O NOME

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Conhecendo os primórdios do universo através da arte da Nomeação.

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Pra comear, eu teria que viajar a lugares to remotos, que mesmo a prpria histria se desfaria e o tempo jamais poderia existir... Essa a histria de uma terra antiga, de seres antigos, de sbios e grandes reis, dois lados de um mesmo ponto se dividiam igualmente, as sombras e a luz estavam em total equilbrio e no havia nada alm da compreenso.Diante disso um ser puro e cheio de curiosidade, portando o conhecimento de todas as coisas, percebeu que, diante de todo aquele universo, diante de todo aquele conjunto de existncias e formas, em contrapartida de tudo, os ciclos interminveis, iguais e sem propsito se estendiam pelo tecido da eternidade.Observando a continuidade e as interminveis mudanas, esse eremita, to puro, to nico, to curioso, em seus ltimos esforos resolveu compartilhar com um novo universo seu conhecimento, seus nomes, ele chamou pra si o nome de todas as coisas, chamou pra si o nome da prpria eternidade, e quando ele chamou o comeo de tudo, algo novo existiu, ele nomeou o tempo.De um pequeno nada, porm profundo, de uma pequena e imensurvel forma, chamou nome a nome, das menores formas, partculas, surgindo no tecido fino da eternidade, chamou a matria, chamou o som, a luz, o calor e o frio, chamou o nome de cada uma das estrelas, seus nomes flutuavam pela imensido, dando forma, criando leis, contradizendo-se, mas ainda assim equilibrando-se em um vultoso caos. Do caos as formas esfriaram, do caos os gases, as terras-raras, os metais, tudo se uniu, estrelas morreram ao ouvirem seus nomes, os elementos surgiram, o calor se fundiu e ao seu redor os gases e formas se uniram. Um novo nome surgiu, o sbio chamou os planetas, sua essncia aos poucos se dissipava, se unia ao todo, a um novo todo, chamou novos nomes, todos os novos nomes se ligavam e davam origem a novos nomes, existiam muitos nomes novos, mas a essncia do sbio j havia se misturado a todos eles. Conjurando em um ltimo esforo o sbio chamou o primeiro suspiro, com seu prprio nome ele chamou, clamou, gritou do fundo do seu peito a ponta do prprio infinito... Esse nome, to elevado, to complexo levou tudo, tudo que havia sobrado do grande ancio, ele chamou a vida, a vida eternamente mutvel, a vida que por seu prprio nome poderia chamar outros nomes ao seu redor, at se tornar completa, complexa, infinita, o nome do nome.

Essa uma histria sem fim, ou comeo, uma histria, ela no est l, pois a histria jamais existiu, essa a verdadeira histria, mas ela muda, a verdade, como a vida, um nome eternamente mutvel e sempre se renova com outros sentidos, mais complexos, mais verdadeiros, ou menos, a realidade que a prpria realidade um nome sem voz, sem som e sem energia, um nome de nada e de tudo que se liga no ponto onde o prprio ponto converge... Essa a histria da histria.