o Jogo Da Agrofloresta

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O JOGO DA AGROFLORESTA Instituto Harmonia na Terra 1a Edição Julho 2005 Um jogo ecopedagógico para todas as idades! 2 O que é o Jogo da Agrofloresta ? ......................................................... 3 Objetivos do jogo ................................................................................. 4 a) Estudar ecologia na escola ............................................................ 4 b) Despetar valores ......................................................................... .. 4 c) Criar uma agrofloresta na escola .................................................. 5 d) Estimular o trabalho interdisciplinar e coletivo ........................... 5 e) Vivenciar um espaço de vida na escola ........................................ 5 f) Produzir alimentos saudáveis ....................................................... 5 Ecologia ............................................................................................ 6 O fluxo de energia ......................................................................... ... 6 Ciclos .......................................................................... ...................... 7 O ciclo da água .......................................................................... 7

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agrofloresta prara crianças

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O JOGO DA AGROFLORESTA

InstitutoHarmonia na Terra

1a Edição Julho 2005

Um jogoecopedagógicopara todasas idades!2O que é o Jogo da Agrofloresta ? ......................................................... 3Objetivos do jogo ................................................................................. 4a) Estudar ecologia na escola ............................................................ 4b) Despetar valores ........................................................................... 4c) Criar uma agrofloresta na escola .................................................. 5d) Estimular o trabalho interdisciplinar e coletivo ........................... 5e) Vivenciar um espaço de vida na escola ........................................ 5f) Produzir alimentos saudáveis ....................................................... 5Ecologia ............................................................................................ 6O fluxo de energia ............................................................................ 6Ciclos ................................................................................................ 7O ciclo da água .......................................................................... 7O ciclo da vida ........................................................................... 8A teia alimentar ................................................................................ 9A sucessão ecológica ........................................................................ 9Interdependência ............................................................................ 11Diversidade ..................................................................................... 12O solo ............................................................................................. 12Como jogar? ....................................................................................... 14Jogada 1 Definição da equipe .......................................................... 14Jogada 2 Separação e estudo das sementes .................................... 14Jogada 3 Escolha do local ............................................................... 15Jogada 4 Desenho dos canteiros ..................................................... 16Jogada 5 Preparação dos canteiros ................................................. 17Jogada 6 Plantio .............................................................................. 20Jogada 7 Vamos cuidar da nossa agrofloresta ................................ 22Guia de espécies ................................................................................ 25

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Abóbora .......................................................................................... 26Alface .............................................................................................. 26Amendoim ...................................................................................... 27Araticum ......................................................................................... 27Bracatinga ....................................................................................... 28Cedro .............................................................................................. 28Couve .............................................................................................. 29Feijão Lab-lab .................................................................................. 29Funcho ............................................................................................ 30Girassol ........................................................................................... 30Goiaba ............................................................................................ 31Feijão Guandu ................................................................................. 31Maracujá .......................................................................................... 32Milho ............................................................................................... 32Rabanete ......................................................................................... 33Salsa ................................................................................................ 33Tagetes ............................................................................................ 34Tomate ............................................................................................ 34Tucaneira ......................................................................................... 35Urucum ........................................................................................... 35Sugestões de atividades para cada disciplina ................................ 36Glossário .......................................................................................... 37Bibliografia ........................................................................................ 38Ficha Técnica .................................................................................... 39○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Índice3O Jogo da Agrofloresta é um materialecopedagógico composto de um jogo da memória,uma coleção de sementes e desta cartilha que contém informaçõesbásicas sobre ecologia e orientações para jogar.Este jogo traz para a escola uma possibilidade de aprender com alegria apartir da criação de canteiros agroflorestais. Os participantes poderão pesquisar,compreender e vivenciar melhor os padrões da vida.O conhecimento ecológico é cada vez mais importante para as atuais efuturas gerações porque vivemos uma crise sócio-ambiental sem precedentes.A agroecologia1 representa uma das melhores formas de vivenciar a ecologiana prática, porque incorpora as relações que existem entre os seresvivos e destes com o solo, água, ar, estações do ano, etc.O material não é destinado somente ao professor de ciências ou biologia;sugerimos apresentá-lo a todos os professores da escola. A comunidade escolar(alunos, professores, direção, funcionários, pais, mães e outros) podeser convidada a participar, cada um colaborando com seu saber, em umasignificativa atividade de aprendizagem interdisciplinar. A utilização deste jogo,que é cooperativo e ecológico, estimula a construção de aulas contextualizadase envolventes.Vamos jogar?○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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O que é o Jogo da Agrofloresta?

4 Estudar ecologia na escolaUm canteiro agroecológico é umapossibilidade diferente de estudar!Pode-se viver a ecologia na prática,estudar ao ar livre os princípios fundamentaisda vida. No jardim agroflorestalcompreendemos as relaçõesque são tecidas entre os seres vivos,percebemos os ciclos naturais (as estaçõesdo ano, as fases da lua, o regimede chuvas) e sua influência no crescimentodas plantas, além de vivenciara interdependência entre as espécies.Com este aprendizado é possívelestimular uma visão ambiental maisampla: a percepção de que somosapenas um fio da surpreendente teiada vida no planeta.Aprender no jardim da escola é aprenderno mundo real o que há de melhor.Contribui para o desenvolvimentoindividual do estudante e da comunidadeescolar, e esta é uma dasmelhores formas das crianças e jovensse tornarem ecologicamente alfabetizadose, portanto, capazes de contribuirna construção de um futurode harmonia na Terra.

Despertar valoresO Jogo da Agrofloresta possibilita

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trabalhar na prática com os valoreshumanos. Ele estimula o potencialcriativo e o envolvimento emocional,sensorial e ativo com a vida. O processode criação dos canteiros promoveo trabalho cooperativo, a percepçãoda diversidade e da interdependênciaentre todos os seres vivos, aamorosidade, o cuidado, a paciência,a curiosidade e o respeito por todasas formas de vida.

Objetivos do jogo○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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5 Criar umaagrofloresta na escolaInfelizmente uma grande parte das florestasbrasileiras foi devastada. Aagrofloresta integra o cultivo de umahorta com o estabelecimento gradualde uma floresta, colaborando para aregeneração dos ecossistemas originais.É o modelo ideal para a agriculturana maior parte do nosso país.A criação de uma agrofloresta - e nãode uma simples horta - permite que aescola ajude a recuperar uma área doplaneta e realize um estimulante exercíciode observação e pesquisa dasucessão ecológica.

Estimular o trabalho

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interdisciplinar e coletivoO canteiro agroecológico pode fazerparte de um movimento de ecologizaçãodo conhecimento, que possibilitao diálogo entre disciplinas e temastransversais. Para o aluno representaa possibilidade de experimentar otrabalho coletivo cooperativo e ver aaplicação prática do que ele aprendee ensina.

Vivenciar um espaçode vida na escolaA escola pode ficar mais bonita e atraente.Com o crescimento das plantasaparecerão folhas de formas diferentes,flores, pássaros e borboletas,enfim uma biodiversidade que criaráum ambiente de aprendizagem maisagradável. Um espaço de vida é umespaço de cuidado, que colabora coma auto-estima de toda a comunidadeescolar.

Produziralimentos saudáveisNada mais saboroso do que comer oque se planta! A produção de alimentossem uso de adubos artificiais eagrotóxicos pode estimular a mudançade hábitos alimentares, além detornar a escola mais saudável.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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EcologiaEcologia é o saber das relações e interconexões entretodos os seres do planeta. Analisando a etimologia dapalavra: “eco” do grego oikos que quer dizer casa e “logia”do grego logos, que quer dizer estudo. Ecologia, portanto,é o estudo dos processos que acontecem na Terra,casa que todos os seres compartilham.Ecologia estuda ecossistemas. Ecossistemas naturais são comunidadessustentáveis de plantas, animais e microorganismos cujos elementos interagemestabelecendo uma dinâmica criativa que se equilibra e auto-regula.

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Estudar e vivenciar ecologia significa aprender com os ecossistemasnaturais o caminho para construir, nutrir e educar comunidades humanassustentáveis, em que as atitudes dos seres humanos não comprometama vida das outras espécies e das gerações futuras.Segundo José Lutzenberger, um dos maioresecologistas brasileiros, ecologia é a ciência dasinfonia da vida.A seguir apresentamos resumidamentealguns princípios ecológicos.O fluxo de energiaO fluxo da energia é a essência da vidana Terra. Toda energia vital utilizada pelosseres vivos vem do Sol e, através de sucessivasconversões da energia solar em energia química,mecânica e elétrica, flui pelos ecossistemas. Noentanto, uma pequena fração da energia que chega ao planeta é absorvidapelas células das folhas verdes das plantas e outros seres que convertem luze calor em energia. Essa energia movimenta todos os processos da vida, emum fluxo constante de absorção, transformação e dissipação, que faz comque os ecossistemas se equilibrem e se mantenham.No Jogo da Agrofloresta poderemos perceber a importância do fluxo deenergia com o crescimento das plantas.○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

7CiclosOs ciclos naturais são importantes princípios da ecologia. Existe uma complexarede de alimentação e retroalimentação dos ecossistemas que faz comque os nutrientes sejam continuamente reciclados. Sendo sistemas abertos,todos os organismos de um ecossistema produzem resíduos, mas o que éresíduo para uma espécie é alimento para outra. Os ecossistemas têm evoluídodessa maneira há bilhões de anos, usando e reciclando continuamente asmesmas moléculas de minerais, de água e de ar.Na agrofloresta podemos ver ciclos dentro de ciclos, isto é, ciclos alimentares,os ciclos de plantio, crescimento, colheita e decomposição, que estãoenvolvidos e interconectados com ciclos ainda maiores como o ciclo da água,o ciclo dos nutrientes, o ciclo das estações e vários outros que fazem parteda rede de vida planetária.

8O ciclo da águaO ciclo da água acontece através da energia solar: o calor do sol esquentae evapora a água dos oceanos, lagos e rios, da superfície úmida dos solos edos corpos dos seres vivos, levando-a para a atmosfera, para a qual elaretorna novamente como chuva. A quantidade de água da Terra é constantee tem sido reciclada continuamente há milhões de anos.As plantas são responsáveis pela evaporação de mais de 90% da água noambiente terrestre. Elas absorvem os nutrientes necessários à sua sobrevivênciautilizando a água como veículo, antes de liberá-la através das folhas

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ou outros órgãos aéreos para a atmosfera.A maior quantidade da água (98%) está presente nos oceanos, lagos erios. Dos 2% restantes, uma fração está congelada no gelo polar, uma outraencontra-se no solo e subsolo, uma parte na atmosfera como vapor de águae uma última parte nos corpos dos seres vivos.O ciclo da vidaTodos os seres vivos têm um ciclo de vida: nascem, crescem, se reproduzeme morrem. Para alguns seres o ciclo de vida se completa em milhares deanos (como para as oliveiras) e para outros a vida dura alguns dias ou mesmoalgumas horas (como para alguns vírus).Durante toda a vida os seres vivos se alimentam. As plantas conseguemproduzir o seu próprio alimento por meio da fotossíntese2, enquanto os animaisnecessitam obtê-lo em sua dieta. A fotossíntese2 é um processo belo e essencialpara a vida na Terra, pois através dela, as plantas, algas e bactérias que produzemclorofila3 são capazes de aproveitar a energia radiante do sol para convertermoléculas simples (dióxido de carbono e água) em moléculas orgânicas complexasque podem ser utilizadas como fonte de energia para elas e outros seresvivos. Além disso, a fotossíntese2 libera oxigênio para a respiração, processo fundamentalem que as células de plantas, animais e outros seres vivos conseguemsintetizar a energia e viabilizar sua sobrevivência.

A teia alimentarA teia alimentar é uma rede de relações de nutrição. Em um típico cicloalimentar as plantas retiram minerais do solo, fazem fotossíntese2 e crescem.Então são comidas por animais, que são comidos por outros animais e assimpor diante, até que todos os seres vivos que morrem são comidos pelos

9organismos decompositores (fungos e bactérias) que devolvem os mineraisao solo. É dessa forma que os nutrientes fluem através da teia alimentarenquanto o que não é utilizado é eliminado através da excreção e a energia édissipada como calor através da respiração.

A sucessão ecológicaA sucessão ecológica é a mudança que acontece na comunidade vegetal eanimal ao longo do tempo. Cada estágio da vida cria as condições para opróximo grupo de seres vivos.Em uma área degradada as primeiras espécies vegetais que aparecem sãochamadas espécies pioneiras. Suas sementes são disseminadas pela fauna,como a aroeira, e principalmente pelo vento, como os capins e a bracatinga.Elas têm crescimento rápido, precisam de muito sol e gastam grandequantidade de sua energia reproduzindo-se e povoando o ambiente. As espéciespioneiras formam uma população densa e podem fixar nitrogênio,afofar o solo, reduzir a salinidade, estabilizar encostas muito inclinadas, absorvera umidade excessiva, produzir sombra e cobrir o solo, protegendo-o

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da erosão. Desta forma, elas colonizam novos habitats e aumentam a quantidadede matéria orgânica no solo.

10Espécies secundárias, ou seja, as árvores e arbustos que sucedem as espéciespioneiras, nascem quando as condições são boas para o seu desenvolvimento:mais sombra, mais umidade, mais matéria orgânica e nutrientes. Umexemplo de espécie secundária é o ipê amarelo. As espécies deste estágio de sucessãocriam um ambiente adequado para o crescimento das espécies climácicasque formam o dossel, que é o conjunto das copas das árvores de umafloresta. São plantas mais exigentes com relação à fertilidade do solo, têm crescimentolento e não toleram sol direto quando muito jovens. São elas que compõema floresta clímax, o estágio mais avançado e equilibrado no desenvolvimentode uma floresta.Mas a floresta não é um ecossistema estático. Ela vive em constante transformação

através da abertura de clareiras naturais provocadas por incêndios espo11rádicos, queda de árvores e outros fatores, o que permite uma nova sucessão deespécies de plantas e animais nestes locais a partir do crescimento de espéciesjovens e germinação das sementes guardadas no solo. Assim, uma floresta écomo um mosaico de diferentes estágios de sucessão de espécies.

InterdependênciaTodos os membros de uma comunidade ecológica estão interligados numarica e complexa rede de relações. A vida de cada ser vivo do ecossistemadepende da vida de muitos outros e o sucesso da comunidade toda dependedo sucesso de cada um dos seus membros, enquanto que o equilíbrio decada membro depende do sucesso da comunidade como um todo. A interdependênciaé a natureza de todas as relações ecológicas.

12Em um ecossistema, os intercâmbios cíclicos de energia e de recursos sãosustentados por uma cooperação generalizada. A tendência para formar associações,para estabelecer ligações, para viver dentro de outro organismo epara cooperar é um dos pré-requisitos para a qualidade da vida na Terra.Exemplos não faltam. A associação entre algas unicelulares e fungos originaos liquens, que secretam substância que erodem a rocha e contribuem paraa formação do solo. As plantas leguminosas mantêm relações com bactériasfixadoras de nitrogênio nos nódulos de suas raízes, que suprem sua necessidadedeste elemento. A maioria das plantas vasculares4 está ligada a fungos,formando estruturas compostas conhecidas como micorrizas. Estes fungosdesempenham um papel vital na absorção de fósforo e outros nutrientes

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pelas plantas, possibilitando o crescimento das plantas. Árvores cooperamcom insetos e pássaros ao fornecer-lhes alimento e recebem em troca a polinizaçãodas flores e a disseminação das sementes.A competição também acontece nos ecossistemas, embora não seja a relaçãodominante. Seres vivos disputam determinados recursos fazendo comque uma das espécies se prejudique. Um exemplo disso é a competição pelaluz, água e nutrientes entre as plantas e a alelopatia5.

DiversidadeO equilíbrio de um ecossistema depende muito do grau de complexidade e diversidadedas formas de vida e de sua rede de relações. É a diversidade que assegura asobrevivência da vida na Terra.Podemos perceber a importânciada diversidade observandouma floresta nativa com milharesde seres vivos que se relacioname sustentam a vida que existenaquele ecossistema. Por outrolado em qualquer tipo de monocultura(de soja ou de eucalipto,por exemplo) quase não existemoutras espécies, o que diminuia complexidade do ecossistema,o desequilibra e prejudica muitotodos os ciclos ecológicos.

13O soloO solo é um organismo vivoe dinâmico, constituído pormatéria orgânica e mineral. Eleé fonte primária de nutrientespara os vegetais. Aproximadamente50% do volume total dosolo é formado por espaçosporosos que são preenchidospor porções variadas de águae ar, ambos essenciais para avida do solo e a sobrevivênciadas plantas. Solos arenosos,ricos em areia, têm partículasgrandes e geralmente são secos,leves e pobres. Solos siltosos, ricos em silt6, têm partículas menorese são mais úmidos e férteis. Solos argilosos, ricos em argila, têm as menorespartículas e são pesados, retêm umidade por mais tempo e podem sermais ricos em nutrientes.O solo saudável tem vida abundante. Em um grama de solo pode viveruma comunidade biológica de até 10.000 espécies diferentes! Os maiores são

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chamados macroorganismos, que incluem os insetos, minhocas, vermes,moluscos, nematóides e vertebrados, que agem melhorando a estrutura (poisventilam e drenam o solo), decompondo e incorporando matéria orgânica; eos menores e invisíveis são os microorganismos, que incluem as algas,fungos, bactérias, protozoários e outros que atuam na decomposição damatéria orgânica, no ciclo do nitrogênio e na solubilização de substâncias.Todos estes organismos necessitam de um ambiente equilibrado e estabilizadopara sobreviver, além de alimento - principalmente carbono e nitrogênio.Estas necessidades são supridas com a ajuda da matéria orgânica queexiste no solo de duas formas: a matéria orgânica em decomposição (restosvegetais, animais mortos e excrementos) e a matéria orgânica humificada (húmus).Ela promove melhorias nas características físicas e químicas do soloporque funciona como uma esponja para retenção de água, ajuda na formaçãode poros, além de ser uma fonte de nutrientes para as plantas, especialmentede nitrogênio, fósforo, enxofre e micronutrientes7.

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Como jogar?jogada 1Definição da equipeEm primeiro lugar vamos definir a equipe do jogo. A decisão de quemvai participar deve ser tomada de acordo com a avaliação da direção e dosprofessores interessados. Podem ser convidadas:Uma única classeDuas ou mais classesUma comissão com diversos alunos, professores e funcionáriosToda a escola: alunos, professores e funcionáriosSerá preciso planejar, envolver os participantes e distribuir fotocópias dacartilha para a equipe do jogo. Quanto mais envolvida e comprometida fora equipe maior a possibilidade da escola alcançar os objetivos do jogo.

jogada 2Separação e estudo das sementesNeste jogo há 4 tubos que contêm sementes de 20 espécies vegetais. NossoNúcleo de Ecopedagogia teve o cuidado de obter sementes que não foram tratadascom veneno, o que permite um contato mais saudável com o material.Milho, salsa, rabanete, araticum e maracujáFeijão lab-lab, tomate, alface, bracatinga e amendoimGirassol, couve, funcho, tucaneira e tagetesUrucum, feijão guandu, cedro, abóbora e goiabaÉ importante perceber que algumas espécies são olerícolas8, outras sãoervas medicinais e condimentares, flores e outras são árvores. As espécies

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são descritas no Guia de Espécies.A equipe do jogo deve separar as sementes, contá-las e observar opadrão de cada uma. Nesse momento é possível perguntar aos participantesquais eles já conhecem, quais já plantaram e trabalhar com as impressõessobre a forma, a cor e a textura de cada espécie. Podemos também explorar aidéia poética da semente, que representa a renovação da vida.Recomendamos queas sementes sejamplantadas em até4 meses porque a taxade germinação diminuicom o passar do tempo.

15jogada 3Escolha do localVamos pesquisar o espaço da escola e descobrir onde podemos fazer aagrofloresta. É importante que a escolha do local seja discutida entre a equipedo jogo. Este processo precisa levar em conta vários fatores:A quantidade de sol e sombraTamanho do terreno (pelo menos 20 m²)A qualidade do soloA declividade do terrenoA proximidade de pontos de águaA distância da área de lazer das crianças e das salas de aulaA segurança do localProteção contra ventosTubulações enterradasO uso futuro da áreaGrupos de alunos poderão levantar pontos positivos e negativos de cadalocal e decidir de forma consensual ou democrática.Opçõesa) VasosCaso não haja área de solo disponível na escola podemos optar por vasos,de preferência de cerâmica, que são mais bonitos e orgânicos.b) Terreno na comunidadeTambém podemos plantar a agrofloresta em algum terreno vizinho, públicoou privado, de alguma instituição ou de alguém da comunidade queceda. Isso pode contribuir para envolver mais pessoas no jogo.

16jogada 4Desenho dos canteirosJá estudamos um pouco de ecologia e escolhemos o local da agrofloresta.Precisamos então fazer um planejamento! Decidir a forma dos canteiros, comoe quando plantar.Os alunos podem desenhar os canteiros individualmente ou em grupo.Normalmente as hortas são feitas com canteiros retangulares. Mas você já

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reparou que na natureza quase não existe nada retangular? Que tal incentivara equipe do jogo a buscar formas mais orgânicas, baseadas nos padrõesnaturais? Vamos soltar a imaginação e criar mandalas, canteiros circulares,em forma de estrela, sol, feijão, ondas, caracóis... É importante quehaja espaço suficiente para a circulação (pelo menos 1 metro) entre os canteirose que a largura não exceda o tamanho de dois braços de criança (um decada lado) para que os alunos possam alcançar as plantas, cavar berços9,semear, cuidar, etc.Ferramentas básicasVamos precisar de algumas ferramentaspara o nosso trabalho: regador, pá,enxada, garfo de fazendeiro, colher dejardim e peneiras. Elas devem ser guardadasem local apropriado (para evitaracidentes e roubos ) e facilmente encontradasquando necessário.

jogada 5Preparação dos CanteirosPronto! Já planejamos e desenhamos! Vamos colocar a mão na terra! Emprimeiro lugar é necessário, com auxílio da enxada, retirar o mato alto edeixar o que for retirado como cobertura do solo. Para a segunda camadados canteiros pode-se utilizar jornal ou papelão que vai impedir o rebrotedas ervas espontâneas10. Em alguns locais podemos deixar a vegetação originalpara abrigar animais e perceber a sucessão natural.A comunidade deve ser uma parceira para a obtenção dos insumos11. Oideal é utilizar terra ou composto orgânico. Se não houver disponibilidade

17destes substratos12 a agroflorestapode ser feita com barro ouareia disponível na escola misturadacom cinzas (exceto dechurrasco), esterco curtido,composto orgânico ou húmusde minhoca, o que lhes garantiráfertilidade.É preferível que os canteirossejam feitos como leiras (pilhas)de solo e matéria orgânica comaproximadamente 30 cm de altura.Essa elevação do canteiro serve para facilitar o manejo e para drenar aágua (principalmente em períodos úmidos, quando a água poderia empoçare as raízes das plantas, apodrecer). Para a contenção da matéria orgânicapodemos colocar nas bordas dos canteiros algum material como pedras, bambu,madeira ou algum outro recurso que esteja sobrando na escola.

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Existem muitas técnicas para se fazer canteiros sem precisar mexer muitono solo, e valeria a pena experimentar várias até encontrar uma que sejaadequada com a estrutura da escola, os recursos disponíveis e as característicasdo solo.Terra AdubadaA terra adubada permite fazer o canteiro facilmente porque é produzidacom os nutrientes que as plantas necessitam para nascer e crescer com saúde.Apesar de ser um pouco mais cara, a terra adubada é a opção mais simples,basta colocá-la no canteiro e plantar. Ela também pode ser misturadacom barro ou areia para aumentar o rendimento.Esterco curtidoPara aumentar os níveis de matéria orgânica do solo e ajudar a suprir deforma mais imediata a necessidade que as plantas têm de nutrientes essenciaispodemos adicionar ao solo estercos animais (de aves, bovinos, cabras,cavalos, etc). Quando usamos estercos de animais, devemos ter o cuidado deusá-los já curtidos ou compostados para evitar a intoxicação das plantas.Use luvas para evitar o contato direto do esterco com a pele. A proporção de

18esterco é a seguinte: três partes de terra para duas partes de esterco bemcurtido e uma parte de areia. Deixe descansar uma semana antes de semear.O Composto orgânicoPara a produção do composto orgânico, feito a partir da decomposiçãoda matéria orgânica, construiremos uma pilha de compostagem. A pilha seráformada por materiais orgânicos úmidos e secos. Os materiais úmidos naescola são os restos de merenda, cascas de frutas, verduras e legumes e esterco.Eles fornecerão água, nitrogênio e demais nutrientes. Os materiais secossão as palhas, serragem, restos de galhos e grama cortada. Eles darãoestrutura, porosidade e aeração, além de fornecer carbono ao processo. Nacompostagem, bactérias, fungos e outros microorganismos extraem o carbonoe nitrogênio em reações que liberam grande quantidade de calor (ointerior da pilha pode chegar a 70ºC!), gás carbônico e vapor de água, originandoao final do processo esta substância marrom e rica em nutrientes ehúmus denominada composto.Para fazer a pilha de compostagem em primeiro lugar escolhemos um localapropriado, de preferência perto da cozinha que é o lugar onde são geradosos resíduos orgânicos na escola. Depois dispomos uma camada de materialseco de 1 a 1,5m de comprimento e 15cm de altura. Em cima, colocamosuma camada de material úmido que pode ser levemente misturadacom a primeira camada, e coberta com mais material seco. A adição de maismaterial úmido é feita abrindo a camada seca, adicionando-o e cobrindonovamente com material seco. Para a proteção contra as moscas é

impor19tante que a última camada seja sempre de palha. Após 4 dias podemos fazerum buraco na pilha e com as mãos sentir a temperatura interna, que deve

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ser bem alta e desconfortável ao toque. Quando a pilha atingir cerca de 50cm de altura ela descansa e iniciamos uma outra. O período de descansovaria de 2 a 3 meses para o composto ficar pronto. É fundamental manter apilha aerada para que os organismos possam fazer bem o seu trabalho.Quanto mais variados forem os materiais orgânicos utilizados, melhor a qualidadedo composto!Atenção! Não é preciso cobrir a pilha de compostagem com plástico!Cuidar do SoloPara um solo fértil precisamos de uma relação harmoniosa entre a matériaorgânica, as raízes e a microvida. A natureza se encarrega do resto!O adubo perfeito para o solo está a nossa volta: nas folhas das árvores,no capim cortado, nos galhos, troncos caídos e excrementos de todos osanimais (na cidade utilizamos as cascas de verduras, os restos da feira, agrama, as folhas das árvores, as algas das praias...). Este adubo existe emquantidades inimagináveis, se oferecendo para o nosso uso.O hábito de arar a terra vem da Europa onde as terras são úmidas e friase precisam ser secas e aquecidas para aproveitar os poucos meses de calordisponíveis para o plantio. Este hábito, que acabamos importando sem sabero porquê, prejudica a saúde do solo brasileiro, que tem característicasdiferentes de composição, de clima, fauna e flora. O melhor é deixar a terrapermanentemente coberta com matéria orgânica - folhas, capim, etc. - paraimpedir que seja danificado pela ação direta do sol, da água e do vento.Para cobrir o solo e adicionar a ele matéria orgânica podemos utilizar oque já está crescendo no local. As ervas espontâneas10 produzem boa quantidadede biomassa13 e podem ser cobertas com uma camada de palha e aindasimplesmente cortadas ou acamadas (deitadas e amassadas) antes da floração,no local do canteiro. Elas melhorarão a fertilidade do solo através dasua decomposição, pois suas folhas, ramos, caules e raízes servirão de alimentopara os seres do solo. É importante conhecer estas espécies e suasfunções, pois algumas plantas podem servir como forma de proteção paraas mudas, alimento e abrigo para insetos e pássaros, produção de biomassa13

para novas coberturas do solo, utilização como planta medicinal, temperoe alimento.

20jogada 6PlantioOs canteiros já estão prontos? Nossa próxima jogada é semear! Sugerimoscomeçar sabendo um pouco mais sobre as vinte espécies que compõem estejogo no Guia de Espécies. O importante é experimentar várias alternativasde semeadura diferentes e compará-las. Damos algumas idéias para ajudar:Para aproveitar o jogo ao máximo é importante plantar uma sementede cada vez, evitar jogar um punhado em cada berço9. As sementes menoresrequerem mais atenção!

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Que tal experimentar semear em um mesmo canteiro todas as espécies?Para isso podemos plantar de 3 a 5 sementes de cada e observar quais germiname quais sobrevivem com o passar do tempo.É importante sempre consultar o Guia de Espécies e levar em contao tempo de crescimento de cada planta e as relações que podem existir entreelas. Por exemplo: o feijão lab-lab pode ser plantado quando o milho já estivercom 1 mês. O milho será o tutor natural do feijão. E o feijão vai ajudar aadubar o milho.As espécies arbóreas14 (goiaba, araticum, urucum, tucaneira, cedro ebracatinga) podem ser semeadas em embalagens “longa vida” (furadas nofundo), em vasos ou em embalagens próprias para mudas.Sementeiras podem e devem ser usadas para a alface e a couve e poderãoser feitas de caixas de papelão preenchidas com terra adubada ou atémesmo em um pequeno canteiro protegido de chuvas intensas por uma estruturaplástica. Isso não impede de experimentar colocá-las junto com asdemais espécies diretamente nos canteiros. A salsa, o funcho e o tomatetambém podem ser semeados em sementeiras.Os grupos podem fazer a experiência que quiserem, com bom senso eespírito de pesquisador para combinar as espécies, levando em conta característicasde velocidade e hábito de crescimento, tamanho e forma de raízes eparte aérea, necessidade de sombra, companheirismo, etc. Antes de semearcada grupo pode apresentar seu projeto para os professores e para os demaisgrupos e planejar coletivamente a ação.A profundidade que deve ficar a semente varia de acordo com a espécie(entre 0,5 e 3 cm).Há espécies que são semeadas diretamente no canteiro. É o caso dorabanete, salsa, milho, feijão guandu, abóbora, girassol e feijão lab-lab.

21A abóbora pode ser semeada em berços9 na borda ou mesmo fora doscanteiros pois ela é bastante espaçosa.O local de plantio das árvores deve ser cuidadosamente estudado, poiselas permanecerão um longo tempo no local. Se não houver espaço para queas árvores cresçam na escola, deverão ser transplantadas para locais na comunidade,praças, parques, ruas e outros locais públicos.Para aproveitar melhor o espaço da nossa agrofloresta, podemos disporplantas trepadeiras como o feijão lab-lab, o maracujá e a abóbora próximasà paredes, muros com estacas, cercas de arame, algumas árvores ououtras estruturas em que possam segurar-se e crescer. Os tomates devem serapoiados cuidadosamente em estacas ou em outras plantas.Podemos incluir outras espécies que os alunos tragam de casa, tantoolerícolas8 quanto arbóreas14 ou herbáceas15, tais como mandioca, batatadoce, mamão, capim limão, etc.Podemos aprender a criar um ambiente de equilíbrio entre as espécies,para que não causem prejuízo umas às outras, de forma que não haja competição

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por luz, água e nutrientes.Espécies muito folhosas e produtoras de sombra associam-se melhorcom as que gostam da sombra, caso do tomate sombreando a salsa e dofeijão guandu sombreando as mudas de árvores.Espécies de folhagem rala permitem a introdução de outras mais folhosasentre elas, como a alface. Já as espécies cujas raízes são profundas convivembem com as de raízes superficiais, como a mandioca e o rabanete.Muitas espécies espontâneas podem ser plantadas e colhidas também.Como o caruru, a beldroega, o dente-de-leão, a vinagreira, a serralha e oagrião-bravo. Vale a pena pesquisar mais as características destas plantas,pois várias delas têm propriedades medicinais, ajudam a recuperar o solo,repelem ou atraem insetos, etc.É bom plantar girassol e tagetes no início do jogo pois elas requerembastante insolação.Lembre-se que o feijão guandu vira uma pequena árvore.É sempre interessante identificar e anotar as espécies que germinam,florescem e frutificam e fazer um calendário para organizar as atividades doJogo da Agrofloresta.Que tal esperar o florescimento das plantas para colher as sementes einiciar um novo jogo?

22jogada 7Vamos cuidar da nossa agroflorestaObservaçãoA necessidade de nutrientes pode mudar de espécie para espécie em cadaestágio de seu desenvolvimento. Assim, devemos prestar atenção aos sinaisdas plantas. Quando as plantas verdes estão amareladas e não crescem, podemestar necessitando mais nitrogênio e por isso, devemos aplicar ao solomais composto ou esterco. Quando as suas flores não estiverem se desenvolvendo,pode estar faltando fosfato no solo, e devemos adicionar farinha deosso. Se tubérculos ou frutos estão pequenos, há falta de potássio e assim,cinzas, esterco, casca de arroz e serragem ajudarão a solucionar a deficiência.O excesso de nutrientes também pode ser prejudicial. Quando as plantas estiveremmuito altas e improdutivas, a oferta de nitrogênio pode estar sendoexagerada ou então elas estão em ambiente muito sombreado. Devemos entãoadicionar mais palha ou material fibroso ou mudá-las para o sol.Com o desenvolvimento das plantas, pode ser necessário utilizar biofertilizantespara pulverizar no solo. Para fazê-lo basta um pouco de esterco(curtido) de galinha, vaca ou cavalo, colocado em um balde com água, deixando-o descansar por cerca de 5 semanas. Deve ser diluído em água naproporção de 1:20 para ser aplicado.Uma planta bem nutrida com um solo saudável e equilibrado sofrerá menos

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com ataques de insetos, fungos e doenças. E produzirá mais!IrrigaçãoDevemos irrigar a horta sempre que o solo não estiver mais úmido. Airrigação precisa ser abundante para hortaliças folhosas (como a alface ecouve), mas não exagerada a ponto de causar lixiviação16

de nutrientes e/ou afogamento das raízespelo excesso de água. Há espécies que suportame até se beneficiam com a falta d’água, tornando-se mais saborosas e nutritivas, caso dorabanete. Costuma-se irrigar preferencialmente noinício da manhã ou ao final da tarde. Vale lembrarque se mantivermos o solo coberto com matériaorgânica seca economizaremos água e trabalho,

23pois ele se manterá úmido por muito mais tempo. Para regar podemos utilizaro regador, uma mangueira ou instalar sistemas mais complexos de aspersãoou gotejamento.PodaPode ser necessário podar algumas espécies,caso estas estejam prejudicando as demaisou se precisamos de biomassa13 para a coberturado solo, compostagem, etc. As plantas reagemà poda de formas diferentes. Algumas espéciespioneiras (como o feijão guandu) admitempodas mais radicais e rebrotam, podendoser podadas anualmente, enquanto outras nãoresistem a podas muito intensas e recuperam-se vagarosamente. Para sabermoso momento certo de podar, vamos respeitar as características de cadaespécie, observar, pesquisar e aprender na prática!ColheitaA colheita será realizada em momentos diferentes, dependendo de cadaespécie. Há plantas que produzem flores comestíveis (abóbora, capuchinha),botões e talos (como o brócolis), sementes (feijão guandu, abóbora, amendoim,urucum e milho) folhas (alface, couve), frutos (tomate, maracujá, abóborae goiaba), raízes (rabanete) e tubérculos (batata). Muitos vegetais podemser integralmente aproveitados, caso da abóbora. Alguns devem ser constantementecolhidos para produzirem (como o brócolis), outros são colhidosuma só vez e inteiros (como o milho e o rabanete).Além da alimentação as plantas do jogo têm outras funções que podemser estudadas. O cedro é madeira nobre, a bracatinga oferece alimento paraabelhas, a tucaneira para pássaros, o urucum fornece pigmento, a tagete e ogirassol são belas, ornamentais, o feijão lab-lab fixa nitrogênio no solo, etc.Visitantes indesejados e doençasAlguns bichinhos podem causar estragos na agrofloresta em função doseu grande apetite. Lesmas, caracóis, vaquinhas, formigas, grilos, e lagartasalimentam-se de certos vegetais e devem ter suas populações controladas,

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mas não dizimadas porque são seres que também fazem parte da teia da

24vida. Pulgões, cochonilhas e alguns percevejos sugam a seiva das plantas epodem enfraquecê-las. Para conviver com estes animais e manter suas populaçõesem níveis estáveis, podemos coletar os animais, incentivar o aparecimentode predadores naturais, utilizar repelentes naturais e manter as plantasfortes e saudáveis, mas nunca fazer uso de venenos!!! Devemos lembrarque cada um destes pequenos animais tem sua função na agrofloresta e quea sua presença é importante para compreendermos os ciclos da vida.Pássaros, por exemplo, podem alimentar-se de insetos e larvas, além deapreciar frutos, e escolher poleiros e construir ninhos. As joaninhas, vespinhase formigas também têm importante papel no controle dos visitantesindesejados e necessitam de locais para se protegerem e alimentarem.Certos fungos, viroses e bacterioses prejudiciais podem ocorrer, causandoamarelecimento, “murchadeira” e o míldio (cinza das folhas). Para prevení-los é bom manter o local e utensílios limpos e evitar umidade excessiva nosolo e na superfície das plantas.TransplanteAs espécies arbóreas11 devem sertransplantadas para o lugar definitivoquando tiverem de 20 a 30 cmde altura, dependendo da espécie.Podem ser plantadas na própria escolaou na comunidade. Atenção aoporte das árvores! Os berços7 emque elas forem plantadas podemconter um pouco de composto outerra adubada. As espécies plantadasem sementeiras costumam demorarentre 15 e 25 dias até quepossam ser transplantadas.Podemos ter a colaboração de algumas ervas aromáticas paracontrolar a população dos visitantes indesejados. O manjericão,por exemplo, repele moscas e mosquitos. Já a hortelã e o alecrimrepelem a borboleta da couve. O girassol é procurado pelas formigas saúvas,desviando a sua atenção das hortaliças.

Dica