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SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
O Movimeto Puritano e João Calvino.
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PREFÁCIO
O Movimento Puritano e João Calvino é um manancial de conhecimentos, que veio
somar satisfatoriamente para o crescimento dos nossos obreiros.
O Mestre na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pb. Cleiton Vaz Chaves,
esforçou-se exaustivamente por apresentar, em especial aos nossos obreiros, um trabalho
bem elaborado, que vale a pena compulsá-lo.
Companheiros e companheiras, alunos e alunas do nosso Seminário em Teologia a
nível Bacharel, vamos crescer no conhecimento! e juntos faremos da nossa grande Igreja,
uma potência mundial.
Juntos somos fortes!!
Bispo Cordeiro
O Movimeto Puritano e João Calvino.
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SUMÁRIO
ESTUDO TEOLÓGICO SOBRE O MOVIMENTO PURITANO E JOÃO CALVINO .............................. 4
O MOVIMENTO PURITANO E JOÃO CALVINO ............................................................................ 4
1. UM POUCO DE HISTÓRIA ......... .......................................................................................................... 4
2. DE NOVO, A NEO-ORTODOXIA ......................................................................................................... 8
3. “É CORRETO QUE DEDIQUEMOS NOSSA VIDA À SUA GLÓRIA” ............................................. 10
4. SUA VALIDADE PERMANENTE........................................................................................................... 11
5. CALVINISMO, HIPER-CALVINISMO E ARMINIANISMO ................................................................ 12
6. CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMO.......................................................................................... 15
RESUMO ...................................................................................................................... ................................... 18
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 20
AVALIAÇÃO ................................................................................................................... ............................... 22
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ESTUDO TEOLÓGICO SOBRE O MOVIMENTO PURITANO E JOÃO
CALVINO
O MOVIMENTO PURITANO E JOÃO CALVINO
Este ensaio tem por objetivo demonstrar que o movimento puritano inglês estava
dando prosseguimento às ênfases teológicas e práticas do reformador João Calvino1. Em
tempos recentes, tem havido, em parte devido à influência neo-ortodoxa, uma tentativa de
colocar os credos históricos reformados posteriores em oposição a Calvino, numa tentativa de
desacreditá-los. Essa tentativa será brevemente examinada no presente artigo. O mesmo
encerra com uma exposição da piedade reformada, pois ela permanece como um perene
modelo de reforma e avivamento.
1. UM POUCO DE HISTÓRIA
A origem do puritanismo está ligada às confusões amorosas do rei Henrique VIII
(1509-47)1 e à chegada do protestantismo continental à Inglaterra. O movimento puritano, em
seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por João Calvino (1509-1564), que a
partir de 1548 passou a se corresponder com os principais líderes da reforma inglesa. Em
1534 é promulgado o Ato de Supremacia, tornando o rei o “cabeça supremo da Igreja da
Inglaterra. ” Com a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, sobrinha de Carlos
V, o rei Henrique VIII e o Parlamento inglês separam a Igreja da Inglaterra de Roma, em
1536. Nesse ano, Miles Coverdale publicou a Bíblia completa em inglês. Os livros de Lutero
circulavam livremente em Oxford e Cambridge. A princípio, Henrique VIII buscou favorecer
a Reforma, mas depois, de 1539 a 1547, moveu uma perseguição aos protestantes.
Em 1539, foram aprovados pelo Parlamento os 6 Artigos, que tornavam obrigatória a
crença em doutrinas características da Igreja Católica Romana: a transubstanciação, a
comunhão sob uma espécie, o celibato e a confissão auricular. Na teologia, a Igreja continuou
fiel a Roma. O rei morreu doutrinariamente católico romano. A Reforma, então, teve início na
Inglaterra pela autoridade do rei e do Parlamento.
Em 1547, Eduardo VI, um menino muito enfermo, tornou-se rei. A Reforma
protestante avançou rapidamente na Inglaterra, pois o Duque de Somerset, o regente do trono,
simpatizava-se com a fé reformada. Naquele mesmo ano, o Parlamento autorizou os leigos a
tomarem o cálice da comunhão e repeliu os Seis Artigos. Em 1549, legalizou o casamento dos
clérigos e determinou que os cultos não mais deveriam ser em latim, mas em inglês. Thomas
1 João Calvino (1509-1564) foi um teólogo, líder religioso e escritor francês. Foi o pai do Calvinismo, reforma
protestante que impôs hábitos austeros e puritanos aos seus seguidores, que atingiu a maior parte dos países da
Europa Ocidental.
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Cranmer, o grande líder da Reforma na Inglaterra, publicou o Livro de Oração Comum, dando
ao povo a sua primeira liturgia em inglês.
Maria Tudor, católica romana, tornou-se rainha em 1553. Assessorada pelo Cardeal
Reginald Pole, em 1554 ela restaurou a sua religião. Em 1555, intensificou a perseguição os
protestantes. Trezentos deles foram martirizados, entre eles, o arcebispo de Cantuária,
Thomas Cranmer, e os bispos Latimer e Ridley. Oitocentos protestantes fugiram para o
continente, para cidades como Genebra e Frankfurt, onde absorveram os princípios
doutrinários dos reformadores continentais.
Em 1558, aos 25 anos, Elizabete I ascendeu ao trono e estabeleceu o “Acordo
Elizabetano, ” que era insuficientemente reformado para satisfazer àqueles que logo seriam
conhecidos como “puritanos”. Em seguida, Elizabete promulgou o Ato de Uniformidade
(1559), que autorizou o Livro de Oração Comum e restaurou o Ato de Supremacia. Em 1562
foram redigidos os Trinta e Nove Artigos da Religião, que são o padrão histórico da Igreja da
Inglaterra, e a partir de janeiro de 1563 foram estabelecidos pelo Parlamento como a posição
doutrinária da Igreja Anglicana (juntamente com o Livro de Oração Comum, que é católico,
mas purgado de seus elementos supersticiosos). Como teste de ortodoxia, os estudantes de
Oxford tinham que subscrever os Artigos, assim como todos os ministros e professores de
religião. Em Cambridge, as leis não eram tão rígidas.
Em torno de 1567-68, uma antiga controvérsia sobre vestimentas atingiu seu auge na
Igreja da Inglaterra. A questão imediata era se os pregadores tinham de usar os trajes clericais
prescritos. Entretanto, essa controvérsia era apenas um símbolo da questão maior a respeito de
cerimônia, ritual e liturgia na igreja, os “trapos do papado. ” A controvérsia marcou uma
crescente impaciência entre os puritanos com relação à situação de uma igreja “reformada
pela metade. ” Thomas Cartwright, professor da Universidade de Cambridge, perdeu sua
posição por causa de suas pregações sobre os primeiros capítulos de Atos, nas quais
argumentou a favor de um cristianismo simplificado e uma forma presbiteriana de governo
eclesiástico. A primeira igreja presbiteriana foi a de Wandsworth, fundada em 1572. Um
pouco antes disso, em 1570, Elizabete foi excomungada pelo Papa Pio V.
Elizabete morreu em 1603, sem deixar herdeiros. Ela indicou como seu sucessor Tiago
I, filho de Maria Stuart, que já governava a Escócia. Quando o rei foi coroado, os puritanos,
por causa da suposta formação presbiteriana do rei, inicialmente tiveram esperança de que sua
situação melhorasse.
Para enfatizar sua esperança eles lhe apresentaram, quando de sua chegada em 1603, a
Petição Milenar, assinada por cerca de mil ministros puritanos, em que pediam que a igreja
anglicana fosse completamente “puritana” na liturgia e administração.
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Em 1604, encontra-se com o novo rei na conferência de Hampton Court para
apresentar seus pedidos. O rei ameaçou “expulsá-los da terra, ou fazer pior, ” tendo dito que o
presbiterianismo “se harmonizava tanto com a monarquia como Deus com o diabo”. Em
1620, um grupo de puritanos congregacionais emigrou para a colônia de Plymouth,
Massachusetts, a bordo do famoso Mayflower.
Em 1625, Carlos I, opositor dos puritanos, foi coroado rei. Em 1628, William Laud
tornou-se bispo de Londres (em 1633 foi nomeado Arcebispo de Cantuária) e empreendeu
medidas severas para eliminar a dissidência da Igreja Anglicana. Ele buscou instituir práticas
cerimoniais consideradas “papistas, ” além de ignorar a justificação pela fé, por causa de suas
ênfases arminianas, oprimindo violentamente os puritanos e forçando-os a emigrarem para a
América. Em 1630, John Winthrop liderou o primeiro grande grupo de puritanos até a Baía de
Massachusetts e em 1636 foi fundado o Harvard College. Laud tentou impor o anglicanismo
na Escócia, só que isto degenerou num motim que serviu para aliar puritanos e escoceses
calvinistas.
Em 1638, os líderes escoceses reuniram-se numa “Solene Liga e Aliança, ” e seus
exércitos marcharam contra as tropas do rei, que fugiram. Em 1640, o Parlamento restringiu o
poder do rei Carlos I. As emigrações para a Nova Inglaterra estacionaram consideravelmente.
A Assembléia de Westminster,assim chamada por reunir-se na Abadia de
Westminster, templo anglicano de Londres, foi convocada pelo Parlamento da Inglaterra em
1643 para deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja e “para
defender a pureza da doutrina da Igreja Anglicana contra todas as falsas calúnias e
difamações.” É considerada a mais notável assembléia protestante de todos os tempos, tanto
pela distinção dos elementos que a constituíram, como pela obra que realizou e ainda pelas
corporações eclesiásticas que receberam dela os padrões de fé e as influências salutares
durante esses trezentos anos.
A Assembléia era constituída de 121 clérigos e 30 membros do Parlamento. Entre eles
se encontravam homens de vasta e profunda erudição teológica, além de se distinguirem pelo
seu ardor religioso e pelo seu caráter (...). Encontravam-se episcopais, entre os quais o
arcebispo [James] Ussher, os erastianos, que entendiam com Erastus, de Heidelberg, que o
Estado devia ser a sede final da autoridade eclesiástica, a cujo grupo pertencia o popular e
erudito John Lighfoot, autor das célebres Horae Hebraicae e Talmudicae, os independentes
(ou congregacionais), incluindo Thomas Goodwin, mais tarde capelão de Cromwell, [e] Philip
Nye, regressados do exílio na Holanda, os presbiterianos [Edmund Calamy, Thomas Gataker,
Edward Reynolds e Herbert Palmer] (...). O moderador nomeado pelo Parlamento foi o Dr.
William Twisse [ele mesmo um presbiteriano], homem dos mais célebres de seus dias pela
sua erudição teológica, coroado de honras na Universidade de Oxford e conhecido em toda a
Europa pelos seus escritos.
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Havia também oito representantes da Escócia, entre eles, Samuel Rutherford, professor
de teologia e deão do St. Mary’s College em St. Andrews, um dos mais populares pregadores
daquele país. Estes eram altamente influentes, mas não tinham direito a voto. A Escócia era
aliada do Parlamento por um tratado, a “Solene Liga e Aliança. ”
Apesar das diferenças nos conceitos de governo eclesiástico e nas relações da Igreja
com o Estado, havia uma real unanimidade a favor de uma posição consistentemente
calvinista, rejeitando como erros o arminianismo, o catolicismo romano e os sectários
(diggers, fifth-monarquians, levellers, quakers). A Confissão de Fé de Westminster,
completada em dezembro de 1646, é a última das confissões reformadas clássicas e
decididamente a mais influente no mundo de fala inglesa e mesmo além dele. Richard Baxter,
que não participou da Assembléia, a seu modo um gigante entre os puritanos, deu seu
testemunho:
Os teólogos aí congregados eram homens de grande erudição, piedade, capacidade
ministerial e fidelidade (...) e, segundo a informação de toda história a esse respeito e de
outras fontes de evidência, o mundo cristão nunca teve, desde os dias apostólicos, um sínodo
de teólogos mais excelente do que este e o Sínodo de Dort. Embora tenha regido a Igreja da
Inglaterra apenas por um breve período, a Confissão de Fé foi adotada de um modo geral por
presbiterianos britânicos, escoceses e americanos, bem como por muitos grupos
congregacionais e batistas.
Em 1645, Laud foi executado e irrompeu uma guerra civil. Graças à habilidade militar
de Oliver Cromwell, os “Ironsides” (a cavalaria puritana bem treinada e disciplinada), que
constituíam o padrão do exército parlamentar (o New Model Army), derrotaram o exército do
rei, na batalha de Naseby. A guerra civil terminou no ano seguinte e a forma episcopal de
governo eclesiástico foi abolida da Igreja da Inglaterra. Em 1649, Carlos I foi executado e
Oliver Cromwell, um congregacional, assumiu o papel principal no governo inglês, até sua
morte em 1658. Como Lorde Protetor da Inglaterra, Cromwell, não satisfeito com o controle
presbiteriano do Parlamento, o dissolveu, com o apoio do exército, de maioria
congregacional. Ele era tolerante em assuntos de religião e ao morrer deixou um herdeiro
fraco demais para substituí-lo.
Em 1660, Carlos II ascendeu ao trono, a monarquia foi restaurada na Inglaterra e a
constituição política episcopal foi restabelecida na Igreja Anglicana. Através de um novo Ato
de Uniformidade (o infame Código Clarendon), em 1662, o uso exclusivo de um Livro de
Oração Comum revisado foi reforçado, enquanto mais de dois mil pastores puritanos foram
demitidos ou destituídos de suas paróquias. Entre eles estavam Manton, Owen, Goodwin,
Burgess, Baxter, Calamy, Poole, Caryl, Charnock, Gouge, John Howe, Vincent, Flavel e
Philip Henry — o pai de Mathew Henry, o famoso comentarista da Bíblia. Quem não fosse
anglicano não poderia colar grau nas Universidades de Oxford e Cambridge, e isto ocasionou
a fundação de muitas academias não conformistas. Tal fato marcou o fim do período puritano,
iniciando-se então o “não conformismo”.
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O puritanismo não conseguiu substituir as estruturas de plausibilidade que o
anglicanismo ofereceu à nação inglesa. As estruturas sociais anglicanas permaneceram, em
tese, as mesmas do catolicismo romano, expurgado de suas superstições mais escandalosas.
Apenas para uma pequena e influente minoria esta situação não era satisfatória, e esse grupo
eram os puritanos. Eles perderam as grandes batalhas públicas que enfrentaram, mas legaram
um testemunho que, com o não conformismo, transformou a nação inglesa em longo prazo.
Em todos esses eventos, o apoio de Calvino ao movimento de reforma da Igreja na
Inglaterra não foi apenas circunstancial, através de escritos e cartas endereçadas à primeira
geração de reformadores britânicos, mas também se verificou através de uma herança
teológica de grande influência para as gerações puritanas subseqüentes (em suas diversas
tradições: presbiteriana, congregacional e batista), estabelecendo, como veremos abaixo, um
padrão de ortodoxia e piedade que atinge todas as esferas da vida.
2. DE NOVO, A NEO-ORTODOXIA.
Há uma regra em metodologia da pesquisa que diz que “as conclusões não devem
exceder as fontes. ” Vincular o surgimento do pentecostalismo ao movimento puritano (ou a
qualquer sistema teológico subjetivista) é ser vítima desses mal. As conclusões, então, não são
deduzidas das fontes, mas lhes são impostas. Basta observar que nos países em que a fé
reformada foi à religião oficial, o pentecostalismo não tem uma posição de destaque. Isto
acontece na Escócia, no País de Gales e na Holanda, por exemplo. As raízes do movimento
pentecostal se encontram, na verdade, no metodismo arminiano e em diversos movimentos de
santidade surgidos nos Estados Unidos no século XIX.
É inegável que Karl Barth (1886-1968) foi grandemente responsável pelo renovado
interesse nos reformadores, principalmente Lutero2 e Calvino, mas ele, assim como Emil
Brunner (1889-1966), incorreram em outro erro, o de reinterpretarem os ensinos dos
reformadores segundo seus próprios pressupostos, fazendo os reformadores dizerem mais do
que eles ensinaram, distorcendo o seu pensamento, além de colocá-los em oposição aos seus
herdeiros, os puritanos.
Isto fica bem claro ao se estudar o texto de Barth, “A eleição de Deus em graça. ”
Mesmo usando os reformadores e confissões de fé da Reforma, as conclusões a que ele
chegou são opostas à posição reformada como exposta nos Cânones do Sínodo de Dort, de
1618-19. Além deles, Jack Rogers (professor do Fuller Theological Seminary, nos Estados
Unidos), no campo das Escrituras, e Thomas F. Torrance (professor de Dogmática na
Universidade de Edimburgo até 1952), no campo da salvação, tentaram colocar a Confissão
2 Martinho Lutero (1483-1546) foi um sacerdote católico alemão, o principal personagem da Reforma
Protestante realizada na Europa no século XVI.
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de Westminster contra Calvino. Entretanto, o testemunho de John Owen (1616-1683), o maior
teólogo inglês, que representa a principal corrente puritana, opõe-se a essa reinterpretação. É
digno de nota o que Packer diz dele:
Acerca de seu conteúdo, basta dizer que, quanto a seu método e substância, Owen nos
faz lembrar freqüentemente Calvino, e também, por muitas vezes, as Confissões de
Westminster e de Savóia (esta última, de fato, é apenas uma leve revisão da de Westminster,
principalmente pelo próprio Owen), e por vezes seguidas as três coisas se confundem.
Então, em vários pontos, aqueles que acriticamente aceitam essa posição têm cometido
erros. Por exemplo, ao afirmar-se que os puritanos ressuscitaram o temor do diabo, firmando
neles a gênese da cosmologia pentecostal, estão sendo ignorados dois pontos básicos: a fonte
do mal, para os puritanos, era a tríade maligna (uma expressão de Lutero) — o mundo, a
carne e o diabo (a caricatura maligna do Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo) —, e nessa
arena eles travaram a sua guerra espiritual. Antes disto, os reformadores também lidaram com
estes inimigos. Basta ler sobre as Anfechtungen de Lutero e a exposição de Calvino sobre
Satanás em sua relação com a Providentia Dei.Em todos eles, veremos a exposição do que
Gustaf Aulén (1879-1978) chamaria mais tarde de Christus Victor.
Uma outra acusação feita aos puritanos é que distorceram o ensinamento de Calvino
quanto à certeza de salvação. Mas é preciso notar que, sobre como ter certeza da salvação, os
puritanos lidaram com mais um ponto doutrinário que entrava em cena, a expiação limitada
ou particular. Ao entender que o Evangelho não nos chama ao arrependimento e à fé baseados
no alcance da expiação, os puritanos buscaram outro meio de ter a certeza da salvação. Então,
eles demonstraram biblicamente que há uma distinção entre a “Fé Salvadora” e a “Certeza da
Graça e da Salvação. ” Isto está afirmado na Confissão de Westminster, em consonância com
o que Paulo e Pedro afirmam, por exemplo, em Filipenses 2.12-13 e 2 Pedro 1.10. O Breve
Catecismo afirma que a “justificação é um ato da livre graça de Deus, no qual ele perdoa
todos os nossos pecados e nos aceita como justos diante de si, somente por causa da justiça de
Cristo a nós imputada, e recebida pela fé, ” e santificação é a “obra da livre graça de Deus,
pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a
morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão. ”
Os puritanos, então, não fizeram uma confusão entre justificação e santificação como
alguns podem querer impor a eles e como ficou acima demonstrado. Essa falsa compreensão
poderia ser sanada com uma consulta à referida Confissão e aos escritos dos mesmos. Os
ministros puritanos também fizeram uma clara distinção entre os diversos usos da Lei Moral
(usus legis civilis, usus theologicus legis e usus didathicus legis), em suas controvérsias com
os diversos grupos antinomistas de sua época.
Mas toda confusa tentativa de vincular os puritanos com o pentecostalismo cai por
terra ao estudarmos a relação entre a Palavra e o Espírito na teologia puritana.
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Eles trabalhavam com o seguinte silogismo: “Se há novas revelações, as Escrituras
não são suficientes. Se as Escrituras são perfeitas, então não existe necessidade de novas
revelações. ” Eles se opuseram conscientemente aos católicos, com seu apego às tradições;
aos socinianos, com sua racionalização barata; e aos quakers, com seu ensino sobre a “luz
interior, ” estes sim, precursores dos pentecostais e carismáticos. Os puritanos sabiam que só
o Espírito Santo, ligado à Palavra, poderia salvar pecadores, e por isto foram pregadores
expositivos, doutrinários e práticos, lidando com aquilo que eles chamavam de “casos de
consciência. ” Eles se opuseram àquilo que, em nosso tempo, foi chamado por Dietrich
Bonhoeffer (1906-1945) de “graça barata, ” porque esta não é a graça verdadeira — os
puritanos não diminuíram as exigências do evangelho ao pecador! Além do mais, eles se
opuseram ao semi-pelagianismo, e para confirmar isto basta ler os seus sermões
evangelísticos.
Eles não apenas seguiram Calvino em suas ênfases teológicas, mas aprofundaram sua
compreensão evangelística.
O sistema teológico dos puritanos, longe de ser centrado no homem, é centrado em
Deus, o Senhor Deus dos Exércitos, que tem o seu trono no céu! Eles nos lembram de que “o
fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre! ”.
3. “É CORRETO QUE DEDIQUEMOS NOSSA VIDA À SUA GLÓRIA”
É assim que começa o Catecismo de Genebra, escrito por Calvino em 1541. Com essa
compreensão, os puritanos — dentro da tradição reformada — lutaram para glorificar a Deus
no trabalho, sexo e casamento, no tratamento com o dinheiro, na família, na pregação, na vida
da igreja, no culto, na educação, na ação social e no estudo das Escrituras.
Em tudo isto, eles viam a Deus na esfera comum: “A visão puritana de santidade do
comum jazia em parte num extraordinário senso da presença de Deus”. Não há nada que
esteja mais distante da realidade do que as modernas caricaturas dos puritanos. Eles
detestavam o moralismo, eram alegres e livres, “novas criaturas. ” Douglas Wilson diz,
citando C.S. Lewis:
“Devemos imaginar estes puritanos como o extremo oposto daqueles que se dizem
puritanos hoje; imaginemo-los jovens, intensamente fortes, intelectuais, progressistas e muito
atuais. Eles não eram avessos a bebidas com álcool; mesmo à cerveja, mas os bispos eram a
sua aversão. ” Os puritanos fumavam (na época não sabiam dos efeitos danosos do fumo),
bebiam (com moderação), caçavam, praticavam esportes, usavam roupas coloridas, faziam
amor com suas esposas, tudo isto para a glória de Deus, o qual os colocou em posição de
liberdade.
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O que quer que eles fossem não era soberbos, melancólicos ou severos. Nem mesmo
seus inimigos os taxaram assim! Eles olharam a vida através da lente ampla da soberania de
Deus sobre todas as áreas da vida, como nos diz Richard Baxter: “Não podes pensar nos
vários lugares em que viveste e lembrar de que em cada um deles [ele] teve suas diversas
misericórdias? ” Toda a vida é de Deus e sua piedade não era monástica, nem mística, nem
pietista, mas, no bom sentido da palavra, “mundana. ”Christopher Hill, professor da
Universidade de Oxford, ele mesmo um marxista, afirma: os homens comentaram amiúde o
aparente paradoxo de um sistema baseado na predestinação e que suscita em seus adeptos
uma ênfase sobre o esforço e a energia moral. Uma explicação para esse fato postula que, para
o calvinista, a fé se revela por si mesma através das obras e que, portanto, o único modo pelo
qual o indivíduo poderia ter certeza da própria salvação seria examinar cuidadosamente seu
comportamento noite e dia, a fim de ver se ele, de fato, resultava em obras dignas de salvação
(...). Os eleitos eram aqueles que se julgavam eleitos, pois possuíam uma fé interior que os
fazia sentirem-se livres, quaisquer que fossem suas dificuldades externas.
A doutrina da providência, assim como a da predestinação, não é a doutrina central da
fé reformada, mas é um importante impulsor do cristão em sua relação com o mundo, com o
mal e com o próprio Deus. O calvinismo então era mais do que um credo; era uma
cosmovisão que abrangia todas as áreas da vida, tornando os puritanos ativos e corajosos
instrumentos de transformação institucional. Hill, intensamente interessado no “elã
revolucionário” que a doutrina da providência legou aos puritanos, afirmou:
Aqueles que mais prontamente aceitaram o calvinismo eram homens cujo modo de
vida se caracterizava pela atividade. (...) amparados, então, por uma visão da vida que os
ajudava nas necessidades cotidianas da existência econômica; conscientes daquele liame que
os unia aos que compartilhavam de suas convicções; percebendo-se a si mesmos como uma
aristocracia do espírito, contra quem os aristocratas desse mundo eram uma nulidade;
fortalecidos pelas vitórias terrenas que esta moral ajudava a pôr em execução, como poderiam
os puritanos deixar de acreditar que Deus estava com eles e eles com Deus? Ao adotarem essa
crença, como poderiam deixar de lutar com todo seu empenho?
Eles caminharam em estreita faixa de terra, equilibrando-se entre a soberania absoluta
de Deus e a responsabilidade moral do homem, afirmando-as vigorosamente. Isso os fazia
agir diante de qualquer dificuldade com esperança, buscando, de forma alegre, dar-se em
auto-sacrifício, em obediência radical ao Senhor Deus.
4. SUA VALIDADE PERMANENTE
“Em coisas essenciais, unidade; nas não essenciais, liberdade; em todas as coisas,
caridade. ” Esta frase é atribuída alternadamente a Peter Meiderlin, Gregor Franke e Richard
Baxter, respectivamente luterano, calvinista e anglicano.
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O senso de unidade e diversidade no corpo de Cristo pode ser bem apreciado nos
estudos de grandes homens que honraram a Deus com seus pensamentos a respeito dele,
sendo nossos companheiros na igreja universal do nosso Senhor. Não é difícil perceber
diferenças significativas entre Agostinho, Lutero e Calvino; Owen, Baxter e Ames; Edwards e
Whitefield (estes dois últimos travaram uma luta hilária sobre “comunicações imediatas do
Espírito, ” Edwards rejeitando-as e Whitefield apoiando-as!), mas podemos estudá-los com
grande proveito, tendo-os como pais na fé, por uma razão vital: naquilo que era central ao
Evangelho, eles estavam de acordo.
Klass Runia, professor de Teologia Prática, emérito, da Universidade Teológica das
Igrejas Reformadas, em Kampen, na Holanda, disse: “O Ocidente não precisa de avivamento,
mas de reforma. ” Não precisamos, entretanto, colocar ambos em oposição, pois reforma é a
descoberta da Palavra de Deus, e avivamento é uma renovação da vida da igreja.58
Precisamos, então, dos dois juntos! Alguns tentam maldosamente caricaturizar o desejo de
reforma e avivamento, impondo ao primeiro o significado de “moralidade” e ao segundo o de
“experiência mística. ” Isto lembra os ataques de Charles Chauncy ao avivamento começado
com as pregações de Theodore Frelinghuysen, Gilbert Tennent e Jonathan Edwards na Nova
Inglaterra.
É interessante notar, como um alerta, que Chauncy e aqueles que o apoiavam,
romperam com a fé reformada e começaram a promover o arminianismo, e finalmente o
unitarismo. Não podemos separar a doutrina da piedade reformada e puritana! Foram suas
compreensões doutrinárias que produziram tal testemunho! Os puritanos, então, nos ensinam
a ter um sentimento de dependência do Espírito, pois eles conheciam sua própria incapacidade
de salvar uma alma, a complexidade da conversão e sabiam que a pregação é o único meio de
chamar os eleitos. Por isto, os puritanos eram homens de oração incessante, que lutavam com
Deus e buscavam a santidade em toda a vida. Eram santos e teólogos e sabiam que seu
trabalho não era vão no Senhor! Podemos discordar dos puritanos em alguns pontos, mas, em
meio à grande crise que enfrentamos como igreja evangélica brasileira, em meio a cismas e
heresias, a iniciativa de redescobri-los, e a seus escritos, é uma saudável lufada de ar nestes
dias laodicenses (Ap 3.14-22), como forma de promover reforma e avivamento!
5. CALVINISMO, HIPER-CALVINISMO E ARMINIANISMO
A teologia Calvinista ou Reformada enfatiza a soberania absoluta de Deus sobre cada
parte do universo, desde a menor à maior. Temos enfatizado particularmente isto na área de
soteriologia – a doutrina da salvação.
A Bíblia ensina que o homem caído é eticamente (legalmente) totalmente depravado.
Isto não quer dizer que o homem não é um agente moral livre; significa que ele tem total
inabilidade quando diz respeito às questões espirituais. O homem caído está morto em pecado
e é incapaz de fazer algo que agrade a Deus. Ele não é capaz de estender a mão para Deus. É
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Deus quem é o único Autor da salvação. Ele é aquele que elegeu, por sua vontade soberana,
os que serão salvos.
O Senhor Jesus Cristo morreu uma morte expiatória pelos eleitos de Deus. Sua obra
sacrificial mereceu a salvação dos eleitos. Aquele a quem o Pai escolheu, e por quem o Filho
morreu, são irresistivelmente atraídos a Cristo pelo Pai. Eles são chamados à união com o
Filho. Estes são aqueles regenerados pelo Espírito Santo, de forma que responderão ao
chamado do evangelho. Todos os três membros da Trindade sempre trabalham em perfeita
harmonia um com o outro.
Uma vez que o indivíduo vem a Cristo para sua salvação, ele certamente perseverará
até o fim. Ele nunca cairá permanentemente, pois é o poder de Deus que o guardará até a sua
glorificação final. A graça de Deus é eficaz in toto. A salvação é do Senhor do princípio ao
fim.
Tanto o Hiper-Calvinismo como o Arminianismo erram em suas tentativas de tratar
com a doutrina bíblica da soteriologia. Estes dois sistemas são diametralmente opostos um ao
outro. O primeiro era numa direção, e o último em outra.
O Hiper-Calvinismo, como o nome indica, é uma perversão do Calvinismo. Ele vai
além (hiper) do que o Calvinismo ensina. Ele enfatiza a soberania de Deus na eleição em
detrimento da responsabilidade do homem. Em sua tentativa de exaltar a honra e glória de
Deus, o Hiper-Calvinismo enfatiza tanto a eleição e a graça irresistível que acaba eliminando
essencialmente a necessidade de evangelizar. A vontade secreta de Deus é tão acentuada, que
a vontade revelada é des-enfatizada. O resultado é uma visão truncada do Calvinismo. Duas
coisas precisam ser mencionadas.
Primeiro, devemos deixar claro que a eleição não é salvação! A eleição é para Cristo,
em quem há salvação. Portanto, é uma perversão do Calvinismo bíblico crer que, visto que
Deus elegeu um povo, os mesmos são salvos por este ato eletivo, pelo qual são então
irresistivelmente trazidos a Deus.3
Em segundo lugar, devemos observar também que na história recente, alguns teólogos
têm procurado creditar o Hiper-Calvinismo como a manifestação do Supralapsarianismo. Em
outras palavras, eles dizem que uma visão supralapsariana da ordem lógica dos decretos de
3 Devemos observar que a maioria dos que são acusados de serem hiper-calvinistas não ensinam isso. Todos eles
enfatizam a necessidade da pregação do evangelho, visto que este foi o meio escolhido e apontado pelo próprio Deus, pelo qual ele chama os seus eleitos à fé. Uma pessoa teria que estar totalmente destituída de juízo para negar o dever de pregarmos o evangelho, tão enfatizado por toda a Escritura.
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Deus requer uma crença hiper-Calvinista.4 Isto simplesmente não é verdade! Historicamente,
o Supralapsarianismo foi a visão de João Calvino e de muitos outros teólogos Calvinistas.5
O Arminianismo, por outro lado, acentua a capacidade do homem em seu estado
caído, em detrimento da soberania de Deus. No esquema Arminiano, o homem não é
totalmente depravado. Ele ainda tem a capacidade de responder ao chamado do evangelho.
Enquanto o Calvinista ensina que a regeneração precede a fé, o Arminiano alega o oposto.
Uma vez que o homem responder, em fé, ao chamado do Espírito, então Deus regenerará o
seu coração. Como visto, isto não está de acordo com a revelação bíblica. A incapacidade
total significa incapacidade total (veja Romanos 8:78 e 1Coríntios 2:14). É importante
observar que a Bíblia ensina que a fé salvadora é um dom de Deus (Efésios 2:89). A fé é um
fruto do Espírito (Gálatas 5:22), mas nem todos os homens têm a fé salvadora
(2Tessalonicenses 3:2).
O Arminianismo aparece em várias matizes e cores; isto é, há visões variantes dentro
do próprio sistema. Mas o Arminianismo puro afirma que:
I. O homem não perdeu a capacidade de responder em fé ao evangelho. Ele
não está morto em pecado.
II. A eleição é condicionada à resposta do homem ao chamado do evangelho, e
é baseada na presciência ou pré-conhecimento de Deus de como o homem responderia.
III. A expiação de Cristo é universal em propósito. Isto é, Cristo morreu por
cada e toda pessoa que já viveu.
IV. A graça de Deus no chamado eficaz do evangelho é resistível. A vontade do
homem é elevada acima do poder da vontade de Deus.
V. As pessoas regeneradas podem cair da graça definitivamente. Novamente, o
poder do homem sobrepuja a capacidade de Deus de salvar.
Esperançosamente, tornou óbvio quão longe o Hiper-Calvinismo e o Arminianismo
estão do que a Bíblia ensina. O Calvinismo é o único sistema que é fiel à Palavra de Deus. A
teologia reformada alega que o Deus Triúno da Escritura ésoberano na salvação, do princípio
ao fim. Todavia, de acordo com a Bíblia, o Calvinismo mantém que o homem é um ser moral
e responsável6. Nenhuma destas doutrinas é elevada à exclusão da outra. Ambas são verdades
bíblicas.
4 É impressionante como essa inferência absurda é comum entre alguns Reformados, inclusive aqui no Brasil.
5 Entre outros teólogos renomados que defendiam o Supralapsarianismo, podemos citar: Beza, Perkins, John
Gill, Gordon Clark, Louis Berkhof e Robert Reymond. 6 Infelizmente, talvez por influência do pensamento Arminiano, alguns Calvinistas baseiam a responsabilidade
do homem na sua suposta liberdade, seja qual for (total, relativa, compatibilista, etc.). Ou seja, eles procuram dar
credibilidade à falácia de que “a menos que a vontade seja livre, o homem não é responsável pelo que faz”.
Contudo, o ensino da Escritura é claro: somos responsáveis diante de Deus por causa do conhecimento que
temos de Deus (1Timóteo 1:13, Romanos 1:32, Lucas 12:45-48, João 15:22, Daniel 5:22, e outras). Esse é o
motivo de Paulo dizer que até mesmos os pagãos são indesculpáveis diante de Deus, pois todos temos no mínimo
o conhecimento inato de Deus, bem como o motivo de Jesus afirmar: “... àquele a quem muito foi dado, muito
lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lucas 12:48).
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7. CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMO
Veja de maneira clara e concisa, os Cinco Pontos do Calvinismo com os Cinco Pontos
do Arminianismo. Foi extraído de Romans: An Interpretative Outline (Romanos — Um
Esboço Interpretativo).
CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO CINCO PONTOS DO CALVINISMO
LIVRE-ARBÍTRIO OU
HABILIDADE HUMANA
Embora a natureza humana tenha sido
gravemente afetada pela Queda, o homem
não foi deixado em um estado de total
incapacidade espiritual. Deus graciosamente
capacita cada pecador a se arrepender e crer,
mas Ele não interfere na liberdade do
homem. Cada pecador possui uma vontade
livre e seu eterno destino depende de como
ele a utiliza. A liberdade do homem consiste
em sua habilidade de escolher o bem, em
lugar do mal, nos assuntos espirituais. A
vontade do homem não está escravizada à
sua natureza pecaminosa. O pecador tem o
poder de cooperar com o Espírito de Deus e
ser regenerado ou de resistir a graça de Deus
e perecer eternamente. O pecador per dido
necessita da assistência do Espírito de Deus;
todavia, ele não tem de ser regenerado pelo
Espírito Santo, antes que seja capaz de crer,
pois a fé é um ato humano e precede o novo
nascimento. A fé é o dom do pecador para
Deus; é a contribuição do homem para a sua
salvação.
DEPRAVAÇÃO TOTAL OU
INCAPACIDADE TOTAL
Por causa da Queda, o homem é, por
si mesmo, incapaz de crer de maneira
salvífica no evangelho. O pecador está
morto, cego e surdo para as coisas de Deus;
seu coração é enganoso e desesperadamente
corrupto. Sua vontade não é livre, está em
escravidão à sua natureza pecaminosa; por
isso, ele não escolhe — e realmente não pode
escolher — o bem, ao invés do mal.
Conseqüentemente, é necessário muito mais
do que apenas a assistência do Espírito
Santo, para trazer um pecador a Cristo; é
necessário acontecer a regeneração por meio
da qual o Espírito Santo vivifica o pecador e
lhe dá uma nova natureza. A fé não é algo
que o homem contribui para a sua salvação;
pelo contrário, é uma parte do divino dom da
salvação. A fé é um dom de Deus outorgado
ao pecador, não é um dom do pecador para
Deus.
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CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO CINCO PONTOS DO CALVINISMO
ELEIÇÃO CONDICIONAL
Deus escolheu certos indivíduos para
a salvação, antes da fundação do mundo,
fundamentado em sua previsão de que eles
atenderiam a chamada divina. Deus
selecionou aqueles que Ele sabia creriam, por
si mesmos, espontaneamente, no evangelho.
A eleição, portanto, foi determinada ou
condicionada ao que o homem faria. A fé que
Deus viu antecipadamente e sobre a qual Ele
fundamentou sua eleição não foi dada por
Deus ao pecador (nem criada pelo poder
regenerador do Espírito Santo); foi o
resultado exclusivo da vontade humana. Foi
deixado inteiramente ao homem aquilo que
diz respeito a quem haveria de crer e, deste
modo, quem seria eleito para a salvação.
Deus escolheu aqueles que Ele sabia
escolheriam a Cristo, por sua livre vontade.
Assim a escolha do pecador por Cristo, e não
escolha de Deus pelo pecador, é a causa
essencial da salvação.
ELEIÇÃO INCONDICIONAL
Deus escolheu certos indivíduos para
a salvação, antes da fundação do mundo,
fundamentado tão somente em sua vontade
soberana. A escolha divina de alguns
pecadores em particular não se baseou em
qualquer resposta de obediência por parte do
pecador, vista por antecipação, tal como a fé,
o arrependimento, etc. Deus outorga a fé e o
arrependimento a cada pessoa que Ele
mesmo escolheu. Esses atos são o resultado e
não a causa da eleição divina. A eleição,
portanto, não foi determinada pela escolha ou
condicionada a qualquer qualidade virtuosa
vista de antemão no homem. Aqueles que
Deus escolheu soberanamente, Ele os traz a
aceitarem voluntariamente a Cristo, por
intermédio do poder do Espírito Santo. Deste
modo, a escolha do pecador por parte de
Deus, e não a escolha de Cristo por parte do
pecador, é a causa essencial da salvação.
CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO CINCO PONTOS DO CALVINISMO
REDENÇÃO UNIVERSAL OU
EXPIAÇÃO GERAL
A obra redentora de Cristo tornou
possível que cada homem sejasalvo, mas não
assegura realmente a salvação de ninguém.
Embora Cristo tenha morrido por todos os
homens e em favor de cada indiví- duo,
somente aqueles que crerem nEle serão
salvos. A morte de Cristo capacitou Deus a
perdoar pecadores sob a condição de que
creiam, mas realmente não remove os
pecados deles. A redenção realizada por
Cristo torna-se eficaz apenas se o homem
decidir aceitá- la.
REDENÇÃO PARTICULAR OU
EXPIAÇÃO LIMITADA
A obra redentora de Cristo tinha o
propósito de salvar apenas oseleitos e
realmente assegurou a salvação para eles. A
morte de Cristo foi um suportar vicariamente
a penalidade do pecado, em lugar de certos
pecadores específicos. Além de remover os
pecados de seu povo, a redenção de Cristo
assegura tudo que é necessário à salvação
deles, incluindo a fé que os une a Cristo. O
dom da fé é aplicado de maneira infalível
pelo Espírito Santo a todos aqueles em favor
dos quais Cristo morreu, garantindo, deste
modo, a salvação deles.
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CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO CINCO PONTOS DO CALVINISMO
O ESPÍRITO SANTO PODE SER
EFICAZMENTE RESISTIDO
O Espírito Santo chama de maneira
íntima todos aqueles que são chamados
exteriormente através do convite do
evangelho. Ele faz tudo o que pode para
trazer o pecador à salvação. Mas, visto que o
homem é livre, ele pode resistir com sucesso
a chamada do Espírito Santo. O Espírito
Santo não pode regenerar o pecador,
enquanto este não crer; a fé (que é a
contribuição do homem) precede e torna
possível o novo nascimento. Assim, a
vontade do homem limita o Espírito Santo na
aplicação da obra salvífica de Cristo. O
Espírito Santo só pode atrair a Cristo aqueles
que permitirem que Ele realize sua obra. Até
que o pecador responda favoravelmente, o
Espírito Santo não pode lhe dar vida. Por
conseguinte, a gra- ça de Deus não é
invencível; ela pode ser, e com freqüência o
é, resistida e frustrada pelo homem.
A GRAÇA EFICAZ (OU
IRRESISTÍVEL)
Em complemento da chamada externa
e geral para a salvação, chamada dirigida a
todos que ouvem o evangelho, o Espírito
Santo estende aos eleitos uma chamada
interior e especial que inevitavelmente os
traz à salvação. A chamada interior (dirigida
tão-somente aos eleitos) não pode ser
resistida; sempre resulta em conversão. Por
intermé- dio dessa chamada especial, o
Espírito Santo atrai de maneira irresistível o
pecador a Cristo. Ele não é limitado pela
vontade humana em sua obra de aplicar a
salvação; tampouco depende da cooperação
do homem para ser bemsucedido. O Espírito
Santo leva graciosamente o pecador eleito a
cooperar, a crer, a arrepender-se, a vir
espontânea e livremente a Cristo. A graça de
Deus, portanto, é invencível; ela nunca falha
em resultar na salvação daqueles a quem ela
é estendida.deles.
CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO CINCO PONTOS DO CALVINISMO
CAIR DA GRAÇA
Aqueles que crêem e são
verdadeiramente salvos podem perder a sua
salvação, por deixarem de preservar a sua fé,
etc. Todos os arminianos não concordam
nesse ponto; alguns afirmam que os crentes
estão eternamente seguros em Cristo e que,
tendo sido regenerados, eles não podem ser
mais perdidos.
PERSEVERANÇA DOS SANTOS
Todos os que são eleitos por Deus,
redimidos por Cristo e recebem a fé por
intermédio do Espírito Santo são eternamente
salvos. Eles são guardados na fé pelo poder
do Deus todo-poderoso e, deste modo,
preservados até ao final.
DE ACORDO COM O ARMINIANISMO: A salvação é um resultado da
combinação dos esforços de Deus (que toma a iniciativa) e do homem (que tem de responder
à iniciativa divina), mas a resposta do homem é o fato determinante. Deus providenciou a
salva- ção para todos; essa provisão, porém, se torna efetiva somente para aqueles que, por
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sua própria vontade, escolherem cooperar com Deus e aceitarem sua oferta de graça. Nesse
ponto crucial, a vontade do homem desempenha um papel decisivo. Assim, o homem, e não
Deus, resolve quem serão os recipientes da salvação.
DE ACORDO COM O CALVINISMO: A salvação é realizada pelo poder do Deus
triúno. O Pai escolheu um povo, o Filho morreu por esse povo, e o Espírito Santo torna a
morte de Cristo eficaz, ao trazer os eleitos à fé e ao arrependimento, levando-os a obedecerem
voluntariamente ao evangelho. Todo o processo (eleição, redenção e regeneração) é uma obra
de Deus, realizada tão-somente pela graça. Assim, Deus, e não o homem, determina quem
serão os recipientes do dom da salvação.
RESUMO
O sistema de doutrina que carrega o nome de João Calvino de forma alguma foi
originado por ele. Como declarado anteriormente, Calvinismo é meramente um apelido pelo
qual os teólogos Reformados referem-se ao dogma ensinado por toda a Sagrada Escritura.
Historicamente, a igreja Cristã tem sido predominantemente Calvinista.
Os Calvinistas confessam que o principal teólogo da igreja do primeiro século foi o
apóstolo Paulo. Cremos que este livro documentou plenamente o fato de que a doutrina
apostólica é a mesma da teologia Reformada. O segundo e terceiro século não produziram um
tratado de teologia sistemática per se, mas os escritos do período Patrístico revelam fortes
tendências em direção ao Calvinismo. As doutrinas destes primeiros anos foram
desenvolvidas adicionalmente durante o tempo de Santo Agostinho (354-430 d.C.), uma das
maiores mentes teológicas e filosóficas que Deus já deu à sua igreja. Agostinho foi tão
fortemente Calvinista, que João Calvino referia a si mesmo como um teólogo Agostiniano.
A teologia de Agostinho dominou a igreja por um milênio. Durante este período da
Idade Média (400-1500 d.C.), vários Calvinistas (e.g., John Wycliffe e John Hus) adornaram
o cenário teológico. Embora muitos não percebam isso, Tomás de Aquino era Calvinista em
vários pontos de sua teologia. Por exemplo, Tomás cria na predestinação.
Com a chegada dos séculos dezesseis e dezessete, a igreja entrou no período da
Reforma. Não há dúvida que homens tais como Martinho Lutero, Ulrich Zwingli, Heinrich
Bullinger, Martin Bucer, João Calvino, Theodore Beza, John Knox, Francis Turretin, e uma
multidão de outras, sustentaram as doutrinas básicas delineadas neste livro.
Os Puritanos ingleses foram fortemente Calvinistas. Homens tais como Thomas
Cartwright, Thomas Goodwin, John Owen, John Bunyan, John Milton, Thomas Manton, John
Flavel, Richard Sibbes, John Howe e outros, adotaram este sistema teológico. O
Arminianismo entre o Protestantismo era a minoria.
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Os grandes credos Reformados foram formulados durante este tempo. A Confissão
Escocesa (1560), Confissão Belga (1561), Catecismo de Heidelberg (1563), Segunda
Confissão Helvética (1566), Trinta e nove Artigos da Igreja da Inglaterra (1562, 1571),
Cânones do Sínodo de Dort (1619), Confissão de Fé de Westminster(1647), Declaração de
Savoy (1658), a Formula Consensus Helveticus (1675) e a Confissão de Fé (Batista) de
Londres (1689) são todos eles credos Calvinistas.
O século XVIII viu Calvinistas tais como John Gill, George Whitefield e Jonathan
Edwards serem usados poderosamente por Deus. Os séculos dezenove e vinte produziram
outros Calvinistas notáveis. Charles Spurgeon, Charles Hodge, William Carey, Archibal
Alexander, Abraham Kuyper, R. L. Dabney, James P. Boice, James Henry Thornwell, A. A.
Hodge, B. B. Warfield, J. Gresham Machen, Gordon Clark, A. W. Pink, e milhares de outros,
procedentes das principais denominações, defenderam as doutrinas da Reforma. Charles
Spurgeon certa vez escreveu:
O que eu prego, então, não é novidade; nenhuma nova doutrina. Adoro proclamar essas
fortes e antigas doutrinas, que são chamadas pelo nome de Calvinismo, mas aquelas que são
realmente e seguramente a verdadeira revelação de Deus como ele é em Cristo Jesus. Por
essa verdade eu faço uma peregrinação ao passado, e vejo, pai após pai, confessor após
confessor, mártir após mártir, em pé para me cumprimentar. Fosse eu um Pelagiano, ou um
que acreditasse na doutrina do livre-arbítrio, e eu teria que andar por séculos totalmente só.
Aqui ou acolá um herético de nenhum caráter poderia surgir e me chamar de irmão. Mas
apoderando-me dessas coisas para serem meu padrão de fé, vejo as terras de anciãos com
meus irmãos na fé – contemplando multidões que confessam o mesmo que eu, e reconhecem
que esta é a religião da própria igreja de Deus.7
7 Sermão “Eleição”, pregado em 02 de setembro de 1855.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. : São Paulo: Vida Nova, 1995.
CHAMPLIN, R. N.. BENTES, J. M.. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. Vol. 1. São Paulo:
Candeia, 1991.
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994.
GONZALEZ, Justo L. A Era dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1997.
TALBOT, Kenneth G. e CRAMPTON, W. Gary. Calvinism, Hyper-Calvinism & Arminianism,
Dr., The Apologetic Group, p. 111-116.
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Prova n°01 – QUESTIONÁRIO
1) O movimento puritano, em seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por :
a) ( ) João Cláudio
b) ( ) Henrique VIII
c) ( ) João Calvino
d) ( ) Martinho Lutero
2) Em 1539, foram aprovados pelo Parlamento os 6 Artigos, que tornavam obrigatória a crença em
doutrinas características da Igreja Católica Romana. Selecione a alternativa correta:
a) ( ) A transubstanciação, a comunhão sob uma espécie, o celibato e a confissão auricular.
b) ( ) A transubstanciação, a comunhão da igreja, o celibato e a confissão auricular.
c) ( ) A transubstanciação, a comunhão sob uma espécie, o celibato e a confissão direta a Deus.
d) ( ) A ceia, a comunhão sob uma espécie, o celibato e a confissão auricular.
3) A Assembléia de Westminster, assim chamada por reunir-se na Abadia de Westminster, templo
anglicano de Londres, foi convocada pelo Parlamento da Inglaterra em 1643 para:
a) ( ) Deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja para defender a
pureza da doutrina da Igreja Anglicana .
b) ( ) Deliberar a respeito das falsas calúnias e difamações
c) ( ) Deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja .
d) ( ) Deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja para defender a
pureza da doutrina da Igreja Anglicana contra todas as falsas calúnias e difamações
4) A Bíblia ensina que o homem caído é eticamente (legalmente) totalmente depravado. Isto
não quer dizer que o homem não é um agente moral livre; significa que:
a) ( ) ...ele tem parcialmente inabilidade quando diz respeito às questões espirituais.
b) ( ) ...ele tem total inabilidade quando diz respeito às questões materiais.
c) ( ) ...ele tem total liberdade quando diz respeito às questões materiais.
d) ( )...ele tem total inabilidade quando diz respeito às questões espirituais.
5) Os Calvinistas confessam que o principal teólogo da igreja do primeiro século foi:
a) ( ) O João Calvino.
b) ( ) O apóstolo Paulo.
c) ( ) O Martinho Lutero.
d) ( ) O apóstolo João.