O ELETROCARDIOGRAMA NA ESTENOSE MITRAL · 2020. 7. 23. · casos apenal;, portanto, somente em...

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O ELETROCARDIOGRAMA NA ESTENOSE MITRAL INTRODUÇÃO A partir de 1950, o estudo das formas anátomo-clínicas das lesões mitrais reumáti- cas tomou um vulto extraordinário, em vir- tude das perspectivas novas de recuperação pelo tratamento cirúrgico para os pa- portadores de estenose ou insuficiên- Cia mitral puras. Concomitantemente, como decorrência d.essa situação, houve necessidade de sele- Cionar os pacientes que se beneficiariam com essa forma de terapêutica e, para isso, uma reavaliação dos métodos de estudo foi feita em vários serviços dos diversos países. 3, 8, 9, 20, 21, 27, 30, 32, 48, 49. _ Mereceu especial destaque,a investiga- çao das alterações eletrocardiográficas na es- tenose mitral pura, nas diversas fases de sua evolução. 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 16, 17, l8, 26, 28, 30, 33, 34, 38, 40, 41, 42, 43, 4, 48. Vai<: ndo-se da oportunidade oferecida exposição do coração, durante o ato alguns investigadores estudaram a auricular e ventricular, 22, 23, 24, 1, 35, comparando as morfologias encon- tradas com as precordiais de Wilson 45. Ultimamente, alguns têm feito estudo Vectorcardiográfico das sobrecargas auricula- res esquerdas e ventriculares direitas nas es- tenoses mitrais. 12, 13, 36, 37, 39, 47 Essa revisão do eletrocardiograma e Vectorcardiograma trouxe, incontestàvelmen- te, uma importante contribuição à compre- ensão da ativação e repolarização miocárdi- mas, ao mesmo tempo, tornou hem ní- hdo que muitos aspectos restam para serem o que justifica novas e suces- d s•.vas investigações nesse campo da eletrocar- •ografia. Logo ficou patenteado, para alguns au- Dr. Adão Gonzaga de Mattos tores, 5, 7, 10, 16, que a morfologia de P, definida na chamada P mitral, 1, 46, não era encontrada em mais do que 30% dos casos de estenose mitral, opondo-se, portanto, ao classicamente aceito e mencionado r.os tex- tos de eletrocardiografia. 19 Apesar de não apresentar o eletrocar- diograma na estenose mitral a morfologia de P com a freqüência mencionada, Cabrera oe colaboradores, 5, em estudo recente, afir- mam que o eletrocardiograma nessa cardio- patia têm caracteres bem definidos e preci- sos, o que lhe empresta um elevado valor semiológico em seu diagnóstico, sobretudo com o estudo dos vectores de ativação e re- polarização no plano horizontal e no espaço. Deve-se, nesta altura, destacar a con- tribuição trazida pelo Departamento de Ele- trocardiografia do Instituto de Cardiologia do México, mostrando quanto o eletrocar- diograma reflete as alterações resultantes da progressão da estenose, hipertensão veno- capilar e circulação pulmonar. Nos r.asos de hipertensão venocapilar, as alterações seriam apenas dos vectores de ativação auricular, ficando, o QRS e T, prà- ticamente sem modificações significativas. Nos pacientes com hipertensão pulmo- nar, por aumento de resistência arteriolar, os sinais de sobrecarga do ventrículo direito apa- recenam. Entre êsses dois extremos, teríamos gradações, desde progressivo aumento da relação R/R : S em VI, até o registro de QRS polifásico ou com o assim chamado bloqueio incompleto do ramo direito do fei- xe de His. Por isso, resolvemos estudar as modi- ficações do eletrocardiograma nos diversos gráus de estenose mitral pura. Posteriormen- te, em outro trabalho, pretendemos investi- gar a ativação miocárdica nessa cardiopatia com auxílio de derivações epicárdicas e in- da 1.a <'lí 1111 ·a !\.1/dua (},rof. .r .. .J()hJ, da .F':wuldadr> dP Me· d_lr:IIJa dP J• 4 "1 rt 11 A!J.,rrp A""-'l'-lt 11 t,. do H1·1 \14 o C'l•lltJal d1· ('ard!f.!IIJ.pa da Santa Ca:-;a CSer- VH:o d•, Prof. H 1 J1 1, 1\l:H 111. ('· 1 d1 1 ra d" <'IÍII!f'a PJop"df·utwa Midwa. da :F"af·Ulda.d(! de ,_.ff·dif'iJJa .\!•·"t"•·l. d11 dfl IAPC f•IJJ Pt",n"

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  • O ELETROCARDIOGRAMA NA ESTENOSE MITRAL

    INTRODUÇÃO

    A partir de 1950, o estudo das formas anátomo-clínicas das lesões mitrais reumáti-cas tomou um vulto extraordinário, em vir-tude das perspectivas novas de recuperação t~azida pelo tratamento cirúrgico para os pa-c~entes portadores de estenose ou insuficiên-Cia mitral puras.

    Concomitantemente, como decorrência d.essa situação, houve necessidade de sele-Cionar os pacientes que se beneficiariam com essa forma de terapêutica e, para isso, uma reavaliação dos métodos de estudo foi feita em vários serviços dos diversos países. 3, 8, 9, 20, 21, 27, 30, 32, 48, 49. _ Mereceu especial destaque,a investiga-

    çao das alterações eletrocardiográficas na es-tenose mitral pura, nas diversas fases de sua evolução. 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 16, 17, l8, 26, 28, 30, 33, 34, 38, 40, 41, 42, 43,

    4, 48. Vai

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    tracavitárias, correlacionando-as com o cam-po elétrico na periferia do tórax.

    Desejamos analisar, ainda, as altera-ções que realmente contribuam para definir o quadro eletrocardiográfico da estenose mi-tral.

    Não almejamos fazer uma descriçã0 geográfica, coligindo tôdas as modificações do eletrocardiograma.

    MATERIAL E MÉTODO

    F oram estudados 20 eletrocardiogramas de 20 pacientes com estenose mitral pura, selecionados de um grupo de 85 casos de lesões mitrais reumáticas.

    To dos êles tinham exame clínico com-pleto, radioscopia e telerradiografia em fron-tal e perfil, com esôfago contrastado por bário e fonocardiograma, além de provas de laboratório para diagnóstico de atividades reumática, como hemograma, eritrossedi-mentação, proteína C, reação de Weltmann e teor de anti-estreptolisina O.

    O critério seguido para diagnosticar estencse mitral pura foi o empregado por vários autores 3, 8, 9, 21, 32, 48, 49, e mencionado em outor trabalho 27.

    Seis rlesses pacientes submeteram-se à comisurotomia mitral e o cirurgião compro-vou a existência de esrenose, sem qualquer gráu de regurgitação, em todos êles.

    Infelizmente, não podemos apresentar a verificação anatômica em tôda a série, o que constitu; uma falha, mas não preju-dica, cremos, sensivelmente, nossos resulta-dos.

    Empregamos eletrocardiógrafo modêb viso-cardiete Sambom, inscrição direta, com um único canal, e um Simpli Throl Caro-bridge, com um canal para eletrocard:ogra-ma e outro para fonocardiograma.

    Foram estandartizados para 1 mlv igual a 1 em, a não ser nos casos especiais em que cada deflexão tinha sua estandartiza-ção própria. Realizamos sempre as deriva-ções clássicas, as unipolares dos membro-; pela técnica de Goldberg e as precordiais de Wilson, de V1 a V6.

    Em muitos pacientes fizemos V3R e VE, mas o e,tudo dessas derivações r.10strou que não há, na investigação em aprêço, interêsse em utilizá-las, quando comparadac; com V1.

    Tornamos como valores normais para P os mencionados na literatura. 15, I9, 25, 36.

    Nos seis pacientes operados o eletrocar-diograma apresentava sobrecarga da aurícu-la esquerda e ventrículo direito.

    Devemos, por último, acrescentar que êsse grupo de pacientes foi selecionado e exa-minado, exclusivamente, por nós, com exces-são das teleradiografias, não representando uma amostra retirada de um fichário de Clí-nica Cardiológica.

    Os traçados foram interpretados em fun-ção da morfologia, da grandeza, direção e sentido dos vectores de ativação e repolari· zação miocárdicas, 13, nos planos frontal e horizontal, representados pelas derivações de Einthoven e precordiais de Wilson, respecti-vamente.

    A avaliação no plano horizontal e no espaço foi caracterizada apenas de um ponto de vista qualitativo, por não contarmos com derivações simultâneas.

    RESULTADOS

    Comportamento do complexo auricular

    A análise da ativação auricular mos· trou as alterações mencionadas a seguir. A onda P do tipo mitral foi encontrada em 4 casos apenal;, portanto, somente em 23,5% dos 1 7 pacientes estudados, visto que 3 apre· sentavam fibrilação auricular.

    A duração máxima foi 0,14 segundos, a mínima 0,08 segundos, média de O, 1 O se-gundos (as medidas sempre foram feitas em D2). A amplitude máxima foi 7,5 mm, a mínima 0,5 mm e a média 2,14 mm. Mais de 2 mm. de amplitude para onde P ocorreu em 9 casos ou seja 52,9%.

    A direção de AP no triângulo de Ein-thoven esteve entre os extremos de mais I 09 e mais 80'', média de 42''4.

    No plano horizontal, a onda P foi di-fásica em VI em I4 casos ou seja 82,3%. Em três casos não havia fase negativa, pois, a onda P era positiva naquelas derivações.

    A terminação negativa apresentava as-pecto arredondado em 8 casos e ponteagudo em 6 casos. A duração média de P em VI foi 0,08 segundos. Onda P bífida em V3, em I3 casos ou seja 76,4%, em V4 em 11 ca· sos ou seja 64,7% .

    O vedor máximo de ativação de P, no espaço, dirigiu-se para traz, para esquerda e para cima em 14 casos, mas em 3 apon-tava para el;querda, para traz e para baixo.

    As mais significativas modificações so-

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    fridas pela onda P em nosso material são indicadas logo a seguir.

    Somente 23,5% dos casos apresenta-ram o aspecto da chamada P mitral; no pla-no frontal situou-se mais freqüentemente em tômo de 42Q; a duração estava aumentada;

    a amplitude também situou-se acima dos va-lores médios normais no maior número de casos, ou seja 52,9%; difásica, com dura-ção aumentada, em V1; bífida em V3 e V4; SÃP para esquerda, para cima e para traz no maior número e em poucos apontava para esquerda, para traz e para baixo.

    Fig. 1 -Explicação no texto.

    Um aspecto que ocorreu em alguns ca-so~, precisamente em três, foi onda P acu-rnmada em 02, 03 e AvF, sem entalhes, rarnos simétricos, com cêrca de 3 mm de arnplitude. (Fig. 1)

    Estes pacientes, um dos quais foi ope-rado, não apresentavam sobrecarga ventri-dular direita significativa, mas com os sinais

    Pe ~~brecarga auricular esquerra como onda b1fida em V4, difásica em V1 e V2. Nês-

    ses casos SAP dirigiu-se para esquerda, pa-ra baixo e para traz.

    Comportamento do complexo ventricular

    . O estudo de QRS, da maneira já men-Ciorada, permitiu acentuar o que se segue. No plano frontal a duração máxima foi 0,10 d~gundos, a mínima 0,06 segundos e a mé-

    Ia 0,075 segundos. . ÃQRS situou-se entre 469 e 1209 , mé-~~ de 81 9 • Em 16 casos ÃQRS estava entre

    e 120'1• Nos pacientes restantes, em nú-

    mero de quatro, ÃQRS estava em 469, 509 , 539 e 609 gráus, respectivamente.

    Estudamos a amplitude da onda R em 01. Encontramos valor máximo 7,5 mm, mínimo 0,5 mm e médio 3 mm. Em 15 pa-cientes os valores de R em 01 estiveram entre 0,5 e 4 mm.

    A grandeza máxima encontrada para ÃQRS foi entre 15 uA, a média 6,19 uA. Rotou, em todos os casos, no sentido horá-rio.

    No plano horiozntal (precordiais), :\ relação R/R + S teve valor máximo de 1,2 mm. mínimo 0,1 mm, médio 0,38 mm. Em cinco casos, somente, foi superior a 0,5 mm ou seja 25%.

    A dcflexão intrinsecóide em V1, em 16 casos tinha valores superiores ou iguais ·1 0,02 segundos. Deslocamento da zona de transição para direita.

    A onda q não foi encontrada nenhu-ma vez de V1 a V 4 e, em somente 50% dos casos, observamos q em VS ou V6. Nes-res, o QRS era do tipo rsr' em V1 em 3 casos, rS em 4 e Rs em 3 traçados.

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    Fig. 2 - Explicação no texto.

    Em V1 QRS foi do tipo rSr' em 3 (15%), RsR' em 5 (25%), Rs em 3 ( 15% ) e rS em 9 ( 45% 3 dos traçados examinados. Portanto, em 8 traçados havia o assim chamado bloqueio incompleto do ramo direito do feixe de His, do tipo que se vê na figura 2, e, em apenas três casos sobrecarga nítida do ventrículo direito, ava-liado pelas precordiais.

    Em 11 casos SÂQRS dirigiu-se para frente, para direita e para baixo. Nos demais, para baixo, para esquerda e para traz.

    Em conclusão, as principais alterações de QRS verificadas em cerca de 80% dos traçados, foram AQRS para direita no plano frontal, entre 70 e 1209 ; duração normal, grandeza acima da média normal; rotação horária no plano frontal, horária ou antiho-rária no plano horizontal; atrazo da defle-xão intrinsicóide em V1, ausência de onda

    q de V1 a V4 e presente em sümente 50% nas precordiais esquerdas VS e V6; em pou· cos traçados a relação R/R + S teve valores superiores a 0,5; QRS do tipo polifásico em 8 traçados; Rs em 3 e rS em 9 traçado5; SÂQRS para frente, para direita e para bai· xo em 11 traçados e para baixo, esquerda e para traz em 9 .

    Repolarização miocárdica

    Â T esteve situada, no plano frontal, entre 12 e 959, com valor médio 559• Em 14 traçados situou·se entre 12 e 959 • SAT dirigiu-se para baixo, para traz e para es· querda em 33% dos traçados e para frente, para esquerda e para cima em 67% .

    Desejamos chamar atenção para o ti-po de onda T encontrada nas derivações pre· cordiais V4, VS e V6 em alguns pacientes.

    Fig. 3 - Explicação no texto.

    ITil l 11111 111 111 1 1f!TTIII II I III II III I"[TI I 111 11 111 111 11 1 1-rrn-1 111 11 111 111 1 I rl"f1 I I 11 111 111 11 111 1 I I 11111 111 11 111 111 1111]"1 I I 11 111 11 11 11 [1TTl

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    Nessas derivações a onda T foi positi-va, acuminada, ramos simétricos com am-plitude de mais de 5 mm, como se verifi-ca pelo exame do traçado da figura 3 .

    Na discussão dos resultados faremos a1lguns comentários a respeito dessa morfo-ogia de T.

    Foi positiva e acuminada em Vl em 70% dos traçados e negativa, assimétrica, ern 30%.

    DISCUSSÃO

    A freqüência de onda P do tipo mitral, ~escrita pelos primeiros eletrocardiologistas

    6 que se ocuparam do eletrocardiograma na estenose mitral e já reconhecida por ou-tras, em estudos mais recentes, como pou-co freqüentes, 5, 7, 10, I6, foi pequena em nossa experiência . . Em nosso material, a incidência desse ~Po de anormalidade de P foi de apenas 3,5%, o que coincide, mais ou menos, com

    os achados daqueles autores. E' evidente, nesta altura, a necessidade

    de ampliarmos o critério para diagnosticar cr~scimento de aurícula esquerda na estenose fi~ral, pois, pelo estabelecido clàssicamente, anamos a identificação em apenas um ter-

    ço dos casos. Um aspecto encontrado em nossos tra-

    çados foi o de ondas P altas, acuminadas e?'l 02, 03 e AvF, com desvio de AP para direita, sem entalhes, SÃP colocando-se pa-ra esquerda, para baixo e para traz (Fig. 1).

    O estudo vectorcardiográfico de P 36 ~ostrou que nêstes casos a direção dos vec-ores finais, que representam a ativação da

    aurícula esquerda, estão dirigidos para a es-Querda, para baixo e para traz.

    Os vectores iniciais são perpendiculares a~ ,Plano frontal e a alça de P, em conse-Quencia, é estreita.

    Justamente, esta posição da alça de P D~ relação ao plano frontal, dá a onda P em t ' 03 e AvF acuminada, ponteaguda, ai-da, sem os entalhes habitualmente encontra-t 0 nos outros traçados de pacientes com es-enose mitral.

    Nos casos de onda P sem entalhe, au-rnento de duração e bífida em V3 e V4, os ~ectores estão dirigidos para traz, para cima

    rra esquerda, deixando de ser quase pa-ra e o ao plano frontal, como ocorre nos ca-sos normais, para tomar direção posterior.

    Este é o tipo de onda P mais freqüen-

    te na estenose mitral, enquanto o anterior-mente descrito é muito menos frequente.

    Chamamos a atenção para sua incidên-cia na estenose mitral, porque uma análise ligeira pode confundi-la com a P de cresci-mento auricular direito. Não sabemos, ao certo, qual a patogenia dêsse tipo de onda P, já descrita por outros, 5, nem encontra-mos na literatura compulsada qualquer ex-plicação que pudesse satisfazer.

    Poderia, talvez, resultar da hipertensão na aurícula esquerda e veias pulmonares, sem aumento de resistência arteriolar pul-monar.

    Aliás, há presença de P acuminada e alta em traçados de pacientes que sempre apresentam sinais seguros de sobrecarga au-ricular esquerda e nem sempre de sobrecar-ga do ventrículo direito e que, clinicamente, estão sujeitos às queixas de escarros hemor-rágicos, hemoptises, etc.

    Quando pudermos contar com catete-rismo intracardíaco, estudo da ativação au-ricular com derivações epicárdicas e o vec-torcardiograma da auricula esquerda, venha-mos encontrar esclarecimentos para sua pa-togenia.

    E' importante assinalar, por outro lado, a freqüência elevada de P anormal nas de-rivações precordiais, sobretudo o difasismo em VI, com duração aumentada e predomi-nância da fase negativa.

    A predominância da fase negativa de-ve-se ao crescimento da aurícula esquerda. A fase negativa predominante, por sua vez, resulta ainda do desvio dos vectores de ati-vação auricular esquerda para traz, para es-querda, para baixo ou para cima.

    Outro dado imporlftnte é a bifidez de P em V3 ou V 4, com alta incidência. Esta traduz uma dissociação da ativação das duas aurículas, com mudança na direção do pro-cesso de ativação de uma aurícula a outra. IO, 36

    Certamente, as alterações dos vectores de P não se devem, exclusivamente, ao cres-cimento da aurícula esquerda por hipertrofia parietal, mas antes, a um complexo de fatô-res, I O, que inclue bloqueio interauricular, bloqueio intraauricular, lesões miocárdicas auriculares e níveis de pressão na aurícula esquerda e circulação pulmonar, além r.le outros desconhecidos ou não pesquisados.

    Devemos salientar, ainda, como de uti-lidade e valor semiológico, para diagnóstico de P patológica na estenose mitral, a direção de SÃP, desde que a vectorcardiografia tem mostrado I3, 36, que a direção dos vecto-

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    res é mais ou menos característica na este-nose mitral. Em relação à ativação ventri-cular, merecem alguns comentários os dados já assinalados na análise do material.

    Assim, vimos que no plano frontal, o maior número de traçados tinha ÂQRS entre 70 e I209, média de 829• As principais cau-sas invocadas para justificar o desvio de ÂQRS para direita, são: rotação horária em tôrno do eixo longitudinal, hipertrofia e di-latação do ventrículo direito e bloqueio in-completo do ramo direito do feixe de His .

    A ativação sempre se fez no sentido horário no plano frontal. No plano horizon-tal foi horária em alguns e antihorária em outros, como já havia sido mencionado. I2, I3

    O índice R/R+ S maior do que 0,50, em nosso material, como salientamos, foi achado somente em 40% dos traçados, c que não reproduz, totalmente, a experiência de outros autores. 5, 9, IO

    Dêsse modo, para nós, talvez pela ele-vada presença de bloqueio incompleto do ramo direito, o índice não pode ser consi-derado sinal significativo de crescimento do ventrículo direito.

    Além disso, 45% dos pacientes tinha QRS com rS em VI e V2, como já assina-lamos. A deflexão intrinsecóide esteve retar-dada, nos casos de sobrecarga ventricular di-reita ou bloqueio incompleto do ramo di-reito.

    Outro achado importante, foi ausência de QRS com ondas q em VI e V2, nos ca-sos que tinham sobrecarga do ventrículo di-reito e a presença, sOmente em 50% dos casos, em V5 e V6 .

    Alguns autores, I6, 28, 43 têm encon-trado uma freqüência não superior a IO% de QRS com qRs ou qR em VI e V2. 1::sse grupo sempre tinha pressão sistólica no ven-trículo direito superior a I 00 mm Hg.

    A falta de onda q deve-se, provàvel-mente, a distúrbio de condução no septo in-terventricular, ao tipo de sobrecarga que ex-perimenta o ventrículo direito na estenose mitral, com rotação dessa cavidade para ocu-par a face anterior do coração e também ao menor tempo de evolução da cardiopatia.

    V árias morfologias têm sido descritas para QRS em VI e V2, mas encontramos, em nosso material, somente rSr' e rsR' em 40%, Rs (Fig. 4) em I5 % e rS em 45%, portanto a morfologia mais freqüente e co:. ,_ cide com outros autores. I6, 28

    Fig. 4 - Explicação no texto

    Morris e Whitaker I6, encontram rS em 60%, rSr' e RsR' em 28% e Rs em I2% dos traçados de sua série de I73 casos de estenose mitral.

    Fraser e Tumer, 28, em I77 traçados de pacientes com estenose mitral, encontram QRS polifásico em VI ou V2 em 25%, cujas morfologias estão contidas em seu tra-balho: R r', RR', rR' Rsr', RSR' RSr', RR' s, RsR', rSR' rSr', RR'sr", rsR', rsr', Rsr's' e complexos em M.

    Não mencionam, entretanto, qual delas ocorreu o maior número de vezes nos 44 ca-sos de QRS polifásico em VI e V2.

    A causa dessa diversidade de QRS em VI e V2 resulta da posição dessas deriva-ções em relação ao campo elétrico do co-ração, com o tipo de sobrecarga que apa-rece na estenose mitral.

    A gênese do bloqueio incompleto do ramo direito nesta cardiopatia é um proble-ma a discutir.

    Assim, para alguns, 5, o bloqueio in-completo do ramo direito do feixe de His, dever-se-ia à insuficiência tricúspede funcio-nal.

    Entretanto, êsse mesmo autor, declara que em seu material, I 00 casos de estenose mitral pura, a insuficiência tricúspede esta-va presente em apenas 50% dos casos.

    Outros levantaram a hipótese de asso-ciação, algumas vezes, com comunicações interauriculares que passassem despercebidas pela pequena magnitude do shunt.

    Ultimamente, após os estudos vector-cardiográficos I2, I3, 37, 47, de pacientes com estenose mitral, verificou-se que a exis-tência de bloqueio incompleto do ramo di-

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    reito pode resultar de hipertrofia parietal do ventrículo direito e do predomínio de vecto-res do septo direito hipertrofiado. . Os achados de necrópsia 16, em 11 pa-

    Cientes, todos êles com o assim chamado blo-queio incompleto do ramo direito, mostra-ram hipertrofia do ventrículo direito.

    Mesmo assim não fica muito clara ~ aceitável a patogenia dessa perturbação da condução intraventricular, pois, não se com-Preende, fàcilmente, como o aumento de e.s-Pessura da parede ventricular pode produzír curvas de QRS compatíveis com as encon-tradas por Fraser e Turner.

    Outro fato a assinalar, é que o aspec-to de bloqueio incompleto ou completo do ~amo direito que ocorre na estenose mitral e muito diverso do encontrado nas síndro-llles coronarianas por aterosclerose coronária. . Resta, por último, verificar se há lesão,

    hi~tolàgicamente constatável, do septo di-reito. I Por outro lado, há uma freqüência re-ativamente pequena de complexos QRS com os caracteres habitualmente encontrados ~as sobrecargas ventriculares direitas, ou se-Ja qRs, qR, R ou Rs, em precordiais direi-tas. Em nosso material, somente em 15% dos pacientes encontramos QRS com Rs e ern nenhuma vez as outras morfologias.

    Na figura 3, apresentamos o traçado d~ urna paciente com rS nas precordiais di-reitas, em que pelo estudo radiológico evi-denciava-se aumento do ventrículo direito.

    Foi operada, o cirurgião encontrou ape-n~s estenose da válvula mitral, sem regur-gitação. Em 80% dos casos com rS em pre-c.ordiais direitas, o estudo radiológico suge-na aumento do ventrículo direito.

    Na série de Morris e Whitaker, em 64% havia essa probabilidade de aumento do ventrículo direito, quer por dados clíni-cfos, quer radiológicos. A autópsia de casos alecidos, em que o QRS era do tipo rS em

    Vd.l ou V2, mostrou hipertrofia do ventrículo Ireito em todos êles.

    Não podendo contar com dados de he-~odinâmica, não correlacionamos os aspec-os de QRS com as curvas de pressão nas cavidades direitas, circulação pulmonar e ~Urícula esquerda, como fizeram outros au-4ores, 2, 5, 7, 9, 11, 17, 29, 32, 38, 42,

    3, 44, 48, embora alguns sejam de opinião Que não há uma relação linear entre a cur-Va eletrocardiográfica ou vectorcardiográficd e 1níveis pressóricos nesses setores da cir-cu ação.

    Em relação a onda T, alguns aspec-

    tos de seu comportamento merecem ser des-tacados. A posição de  T no triângulo de Einthoven esteve entre 12 e 959, com a po-sição média de 55 o.

    Na maior parte dos traçados, estava entre 12 e 609, cêrca de 70%. SAT situou-se para traz, para cima e para esquerda em 33% e uma maior parte para frente, à es-querda e para baixo.

    Houve tendência em opôr-se a AQRS, o que mostra serem tais alterações de T secundárias a sobrecarga do ventrículo di-reito.

    Um aspecto que merece, ainda, alguns comentários em relação à onda T, refere-se à sua morfologia em V5 e V6, onde se apre-sentou ponteaguda, acuminada, ramos simé-tricos, em certo número de traçados, morfo-logia bastante semelhante à encontrada nas isquemias subendocárdicas ou nas sobrecar-gas diastólicas do ventrículo esquerdo. (Fig. 3).

    O traçado da figura 3 é o de um pa-ciente com estenose mitral pura, com 43 anos de idade, em que as provas de labo-ratório para diagnóstico de atividade reu-mática foram negativas.

    Alguns autores chegaram a mencionar que a presença de T com aquelas caracte-rísticas, fazia suspeitar de insuficiência mitral associada. Em nossos casos, com constata-ção anatômica pelo cirurgião, em dois dêles havia onda T daquele tipo, mas não foi encontrada regurgitação pela válvula mitraL

    Outra explicação seria a existência de atividade reumática, originando isquemill miocárdica, ou, então, por miocardire.

    Em nossos dois casos, ambos com mais de 40 anos, a atividade reumática, se pre-sente, não foi diagnosticada clinicamente ou laboratorialmente, visto que as provas arro-ladas inicialmente foram tôdas negativas.

    Para nós, no momento, não há uma explicação aceitável para as ondas T com a morfologia mencionada, desde que elas não sejam consideradas normais.

    No que se refere à presença de arrit-mia, constatamos fibrilação auricular em a-penas 15%, o que evidencia sua freqüência relativamente pequena na estenose mitral.

    Por último, desejamos fazer um co-mentário sôbre o valor semiológico do ele-trocardiograma no diagnóstico dessa cardio-patia. Certamente, muito devemos ac pro-gresso trazido pela escola mexicana, parti-cularmente pelo método de análise do eletw-cardiograma, fugindo da interpretação isola-da, que considerava apenas os padrões, sem

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    correlacionar o eletrocardiograma com outros dados, quer clínicos, hemodinâmicos, etc.

    Indiscutivelmente, as alrerações de P e QRS aqui descritas, com incidência muito grande na estenose mitral, delimitam nitida-mente o quadro eletrocardiográfico dessa car-diopatia, auxiliando, consideràvelmente, a afastar a presença de regurgitação associada, como ocorreu em nosso material.

    Isso não permite confundir seus traça-dos com os de outras entidades que trazem, igualmente, sobrecarga para aurícula esquer-da, circulação pulmonar e ventrículo direito.

    Podemos resumir, a seguir, os elemen-tos mais significativos:

    a) - Aumento de amplitude, dura-ção e grandeza médias de P no plano fron-tal;

    b) - Difasismo de P em Vl e V2; c) - Bifidez de P em V3 e V4; d) - Desvio de SAP para traz, para

    esquerda e para cima na maior parte dos tra· çados, e para baixo, para esquerda e parei traz num número reduzido;

    e) - Bloqueio incompleto do ramo direito do feixe de His com complexos pe-quenos e polifásicos;

    f) - Hipertrofia ventricular direita; g) - índice R/R S maior do que

    0,50; h) - Ondas q ausentes nas precordi·

    ais direitas, com complexos QRS do tipo Rs, R, rS ou polifásico;

    i) - Desvio de SÃQRS para direita, para frente e para baixo;

    j) - SÃ T desviado para esquerda, pa· ra baixo (67%) ou para cima (33%).

    SUMMIO

    O autor estudou 20 eletrocardiogramas de 20 pacientes portadores de estenose mi-tral sem regurgitação associada.

    Apresenta critério e método de seleção dos pacientes. Os traçados foram examinados em função da morfologia e dos vectores de ativação e repolarização miocárdicas.

    São analisados a duração, amplitude e grandeza de P nas derivações clássicas e os aspectos em Vl, V2, V3 e V4.

    Discute a frequência do chamado P mitral, bem como sua patogenia. Encontrou alta percentagem de P difásica em VI e de bifidez em V3 e V 4.

    A ativação ventricular é estudada nos planos frontal e horizontal, nêste apenas qua-

    litativamente. Salienta a freqüência de blo· queio incompleto do ramo direito e a menor incidência dos aspectos de QRS com qR, qRs, R ou Rs (sinais de sobrecarga ventri· cular direita) nos casos estudados.

    Os aspectos do comportamento de T foram também examinados, sobretudo no plano horizontal, em Vl, V2, VS e V6.

    Analisa a posição de  T e SA T . Res-salta, por fim, o valor semiológico do eletro· cardiograma no diagnóstico de estenose mi-tral sem insuficiência associada, mostrando como não pode ser confundido, em mais de 2/3 dos casos, com os traçados de cardio· patias que trazem sobrecarga para aurícula esquerda, circulação pulmonar e ventrículo direito.

    SUMARY

    The author studied 20 electrocardio-grams of 20 mitral stenosis patients without associatcd regurgitation. He presents the cri-teria and the cases selection method.

    The electrocardiogram analysis were based ou the morphology, myocardial acti-vation aad repolarization vectors.

    Duration and magnitude of P wave thc classic leads and its aspects in Vl, V2, V3 and V 4 are analized. The so-called mitral P is discus:;ed.

    Thc author finds high percentage of biphasic P il' Vl and notched P in V3 and V 4. Ventricular activation in both frontal and horizontal ( here only qualitatively) pla-nes is studied. The author emphasizes the

    rate of incomplete right bundle branch block and the least inciednce of QRS with aR, qRs, R ou Rs aspects ( right ventricular overload signal) in the studied cases.

    T wave behaviour was examined, main· ly, in the horizontal plane, in Vl, V2, V5 and V6. Â T anda SA T position is examined too.

    At least, the author stresses the semio-logic importance of the electrocardiogram in the diagnosis of mitral stenosis, without asso· ciated insufficiency, showing how this type of electrocardiogram cannot be mistaken wíth lhe electrocardiograms of cardiac disease that bríngs overload to left atrial, pulmonary cir· culatíon and ríght ventricle, in more than 2/3 of the cases.

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