O ipê floresce em agosto

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agosto/setembro 2015 81 Ribeirão Preto Ana Regina Morandini Caldeira Comissão Editorial do Boletim uvindo a sabedoria popular que nos diz “o tempo voa”, penso que já estamos em época onde a brisa nos envolve com seu frescor de inverno. O céu revela-se na intensidade de um azul íntegro e único, contrastando com a coloração dos ipês que desabrocham nesta estação do ano. O ipê floresce em tempo de seca da plantação, no momento em que as outras plantas resguardam-se em período de hibernação. Sugere-nos que possamos acolher suas tonalidades todas, mesmo diante da escura solidão de nossos silêncios abissais, do endurecimento da razão, e dos desencontros. Sua luminosidade lembra-nos que somos seres sonhantes. Com matizes amarelas ou rosadas, é tempo de começarmos o segundo semestre de 2015. Em nosso Boletim, iniciamos com as convidativas dicas da “Agenda Cultural” confeccionadas por Cybelli Labate e Júlio Labate. Em “Com a Palavra”, Ana Cláudia G. R. de Almeida fala sobre os limites e possibilidades a respeito da coordenação administrativa de nossa Sociedade, assim como sobre o desenvolvimento em que vive nossa Instituição. Patrícia R. A. Tittoto, no “Tema Livre”, versa poeticamente sobre a vivência da psicanálise enquanto capacidade integradora, a partir da experiência emocional compartilhada. No tópico “Notícias da SBPRP”, Silvana Vassimon convida-nos para a I Jornada Interna “Conversas na cozinha!”, para que possamos trocar experiências e nos nutrir. Assim como também, apresentamos a programação da Comissão Científica para o segundo semestre e as notícias do Espaço Cultural. Suely Delboni, no “Cinema e Psicanálise”, conta-nos sobre o intercâmbio entre a psicanálise e a comunidade, com proposta de um aprofundamento no debate entre C&P e Universidades. O “Programe-se” continua a trazer referenciais das atividades locais e nacionais. Reflexões sensíveis sobre o caminhar da psicanálise em nossa região e Sociedade, são trazidas por Luiz de Toledo no “Espaço dos Membros Filiados”. Guimarães Rosa dizia que o “coração não envelhece, só vai ficando estorvado [...]. Como o ipê: volta a flor antes da folha”. Certas árvores insistem em apresentar uma ideia de que o florescer se sobrepõe à secura, através de sua luz que se desvenda em formas de vida sem fim! À revelia da frieza de nossos invernos internos ou externos, convida-nos a esperançar. Sejamos ipês! O ipê floresce em agosto O Agenda Cultural Página 2 Com a Palavra Página 3 Tema Livre Páginas 4 e 5 Notícias da SBPRP Páginas 6 e 7 Cinema e Psicanálise Página 8 Programe-se Página 9 Espaço dos Membros Filiados Página 10

Transcript of O ipê floresce em agosto

Page 1: O ipê floresce em agosto

agosto/setembro 2015 81nº

RibeirãoPreto

Ana Regina Morandini CaldeiraComissão Editorial do Boletim

uvindo a sabedoria popular que nos diz “o tempo voa”, penso que já

estamos em época onde a brisa nos envolve com seu frescor de inverno.

O céu revela-se na intensidade de um azul íntegro e único, contrastando com a

coloração dos ipês que desabrocham nesta estação do ano.

O ipê floresce em tempo de seca da plantação, no momento em que as

outras plantas resguardam-se em período de hibernação. Sugere-nos que

possamos acolher suas tonalidades todas, mesmo diante da escura solidão de

nossos silêncios abissais, do endurecimento da razão, e dos desencontros. Sua

luminosidade lembra-nos que somos seres sonhantes.

Com matizes amarelas ou rosadas, é tempo de começarmos o segundo

semestre de 2015. Em nosso Boletim, iniciamos com as convidativas dicas da

“Agenda Cultural” confeccionadas por Cybelli Labate e Júlio Labate. Em “Com a

Palavra”, Ana Cláudia G. R. de Almeida fala sobre os limites e possibilidades a

respeito da coordenação administrativa de nossa Sociedade, assim como

sobre o desenvolvimento em que vive nossa Instituição. Patrícia R. A. Tittoto,

no “Tema Livre”, versa poeticamente sobre a vivência da psicanálise enquanto

capacidade integradora, a partir da experiência emocional compartilhada. No

tópico “Notícias da SBPRP”, Silvana Vassimon convida-nos para a I Jornada

Interna “Conversas na cozinha!”, para que possamos trocar experiências e nos

nutrir. Assim como também, apresentamos a programação da Comissão

Científica para o segundo semestre e as notícias do Espaço Cultural. Suely

Delboni, no “Cinema e Psicanálise”, conta-nos sobre o intercâmbio entre a

psicanálise e a comunidade, com proposta de um aprofundamento no debate

entre C&P e Universidades. O “Programe-se” continua a trazer referenciais das

atividades locais e nacionais. Reflexões sensíveis sobre o caminhar da

psicanálise em nossa região e Sociedade, são trazidas por Luiz de Toledo no

“Espaço dos Membros Filiados”.

Guimarães Rosa dizia que o “coração não envelhece, só vai ficando

estorvado [...]. Como o ipê: volta a flor antes da folha”.

Certas árvores insistem em apresentar uma ideia de que o florescer se

sobrepõe à secura, através de sua luz que se desvenda em formas de vida sem

fim! À revelia da frieza de nossos invernos internos ou externos, convida-nos a

esperançar. Sejamos ipês!

O ipê floresce em agosto

O

Agenda CulturalPágina 2

Com a PalavraPágina 3

Tema LivrePáginas 4 e 5

Notícias da SBPRPPáginas 6 e 7

Cinema e PsicanálisePágina 8

Programe-sePágina 9

Espaço dos Membros FiliadosPágina 10

Page 2: O ipê floresce em agosto

Editora: Ana Regina Morandini Caldeira Coeditores: Cybelli Morello LabateJúlio César Tadeu C. LabateLuciano BonfanteMaria Aparecida G. B. PellissariMaria Auxiliadora Campos

2 Boletim SBPRP nº 81 agosto/setembro 2015

Cybelli Morello LabateJulio Cesar Tadeu Chavasco Labate

Presidente: Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis

Diretora Secretária:Ana Cláudia Gonçalves Ribeiro de Almeida

Diretor Financeiro:Alexandre Martins de Mello

Diretora Científica:Silvana Maria Bonini Vassimon

Diretora de Cultura e Comunidade:Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

Diretor do Instituto:José Cesário Francisco Junior

Diretora Secretária do Instituto:Denise Lopes Rosado Antônio

A mostra ocorrerá em setembro, trazendo obras da pintora

mexicana Frida Kahlo e de importantes artistas como Maria

Izquierdo, Remedios Varo, Lenora Carrington, entre outras.

Exposição da trajetória do artista

precursor do abstracionismo, composta

por 153 obras e objetos de Wassily Kan-

dinsky e de artistas que o influenciaram.

Filme/documentário reali-

zado por Roger Waters, ex-

baixista da banda Pink Floyd, traz

cenas da turnê “The Wall” que

rodou o mundo entre 2010 e

2013, baseada no álbum homôni-

mo de 1979. Além das imagens

dos shows, o filme traz reflexões

pessoais do artista sobre suas

experiências pessoais e uma críti-

ca a todas as guerras e conflitos

políticos que matam inúmeros

inocentes.

O filme será lançado mundi-

almente em 29/09 e terá exibição

única nesse dia. Não há previsão

de lançamento do filme no circui-

to comercial.

Frida Kahlo e as mulheres surrealistas no México

Lenora CarringtonMaria Izquierdo Remedios VaroFrida Kahlo

Instituto Tomie OhtakeEm setembro (datas não divulgadas) http://www.institutotomieohtake.org.br|

Roger Waters“The Wall”

UCI Ribeirão Shopping

Dia 29/09/2015 às 20h

Ingressos à venda:

http://migre.me/qOKhv

Trailer oficial:

http://migre.me/qOKlf

Kandinsky: tudo começa num ponto

Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo

Até 28/09

http://culturabancodobrasil.com.br

Page 3: O ipê floresce em agosto

Boletim SBPRP nº 81 agosto/setembro 2015 3

Ana Cláudia G. R. de Almeida | Diretora Secretária da SBPRP

á quase três anos assumi a função de Diretora Secretária junto à SBPRP.

Desde o início foi um desafio, tendo em vista que a função diz respeito a

tarefas administrativas com as quais os analistas têm pouca intimidade. Tare-

fa que exigia de mim o reconhecimento de limites e possibilidades pessoais,

entre impotência-onipotência, descobrir a potência necessária. Porém, no

cotidiano administrativo, percebia que este processo pessoal se entremeava

com o processo do grupo/instituição. Fre-

quentemente estava envolvida com a execu-

ção de atividades para as quais nossa infraes-

trutura não estava preparada, mas ainda

assim o trabalho saía e continua saindo, talvez

por amor, mas muitas vezes, significando

sobrecarga para nossos membros e funcioná-

rios.

Também na Instituição observava e vivia

o trânsito entre limites e possibilidades,

potência e impotência.

Afinal qual era/é mesmo o nosso

tamanho?

Alguns números para ajudar: temos

mais de cem membros, estamos na nona

turma de formação do Instituto, somos

Sociedade Componente (plena) da IPA há dez

anos, temos a Berggasse 19, o Boletim,

diversos grupos de estudos e comissões de

trabalho, realizamos inúmeros eventos desde

a década de 1990, incluindo três Bienais de

Psicanálise e Cultura e um Congresso

Brasileiro.

Já não somos tão pequenos e nem tão

jovens, mas talvez mais importante do que

saber qual nosso tamanho, seja perceber o processo de desenvolvimento. Tal

como uma calça curta de criança que cresceu mais do que a mãe pôde

perceber, uma limitação pode expressar um crescimento a ser acompanhado.

Penso que todos nós precisamos conhecer nossa Instituição para

perceber e assumir o desenvolvimento que vem ocorrendo, buscando

infraestrutura que sustente de forma madura tal evolução.

Obrigada a todos pela oportunidade!

H

Kurt Schwitters, Merzbild 5 B, 1919

Possibilidades Limitações

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4 Boletim SBPRP nº 81 agosto/setembro 2015

lonjada do mar, mas sentindo-me comun-

gada a vivências recentes em Paraty (RJ),

ouço ao perto uma música que parecia por lá

acompanhar-me: We Three, entoada por Paul

McCartney em seu refrão: “my echo, my shadow

and me”..., outra vez por um anônimo violão na

soleira de um casario colonial e na doce voz de

um solitário velejador ao balanço preguiçoso de

seu barco.

Tento re-configurar a concha in-flexiva que

também carrego, de forma a torná-la acústica,

com níveis de re-flexão e reverberação satisfató-

rios, para que as imagísticas chegadas surpreen-

dam em sutis efeitos, nem sempre compatíveis

com referências originais, gerando outros signifi-

cados à mim e àqueles que me lêem.

Buscar viver a Psicanálise requer imersão

de e em nós mesmos. Mergulho de várias

naturezas. Como - tal o 'esplêndido isolamento' a

que se referia Freud - o profissional, com tubo de

oxigênio, sob as águas do mar. Quem o fez, bem

sabe o que é o profundo silêncio entrecortado

pelo som ritmado da própria respiração...

Percebe-se intensamente a dependência,

para sentir-se vivo, de um elemento que sirva de

'inspiração' conjuntamente com a necessidade

de se expirar o que lhe foi percorrido _ também o

produto do que se é.

Inalo neste instante as experiências que

venho encontrando em nossa Sociedade, nos

grupos de trabalho variados, nas comissões que

tenho tido a satisfação de acompanhar em graus

diversos de proximidade. Ainda que funcionan-

do segundo a moldura das próprias diretrizes, de

modo algum fazem-se 'ilhas'. A paisagem que

têm trazido é de estarem em busca de um cons-

tante exercício 'continente': abrigando propos-

Para mim para ti para nós

A tas, revisitando conceitos, concebendo planeja-

mentos, acompanhando ações estratégicas e

desenvolvendo capacidade integradora, interlo-

cutora, de forma que a 'inclusão' seja uma pre-

ponderante.

Aliás, ouvi como se fosse a primeira vez, de

um 'velho' marinheiro, que ontologicamente

não há separação entre os conceitos de 'ilha' e

'continente'. O que os difere é o tamanho de sua

extensão. Como quando saímos de nosso estado

'ilha' e lançamo-nos à vivência de estar à ilharga

de alguém, ampliando-nos nas surpresas

desmedidas de nossa sociabilização e sonhando

o sonho impossível de ser criado em isolamento.

We Three soa-me neste instante ainda mais

bela, cantada agora em nova letra pelos

integrantes desses grupos: “um fazer por mim,

um fazer pela nossa Sociedade, um fazer pela

Comunidade mais ampla”. E lembro-me de um

timoneiro com o transferidor sobre coordenadas

de um mapa, mostrar-me que três pontos

distintos e não colineares formam um círculo. E

que O é o circuncentro deste, ou, a localização

buscada. Um O que também poderia ser visto

como a busca de um vir a ser na fremência dessa

experiência emocional compartilhada.

Lendo sobre uma pessoa que se aventurou

viver um mergulho e viu submersa entre as arei-

as uma rara estátua grega, tomo conhecimento

de uma exposição no British Museum, em Lon-

dres, Defining Beauty: The Body in Ancient Greek

Art. Esculturas gregas que trazem a beleza do

corpo estético revelando a superação do artista a

transmitir impressões que parecem fazer o már-

more respirar, se mover, ganhar vida.

Essas obras de mais de 2.500 anos

ajudaram a definir nossos mais caros conceitos

Patrícia Rodella de Andrade Tittoto Diretora de Cultura e Comunidade da SBPRP|

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Boletim SBPRP 5nº 81 agosto/setembro 2015

Márcia Xavier, Horizonte Mareante, 2010

de arte e beleza. Uma pergunta colocava-se ali:

“E se todas essas formas artísticas não tivessem

chegado até nós, se os romanos tivessem

aniquilado a cultura que dominaram ou tivessem

tido mais apego à inovação em detrimento ao

apreço às lições do passado”? Passado este que

admiraram, incorporaram e desenvolveram

através dos padrões gregos nas artes e nas letras.

Muito provavelmente “não seríamos aquilo

que somos hoje: não apreciaríamos o que

apreciamos, não nos emocionaríamos com o que

nos emociona, não veríamos beleza no que

julgamos belo”, estruturado no encantamento

pela harmonia, equilíbrio e proporção das

formas.

Trabalhamos também com um tesouro que

nos define a beleza na comunicação, que é a

palavra (com alma infinita) tornada corpo,

encarnada, cinzelada nas múltiplas buscas e

transmissão do conhecimento, banhado nos

mares conscientes e oceanos inconscientes da

composição dos seres.

Assim também o resgate, pelo nosso social-

ismo, ao registro de nossos antecedentes,

espalhados e semeados pelos ventos fortes de

nossa civilização e no movimento volátil das

ondas geracionais, tem-nos sido como um

fenômeno conhecido pelos marinheiros como

'mar luminoso', resultante da bioluminescência.

O vaga-lume o tem para atrair companhia.

Como os sonhos que estão sempre

presentes, assim como as estrelas, mas que _

como nos disse Freud _ para vê-los é preciso que

haja o escuro, no mar os dinoflagelados, não

perceptíveis a olho nu, produzem luz durante a

noite em resposta ao contato.

É quase indescritível nadar no mar, sob o

claro espectral do luar, deixando um rastro de luz

por onde se passa. Uma vivência 'como se você

fosse iluminado'...

Sinto que é assim mesmo que acontece

neste nosso viver nossa , e Sociedade Comissões

Comunidade. Sente-se a presença de alguns,

ainda que não visivelmente ali; outros avistamos

apesar de algumas distorções das lunetas de

nossas impressões sensíveis; e há aqueles que

sabemos 'estarem por aí' nas vagas agigantadas

de nosso desconhecer. Pessoas com as quais nos

permitimos 'tocar', ao longo de tantas e mais

variadas marés; que vêm nos trazendo

horizontes delineados no ensinamento de que

há uma curvatura na terra que nos habita, que

nossa condição humana nos impossibilita

observar com olhos físicos e que buscamos,

avançando sempre, através do compartir de

nossas experiências, calcado na incandescência

da sinceridade e confiança.

Penso que a ousadia de atravessar riscos e

adentrar profundidades dos mistérios humanos

se alcança quando nos permitimos viver os dias e

as noites de nossas mentes; experimentar des-

cobertas como um vagalume aceso em breves

intermitências; quando os sonhos despertados

podem se transformar em pensamentos, que

podem ser enriquecidos quando pensados em

um grupo que também lhe gera outros senti-

dos... Como um meio 'iluminado' que nos permi-

te re-traçar trajetos psíquicos sobre as águas

calmas e outras tantas turbulentas de nosso

viver psicanalítico... para podermos chegar a

'terra à vista' de nossas verdades mareantes

transitórias.

Page 6: O ipê floresce em agosto

6 Boletim SBPRP nº 81 agosto/setembro 2015

Convite para a I Jornada Interna:“Conversas na Cozinha!”

Silvana Vassimon e Comissão Científica

E stamos preparando a “I Jornada Interna: Conversas na Cozinha!”.

Pensamos em “Conversas na Cozinha” pela simbologia que a cozinha

carrega e pela importância que este espaço tem em uma família.

A cozinha é um dos pontos centrais de uma casa, é nela que

manuseamos, trabalhamos e transformamos os alimentos que irão nutrir

nossa família. É um espaço onde se concentra grande parte do trabalho

considerado “pesado” da casa, mas também é o espaço do trabalho criativo

e artístico.

Muitas vezes o trabalho na cozinha exige privacidade e concentração,

então trabalhamos duro e sozinhos; porém, chega um momento em que

sentimos a necessidade de abrir a porta da cozinha para apresentar e dividir

com as pessoas os nossos sonhos e as nossas criações. Neste momento, o

ambiente da cozinha se transforma, torna-se propicio para a conversa cor-

rer solta e leve, embora também séria.

A intimidade que este espaço propicia facilita a troca de percepções e

experiências, favorecendo o aprimoramento do alimento confeccionado e

do paladar dos participantes. Os mais experientes colaboram analisando

com atenção e profundidade os pratos oferecidos ou confeccionados e os

menos experientes têm a oportunidade para aprender a degustar, refinar

os sentidos e ser estimulado a enveredar pela aventura da criação.

É com este espírito que convidamos a todos que estão enviando

trabalhos para Temas Livres, Pôsteres e Mesas Redondas ao “XXV

Congresso Brasileiro de Psicanálise” que se inscrevam, mesmo que o

trabalho inscrito já tenha sido apresentado em nossa sociedade. Iremos nos

reunir em pequenos grupos de discussão, com um coordenador, onde

discutiremos os trabalhos de forma íntima, objetivando levar ao

apresentador a oportunidade de aprimorar sua apresentação e aos

participantes a oportunidade de exercitar a participação em grupos

científicos de discussão.

Pretendemos que a Jornada aconteça durante um ou dois sábados, 15

e 22 de agosto, dependendo do número de inscritos.

As inscrições dos trabalhos devem ser feitas na secretaria, com Felipe

André, até 20/07/2015.

Será uma oportunidade de exercitarmos novas formas de encontro e

de continuarmos cuidando de apresentar uma SBPRP séria e competente!

Aguardamos vocês!!!!

Georges Braque, Le Guéridon Rouge, 1942

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Boletim SBPRP 7nº 81 agosto/setembro 2015

Agosto I Jornada Interna “Conversas na Cozinha”Data: 15 e 22

Setembro Leopold Nosek. Palestra “ Ética, Estética e Psicanálise”Data: 18 e 19

Novembro

Evento do grupo de estudo sobre “Família e Casal”Convidado: a confirmar

Data provável: dias 13 e 14

Nos sábados 07 de novembro e 05 de dezembro, das 8h às 09h30, teremos a oportunidade de conversar

com a professora de literatura Maria José Bottino Roma sobre alguns textos do Guimarães Rosa. Os encontros

serão oferecidos apenas aos membros da SBPRP e sem custos.

Em breve mais informações.

Programação da Comissão Científica para o segundo semestre de 2015

Notícias do Espaço Cultural

Psicanálise e Guimarães Rosa

Comissão Espaço Cultural

Page 8: O ipê floresce em agosto

Cinema e Psicanálise da SBPRPSuely Delboni | Pela Comissão do C&P na Universidade

RIBEIRÃO PRETO

A menina que roubava livrosComentários: Ana Regina Morandini CaldeiraDia 21/08 às 19h30Local: Anfiteatro da Unidade de Emergência da FMRP-USPRua Bernardino de Campos, 1000.

WhiplashComentários: Débora MellemDia 25/09 às 19h30Local: Anfiteatro da Unidade de Emergência da FMRP-USPRua Bernardino de Campos, 1000.

FRANCA

WhiplashComentários: Débora MellemDia 15/08, às 15hLocal: Anfiteatro da Sede do Centro Médico de Franca – Rodovia Tancredo Neves, saída para Claraval, Km 2. À procura do AmorComentários: Maria Luiza L. M. SalomãoDia 19/09, às 15h Local: Anfiteatro da Sede do Centro Médico de Franca – Rodovia Tancredo Neves, saída para Claraval, Km 2.

Cinema & Psicanálise foi um projeto pioneiro em Ribeirão

Preto, iniciado em 1999, como um segmento do “Espaço

Cultural” da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão

Preto (SBPRP).

O objetivo do Cinema & Psicanálise era apresentar o

modo psicanalítico de pensar, bem como nossos analistas à

comunidade, diminuindo o abismo de idealização que havia (e

ainda há um pouco) em relação aos analistas e à própria

Psicanálise. Além disso, com o intercâmbio com a comunidade,

a Psicanálise e os psicanalistas também se enriquecem.

Naquele tempo, as apresentações eram feitas mensalmente e

os comentários dos filmes feitos por psicanalistas da SBPRP,

podendo ou não serem acompanhados dos comentários de

um profissional de uma área diferente. O modelo deu tanto

certo que o C&P progrediu muito e proliferou em outros

segmentos da comunidade.

Em função desta expansão, estamos propondo um

aprofundamento no debate cientifico entre C&P e

Universidade, organizando filmes que nos possibilitem

conversar sobre teoria e técnica psicanalíticas.

Abre-se assim um espaço não acadêmico para a vivência

da Psicanálise.

Os filmes trazem contribuições inestimáveis para a

compreensão de conceitos psicanalíticos, da mesma forma

que, conceitos psicanalíticos ajudam-nos a conversar sobre

eles.

Conseguimos, com êxito, contato com algumas

Universidades como UNESP (Assis-SP), UFTM (Uberaba-MG),

USP (RibeirãoPreto-SP), UEMG (Frutal-MG), UNIARA

(Araraquara-SP) e UNIFAFIBE (Bebedouro-SP).

As Universidades também abriram espaço para

apresentarmos a teoria psicanalítica de outra forma. Surgiu

assim a idéia de levarmos o “Semeando”, que foi prontamente

aderido.

A Unesp de Assis nos abriu um espaço maior e no ano

passado fui convidada para dar um “mini curso” sobre a teoria

de Bion.

Para o segundo semestre de 2015, temos agendada uma

apresentação em agosto na UEMG, com a Dra Suad Haddad;

duas na USP: em agosto com Fernanda Passalacqua e em

setembro com Suely Delboni; na UNIFAFIBE, com a Dra Suad

em agosto e em setembro com Suely Delboni; na UNESP com

Tania Razook e na UNIARA em data a definir.

Contamos com a colaboração de todos para as próximas

apresentações, uma vez que muitos da nossa Sociedade já

têm, inclusive, material pronto.

O

8 Boletim SBPRP nº 81 agosto/setembro 2015

Page 9: O ipê floresce em agosto

LOCAL

GRUPOS DE ESTUDO

Local: SBPRP

Agosto/Setembro 2015

André Green

Coordenação: Ana Rita Nuti Pontes

Dias 28/08 e 04/09 às 17h

Análise de Criança

Coordenação:

Sônia M. Mendes E. Mestriner

Dias 10/08 e 14/09 às 19h45

Antonino Ferro

Coordenação: Silvana Vassimon

Dias 28/08 e 25/09 às 16h

Psicodinâmica da família e casal

Coordenação: Denise Léa Moratelli

Colaboração: Adriana L. N. Bianchi

Dias 14/08 e 11/09 às 15h

Pensamento de Melanie Klein

Coordenação: Maria Aparecida

Sidericoudes Polacchini

Dias 14/08 e 11/09 às 17h

Pensamento de Winnicott

Coordenação: Cecília Barreto Dias

Dias 12/08 e 09/09 às 11h15

Pensamento de Donald Meltzer

Coordenação: Guiomar Papa Morais e

Alexandre Martins de Mello

Dias 7/08, 21/08, 4/09 e 18/09 às 11h

Escuta da Escuta

Coordenação: Ana Rita N. Pontes

Dias 21/08 e 18/09 às 16h

O Analista trabalhando

Coordenação: Maria Auxiliadora

Campos e Cecília Barretto Dias

Dias 20/08 e 17/09 às 19h30

TERÇAS NA SBPRP

Semeando e Clinicando em Ribeirão

SEMEANDO:Tema: “Contribuições da psicanálise no trabalho com grupos”Apresentação: Maria Auxiliadora Campos

CLINICANDO:

Faculdade: USP

Coordenação:

Maria Auxiliadora Campos11/08, das 20h às 22h30

SEMEANDO:Tema: “Diálogos psicanalíticos: o que a Psicanálise é e o que ela não é”Apresentação: Suad Haddad de Andrade

CLINICANDO:

Faculdade: UNAERP

Coordenação:

Suad Haddad de Andrade15/09, das 20h às 22h30

EVENTOS

I Jornada Interna –

“Conversas na cozinha”Dias 15/08 e 22/08 (22/08 a confirmar)Local: Sede da SBPRP, Rua Ércole Verri, 230, Tel: (16) 36237585 Palestra: Ética, Estética e PsicanálisePalestrante: Leopold NosekDia 18/9, das 20h às 22h Seminário clínico: Dia 19/09. Membros filiados: das 8h às 9h30Membros associados e efetivos: 10h às 11h30Local: Sede da SBPRP, Rua Ércole Verri, 230, Tel: (16) 36237585

NACIONAL

Café Literário da Psicanalítica - SPPA

Tema: A literatura infanto-juvenil e

contribuição de Jane Tutikian.

Dia: 11/08, às 19h30

Local: Livraria Saraiva do Moinho

Shopping, Porto Alegre.

VIII Encontro das Seções Regionais - A

Clínica da Adolescência:

do Ato ao Sonho.

Dias 21 e 22/08

Local: Hotel San Diego – Centro de

Convenções , Aven ida Rondon

Pacheco, 3500 – Uberlândia-MG,

Tel: (34) 3230-9016.

Informações: (11) 2125-3700

www.sbpsp.org.br

XXXVI Encontro Inter-regional de

Psicanálise de Criança e Adolescente

da FEPAL

Dias: 21 e 22/08/2015

Local: Nobile Beach Class Executive,

Avenida Boa Viagem, 344 - Recife-PE

Tel.: (81) 32260462/3228/1756

[email protected]

Sonhos e Campo Analítico

Dia 26/08 às 20h45

Local: Auditório da SBPSP – Av. Dr.

Cardoso de Melo, 1450. São Paulo–SP

www.sbpsp.org.br

V Jornada de Psicanálise e Educação

Escola e família: indagações e

perplexidades em tempos críticos

Dia 26/09/2015, das 8h30 às 17 h

Local: Auditório da SBPSP – Av. Dr.

Cardoso de Melo, 1450. São Paulo–SP

www.sbpsp.org.br

I Encontro Brasileiro da Associação

Internacional de Psicanálise de Casal

e Família- Diálogos

Dias 30/09 e 01/10

Local: Auditório Carolina Bori do

Instituto de Psicologia da USP.

Avenida Prof Mello Morais, 121.

Bloco G, Cidade Universitária, São

Paulo–SP, tel. (11) 3091-1397.

SEMEANDO A PSICANÁLISE/ Franca Psicanálise e Arte: as transformações do sofrerSeminário teórico:Ana Regina Morandini CaldeiraSeminário clínico:Fátima M. Cassis R. SantosDia 26/08 das 20h as 22h30Local: Uni-Facef. Avenida Dr. Ismael Alonso y Alonso, 2.400. Sala 105.

Boletim SBPRP 9nº 81 agosto/setembro 2015

Page 10: O ipê floresce em agosto

10 Boletim SBPRP nº 81 agosto/setembro 2015

E m 2013 tive a oportunidade de participar de

um Congresso da IPA, em Praga. Viajei

entusiasmado, curioso para ouvir os autores que eu

conhecia como leitor, interessado em saber o que

estaria sendo pensado/proposto por colegas de

outros países. Aproveito o convite do Boletim para

escrever sobre situações daquela viagem que me

fizeram (e seguem fazendo) pensar.

Uma das mesas reuniu candidatos para

debater a formação psicanalítica. De início,

surpreendeu-me o tom soturno dos participantes.

O candidato inglês contou sobre o desinteresse pela

Psicanálise em sua região. Em seguida, uma norte-

americana tomou a palavra para discorrer sobre as

reações dos amigos às suas preferências: “a

Psicanálise não acabou?”, “porque você está

perdendo seu tempo?”. Por fim, um suíço causou

comoção ao revelar que estava pensando em

desistir. Os motivos? A falta de pacientes dispostos a

iniciar uma análise de quatro sessões semanais e o

temor de não concluir as supervisões oficiais. Antes

do término, saí da sala para dar uma volta e lidar

com a minha angústia.

Enquanto tomava café, uma colega texana

aproximou-se para conversar. Não percebíamos

essa situação dramática de desinteresse e de falta

de pacientes em nossas cidades, mas ambos

estávamos impactados e intrigados com o que

tínhamos ouvido.

Pouco depois, assisti à apresentação de um

trabalho¹ sobre pacientes que chegam diagnostica-

dos como “portadores de Déficit de Atenção e Hipe-

ratividade”. Parênteses: nos últimos anos houve um

crescimento vertiginoso na quantidade de diagnós-

ticos e no uso de medicamentos para TDAH no Bra-

sil. A medicalização da infância/adolescência tor-

nou-se um tema fundamental a ser debatido. Por-

tanto, conversar, questionar e oferecer outra quali-

dade de escuta - a psicanalítica – parecia-me uma

tarefa urgente. Apesar da qualidade do trabalho e

da bela apresentação, a platéia era pequena. Uma

pena.

Voltei do Congresso pensando sobre esse con-

traste: a angústia de alguns com o desinteresse pela

A Psicanálise e as questões do nosso tempo

Luiz Celso C. de Toledo membro filiado da SBPRP|

Psicanálise e, por outro lado, a baixa freqüência dos

analistas no debate sobre um tema contemporâneo

tão importante. Haveria alguma relação entre

ambos?

Felizmente não vejo em nossa cidade o cenário

desolador descrito pelos estrangeiros e acredito

que isso se deve, entre outros, ao trabalho daqueles

que nos antecederam. De fato, a Psicanálise ocupa

um lugar especial entre nós. Ela frequenta as

universidades, algumas escolas e está presente na

rotina cultural, via Cinema e Psicanálise, bem como

na Bienal. É parte da vida da cidade e isso se deve ao

trabalho de colegas que se empenham/ empenha-

ram em mantê-la pulsante e participante.

Ainda assim, cabe perguntar: como aprofun-

dar o diálogo entre a Psicanálise e outras disciplinas

a respeito de temas contemporâneos? Por exemplo:

o que podemos acrescentar aos debates sobre a

maioridade penal, a homoafetividade e o recrudes-

cimento do radicalismo religioso no Brasil (e no mun-

do)?

Freud empenhou-se em fazer a Psicanálise

conversar com as questões de seu tempo. Ao fazê-

lo, criou condições para que ela se tornasse parte

fundamental de nossa cultura. Penso que esse é um

legado a ser cultivado e aprofundado.

Liubov Popova,Birsk, 1916

1 França, M. T. B. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): ampliando o entendimento. J. psicanal. vol.45 no.82 São Paulo jun. 2012.