O Estado: suas formas e características ao longo da história · no séc. XIX (movimentos sociais...

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O Estado: formas e características ao longo da história Profª: Ana Paula Lima Disciplina: Sociologia

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O Estado: formas e características ao longo da

história

Profª: Ana Paula Lima

Disciplina: Sociologia

Estado de bem-estar social:

• Surge no contexto subsequente a crise de 1929.

• Também denominado de Welfare State.

• Desenvolvido por economistas liberais no século XX.

• Ideias de Keynes: reestruturar a economia e atender as demandas sociais.

• Estados Unidos e Grã-Bretanha entre 1930 e 1940.

• Criar um Estado menos vulnerável as crises capitalistas e aos apelos socialistas que cresciam após a Primeira Guerra Mundial.

Estado de bem-estar social:

• Problemas sociais:

• Crise capitalista de 1929;

• Desemprego e inflação;

• Crescimento do movimento operário;

• A emergência dos regimes socialistas;

• Surgimento das grandes corporações monopolistas.

Estado de bem-estar social:

• Principais características: O Estado deveria intervir na economia para

garantir o pleno emprego; Estimular a produção e o consumo; Mediar as relações de trabalho; Ampliar a política de assistência. Desenvolve uma política intervencionista voltada

aos direitos sociais básicos: saúde, educação, trabalho, salário, transporte, previdência.

Estado de bem-estar social:

• No final da década de 1960 começa a sofrer críticas devida a inadequação dos gastos públicos.

• Recessão econômica mundial devido a crise do petróleo em 1973.

• Permanece como modelo vigente em países como Dinamarca, Noruega e Suécia.

Estado neoliberal:

• Surge nos Estados Unidos e na Inglaterra em 1980.

• Crítica aos gastos públicos promovidos pelo Estado de bem-estar social.

• Corte e redução dos gastos públicos com educação, saúde, habitação e previdência social.

• Margaret Thatcher, primeira ministra do Reino Unido, conhecida como “dama de ferro” e Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos, foram os precursores da política.

Estado neoliberal

• Principais características:

• Livre mercado e livre iniciativa;

• Somente a liberdade econômica produz indivíduos e sociedades livres;

• Corte e redução dos gastos públicos com educação, saúde, habitação e previdência social;

• Privatização das empresas estatais;

• Flexibilização das leis trabalhistas.

Estado neoliberal:

• O consenso de Washington: reunião das principais instituições econômicas como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, com o objetivo de adotar políticas econômicas para os países em desenvolvimento.

• Regras básicas a serem seguidas por esses países: Adesão a economia de mercado; Privatização das empresas estatais; Flexibilização das leis trabalhistas; Aumentos dos investimentos financeiros, sem restrições

fiscais; Restrição dos gastos públicos.

Estado neoliberal

• Passa a ser contestado com a crise de 2008.

• Nesse período, empresas privadas nos Estados Unidos e na Europa receberam recursos públicos para evitar que chegassem a falência.

• Esse fato, somado aos problemas da crise e as desigualdades econômicas e sociais geraram contestações populares.

Liberais, comunitaristas e republicanistas

• Liberalismo: liberdade como não interferência. Não submeter-se a interferência de algo ou alguém.

• Republicanismo: a não interferência pode gerar dominação. Ex: econômica. Defendem a liberdade como não dominação.

• Comunitaristas: não existe liberdade fora da comunidade. Nesse sentido, é preciso privilegiar em primeiro lugar o bem comum.

Referências:

• Sociologia em Movimento. 1ª edição. Editora Moderna. São Paulo, 2013. Vários autores.

• Giddens, Anthony. Sociologia. 6ª edição. Editora Penso. Porto Alegre. 2012.

Os Movimentos Sociais

Profª: Ana Paula Lima

Disciplina Sociologia

Movimentos sociais:

• Para Manuel Castells são sempre os movimentos sociais que mudam a sociedade.

• Movimentos sociais = agentes de mudança social.

• Movimentos sociais = vulcões

Iminência de agir e mudar a sociedade.

Aspectos centrais:

• Conceito: organização de pessoas que lutam contra diversos tipos de opressão, intervindo para que haja uma mudança social.

• Característica central: Emocionais, movidos por sentimentos de justiça, surgem a partir de insatisfações de segmentos da sociedade.

• Pobreza e exclusão são sempre os fatores desencadeadores.

Aspectos centrais:

• Toda ação coletiva é um movimento social?

Ex: torcida de futebol, gangues de rua.

• Precisa ter a intenção de modificar algum aspecto da realidade.

Os movimentos sociais tradicionais

• Surgiram no séc. XVIII e intensificaram sua ação no séc. XIX (movimentos sociais tradicionais);

• Contestavam as desigualdades do sistema capitalista de produção;

• Constituído pela classe operária; • Fundamentava-se na “luta de classes”; • Possuía vínculo partidário/sindical; • Esfera política e econômica; • Objetivo: tomar o Estado por meio da revolução.

Desencadearam os movimentos socialistas.

Os movimentos sociais tradicionais

• Trabalhadores submetidos a extensas jornadas de trabalho;

• Inexistência de legislação que garantisse direitos trabalhistas;

• Luddismo: quebra das máquinas;

• Surgimento das greves como arma política, social e econômica.

Os novos movimentos sociais

Demandas:

• Precarização do trabalho;

• Perda de direitos conquistados;

• Redução do amparo social do Estado;

Problemas relacionados diretamente a ordem econômica capitalista.

Os novos movimentos sociais

Novas demandas:

• Discriminação de segmentos da sociedade: negros, Homossexuais;

• Questões de gênero;

• Questões ambientais.

• Xenofobia: aversão aos estrangeiros.

Características centrais:

• Além das dimensões econômica, política e social, a dimensão cultural passa a estar fortemente presente.

• Nega/ignora partidos;

• São plurais: classe, raça, gênero. • Objetivo: conscientizar a sociedade sobre novas

possibilidades de organização social.

Características centrais:

• A organização por meio da internet e das redes sociais;

• Propagação viral; • São informais, muitas vezes sem líderes e

programas estabelecidos;

• Não pode ser confundido com movimento político/partidário, religiosa ou messiânico.

Maio de 1968

• Maio de 1968: Movimento de contracultura. Manifestações estudantis contra a política educacional do governo francês.

• Posteriormente ocorreu a união entre estudantes e operários contra a presidência de Charles De Gaulle, levando 9 milhões de pessoas às ruas.

• Estendeu seu questionamento a outras esferas da vida social.

• Contracultura individualista pequeno-burguesa. O capitalismo e as suas formas de pensar e agir.

• É considerado o movimentos mais importante do séc. XX devido a diversidade de classes que nele participaram e a gama de objetivos levantados pelos manifestantes.

Maio de 1968

Primavera Árabe

• Onda de protestos revolucionários contra as ditaduras no Oriente Médio e no norte da África a partir de dezembro de 2010.

• Contexto entre Pós-Guerra Fria e Globalização;

• Causas: ausência de liberdade, desemprego, pobreza, crises de 2008 e 2009.

• Revoluções: Tunísia Egito;

• Guerra civil: Líbia e Síria;

• Protestos: Argélia, Iraque, Jordânia, Marrocos, Arábia Saudita,

Sudão.

Primavera Árabe

• Pontos relevantes acerca das motivações:

• Desemprego, desigualdades, injustiças;

• Vazamentos de informações diplomáticas dos EUA, divulgados pelo wikileaks;

• Corrupção;

• Redes sociais;

• Escolarização.

Primavera Árabe

• O uso da internet e das redes sociais;

• Protestos extremamente violentos;

• Greves, manifestações, passeatas e comícios.

• Fazer-se visível ao mundo.

Primavera Árabe

Indignados

• Protestos por toda a Espanha, no ano de 2011, na segunda quinzena do mês de maio.

• Movimento de jovens sem possibilidade de estudo e trabalho.

• Foram influenciados pela Primavera Árabe.

• Crise de 2008, assim como as medidas adotadas pelos governos em relação à crise.

• Mudanças nas esferas política e econômica.

• O fim da corrupção do Estado.

• Responsabilização do Estado em relação aos direitos básicos, tais como: saúde, educação, moradia, emprego.

Indignados

Ocupe Wall Street

• Protestos contra as ordens econômica e política vigentes.

• Inspirados na Primavera Árabe.

• Ocupam a rua onde funciona o setor financeiro de Nova York.

• “Nós somos os 99%”: nas ocupações desenvolvem assembleias para discutir sobre os problemas e para chegar a decisões coletivas. Acreditam na democracia direta.

• A partir desse movimento inicial, espalhou-se pelos EUA e por outros países outros movimentos Ocuppy.

Ocupe Wall Street

Jornadas de junho

• Protestos no Brasil em 2013.

• Primeira fase:

Contestar o aumento da passagem de ônibus.

Natal, Porto Alegre, Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte.

Organizadas por meio das redes sociais.

Movimento Passe Livre em São Paulo.

Jornadas de Junho

• Segunda fase:

Gastos públicos com a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas.

Corrupção, democracia representativa, apartidarismo.

PEC 37: proibia investigações pelo Ministério Público.

Alta cobertura de mídia.

Jornadas de Junho

Comparação

Movimentos sociais

Séc. XIX x Séc.XX

Classe operária Classe média

Vinculo partidário/ sindical Ignora/nega partido

Esfera político/econ. Esfera cultural

Revolucionar Conscientizar

Ativismo político: entre a regulação e a emancipação

• Os movimentos sociais querem um Estado que regule ou querem se emancipar do Estado?

Regular: comunitaristas

• Só é possível ser livre na vida em sociedade.

• A individualidade deve ser suprimida.

• É preciso primar pelo bem coletivo.

• É necessário compartilharmos valores.

Ativismo político: entre a regulação e a emancipação

• Os movimentos sociais querem um Estado que regule ou querem se emancipar do Estado?

Emancipar: liberalismo

• Ser livre é não sofrer interferência.

• Pluralismo de valores impossibilita unidades fixas.

Alternativa as perspectivas apresentadas?

• É necessário aperfeiçoar a democracia. • O aperfeiçoamento da democracia estaria no

neorepublicanismo. Neoreplubicanismo • Crítica aos comunitaristas: participação coletiva é

instrumental, visa a individualidade.

• Crítica aos liberais: a não interferência pode gerar dominação.

Democracia contestatória

É necessário emancipar-se regulando

=

Democracia contestatória

• Inversão de perspectivas: não é o Estado que regula a sociedade, mas a sociedade que regula o Estado.

Discussão

• Vimos que as formas de Estado se modificam de acordo com as transformações históricas ditando os rumos da política de um dado período. Em cada um desses períodos surgem relações polarizadas, e, consequentemente, conflitos. De um lado, as forças que querem conservar seus privilégios, de outro, as forças que querem melhorar as suas condições de vida.

• Você acredita que os movimentos sociais serão capazes de criar uma nova configuração de Estado?

• Em uma situação hipotética, quais seriam as características dessa nova configuração de Estado?