutura. No NSQ do morcego Myotis lucifugus foi
visualizada uma densa concentração de elementos VIP-IR (Laemle e Cotter, 1988).
Postula-se que neurônios que expressam VIP estão relacionados com a
sincronização fótica dos ritmos circadianos (Ibata et al., 1989; Jacomy et al., 1999).
Diferentemente do Microcebus murinus (Bons et al., 1990), humanos (Mai et
al., 1991) e Echinops telfairi (Künzle e Unger, 1992), no NSQ do Artibeus planirostris
não foram identificados neurônios NPY-érgicos, mas sim um plexo de
fibras/terminais imunorreativas a essa substância na sua porção ventrolateral. Esse
tipo de configuração foi observada em degus (Goel et al., 1999), rato-toupeira da
África do Sul (Negroni et al., 2003) e esquilo da toca (Reuss et al.,1989). Uma
regionalização ventral das fibras/terminais NPY-IR dentro do NSQ foi observado em
rato (Van den Pol e Tsujimoto, 1985; Ueda et al., 1986; Moore et al., 2002; Morin et
al., 2006), sagui (Costa et al., 1998; Cavalcante et al., 2002), mocó (Nascimento Jr
et al., 2010), rato-toupeira da Palestina (Negroni et al., 1997), Arvicanthis niloticus
(Smale e Boverhof, 1999), Spermophilus lateralis (Smale et al., 1991), rato
espinhoso do Cairo e rato espinhoso dourado (Cohen et al., 2010). Nessas duas
últimas espécies, no nível caudal também foi observado a maior concentração
dessas fibras na região central do NSQ. Na Macaca fascicularis, exitem descrições
divergentes quanto à presença de imunorratividade a NPY no NSQ. A densidade de
fibras NPY-IR tem sido relatada como alta (Moore, 1989; Chevassus-au-Louis e
Cooper, 1998), moderada (Thind et al., 1993) ou ausente (Ueda et al., 1986). Esse
tipo de fibras também foram identificadas no NSQ do arganaz-da-pradaria (Microtus
ochrogaster) e arganaz-do-prado (Microtus pennsylvanicus)(Hostetler et al., 2013).
No quiróptero Myotis lucifugus não foram identificados elementos imunorreativos a
NPY (Laemle e Cotter, 1992).
Apesar de existir uma tendência interespecífica a concentração de fibras
NPY-IR na parte ventrolateral do NSQ, pode ocorrer variações na distribuição
dessas fibras sobre esse núcleo. Em camundongo (Cassone et al., 1988;
Abrahamsom e Moore, 2001) e hamster (Card e Moore, 1984; Ueda et al., 1986;
Morin et al., 1992), terminais NPY-IR preenchem todos os limites citoarquitetônicos
do NSQ. No macaco-prego (Cebus apella), a densidade de fibras/terminais NPY-
érgicos varia de esparso a moderado ao longo do eixo rostrocaudal do NSQ. No
nível rostral, esses elementos foram esparsamente distribuídos na periferia e, nos
64
demais níveis estavam mais densamente concentrados, principalmente na porção
central e lateral do NSQ (Pinato et al., 2009). Teoriza-se que o NPY está envolvido
na modulação da atividade do NSQ a estímulos fóticos e não-fóticos via TGH
(Mrosovsky, 1995; Muscat e Morin, 2006).
No Artibeus planirostris, um denso plexo de fibras serotonérgicas foi
observado predominantemente na porção ventral do NSQ. Esse padrão é similar ao
encontrado em rato, hamster, gato (Ueda et al., 1983), camundongo (Abrahamson e
Moore, 2001), degus (Goel et al., 1999), rato-toupeira da África do Sul (Negroni et
al., 2003), rato-toupeira da Palestina (Negroni et al., 1997), Arvicanthis niloticus
(Smale e Boverhof, 1999), Spermophilus lateralis (Smale et al., 1991), rato
espinhoso do Cairo e rato espinhoso dourado (Cohen et al., 2010). Na cobaia, fibras
5-HT-IR são distribuídas por todo o núcleo (Cassone et al., 1988). No sagui, esse
tipo de fibras formam um denso plexo que preenchem todo o NSQ, principalmente
na região central e dorsal, sendo quase completamente ausente na porção ventral
(Costa et al., 1998; Cavalcante et al., 2002). A distribuição de fibras serotonérgicas
no NSQ do macaco-prego (Cebus apella) é esparso e não apresenta uma
regionalização específica (Pinato et al., 2007). Em roedores, a fonte mesencefálica
dessas fibras é proveniente do núcleo mediano da rafe (Meyer-Bernstein e Morin,
1996; Moga e Moore, 1997; Hay-Schmidt et al., 2003), contudo, no Artibeus
planirostris, a identificação de pericários 5-HT-IR nos núcleos da rafe combinados
com técnicas hodológicas são necessários para determinar a fonte dessa inervação
no NSQ. Postula-se uma ação serotonérgica modulatória sobre os estímulos fóticos
no NSQ (Morin, 1999).
No presente trabalho, as PLCa foram estudadas no NSQ do Artibeus
planirostris. Pericários CB-IR foram visualizados apenas no nível caudal do NSQ,
com maior predominância na sua porção dorsal. A distribuição de células CB-IR
dentro dessa estrutura é similar a descrita no Arvicanthis niloticus (Mahoney et al.,
2000) e rato (Morin et al., 2006). No Rattus novergicus, esparsos neurônios CB-IR
foram observados, sem nenhuma concentração dessas células dentro de uma
subdivisão específica do NSQ (Mahoney et al., 2000). No camundongo, essa
população celular foi encontrada ao longo das subdivisões do NSQ, por toda a sua
extensão rostrocaudal (Abrahamson e Moore, 2001), enquanto no hamster forma um
subnúcleo central na metade caudal dessa estrutura (Silver et al., 1996). No rato-
toupeira da África do Sul (Negroni et al., 2003) e no mocó (Cavalcante et al., 2008)
neurônios CB-IR mostraram uma densa e uniforme distribuição ao longo de todo o
65
NSQ, concentrando-se na região central desse núcleo. No rato espinhoso do Cairo e
rato espinhoso dourado, esses neurônios formam um subnúcleo central na porção
médio-lateral do NSQ (Cohen et al., 2010). Em primatas, como o sagui, neurônios
CB-IR preenchem todos os limites citoarquitetônicos do NSQ (Cavalcante et al.,
2008), enquanto, em humanos e no Microcebus murinus concentram-se,
respectivamente, na porção central e ventral desse núcleo (Mai et al., 1991;
Cayetanot et al., 2007).
Células CR-IR foram encontradas ao longo de todo o NSQ, com maior
predominância na sua porção ventrolateral. Esse resultado é semelhante ao descrito
em camundongo (Marshall et al., 2000; Abrahamson e Moore, 2001; Morin et al.,
2006), hamster (Marshall et al., 2000) e macaco de cheiro (Fortin e Parent, 1997).
No Arvicanthis niloticus, neurônios CR-IR não encontrados em uma subdivisão
específica e foram distribuídos uniformemente ao longo de toda extensão
rostrocaudal dessa estrutura (Marshall et al., 2000). No mocó, pericários e uma
densa neurópila CR-IR foram observados em toda a extensão do NSQ, preenchendo
todos os seus limites citoarquitetônicos, enquanto no sagui, esses elementos são
preferencialmente distribuídos na porção ventral e dorsal do NSQ, com ausência de
imunorreatividade em um subnúcleo central (Cavalcante et al., 2008).
A imunorreatividade a PV não foi observada no FIG do Artibeus planirostris,
resultado similar aos dados encontrados na maioria das espécies estudadas, como
rato (Célio, 1990), mocó (Cavalcante et al., 2008), sagui (Costa et al., 1998;
Cavalcante et al., 2008) e macaco de cheiro (Fortin e Parent, 1997), divergindo dos
resultados descritos em gato, onde foram encontrados pericários no NSQ (De León,
1995).
De acordo com os nossos resultados, o NSQ do Artibeus planirostris apresenta
intensa GFAP-IR, quando comparado a outras regiões do hipotálamo. Em rato,
hamster (Morin et al., 1989), camundongo (Moriya et al., 2000; Santos et al., 2005),
Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999) e Spermophilus lateralis (Smale et al.,
1991), o NSQ é marcado por uma densa GFAP-IR, a qual é significativamente mais
alta que nas áreas hipotalâmicas adjascentes. No mocó, esse tipo de marcação
também foi detectada no NSQ, embora com a mesma intensidade de outras
estruturas hipotalâmicas circundantes (Nascimento Jr et al., 2010). A expressão
dessa proteína também foi observada no sagui (Moreira et al., 1997) e humano (Mai
et al., 1991; Stopa et al., 1999). Estudos em rato (Hajós, 2008) e camundongo
66
(Santos et al., 2005) evidenciam variação circadiana na expressão dessa proteína
no NSQ.
6.1.4 Organização neuroquímica do NSQ do Artibeus planirostris
Historicamente, tem sido proposto dois esquemas de organização do NSQ,
baseado em estudos com rato e hamster (Morin e Allen, 2006). Nessa primeira
espécie, a distribuição distinta de células que expressam VP e VIP, junto com o
padrão de inervação das principais vias aferentes, como TRH, TGH e rafe-NSQ,
permitiu a divisão do NSQ nas porções ventrolateral e dorsomedial (van den Pol e
Tsujimoto, 1985; Card e Moore, 1991). Em hamster, a região caudocentral do NSQ
apresenta pericários produtores de VIP, GRP, SP e CB (Lesauter, 2002). Essa
região, denominada de subnúcleo central, aparentemente é homóloga a uma região
contendo, GRP no NSQ de camundongo (Abrahamson e Moore, 2001; Morin et al.,
2006), ENK no Spermophilus lateralis (Smale et al., 1991), NT no rato (Moore et al.,
2002) e CB no rato espinhoso do Cairo e no rato espinhoso dourado (Cohen et al.,
2010). A descoberta desse subnúcelo no hamster, fundamentou o uso da
terminologia “cerne” e “casca” (Morin, 2007), sendo adotada também para rato
(Moore, 1996) e camundongo (Abrahamson e Moore, 2001). No rato, o cerne
equivale aproximandamente a região que contém neurônios VIP e GRP, assim
como, aferências da retina, FIG e do núcleo mediano da rafe. Já a casca, é descrita
como uma região que contém pericários VP e CR (Moore et al., 2002).
Embora ainda utilizada, a ideia da setorização em duas porções do NSQ tem
sido contestada (Morin et al., 2006; Morin e Allen, 2006; Morin, 2007). Dentre outros
fatores, o nível do NSQ, a ausência de padronização do plano de corte e variações
circadianas na expressão de substâncias neuroativas são fatores limitantes para o
conceito de “divisão” desse núcleo (Morin, 2007). Provavelmente, existem divisões
correspondendo a especializações funcionais do NSQ, próprias de cada espécie, e
que qualquer terminologia pode encontrar dificuldades de generalização. Essa
nomenclatura deve ser flexível para permitir reflexões sobre a organização intrínseca
do NSQ (Nascimento Jr et al., 2010).
O padrão de distribuição das células VIP e das aferências retinianas e
serotonérgicas sugerem que o NSQ do Artibeus planirostris trancede os esquemas
organizacionais clássicos, como as subdivisões ventrolateral-dorsomedial e casca-
67
cerne. Estudos moleculares e hodológicos são necessários para estabelecer uma
divisão específica desse centro circadiano nessa espécie de quiróptero.
6.2 Folheto intergenicualdo
6.2.1 Citoarquitertura
Examinando as secções coronais do tálamo dorsal, o FIG do Artibeus
planirostris, como na maior parte das espécies de mamíferos não-primatas (Hickey e
Spear, 1976; Moore e Card, 1994; Goel et al., 1999; Negroni et al., 2003) está
localizado entre o GLV e GLD, na forma de uma fina lâmina de células, mal definidas
citoarquitetônicamente e melhor delimitada pelas projeções retinianas e conteúdo
neuropeptidérgico.
6.2.2 Projeção retiniana
Como na maioria dos mamíferos não primatas (Tang et al., 2002; Morin et al.,
2003; Gaillard et al., 2013; Scalia et al., 2014), o FIG do Artibeus planirostris recebe
aferência retiniana bilateral. A inervação dessa estrutura pode apresentar uma forte
predominância contralateral, sendo observada em mocó (Nascimento Jr et al.,
2010), rato-toupeira da África do Sul (Negroni et al., 2003), mussaranho mascarado
(Mizuno et al., 1991), Microtus montebelli (Uchiumi et al., 1995), Spermophilus
beecheyi (Major et al., 2003), Cryptomys anselli (Nemec et al., 2004) e degus (Goel
et al., 1999). Em hamster (Morin et al.,1992), ouriço (Erinaceus europeus)
(Dinopoulos et al., 1987), coelho (Takahashi et al., 1977) e em duas espécies de
esquilo (Citellus tridecemlineatus e Spermophilus lateralis)(Agarwala et al.,1989;
Smale et al., 1991), o padrão de distribuição das projeções retinianas apresenta
discreta predominância contralateral. Uma inervação predominantemente ipsilateral
foi vista em arganaz-toupeira (Herbin et al.,1994) e completamente simétrica no
morcego Carollia perspicillata (Scalia et al., 2014). No Artibeus planirostris, a
aplicação de métodos quantitativos é necessário para determinar a predominância
das projeções retinianas no FIG.
68
6.2.3 Neuroquímica
O FIG foi pela primeira vez descrito como uma fina lâmina celuar localizada
entreo GLD e GLV do complexo geniculado lateral do tálamo (Hickey e Spear,
1976). Além da identificação topográfica dessa estrutura pelo padrão das projeções
retinianas, a presença de imunorreatividade a NPY é outro critério para delimitar os
seus limites citoarquitetônicos. No FIG do Artibeus planirostris foram visualizadas
raras células NPY-IR imersas em uma trama de fibras e terminais ao longo de toda a
sua extensão rostrocaudal, divergindo com a ausência desses neurônios no GLD e
GLV. Esse resultado é semelhante ao descrito em mocó (Nascimento Jr et al., 2010)
e rato-toupeira da África do Sul (Negroni et al., 2003). Em degus (Goel et al., 1999),
Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999), rato (Moore e Card, 1994) e hamster
(Morin et al., 1992) existe uma maior expressividade de células e fibras/terminais
NPY-érgicos, facilitando ainda mais a identificação dessa estrutura. Nessas duas
últimas espécies de roedores, a NPY-IR no FIG é co-localizada com células que
expressam GABA (Moore e Speh, 1993; Moore e Card, 1994).
Elementos NPY-IR também foram observados no FIG do Spermophilus
lateralis (Smale et al., 1991), arganaz-da-pradaria e arganaz-do-prado (Hostetler et
al., 2013), divergindo do morcego Myotis lucifugus, onde pericários positivos pra
essa substância não foram identificados (Laemle e Cotter, 1992). No homólogo
primata, NPG, neurônios NPY-IR também foram identificados no macaco-prego
(Cebus apella) (Pinato et al., 2009), sagui (Costa et al., 1998; Chevassus-au-Louis e
Cooper, 1998; Lima et al., 2012), Microcebus murinus, Macacca Fascicularis
(Chevassus-au-Louis e Cooper, 1998) e humanos (Moore, 1989).
As células que expressam NPY no FIG são consideradas a origem do TGH
em roedores (Moore e Card, 1994; Morin et al., 1992). Esse tracto é a fonte de
todas as fibras a NPY no NSQ de hamster (Morin et al., 1992) e rato (Card e Moore,
1982). A presença dessa população celular no FIG, embora de maneira esparsa,
assim como, de fibras NPY-érgicas na região ventrolateral do NSQ, sugerem a
existência do TGH no Artibeus planirostris.
Células 5-HT-IR não foram identificadas no FIG do Artibeus planirostris,
embora um denso plexo de fibras/terminais serotonérgicos foram visualizadas ao
longo de todo eixo rostrocaudal dessa estrutura. Esse padrão também foi descrito
em rato (Mantyh e Kemp, 1983), hamster (Morin et al., 1992) e no NPG de primatas,
69
como sagui (Lima et al., 2012) e macaco prego (Cebus apella) (Pinato et al., 2009),
divergindo do Arvicanthis niloticus, que apresenta um moderado plexo dessas fibras
(Smale e Boverhof, 1999). No degus, fibras/terminais 5-HT-IR são restritas a porção
lateral do FIG (Goel et al., 1999). A presença de fibras/terminais 5-HT-IR no FIG do
Artibeus planirostris pode ser um indicativo de que o sistema serotonérgico pode ter
um efeito modulatório na atividade desse centro circadiano. Além disso, a presença
de 5-HT no NSQ e FIG sugere a participação desse neurotransmissor no controle da
ritmicidade biológica no referido quiróptero.
Quanto ao conteúdo das PLCa (Tabela 2), o FIG do Artibeus planirostris
apresenta imunorreatividade a CB e CR, além de total ausência de expressão de PV
em pericários ou em terminais. Células contendo CB estão presentes no rato (Celio,
1990), camundongo (Carneiro, 2000), rato-toupeira da África do Sul (Negroni et al.,
2003) e mocó (Cavalcante et al., 2008). Neurônios que expressam CR são
encontrados no camundongo (Carneiro, 2000), mocó (Cavalcante et al., 2008) e rato
(Arai et al., 1993). PV está ausente no FIG de mocó (Cavalcante et al., 2008), rato-
toupeira da África do Sul (Negroni et al., 2003), rato (Celio, 1990, Moore e Card,
1994) e camundongo (Carneiro, 2000). No NPG de sagüi, neurônios positivos para
CB (Costa et al., 1999), CR (Cavalcante et al., 2007) e PV (Costa et al., 1999)
também foram observados, além de fibras/terminais para essa última proteína
(Costa et al., 1998; Cavalcante et al., 2008).
A GFAP está presente em toda a extensão do FIG do Artibeus planirostris. Os
nossos resultados estão em conformidade com os descritos em Arvicanthis niloticus
(Smale e Boverhof, 1999), rato, hamster (Morin et al., 1989), Spermophilus lateralis
(Smale et al., 1991), mocó (Nascimento Jr et al., 2010) e camundongo (Carneiro,
2000). Nesse último animal foi demonstrada uma variação na expressão circadiana
de GFAP no FIG (Morya et al., 2000).
Em conformidade com os resultados descritos em degus (Goel et al., 1999),
Spermophilus lateralis (Smale et al., 1991) e Arvicanthis niloticus (Smale e
Boverhof,1999), não foi identificada imunorreatividade a VP e VIP no FIG do
Artibeus planirostris. Em rato (Sprague-Dawley), existem relatos contraditórios
quanto à presença de fibras VIP-IR no FIG. Mantyh e Kemp (1983) apontam que não
foi observada imunorreatividade a VIP no FIG, GLD e na porção medial do GLV.
Fibras VIP-IR foram visualizadas apenas na porção lateral do GLV. Em
contrapartida, Moore e Card (1994) descrevem a presença de um moderado plexo
dessas fibras no FIG, bem como, a concentração desses mesmos elementos no
70
GLD, além da presença de varicosidades na porção medial e lateral do GLV. Esses
autores postulam que essas fibras podem ser provenientes do NSQ.
6.3 Discussão funcional e filogenética da organização neuroquímica do NSQ e FIG
O crescente conjunto de dados comparativos no tocante à organização do
NSQ e FIG nas diferentes espécies estudadas permite a discussão de aspectos
evolutivos e funcionais desses centros circadianos. Alguns elementos presentes
nessas estruturas são invariáveis, como a presença de células produtoras de VIP no
NSQ, ENK no FIG e de GFAP em ambos os centros. A invariabilidade desses
neurotransmissores, possivelmente persistiu a partir de um ancestral comum, em um
estágio evolutivo inicial. Nesse sentido, o fato de nenhuma espécie examinada ter
perdido essas características sugere a sua importância funcional e universal entre as
espécies. Em contrapartida, outros compostos neuroativos são variáveis, como a
pericários que expressam de SP, sendo encontrados no NSQ de Macaca
fasciculares (Mick et al., 1992) e hamster (Morin et al., 1992), divergindo do padrão
descrito no Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof 1999), Clethrionomys ratius
(Samuel et al., 2006) e mocó (Nascimento Jr et al., 2010). Essa varabilidade não
esclarece o padrão evolutivo dessa substância e sugere que ela tenha sido perdida
e novamente recuperada por neurônios do NSQ em diferentes momentos da história
evolutiva dos mamíferos.
Quanto a determinação do nicho temporal das espécies, apesar da aparente
similaridade em relação a diversos aspectos organizacionais do STC, nenhum
elemento da anatomia intrínsica do NSQ foi identificado para distinguir animais
diurnos e noturnos (Smale et al., 2003). Isso sugere que a alocação temporal deve
estar na dependência de outros fatores, como as projeções eferentes (Smale et al.,
2003), além da organização estrutural do NSQ ou FIG (Nascimento Jr et al., 2010).
71
7. CONCLUSÕES
Diante da análise dos resultados supracitados, pode-se chegar as seguintes
conclusões:
7.1 Núcleo supraquiasmático
7.1.1 O NSQ do Artibeus planirostris apresenta topografia em conformidade com o
padrão observado para todos os mamíferos estudados;
7.1.2 A projeção retiniana para o NSQ dispõe-se bilateralmente, com leve
predominância contralateral;
7.1.3 A caracterização neuroquímica do NSQ demonstrou a presença dos seus
principais neurotransmissores, como VP, VIP, NPY e 5-HT, além de marcação
para PLCa e GFAP;
7.1.4 Apesar da existência de uma setorização do NSQ do Artibeus planirostris,
essa caracterização é singular e própria da espécie. Nesse sentido, a
caracterização neuroquímica desse núcleo não permite enquadrá-lo em
nenhum dos esquemas organizacionais clássicos descritos na literatura;
7.2 Folheto intergeniculado
7.2.1 O FIG do Artibeus planirostris apresenta localização conforme a maior parte
das espécies de mamíferos não-primatas.
7.2.2 A projeção retiniana para o FIG é bilateral, semelhante à maioria das espécies
estudadas;
7.2.3 O FIG apresenta elementos imunorreativos a NPY, 5-HT, GFAP e PLCa;
72
7.3 Nicho temporal e os centros circadianos
7.3.1 Não foi possível estabelecer qualquer relação entre o padrão das aferências
retinianas sobre ambos os centros circadianos e o nicho temporal desse
quiróptero;
7.3.2 Não foi possível estabelecer qualquer relação entre o padrão neuroquímico do
ambos os centros circadianos e o nicho temporal dessa espécie de morcego.
73
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo é o primeiro a caracterizar os principais centros circadianos do
STC do morcego Artibeus planirostris, um quiróptero endêmico da América do Sul.
Nossos resultados descrevem a citoarquitertura, o padrão de inervação retiniana e o
conteúdo neuroquímico desses centros. Este trabalho representa um instrumento
fundamental para estabelecer o referido morcego como modelo experimental
envolvendo o sistema nervoso. Adicionalmente, os resultados aqui discutidos
oferecem a possibilidade de compreender os aspectos filogenéticos dos quirópteros
e do próprio STC. Quanto à alocação temporal das espécies, nenhuma relação
aparente foi encontrada entre o padrão das aferências retinianas e o conteúdo
neuroquímico do NSQ e FIG. Nesse sentido, a determinação do nicho temporal
entre animais diurnos, crepusculares e noturnos ainda não foram totalmente
esclarecida. Estudos neuroquímicos e cronobiológicos devem ser realizados com o
intuito de elucidar o verdadeiro papel da organização anatômica no controle da
ritmicidade biológica.
74
*American Psychological Association
REFERÊNCIAS*
Abrahamson, E.E., Moore, R.Y. 2001.Suprachiasmatic nucleus in the mouse: retinal
innervation, intrinsic organization and efferent projections. Brain Research, 916, 172–91.
Agarwala, S., Petry, H.M., May, J.G.I.1989. Retinal projection in the ground squirrel
(Citellus tridecemlineatus). Visual Neuroscience, 3, 537-549.
Agarwala, S., Gunluk, A.E., May, J.G. III, Petry, H.M. 1992a. Imnunohistochemical
organization of the ventral lateral geniculate nucleus in the tree shrew.Journal of
Comparative Neurology, 318, 267-276.
Agarwala, S.; May, J.G. III; Moore, J.K.; Petry, H.M. 1992b. Immunohistochemical
organization of the ventral lateral geniculate nucleus inthe ground squirrel. Journal of
Comparative Neurology, 318, 255-266.
Aguiar, L.M.S., Taddei, V.A. 1995. Workshop sobre conservação de morcegos brasileiros.
Chiroptera Neotropical, 1, 24-30.
Aguirre, L.F., Vargas, A., Solari, S. 2009. Clave de campo para la identificación de los
murciélagos de Bolivia. Cochabamba: Centro de Estudios en Biología Teórica y Aplicada.
Albers, H.E., Ferris, C.F., Leeman, S.E., Goldman, B.D. 1984. Avian pancreatic polypeptide
phase shifts hamster circadian rhythms when microinjected into the suprachiasmatic region.
Science, 223, 833-835
Albrecht, U. 2012. Timing to perfection: the biologyof central and peripheral circadian
clocks. Neuron, 74, 246-260.
Albrecht, U., Zheng, B., Larkin, D., Sun, Z.S., Lee, C.C.2001.mPer1 and mPer2 are essential
fornormal resetting of the circadian clock. Journal of Biological Rhythms, 12, 100-104.
75
Albus, H., Vansteensel, M.J., Michel, S., Block, G.D., Meijer, J.H. 2005. A GABAergic
mechanism is necessary for coupling dissociable ventral and dorsal regionaloscillators within
the circadian clock. Current Biology, 15, 886–893.
Antle, M.C., Silver, R. 2005. Orchestrating time: arrangements ofthe brain circadian clock.
Trends in Neuroscience, 28, 145–151.
Antonopoulos, J., Papadopoulos, G.C., Karamanlidis, A.N., Parnavelas, J.G., Dinopoulos, A.,
Michaloudi, H. 1987.VIP-CCK-like immunoreactive neurons in the hedgehog (Erinaceus
europeaus) and sheep (Ovis aries) brain. Journal of Comparative Neurology. 263, 290-307.
Arai, R., Jacobowitz, D.M., Deura, S. 1993. Colocalization of calbindin-D28k with
vasopressin in hypothalamic cells of the rat: a double-labeling immunofluorescence study,
Brain Research., 632, 342-345.
Arvanitogiannis, A., Robinson, B., Beaulé, C., Amir, S. 2000. Calbindin-D28k
immunoreactivity in the suprachiasmatic nucleus and the circadian response to constant light
in the rat. Neuroscience, 99, 397–401.
Baver, S.B., Pickard, G.E., Sollars, P.J., Pickard, G.E.2008. Two types of melanopsin retinal
ganglion cells differentially innervate the hypothalamic supachiasmatic nucleus and the
olivary pretectal nucleus. European Journal of Neuroscience. 27, 1763-1770.
Beguelini, M.R., Puga, C.C.I., Taboga, S.R., Morielle-Versute, E. 2013.Annual reproductive
cycle of males of the flat-faced fruit-eating bat, Artibeus planirostris (Chiroptera:
Phyllostomidae). General and Comparative Endocrinology, 185, 80–89.
Bernard, E. 2002.Diet, activity and reproduction of bat species (Mammalia, Chiroptera) in
Central Amazonia, Brazil.Revista Brasileira de Zoologia, 19, 173-188.
Biello, S.M, Harrington, M.E., Manson, R. 1991. Geniculo hypothalamic tract lesions block
chlordiazepoxide-induced phase advances in Syrian hamsters. Brain Research, 552, 47-52.
Biello, S.M., Janik, D., Mrosovsky, N. 1994. Neuropeptide Y and behaviorally induced
phase shifts. Neuroscience, 62, 273-279.
76
Biello, S.M., Golombek, D.A., Schak, K.M., Harrington, M.E. 1997.Circadian phase shifts
to Neuropeptide Y in Vitro: cellular communication and signal transduction. Journal of
Neuroscience, 17, 8468–8475.
Bina, K.G. Localization of cholinergic neurons in ythe forebrain and brainstem that project to
the suprachiasmatic nucleus of the hypothalamus in rat. Journal of Comparative. Neurology,
335, 295–307.
Blasiak, T., Lewandowski, M.H. 2003. Dorsal raphe nucleus modulates neuronal activity in
rat intergeniculate leaflet. Behavioural Brain Research, 138, 179-185.
Blasiak, T., Lewandowski, M.H. 2013.Differential firing pattern and response to lighting
conditions of rat intergeniculate leaflet neurons projecting to suprachiasmatic nucleus or
contralateral intergeniculate leaflet. Neuroscience, 228, 315–324.
Bons, N., Mestre, N., Petter, A., Danger, J.M., Pelletier, G., Vaudry, H. 1990.Localization and
characterization of neuropeptide Y in the brain of Microcebus murinus (Primate,
Lemurian).Journal of Comparative. Neurology, 298, 343-361.
Buijs, R.M., Wortel, J., Hou, Y.Y. 1995. Co-localization of gamma-amino-butyric acid with
vasopressin, vasoactive intestinal peptide and somatostatin in the rat suprachiasmatic nucleus.
Journal of ComparativeNeurology, 358, 343-352.
Bult, A., Hiestand, L., Van der zee, E.A., Lynch, C.B. 1993. Circadian Rhythms differ
between selected mouse lines: a model to study the role of vasopressin neurons in the
suprachiasmatic nucleus. Brain Research Bulletin, 32, 623-627.
Canteras, N.S., Ribeiro-Barbosa, E.R., Goto, M., Cipolla-Neto, J., Larry W. Swanson, L.W.
2011. The Retinohypothalamic tract: comparison of axonal projection patterns from four
major targets. Brain Research Reviews, 65, 150-183.
Card, J.P., Moore, R.Y. 1989. Organization of lateral geniculate-hypothalamic conecctions in
the rat. Journal of ComparativeNeurology, 284, 135-147.
Card, J.P., Moore, R.Y. 1984. The suprachiasmatic nucleus of the gold hamster:
immunohistochemical analysis of the cell and fiber distribution. Neuroscience, 13, 415-431.
77
Card, J.P., Moore, R.Y. 1991. The organization of visual circuits influencing the circadian
activity of the suprachiasmatic nucleus. In: Suparachiasmatic nucleus: the mind’s clock. (Ed.
por D.C. Klein, R.Y. Moore, S.M. Reppert). pp.51-71. New York: Oxford University Press.
Card, J.P., Moore, R.Y. 1982. Ventral lateral geniculate nucleus efferents to the rat
suptachiasmatic exhibit avian pancreatic polypeptide-like immunoreactive. Journal of
Comparative Neurology, 206, 390-396.
Carneiro, A.L.B. 2000. O sistema de temporização circadiano em camundongos:
caracterização imuno-histoquímica para neurotransmissores e projeção retiniana.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Cassone, V.M., Speh, J.C., Card, J.P., Moore, R.Y. 1988. Comparative anatomy of the
mammalian hypothalamic suprachiasmatic nucleus.Journal of Biological Rhythms, 3, 71-91.
Cavalcante, J.S., Alves, A.S., Costa, M.S.M.O, Britto, L.R.G. 2002. Differential distribution
of afferent conteining serotonin and neuropeptide Y within the marmoset suprachiasmatic
nucleus.Brain Research, 927, 200-203.
Cavalcante, J.S., NascimentoJúnior, E.S., Costa, M.S.M.O. 2006. Componentes centrais do
sistema de temporização circadiano: o núcleo supraquiasmático e o folheto intergeniculado.
Neurociências, 3, 273-282.
Cavalcante, J.S., Britto, L.R.G., Toledo, C.A.B., NascimentoJúnior, E.S., Lima, R.R.M.,
Pontes, A.L.B., Costa, M.S.M.O. 2008. Calcium-binding proteins in the circadian centers of
the common marmoset (Callithrix jacchus) and the rock cavy (Kerodon rupestris) brains.
Brain Research Bulletin, 76, 354-360.
Cayetanot, F., Deprez, J., Aujard, F. 2007. Calbindin D28k protein cells in a primate
suprachiasmatic nucleus: localization, daily rhythm and age-related changes. European
Journal of Neuroscience. 26, 2025-2032.
Celio, M.R.1990. Calbindin-D-28k and parvalbumin in the rat nervous system.
Neuroscience, 35, 375.
Challet, E., Pèvet, P., Malan, A. 1996. Intergeniculate leaflet lesion and daily rhythms in
food-restricted rats fed during daytime. Neuroscience Letters, 216, 214–218.
78
Challet, E., Pèvet, P. 2003. Interactions between photic and nonphotic stimuli to synchronize
the master circadian clock in mammals. Frontiers in Bioscience, 8, 246-257.
Chevassus-au-Louis, N., Cooper, H.M. 1998. Is there a geniculohypothalamic tract in
primates? A comparative immunohistochemical study in the circadian system of strepsirhine
and haplorhine species. Brain Research, 805, 213–219.
Cipolla-Neto, J., Bartol, I., Seraphim, P.M., Afeche, S.C., Scialfa, J.H., Peraçoli, A.M. 1995.
The effects of lesions of the thalamic intergeniculate leaflet on the pineal metabolism. Brain
Research, 691, 133-141.
Cohen. R., Kronfeld-Schor, N., Ramanathan, C., Anna Baumgras, A., Smale, L. 2010. The
substructure of the Suprachiasmatic Nucleus: similarities between nocturnal and diurnal Spiny
Mice. Brain, Behavior and Evolution, 75, 9–22.
Conley, M., Friederich-Ecsy, B. 1993. Functional organization of theventral lateral geniculate
complex of the tree shrew (Tupaia belangeri):I. nuclear subdivisions and retinal projections.
Journal of ComparativeNeurology, 328, 1-20.
Costa, M.S.M.O, Britto, L.R.G. 1997.Calbindin immunoreactivity delineates the circadian
visual centers of the brain of the Common Marmoset (Callithrix jacchus). Brain Research
Bulletin, 43, 369–373.
Costa, M.S.M.O, Moreira, L.F., Alones, V., Lu, J., Santee, U.R., Cavalcante, J.S., Moraes,
P.R.A., Britto, L.R.G., Menaker, M. 1998. Characterization of the circadian system in a
brazilian species of monkey (Callithrix jacchus): Immunohistochemical analysis and retinal
projections, Biological Rhythm Research. 29, 510-520.
Costa, M.S.M.O, Santee, U.R., Cavalcante, J.S., Moraes, P.R.A., Santos, N.P., Britto, L.R.G.
1999. Retinohypothalamic projections in the Commom Marmoset (Callitrhix jacchus): a
study using cholera toxin subunit B. Journal of Comparative Neurology, 415, 393-403.
Cotter, J.R. 1985. Retinofugal Projections of the Big Brown Bat, Eptesicus fuscusand the
Neotropical Fruit Bat, Artibeus jamaicensis. The American Journal of Anatomy, 172, 105-
124.
79
Cotter, J.R,, Pentney, R.J.P.1979.Retinofugal Projections of Nonecholocating (Pteropus
gigantus) and Echolocating (Myotis lucifugus) Bats. The American Journal of Anatomy, 184,
381-400.
Dark, J.G., Asdourian, D. 1975. Entrainment of the rat’s activity rhythm by cyclic light
following lateral geniculate nucleus lesions. Physiology & Behaviour, 15,295-301.
de la Iglesia, H.O., Cambras, T., Schwartz, W.J., Diez-Noguera, A. 2004. Forced
desynchronization of dual circadian oscillators within the rat suprachiasmatic nucleus.Current
Biology, 14, 796–800.
De León, M., Aguirre, J.A., Coveñas, R., Narváez, J.A., Conzález-Barón, S. 1995.
Distribution of parvalbumin immunoreactivity in the cat diencephalons. Brain Research
Bulletin, 36, 393-398.
Dibner, C.,Schibler, U., Albrecht, U. 2010. The Mammalian CircadianTiming System:
organization and coordination of centraland peripheral clocks. The Annual Review of
Physiology, 72, 517–549.
Dinopoulos, A., Karamandilis, A.N., Michaloudi, H., Antonopoulos, J. Papadopoulos, G.
1987. Reinal projections in the hedhog (Erinaceus europeus): an autoradiographic and
horseradish peroxidase study.Anatomy and Embryology, 176, 65-70.
Edelstein, K., Amir, S.1995. Non-photic manipulations unduce expression of Fos protein in
the suprachiasmatic nucleus and the intergeniculate leaflet in the rat brain. Brains Research.
690, 254-258.
Edelstein, K., Amir, S.1999.The role of the intergeniculate leaflet in entrainment of circadian
rhythms to askeleton photoperiod.Journal of Neuroscience, 19, 372-80.
Fortin, M.., Parent, A.,1997.Distribution of calretinin, calbindin-D-28k and parvalbumin in
the hypothalamus of thesquirrel monkey.Journal of Chemical Neuroanatomy,14, 51-61.
Foster, R.G., Kreitzman, L. 2013. The Rhythms of life:what your body clockmeans to you.
Experimental Physiology, 11, 1-16.
80
Franklin, K.B.J., Paxino, G. 2008. The mouse brain in stereotaxic coordinates.California:
Academic Press.
Gaillard, F., Karten, H.J., Sauvé, Y. 2013. Retinorecipient areas in the diurnal murine rodent
Arvicanthis niloticus: a disproportionally large superior colliculus. The Journal of
Comparative Neurology, 521, 1699–1726.
Gall, A.J.,Smale, L.,Yan, L.,Nun, A.A. 2013.Lesions of the intergeniculate leaflet lead to a
reorganization in circadian regulation and a reversal in masking responses to photic stimuli in
the Nile Grass Rat. Plos One, 8, e67387.
Gall, A.J., Yan, L., Smale, L., Nun, A.A. 2014. Intergeniculate leaflet lesions result in
differential activation of brainregions following the presentation of photic stimuli in Nile
grass rats. Neuroscience Letters, 579, 101–105.
Goel, N., Governale, M.M., Jechurab, T.J., Leeb, T.M. 2000. Effects of intergeniculate leaflet
lesions on circadian rhythms in Octodon degus. Brain Research, 877, 306–313.
Goel, N., Lee, T.M., Smale, L.1999. Suprachiasmatic nucleus and intergeniculate leaflet in
the diurnal rodent Octodon degus: retinal projections and immunocytochemical
characterization. Neuroscience, 92,1491-509.
Golombek, D.A., Rosenstein, R.E. 2010. Physiology of circadian entrainment. Physiological
Reviews, 90, 1063-1102.
Hajós, F. 2008. Chances in glial fibrillary acidic protein (GFAP) immunoreactive reflects
neuronal states. Neurochemical Research, 33, 1643-1650.
Hannibal, J., Kankipati, L., Strang, C.E., Peterson, B.B., Dacey, D.,. Gamlin, P.D. 2014.
Central projections of intrinsically photosensitiveretinal ganglion cells in the macaque
monkey. Journal of Comparative Neurology, 522, 2231–2248.
Harrington, M.E., Nance, D.M., Rusak, B. 1985. Neuropeptide Y immunoreactivity in the
hamster geniculo-suprachiasmatic tract. Brain Research Bulletin, 15, 465-472.
81
Harrington, M.E., Nance, D.M., Rusak, B. 1987. Double-labeling of neuropeptide Y-
immunoreactive neurons which project from the geniculate to the suprachiasmatic
nuclei.Brain Research, 410, 275-82.
Harrington, M.E., Rusak, B.1988. Ablation of the geniculohypothalamictract alters circadian
activity rhythms ofhamsters housed under constant light. Physiology & Behavior, 42, 183-
189.
Harrington, M.E., Rusak, B.1986. Lesions of the thalamic intergeniculate leaflet alter hamster
circadian thythms. Journal of Biological Rhythms, 1, 309-325.
Harrington, M.E.1997. The ventral geniculate nucleus and intergeniculate leaflet interrelated
structures in the visual and circadian system. Neuroscience and Biobehavioral Review, 21,
705-727.
Hattar, S., Kumar, M., Park, A., Tong, P., Tung, J., Yau, K., Berson, D.M. 2006. Central
projections of melanopsin-expressing retinal ganglioncells in the mouse. Journal of
Comparative Neurology, 497, 326–349.
Hay-Schmidt, A., Vran, N., Larsen, P.J., Mikkelsen, J.D. 2003. Projections from the raphe
nuclei to the suprachiasmatic nucleus of the rat. Journal of Chemical Neuroanatomy, 25, 293-
310.
Haynes, M.A., Lee Jr, T.E. 2004. Artibeus obscurus. Mammalian Species, 752, 1-5.
Hendrickson, A.E., Wagoner, N., Cowan, W.M. 1972. An autoradiographic and electron
microscopic study of retino-hypothalamic connections. Zeitschrift für Zellforschung und
Mikroskopische.Anatomie, 135, 1-26.
Herbin, M., Repérant, J., Cooper, H.M. 1994. Visual system of the fossorial mole-
lemmings, Ellobius talpinus and Ellobius lutescens. Journal of Comparative Neurology, 346,
253-275.
Hickey, T.L., Spear, P.D. 1976. Retinogeniculate projections in hooded and albino rats: an
autoradiographic study.Experimental Brain Research, 24, 523-29.
82
Hof, P.R., Glezer I.I., Condé, F., Flagg, R.A., Marina, B.R., Nimchisky, E.A.,Weisenhorn,
D.M.V. 1999. Cellular distribution of he calcium-binding proteins parvalbulmin, calbindin
and calretinin in the neocortex of mammals: phylogengetic and developmental patters. Journal
of Chemical Neuroanatomy, 16, 77-116.
Hollis, L. 2005. Artibeus planirostris. Mammalian Species, 775, 1-6.
Hostetler, C.M., Hitchcock, L.N., Anacker, A.M.J., Young, L.J., Ryabinin, A.E.
2013.Comparative distribution of central neuropeptide Y (NPY) in theprairie (Microtus
ochrogaster) and meadow (M. pennsylvanicus) vole. Peptides, 40, 22–29.
Huhman, K.L., Albers, H.E.1994. Neuropeptide Y microinjected into the suprachiasmatic
nucleus region phase shifts circadian rhythms in constant darkness. Peptides, 15,1475-1478.
Hut, R.A., Beersma, D.G.M. 2011. Evolution of time-keeping mechanisms: early emergence
and adaptation to photoperiod. Philosophical Transactions of the Royal Society, 366, 2141-
2154.
Hutcheon, J. M., Kirsch, J. A.W., Pettigrew, J. D. 1998. Base compositional biases and the bat
problem. III: The question of microchiropteran monophyly. Philosophical Transactions of the
Royal Society B: Biological Sciences, 353, 607–617.
Hutson, A.M., Mickleburgh S.P, Racey, P.A. 2000. Microchiropteran Bats. Gland,
Switzerland and Cambridge: IUCN.
Ikeda, M., Allen, C.N. 2003. Developmental changes in calbindin-D28k and calretinin
expression in the mouse suprachiasmatic nucleus. European Journal of Neuroscience, 17,
1111-1118.
Janik, D., Mrosovsky, N. 1994. Intergeniculate leaflet lesions and behaviorally-induced shifts
of circadian rhythms. Brain Research, 651, 174-182.
Janik, D., Mikkelsen, J.D., Mrosovsky, N. 1995. Cellular co-localization of Fos and
neuropeptide Y in the intergeniculate leaflet after nonphotic phase-shifting events. Brain
Research. 698, 137-45.
83
Johnson, R.F., Moore, R.Y., Morin, L.P. 1988a. Loss of entrainment and anatomical plasticity
after lesions of the hamster retinohypothalamic tract.Brain Research, 460, 297-313.
Johnson, R.F., Morin, L.P., Moore, R.Y. 1988b. Retinohypothalamicprojections in the rat and
hamster demonstrated using cholera toxin. Brain Research, 462, 301-12.
Johnson, R.F., Smale, L., Moore, R.Y., Morin, L.P. 1988c. Lateral geniculate lesions block
circadian phase-shiftresponses to a benzodiazepine. Proceeding of the National Academy
Society of USA, 85, 5301-5304.
Johnson, R.F., Moore, R.Y., Morin, L.P. 1989. Lateral geniculatelesions alter circadian
activity rhythms in the hamster.Brain Research Bulletin, 22, 411-422.
Jones, G., Teeling, E.C. 2006.The evolution of echolocation in bats. Trends in Ecology &
Evolution, 21, 149-156.
Juárez, C., Morgado, E., Meza, E., Waliszewski, S.M., Aguilar-Roblero, R., Caba, M. 2013.
Development of retinal projections and response to photic input in the suprachiasmatic
nucleus of New Zealand White Rabbits. Brain Research, 1499, 21-28.
Kalko, E.K.V., Handley, C.O., & Handley, D. 1996. Organization, diversity, and long-term
dynamics of a neotropical bat community. In: Long term studies in vertebrate communities
(Ed. por M.L. Cody, & J.A. Smallwood), pp. 503-553. San Diego: Academic Press.
Klein, D.C., Moore, R.Y. 1979. Pineal N-acetyltransferase and Hydroxyindole-O-
methyltransferase: control by retinothalamic tract and suprachiasmatic nucleus. Brain
Research, 174: 254-262.
Kronfeld-Schor, N., Bloch, G., Schwartz, W.J. 2013. Animal clocks: when science meets
nature. Proceedings of Royal Society, 280, 1-4.
Kudo, M., Yamamoto, M., Nakamura, Y. 1991. Suprachiasmatic nucleus and
retinohypothalamic projections in moles. Brain, Behavior and Evolution, 38, 332-338.
84
Künzle, N., Unger, J.W. 1992. Neuropeptide Y-like immunoreactive neurons in the
suprachiasmatic-subparaventricular region in the hedgehog tenrec. Brain Research, 576, 332-
336.
Kunz, T.H., Lumsden, L.F. 2003.Ecology of cavity and foliage roosting bats. In: Bat Ecology
(Ed. por Kunz, T.H., Fenton, M.B.), pp 3-89. Chicago: The University of Chicago.
Laernle, L.K., Cotter, J.R. 1988. Immunocytochemical localization of vasoactive intestinal
polypeptide (VIP) in the brain of little brown bat (Myotis lucifugus). Journal of
neurocytology, 17, 117-129.
Laernle, L.K., Cotter, J.R. 1992. Neuropeptide Y-Like Immunoreactivity in the diencephalon
of the Little Brown Bat (Myotis lucifugus): localizedv with physiologicals. The Journal of
Comparative Neurology, 316, 447-458.
Leak, R.K., Moore, R.Y. 2001.Topographic organization of suprachiasmatic nucleus
projection neurons.Journal of Comparative Neurology, 433, 312-34.
Lehman, M.N., Silver, R., Gladstone, W.R., Kahn, R.M., Gibson, M., Bittman, E.L. 1987.
Circadian rhythmicity restored by neural transplant. Immunocytochemical characterization of
the graft and its integration with the host brain.Journal of Neuroscience, 7, 1626–1638.
Lesauter, J., Kriegsfeld, L.J., Hona, J., Silver, R. 2002. Calbindin-D28K Cells Selectively
Contact Intra-Scn Neurons. Neuroscience, 111, 575–585
Levine, J.D., Weiss, M.L., Rosenwasser, A.M., Miselis, R.R. 1991. Retinohypothalamic tract
in the female albino rat: a study using horseradish peroxidase conjugated to cholera toxin.
Journal of Comparative Neurology, 306, 344-60.
Lewandowski, M.H., Blasiak, T. 2004. Slow oscillation circuit of the intergeniculate leaflet.
Acta Neurobiologia Experimentalis, 64, 277-288.
Lima, R.R.M., Pinato, L., Nascimento, R. B.S., Engelberth, R.C. G.J., Nascimento Junior, E.
S., Cavalcante, J. C., Britto, L. R.G., Costa, M. S.M.O., Cavalcante, J. S. 2012. Retinal
projections and neurochemical characterization of the pregeniculate nucleus of the common
marmoset (Callithrix jacchus). Journal of Chemical Neuroanatomy, 44, 34–44.
85
Lowrey, P.L., Takahashi, J.S. 2011. Genetics of circadian rhythms in Mammalian model
organisms. Advances in Genetic, 74, 175–230.
Lydic, R., Alber, H.e., Tepper, B., Moore-Ede, M.C.1982. Three-dimensional structure of the
mammalian suprachiasmatic nuclei: a comparative study of five species. Journal of
Comparative Neurology, 204, 225-237.
Ling, C., Schneider, G.E., Shavers, S. 1998. Target-specific morphology of retinal axon
arbors in the adult hamster. Visual Neuroscience, 15, 559-579.
Mai, J.K, Kedziora, O., Teckhaus, L., Sofroniew, M.V. 1991. Evidence for subdivisions in the
human suprachiasmatic nucleus. Journal of Comparative Neurology, 305, 508-525.
Madsen, O., Scally, M., Douady, C. J., Kao, D. J., DeBry, R. W., Adkins, R., Amrine, H. M.,
Stanhope, M. J.,de Jong, W. W., Springer, M. S. 2001. Parallel adaptive radiations in two
major clades of placentalmammals. Nature, 409, 610–614.
Magnin, M., Cooper, H.M., Mick, G. 1989. Retinohypothalamic pathway: a breach in the law
of Newton-Müller-Gudden? Brain Research, 488, 390-397.
Mahoney, M.M., Nunez, A.A., Smale, L. 2000. Calbidin and Fos within the suprachiasmatic
nucleus and the adjacent hypothalamus of Arvicanthis niloticus and Rattus norvegicus.
Neuroscience, 99, 565-575.
Major, D.E., Rodman, H.R. Libedinsky, C., Karten, H. J. 2003. Pattern of retinal projections
in thecalifornia ground squirrel(Spermophilus beecheyi): anterogradetracing study using
cholera toxin. Journal of Comparative Neurology, 463,317–340.
Mammen, A.P., Jagota A. 2011. Immunocytochemical evidence for different patterns in daily
rhythms of VIP and AVP peptides in the suprachiasmatic nucleus of diurnal Funambulus
palmarum. Brain Research, 1373, 39-47.
Mantyh, P.W., Kemp, J.A. 1983. The distribution of putativeneurotransmitters in the lateral
geniculate nucleus of the rat. Brain Research, 288, 344-348.
86
Marchant, E.G., Watson, N.V., Mistlberger, R.E. 1997. Both neuropeptide Y and serotonin
are necessary for entrainment of circadian rhythms in mice by daily treadmill running
schedules. Journal of Neuroscience, 17, 7974–7987.
Marshall, S.T., Fa’anunu, A.I., Bult, A. 2000. Calretinin is not amarker for subdivisions
within the suprachiasmaticnucleus. Brain Research, 854, 216-219.
Martinet, L., Serviere, J., Peytevin, J.1992. Direct projection of the “non-image-forming”
system to the hypothalamus, anterodorsal thalamus and basal telencephalon of mink (Mustela
vison) brain. Experimenatal Brain Research, 89, 373-338.
Martinet, L., Bonnefond, C., Peytevin, J., Monnerie, R., Marcilloux, J.C. 1995. Vasoactive
intestinal polypeptide in the suprachiasmatic nucleus in the mink (Mustela vison) could play a
key role in photic induction. Journal of Neuroendocrinology, 7, 69-79.
Matteau, L., Boire, D., Ptito, M. 2003. Retinal projections in the cat: a chlorea toxin subunit
study. Visual Neuroscience, 20, 481-493.
Medanic, M., Gillette, M.U.1993. Suprachiasmatic circadian pacemaker of rats shows two
windows of sensitivy to neuropeptide Y in vitro. Brain Research, 620, 281-286.
Menna-Barreto, L., Díez-Noguera, A. 2011. External temporal organization in biological
rhythms.Biological Rhythm Research, 43, 3-14.
Meyer, E.L., Harrington, M.E., Rahmani, T.1993.A phase-response curve to the
benzodiazepine chlordiazepoxide and theeffect of geniculo-hypothalamic tract
ablation.Physiology & Behavior, 53, 237-43.
Meyer-Bernstein, E.L., Morin, L.P. 1996. Differential serotonergic innervations of the
suprachiasmatic nucleus and the intergeniculate leaflet and its role in circadian
rhythmmodulation. Journal of Neurology, 16, 2097-2111.
Meyer-Bernstein, E.L., Morin, L.P. 1999. Electrical stimulation of the median or dorsal raphe
nuclei reduces light-induced Fos protein in the suprachiasmatic nucleus and causes circadian
activity rhythm phase shifts. Neuroscience, 92, 267-279.
87
Mick, G., Najime, M., Girard, M., Chayvialle, J.A. 1992. Evidence for a substance
Pcontaining a subpopulation in the primate suprachiasmatic nucleus. Brain Research. 573,
311-317.
Mikkelsen, J.D., Vrang, N., Mrosovsky, N.1998. Expression of Fos in the circadian system
following nonphotic stimulation. Brain Research Bulletin, 47, 367-376.
Miranda, J.M.D., Bernardi, I.P., Passos, F.C. 2011. Chave ilustrada para determinação dos
morcegos da Região Sul do Brasil. Curitiba: UFPR.
Mizuno, N., Sumi, M.U., Tashiro, T., Takahashi, O., Satoba, T. 1991. Retinofugal projections
in the house musk shrew, Suncus murinus. Neuroscience Letters, 125, 133-135.
Moga, M.M., Moore, R.Y. 1997. Organization of neural inputs to the suprachiasmatic nucleus
in the rat.Journal of Comparative Neurology, 389, 508–534.
Moore, R.Y., Card, J.P. 1994. Intergeniculate leaflet: an anatomically and functionally distinct
subdivision of the lateral geniculate complex. Journal of Comparative Neurology, 344, 403-
430.
Moore, R.Y.1973. Retinohypothalamic projection in mammals: a comparative study. Brain
Research, 49, 403-409.
Moore, R.Y. 1982. The suprachiasmatic nucleus and the organization of circadian
system.Trends in Neuroscience, 5, 404-407.
Moore, R.Y.1989. The geniculohypothalamic tract in monkey and man. Brain Reserach, 486,
190-194.
Moore, R.Y. 1983. Organization and function of central nervous system circadian oscillator:
the suprachiasmatic hypothalamic nucleus. Federation Proceedings, 42, 2783-2789.
Moore, R.Y., Eichler V.B. 1972. Loss of circadian adrenal corticosterone rhythm following
suprachiasmatic nucleus lesions in the rat.Brain Research, 42, 201-206.
88
Moore, R.Y., Lenn, N.J. 1972.A retinohypothalamic projection in the rat. The Journal of
Comparative Neurology, 180, 1-14.
Moore, R.Y., Speh, J.C. 1993.GABA is the principal neurotransmitter of the circadian system.
Neuroscience Letters, 150, 112-116.
Moore RY, Speh JC, Leak RK. 2002. Suprachiasmatic nucleusorganization. Cell and Tissue
Research. 309: 89–98.
Moore, R.Y., Weis, R., Moga, M.M. 2000. Efferent projections of the intergeniculate leaflet
and the ventral lateralgeniculate nucleus in the rat.Journal of ComparativeNeurology, 420,
398-418.
Moreira, L.F., Costa, M.S.M.O., Santee, U.R., Cavalcante, J.S., Morais, P.R.A., Britto,
L.R.G.1997. A imunorreatividade à proteína acídica fibrilar glial (GFAP) delimita os centros
circadianos do sagui (Callitrix jaccus). In: Federação de Sociedade de Biologia Experimental
(FESBE). XII Reunião Anual da Federação de Sociedade de Biologia Experimental.
Morin, L.P. 1999. Serotonin and the regulation of mammalian circadian rhythmicity.Annals
of Medicine. 31, 12-33.
Morin, L.P. 2007. SCN organization reconsidered.Journal of Biological Rhythms, 22, 3-13.
Morin, L.P. 2013.Neuroanatomy of the extended circadian rhythm system. Experimental
Neurology, 243, 4-20.
Morin, L.P. 1994. The circadian visual system. Brain Research Reviews, 19,102-127.
Morin, L.P., Allen, C.N. 2006.The circadian visual system.Brain Research Reviews, 51, 1-60.
Morin, L.P., Blanchard, J., Moore, R.Y. 1992. Intergeniculateleaflet and suprachiasmatic
nucleus organizationand connections in the golden hamster.Visual Neuroscience, 8, 219-230.
89
Morin, L.P., Blanchard, J.H. 1995. Organization of the hamster intergeniculate leaflet: NPY
and ENK projections to the suprachiasmatic nucleus, hamster intergeniculate leaflet and
posterior limitants nucleus. Visual Neuroscience, 12, 57-67.
Morin, L.P., Blanchard, J.H.1998. Interconnections among nucleiof the subcortical visual
shell: the intergeniculateleaflet is a major constituent of the hamster subcorticalvisual system.
Journal of ComparativeNeurology, 396, 288-309.
Morin, L.P., Blanchard, J.H. 1999. Forebrain connections ofthe hamster intergeniculate
leaflet: Comparison withthose of ventral lateral geniculate nucleus and retina.Visual
Neuroscience, 16,1037-54.
Morin, L.P., Blanchard, J.H. 2001. Neuromodulator content of hamster intergeniculate leaflet
neurons and their projection to the suprachiasmatic nucleus or visual midbrain. Journal of
ComparativeNeurology, 437, 79-90.
Morin, L.P., Blanchard, J.H. 2005. Descending projections ofthe hamster intergeniculate
leaflet: Relationship tothe sleep/arousal and visuomotor systems.Journal of
ComparativeNeurology, 487, 204-216.
Morin, L.P., Blanchard, J., Provencio, I. 2003. Retinal ganglion cell projections to the hamster
suprachiasmatic nucleus, intergeniculate leaflet, and visual midbrain: bifurcation and
melanopsin immunoreactivity. Journal of Comparative Neurology, 465, 401–416.
Morin, L.P., Hefton, S., Studholme, K. 2011. Neurons Identified by NeuN/Fox-3
immunoreactivity have a novel distribution in the hamster and mouse suprachiasmatic
nucleus. Brain Research, 1421, 44–51.
Morin, L.P., Johnson, R.F., Moore, R.Y.1989. Two brain nuclei controlling circadian rhythms
are identifield by GFAPimmunoreactivity in hamsters and rats. Neuroscience Letters, 99, 55-
60.
Morin, L.P., Shivers, K.Y., Blanchard, J.H., Muscat, L. 2006. Complex organization of mouse
and rat suprachisamatic nucleus.Neuroscience, 137, 1285–1297.
90
Morya, T., Yoshinobu, Y., Kouzu, Y., Katoh, A., Gomi, H., Ikeda, M., Yoshioka, T., Itohara,
S., Shibata, S. 2000. Involvement of glial fibrillary acidic protein (GFAP) expressed in
astroglial cells in circadian rhythm under constant light conditions mice. Journal of
Neuroscience Research, 60, 218-218.
Mrosovsky, N. 1995. A non-photic gateway to the circadian clock of hamsters.Ciba
Foundation Symposium, 183, 154-167.
Mrosovsky, N., Salmon, P.A., Menaker, M., Ralph, M.R. 1992. Nonphotic phase shifiting in
hamster clock mutants.Journal of Biological Rhythms, 7, 41-49.
Murakami, D.L., Miller, J.D. Fuller, C.A. 1989. The retinohypothalamic tract in the cat:
retinal ganglion cell morphology and pattern of projection. Brain Research, 482, 283-296.
Murphy, W. J., Eizirik, E., Johson, W. E., Zhang, Y. P., Ryder, O. A., O’Brien, S. J. 2001.
Molecularphylogenetics and the origins of placental mammals. Nature, 409, 614–618.
Muscat, L., Morin, L.P. 2006. Intergeniculate leaflet: contributions to photic and non-photic
responsiveness of the hamster circadian system. Neuroscience, 140, 305-320.
Nakamura, H., Itoh, K. 2004.Cytoarchitectonic and connectional organization of the ventral
lateral geniculate nucleus in the cat. Journal of ComparativeNeurology, 473, 439–462.
Nascimento, R.B.S., Borda, J.S., Engelberth, R.C.G.J., Medeiros, R.O., Frazão, R., Pinato,
L., Pontes, A.L.B., Nascimento Júnior, E.S.N., Nogueira, M.I., Cruz-Rizzolo, R.J., Costa,
M.S.M.O, Cavalcante, J.S. 2010. The presence of neuronal-specific nuclear protein (NeuN) in
the circadian timing system of the capuchin monkey (Cebus apella).Sleep Science, 3, 36–39.
Nascimento Júnior, E.S., Duarte, R.B., Magalhães, M.A.F., Silva, S.F., Cavalcante, J.C.,
Cavalcante, J.S., Costa, M.S.M.O. 2010.The suprachiasmatic nucleus and the intergeniculate
leaflet in the rock cavy (Kerodon rupestris): Retinal projections and immunohistochemical
characterization. Brain Research, 1320, 34-46.
Negroni, J., Nevo, E., Cooper H.M.1997 Neuropeptidergic organization of the
suprachiasmatic nucleus in theblind mole rat (Spalax ehrenbergi). Brain Research Bulletin,
44, 633-639.
91
Negroni, J., Bennet, N.C., Cooper, H.M. 2003.Organization ofthe circadian system in the
subterranean mole rat,Cryptomys hottentotus (Bathyergidae). Brain Research, 967, 48-62.
Nemec, P., Hynek Burda, H., Peichl, L. 2004. Subcortical visual system of the African mole-
ratCryptomys anselli: to see or not to see? European Journal of Neuroscience, 20, 757–768.
Neuweiler, G. 2001. The biology of bats. New York: Oxford University Press.
Panda, S., Hogenesch, J.B., Kay, S.A. 2002.Circadian rhythms from flies to human.Nature,
417, 329-335.
Panula, P., Pirvola, U., Auvinen, S., Airaksinen, M.S. 1989. Histamine-immunoreactive nerve
fibers in the rat brain. Neuroscience, 28, 585–610.
Paul, N.K., Saafir, T.B., Tosin, G.2009. The role of retinal photoreceptors in the regulation of
circadian rhythms. Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders. 10, 271-278.
Paxino, G., Watson, C. 2007. The rat brain in stereotaxic coordinates. Massachusetts:
Academic Press.
Pickard, G.E. 1985. Bifurcating axons of retinal ganglioncells terminate in the hypothalamic
suprachiasmaticnucleus and the intergeniculate leaflet of thethalamus. Neuroscience Letters,
55, 211-217.
Pickard, G.E. 1989. Entrainmement of the circadian rhythm ofwheel-running activity is phase
shifted by ablation ofthe intergeniculate leaflet. Brain Research, 494, 151-154.
Pickard, G.E., Ralph, M.R., Menaker, M. 1987.The intergeniculate leaflet partially mediates
effects of light on circadian rhythms. Journal of Biologcal Rhythms, 2, 35-56.
Pickard, G.E.1994, Intergeniculate leaflet ablation alters circadian rythms in the mouse.
Neuroreport, 5, 2186-2188.
92
Pickard, G.E., Silverman, A.J., 1981. Direct retinal projection to the hypothalamus, piriform
cortex, and accessory optic nuclei in the Golden hasmter as demonstrated by a sensitive
anterograde horseradish peroxidade technique. Journal of Comparative Neurology, 196,
155-172.
Pinato, L., Frazão, R., Cruz-Rizollo, R.J., Cavalcante, J.S., Nogueira, M.I. 2009.
Immunocytochemical characterization of the pregeniculate nucleus and distribution of
retinal and neuropeptide Y terminals in the suprachiasmatic nucleus of the Cebus
monkey.Journal of Chemical Neuroanatomy, 4, 207-213.
Pinato, L., Allemandi, W., Abe, L.K., Frazão, R., Cruz-Rizzolo, R.J., Cavalcante, J.S., Costa,
M. S.M.O., Nogueira, M.I.2007. A comparative study of cytoarchitecture and serotonergic
afferents in the suprachiasmatic nucleus of primates (Cebus apella and Callithrix jacchus)
and rats (Wistar and Long Evans strains). Brain Research, 1149, 101-110.
Pontes, A.L.B., Engelberth, R.C.G.J., Nascimento Júnior, E.S., Cavalcante, J.C., Costa,
M.S.M.O., Pinato, L., Toledo, C.A.B., Cavalcante, J.S. 2010. Serotonin and circadian
rhythms.Psychology & Neuroscience, 3, 217 – 228.
Pu, M.L., Pickard, G.E. 1996.Ventral lateral geniculate nucleus afferentsto the
suprachiasmatic nucleus in the cat. Brain Research,725, 247–251.
Ralph, M.R., Foster, R.G., Davis, F.C., Menaker, M. 1990. Transplanted suprachiasmatic
nucleus determines circadian period. Science, 247, 975–978.
Reimer, K. 1989. Retinofugal projections in the rufous horseshoe bat, Rhinolophus rouxi.
Anatomy and Embryology, 180, 89-98.
Reis, N. R., Fregonezi, M. N., Peracchi, A. L., Shibatta, O. A. 2013. Morcegos do Brasil –
Guia de Campo. Rio de Janeiro: Technical Books.
Reis, N. R., Peracchi, A. L., Pedro, W.A., Lima, I.P. 2007. Morcegos do Brasil. Londrina:
UEL.
Résibois, A., Rogers, J.H. 1992. Calretinin in the rat brain: an immunohistochemical study.
Neuroscience, 46, 101-134.
93
Reuss, S., Fuchs, E. 2000. Anterograde tracing of retinal afferents to the tree shrew
hypothalamus and raphe. Brain Research, 874, 66–74.
Reuss, S., Hurlbut, E.C., Speh, J.C., Moore, R.Y. 1989. lmmunohistochemical evidence for
the presence of neuropeptides in the hypothalamic Suprachiasmatic Nucleus of Ground
Squirrels. The Anatomical Record, 225, 341-346.
Reuss, S., Decker, K., Höld, O., Sraka., S. 1994. Anterograde neuronal tracing of
retinohypothalamic projections in the hamster-possible innervations of substance P-containig
neuron in the suprachiasmatic nucleus. Neuroscience Letters, 174, 51-54.
Ribak, C.E., Peters. A. 1975. An autoradiographic study of the projections from the lateral
geniculate body of the rat. Brain Research, 92, 341-68.
Rocha, V.A., Frazão, R., Campos, L.M.G., Mello, P., Donato Júnior, J., Cruz-Rizzolo, R.J.,
Nogueira, M.I., Pinato, L. 2014. Intrinsic organization of the suprachiasmatic nucleus in the
capuchin monkey. Brain Research, 1543, 65-72.
Rogers, J.H., Résibois, A. 1992. Calretinin and calbidin-D-28k in the rat brain: patterns of
partial co-localization, Neuroscience, 51, 843-865.
Rosenwasser, A.M. 2009. Functional neuroanatomy of sleep and circadian rhythms. Brain
Research Reviews, 61, 281-306.
Rusak, B., Meijer, J.H., Harrington, M.E.1989. Hamster circadian rhythms are phase-shifted
by electrical stimulation of the geniculo-hypothalamic tract. Brain Research, 493, 283-91.
Rusak, B., Zucker, I. 1975. Biological Rhythms and animal behavior. Annual Reviews of
Psycology, 26, 137-171.
Rydell, J., Speakman, J.R. 1995. Evolution of nocturnality in bats: Potential competitors and
predators during their early history. Biological Joumal of the Linnean Society, 54, 183-191.
94
Samuels, R.E., Tarvernier, R.J., Castillo, M.R., Bult-Ito, A., Piggins, H.D. 2006.Substance P
and neurokinin-1 immunoreactivities in the neural circadian system of the Alaskan northern
red-backed vole, Clethrionomys rutilus.Peptides, 27, 2976–2992.
Santos, J.W.Q., Araújo, J.F., Cunha, M.B., Costa, S.O., Barbosa, A.L.C., Mesquita, J.B.,
Costa, M.S.M.O. 2005. Circadian variation in GFAP immunoreactivity in the mouse
suprachiasmatic nucleus. Biological Rhythm Research, 36, 141-150.
Scalia, F., Rasweiler IV, J.J., Danias, J. 2014. Retinal projections in the short-tailed fruit bat,
Carollia perspicillata, as studiedusing the axonal transport of cholera toxin b subunit:
comparison with mouse. Journal of Comparative Neurology. Accepted Article.
Schuhler, S., Pitrosky, B., Saboureau, M., Lakhdar-Ghazal, N., Pévet, P. 1999. Role of the
thalamic intergeniculate leaflet and its 5-HT afferences in the chronobiological properties of
8-OH-DPAT and triazolam in Syrian hamster. Brain Research,849,16–24
Shibata, S., Moore, R.Y.1993. Neuropeptide Y and optic chiasma stimulation affect the
suprachiasmatic nucleus circadian in vitro. Brain Research. 615, 95-100.
Simmons, N.B., Voss, R.S. 1998. The Mammals of Paracou,French Guiana: a Neotropical
lowland rainforest fauna. Part I. Bats. Bulletin of the American Museum of Natural History,
237, 1-219.
Simmons, N. B. 1994. The case for chiropteran monophyly. Americam Museum Novitates,
3103, 1–54.
Simmons, N. B. 2005. Order Chiroptera. In: Mammal species of the world: a taxonomic and
geographic reference (Ed. por D.E. Wilson e Reeder D.M.). Baltimore: Jonh Hopkins
University.
Silver, R., Romero, M.-T., Besmer, H.R., Leak, R., Nunez, J.M. LeSauter, J. 1996. Calbindin-
D28K cells in the hamster SCN express light-induced Fos. Neuroreport, 7, 1224–1228.
Smale, L., Blanchard, J., Mooore, R.Y., Morin, L.P. 1991. Immunocytochemical
characterization of the suprachiasmatic nucleus and intergeniculate leaflet in the diurnal
ground squirrel, Spermophilus lateralis. Brain research, 563, 77-86.
95
Smale, L., Boverhof, J.1999. The suprachiasmatic nucleus and the intergeniculate leaflet of
Arvicanthis niloticus, a diurnal murid rodent from East Africa.Journal of Comparative
Neurology, 403:190-208.
Smale, L., Lee, T., Nunez, A. A. 2003. Mammalian Diurnality: Some Facts and Gaps. Journal
of Biological Rhythms. 18, 356-366.
Speakman, J.R.2001. The evolution of flight and echolocation in bats: another leap in the
dark. Mammal Reviews. 31, 111–130.
Springer, M.S., Stanhope, M.J., Madsen, O., de Jong, W.W.2004. Molecules consolidate the
placentalmammal tree. Trends in Ecology and Evolution, 19, 430-438.
Stopa, E.G., Volicer, L., Kuo-Leblank, V., Harper, D., Lathi, D., Tate B, Satlin, A. 1999.
Pathologic evaluation of the human suprachiasmatic nucleus in severe dementia. Journal of
Neuropathology and Experimental Neurology. 58, 29-39.
Takahashi, E.S., Hyckey, T.L., Oyster, C.W.1977. Retinogeniculate projections in the rabbit:
an autoradiographic study. Journal of Comparative Neurology, 175-1-12.
Takatsuji, K., Tohyama, M. 1989. The organization of the rat lateral geniculate body by
immunohistochemical analysis of neuroactive substances. Brain Research, 480, 190-209.
Tang, I-H.,Munakami, D.M., Fuller, C.A. 2002. Unilateral optic nerve transaction alters light
response of suprachiasmatic and intergeniculate leaflet. American Journal of Physiology,
Regulatory, Integrative and Comparative Physiology, 282, 569-577.
Teeling, E. C. 2009. Hear, hear: the convergent evolution of echolocation in bats?.Trends in
ecology and evolution, 24, 351-354.
Teeling, E. C., Springer, M. S., Madsen, O., Bates, P., O'brien, S. J., Murphy, W. J. 2005. A
molecular phylogeny for bats illuminates biogeography and the fossil record. Science, 307,
580-584.
96
Teeling, E. C., Dool, S., Springer, M. S. 2012. Phylogenies, fossils and functional genes: The
evolution of echolocation in bats. In: Evolutionary History of Bats: Fossils, Molecules, and
Morphology (Ed. por G.F. Gunnell e N.B. Simmons). pp. 1-21. Cambridge: Cambridge
University Press.
Tessoneaud, A., Cooper, H.M., Caldani, M., Locatelli, A.,Viguier-Martinez, M.C. 1994. The
suprachiasmatic nucleusin the sheep: retinal projections and cytoarchitecturalorganization.
Cell and Tissue Research, 278, 65-74.
Thind, K.K., Boggan, J.E., Goldsmith, P.C. 1993. Neuropeptide Y system of the female
monkey hypothalamus: retrograde tracing and im- munohistochemistry. Neuroendocrinology
57, 288–298.
Tigges, J., O’Steen, W.K., 1974. Termination of retinofugal fibers in squirrel monkeys: a re-
investigation using autoradiographic methods. Brain Research, 79, 489-485.
Tigges, J., Bos, J.,Tigges, M. 1977. An autoradographic investigation of the subcortical visual
system in chimpanzee. Journal of Comparative Neurology, 172, 368-380.
Tokunaga, A., Ono, K., Kondo, S., Tanaka, H., Kurose, K., Nagai, H. 1992. Retinal
projections in the house musk shrew, Suncus murinus, as determined by anterograde transport
of WGA-HRP. Brain, Behavior and Evolution, 40, 321-329.
Tomotani, B.M.,Oda, G.A. 2012. Diurnos ou Noturnos? Discutindo padrões temporais de
atividade. In: Revista de Biologia (Ed. Carlos Rocha).pp.1-6.São Paulo: USP.
Uchiumi, O., Sugita, S., Fukuta, K. 1995. Retinal projection to the subcortical nuclei in the
Japanese Field Vole (Microtus montebelli). Experimental Animals, 44, 193-203.
Ueda, H.R., Hayashi, S., Chen, W., Sano, M., Shigeyoshi, Y., Iino, M., Hashimoto, S. 2005.
System-level identification of transcriptional circuits underlying mammalian circadian
clock.Nature Genetics, 37, 187-192.
Ueda, S., Kawata, M., Sano, Y. 1983. Identification of serotonin and vasopressin
immunoreactivities in the suprachiasmatic nucleus of four mammalian species. Cell and
Tissues Research, 234, 237-248.
97
Ueda, S., Kawata, M., Sano, Y. 1986. Identification of Neuropeptide Y immunoreactivity in
the suprachiasmatic nucleus and the lateral geniculate nucleus of some mammals.
Neuroscience letters, 291, 657-661.
Ukai, H., Ueda, H.R. 2010. System biology of mammalian circadian clocks. Annual Review
Physiology, 72, 579-603.
van den Pol, A.N. 1980. The hypothalamic suprachiasmatic nucleus of rat: instrinsic anatomy.
Journal of ComparativeNeurology, 191, 661–702.
van den Pol, A.N. 1991. Glutamate and aspartate immunoreativity in hypothalamic
presynaptic axons. Journal of Neuroscience, 11, 2087-2101.
van den Pol, A.N., Tsujimoto, K.L. 1985. Neurotransmitters of the hypothalamic
suprachiasmatic nucleus: immunocytochemical analysis of 25 neuronal antigens.
Neuroscience, 15, 1049-1086.
Van Den Bussche, R. A., Hoofer, S. R. 2004. Phylogenetic relationships among recent
chiropteran families and the importance of choosing appropriate out-group taxa. Journal of
Mammalogy, 85, 321-330.
Van Den Bussche, R. A., Hudgeons, J. L., Baker, R. J. 1998. Phylogenetic accuracy, stability, and
congruence: relationships within and among the New World bat genera Artibeus, Dermanura and
Koopmania. In: Bat Biology and Conservation (Ed. por T.H. Kunz e P.A. Racey), pp.43-58.
Washington, Smithsonian Institution.
Van der Gucht, E., Hof, P.R., Arckens, L. 2003. Neurochemicalorganization, architectonic
subdivision and three-dimensionalreconstruction of cat ventral lateral geniculate nucleus and
monkey pregeniculate nucleus. Social Neuroscience, 33,7.
Vitaterna, M.H., Takahashi, J.S., Turek, F.W. 2001.Overview of circadian rhythms.Alcohol,
Research & Health, 25, 85-93.
Vrang, N., Mrosovsky, N., Mikkelsen, J.D.2003.Afferentprojections to the hamster
intergeniculate leafletdemonstrated by retrograde and anterograde tracing.Brain Research
Bulletin, 59, 267-88.
98
Wada, H., Inagaki, N., Itowi, N., Yamatodani, A. 1991.Histaminergic neuron system in the
brain: distribution and possible functions. Brain Research Bulletin, 27, 367–370.
Welsh, D.K., Takahashi, J.S., Kay, S.A. 2010. Suprachiasmatic Nucleus: cell autonomy and
network properties. Annual Review Physiology, 72, 551–577.
Wickland, C., Turek, F.W. 1994. Lesions of the thalamicintergeniculate leaflet block activity-
induced phaseshifts in the circadian activity rhythm of the goldenhamster. Brain Research,
660, 293-300.
Yamakawa, G.R. Antle, M.C. 2010. Phenotype and function of raphe projections to the
suprachiasmatic nucleus, European Journal of Neuroscience, 31, 1974-1983.
Yellon, S.M., Thorn, K.J., Buchanan, K.L., Kirby, M.A. 1993. Retinal input to the
suprachiasmatic nucleus before and after pubertyin Djungarian hamster. Brain Research
Bulletin, 32, 29-33.
Youngstron, T.G., Nunez, A.A. 1986. Comparative anatomy og the retino-hypothalamic tract
in photoperiodic rodents. Brain Research Bulletin, 17, 485-492.
Youngstron, T.G., Weiss, M.L., Nunez, A.A. 1991. Retinofugal projections to the
hypothalamus, anterior thalamus and basal forebrain in hamster. Brain Research Bulletin, 26,
403-411.
Zortéa, M. 2007. Subfamília Stenodermatinae. In: Morcegos do Brasil. (Ed. por N.R. Reis,
A.L. Peracchi, W.A. Pedro e I.P. Lima), pp.107-128. Londrina: UEL.
99
ANEXOS
100
101