O mercado e a qualidade dos combustíveis no Brasil
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O mercado e a qualidade dos combustíveis no Brasil
Luís Eduardo Duque Dutra
Assessor Diretoria Geral da ANP
VIII Reunião Anual Ibero-americana de Reguladores de Energia
23-26 maio de 2004
Rio de Janeiro
O valor da qualidade
Quanto vale a qualidade no mercado de combustíveis brasileiro?
Por que a abertura dos segmentos de distribuição e revenda, que
resultou em maior concorrência, também trouxe a multiplicação de
condutas oportunistas e não assegurou a conformidade dos
combustíveis?
Em outros termos, por que a concorrência não garantiu a qualidade?
Quem mais perde e qual a natureza das perdas em um mercado
onde um quinto, ou um pouco menos, da gasolina vendida está
fora do padrão exigido?
O que torna atraente a busca oportunista e muitas vezes ilícita de
lucros?
Qual é o papel das instituições públicas na solução do problema?
Interesse da experiência brasileira
Teórico
Economia: valor da informação para o livre mercado
Akerloff e o processo de “seleção adversa”
maior competição => aumento das mercadorias “podre” e os vencedores são os mais oportunistas e não os mais eficientes.
Administração: importância e custo da qualidade => TQM
p/ as empresas, clientes, demais consumidores e não consumidores
Prático
Experiência brasileira => disponibilidade de indicadores de desempenho (número de empresas, lucro, vendas, preços e conformidade, a partir de 1997/8)
A abertura do mercado
Tabela I: Evolução do número de postos revendedores entre 1996 e 2002
Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
7 maiores 25.469 26.138 23.360 23.252 22.362 22.372 21.729
Outras 835 1.359 1.327 5.159 6.875 6.610 8.075
Total 24.634 24.779 24.687 28.411 29.237 28.982 29.804
Tab. II: Indicadores de vendas em postos de combustíveis automotivos entre 1996 e 2002
Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Vendas gasolina 821 913 961 886 750 757 764
Vendas comb * 1.759 1.816 1.873 1.712 1.458 1.476 1.486
* Vendas de gasolina “c”, óleo diesel e álcool hidratado. Unidade: m3
1990: CNP => DNC (da situação cartorial à ausência do Estado)
1997/1998 => Criação da ANP
Década de 1990: da perda à recuperação da qualidade
Combinação de fatores peso dos tributos
ocasionaram a facilidade de manipulação
atração das oportunidades dificuldade de identificação
por ganhos ilícitos volumes negociados
giro dos estoques
Tabela III: Evolução da não conformidade da gasolina entre 1999 e 2003. Efetiva e escalonada para efeitos de cálculo.
Ano 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Observada 20-18% 12,5% 9,2% 7,3% 5,9%
Escalonada 20% 17,5% 15% 12,5% 10% 7,5%
Seleção Adversa
• A causa da seleção adversa é a assimetria de informação conhecimento do comprador < conhec. do vendedor
• Por parte dos compradores, sem informação é reduzido número de boas ofertas de aquisição, fazendo os preços se nivelarem por baixo. [As mercadorias de qualidade são adquiridas por canais alternativos.]
• Pelos produtores, as boas mercadorias são retiradas das prateleiras, já que, sem poder distinguir a qualidade, o consumidor não pagará qualquer sobrepreço
• No limite, o mercado estaria dominado pelos bens podres, em razão do risco envolvido na compra.
=> O mercado falha em apreciar a qualidade. <=
O subinvestimento em qualidade
A BQualidade dosuprimento
Custo
Gráfico VI: Curvas de custo e subinvestimento na qualidade
Custo total
Custo produtor
Custo consumidor
O custo da qualidade
Custo da qualidade = custo de controle + custo da não conformidade (Eq I)Onde,
Custo de controle = custo de prevenção + custo de fiscalização + custo de monitoramento(Eq II)
ECusto de não conformidade = custo individual + custo empresarial + custo fiscal
+ custo ambiental (Eq III)
Equação IV
Custo danãoconformi-dade
reparaçãoIndividual+horasperdidas
+dano moral
Empresarialcustos dereparação deveículosprofissionais
+lucros cessantesdeproprietários depostos
+
danos à imagemde prop. depostos
Fiscal
Perdade
Arreca-dação
Social
saúdepública+danosambientais
= + + +
Resultado Líquido
Tabela dos Resultado líquido do PMQC (em R$)
Tipo de benefício Valores para cinco anos e i=20%ªª
Benefícios privados 1.308.392.811,21
Benefícios tributários 270.164.424,00
Total de benefícios 1.578.557.235,21
Total dos custos 58.400.000,00
Resultado líquido 1.520.157.235,21
Rentabilidade total 26,0/1
Rentabilidade tributária 4,6/1
3 R$ = 1 US$
Conclusão
• Esse resultado deve ser visto não apenas pelo seu aspecto quantitativo.
• O custo da falta de qualidade, o valor da informação para o consumidor e as perdas tributárias com as condutas oportunistas são noções vagas; sugerem somas, se não impossíveis, difíceis de mesurar porque com efeitos difusos socialmente e imperceptíveis individualmente.
• A partir de um exercício simples, a evolução do mercado de combustíveis brasileiro ilustra como é possível chegar-se a uma aproximação bastante razoável destes valores, demonstrando de forma clara:
primeiro, a importância do problema “informacional” em mercados submetidos à intensa competição e,
segundo, o papel insubstituível do estado como provedor dos sinais que podem corrigir o problema.
Obrigado
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