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O COMPORTAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO NA ESCRITA CULTA JORNALÍSTICA BRASILEIRA Juliana da Costa Santos Rio de Janeiro Fevereiro de 2015

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O COMPORTAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE

RELATIVIZAÇÃO NA ESCRITA CULTA JORNALÍSTICA

BRASILEIRA

Juliana da Costa Santos

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2015

O COMPORTAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO NA ESCRITA

CULTA JORNALÍSTICA BRASILEIRA

Juliana da Costa Santos

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Vernáculas da Universidade

Federal do Rio de Janeiro como quesito para a

obtenção do Título de Mestre em Letras

Vernáculas (Língua Portuguesa)

Orientador (a): Professora Doutora Silvia

Rodrigues Vieira

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2015

O comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística brasileira

Juliana da Costa Santos

Orientadora: Professora Doutora Silvia Rodrigues Vieira

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras

Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas

(Língua Portuguesa)

Examinada por:

__________________________________________________________

Presidente, Profa. Doutora Silvia Rodrigues Vieira – (UFRJ – Letras Vernáculas)

________________________________________________________

Profa. Doutora Christina Abreu Gomes – (UFRJ – Linguística)

________________________________________________________

Profa. Doutora Maria Eugênia Lammoglia Duarte – (UFRJ – Letras Vernáculas)

__________________________________________________________

Profa. Doutora Márcia dos Santos Machado Vieira– (UFRJ – Letras Vernáculas),

suplente

___________________________________________________________

Profa. Doutora Ângela Marina Bravin dos Santos – (UFRRJ – Letras Vernáculas),

suplente

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2015

SANTOS, Juliana da Costa.

O comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística

brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2015.

XXV, 185f.: 33il.; 31cm.

Orientadora: Silvia Rodrigues Vieira

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Faculdade de Letras/Programa de Pós-

Graduação em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa), 2013.

Bibliografia: f:146 - 150

1.Variação pronominal 2. Estratégias de relativização 3. Texto jornalístico.

I. Vieira, Silvia Rodrigues II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, faculdade

de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas. III. O comportamento das

estratégias de relativização na escrita culta jornalística brasileira.

Esta pesquisa foi realizada com o apoio da

CAPES (ago. 2013 a fev. 2015)

SINOPSE

Estudo das estratégias de relativização calcado em

princípios da Teoria da Variação e Mudança. Descrição do

comportamento das estratégias de relativização na escrita

culta jornalística brasileira através da investigação de

gêneros textuais publicados no Jornal O Globo. Descrição

do cotejo entre a fala e a escrita culta brasileira em relação

ao fenômeno em estudo. Análise do julgamento do

revisor/jornalista do referido jornal acerca das variantes

padrão e não padrão cortadora e copiadora.

RESUMO

O COMPORTAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO NA ESCRITA

CULTA JORNALÍSTICA BRASILEIRA

Juliana da Costa Santos

Orientadora: Silvia Rodrigues Vieira

Resumo da Dissertação de Mestrado submetido ao Programa de Pós-Graduação

em Letras Vernáculas (Setor de Língua portuguesa), da Universidade Federal do Rio de

Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Língua Portuguesa.

O trabalho, vinculado à Teoria da Variação e Mudança, analisa o estatuto da regra

referente às estratégias de relativização em textos escritos do Jornal O Globo, a fim de

identificar e descrever os fatores que favorecem e restringem a realização da variante padrão (o

livro de que eu preciso) e das não padrão cortadora (o livro que eu preciso) e copiadora (o livro

que eu preciso dele).

A pesquisa conta com um corpus composto por 165 textos de diversos gêneros textuais

publicados no Jornal O Globo durante o período de janeiro a outubro de 2012. Além disso,

realiza um estudo comparativo das estratégias de relativização na fala e escrita cultas brasileiras,

com base em resultados de outras pesquisas, a fim de observar o comportamento do fenômeno

em diferentes modalidades da língua. Por fim, a investigação descreve os juízos de valor do

revisor/jornalista do Jornal O Globo, na coluna Autocrítica, para observar a influência da

avaliação subjetiva das variantes pelo usuário da língua no fenômeno em estudo.

Dentre os principais resultados da pesquisa, observou-se que, na escrita culta do PB, os

dados do grupo das preposicionadas apresentaram o uso semicategórico da variante padrão,

porque, apenas em contextos específicos – apenas nos anúncios – a variante cortadora foi

raramente registrada. Em relação à fala culta brasileira, verificou-se que a variante preferencial

é a cortadora e que o fenômeno se realiza, em alguns corpora, ora como regra variável (cf.

TARALLO, 1983; CORRÊA, 1998 e VALE, 2014), ora semicategórica (cf. PEREIRA, 2014).

Finalmente, em relação à avaliação subjetiva das variantes, os resultados evidenciaram que a

variante padrão constitui um estereótipo linguístico positivo, enquanto as variantes não padrão

cortadora e copiadora são estereotipadas negativamente pelo revisor/jornalista.

Palavras-chave: variação, estratégias de relativização, texto jornalístico.

ABSTRACT

BEHAVIOR OF RELATIVIZATION STRATEGIES WRITTEN IN BRAZILIAN

JOURNALISM

Juliana da Costa Santos

Orientadora: Silvia Rodrigues Vieira

Abstract da Dissertação de Mestrado submetido ao Programa de Pós-Graduação

em Letras Vernáculas (Setor de Língua portuguesa), da Universidade Federal do Rio de

Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Língua Portuguesa.

The work, linked to the research line of the Theory of Variation and Change,

seeks to analyze the rule of the status of relativization strategies in the writings of the

newspaper O Globo texts in order to identify and describe the factors that favor and

limit the realization of linguistic variants: standard and non- standard cutter and copier.

Therefore, the work has a corpus of 165 texts of various genres published in the

newspaper O Globo during the period from January to October 2012. In addition, the

paper carries out a comparative study of relativization strategies in speech and writing

Brazilian cultured in order to observe the phenomenon of behavior in different modes of

language. Finally, the paper carries out a study on the judgments of the reviewer /

journalist from O Globo to observe the influence of evaluation in the phenomenon

under study.

Among the main results of the research, it was observed that in cultured PB

writing, data from the group of prepositional presented the almost categorical use the

standard variant, because in specific contexts - only the advertising - the cutter variant

was recorded. In relation to speech Brazilian cultured, it was found that the

phenomenon takes place in some corpora either as a variable rule (see TARALLO,

1983; CORRÊA, 1998 and VALE, 2014) , now almost categorical (see PEREIRA,

2014). Finally, qualitative research on the results of the phenomenon showed that the

standard variant is a positive linguistic stereotype, where variants non-standard cutter

and copier are stereotyped negatively by the reviewer / journalist.

Keywords: change, relativization strategies, journalistic text.

Dedico esta dissertação a Deus, que é o pilar de minha

vida e meu orientador em minhas decisões profissionais e

acadêmicas. Também dedico a minha querida orientadora

Silvia Rodrigues Vieira, que com sua paciência e incentivo

meu impulsionou a chegar tão longe em minha pesquisa.

Agradecimentos

Não me canso de agradecer, não só por minha vida, como também por ter uma

família e amigos companheiros e por ter oportunidade de trabalhar e pesquisar o que

gosto, a DEUS, pois é o meu Senhor que comanda e orienta meus pensamentos e passos

para conseguir experienciar o que há de melhor no mundo.

Também não me canso de agradecer a minha orientadora Silvia Rodrigues

Vieira por ter me dado a oportunidade de aprender mais sobre os conhecimentos

estruturais da língua portuguesa através de sua dedicada e generosa orientação.

Agradeço aos meus pais – Marília da Costa Santos e Edmo Lopes dos Santos – por

terem me apoiado em todos os momentos de minha vida, principalmente nos dias e

noites intermináveis de estudo em que abriam a porta de meu quarto só para terem

certeza de que estava bem e que minha temporária ausência em seu meio era para que

eu alcançasse algo importante: a conclusão da dissertação de mestrado.

Agradeço aos meus familiares, em especial a minha irmã, que sempre torce por

minhas vitórias profissionais e acadêmicas, e a minha prima Natália Escócia, que

comprou meus sonhos de pesquisa com carinho e atenção e sempre me ajudou em tudo

de que precisava. Agradeço aos meus amigos, em particular Dafne Ulrich, Geruza

Aquino e Júlio Cesar Paiva, que me arrastaram para minha cadeira de estudo nos

momentos em que estava desestimulada a continuar o trabalho do mestrado.

Agradeço às professoras Marcia Machado e Maria Eugênia Duarte, por terem,

desde a graduação, me ensinado que o saber linguístico é importante não só para o

ensino, como também para o desenvolvimento pessoal do indivíduo.

Muito Obrigada!

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15

1. AS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO: DA REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA À FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................... 19

1.1. A oração adjetiva / relativa e as estratégias de relativização: fundamentos

básicos para a delimitação do tema ......................................................................... 19

1.2. As estratégias de relativização em gramáticas do português brasileiro - PB 24

1.2.1. As estratégias de relativização numa perspectiva tradicional ................ 24

1.2.2. As estratégias de relativização numa perspectiva descritiva .................. 26

1.3. As estratégias de relativização em gramáticas do português europeu - PE . 33

1.4. Estudos linguísticos das estratégias de relativização no PB ........................... 38

2. O TRATAMENTO VARIACIONISTA DA REGRA VARIÁVEL .................... 56

2.1. Fundamentos para o tratamento da regra variável das estratégias de ......... 56

relativização ............................................................................................................... 56

2.2. Metodologia Variacionista ................................................................................ 61

2.2.1. Descrição e tratamento metodológico dos corpora da pesquisa ............. 61

2.2.1.1. Os gêneros textuais do Jornal O Globo .............................................. 61

2.2.1.2 Descrição e tratamento metodológico do Corpus da coluna

jornalística “Autocrítica”.................................................................................. 63

2.2.2. Descrição das variáveis linguísticas ........................................................... 64

2.2.2.1. Critérios de seleção de dados ............................................................... 64

2.2.2.2. A variável dependente .......................................................................... 65

2.2.2.3. Variáveis independentes ...................................................................... 67

3. RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................. 82

3.1. Análise geral do corpus do Jornal O Globo ..................................................... 82

3.2. Comportamento das orações não preposicionadas do corpus jornalístico ... 87

3.3. Comportamento das orações preposicionadas do corpus jornalístico ........ 102

3.4. Comparação dos resultados aos de outros estudos: dados de fala e escrita

culta do PB ............................................................................................................... 123

3.4.1. Resultados das estratégias de relativização na fala culta brasileira. .... 124

3.4.2. Resultado das análises na escrita culta brasileira .................................. 126

3.4.3. Resultado das análises contrativas da fala e escrita culta brasileira .... 127

3.5. Os juízos de valor dos revisores do Jornal O Globo em relação às estratégias

de relativização ........................................................................................................ 129

12

3.5.1. As normas linguísticas que influenciam as crenças e atitudes linguísticas

do falante .............................................................................................................. 130

3.5.2. Análise da autocrítica do Jornal O Globo ............................................... 133

CONCLUSÃO ............................................................................................................. 142

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 146

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Resultados percentuais das estratégias de relativização nas 03 classes sociais

controladas por Tarallo (1983)................................................................................................... 40

Tabela 2. Variáveis independentes controladas na pesquisa de Pereira (2014) ........................ 52

Tabela 3. Total de orações relativas preposicionadas x variantes linguísticas no estudo de

Pereira (2014) ............................................................................................................................. 53

Tabela 4. Orações Relativas Preposicionadas x Grau de Escolaridade segundo o estudo de

Pereira (2014) ............................................................................................................................. 54

Tabela 5. Total de orações relativas coletadas nos textos do Jornal O Globo ........................... 82

Tabela 6. Total de orações relativas não preposicionadas x variantes linguísticas. .................. 84

Tabela 7. Total de orações relativas não preposicionadas x função sintática do articulador ... 85

Tabela 8. Distribuição das orações relativas preposicionadas pelas estratégias de

relativização. ............................................................................................................................... 85

Tabela 9. Oração Relativa Não Preposicionadas x Função Sintática do Termo antecedente ... 88

Tabela 10. Total de orações relativas não preposicionadas x Referencialidade do Termo

antecedente. ................................................................................................................................. 94

Tabela 11. Total de orações relativas não preposicionadas x Distância entre o termo

antecedente e o articulador. ........................................................................................................ 96

Tabela 12.Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de pronome relativo ............ 97

Tabela 13. Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de verbo da O. Relativa .... 100

Tabela 14.Total de orações relativas não preposicionadas x gênero textual. .......................... 101

Tabela 15. Orações Relativas Preposicionadas x Função Sintática do Termo antecedente .... 103

Tabela 16. Orações relativas preposicionadas x referencialidade do termo antecedente. ...... 106

Tabela 17. Total de orações relativas preposicionadas x distância entre o termo antecedente e o

articulador................................................................................................................................. 107

Tabela 18. Orações Relativas preposicionadas x função sintática do articulador .................. 110

Tabela 19. Orações relativas preposicionadas x tipo de preposição ....................................... 111

Tabela 20. Orações relativas preposicionadas x tipo de pronome relativo .............................. 112

Tabela 21. Prescrições da gramatica tradicional x os resultados de Gouvêa (1999) e os

resultados da variável “tipo de articulador “ no presente estudo. .......................................... 114

Tabela 22. Orações relativas preposicionadas x transitividade verbal .................................... 118

Tabela 23. Orações relativas preposicionadas x gênero textual .............................................. 119

Tabela 24. Ranking de produtividade das orações relativas em relação aos gêneros textuais dos

grupos das orações não preposicionadas e preposicionada ..................................................... 120

Tabela 25: Distribuição das estratégias de relativização em estudos da fala culta brasileira. 125

Tabela 26. Distribuição das estratégias de relativização em estudos da escrita culta brasileira

................................................................................................................................................... 127

Tabela 27. Resultado dos principais percentuais de frequência das estratégias de relativização

de fala e escrita cultas do PB. ................................................................................................... 127

Tabela 28. Fenômenos que revelariam “falhas na escrita jornalística” citados pela coluna

Autocrítica, segundo a ordem de número de ocorrências. ........................................................ 134

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ÍNDICE DE ESQUEMAS, QUADROS E ANEXOS

Esquema 01: Hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais. (CASTILHO, 2010,

p. 366-367).......................................................................................................................29

Quadro 1. Tipos de regras propostas por Labov (2003) (adaptado de Labov, 2003, p.

243)..................................................................................................................................60

Quadro 2. Sistematização das variáveis independentes controladas...............................67

Quadro 3: Nível de distanciamento entre o termo antecedente e o articulador da oração

relativa.............................................................................................................................72

Esquema 02: Escala de produtividade das variantes das estratégias de relativização no

continuum oralidade-letramento em alto nível de monitoramento no PB.....................129

ANEXOS.......................................................................................................................152

ANEXO 01 – Dados do grupo das construções relativas não preposicionadas retirados

do jornal O Globo..........................................................................................................152

ANEXO 02 – Dados do grupo das construções relativas preposicionadas retirados do

jornal O Globo...............................................................................................................173

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INTRODUÇÃO

Numa perspectiva variacionista, a língua é um sistema heterogêneo e ordenado,

diretamente influenciado pelas interações sociocomunicativas. Partindo desse

pressuposto, os estudos fundamentados na Teoria da Variação e Mudança compreendem

que a língua e a sociedade estabelecem um estreito vínculo, a ponto de não ser possível

conceber a existência de uma sem a outra. É nesse sentido que Labov (1968) propõe que

uma regra variável está interligada às transformações dos padrões culturais e

ideológicos da comunidade de fala. Assim, constitui objeto privilegiado dos estudos

sociolinguísticos o conjunto de regras variáveis condicionadas e reguladas por fatores

de ordem estrutural e social.

Dentre os diversos fenômenos que demonstram a intensa heterogeneidade que

caracteriza as línguas do mundo, destacam-se, no presente estudo, as estratégias de

relativização. Segundo a tese de doutorado de Tarallo (1983), em trabalho pioneiro

sobre o tema, essas estratégias constituem um fenômeno variável representado por uma

variante padrão e pelas variantes não padrão chamadas cortadora e copiadora. A

primeira refere-se às orações relativas que seguem a norma prescrita pela gramática

tradicional – Ex.: (01) As pessoas de que necessitamos sempre estão perto de nós. A

segunda diz respeito à oração relativa construída com ausência da preposição regida

pelo verbo que forma a própria oração – Ex.: (02) As pessoas que necessitamos sempre

estão perto de nós. Finalmente, a terceira estratégia contém a oração relativa construída

com a presença de uma forma pronominal correferente ao sintagma nominal

relativizado (pronome lembrete) – Ex.: (03) As pessoas que necessitamos delas sempre

estão perto de nós.

Na presente pesquisa, postulam-se os seguintes questionamentos em relação às

referidas estratégias de relativização:

I. Qual é o comportamento das estratégias de relativização na modalidade escrita

culta da língua, em particular, na escrita jornalística do português brasileiro

(doravante PB) representada em exemplares do jornal carioca O Globo?

II. Quais são os fatores linguísticos e extralinguísticos que influenciam na variação

do fenômeno na modalidade escrita?

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III. Comparando-se os resultados obtidos para a escrita culta a dados da modalidade

oral apresentados em outras pesquisas sobre as estratégias de relativização, o

fenômeno apresenta o mesmo comportamento?

IV. Os juízos de valor dos falantes acerca das estratégias de relativização – no caso

dos revisores/jornalistas do jornal O Globo, expressos na coluna de revisão

linguística das edições anteriores – interferem no comportamento linguístico

quanto a esse fenômeno?

Essas questões nortearam a construção do principal objetivo desta dissertação,

que é observar, registrar e analisar as estratégias de relativização do Português em textos

escritos da variedade culta brasileira. Ademais, pretende-se comparar o comportamento

do fenômeno nas modalidades oral e escrita culta do PB e observar a atuação dos juízos

de valor dos revisores/jornalistas do Jornal O Globo no comportamento do fenômeno

em estudo.

A pesquisa observa e analisa a frequência de uso da variante padrão e da

variante não padrão copiadora no grupo das não preposicionadas (aquelas em que os

relativos exercem os papéis de sujeito e o objeto direto) e as variantes padrão e as não

padrão cortadora e copiadora no grupo das preposicionadas (aquelas em que o relativo

exerce funções oblíquas) em gêneros textuais (editorial, artigo de opinião, crônica,

notícia, carta do leitor e anúncio publicitário) publicados no Jornal O Globo. Quanto à

distribuição dos dados pela variável investigada, o estudo lança como hipótese que a

variante padrão terá maior frequência de uso; em contrapartida, haverá poucas

ocorrências da variante não padrão cortadora e nenhuma ocorrência da variante não

padrão copiadora. Dentre as variáveis independentes que serão descritas e analisadas ao

longo da pesquisa (vide capítulo 02), tem-se como hipótese geral que “a função sintática

do articulador da oração relativa” e o “tipo de gênero textual” influenciam na variação

das estratégias de relativização.

Quanto ao estudo comparativo dos dados da escrita aos da fala, o estudo lança a

hipótese de que o comportamento das estratégias de relativização não será o mesmo nas

diferentes modalidades, já que o grande número de ocorrências da variante padrão na

escrita deve reduzir drasticamente na modalidade oral, assim como a variante não

padrão cortadora, que tem um grande número de ocorrências na fala, deve ter seu uso

bem reduzido na escrita. Supõe-se, ainda, que a variante não padrão copiadora, quando

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ocorrer, terá um percentual ínfimo e, com isso, poderá ser caracterizada como uma

variante marginal.

Em função do estudo acerca da avaliação do revisor/jornalista do jornal O

Globo, o trabalho lança a hipótese de que os juízos de valor que são fundamentados na

norma gramatical cerceiam o uso das variantes não padrão cortadora e copiadora e

legitimam o uso da variante padrão. Com isso, as variantes constituem, para a

modalidade escrita jornalística, formas estereotipadas com valores positivo – variante

padrão – e negativo – variantes não padrão cortadora e copiadora.

Para que as hipóteses quanto ao uso e à avaliação das estratégias sejam

averiguadas, a pesquisa fundamenta a análise crítica utilizando os pressupostos da

Teoria da variação e mudança, de Weinreich, Labov & Herzog (2006 [1968]) e Labov

(1972, 2003), aliados às descrições do fenômeno apresentadas em gramáticas diversas

(cf. BECHARA, 2005; PERINI, 2007, [1996]; 2013, [2010]; MATEUS et alii, 2003;

RAPOSO, 2013) e em estudos linguísticos (cf. MOLLICA, 1977; TARALLO, 1983;

CÔRREA, 1998; GOUVÊA, 1999; ABREU, 2013; VALE, 2014, PEREIRA, 2014). A

análise desenvolvida no estudo vale-se, sobretudo, de reflexões teóricas relativas aos

problemas empíricos da restrição e avaliação (WLH, 2006 [1968]; LABOV, 1972) e

pelos pressupostos gerais propostos para o tratamento das regras linguísticas (LABOV,

2003).

A pesquisa adota como procedimentos metodológicos identificar e registrar as

variantes linguísticas a partir da coleta em textos escritos do Jornal O Globo; codificá-

las e tratá-las segundo as ferramentas oferecidas pelo Pacote de programas para análise

estatística de regras variáveis, Goldvarb-X. Depois, os dados obtidos são comparados

com os resultados de pesquisas das estratégias de relativização das modalidades de fala

e escrita culta, verificados em Tarallo (1983), Corrêa (1998), Vale (2014) e Pereira

(2014). Em seguida, são analisados, ainda, os dados retirados da coluna Autocrítica, a

fim de observar como os juízos de valor do revisor/jornalista podem interferir no

comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística.

Este trabalho justifica-se no sentido de que visa a contribuir para o aumento de

informações sobre o fenômeno variável em estudo e sobre as normas linguísticas de uso

do PB. Sendo assim, o primeiro capítulo descreverá brevemente as estruturas em

questão e o fenômeno das estratégias de relativização; além disso, fará uma revisão

bibliográfica considerando manuais gramaticais de diversas orientações e estudos

linguísticos sobre o tema. O capítulo dois apresentará os pressupostos da Teoria da

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Variação e mudança e a metodologia de estudo que fundamentaram a pesquisa. O

capítulo três apresentará (i) os resultados do tratamento dos dados linguísticos na

modalidade escrita, (ii) a comparação desses resultados com os obtidos em outros

estudos sobre a escrita e a fala e (iii) a investigação dos juízos de valor acerca das

estratégias de relativização manifestos na coluna Autocrítica do Jornal O Globo

(antecedido da apresentação de conceitos relativos à construção de normas linguísticas e

avaliação dessas normas). Finalmente, a pesquisa se encerra com a conclusão.

19

1. AS ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO: DA REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA À FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo tem a finalidade de apresentar uma retrospectiva bibliográfica de

obras que abordam o fenômeno variável das estratégias de relativização e

fundamentaram a presente investigação. Dividido em quatro seções, a primeira seção

apresenta a delimitação teórica do fenômeno linguístico, as seções 1.2 e 1.3 expõem as

principais contribuições dos compêndios gramaticais em relação ao comportamento do

tema no PB e no PE, respectivamente. A última seção retrata os principais resultados

dos estudos linguísticos que abordam o fenômeno variável no PB.

1.1. A oração adjetiva / relativa e as estratégias de relativização: fundamentos

básicos para a delimitação do tema

Para delimitar o fenômeno variável em estudo, é necessário apresentar

brevemente o que configura, em termos tradicionais, a estrutura que o envolve: a oração

subordinada adjetiva (cf. ROCHA LIMA, 2006 [1972]) ou oração relativa (MATEUS et

alii, 2003).

Segundo a perspectiva tradicional, “estas orações, que valem por adjetivos,

funcionam como adjunto adnominal. Na trama do período, subordinam-se, portanto, a

qualquer termo da oração anterior cujo núcleo seja substantivo, ou equivalente de

substantivo” (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p. 268).

(04) a) A água é um líquido que não tem cor. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.268)

b) A água é um líquido incolor. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.268 – exemplo

adaptado)

Em (04a), pode-se notar que a oração em negrito é uma oração subordinada

adjetiva, pois está qualificando o substantivo “água”, desempenhando o mesmo papel de

um adjetivo. Sintaticamente, a oração em destaque está exercendo a função de adjunto

adnominal, uma vez que modifica o conteúdo semântico do substantivo a que está

vinculada. Isso pode ser comprovado se compararmos o exemplo (04b) com (04a), pois

a oração em negrito pode ser substituída pelo adjetivo “incolor”. O gramático evidencia

que as orações subordinadas adjetivas permitem ao falante acrescentar características

20

mais complexas ao substantivo modificado – termo antecedente – que quase sempre não

dispõe de adjetivos que possam exprimir tais características como é o caso em (05).

(05) Dizei-me, águas mansas do rio, para onde levais essa flor que no vosso espelho

caiu? (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.268).

Em relação ao conteúdo, as orações subordinadas adjetivas podem ser

classificadas como restritivas ou explicativas. A primeira classificação refere-se às

orações subordinadas adjetivas que desempenham o papel sintático-semântico de

delimitar, restringir o conteúdo semântico expresso pelo termo antecedente. Em (06a),

adiante, a oração em destaque está restringindo a informação expressa pelo termo

antecedente que está modificando, ou seja, irão alcançar o perdão de Deus apenas os

pecadores que se arrependeram. As orações subordinadas adjetivas restritivas fazem

parte do conteúdo semântico do termo antecedente, tanto que desempenham a função

sintática de adjunto adnominal.

A segunda classificação refere-se às orações subordinadas adjetivas que exercem

o papel sintático-semântico de acrescentar, adicionar, agregar uma informação ao termo

antecedente, a fim de lançar um comentário explicativo ao termo a que se liga. Em

(06b), a oração em negrito está adicionando uma informação complementar, explicativa

ao termo vinculado, isto é, dizer que “Vozes d’África” é um poemeto épico é ressaltar

uma característica trivial do substantivo, funcionando, assim, como um comentário

explicativo. As orações subordinadas adjetivas explicativas desempenham a função

sintática de aposto e não interferem na constituição semântica do termo a que estão

ligadas, pois desempenham apenas o papel de realçar uma característica previamente

conhecida do termo.

(06) a) Os pecadores que se arrependem alcançam o perdão de Deus. (ROCHA

LIMA, 2006 [1972], p.271)

b) Vozes d’África, que é um poemeto épico, representa um alto momento da

poesia brasileira. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.271)

Em relação ao articulador que as introduz, as orações subordinadas adjetivas

podem ser encabeçadas pelos pronomes relativos “que”, “o qual (com suas flexões)”,

“quem”, “cujo (com suas flexões)”, “quanto (com suas flexões)” ou pelos advérbios

21

relativos “onde”, “quando” e “como”. Esses articuladores contêm características

linguísticas muito peculiares, porque, além de realizarem o papel sintático de conector

da oração subordinada adjetiva ao termo antecedente, desempenham função sintática na

oração que encabeça e possuem o mesmo conteúdo semântico do termo antecedente.

Sendo assim, em (07a - d), serão apresentados exemplos de orações relativas

introduzidas pelos pronomes relativos “que” – desempenhando a função sintática de

sujeito – (07a), “as quais” – com função sintática de objeto direto – (07b), “quem” –

com função sintática de objeto indireto – (07c), e “que” – com função sintática de

complemento relativo (07d), segundo o quadro classificatório proposto em Rocha Lima

(2006 [1972]).

(07) a) Ele fitava a noite que cobria o cais. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.269)

b) As ideias, as quais tanto amavas, já não são tuas companheiras de toda hora?

(ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.269 – exemplo adaptado)

c) Pálidas crianças a quem ninguém diz: – Anjo, debandai!... (ROCHA

LIMA, 2006 [1972], p.270)

d) E as buscas, a que eu procedia, sempre baldadas... (ROCHA LIMA, 2006

[1972], p.270)

Em (08a - c), serão expostos exemplos de orações relativas introduzidas pelos

pronomes relativos “que” – desempenhando a função sintática de predicativo do sujeito

– (08a), “cujos” – com função sintática de adjunto adnominal – (08b) e “quem” – com

função sintática de agente da passiva – (08c).

(08) a) Vai pioneiro e solitário o Arcebispo, como santo e desacompanhado, que ele

é, neste mundo vazio... (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.270)

b) As terras de que era dono valiam mais que um ducado. (ROCHA LIMA,

2006 [1972], p.270)

c) Bendito e louvado seja Deus, por quem foste criada! (ROCHA LIMA, 2006

[1972], p.270)

Em (09a - d), serão expostos exemplos de orações relativas introduzidas pelos

relativos “onde” – desempenhando a função sintática de adjunto adverbial de lugar –

22

(09a), “como” – com função sintática de adjunto adverbial de modo – (09b) e “quando”

– com função sintática de adjunto adverbial de tempo – (09c).

(09) a) O carro enguiçou em um lugar onde não havia socorro. (ROCHA LIMA,

2006 [1972], p.272 – exemplo adaptado)

b) Veja o modo como fala. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.272 – exemplo

adaptado)

c) “E mostrar que o tempo da demagogia política, quando se trocavam votos

por tolerância, acabou.” (GOUVÊA, 1999)

Em relação à forma, as orações subordinadas adjetivas, igualmente de acordo

com a perspectiva tradicional, podem apresentar-se de forma desenvolvida – a oração é

encabeçada por seu articulador e possui seu verbo flexionado – ou reduzida – a oração

apresenta-se na forma verbo-nominal de infinitivo, gerúndio e/ou particípio. Em sua

forma desenvolvida, a oração subordinada adjetiva pode estar ou não acompanhada pelo

termo antecedente. Rocha Lima (2006 [1972]) classifica as orações sem antecedente

como orações subordinadas adjetivas condensadas, pois o termo antecedente estaria

amalgamado no articulador – pronome relativo condensado. Em (10a), a oração

negritada é uma oração subordinada adjetiva condensada, pois, segundo Rocha Lima

(2006 [1972]), o pronome relativo condensa em si o termo antecedente. Ao desfazer

essa aglutinação do termo antecedente, encontra-se o exemplo (10b).

(10) a) Quem tem boca vai a Roma! (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.272)

b) Aquele que tem boca vai a Roma! (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.272 –

exemplo adaptado)

Fundamentando-se em construções do português europeu (PE), Mateus et alii

(2003) utiliza os pressupostos teóricos da Gramática Gerativa para nomear as orações

em questão, partindo do articulador que as introduz, “relativas” restritivas (ou

determinativas) e apositivas (explicativas ou ainda não-restritivas), como em (11a – b),

em que há exemplos descritos na própria gramática.

(11) a) A Lisboa que eu prefiro é a Lapa. (MATEUS et alii, 2003, p. 677)

b) Lisboa, que é a capital de Portugal, é uma cidade com uma luz especial.

(MATEUS et alii, 2003, p. 677)

23

As construções relativas são tratadas pela autora como estruturas derivadas de

uma regra de movimento, que origina as orações relativas padrão. Além desta variante,

a referida gramática também acrescenta, em seu estudo sobre essas orações, as relativas

cortadoras e copiadoras. No que se refere ao tratamento das orações adjetivas sem um

antecedente expresso, a que denominam de relativas livres, a obra propõe que são

orações “encabeçadas por morfemas-Q, idênticos aos das interrogativas subordinadas

(ou interrogativas indiretas), e nalguns casos, aos que se encontram em relativas com

antecedente expresso.” (MATEUS et alii, 2003, p. 676). Em (12a – b), há exemplos

dessa construção relativa.

(12) a) Convoquei quantos estão escritos. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)

b) Quem vai ao mar perde o lugar. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)

Segundo as autoras, as relativas livres são formadas por estruturas subordinadas

que exercem o papel de um constituinte da oração matriz com uma função sintática

própria. Em (12a - b), as orações em destaque desempenham, respectivamente, a função

sintática de objeto direto e sujeito da oração matriz. Mateus et alii (2003), fazendo uso

das estratégias sintáticas de substituição e/ou pronominalização, verifica, em (12’ a - b)

a função do constituinte das relativas livres:

(12’) a) Convoquei-os. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)

b) Alguém perde o lugar. (MATEUS et alii, 2003, p. 676)

A presente pesquisa dedica-se apenas à forma desenvolvida das orações

subordinadas adjetivas com o pronome relativo acompanhado do termo antecedente,

uma vez que as variantes linguísticas do fenômeno variável são constituídas por esse

tipo de estrutura. Tanto Rocha Lima (2006 [1972]) quanto outros gramáticos que

representam a perspectiva tradicional não fazem qualquer referência às estratégias

variáveis de relativização do português. Entretanto, diversos estudos linguísticos (cf.

próximas seções) apresentam e reconhecem a referida regra variável.

24

1.2. As estratégias de relativização em gramáticas do português brasileiro - PB

1.2.1. As estratégias de relativização numa perspectiva tradicional

Observando algumas gramáticas tradicionais do PB acerca das estratégias de

relativização, pode-se constatar que a maioria desses compêndios reconhece a variante

padrão como única alternativa para se relativizar um termo no português. Os gramáticos

Cunha & Cintra (2013 [1985]) – assim como o já citado Rocha Lima (2006 [1972]) –

demonstram essa perspectiva. Ao abordarem as características morfossintáticas do

pronome relativo, Cunha & Cintra (2013 [1985]) fazem uso somente de orações

subordinadas adjetivas formadas pela variante padrão para exemplificar o

comportamento linguístico do pronome.

(13) a) Quero ver do alto o horizonte,

Que foge sempre de mim. (O. Mariano, TVP, II, 434. – apud CUNHA &

CINTRA, 2013 [1985], p.358)

b) Eu aguardava com uma ansiedade medonha esta cheia de que tanto se

falava. (A. Ribeiro, M, 67. – apud CUNHA & CINTRA, 2013 [1985], p.358)

c) Há pessoas cuja aversão e desprezo honram mais que os seus louvores e

amizade. (Marquês de Maricá, M. 223. – apud CUNHA & CINTRA, 2013 [1985],

p.359)

Os exemplos em (13) evidenciam a abordagem prescritiva adotada pelos autores,

que objetivavam retratar as normas de prestígio do PB, valendo-se, sobretudo, da escrita

literária como parâmetro. Dessa forma, os autores, ao descreverem as propriedades

morfossintáticas do pronome relativo, fizeram uso de orações subordinadas adjetivas

construídas pela variante padrão. É interessante ressaltar que Cunha & Cintra (2013

[1995]) tratam a oração subordinada adjetiva como um assunto complementar à seção

de pronome relativo, uma vez que não há um capítulo específico que aborde as

propriedades morfossintáticas dessa oração.

Bechara (2005), ao retratar as propriedades morfossintáticas da oração

subordinada adjetiva, sinaliza a presença do fenômeno variável em estudo, ao registrar a

seguinte observação:

25

Frequentes vezes a linguagem coloquial e a popular despem o

relativo de qualquer função sintática, tomando-o por simples

elemento transpositor oracional. A função que deveria ser

exercida pelo relativo vem mais adiante expressa por substantivo

ou pronome. A este relativo chamamos universal: “O homem

QUE eu falei COM ELE” em vez de “O homem COM QUEM

(ou COM QUE) eu falei”. (...) Embora a língua padrão recomende

o correto emprego dos relativos, o relativo universal se torna, no

falar despreocupado, um “elemento linguístico extremamente

prático”. (BECHARA, 2005, p. 492–493)

Pode-se observar que o gramático demonstra reconhecer que a língua

portuguesa, em particular a variedade brasileira, possui mais de uma forma de

relativizar o termo antecedente da oração principal. O autor atenta, também, para

possíveis contextos favorecedores da realização da forma alternante copiadora:

linguagem coloquial e popular, ou seja, em contextos de uso pouco monitorado e em

normas populares, aquelas que se distanciariam das variedades urbanas de prestígio (cf.

FARACO, 2008).

Tendo em vista as características sintático-semânticas do “que”, Bechara (2005)

propõe que o articulador, ao encabeçar a forma alternante, “é despido” de sua função

sintática na oração subordinada e perde seu caráter correferencial com o termo

antecedente, tornando-se um “relativo universal”. Essas propriedades são exercidas, no

caso, pelo sintagma preposicionado, que inclui um pronome lembrete. Pode-se concluir

que o gramático reconhece a estratégia não padrão copiadora apenas como uma variante

marginal do que seria idealizado como norma de prestígio.

A partir da observação do tratamento gramatical tradicional, pode-se constatar

que a variante padrão é a única licenciada, como uma variante de prestígio, pela norma

gramatical para construir orações subordinadas adjetivas tanto na escrita (cf. Bechara,

2005; Rocha Lima, 2006 [1972]; Cunha & Cintra 2013 [1985]), quanto na fala (cf.

Bechara, 2005). Tal posicionamento distancia-se do adotado nas gramáticas de cunho

descritivo, uma vez que essas têm a finalidade de apenas registrar o funcionamento da

língua e, dessa forma, não possuem qualquer compromisso em prescrever as regras do

“bom falar e bom escrever”. Essa perspectiva descritiva da língua acerca das estratégias

de relativização será abordada com mais detalhes na seção a seguir.

26

1.2.2. As estratégias de relativização numa perspectiva descritiva

Perini (2007[1996]), ao descrever e explicar as características básicas de uma

construção relativa, apresenta observações particulares sobre a variante não padrão

copiadora. Segundo esse gramático, a comprovação de que o relativo ocupa uma função

dentro da oração subordinada estaria na impossibilidade de se acrescentar outro

elemento ocupando a mesma função. Nesse sentido, a variante não padrão copiadora,

como em “O urso que ele me mordeu era branco” (PERINI, 2007 [1996], p. 152), seria

considerada agramatical, pois o articulador exerce funções sintático-semânticas nas

construções relativas que encabeça, não precisando, com isso, de um pronome

correferente dentro da oração relativa. O autor aplica o mesmo raciocínio a contextos

em que outras funções sintáticas são exercidas pelo relativo.

(14) a) O filme que Bebeto fez ganhou a Palma de Ouro. (PERINI, 2007 [1996],

p.152)

b) (*) O filme que Bebeto o fez ganhou a Palma de Ouro. (PERINI, 2007

[1996], p. 152)

O exemplo (14) demonstra aquilo que o gramático considera ou não como

construção relativa, já que, em (14a), de acordo com Perini (2007 [1996]),

“aparentemente, o verbo fazer [está] sem objeto direto”; como esse verbo necessita de

um OD, o articulador – pronome relativo “que” – exerce esse papel sintático-semântico,

de tal modo que não seria possível acrescentar um OD, como se observa em (14b), o

que tornaria esse período agramatical.

Se admitirmos (com a gramática tradicional) que o relativo é o

objeto direto da subordinada, esses problemas desaparecerão: a

subordinada que Bebeto fez; o verbo fazer aparece aí como OD, o

que está de acordo com sua transitividade; e não se pode

acrescentar um objeto, porque só pode haver um por oração.

(PERINI, 2007 [1996], p.152)

27

Dessa maneira, pode-se constatar que Perini (2007 [1996]) considera

construções relativas como (14b), portanto, agramaticais, pois há dois SNs competindo

pelo papel sintático-semântico do objeto direto. Essa interpretação do gramático não lhe

permite reconhecer que a construção relativa copiadora em geral é uma forma

alternativa de relativização do termo antecedente, uma vez que o pronome oblíquo “o” –

que está fazendo o papel do pronome cópia – não compete, mas assume as propriedades

sintático-semânticas do pronome relativo “que”.

É interessante atentar que (14b) não é um bom exemplo para se discorrer acerca

da agramaticalidade das orações relativas não padrão copiadora, já que o uso do

pronome oblíquo não é tão recorrente no PB (cf. TARALLO, 1983) e a oração relativa

copiadora costuma ser formada por um constituinte correferencial ao termo antecedente

realizado por um pronome pessoal do caso reto. Assim, (14b) poderia ser interpretado

de modo semelhante à análise do autor para (15c).

(15) a) O urso cuja pata eu cortei era branco. (PERINI, 2007 [1996], p. 153)

b) (*) O urso cuja pata dele eu cortei era branco. (PERINI, 2007 [1996], p.

153)

c) O urso que eu cortei a pata dele era branco. (PERINI, 2007 [1996], p. 155)

O exemplo (15), segundo Perini (2007 [1996]), é formado por períodos

gramaticais e agramaticais. No exemplo (15a), o articulador “cuja” exerce seu papel

sintático-semântico de modificador externo ao encabeçar a construção relativa, sendo,

de acordo com o autor, gramatical; no exemplo (15b), Perini (2007 [1996]) afirma que

“a razão para se analisar cujo como modificador externo é análoga à que se deu para as

demais funções: não é possível acrescentar um modificador ao elemento pata” (PERINI,

2007 [1996], p.153). Sendo assim, (15b) é agramatical, pois as construções relativas não

permitem que a posição sintático-semântica do termo relativizado seja preenchida

novamente, pois o pronome relativo “cuja” já ocupa tal posição.

Entretanto, o gramático admite que essa particular construção relativa

representada em (15a – b) não seria produtiva no PB coloquial, principalmente, na

modalidade oral:

(...) no português brasileiro coloquial, a construção

relativa tem uma estrutura muito diferente da que foi exposta

28

acima e é válida apenas para o padrão. Em particular, a

construção com o relativo cujo praticamente desapareceu da

língua falada, sendo substituída por uma construção regular do

tipo [(15c)]. (PERINI, 2007 [1996], p. 155).

Assim, Perini (2007 [1996]) considera (15c) gramatical, pois é uma estrutura

sintática tipicamente produzida por falantes do PB não padrão – e, se é utilizada por

falantes do Português, obviamente não se poderia falar em agramaticalidade. Isto

porque “a construção com cujo nem sempre é usada com desenvoltura, mesmo quando a

intenção é utilizar o português brasileiro; e as intuições de falantes instruídos a respeito

dessa construção nem sempre são seguras” (PERINI, 2007 [1996], p. 155).

Em sua Gramática do Português Brasileiro, Perini (2013 [2010]) também

desenvolve seu olhar descritivo sobre o fenômeno variável em estudo. Apesar de não

usar as nomenclaturas usualmente eleitas pelos estudos linguísticos para abordar o

fenômeno, Perini (2013 [2010]) reconhece e identifica três formas de relativizar o termo

antecedente. Quando “se [tem] que relativizar um componente de outra forma, por

exemplo, um formado de preposição + SN” (PERINI, 2013 [2010], p. 191), o falante

realizará a estrutura com o relativo acompanhado da preposição (16), omitindo a

preposição (16b) ou ainda com a preposição acompanhada de um pronome pessoal

(16c).

(16) a) Aquela modelo por quem meu vizinho ainda chora já mudou de cidade.

(PERINI, 2013, [2010], p. 191)

b) Aquela modelo que meu vizinho ainda chora já mudou de cidade. (PERINI,

2013, [2010], p. 191)

c) Aquela modelo que meu vizinho ainda chora por ela já mudou de cidade.

(PERINI, 2013, [2010], p. 191)

É interessante frisar que Perini (2013, [2010]), ao tratar a variante não padrão

cortadora – vide exemplo (16b) –, atenta para o fato de que tal construção relativa é

“certamente a forma preferida, (...) [e] é a mais corrente” (PERINI, 2013[2010], p.192-

193) entre os falantes do PB. Esse comentário evidencia a intuição do gramático acerca

do comportamento linguístico do fenômeno, visto que afirma que as variantes padrão e

não padrão copiadora sejam menos frequentes e, consequentemente, menos preferidas

29

pelos falantes do que a variante não padrão cortadora. O autor também ressalta “que

essa estrutura ainda está por estudar” (PERINI, 2013[2010], p. 192).

Castilho (2010) observa que as estratégias de relativização estão estreitamente

relacionadas ao fator linguístico função sintática e às mudanças do quadro pronominal

do português brasileiro. No que se refere à influência da função sintática, o gramático

afirma que há uma escala sintática que favorece a relativização do sintagma nominal.

Denominada como “hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais”1 (cf.

CASTILHO, 2010), essa escala permite visualizar as estratégias de relativização como

um fenômeno que varia gradualmente, em que a função sintática de “sujeito” (caso

nominativo) tende a favorecer mais o processo de relativização do sintagma do que a

função de objeto direto (caso acusativo); esta função sintática, por sua vez, tende a

favorecer mais a relativização do sintagma do que o Objeto indireto (caso dativo), e

assim por diante. Veja o Esquema 01, que retrata de forma mais detalhada o processo

sintático descrito:

Função Sintática Sujeito >>> Objeto direto >>> Objeto indireto >>>> funções oblíquas >>>> função genitiva

+ +/- -

Acessibilidade dos sintagmas nominais

Esquema 01: Hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais. (CASTILHO,

2010, p. 366-367)

Um argumento utilizado por Castilho (2010) para sustentar a relação direta entre

o fator linguístico “função sintática” com as estratégias de relativização através da

“Hierarquia de acessibilidade dos sintagmas nominais” seria a facilidade de

processamento informacional contido no sintagma. O falante tem maior facilidade de

compreender – e, portanto, relativizar – o conteúdo semântico de um sintagma nominal

com função sintática de sujeito, do que um sintagma com função de objeto direto, e

assim sucessivamente.

Castilho (2010) também registra uma “harmonia no tratamento dos clíticos e

dos pronomes relativos, pois ambos compartilham a propriedade da foricidade”

(CASTILHO, 2010, p. 368). Assim, o gramático afirma que o falante que tende a

1 Este conceito primeiramente foi proposto por Tarallo (1983).

30

realizar os clíticos como estratégia anafórica (17a) tenderia a realizar a oração relativa

padrão (17b). Caso o falante tenda a realizar anáfora através do processo de elipse do

termo (17c), este tenderia a realizar orações relativas cortadoras (17d). Finalmente, o

falante que tenda a substituir o clítico pelo pronome acusativo “ele/a” (17e) também

tenderia a realizar orações relativas copiadoras (17f).

(17) a) Eu despedi a pessoa e você lhe enviou a carta de demissão.

b) Eu despedi a pessoa a quem você enviou a carta de demissão.

c) Eu despedi a pessoa e você Ø enviou a carta de demissão.

d) Eu despedi a pessoa que você Ø enviou a carta de demissão.

e) Eu despedi a pessoa e você enviou para ela a carta de demissão.

f) Eu despedi a pessoa que você enviou para ela a carta de demissão.

Castilho (2010) aponta que a reorganização do quadro pronominal dos clíticos

no PB vem favorecendo a variação das estratégias de relativização, já que o

desaparecimento dos clíticos na variedade do português brasileiro tenderia a condicionar

o aumento do uso das variantes não padrão cortadora e copiadora. Isto porque os

pronomes relativos estão perdendo suas propriedades morfossintáticas e dêiticas, assim

como os clíticos – no caso, a perda foi tão grande que a forma clítica está desaparecendo

no uso corrente da língua no PB (cf. TARALLO, 1983).

Os estudos linguísticos retratados na gramática pedagógica de Bagno (2011)

também colocam em dúvida as propriedades gramaticais do pronome relativo “que”. O

referido autor constatou que a diversidade do quadro pronominal relativo na modalidade

oral foi substituída pelo articulador “que”, que passaria a se comportar em algumas

sentenças relativas como um simples conector, denominando-o “relativo universal”,

conforme fez também Bechara (2005).

(18) eu tenho um conhecimento, aliás, um amigo comum nosso que ele é especialista

em comida internacional. (NURC/RJ, apud BAGNO, 2011, p. 900)

A variante não padrão copiadora em (18), de acordo com Bagno (2011),

exemplifica a perda das propriedades morfológicas, sintáticas e semânticas do

31

articulador “que”, propriedades que seriam assumidas pelo pronome correferencial

“ele”. No exemplo (19), a variante não padrão cortadora também é um exemplo da

“despronominalização total do “que”, que se aliviou da carga anafórica e, na qualidade

de conjunção, deixou de ser um transpositor para se tornar mero conector entre duas

orações” (BAGNO, 2011, p. 900).

(19) então, essa é uma citação de Carbonier Ø que eu gosto muito. (NURC/RJ, apud

BAGNO, 2011, p. 901).

O estudioso descreve, em sua gramática, resultados de uma pesquisa

variacionista sobre estratégias de relativização no corpus NURC – Brasil (Bagno,

2001). Além dos resultados gerais que retratam o uso das variantes em funções

oblíquas, apresentou o comportamento do fenômeno em relação às variáveis

independentes “tipo de preposição” e “tipo de articulador”. Os dados formados por

construções relativas oblíquas constituem-se de 17 (34%) sentenças relativas padrão, de

01 (02%) sentença relativa não padrão copiadora e 32 (64%) de construções não padrão

cortadora em um total de 50 (100%) dados. O gramático atenta para o fato de que, na

modalidade oral, os falantes cultos produzem muito mais (66%) as variantes não padrão

– principalmente a variante cortadora – do que a variante padrão.

Em relação à variável “tipo de preposição”, que foi analisada apenas nos dados

da variante cortadora – 32 dados –, Bagno registrou que as preposições que se

submeteram ao apagamento foram “a” – 04/32 (12,5%) –, “com” – 02/32 (6,2%) –, “de”

– 18/32 (56,2%) e “em” – 08/32 (25%). Os dados revelam que as preposições que

tendem a ser mais apagadas são “de” e “em”. A variável “tipo de articulador” foi

averiguada em relação aos dados da variante padrão – 17 dados. Evidenciou-se que

11/17 (64%) das construções relativas são encabeçadas por “que”, 05/17 (30%) são

encabeçadas por “o/a qual” e 01/17 (06%) por “como”. O advérbio relativo “onde”

“ocorreu 17 vezes no corpus, das quais 13 em uso de acordo com o padrão e 04 em

desacordo com o padrão, como se verifica abaixo” (BAGNO, 2011, p. 902).

(20) como Japão conseguiu ... é sobreviver a Segunda Grande Guerra onde toda todo

seu material bélico foi arrasado? (NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p. 901).

O exemplo (20), conforme Bagno (2011) relata, estaria em desacordo com a

norma gramatical, porque o articulador “onde” somente deveria ser empregado em

sentenças relativas em que o termo antecedente exprimisse valor locativo e o articulador

32

em (20) expressa valor temporal. Quanto ao articulador “cujo”, ocorreu apenas um dado

em que a sentença continha esse pronome, usado, entretanto, de modo desautorizado

pela norma padrão gramatical. Veja no exemplo (21).

(21) esta camada ela .... tá presa a um tecido conjuntivo... ela sai presa a esse tecido

conjuntivo... cujo tecido conjuntivo se prende a borda anterior da clavícula...

constituindo por isso mesmo... o que se chama de irrigamento suspensor da mama...

(NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p.902)

Bagno (2011) analisa o emprego do pronome relativo em (21) como um termo

responsável em realçar a referência do vocábulo citado anteriormente – “(...) esse tecido

conjuntivo... cujo tecido conjuntivo (...)” – equivalendo a um pronome demonstrativo.

O autor aproveita para afirmar que o uso do pronome relativo “cujo” na modalidade oral

do PB foi extinto e que as sentenças relativas com função sintática genitiva são

construídas pelas estratégias não padrão cortadora – (22a) – e copiadora – (22b).

(22) a) um negro americano que eu não me recordo o nome agora... mas foi um

dos Ø que mais gostei. (NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p.903)

b) tem uma [planta] feito um coqueiro que eu não sei o nome dela é ver:de não

não dá flores... (NURC/RJ apud BAGNO, 2011, p.903)

Ao analisar as sentenças relativas com função oblíqua na fala culta do PB, são

encontradas as variantes não padrão cortadora e copiadora. O autor demonstrou que a

variável “tipo de preposição” favorece a variação do fenômeno. Constatou, ainda, que

“o tipo de articulador” é uma variável que influencia pouco na variação do fenômeno,

uma vez que o articulador “que” é predominante na construção de sentenças relativas.

Partindo desse resultado, Bagno (2011) afirma que, na modalidade oral, houve uma

redução do quadro pronominal relativo que lhe permitiu declarar a morte do pronome

relativo “cujo”.

Após essa breve apresentação do tratamento dispensado às estratégias de

relativização em gramáticas descritivas do PB, pode-se perceber que, dependendo da

modalidade linguística, o fenômeno poderá se comportar de forma diferente. Supõe-se

que na modalidade escrita haveria maior favorecimento da variante padrão, sendo

seguida pela variante não padrão cortadora, e seriam raros os contextos linguísticos que

favoreceriam a realização da variante não padrão copiadora. Na modalidade oral, o uso

33

das variantes não padrão, em especial a cortadora, seria é praticamente categórico, com

poucos contextos comunicativos que viabilizem o uso da variante padrão.

Na seção a seguir, apresenta-se uma revisão bibliográfica do fenômeno nas

gramáticas descritivas da variedade europeia, a fim de ilustrar qual é o comportamento

das estratégias de relativização também no português europeu (doravante PE).

1.3. As estratégias de relativização em gramáticas do português europeu - PE

Embora o presente estudo verse exclusivamente sobre as estratégias de

relativização em dados brasileiros, esta seção tem a finalidade de rever as contribuições

de gramáticas europeias, uma vez que há informações conceituais pertinentes ao estudo

do tema em geral.

A gramática de Mateus et alii (2003) – de cunho formalista –, que visa a

descrever o português europeu, apresenta apropriadamente o fenômeno variável.

Baseada em estudos linguísticos (cf. TARALLO (1983), PÉRES E MÓIA (1985)), a

gramática apresenta as três estratégias para construir uma oração relativa finita com

antecedente expresso2: estratégia padrão (23a), estratégia cortadora (23b) e estratégia

copiadora (23c).

(23) a) Está ali o homem cujo nome perguntaste.” (MATEUS et alii, 2003, p. 664)

b) “O livro que te falei é o mais bonito.” (MATEUS et alii, 2003, p. 667)

c) “Temos lá, no meu ano, rapazes que eles parecem atrasados mentais, quer

dizer...” (MATEUS et alii, 2003, p. 667)

Apresenta-se em (23a) uma oração relativa padrão, porque a construção respeita

as exigências sintáticas dos termos da oração encaixada. A oração destacada em (23b) é

uma oração relativa cortadora, pois – de acordo com Mateus et alii (2003) – o

articulador está desacompanhado da preposição regida pelo predicador verbal. Em

(23c), a oração em negrito é uma oração relativa copiadora, visto que possui um

pronome (eles) correferente ao termo antecedente.

2 Mateus et alii (2003) denomina de “oração relativa finita com antecedente expresso” a oração

subordinada adjetiva desenvolvida com termo antecedente, apresentada em Rocha Lima (2006 [1972]).

34

Quando retratam os aspectos sintáticos das variantes linguísticas, evidenciam

que a variante padrão é mais produtiva e se caracteriza por se iniciar “por constituintes

relativos de diversas naturezas categóricas, correspondentes a um vazio no interior da

relativa – é a estratégia de movimento [...]” (MATEUS et alii, 2003, p. 666) – exemplo

(24a). Bastante comum na fala não monitorada, a variante não padrão cortadora se

caracteriza por não ter o relativo acompanhado por preposição, quando desempenha

funções oblíquas ao introduzir a sentença relativa – exemplo (24b), enquanto a não

padrão resumptiva (copiadora) é caracterizada por apresentar um pronome resumptivo

na posição que o sintagma relativizado deixou vazia – exemplo (24c).

(24) a) Vê-se o mar da casa onde vivemos. (MATEUS et alii, 2003, p. 664)

b) “[...] é uma arte que eu dou muito valor.” (MATEUS et alii, 2003, p.667)

c) “[...] temos aí mulheres a trabalhar as máquinas que acho que essas devem

receber mais do que aquelas.” (MATEUS et alii, 2003, p.667)

Mateus et alii (2003), com base em aporte gerativista, sinalizam que as variantes

não padrão são formadas de modo diferente da variante padrão:

Nestes dois tipos de relativas, os mecanismos sintácticos acima

descritos não operam da mesma maneira. Em [(24b)] é discutível

haver movimento de que, já que tal morfema não respeita as

restrições de selecção do verbo da oração relativa; o que parece é

haver um operador nulo em Esp de SCOMP e o que ser uma

forma de marcar a subordinação (talvez a mesma forma do

complementador que). Quanto à [(24c)], também parece não

chegar a haver movimento, já que é projectado um pronome ou

equivalente na posição argumental correspondente, sendo o que

também a mesma forma do complementador (...). (MATEUS et

alii, 2003, p.667)

Mateus et alii (2003) finalizam suas considerações sobre a regra variável em

questão apontando que as variantes não padrão cortadora e copiadora são consideradas

marginais numa perspectiva mais conservadora. Entretanto, a variante não padrão

cortadora está cada vez mais produtiva na fala dos portugueses altamente escolarizados,

35

permitindo hipotetizar que as estratégias de relativização estejam sinalizando “uma

tendência de mudança, mesmo no português europeu” (MATEUS et alii, 2003, p. 667).

Retratando de forma mais detalhada as peculiaridades das variantes não padrão

cortadora e copiadora no português europeu, Raposo et alii (2013) reafirmam que a

norma padrão considera essas variantes marginais, apesar de diversos estudos

linguísticos atestarem a imensa produtividade dessas construções “por falantes de

diferentes grupos sociais, com variados graus de escolarização. Ocorrendo sobretudo na

oralidade, em registros informais, é também possível encontrá-las em textos

jornalísticos ou mesmo literários.” (RAPOSO et alii, 2013). Isso sinaliza que, no PE, as

estratégias de relativização constituem um fenômeno que ocorreria, com maior ou

menor produtividade, em ambas as modalidades linguísticas.

As orações relativas com estratégia cortadora são muito recorrentes, segundo o

autor, quando o item relativizado tem um valor temporal ou locativo (25a–b);

desempenha uma função sintática de complemento oblíquo introduzido por preposições

com valor gramatical – por exemplo, preposições “de” e “a” – e selecionado por

predicadores verbais como “gostar”, “precisar” e “falar” (25c – e). Os gramáticos

também registraram que a função sintática de objeto indireto (25f), a de complemento

oblíquo (25g), a de complemento nominal (25h) e a de adjunto adnominal (25i) também

condicionam a realização da variante não padrão cortadora.

(25) a) Não havia dia nenhum que não saísse cataplanas. (RAPOSO et alii, 2013, p.

2128)

b) Porque, cada sítio que nós íamos, “e na são os portugueses”. (RAPOSO et

alii, 2013, p. 2128)

c) Porque há coisas na cultura americana que eu realmente não gosto.

(RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)

d) Nós temos obrigação e nós vamos ter os serviços que o cliente precisa.

(RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)

e) Os adolescentes não progridem através destas diferentes etapas de

envolvimento que eu falei, separadamente. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)

f) Nós estávamos com uns portugueses que vir a Lisboa ao fim-de-semana não

dá muito jeito. (RAPOSO ET ALII, 2013, p. 2129)

g) Continente é a marca que os portugueses mais confiam na sua categoria.

(RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)

36

h) Iam-nos levar ao, ao sítio que nós andávamos à procura. (RAPOSO et alii,

2013, p. 2129)

i) Eles tinham dois tipos de rum. Tinham um rum normal, que agora não me

lembro do nome da marca. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2129)

Raposo et alii (2013) registram que as peculiaridades semânticas tanto da

construção relativa, quanto do termo antecedente não interferem na realização da

variante não padrão cortadora. Sendo assim, não importa se a construção relativa em si

exprime um valor semântico restritivo ou apositivo, como também não importa se o

termo antecedente contenha uma referência semântica definida ou indefinida, pois esses

aspectos semânticos não influenciam na seleção e, portanto, na realização da variante

não padrão cortadora pelo falante.

Em relação à variante não padrão copiadora, os estudiosos identificaram alguns

contextos linguísticos que condicionam o uso dessa variante. Dentre eles, citam que as

funções sintáticas de sujeito e de objeto direto (26a – b), que o fato de o termo

antecedente ser formado por um SN complexo (26c) e que o uso das orações relativas

interligadas pelo processo de coordenação (26d) favorecem a realização da variante não

padrão resumptiva.

(26) a) E é um percurso dela que é engraçado, porque é uma fulana que ela não, não

consegue ficar muito tempo no mesmo sítio. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2130)

b) Madalena até vem, vem numa oração popular, muito engraçada – ah, já, já

não me lembro – que eu copiei-a para uma filha de uma amiga minha. (RAPOSO et

alii, 2013, p. 2130)

c) A um antigo patrão meu que eu estive quase para lhe dar uma pêra no

focinho. (RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)

d) Porque isso são ordens que eu tenho e que não posso fugir a elas.

(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)

Ao observar os contextos semânticos, Raposo et alii (2013) apontam que o

caráter genérico e indeterminado do termo antecedente condicionam o uso da variante

não padrão (26a – d). Além disso, o termo antecedente que contém

37

um valor real (e não virtual) (...) favorece estratégia de pronome

retoma3, pois esta estratégia nunca é utilizada em sintagmas

nominais com valor virtual, com o verbo da oração relativa no

modo conjuntivo (RAPOSO et alii, 2013, p. 2131).

Os gramáticos observaram que esta variante é muito frequente para a

constituição de sintagmas nominais complexos que são selecionados como argumentos

dos verbos “haver”, “ser” ou “ter”. Além do articulador “que”, é possível encontrar

orações relativas com estratégia de pronome “retoma” introduzidas pelo pronome

relativo “onde” acompanhado pelo advérbio locativo “lá” (27b). O pronome retoma

dessa variante pode ser realizado por “pronomes pessoais, demonstrativos, advérbios

locativos, quantificador pronominal neutro ou mesmo um sintagma nominal completo”

(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132) – (26a – d e 27a – d).

(27) a) Eles tinham umas 200 ou 300 cabeças de gado que ninguém as ia levar nem

ninguém as ia buscar ao pasto.(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)

b) Vimos água no fundo do poço onde lá há instalação eléctrica

também.(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)

c) E depois houve pessoal que foi tudo assim aos bolsos dos casacos.

(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)

d) Fiquei num hotel em Veneza que já metade da empresa ficou naquele hotel.

(RAPOSO et alii, 2013, p. 2132)

Em síntese, as gramáticas portuguesas apontaram que as estratégias de

relativização são encontradas tanto na modalidade oral, quanto na modalidade escrita do

PE. Ressaltam que a variante não padrão cortadora – na fala culta do PE – é mais

frequente do que a variante não padrão resumptiva – constatação semelhante à relativa à

variedade brasileira. Apesar de ser produtiva no falar cotidiano português, as variantes

não padrão também são rejeitadas, ao que tudo indica, pelas normas de prestígio

europeias.

Na seção a seguir, o trabalho revisa os principais resultados de pesquisas

linguísticas sobre as estratégias de relativização no PB.

3 Pronome Retoma é sinônimo de pronome lembrete da oração relativa copiadora. (cf. RAPOSO et alii,

2013).

38

1.4. Estudos linguísticos das estratégias de relativização no PB

Nesta seção, são expostas as principais informações dos estudos linguísticos

sobre o comportamento das estratégias de relativização considerando o PB. Nesse

sentido, deve-se dar destaque aos trabalhos pioneiros de Mollica (1977), em abordagem

sincrônica de dados da fala brasileira, e Tarallo (1983), que desenvolve a observação

dos dados brasileiros em abordagem sincrônica e diacrônica.

Somam-se a esses estudos os trabalhos de Corrêa (1998), que considera tanto a

modalidade falada quanto a escrita, e de Gouvêa (1999), que procura investigar o modo

pelo qual as estruturas relativas são utilizadas no registro culto do português escrito.

Abreu (2013) se ocupa, sobretudo, do processo de aquisição das estratégias de

relativização. Finalmente, Vale (2014) e Pereira (2014) têm a finalidade de observar e

descrever o comportamento das estratégias de relativização na fala maranhense e na fala

fluminense, respectivamente.

O estudo pioneiro sobre as estratégias de relativização desenvolvido por Mollica

(1977) teve a finalidade de observar o comportamento linguístico do pronome lembrete

nas orações relativas usadas por falantes da cidade do Rio de Janeiro. Com base em

dados extraídos de entrevistas de estudantes do projeto Mobral4, sem escolaridade, a

autora investigou as variantes “presença” e “ausência” do pronome lembrete nas

construções relativas em que o articulador desempenhasse as funções sintáticas de

sujeito, objeto não preposicionado – objeto direto – e objeto preposicionado – objeto

oblíquo. Desse modo, o estudo buscou identificar e registrar a realização do pronome

com valor anafórico correferente aos termos relativizados, além de averiguar a

ocorrência e os fatores favorecedores de seu uso.

Foram registradas 1299 orações relativas, dentre as quais 1195 (92%)

apresentaram apagamento da anáfora pronominal correferente. Essa constatação

estatística, apesar de evidenciar a pouca variabilidade do fenômeno, não impediu

Mollica (1977) de observar a presença de orações relativas padrão e copiadora com

função sintática de sujeito e objeto direto e as orações relativas cortadora e copiadora

com função sintática oblíqua:

(28) a) O meninoi que estuda [Ø]i aprende. (MOLLICA, 1977, p.25)

4 Mobral – Movimento brasileiro de alfabetização.

39

b) O meninoi que elei estuda aprende. (MOLLICA, 1977, p.25)

(29) a) O livroi que eu comprei [Ø]i é bom. (MOLLICA, 1977, p.25)

b) O livroi que eu comprei elei é bom. (MOLLICA, 1977, p.25)

(30) a) Os filmesi que gostamos [Ø]i são muitos. (MOLLICA, 1977, p.25)

b) Os filmesi que gostamos delesi são muitos. (MOLLICA, 1977, p.25)

Os períodos acima exemplificam os três grupos de dados linguísticos analisados

por Mollica (1977) formados pelas orações relativas de sujeito, em (28), de objeto não

preposicionado, em (29), e de objeto preposicionado, em (30). Levando em

consideração os grupos de fatores “natureza do referente (traço mais ou menos

humano)”, “grau de determinação (traço mais ou menos específico)”, “traço mais ou

menos coletivo” e “distância do referente”, a autora concluiu que os traços [- humano],

[+ específico] e [+ coletivo] do termo antecedente favorecem a não realização do

pronome lembrete. Outro fator que favorece a anáfora correferencial do termo

relativizado é a estreita proximidade entre o articulador que encabeça a oração relativa e

o termo antecedente.

Em sua tese de doutorado, Tarallo (1983) observa numa perspectiva sincrônica

as estratégias de relativização do PB em corpus da modalidade oral que abrange o

século XX. Trata-se de entrevistas feitas a 40 informantes da cidade de São Paulo entre

os anos de 1981 e 1982, categorizados segundo a idade e a classe social. Foram

entrevistados 20 informantes de classe social baixa, 10 informantes da classe social

média e 10 informantes da classe social alta, tendo metade dos informantes, em cada

classe, idade abaixo de 35 anos e metade, idade acima de 35 anos.

As entrevistas ocorreram de acordo com o grau de formalidade exigido pelo

perfil da interlocução. Assim, as entrevistas com um estilo espontâneo tinham um

caráter informal, com um estilo de intervenção tinham um caráter mais ou menos formal

e as entrevistas que tinham uma finalidade mais elucidativa sobre o assunto em que o

informante estava sendo entrevistado registravam respostas subjetivas com um caráter

mais formal.

Ao analisar as ocorrências da fala, Tarallo (1983) encontrou 1700 dados

linguísticos resultantes da produção dos falantes das três classes sociais. Na classe

social baixa, foram encontrados 984 dados de construções relativas. A classe média

40

produziu 414 construções relativas e a classe social alta produziu 302 construções

relativas. Esses dados estão distribuídos percentualmente na Tabela 1.

Classe

Social

Oração

relativa

Função sintática do articulador

Sujeito Objeto

direto

Objeto

indireto

Função

oblíqua

Genitivo Total

Baixa

Padrão

536

(88.7%)

215

(96.4%)

- 02

(2%)

- 753

(76.5%)

copiadora

68

(11.3%)

08

(3.6%)

12

(25.5%)

14

(13.5%)

07

(100%)

109

(11%)

cortadora

- - 35

(74.5%)

87

(84.5%)

- 122

(12.4%)

Total 604

(61.3%)

223

(22.6%)

47

(4.7%)

103

(10.4%)

07

(1%)

984

(100%)

Média

Padrão

201

(90.1%)

101

(99%)

01

(5%)

4

6.1%)

- 307

(74.1%)

copiadora

22

(9.9%)

01

(1%)

02

(10%)

08

(12.2%)

- 33

(7.9%)

cortadora

- - 17

(85%)

54

(81.7%)

03

(100%)

74

(18%)

Total

223

(53.8%)

102

(24.6%)

20

(4.8%)

66

(15.9%)

03

(0.9%)

414

(100%)

Alta

Padrão

153

(92.7%)

58

(98.3%)

02

(22.2%)

11

(17.7%)

01

(16.7%)

225

(74.7%)

copiadora

12

(7.3%)

01

(1.7%)

02

(22.2%)

02

(13.2%)

02

(33.3%)

19

(6.3%)

cortadora

- - 05

(55.6%)

49

(79.1%)

03

(50%)

57

(19%)

Total 165

(54.8%)

59

(19.6%)

09

(2.9%)

62

(20.5%)

06

(2.2%)

301

(100%) Tabela 1: Resultados percentuais das estratégias de relativização nas 03 classes sociais

controladas por Tarallo (1983).

Em relação à classe social baixa, pode-se observar a ocorrência de 723 (76.5%)

orações relativas padrão, 109 (11%) de orações relativas copiadoras e 122 (12.4%) de

orações relativas cortadoras. É interessante destacar, no que se refere ao grupo da

variante padrão, que, das 753 orações relativas produzidas pela classe social baixa, 751

possuem seu articulador desempenhando função sintática de sujeito e objeto direto. Isto

significa que apenas 02 (02%) orações relativas padrão na classe baixa são de função

oblíqua. Ainda nesta mesma função sintática, atenta-se que 14 (13.5%) e 87 (84.5%)

orações relativas são respectivamente formadas pelas variantes copiadora e cortadora.

41

Quanto às orações relativas com a função de objeto indireto, Tarallo (1983)

identificou 12 (25.5%) ocorrências da variante copiadora e 35 (74.5%) da variante

cortadora. Todos os dados em que o articulador desempenha função sintática de

genitivo – 07 (100%) – são formados pela variante copiadora.

No grupo de dados advindos da classe média, 307 (74.1%) dados são formados

pela variante padrão, 33 (7.9%) pela variante copiadora e 74 (18%) pela variante

cortadora. Das 307 construções relativas da classe social média, 302 são de sujeito e

objeto direto, ou seja, apenas 05 orações relativas padrão são preposicionadas – 04

(6.1%) dados de função oblíqua e 01 (5%) dado de função sintática de objeto indireto –

na classe média. Também foram encontrados 10 casos de orações relativas copiadoras e

71 casos de orações relativas cortadoras com função oblíqua.

No grupo de ocorrências retiradas da amostra da classe social alta, foram

identificados 301 dados, que se distribuem em 225 (74.7%) orações relativas padrão, 19

(6.3%) orações relativas copiadoras e 57 (19%) orações relativas cortadoras. Das 225

construções relativas padrão da classe social alta, 211 possuem o articulador exercendo

função sintática de sujeito e objeto direto e são registradas somente 14 orações relativas

padrão em que o articulador desempenha função oblíqua. Também foram identificados

06 dados de orações relativas copiadoras e 57 dados de orações relativas cortadoras em

que o articulador desempenha função sintática oblíqua.

Esses resultados sugerem o quanto as posições sintáticas oblíquas constituem

construções complexas para serem realizadas na fala e, em contrapartida, o quanto a

oferta das construções relativas de sujeito e objeto direto é generosa. Tarallo (1983)

revela, através de sua análise, que a variante cortadora é bastante produtiva na fala das

três classes sociais paulistas, apesar de o percentual de uso dessa estrutura ir diminuindo

consoante a mudança de classe. É digno de registro também o fato de o estudo ter

registrado diversas ocorrências da variante copiadora, mesmo que seu percentual tenha

sido baixo quando comparado com os percentuais das variantes padrão e cortadora.

Numa perspectiva diacrônica, Tarallo (1983) construiu um corpus de textos

escritos de cartas e peças teatrais do PB entre os séculos XVIII e XIX. Para melhor

manuseio do corpus, Tarallo (1983) dividiu-o de acordo com o período em que cada

texto tinha sido escrito, compondo quatro períodos de tempo denominados. Cada

período abrange um espaço temporal de 50 anos, correspondendo à primeira porção de

tempo – 1ª metade do séc. XVIII – o “período I”, à segunda porção de tempo – 2ª

metade do séc. XVIII – o “período II”, à terceira porção temporal – 1ª metade do séc.

42

XIX – o “período III” e à quarta porção temporal – 2ª metade do séc. XIX – o período

IV.

Após a análise do corpus, Tarallo (1983) identificou um total de 1579 orações

relativas que se distribuíram em 400 dados em cada um dos três primeiros períodos e

379 no “período IV”. O estudo registrou, nos 400 dados da primeira metade do século

XVIII, 383 (95,7%) cláusulas padrão, 16 (04%) cláusulas não-padrão copiadoras e 01

(0,3%) não-padrão cortadora. Na segunda metade do XVIII, registrou, do total de 400

dados, 384 (96%) cláusulas padrão, 12 (03%) não-padrão copiadora e 04 (01%) não-

padrão cortadora.

Nas 400 ocorrências da primeira metade do século XIX, identificou 385 (96%)

cláusulas padrão, 09 (2,6%) não-padrão copiadora e 06 (1,5%) não-padrão cortadora.

Das 379 ocorrências da segunda metade do XIX, identificou 254 (67,1%) cláusulas

padrão, 19 (05%) não-padrão copiadora e 106 (27,9%) não padrão cortadora. É

interessante ressaltar que esses resultados revelam o avanço ao longo do tempo da regra

variável das estratégias de relativização na escrita do PB e, com isso, o trabalho

inaugural de Tarallo (1983) deu início a inúmeras pesquisas sobre o fenômeno. Pode-se

citar, por exemplo, o trabalho de Corrêa (1998).

Fundamentando-se em Tarallo (1983) para a construção de sua tese de

doutorado, Vilma Reche Corrêa (1998) observa o comportamento das estratégias de

relativização nas modalidades oral e escrita do português brasileiro. Descreve e analisa

que fatores linguísticos e extralinguísticos condicionam ou restringem o processo de

aquisição das variantes linguísticas padrão e não padrão – cortadora e copiadora – de

escolares do primeiro e segundo graus e de universitários. Nesta seção, serão

apresentados os resultados dos corpora escritos do PB.

Os corpora escritos da pesquisa foram compostos por (i) 95 narrativas – 50

textos da modalidade oral e 45 da modalidade escrita – feitas por falantes não

escolarizados, por alunos do 1º grau (atual Ensino Fundamental) e universitários; (ii) 90

exercícios aplicados aos alunos do 2ª grau (atual Ensino Médio). O primeiro corpus

subdivide-se em 05 narrativas – todas da modalidade oral – feitas por 05 falantes não

escolarizados, 80 narrativas – 40 textos da modalidade oral e 40 da modalidade escrita –

feitas por escolares do chamado primeiro grau (1ª à 8ª série) da rede pública de ensino

paulista, e 10 narrativas – 05 textos da modalidade oral e 05 textos da modalidade

escrita – por 05 universitários.

43

O segundo corpus é composto por um conjunto de exercícios que abordam o

estudo das orações subordinadas adjetivas – orações relativas – aplicados após uma aula

explanatória sobre o tema para alunos do 2ª grau (1ª ao 3ª ano do ensino médio) de uma

escola privada de São Paulo. Dentre suas hipóteses, a autora considerou que a variante

padrão seria aprendida durante o processo de escolarização, uma vez que a pressão

normativa escolar orienta o ensino a privilegiar o estudo da variedade considerada

padrão. Outra hipótese averiguada pela pesquisadora seria que as estratégias de

relativização não pertenceriam a uma mesma gramática – gramática periférica (cf.

KATO, 2005) –, já que as variantes não padrão são adquiridas naturalmente durante o

processo de aquisição – variantes vernaculares – e, ao longo da educação formal, a

capacidade linguística do falante expande-se através do aprendizado da variante padrão.

Nas narrativas da modalidade escrita, foi encontrado um total de 147 dados

linguísticos, em que 15 (10%) orações relativas cortadoras foram produzidas apenas

pelos escolares do 1ª grau e 5 (17%) das orações relativas preposicionadas da variante

padrão foram somente produzidas pelos universitários. Não houve qualquer ocorrência

de orações relativas da variante copiadora. 125 (85%) dos dados são orações relativas

com o articulador desempenhando a função sintática de sujeito e objeto direto e foram

produzidas tanto pelos escolares, quanto pelos universitários. Os fatores que mais

influenciaram a variação nesta modalidade foram a “função sintática do articulador” e a

“animacidade do termo antecedente”.

No segundo corpus – exercícios aplicados a alunos do 2ª grau –, houve um total

de 126 dados de orações relativas preposicionadas em que os fatores que mais

influenciaram a variação do fenômeno foram “tipo de pronome relativo”, “função

sintática do articulador” e “a diferença por série no 2º grau”. Quanto ao primeiro fator,

identificaram-se 70 orações relativas da variante padrão, em que 08 (11%) eram

encabeçadas pelo pronome relativo “que”, 06 (9%) pelo pronome relativo ”o qual” e 56

(80%) pelo pronome relativo “quem”; já as 56 orações relativas restantes são da

variante não padrão cortadora e são encabeçadas pelo articulador “que”. Não ocorreu

nenhum caso de oração relativa copiadora.

Quanto ao segundo grupo de fatores, função sintática do articulador, a

pesquisadora teve de excluir metade dos dados (63 dados), pois os percentuais das

funções sintáticas do articulador registravam valores categóricos, não manifestando

variação. Dos 63 dados restantes, 46 orações relativas preposicionadas tinham o

articulador desempenhando a função sintática de objeto indireto, sendo 07 (13%) da

44

variante não padrão cortadora e 39 (87%) da variante padrão. As 17 orações restantes

tinham seu articulador desempenhando a função sintática de genitivo, sendo 01 (06%)

da variante padrão e 16 (94%) da variante vernacular cortadora.

Assim como aconteceu com a variável função sintática do articulador, Corrêa

(1998) apenas aproveitou 63 dados para serem analisados em relação ao terceiro grupo.

A diferença por série no 2º grau é analisada por meio da distinção entre fase inicial –

dados produzidos pelos alunos do 1º ano do ensino médio – e fase final – dados

produzidos por alunos do 3º ano do ensino médio. Na fase inicial, foram encontrados 54

dados de orações relativas preposicionadas dos quais 04 (7%) são da variante padrão e

50 (93%) são da variante vernacular cortadora. Na fase final, das 09 orações relativas

preposicionadas, 04 (44%) são da variante padrão e 05 (56%) da variante vernacular

cortadora.

De forma geral, a investigadora conclui que suas hipóteses se confirmam, pois

os resultados apontam que as variantes vernaculares das estratégias de relativização são

as variantes cortadora e copiadora e a variante aprendida via escola é a padrão. Também

conclui que há uma pressão normativa escolar que estimula a estigmatização da variante

vernacular copiadora, uma vez que essa estratégia aparece raramente nos dados

analisados. Conclui que os fatores mais relevantes para influenciar a variação do

fenômeno são “função sintática do articulador” e “grau de escolaridade”, uma vez que o

falante – por ter acesso aos conhecimentos linguísticos via educação formal – tem

maiores chances de expandir seus conhecimentos linguísticos e aprender a forma

alternante daquela que já possui internalizada.

Como já mencionado, Corrêa (1998) também faz um estudo acerca das

estratégias de relativização na fala do PB. Os corpora da pesquisa foram compostos por

95 narrativas – 50 textos da modalidade oral e 45 da modalidade escrita – feitas por

falantes não escolarizados, por alunos do 1º grau (atual Ensino Fundamental) e

universitários. Dos 50 textos orais, 05 narrativas foram feitas por 05 falantes não

escolarizados, 40 por escolares do chamado primeiro grau (1ª à 8ª série) da rede pública

de ensino paulista e 05 por 05 universitários.

A autora também observou o comportamento variável do fenômeno na fala

espontânea de informantes cultos das cinco capitais brasileiras contempladas pelo

Projeto NURC – Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre – numa

tentativa de averiguar – dentre os demais fatores – se região, faixa etária, grau de

45

formalidade, sexo e tipo de profissão do informante são variáveis relevantes para o

condicionamento das variantes em estudo.

Através do “casamento” dos pressupostos da Teoria da variação e mudança e da

Teoria dos princípios e parâmetros, Corrêa (1998) investigou uma série de hipóteses

relativas à aquisição das variantes não padrão cortadora e copiadora via fixação de

parâmetro no português brasileiro falado. Por meio da análise dos dados retirados dos

corpora descritos, a autora buscou testar suas hipóteses.

Em seus resultados gerais relativos ao primeiro corpus – as narrativas feitas da

modalidade oral por falantes não escolarizados, escolares do 1º grau e universitários –,

encontraram-se 90 dados linguísticos, que se distribuem em 15 (17%) orações relativas

preposicionadas da variante cortadora, 01 (01%) da variante copiadora e 03 (03%) da

variante padrão, além de 71 (79%) orações com o pronome relativo desempenhando as

funções sintáticas de sujeito e objeto direto.

Esses dados revelaram um alto percentual da variante vernacular cortadora e

baixa presença da variante copiadora entre os informantes não escolarizados e do 1ª

grau. Não houve qualquer ocorrência das variantes vernaculares entre os universitários,

havendo apenas ocorrências da variante padrão nesse caso. Os fatores mais relevantes

para o condicionamento do comportamento variável do fenômeno foram “função

sintática do articulador” e “grau de escolaridade do falante”.

No segundo corpus – dados de fala espontânea retirados do projeto NURC –,

observou-se a ocorrência de 123 dados de orações relativas produzidos nas 5 capitais

brasileiras, dentre os quais 43 (35%) são da variante padrão e 80 (65%) são da variante

vernacular cortadora. Não houve ocorrência da variante vernacular copiadora. Corrêa

(1998) comprovou que, nesse corpus, os fatores condicionadores da variação são a

“função sintática do articulador” e a “origem geográfica do entrevistado”. Tendo uma

perspectiva geral desse resultado em vista da frequência de uso da variante padrão nas

regiões, Corrêa (1998) constata que Recife tende a usar mais a variante padrão (69%),

sendo seguida por São Paulo (38%), Salvador (36%), Porto Alegre (28%) e Rio de

Janeiro (6%).

Em seu artigo publicado na ASSEL, Gouvêa (1999) apresenta os resultados dos

estudos acerca das estruturas relativas empregadas na escrita culta jornalística do PB.

Ela analisa três gêneros textuais jornalísticos: o editorial, o artigo de opinião e a crônica.

A partir desses resultados, faz uma comparação das construções ocorrentes na língua

46

escrita em funcionamento com aquelas apresentadas pela norma gramatical e em

manuais didáticos, a fim de formular um novo quadro dos “morfemas relativos” que

atuam na escrita culta padrão jornalística.

Ao analisar os editoriais, Gouvêa (1999) observa que “os morfemas relativos”

mais utilizados são que – 85,5%; onde – 4,6%; o qual – 3,9%; cujo – 3,9%, o que –

1,3%; quando - 0,6%. Nos artigos de opinião, “o morfema relativo” mais frequente é

que (87,4%), seguido por o que (4,7%), onde (2,9%), cujo (2,3%), quando (1,1%), o

qual e quem (0,5% cada). No que diz respeito aos “morfemas relativos” nas crônicas, o

que continua apresentando uma frequência maior (94,8%). O morfema o que, introdutor

das apositivas de frase, aparece em segundo lugar (3%); o qual e onde, em terceiro (1%

cada um).

Gouvêa (1999) faz um estudo comparativo dos “morfemas relativos” tratados

pela gramática tradicional e por gramáticas pedagógicas com os resultados de sua

pesquisa. Constata que está surgindo um novo quadro dos “morfemas relativos” na

escrita culta do PB. Antes de aprofundar sua análise, faz uma recapitulação do

tratamento metodológico feito nos dados, quando retoma a classificação dos “morfemas

relativos” como variáveis – o qual e cujo – e como invariáveis – que, quem, o que,

onde, quando e (como). Sendo assim, observa que no grupo de morfemas relativos

variáveis o morfema quanto não é mais usado, pois afirma que está em franco desuso,

uma vez que não ocorreu em seus dados. Apesar disso, salienta que não se exclui a

possibilidade de ainda ocorrer nos dias atuais. Quanto ao grupo de “morfemas

invariáveis”, destaca

que o relativo onde, além de expressar o valor tradicional de

lugar, teve seu uso expandido ao veicular os valores de lugar

virtual e de tempo. O morfema quando é utilizado no lugar de em

que, também expressando tempo, o que significa que,

hodiernamente, três morfemas concorrem para a indicação de

tempo: em que, quando e onde. O sintagma o que substitui o

relativo que precedido do pronome demonstrativo o, nas orações

apositivas de frase. (GOUVÊA, 1999)

Finalmente, refere-se ao “morfema relativo” como, explicando que, mesmo que

não tenha sido realizado em seu corpus, foi incluído no quadro dos relativos, porque a

47

sua frequência de uso é alta em outros corpora, seu emprego é reconhecido e

sistematizado nas gramáticas pedagógicas e “o fato de não ter ocorrido no corpus não

quer dizer que não seja utilizado; pode não ter aparecido porque as condições não

surgiram (v.g., antecedentes como as palavras modo, maneira, forma)” (GOUVÊA,

1999).

Assim, pode-se recapitular que o trabalho inaugural de Tarallo (1983) evidencia

um panorama evolutivo do uso da variante não padrão cortadora ao decorrer dos séculos

XVIII e XIX. O estudo mostra que, apesar de ter diminuído seu percentual de

frequência, a estratégia de relativização ainda é a mais usada e que a estratégia de

relativização copiadora sempre ocorreu em baixos percentuais de frequência. Corrêa

(1998), estudando o processo de aquisição das estratégias de relativização via escola na

modalidade escrita do PB, conseguiu confirmar suas hipóteses de que são as variantes

não padrão cortadora e copiadora as formas linguísticas vernaculares do falante

brasileiro e que a variante padrão é aprendida via ensino formal escolar. Gouvêa (1999),

ao tratar das estruturas relativas na escrita culta jornalística do PB, além de apresentar a

frequência de uso dos pronomes relativos (com preferência absoluta pelo que), concluiu

que o quadro pronominal relativo da escrita do PB passou por algumas mudanças,

dentre as quais se destacam: não há mais as orações relativas introduzidas por morfema

relativo “quanto”; o “onde” pode introduzir orações relativas que possuam termos

antecedentes que contenham traços semânticos de “lugar virtual” e “tempo”; verifica-se

o uso inovador do advérbio “quando” introduzindo orações relativas em que o termo

antecedente contenha um traço semântico de tempo.

Em sua dissertação de mestrado, Abreu (2013) visa a observar o processo de

aquisição das orações relativas na fala carioca de adultos e crianças. Ao constatar que

esse processo não é uniforme, a autora demonstra que a distribuição das orações

relativas no input da comunidade de fala reflete uma etapa específica de mudança

linguística, sinalizada por Tarallo (1983). A dissertação também possui a finalidade de

averiguar a frequência de uso das variantes linguísticas na fala infantil, em relação à

verificada na fala dos adultos, ao realizarem as construções relativas.

Para cumprir tais objetivos, Abreu (2013) verificou o comportamento das

variantes padrão e não padrão cortadora e copiadora em dados de fala espontânea e de

fala controlada. Os corpora utilizados para observação e análise do fenômeno

48

linguístico foram as amostras de fala espontânea de crianças AQUIVAR/PEUL/UFRJ e

de adultos da Amostra CENSO 2000, além de uma amostra de fala controlada

constituída a partir de testes de repetição de dados linguísticos por crianças cursando a

pré-escola e cursando o primeiro ano da escolarização.

Através do casamento teórico da Sociolinguística Variacionista com os Modelos

baseados no Uso, Abreu (2013) determinou como variáveis independentes o “tipo de

variante linguística” – ou seja, se a oração relativa é formada pela estratégia padrão ou

por uma das estratégias não padrão – e “local de extração ou locus sintático” – isto é, a

função sintática desempenhada pelo articulador da oração relativa – para analisar os

dados linguísticos dos corpora de fala espontânea de adultos e infantil. Também

determinou como variáveis independentes, além da “variante” e “locus sintático”, a

idade da criança na análise dos dados linguísticos do corpus de fala controlada.

Dessa forma, propôs como hipóteses que as construções relativas realizadas

pelas crianças seriam as mesmas, em termo de variante e local de extração, daquelas

realizadas pelos adultos, por causa da influência da frequência de cada variante e a

similaridade estrutural das relativas no input, e que a postura linguística das crianças

durante a aplicação do teste de repetição espelharia a distribuição do input em função da

frequência de variantes e a direcionalidade da mudança linguística.

Nos dados linguísticos levantados da fala espontânea dos adultos, Abreu (2013)

identificou que – em relação à variável local de extração – as orações relativas mais

frequentes são aquelas com o locus sintático de sujeito seguidas das orações com locus

sintático de objeto direto, sendo as demais posições minimamente realizadas. Pôde-se

notar que as orações relativas não preposicionadas corresponderam a uma realização de

73%, enquanto as preposicionadas tiveram uma frequência total de 26%. Quanto à

variável tipo de variante, os resultados revelaram que as orações relativas mais básicas

são de sujeito e de objeto direto, sendo seguidas pelas de predicativo do sujeito, as quais

se realizam pela estratégia padrão majoritariamente.

Agrupando as orações relativas de sujeito, objeto direto e predicativo do sujeito

como orações relativas não preposicionadas, pode-se observar que 1366/1882 dados de

oração relativa são estruturados pela estratégia padrão contra 15/1882 dados são

formados pela estratégia não padrão copiadora. Isso evidenciaria que a variante

copiadora é, além de estigmatizada (cf. MOLLICA, 1977), restrita a contextos de uso

em que o termo antecedente seja ambíguo, distante ou necessite ser retomado.

49

Também se pode constatar que, no total de dados, as orações relativas não

preposicionadas foram produzidas em maior número – 1381 –, sendo mais uma vez

comprovado que estas são as estruturas relativas básicas da gramática internalizada.

No que se refere às orações relativas preposicionadas, as ocorrências da variante

padrão somam um total de 106/1882 orações, destacando-se as relativas de função de

adjunto adverbial com 58% dos dados sendo encabeçado pelo pronome relativo “onde”,

contra 42% dos dados da variante com a preposição realizada. O maior número de

orações foi produzido pela estratégia cortadora – total de 390 dados – concentrando-se

na função de adjunto adverbial – 274/390 (70%) – seguida de objeto indireto – 109/390

(27%) – genitivo, complemento nominal e adjunto adnominal – 07/390 (03%). Esse

resultado evidencia que as relativas cortadoras são muito produtivas e representam a

maior frequência de uso no local de extração preposicionado. Foram encontradas ao

todo apenas 5 orações relativas preposicionadas construídas pela estratégia copiadora.

Na fala espontânea das crianças, Abreu (2013) identificou pouquíssimos dados,

tendo sido encontradas apenas 24 orações relativas. Das 23 crianças entrevistadas, 08

crianças entre 1 ano e 11 meses a 2 anos e 11 meses produziram duas orações (Faixa

etária 01), 07 crianças entre 3 a 4 anos de idade produziram cinco orações (Faixa etária

02) e 8 crianças entre 4 anos e 1 mês a 5 anos e 1 mês produziram dezessete orações

(Faixa etária 03). Tal resultado demonstra que o processo de aquisição das orações

relativas é diretamente ligado às experiências sociointeracionais e que as já adquiridas

servem de base para aquisição das demais estruturas relativas. Portanto, “as orações

relativas vão sendo adquiridas pelas crianças por um processo gradual de expansão em

que novas estruturas vão passando a incorporar o repertório gramatical da criança a

partir de sua experiência” (ABREU, 2013, p.89).

Vale a pena ressaltar que, ao analisar a variável local de extração, Abreu (2013)

identificou que, na Faixa etária 01, os dados são uma oração de sujeito e uma oração de

objeto direto; na Faixa etária 02, os dados são três relativas de objeto direto e duas

relativas de objeto indireto; e na Faixa etária 03, os dados são compostos por seis

relativas de sujeito, e sete de adjunto adverbial. Logo, as crianças com mais idade são

capazes de produzir orações relativas mais complexas do que as crianças com menos

idade.

Em relação à variável independente “tipo de variante”, há uma alta frequência de

realização da estratégia padrão, porque há uma alta frequência de realização de orações

com locais de extração não preposicionados. É interessante ressaltar que não foram

50

encontradas orações preposicionadas da variante padrão no corpus e apenas foi

encontrado um dado de variante copiadora com local de extração de sujeito. Segundo

Abreu (2013), esse resultado reflete que a mudança do PB em relação às estratégias de

relativização detectado por Tarallo (1983) já se consolidou, pois não são mais

encontradas na fala espontânea das crianças as relativas padrão preposicionadas. “Isto

também é uma forte evidência de que o input exerce grande influência sobre a

aquisição, já que na fala dos adultos esta variante também não é frequente” (ABREU,

2013, p. 93).

Nos dados linguísticos levantados da fala controlada das crianças pelos testes de

repetição das orações relativas, Abreu (2013) reagrupou os dados obtidos em três níveis

em relação ao grau de acuracidade da criança ao produzir a oração relativa: “Erro”

(nível zero), “Variação/acerto linguístico” (nível 01) e “Acerto total” (nível 02). “A

acuracidade da repetição foi então checada em relação ao local de extração, tipo de

variante e idade” (ABREU, 2013, p. 98) e as orações relativas foram agrupadas em

preposicionadas e não preposicionadas.

Ao analisar o nível de acerto por variante, idade e local de extração, Abreu

(2013) comprovou que as relativas mais frequentes com total acuracidade, não

importando a idade, são as não preposicionadas de sujeito e objeto direto em sua forma

básica. Quanto às relativas preposicionadas, as orações com local de extração de objeto

indireto, adjunto adverbial e genitivo apresentam alto nível de acuracidade concentrado

na variante cortadora. Tal resultado aponta que o desempenho das crianças no teste

retrata a influência do contato interacional com a comunidade de fala, posto que “a

variante mais básica, para as posições não preposicionadas, e variante cortadora, para as

posições preposicionadas, são as mais usadas e mais produtivas dentre todas as relativas

no input” (ABREU, 2013, p. 111). A análise confirma a hipótese de que as construções

relativas mais recorrentes seriam as mais repetidas com total acuracidade pelas crianças.

Outro resultado importante da dissertação foi a constatação de que a variante

padrão em funções oblíquas constitui a última estrutura a ser adquirida pela criança

durante o processo de aquisição. Isto porque o input dessa variante, além de ser pouco

produzido pela comunidade de fala, está sendo substituído pelo input das variantes

competidoras. A variante padrão, portanto, é apenas adquirida via letramento e

escolarização. Abreu conclui que

51

a relativa padrão se mostra infrequente em posição preposicionada na

fala de crianças, já que, nestas funções, os participantes encontraram

maior dificuldade na repetição destas orações, transformados em níveis

mais baixos de acuracidade, observados através das quantidades de erros

e substituição por outra variante (ABREU, 2013, p. 111).

Em sua tese de doutorado, Vale (2014) tem o objetivo de descrever as estratégias

de relativização no português falado por adultos com mais de 60 anos, no Maranhão, a

partir de contextos linguísticos e sociais testados em outros estudos, e identificar, sob a

perspectiva sociolinguística, que fatores influenciam a produção das três estratégias.

A análise foi fundamentada na Teoria da Variação e Mudança Linguística

(WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 1972), associada a

pressupostos funcionalistas e formalistas, advindos das pesquisas já realizadas e por ela

utilizadas como pontos de partida. O tratamento quantitativo nos moldes labovianos foi

feito com a codificação e o processamento dos dados através do Programa Varbrul

(Pintzuk, 1988).

Na amostra Memórias de velhos, foram atestadas 2.287 ocorrências de relativas,

distribuídas, segundo o grau de letramento dos falantes: 1.403 dados (61,4%) na fala de

indivíduos com baixo nível de letramento e 884 (38,6%) na de indivíduos com nível

mais alto de letramento.

A partir desses dados gerais, Vale (2014), analisando o comportamento variável

das estratégias de relativização no grupo das preposicionadas, identifica, na fala dos [+

letrados], 65% (90/138) dos dados da variante padrão, 6% (8/138) dos dados da variante

não padrão copiadora e 29% (40/138) da variante não padrão cortadora. Ela justifica

esses percentuais em função da natureza do corpus, que é formado por informantes de

mais de 60 anos e, por isso, acredita que a expansão do corpus para as faixas etárias

mais jovens poderá acarretar a modificação dos resultados.

Dos 250 dados retirados da amostra do [- letrado], foram identificados 03 (1%)

dados da variante padrão, 11 (4.5%) da variante copiadora e 236 (94.5%) da variante

cortadora. Nota-se que a variante padrão possui um percentual mais alto na amostra [+

letrado] do que na amostra [- letrado], enquanto a variante cortadora é o inverso, pois na

amostra [+ letrado] possui um percentual mais baixo do que na amostra [- letrado]. A

variante copiadora possui um percentual de ocorrência baixo nas duas amostras, quando

se compara seu resultado com os das demais variantes. Cotejando os resultados

52

percentuais da variante em relação às diferentes amostras, pode-se perceber que há uma

queda de produção na amostra [- letrado].

Em seu trabalho de iniciação científica – estratégias de relativização na fala

brasileira: uma perspectiva sociolinguística – apresentado na XXXVI Jornada Giulio

Massarani de Iniciação Científica, Talita S. Pereira (2014) tem o objetivo de descrever o

uso das estratégias de relativização, a fim de traçar um quadro sobre a frequência das

variantes padrão e não padrão cortadora e copiadora na fala fluminense. Além disso,

tem a finalidade de examinar os condicionamentos tanto linguísticos como

extralinguísticos que favorecem a produção de tais estratégias. Utilizando o corpus

Concordância5, identificou, recolheu e codificou os dados linguísticos, tratando-os

quantitativamente no programa computacional Goldvarb X.

Inicialmente, a autora hipotetiza que a estratégia relativa cortadora seja a

variante preferencial na fala fluminense e que a variante não padrão copiadora estaria

restrita a contextos específicos, possivelmente vinculados a pouco acesso à

escolaridade. Utilizou como pressupostos a Teoria de variação e mudança

(WEINREICH, LABOV, HERZOG, 1968; LABOV, 1972, 2003), os estudos

linguísticos sobre o fenômeno em questão (MOLLICA, 1977; TARALLO, 1983;

CORRÊA, 2001; ABREU, 2013) e os estudos gramaticais descritivos (MATEUS et alii,

2003 e RAPOSO et alii, 2013). Por fim, analisou os dados com base no controle das

variáveis independentes expostos na Tabela 02.

VARIÁVEIS INDEPENDENTES

LINGUÍSTICAS

Natureza semântica do termo relativizado

Função sintática do relativizador

Distância entre o relativizador e o termo relativizado

Tipo de preposição

EXTRALINGUÍSTICAS

Região

Idade

Sexo

Grau de Escolaridade

Tabela 2. Variáveis independentes controladas na pesquisa de Pereira (2014)

O trabalho de Pereira (2014) apenas analisa o grupo das orações relativas

preposicionadas, pois permite – como já mencionado – observar a ocorrência das três

variantes em análise – variante padrão e as variantes não padrão cortadora e copiadora.

5 O corpus Concordância é formado por entrevistas a falantes fluminenses de Copacabana e Nova Iguaçu

– RJ. As entrevistas foram divididas em 03 Faixas etárias, 03 níveis de escolaridade e por gênero/sexo. A primeira divisão contempla as faixas etárias de 18 a 35 anos – faixa A –, de 36 a 55 anos – faixa B –, e 56 a 77 anos – faixa C. A segunda divisão é formada pelo nível I – Ensino fundamental –, nível II – Ensino Médio –, e nível III – Ensino Superior. O gênero refere-se ao sexo feminino e masculino do informante.

53

Em dados gerais, foram encontrados 134 casos de orações relativas preposicionadas, em

que 127 (94.5%) são de orações relativas não padrão cortadora e 07 (5.3%) são de

orações relativas padrão. Não houve ocorrência de orações relativas não padrão

copiadora.

GRUPO DE ORAÇÕES RELATIVAS PREPOSICIONADAS

DADOS %

O. R. PADRÃO 07 5.3%

O. R. CORTADORA 127 94.7%

TOTAL 134 100%

Tabela 3. Total de orações relativas preposicionadas x variantes linguísticas no estudo

de Pereira (2014)

Pereira (2014) identifica, dentre os casos de orações relativas cortadoras, alguns

dados que constituiriam expressões cristalizadas. Estas seriam as expressões de tempo

(hora que/ época que/ dia que), bastante comuns na fala brasileira.

Em (31a – b), apresentam-se alguns exemplos da variante padrão (31a) e não

padrão cortadora (31b) retirados no corpus estudado em Pereira (2014).

(31) a) a política aqui ... eu não vejo assim um candidato em que eu possa confiar ...

não tem um candidato a prefeito que eu possa dizer assim ... “ah ... esse eu votaria“...

mas tem que votar ... né ? ... a gente é obrigado. (PEREIRA, 2014)

b) agora eu não sei como é que ele fala né porque ... tenho ouvido muito pouco

mas tem hora que me dá vontade de dar um TIro na televi[sã:o ... (PEREIRA, 2014)

A fim de observar os dados da fala culta fluminense, apresenta-se a Tabela 4,

que distribui os 134 dados nos três graus de escolaridade em que o corpus está dividido:

fundamental, médio e superior. O nível que corresponde ao que se costuma conceber

como representativo da fala culta fluminense é o referente ao grau de escolaridade

superior.

54

GRAU DE

ESCOLARIDADE

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

FUNDAMENTAL 03 6.4% 44 93.6% 47 35.1%

MÉDIO 02 4.3% 45 95.8% 47 35.1%

SUPERIOR 02 5% 38 95% 40 29.9%

TOTAL 07 5.3% 127 94.7% 134 100%

Tabela 4. Orações Relativas Preposicionadas x Grau de Escolaridade segundo o estudo

de Pereira (2014)

Pode-se perceber que, dos 134 dados, 40 (29.9%) representam a fala culta

fluminense. Dentre esses dados, 38 (95%) são da variante não padrão cortadora e apenas

02 (5%) são da variante padrão. Nota-se que o número de ocorrências da variante não

padrão cortadora (ex. 32) é muito superior ao da variante padrão (ex. 33).

(32) no dia que eu me formei veio um namorado que eu tinha português que eu tinha

dito que só ia resolver a minha vida quando eu me formasse... (PEREIRA, 2014).

(33) você ficar muito tempo... ahn numa situação em que você precise pensar

ponderar e falar depois de um certo tempo você se habitua a fazer isso pensando e

refletindo pouco. (PEREIRA, 2014).

Assim, Pereira (2014) considera o comportamento das estratégias de

relativização na fala fluminense semicategórico, segundo Labov (2003), pois apresenta

um percentual de 94.7% de dados da variante não padrão cortadora e 5.3% da variante

padrão. Os resultados ficam, portanto, no limiar entre uma regra variável e uma regra

semicategórica na proposta laboviana. Verificando também a natureza qualitativa dos

dados, a autora estabelece o estatuto semicategórico da regra. A relativa cortadora é

praticamente a única produzida pelos falantes fluminenses, comprovando a hipótese

proposta por ela. As estruturas que formam expressões de tempo (hora que/ época que/

dia que), compreendidas, nesse estudo, como formas cristalizadas, constituem a maioria

dos dados.

Ademais, quanto às demais variantes, Pereira (2014) ressalta que não foram

encontrados casos da variante não padrão copiadora. As relativas padrão encontradas no

corpus também são quantitativa e qualitativamente muito restritas. Estruturalmente,

ocorrem com poucas formas verbais que selecionam complementos relativos e, ainda,

contêm algumas expressões cristalizadas, como ter do que/ nada do que. Em termos

55

extralinguísticos, no que se refere à idade dos falantes, ocorrem, em sua maioria, na fala

dos mais idosos, o que pode sugerir o crescente desuso dessa variante no eixo temporal.

56

2. O TRATAMENTO VARIACIONISTA DA REGRA VARIÁVEL

Este capítulo tem o objetivo de expor os pressupostos teóricos da Teoria da

variação e mudança laboviana – seção 2.1. – e a descrição da metodologia desenvolvida

pela pesquisa – seção 2.2.

2.1. Fundamentos para o tratamento da regra variável das estratégias de

relativização

Sendo uma das principais bases epistemológicas da Teoria da Variação e Mudança, a

noção de heterogeneidade ordenada do sistema comunicativo é diretamente relacionada à

inerente tendência da mutação das propriedades linguísticas e dos vínculos sociointeracionais

estabelecidos pelas comunidades de fala. Considerar essa noção como fundamento que subjaz à

Teoria da Variação e Mudança é afirmar que esse aporte tem como principal finalidade o estudo

da variação das estruturas linguísticas, identificando e retratando os fatores linguísticos e

extralinguísticos que estabelecem a organização das formas linguísticas, de modo que o

conteúdo seja compreendido em suas diversas possibilidades de realização.

A noção de mudança do sistema linguístico – intimamente relacionado à da

variação – é outro pilar epistemológico da Teoria da Variação e Mudança. Dessa forma,

as pesquisas variacionistas buscam identificar o funcionamento do natural processo de

mudança da língua, investigando qual o período de tempo em que se iniciou o processo,

passando pelos períodos em que se verifica variação através da competição das formas

alternantes, chegando ou não à estabilização do processo, quando se observa a variação

estável entre as formas alternantes, ou a uma mudança linguística, em que uma dessas

formas se sobrepõe à outra. Configura-se, assim, como finalidade da Teoria da Variação

e Mudança investigar quais são os fatores que incitam o começo, o desenvolvimento

progressivo e/ou regressivo e a finalização do processo de mudança de um fenômeno

linguístico.

Os processos de variação e mudança linguísticas são refletidos nos usos

linguísticos das comunidades de fala. Desse modo, pode-se entender comunidade de

fala, de acordo com a perspectiva teórica em estudo, como um conjunto de indivíduos

que compartilham características linguísticas e sociointeracionais que as diferenciam

dos demais grupos; os membros de grupo interagem tanto socialmente, como

57

linguisticamente e, portanto, vivenciam normas e atitudes comuns ao concretizarem o

uso da linguagem (cf. WEINREICH, LABOV & HERZOG, 1968; LABOV, 1972).

Por se expressarem por meio do uso das formas linguísticas, as comunidades de

fala constituem objeto de interesse da teoria, pois são seus membros que evidenciam as

propriedades estruturais e sociais que regulam o uso das formas alternantes em

competição nos diversos contextos comunicativos. Tal fato permite que o pesquisador

investigue o comportamento linguístico das formas alternantes, identificando o

funcionamento da variação das formas em uso, como também os possíveis estágios de

mudança em que essas formas estiveram, estão e estarão em longo prazo.

Ao analisar o comportamento linguístico de formas alternantes, a

Sociolinguística Variacionista concebe que a variação linguística é uma propriedade

sistemática e estruturalmente organizada, de modo que não existe um “caos linguístico”.

Antes, a depreensão, análise e identificação do funcionamento do sistema variável são

passíveis de serem retratadas. Essas concepções delineiam a definição de língua, que –

segundo a Teoria da Variação e Mudança – contém um conjunto de regras variáveis

condicionadas por fatores internos e externos a ele. Assim, a língua constitui um sistema

formado por regras condicionadas por fatores estruturais e sociointeracionais,

relacionados tanto ao indivíduo, quanto à comunidade de fala.

As formas alternantes em variação, segundo o modelo teórico em estudo,

denominam-se variantes linguísticas e, dessa maneira, podem ser compreendidas como

as possibilidades de transmitir o conteúdo linguístico em um determinado contexto

comunicativo com o mesmo valor de verdade. Um grupo de variantes linguísticas é

denominado variável linguística, a qual, por ser concebida como uma regra variável

cujo comportamento depende de outros fatores, que atuam independentemente com

efeitos previsíveis no conjunto das interinfluências, é identificada como variável

dependente, como propõe o tratamento herdado da área da Estatística6. Trata-se das

formas alternantes que estão em competição e caracterizam o fenômeno linguístico em

estudo. Os grupos de fatores que podem atuar em relação ao comportamento da regra

variável são identificados, portanto, como variáveis independentes. Estas são as

condições linguísticas e extralinguísticas que serão averiguadas ao longo do processo de

estudo para se identificar e registrar quais são favorecedoras ou não de cada variante.

6 Para a medição do efeito dos grupos de fatores independentes sobre o comportamento da variável

dependente, os estudos variacionistas valem-se do pacote de programas Goldvarb-X, conforme se descreve na seção referente à metodologia.

58

Após a explanação sobre os pressupostos básicos da Teoria da Variação e

Mudança, pode-se constatar que um estudo variacionista objetiva retratar

estatisticamente um fenômeno variável por meio da identificação, análise crítica e

sistematização das propriedades linguísticas e extralinguísticas que norteiam o

comportamento dos usos das variantes linguísticas pelos membros de uma comunidade

de fala. Dessa forma, a pesquisa variacionista investiga a influência de cada propriedade

linguística e extralinguística do sistema, a fim de determinar qual propriedade tem uma

interferência mais ou menos direta na seleção e concretização de uma ou outra variante

pelo falante. Por fim, a análise variacionista procura estabelecer a relação entre o

processo de variação que se observa no sistema linguístico em um específico período

temporal – análise variacionista sincrônica – com os processos de mudança que

ocorrem na estrutura linguística do sistema com o passar do tempo – análise

variacionista diacrônica.

Partindo da análise das variáveis independentes, pode-se definir o quadro da

variação do fenômeno linguístico estudado em uma comunidade de fala como variação

estável ou como mudança em progresso. Naquele caso, os resultados da análise

evidenciam que o quadro da variação tende a se manter, uma vez que se diagnostica

apenas uma tendência favorecedora de uma variante em relação à outra sob

determinadas condições. No caso da mudança em progresso, os resultados da análise

sinalizam que o uso de uma variante deve se generalizar em todos os contextos

sociocomunicativos da comunidade de fala, enquanto a outra variante tende a cair em

desuso.

Sendo assim, pode-se observar um processo de mudança linguística

desencadeada a partir da variação de um fenômeno em um curto período de tempo de

uma comunidade de fala ou ao longo de vários períodos. Desse modo, uma pesquisa

variacionista pode ser realizada em tempo real – estudo que investiga diacronicamente

os fatores que condicionam o processo da mudança linguística – e em tempo aparente –

estudo que, por meio da observação do comportamento por faixa etária, diagnostica, em

uma específica sincronia temporal, os fatores que favorecem o processo de mudança

linguística. Essas investigações revelam como a observação da língua em curso reflete

o comportamento da mudança linguística de um fenômeno em um plano diacrônico.

O estudo de tempo aparente serve como ferramenta para a projeção do que teria

ocorrido em tempo real, ferramenta que se baseia no pressuposto de que o padrão

linguístico adotado por uma pessoa na juventude quase sempre se mantém ao longo da

59

vida. Portanto, pode-se mensurar que o padrão identificado na postura linguística de um

falante idoso hoje poderia corresponder a um padrão determinado pela comunidade de

fala há muitos anos.

Tendo em vista que a observação, a investigação e a sistematização da variação

e mudança linguística do sistema constituem a principal finalidade da Sociolinguística

Variacionista, faz-se necessário apresentar brevemente os problemas empíricos do

modelo teórico postulados por WEINREICH, LABOV & HERZOG (2006 [1968]):

a) Fatores condicionantes (problema da restrição linguística) – procura identificar

quais são as condições para a mudança de uma estrutura linguística. Tal

mudança pode ser incitada por fatores internos e externos a língua.

b) Encaixamento linguístico (problema do encaixamento linguístico) – atenta para

as demais mudanças relacionadas a determinado fenômeno variável, seja no

plano linguístico, seja no plano social.

c) Avaliação das mudanças (problema da avaliação) – visa a estudar as prováveis

consequências dos juízos de valor dos falantes de uma comunidade de fala em

relação às variantes em questão. A esse respeito, Labov (1972) propõe que, a

depender da avaliação dos membros da comunidade de fala, as variantes podem

constituir indicadores (aquelas que não são conscientemente valoradas),

marcadores (aquelas que se submetem, sobretudo, a avaliações em função do

contexto situacional) ou estereótipos (aquelas que configuram variantes

estigmatizadas pela comunidade de fala e, por isso, são avaliadas sempre no

plano da consciência).

d) Transição (problema da transição) – procura depreender os períodos de tempo

intervenientes entre dois ou mais estados da língua: como um indivíduo adquire

uma variante, quanto tempo as variantes coexistem e em que período uma das

variantes prevalece sobre a outra.

e) Implementação (problema da implementação) – analisa os fatores que

condicionam a implementação da mudança e a causa pela qual as mudanças em

uma propriedade da estrutura ocorrem em uma língua em um específico

60

momento, mas não em outra na mesma propriedade da estrutura, ou na mesma

língua, porém em períodos diferentes.

Embora o presente trabalho se ocupe, sobretudo, do problema das restrições, em

relação às estratégias de relativização usadas na escrita culta jornalística – a serem

comparadas às usadas na fala culta carioca –, e do problema da avaliação, por meio da

observação dos comentários do revisor dos jornais; a natural imbricação entre variação e

mudança no quadro teórico adotado permitirá que diversas reflexões sejam feitas quanto

ao estágio em que se encontra o Português do Brasil no uso dessas estratégias, o que

implica tratar, indiretamente, dos demais problemas da mudança propostos no teórico

adotado.

Para se realizar a análise quantitativa nos moldes labovianos, os dados foram

codificados e processados com a utilização do programa GoldVarb X, que distribuiu as

estratégias de acordo com as variáveis independentes em análise. Com base nessa

distribuição, constatou-se, a partir de Labov (2003), que seria interessante haver um

debate acerca do estatuto da regra variável das estratégias de relativização na escrita

culta jornalística do PB, tendo como objetivo problematizar a proposta de Labov (2003)

para uma tipologia de regras. O Quadro 1 faz uma síntese da tipologia proposta por

Labov (2003).

TIPO DE REGRA FREQUÊNCIA VIOLAÇÃO

I

100%

Ausentes da fala

espontânea

Regra categórica

II

05-95%

Raras e facilmente

identificáveis

Regra semicategórica

III

95-99%

Inexistente pela própria

natureza

Regra variável

Quadro 1. Tipos de regras propostas por Labov (adaptado de Labov, 2003, p. 243).

61

Como se vê, um registro de 1% de uma variante, por exemplo, segundo a

proposta laboviana, não permite considerar que exista efetivamente um quadro de

variação; entre 1% e 5% de ocorrências, o autor propõe que estamos diante de uma

regra semicategórica. No capítulo 03, adiante, em que serão apresentados os resultados

das análises do presente estudo, o estatuto da regra variável das estratégias de

relativização será ao longo do capítulo problematizado.

2.2. Metodologia Variacionista

Conforme já se esclareceu, o desenvolvimento da pesquisa contou com três

etapas de trabalho: (i) a descrição do uso das estratégias de relativização na escrita

jornalística; (ii) a comparação dos resultados obtidos com esses dados aos obtidos em

outros estudos com dados da fala; e (iii) a análise dos comentários dos revisores do

Jornal O Globo, destacando o tratamento dispensado às estratégias de relativização.

A fim de tornar claros os procedimentos adotados na pesquisa variacionista, que

permitiu a descrição dos dados jornalísticos e na descrição dos comentários sobre o

revisor do Jornal O Globo; esta seção apresenta, ainda, os corpora utilizados e o

tratamento metodológico que cada um recebeu durante a coleta de dados linguísticos

(seção 2.2.1); além dos critérios de seleção dos dados e das variáveis linguísticas que

foram utilizadas na análise das ocorrências levantadas nos corpora (seção 2.2.2.).

2.2.1. Descrição e tratamento metodológico dos corpora da pesquisa

Nesta seção, serão descritos os corpora em que foram retirados os dados da

pesquisa em curso, a fim de observar e analisar o comportamento das estratégias de

relativização da escrita culta jornalística do PB.

2.2.1.1. Os gêneros textuais do Jornal O Globo

O corpus é constituído por 150 textos retirados de 15 exemplares do Jornal O

Globo publicados entre o período de junho a dezembro de 2012. Os textos subdividem-

se nos seguintes gêneros textuais:

62

a) 15 editoriais7

b) 15 artigos de opinião

c) 15 crônicas jornalísticas

d) 15 notícias de jornal

e) 45 cartas de leitor

f) 60 anúncios de jornal

Pode-se observar que o número de cartas de leitor e anúncios8 jornalísticos é

maior do que o dos demais gêneros – o primeiro tem sua quantidade triplicada e o

segundo tem sua quantidade quadruplicada em relação aos três primeiros gêneros

textuais citados –, de modo a compensar a diferença de tamanho físico entre os textos e,

consequentemente, evitar que haja uma menor oferta de dados linguísticos de um em

relação ao outro. Os textos foram retirados especificamente do caderno geral do jornal,

pois essa parte do veículo contém todos os gêneros textuais pesquisados, além de

facilitar a padronização e homogeneidade na organização do corpus.

Após a seleção dos textos, a pesquisa procedeu à coleta de todas as orações

relativas, que resultou em um total de 253 ocorrências. Estas, após a segmentação em

dois grupos, um com as orações não preposicionadas (aquelas em que o pronome

relativo exerce os papéis de sujeito, objeto direto ou predicativo do sujeito) e outro com

as orações preposicionadas, foram codificadas em relação à variável dependente e às

variáveis independentes e tratadas pelo pacote de programas computacionais GoldVarb-

X.

Finalmente, os dados percentuais do grupo das orações relativas preposicionadas

serão comparados com os resultados percentuais do estudo de Corrêa (1998) sobre a

escrita culta universitária e com os resultados percentuais da pesquisa de Tarallo (1983),

Corrêa (1998), Vale (2014) e Pereira (2014) sobre a fala culta em diversos corpora do

7 Devido ao baixo número de ocorrências de construções relativas, principalmente, no grupo das

orações relativas preposicionadas, o estudo analisou, ainda, uma amostra complementar com 15 editoriais publicados no site da editora O Globo, para verificar a consistência dos resultados encontrados. Nesse conjunto de textos, foram encontradas 77 construções relativas e deste total 59 são do grupo das não preposicionadas e apenas 18 são do grupo das preposicionadas. Esses dados confirmam as tendências descritas no capítulo de resultados desta dissertação, que revelam distribuição semelhante das construções relativas, além de ampla preferência pela estratégia de relativização padrão. 8 Os anúncios publicitários também foram retirados do chamado Segundo caderno, porque a seção

“caderno geral” das edições consultadas no Jornal O Globo nem sempre oferecia o número de anúncios estabelecido.

63

PB. A finalidade deste estudo comparativo é observar o comportamento das estratégias

de relativização nas modalidades oral e escrita culta do PB.

2.2.1.2 Descrição e tratamento metodológico do corpus da coluna

jornalística “Autocrítica”

O corpus é formado por 99 colunas jornalísticas retiradas de exemplares do

Jornal O Globo publicados entre junho de 2011 e outubro de 2013. A coluna jornalística

“Autocrítica” – ora desativada na versão impressa do jornal – encontra-se no verso da

primeira página do caderno geral do jornal e tem a finalidade de divulgar e corrigir os

supostos erros da edição anterior, os quais são comentados ou não. Sendo elaborada

pelos revisores que integram a equipe editorial do jornal, a coluna organiza-se sempre

apresentando o trecho publicado anteriormente – geralmente no dia anterior –, seguido

da reescritura do trecho com a correção de alguma estrutura, acompanhado ou não de

um comentário prescritivo do revisor do veículo.

Para fins de estudos sociolinguísticos, especialmente os referentes ao problema

da avaliação subjetiva – que permitem estabelecer o juízo de valor que se faz das

variantes, apontando seu caráter prestigioso ou não –, a coluna “Autocrítica” constitui

apropriado material para investigação, pois divulga a avaliação linguística do revisor do

jornal em relação à escrita culta padrão que é idealizada para o veículo. Assim, a coluna

reflete os juízos de valor que o revisor possui das construções linguísticas realizadas na

escrita por indivíduos que pertencem a uma comunidade de fala culta – já que a maioria

dos jornalistas e dos leitores de um jornal endereçado à “classe A” preenche os

requisitos típicos dos usuários da variedade culta urbana – e evidencia, dessa forma, a

própria percepção descritivo-prescritiva da língua, para a configuração da norma padrão

(nos termos de FARACO 2008).

O corpus9 fornece ao todo 18 estruturas oracionais relativas em que as variantes

não padrão são identificadas e “corrigidas” pelo revisor, e são substituídas pela variante

padrão. Esses dados foram levantados e tratados de acordo com as reflexões teóricas do

problema da avaliação laboviana (cf. WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006

[1968]), que permitirão discorrer sobre o estatuto avaliativo das variantes linguísticas e,

9 Na seção 3.5.2, serão listados todos os fenômenos linguísticos que foram registrados pela Coluna

Autocrítica.

64

com isso, sugerir se as variantes funcionariam, na variedade culta, como marcadores,

indicadores ou estereótipos linguísticos.

2.2.2. Descrição das variáveis linguísticas

Nesta seção, serão descritos os critérios de seleção dos dados, além das variáveis

linguísticas dependentes e independentes da pesquisa em curso.

2.2.2.1. Critérios de seleção de dados

Na coleta dos dados em gêneros textuais do Jornal O Globo, foram

desconsideradas as chamadas orações relativas livres, aquelas que não possuem o termo

antecedente expresso. Consideraram-se as construções relativas encabeçadas com “o

que” como uma oração relativa livre, pois tais estruturas não apresentam variação,

inviabilizando analisá-las do modo proposto pela Gramática Tradicional: “o” como um

demonstrativo seguido de uma oração subordinada adjetiva. As interrogativas indiretas,

encetadas por pronomes interrogativos, foram, obviamente, descartadas. Os exemplos

em (34a - b) exemplificam, respectivamente, as relativas livres e as interrogativas

indiretas:

(34) a) Espero quem me espera. (VALE, 2014, p.23)

b) Eu não sei quantos estão inscritos. (VALE, 2014, p.23)

Foram desconsideradas estruturas clivadas, bastante recorrentes no corpus

ilustradas, respectivamente, em (35):

(35) Eu não sei quantos é que estão inscritos. (VALE, 2014, p.23)

Sendo umas das construções Q, caracterizam-se por serem estruturas

focalizadoras que possibilitam realçar, destacar qualquer constituinte de uma oração e,

por isso, não são neste trabalho interpretadas como orações relativas.

A partir da leitura de outros estudos sobre o tema da pesquisa (MOLLICA, 1977,

TARALLO, 1983, CORRÊA, 1998, VALE, 2014), o presente trabalho objetivou ter um

olhar mais minucioso acerca das estruturas em que o “que” perde sistematicamente a

65

preposição “em”. Esse particular tratamento ocorreu porque algumas pesquisas

(PEREIRA, 2005 apud VALE, 2014; PEREIRA, 2014) tratam essas construções como

parte de uma locução conjuntiva, isto é, deixaram de ser construções relativas – da

variante cortadora – para tornarem-se expressões que desempenham o papel

morfossintático de uma conjunção temporal (uma locução), como em (36a):

(36) a) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que houver

utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para

qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,

ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06

b) Educação, ciência, ecologia, universidade, ação social. Tem uma hora em

que tudo se encaixa. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da GLOBO ECOLOGIA, Caderno Geral, p.17

Ao olhar os dados, foram identificadas pouquíssimas ocorrências da construção

relativa exemplificada em (36a) acima – apenas 05 ocorrências – e um expressivo

número da construção acompanhada com a preposição “em”, como em (36b). Este

resultado fez com que o presente estudo contabilizasse todas essas construções no

conjunto de dados de orações relativas, sem as desconsiderar a priori. Não se nega,

entretanto, a interpretação de que tais construções temporais sem a preposição já se

comportem como estruturas gramaticais cristalizadas que desempenham um papel

morfossintático de locução conjuntiva temporal, visto que, embora sejam poucos dados,

o registro deles em textos impressos no Jornal O Globo, que apresentam forte

compromisso com estruturas consideradas padrão, seja sinalizador dessa mudança.

Embora as orações relativas com preposição “em” predominem na escrita culta

jornalística, supõe-se que essas estruturas estejam em avançado processo de

gramaticalização na fala (com preferência pela construção sem “em”), tendência que já

se registra na escrita jornalística.

2.2.2.2. A variável dependente

Com relação ao fenômeno em estudo, são investigadas as variantes padrão (o

livro de que eu gosto) e as não padrão cortadora (o livro que eu gosto) e copiadora (o

livro que eu gosto dele).

66

Para ilustrar o fenômeno e tratar as ocorrências, a pesquisa reuniu em dois

grupos os dados linguísticos coletados, considerando a função sintática desempenhada

pelo articulador que encabeça a construção relativa: (i) grupo das orações relativas não

preposicionadas e (ii) grupo das orações relativas preposicionadas.

No primeiro grupo, ficaram as construções relativas em que o articulador

desempenha função sintática de sujeito ou de objeto direto, nas quais só é possível

observar a variação entre as variantes padrão e não padrão copiadora. Em (37a – b), há

exemplos, respectivamente, de uma oração relativa de sujeito e uma de objeto direto.

(37) a) Seria preciso apenas encontrar novas fontes de financiamento da operação,

além dos empréstimos de araque de Marcos Valério no Banco Rural e no BMG e do

desvio de dinheiro do Visanet, que não seriam suficientes para pagar as dívidas e as

campanhas do PT e as despesas crescentes com a voracidade da base aliada, que

quanto mais come mais fome tem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.

b) As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas na

Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender que

as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para participar do

Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo menos uma

vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou guardiões

masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam junto; mas

foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. – Jornal O

GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno

Geral, p.18.

No segundo grupo, ficaram as orações relativas em que o articulador exerce as

funções sintáticas de objeto indireto/dativo, oblíquo, adjunto adnominal e adjunto

adverbial e agente da passiva. Neste grupo, é possível analisar as três possibilidades de

relativização: padrão, não padrão cortadora e não padrão copiadora. Em (38a – e),

encontram-se exemplos de orações relativas de objeto indireto (38a), oblíqua (38b),

adjunto adnominal (38c), adjunto adverbial (38d) e agente da passiva (38e).

(38) a) Pálidas crianças / a quem ninguém diz; / – Anjos, debandai!... (ROCHA

LIMA, 2006 [1972], p.270)

b) E as buscas / a que eu procedia. (ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.270)

c) As terras / de que era dono / valiam mais do que ducado. (ROCHA LIMA,

2006 [1972], p.270)

67

d) Esses eram os momentos / em que ela sofria / mas amava seu sofrimento.

(ROCHA LIMA, 2006 [1972], p.270)

e) Bendito e louvado seja Deus, por quem foste criado. (ROCHA LIMA, 2006

[1972], p.270)

2.2.2.3. Variáveis independentes

Fundamentando-se nos estudos de Mollica (1977), Tarallo (1983) e Corrêa

(1998), a pesquisa investigou ao todo 8 variáveis independentes – 7 linguísticas e 1

extralinguística –, de modo a tornar possível a observação da influência de possíveis

fatores na variação do fenômeno linguístico em estudo. Cada variável independente será

descrita detalhadamente a seguir:

TIPO DE VARIÁVEIS

INDEPENDENTES

VARIÁVEIS INDEPENDENTES

LINGUÍSTICAS

Função sintática do termo antecedente da

oração relativa

Referencialidade do termo antecedente

Distância entre o termo antecedente e o

articulador da oração relativa

Função sintática do articulador da oração

relativa

Tipo de preposição que rege o articulador

da oração relativa

Tipo de articulador – pronome relativo e

advérbio relativo

Tipo do verbo da oração relativa

EXTRALINGUÍSTICA Gênero textual

Quadro 2. Sistematização das variáveis independentes controladas.

A ordem disposta das variáveis independentes no Quadro 2 foi organizada de

modo a dispor de forma encadeada e relacionada as variáveis. As duas primeiras

variáveis – (i) Função sintática do termo antecedente da oração relativa e (ii)

Referencialidade do termo antecedente – tratam exclusivamente das propriedades

linguísticas do termo antecedente. A terceira variável – (iii) Distância entre o termo

antecedente e o articulador da oração relativa – permite observar o comportamento

68

sintático da oração relativa em relação às diversas distâncias em que o núcleo do termo

antecedente possa estar.

Função sintática do articulador da oração relativa (iv), Tipo de preposição que

rege o articulador da oração relativa (v), Tipo de articulador – pronome relativo e

advérbio relativo (vi) e Tipo do verbo da oração relativa (vii) são variáveis que tratam

das características da construção relativa em si.

Por fim, o Gênero textual (viii) é a variável que permite observar como

influências externas a língua – o grau de monitoramento/formalidade – podem interferir

no comportamento das estratégias de relativização.

A seguir, as variáveis serão tratadas com mais detalhes.

i. Função sintática do termo antecedente da oração relativa

Esta variável refere-se à função sintática desempenhada pelo termo antecedente

que está vinculado à oração relativa. Assim como o articulador da oração relativa, o

termo antecedente também pode exercer todas as funções sintáticas que o predicador da

oração principal atribui ao termo relativizado. Assim, podem desempenhar a função

sintática de sujeito, objeto direto, predicativo do sujeito, complemento nominal, objeto

indireto, oblíqua, adjunto adverbial, adjunto adnominal e aposto. Em (39a – d), têm-se

exemplos de orações relativas em que seu termo antecedente desempenha função

sintática de sujeito (39a), objeto direto (39b), predicativo do sujeito (39c), complemento

nominal (39d) e objeto indireto (39e).

(39) a) Em vinte minutos e 500 reais, passei de monstro saudável a doente com três

meses de vida. E o pior é que, afora uma tossezinha boba, nada sentia. Mais ainda: o

leite condensado com a qual sua saudosa mãe resolvia todos os problemas não

funcionava. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e

leite condensado, Caderno Geral, p.19

b) No julgamento do mensalão eu pensava assistir a um “E o vento levou”, mas

estou testemunhando uma narrativa de Machado de Assis. O mesmo sentimento cerca

as eleições cujo resultado vai ser formicida para uns e leite condensado para

outros. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite

condensado, Caderno Geral, p.19

c) O que está em questão são, simplesmente, os padrões de comportamento da

sociedade em que vivemos – e que são, indiscutivelmente, diferentes daqueles de

69

nossos pais. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: Mulher nua, Caderno

Geral, p.23

d) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes

mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se

distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris, onde

entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele tomava

por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida

e leite condensado, Caderno Geral, p19.

e) Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos

representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma

maneira de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de

despesas médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio,

Caderno Geral, p.15.

Em (40a – e), apresentam-se exemplos em que o termo antecedente exerce

função sintática oblíqua (40a), de adjunto adverbial (40b), adjunto adnominal (40c),

aposto (40d) e agente da passiva (40e).

(40) a) Cadastro sujeito a aprovação. Caso o cadastro não seja aceito pelo Banco

Alfa, deverá ser encaminhado para outras financeiras que praticam maiores taxas.

Financiamento praticado pelas lojas Hyundai CAOA. Plano de financiamento válido

para veículos nas cores preta e prata até 15/10/2012 ou até o término do estoque. (...). –

Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ANÚNCIO: propaganda da HYUNDAI, Caderno

Geral, p.05.

b) O país tem a quarta maior população carcerária do mundo. São mais de 500

mil presos, literalmente espremidos num complexo penal em que há um crônico déficit

de 200 mil vagas. - Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente

drama do sistema penitenciário, Caderno Geral, p.20

c) É imperativo assegurar recursos para políticas públicas que permitam a

todos os cuidados necessários, condições de realização do direito à vida. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,

Caderno Geral, p.17.

d) É uma equação perversa: aplicados na prática, taxa de ocupação de 1,65 preso

por vaga (relação que na América do Sul, só é superada pela Bolívia, com 1,66). –

Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema

penitenciário, Caderno Geral, p.22

70

e) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou

Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que

ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou o

país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do

STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.

A partir do controle da função sintática do antecedente, o trabalho desenvolve os

seguintes problemas:

Qual é a função sintática desempenhada pelo termo antecedente que mais

propicia a realização do processo de relativização?

Qual é a função sintática mais recorrente do termo antecedente das orações

relativas padrão, cortadoras e copiadoras?

A função sintática do termo antecedente é um fator linguístico relevante para a

variação das estratégias de relativização?

Partindo do trabalho de Tarallo (1983), o atual estudo lança a hipótese de que as

funções sintáticas atribuídas pelo predicador da oração – sujeito e complementos

verbais e nominais – favorecem o processo de relativização em todas as variantes do

fenômeno.

ii. Referencialidade do termo antecedente

Essa variável tem a finalidade de averiguar o grau de influência da

referencialidade do termo antecedente em relação ao comportamento variável do

fenômeno. Assim, serão averiguados se os traços semânticos [+humano] / [- humano] e

[+ específico] / [- específico] favorecem ou não a variação das estratégias de

relativização. Em (41a – d), serão apresentados exemplos de orações relativas em que o

termo antecedente possui os traços [+ humano]/[+específico] (41a), [+humano]/[-

específico] (41b), [- humano]/[+ específico] (41c) e [- humano]/[- específico] (41d).

(41) a) Para a maioria dos mulçumanos que fazem o Haj, a experiência é de uma

espiritualidade profunda, em que todo mundo, rico ou pobre, branco ou negro, jovem ou

velho, é igual aos olhos de Deus. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO

DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

71

b) “Visitas da saúde” é expressão para súbitas melhoras em doentes terminais,

que depois vêm a óbito. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na

enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

c) Dessa vez, nosso destino será a Lapa, que desde os tempos de D. Pedro,

abrigou uma série de bares, restaurantes e casas noturnas. Uma tradição que

começou com a monarquia e se transformou no mais delicioso e democrático hábito do

povo. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda de cervejaria,

Segundo caderno, p.09.

d) Até agora, não há notícia de algum partido que se disponha a avaliar,

publicamente e com severidade, as fichas de todos os cidadãos que ambicionam

mandatos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos,

Caderno Geral, p.19.

Mollica (1977) verificou, em seus resultados, que os traços [- humano]/[+

específico] são mais recorrentes nos termos antecedentes, principalmente no caso das

orações relativas copiadoras. Desta maneira, investigaram-se os seguintes problemas:

Quais são os traços semânticos mais frequentes nos termos antecedentes?

A referencialidade do termo antecedente interfere na variação do fenômeno em

estudo?

O presente estudo lança a hipótese de que os traços mais recorrentes sejam

[- humano]/[+específico] e que essa variável não interfira na variação do fenômeno em

estudo.

iii. Distância entre o termo antecedente e o articulador da oração relativa

A variável permite que a pesquisa investigue se a distância entre o termo

antecedente e o articulador da oração relativa interfere na variação das estratégias de

relativização. Para que tal finalidade seja cumprida, a pesquisa determinou que a

distância observada seja entre o núcleo do termo antecedente e o articulador da oração

relativa. Além disso, estabeleceu-se uma escala que viabiliza nivelar o espaço entre o

termo antecedente e o articulador. Essa escala será mensurada pelo número de sílabas

existentes entre o termo antecedente e o articulador. A partir desse critério, a distância

será categorizada em quatro níveis, detalhados no Quadro 3 a seguir.

72

NÍVEL ZERO

NENHUMA distância entre o núcleo do termo antecedente e o

articulador da oração relativa

NÍVEL 01

POUCA distância entre o núcleo do termo antecedente e o

articulador da oração relativa: 01 ou 02 sílabas entre eles.

NÍVEL 02

INTERMEDIÁRIA distância entre o núcleo do termo antecedente

e o articulador da oração relativa: 03 ou 04 sílabas entre eles.

NÍVEL 03

TOTAL distância entre o núcleo do termo antecedente e o

articulador da oração relativa: 05 ou mais sílabas.

Quadro 3: Nível de distanciamento entre o termo antecedente e o articulador da oração

relativa

Em função dos fatores apresentados, o trabalho determina que todos os

sintagmas que estejam entre o núcleo do termo antecedente e a oração relativa terão as

suas sílabas contabilizadas para se definir o nível de distanciamento. Em (42a – d), há

exemplos de orações relativas de nível de distância zero (42a), um (42b), dois (42c) e

três (42d).

(42) a) Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as fichas

dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos olhos

do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –

exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.

b) E nova cultura, fraterna, com antídotos contra o sectarismo e a apropriação

autoritária de expressões de fé que se querem únicas. No cruzadirmo medieval, oração

e coração, tão próximos na grafia e no nosso sentimento, ficavam apartados na

geografia e na história. Isso produziu genocídio, do qual não estamos livres. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,

Caderno Geral, p.17.

c) O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao

qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha

pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser

perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem

ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal

O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José

Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.

d) Câmbio Manual de 6 velocidades. Mais esportividade, economia de

combustível e o controle do desempenho que só o câmbio Manual pode oferecer. –

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno

Geral, p.05.

73

Também foram consideradas como sílabas as preposições que regem o

articulador da oração relativa, porque podem ser ou não realizadas próximas do

articulador e, tal fato determina qual variante irá formar a oração relativa. Só não serão

contabilizadas como sílabas as preposições que estiverem aglutinadas com o artigo que

forma o pronome relativo “o/a qual”, pois – ao se fundirem – passam a integrar uma

sílaba junto com o pronome relativo.

O controle dessa variável viabilizou investigar o seguinte problema: como o

fator “distância entre o termo antecedente e o articulador da oração relativa” interfere no

comportamento variável das estratégias de relativização? A hipótese proposta pelo

estudo sugere que, quanto mais distante for o termo antecedente da oração relativa,

maior será a possibilidade de essa oração ser construída pelas estratégias não padrão,

principalmente pela copiadora.

iv. Função sintática do articulador da oração relativa

Esta variável refere-se à função sintática desempenhada pelo articulador que

introduz a oração relativa. O articulador da oração relativa pode exercer todas as

funções sintáticas já exemplificadas na subseção anterior10

– i. Função sintática do

termo antecedente da oração relativa. Em (43a – f), apresentam-se exemplos de orações

relativas introduzidas por articuladores que desempenham função sintática de sujeito

(43a), objeto direto (43b), oblíqua (43c), complemento nominal (43d), adjunto adverbial

(43e) e adjunto adnominal (43f).

(43) a) Destacam-se pelo menos cinco novos sistemas de produção que serão ali

instalados até 2016, além de outros 6 previstos até 2020. - Jornal O GLOBO, DATA:

24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A Petrobras na Bacia de Campos, Caderno Geral,

p.13.

b) As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas na

Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender que

as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para participar do

Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo menos

uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou guardiões

masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam junto; mas

foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. – Jornal O

10

Existem orações relativas com o articulador desempenhando função sintática de objeto indireto, predicativo do sujeito e de agente da passiva. Como, no corpus, não foram encontrados esses dados, essas funções não foram exemplificadas.

74

GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno

Geral, p.18.

c) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria

que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo uma

inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma

gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:

conversa de velhos, Caderno Geral, p.23

d) Como ministro de Estado, atentou contra a democracia, ao tentar manietá-la,

talvez em consonância com ideias trazidas do paraíso caribenho dos irmãos Castro com

os quais sempre demonstrou afinidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

CARTA DO LEITOR: Marcello Ferraz Loureiro, Rio, Caderno Geral, p.15

e) Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo

Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o

destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR

de formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16

f) Os dois ex-dirigentes condenados deram notas escritas, cujo conteúdo tem

dois pontos contraditórios. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE

OPINIÃO: Ironia da História, Caderno Geral, p.16

A partir desta variável, o trabalho objetiva responder ao seguinte problema: A

função sintática do articulador é um fator linguístico relevante para a variação das

estratégias de relativização? Com base em resultados de trabalhos anteriores (cf.

MOLLICA, 1977, TARALLO, 1983, CORRÊA, 1998, VALE, 2014), a pesquisa

hipotetiza que esse fator é um dos mais importantes para compreender o comportamento

variável das estratégias de relativização.

v. Tipo de preposição que rege o articulador da oração relativa

A variável visa a verificar quais são as preposições exigidas recorrentemente

pelo predicador da oração relativa e qual a influência de cada preposição para o

comportamento da regra variável. Em (44a – d), há exemplos de orações relativas em

que seus articuladores são acompanhados pelas preposições “de” (44a), “em” (44b),

“para” (44c) e “a” (44d).

75

(44) a) No cruzadismo medieval, oração e coração, tão próximos na grafia e no nosso

sentimento, ficavam apartados na geografia e na história. Isso produzia genocídio, do

qual não estamos livres. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA: Na

enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17

b) Temos um exemplo do grande nó em que a educação permanece atada. -

Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno

Geral, p.17

c) Foi feita, em Londres, pesquisa sobre a reação de pacientes, para os quais se

formaram correntes espirituais. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA:

Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17

d) É nesse ponto que entram as máquinas às quais Illich se refere. - Jornal O

GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13

Durante a coleta de dados linguísticos, observou-se que as preposições mais

frequentes são “de”, “em”, “para”, “a”, “com” e “por” e tal constatação fez com que o

trabalho desenvolvesse os seguintes problemas:

a) Quais são as preposições que tendem a se manter quando a oração relativa é

formada pela estratégia padrão?

b) Quais preposições são apagadas nas orações relativas construídas pela

variante não padrão cortadora?

c) Quais preposições acompanham o pronome lembrete das orações relativas

formadas pela estratégia não padrão copiadora?

Em função desses problemas, a pesquisa fundamenta suas reflexões nos conceitos

propostos por Mioto et alii (2007) de preposição funcional e preposição lexical:

Se um constituinte tem a forma de PP11

e a função de argumento,

a preposição que o encabeça vai ser do tipo funcional: ela não

contribui para fixar o papel semântico do seu complemento. Se,

por outro lado, o constituinte tem a forma de PP e a função de

adjunto, a preposição que o encabeça vai ser do tipo lexical: o

11

PP significa “prepositional phrase” / sintagma preposicionado.

76

papel semântico do seu complemento é fixado por ela. (MIOTO et

alii, 2007, p.97)

Essas definições também fundamentam as hipóteses de que as preposições que

tendem a se conservar e, consequentemente, estruturam uma oração relativa padrão são

aquelas que possuem um conteúdo lexical, tais como “após”, “através de”, “com” e

“por” (cf. MIOTO et alii, 2007). Outra hipótese seria que as preposições que tendem a

ser apagadas e, portanto, dão origem a orações relativas não padrão cortadora e

copiadora são aquelas que apresentam um papel mais gramatical – preposições

funcionais – , tais como “de” e “em” (cf. MIOTO et alii, 2007).

vi. Tipo de articulador – pronome relativo e advérbio relativo

A variável objetiva averiguar os articuladores mais recorrentes para a construção

de uma oração relativa. Assim, foram verificados os pronomes relativos12

“que”, “o qual

(com suas flexões)”, “cujo (com suas flexões)” e o advérbio relativo13

“onde”. Em (45a

– d), são apresentados exemplos de orações relativas encetadas pelo articulador “que”

(45a), “o/a qual” (45b), “cujo” (45c) e “onde” (45d).

(45) a) Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de governo,

mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista, um projeto

de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito, mas um

projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito mais de

continuidade administrativa. È continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse

conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos

quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres

Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.

b) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria

que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo uma

inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma

gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:

conversa de velhos, Caderno Geral, p.23.

12

Existem orações relativas introduzidas pelos pronomes relativos “quem” e “quanto”; contudo, não foram encontradas no corpus em análise. 13

Há orações relativas encetadas pelos advérbios relativos “quando” e “como”, mas também não foram encontradas no corpus em estudo.

77

c) O aviso deveria ser colocado em todas as máquinas cujos exames são

solicitados pelos médicos. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA:

Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13

d) A arrecadação de R$ 1 bilhão (que pode chegar a R$ 3 bilhões) para gastos

em campanha é um exagero em um país onde médicos são agredidos em hospitais

públicos por falta de recursos básicos, como gesso; escolas estão sem professores; e

falta saneamento básico. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, CARTA DE LEITOR:

José Antônio Domingues, Rio, Caderno Geral, p.19

Essa variável permitirá responder aos seguintes problemas:

Quais são ou qual é o(s) tipo(s) de articulador mais frequente entre as orações

relativas?

O tipo de articulador interfere na variação das estratégias de relativização?

A presente pesquisa hipotetiza que o articulador mais frequente seja o pronome

relativo “que”, sendo seguido pelo articulador “onde”. Supõe, ainda, que haja bastante

ocorrências do articulador “cujo” devido ao fato de os gêneros textuais pertencerem a

um corpus jornalístico. Sendo assim, esta variável constituiria um grupo de fatores

relevante para a variação do fenômeno.

vii. Tipo de verbo na oração relativa

A variável propicia verificar se a transitividade do verbo da oração relativa

interfere na variação do fenômeno linguístico. Assim, o estudo observou os verbos14

“intransitivo” (46a), “inacusativo” (46b), “transitivo direto” (46c), “transitivo relativo”

(46d), “bitransitivo”(46e), “verbo suporte” (46f) e “verbo de ligação” (46g).

(46) a) (...) o “Brasil, florão da América”, devidamente perfilados diante do “lábaro

estrelado”, iluminados pelos “raios fúlgidos” do patriotismo e protegidos pelo “formoso

céu risonho e límpido”, onde “a imagem do Cruzeiro resplandece”. E sem “o heróico

brado”. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: O hino era outro, Caderno

Geral, p.23

b) Dezenas de milhares de pessoas foram para as ruas de Paris domingo, nas

primeiras manifestações contra o governo Hollande, cuja popularidade caiu a seu

14

Existem orações relativas formadas por verbos transitivos indiretos; entretanto, não foram encontrados no corpus, nem foram exemplificados no presente estudo.

78

nível mais baixo – 43%.– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, EDITORIAL: Hollande

cai na real em choque de austeridade, Caderno Geral, p.22

c) A vida havia passado dentro e fora de cada um deles, cujos destinos se

ligavam pelo interesses na velha disciplina do entendimento humano pelo humano. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral,

p.23

d) O país ficou mais leve, pois, finalmente, o STF entrou em sintonia com a

opinião pública, que já desconfiava do Judiciário, considerando a atual constituição

de sua cúpula um mero aparelho do Executivo. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Dirceu Luis, Natal, Rio,

Caderno Geral, p.15

e) Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos

aparentemente – um advérbio caridoso – não deram grande importância à limpeza das

fichas dos candidatos que nos oferecem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.

f) Garantimos a quantidade mínima de 05 unidades/kg de cada produto por loja

em que ele esteja disponível. (...).– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da EXTRA, Caderno Geral, p.13

g) Raul Pont, ex-deputado do PT gaúcho, que era um crítico ácido da

estratégia de tudo ou nada para as alianças, diz que Dirceu executava uma política

endossada pelo então presidente Lula. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

Foram estabelecidos os seguintes problemas:

Quais dos verbos são mais recorrentes na construção das orações relativas

padrão e as não padrão cortadora e copiadora?

Esse fator linguístico influencia na variação das estratégias de relativização na

escrita culta do PB?

Com base na observação preliminar dos dados, o estudo lança a hipótese de que

o verbo mais recorrente nas construções relativas seja o transitivo direto. Quanto às

estratégias de relativização, supõe que a transitividade do verbo não interfira na

variação do fenômeno.

79

viii. Gênero Textual

Essa variável visa a verificar se os diversos gêneros textuais pesquisados no

corpus escrito (“editorial”, “artigo de opinião”, “crônica jornalística”, “notícia de

jornal”, “carta de leitor” e “anúncio de jornal”) interferem no comportamento das

estratégias de relativização. Em (47a – f), há exemplos de orações relativas retiradas de

editoriais (47a), artigos de opinião (47b), crônicas (47c), notícia (47d), cartas de leitor

(47e) e anúncio (47f).

(47) a) São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos, um

dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas distorções

que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O GLOBO,

DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno

Geral, p.22.

b) De outro, desqualificam essa democracia ao dizer que a decisão do Supremo

Tribunal Federal, poder central no regime democrático, foi um julgamento de exceção e

de ódio ao PT promovido por elites reacionárias que dominam a imprensa e a justiça.

- Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Ironia da História,

Caderno Geral, p.16.

c) Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos

aparentemente – um advérbio caridoso – não deram grande importância à limpeza das

fichas dos candidatos que nos oferecem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.

d) – Essa política permitiu que Lula fosse reeleito em 2006 e Dilma, eleita em

2010. Mas, o preço que se paga é muito alto. O Zé Dirceu foi uma das vítimas disso, de

fazer alianças com partidos contraditórios que só se movem por compensações

financeiras, cargos e ministérios – diz Pont. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

e) O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao

qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson,

tinha pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser

perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem

ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal O

GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José

Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio, Caderno Geral, p.17.

f) Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a

conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio

rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do

Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20.

80

Assim, o trabalho em curso lança os seguintes problemas:

O gênero textual interfere na variação do fenômeno em estudo?

Caso interfira, de que forma esta interferência opera no comportamento das

estratégias de relativização?

A fim de responder a esses problemas, o presente trabalho volta-se para as

propriedades estilísticas e linguísticas dos gêneros textuais em análise. Dentre essas

propriedades, podem-se destacar o grau de monitoramento/formalidade e os tipos de

estruturas sintáticas que constituem tais gêneros textuais (cf. MARCUSCHI, 1996;

PAREDES SILVA, 1997; BONINI, 2001, 2003). Essas propriedades são interessantes,

pois os gêneros textuais, de uma forma ampla, constituem

(...) estruturas discursivas (...), modos de organização de

informação, que representariam as potencialidades da língua, as

rotinas retóricas ou formas convencionais que o falante tem à sua

disposição na língua quando quer organizar o discurso.

(MARCUSCHI,1996 apud BONINI, 2001, p. 08)

(...) produtos culturais, sociais e históricos, que passam a existir a

partir de determinadas práticas sociais. (PAREDES SILVA,

1997apud in BONINI, 2001, p. 08)

Deste modo, os gêneros textuais concretizam as experiências socioculturais e

históricas de um indivíduo (ou de uma Instituição) através de seus constituintes

linguísticos/textuais. Por isso, é possível afirmar que características linguísticas podem

ser relacionadas a propriedades estilísticas do gênero textual, a fim de caracterizá-lo,

como propõe Bakhtin (1992, [1953]):

Existem tipos de orações que costumam funcionar como

enunciados completos e pertencem a um gênero determinado. É o

caso das orações interrogativas, exclamativas e exortativas.

Existem muitíssimos gêneros referentes à vida cotidiana ou a

funções (por exemplo, os comandos e as ordens na vida militar ou

81

na vida profissional) que, via de regra, são expressos por uma

oração do tipo apropriado. (...) Por ora, o que importa é assinalar

que as orações desse tipo aderem estreitamente à expressividade

do gênero que lhes é próprio e que absorvem, com grande

facilidade, a expressividade individual. (BAKHTIN, 1992[1953]

apud BONINI, 2001, p. 12)

Tendo em vista as palavras de Bakhtin (1992, [1953]) e as observações

empíricas feitas acerca das estruturas sintáticas que constroem os gêneros textuais,

propõe-se que o grau de monitoramento/formalidade dos gêneros textuais jornalísticos

do Jornal O Globo pode ser averiguado a partir do número de estruturas sintaticamente

elaboradas presentes nos respectivos gêneros. Assim, o estudo lança a hipótese de que,

quanto maior o número de estruturas sintáticas elaboradas (que, no caso, são as orações

relativas preposicionadas padrão, como demonstram os estudos revistos nesta

dissertação), maior seria o grau de monitoramento/formalidade do gênero textual. Sendo

assim, propõe-se que a quantidade de orações relativas preposicionadas padrão será o

critério determinador para se observar o grau de monitoramento/formalidade dos

gêneros textuais.

Assim, na seção 3.3., será exposta a escala dos gêneros textuais em relação ao

número de orações relativas preposicionadas padrão e, com isso, se desenvolverá o

debate acerca da relevância dessa variável em relação ao comportamento do fenômeno

em estudo. Após a descrição das variáveis independentes, o trabalho apresenta, no

capítulo a seguir, uma análise crítica dos resultados da pesquisa.

82

3. RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo, são apresentados os resultados da análise do corpus jornalístico

de O Globo em relação ao comportamento linguístico das estratégias de relativização na

escrita culta do PB. Na primeira seção, serão apresentados os resultados gerais acerca

do corpus em estudo; na seção 3.2, serão abordados os resultados relativos aos dados do

grupo das construções relativas não preposicionadas; e, na seção 3.3, serão expostos os

resultados dos dados do grupo das construções relativas preposicionadas.

Na seção 3.4, serão comparados os resultados gerais de outros trabalhos sobre o

tema aos obtidos na presente investigação e os resultados obtidos para a fala em

oposição à escrita. Consideram-se exclusivamente resultados de trabalhos que analisam

a modalidade oral (na subseção 3.4.1) e escrita (na subseção 3.4.2) da variedade culta do

PB.

Por fim, a seção 3.5 ocupa-se da análise crítica acerca dos juízos de valor dos

jornalistas e revisores do jornal O Globo sobre as estratégias de relativização através das

correções propostas na coluna “Autocrítica”.

3.1. Análise geral do corpus do Jornal O Globo

O corpus do Jornal O Globo forneceu um total de 253 dados de orações

relativas, sendo 151 de orações não preposicionadas – que são introduzidas por

articuladores desempenhando função sintática de sujeito e objeto direto – e 102 de

orações preposicionadas – que são encetadas por articuladores que desempenham

função sintática oblíqua.

Nº TOTAL DE ORAÇÕES RELATIVAS

DADOS %

NÃO PREPOSICIONADAS 151 59.5%

PREPOSICIONADAS 102 40.5%

TOTAL 253 100%

Tabela 5. Total de orações relativas coletadas nos textos do Jornal O Globo

É interessante ressaltar que 59.5% dos dados formam o grupo das não

preposicionadas contra 40.5% dos dados que constituem o grupo das preposicionadas,

ou seja, há uma maior produtividade das sentenças relativas articuladas por pronomes

83

relativos que desempenham função sintática de sujeito e objeto direto, do que sentenças

relativas articuladas por pronomes relativos que desempenham função sintática oblíqua

nuclear/argumental e não nuclear/adjunta.

Tarallo (1983), em seus estudos para justificar essa grande produtividade de

orações não preposicionadas, propôs o conceito de Hierarquia de acessibilidade dos

sintagmas nominais (SN) (cf. CORRÊA, 1998; CASTILHO, 2010). Segundo esse

conceito, o pesquisador explica que há uma maior facilidade de relativizar um SN que

desempenha funções sintáticas mais altas – funções sintáticas de sujeito e objeto direto,

por exemplo – do que um SN que exerce funções sintáticas mais baixas e,

consequentemente, mais complexas para sofrer o processo de relativização.

Desse modo, a hierarquia de acessibilidade dos SNs é um argumento plausível

para justificar o grande número de orações relativas não preposicionadas. Abreu (2013),

em sua pesquisa para compreender a aquisição das estratégias de relativização pelos

falantes brasileiros, corrobora o conceito proposto por Tarallo (1983). Em dados de fala

controlada de 23 crianças entre 01 ano e 11 meses até 05 anos e 01 mês de idade, Abreu

(2013) identificou um total de 20 construções relativas dentre as quais 07 eram

articuladas por pronomes relativos que desempenhavam função sintática de sujeito, e 04

apresentavam o articulador exercendo função sintática de objeto direto.

As demais orações relativas eram articuladas por pronomes relativos que

desempenhavam funções sintáticas oblíquas – 02/20 com função de objeto indireto e

07/20 com função sintática de adjunto adverbial – e foram produzidas por crianças mais

velhas – entre 04 anos e 01 mês a 05 anos e 01 mês. Partindo desses resultados, Abreu

(2013) constata que o processo de aquisição das estratégias de relativização ocorre

primeiramente pelas orações relativas mais acessíveis sintaticamente – funções

sintáticas de sujeito e de objeto direto – e, posteriormente, com a convivência e

experiência cotidiana com a língua, os falantes vão adquirindo as construções sintáticas

mais complexas – funções oblíquas.

A pesquisa de Abreu (2013) ratifica, portanto, o conceito da hierarquia de

acessibilidade dos SNs proposta por Tarallo (1983), uma vez que demonstra que o

processo de aquisição das estratégias de relativização se inicia com as funções sintáticas

mais simples e com o passar do tempo, vivenciando a língua, vão-se adquirindo as

construções relativas mais complexas. Estes são dois bons argumentos para justificar o

grande número de dados de orações relativas não preposicionadas na presente pesquisa.

84

Tendo um olhar mais detalhado sobre os dados da presente investigação,

verificou-se que, de todas as ocorrências coletadas, só foram registradas as variantes

padrão e não padrão cortadora, não havendo, dessa forma, ocorrência da variante não

padrão copiadora. Devido a esse resultado geral, o estudo desenvolve, a partir dos dados

percentuais adquiridos pelas rodadas do programa GoldVarb X, o mapeamento

qualitativo das estruturas que caracterizam os padrões de relativização da escrita culta

brasileira.

Em relação ao grupo das não preposicionadas, como todos os 151 dados são da

variante padrão (cf. Tabela 06) – o que aponta que a regra das estratégias de

relativização no grupo das não preposicionadas constitui uma regra categórica, de

acordo com a proposta de Labov (2003) –, a pesquisa passou a privilegiar a

caracterização das construções encontradas no corpus quanto aos fatores controlados

nas variáveis independentes.

GRUPO DE ORAÇÕES RELATIVAS NÃO PREPOSICIONADAS

DADOS %

O. R. PADRÃO 151 100%

O. R. COPIADORA - -

TOTAL 151 100%

Tabela 6. Total de orações relativas não preposicionadas x variantes linguísticas.

A partir desse resultado geral, juntamente com a necessidade de se desenvolver

um satisfatório trabalho qualitativo, observou-se o comportamento da variável “função

sintática do articulador”. O comportamento desse grupo de fatores foi devidamente

observado, em um tratamento qualitativo, de modo a fundamentar a divisão entre o

conjunto dos 253 dados de construções relativas: 151 dados de orações relativas com

articulador exercendo função sintática de sujeito e objeto direto (grupo das não

preposicionadas) e 102 dados de orações relativas com o articulador exercendo função

sintática oblíqua (grupo das preposicionadas).

Assim, o trabalho analisa o grupo das não preposicionadas também em relação à

função sintática do articulador da construção relativa, se sujeito ou objeto direto15

. No

corpus, como se apresenta na tabela abaixo, ocorreram 137 dados de orações relativas

15

Para o controle sistemático dessa diferença, contou-se com a estratégia de indicar, no GOLDVARB-X, a variável função do articulador como suposta variável dependente, a fim de obter os índices separadamente.

85

padrão com função de sujeito e 14 dados de orações relativas padrão com função

sintática de objeto direto – vide Tabela 07.

FUNÇÃO SINTÁTICA

DO ARTICULADOR

O. R. PADRÃO

DADOS %

SUJEITO 137 90.8%

OBJETO DIRETO 14 9.2%

TOTAL 151 100%

Tabela 7. Total de orações relativas não preposicionadas x função sintática do

articulador

A Tabela 07 evidencia que 90.8% dos dados são articulados por pronomes

relativos que desempenham a função de sujeito e apenas 9.2% dos dados são articulados

por pronomes relativos que exercem a função sintática do objeto direto. A análise mais

detalhada desses dados será realizada na seção 3.2. Em (48a – b), são expostos

exemplos de orações não preposicionadas de sujeito – (48a) – e de objeto direto – (48b).

(48) a) Embora a decisão dos ministros não tenha efeito vinculante, não sendo

obrigatório segui-la em processos que discutam questões idênticas, juízes e membros

do Ministério Público acreditam que a justiça terá mais segurança em condenações

baseadas em provas indiciárias. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:

juízes ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.

b) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou

Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que

ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou o

país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do

STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.

Quanto ao grupo das preposicionadas, a análise inicial identificou 97 dados de

orações relativas padrão, 05 dados de orações relativas não padrão cortadora e nenhuma

ocorrência da variante não padrão copiadora. A Tabela 08 mostra os dados e os

percentuais adquiridos pelo programa Goldvarb X.

GRUPO DE ORAÇÕES RELATIVAS PREPOSICIONADAS

DADOS %

O. R. PADRÃO 97 95.1%

O. R. CORTADORA 05 4.9%

TOTAL 102 100%

Tabela 8. Distribuição das orações relativas preposicionadas pelas estratégias de

relativização.

86

Pode-se observar que 95.1% dos dados são formados pela variante padrão e

4.9% dos dados são formados pela variante não padrão cortadora. Este resultado

também faz com que a análise prevista para observar comportamento da regra variável

das estratégias de relativização se modifique, pois, embora se previsse analisar três

variantes na variável dependente – variante padrão e as não padrão cortadora e

copiadora –, apenas duas – variante padrão e a não padrão cortadora – foram

encontradas. Assim, a suposta regra variável passou de ternária para binária, de acordo

com os moldes labovianos (1972).

Ainda em relação aos percentuais exibidos na Tabela 08, pode-se considerar que

as estratégias de relativização no grupo das preposicionadas da escrita culta jornalística

do PB constituem uma regra de natureza semicategórica, segundo Labov (2003). Esta

constatação é possível primeiramente por motivos de ordem quantitativa, porque os

percentuais estão entre 95% e 99% de variação e, segundo Labov (2003), esse

enquadramento percentual demonstraria que não se verifica efetivamente uma situação

de variação linguística. Haveria basicamente uma variante em uso e a violação à regra

seria rara, de modo que ocorreria em construções qualitativamente específicas e, quando

se verificasse em construções gerais, seria facilmente identificada pelos falantes. O

tratamento da regra encontrada como semicategórica será mais trabalhado na seção 3.3,

em que será exposta uma análise qualitativa das ocorrências com base nos resultados

adquiridos para as variáveis independentes propostas no presente estudo.

Em (49a – e), há exemplos de orações relativas do grupo das preposicionadas.

Em (49a), há uma oração relativa padrão articulada por um pronome relativo que

desempenha função sintática de complemento nominal. Em (49b), apresenta-se uma

oração relativa padrão articulada por um pronome relativo que desempenha função

sintática de complemento circunstancial. Em (49c), há uma oração relativa padrão

articulada por um pronome relativo que desempenha função sintática de complemento

oblíquo. Em (49d - e), apresentam-se, respectivamente, uma oração relativa padrão

articulada por um pronome relativo que desempenha função sintática de adjunto

adnominal e adjunto adverbial.

(49) a) Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e crescente

capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do Estado. A

integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos têm acesso,

é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O GLOBO,

DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno Geral, p.22.

87

b) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos

restaurantes mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde

raramente se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e

Paris, onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência

ele tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;

formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19.

c) O problema é que a mudança reintroduz, pela porta dos fundos, a famigerada

tributação cumulativa sobre faturamento, uma deformidade fiscal desnecessária da

qual o país havia praticamente se livrado, graças ao louvável esforço de reforma

tributária do primeiro governo do presidente Lula. - Jornal O GLOBO, DATA:

28/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Improvisação e imediatismo, Caderno Geral, p.22.

d) Eu era imensamente rico, morava num castelo, mas dava poucos presentes. –

Mas eu lembro – disse o velho do tersol – do seu desespero no avião cujo trem de

aterragem não descia . - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: conversa de

velhos, Caderno Geral, p.23.

e) Decido apropriar-me da zona franca da Divina Comédia e imagino traduzir a

cena política do Brasil, segundo as lentes de um Dante redivivo, mantendo a vigilância

ética, incômoda, inarredável, com que definiu os crimes deste mundo e as penas do

outro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: Dante e a Justiça, Caderno

Geral, p.23.

Na seção a seguir, serão detalhados os resultados do grupo das não

preposicionadas do corpus extraído do Jornal O Globo.

3.2. Comportamento das orações não preposicionadas do corpus jornalístico

Esta seção apresentará de forma mais detalhada o tratamento qualitativo dos

dados do grupo das não preposicionadas, todas do tipo padrão, em relação aos

percentuais dos grupos de fatores controlados, evidenciando também os dois tipos de

construções quanto ao articulador, se sujeito ou objeto direto. Embora se esteja diante

de um caso de regra categórica, os resultados detalhados a seguir permitem traçar o

perfil das construções relativas não preposicionadas quanto às suas características

prototípicas.

O primeiro grupo de fatores controlado é a “função sintática do termo

antecedente”. Esse grupo permite observar quais funções sintáticas de um SN,

atribuídas pelo predicador da oração principal, são mais frequentes, quando assumem o

88

papel de termo antecedente de uma oração relativa. A Tabela 09 evidencia os

percentuais dessa propriedade sintática.

FUNÇÃO

SINTÁTICA DO

TERMO

ANTECEDENTE

O. R. NÃO PREPOSICIONADAS - PADRÃO

SUJ. % OD % TOTAL %

Sujeito 28 93.3% 02 6.7% 30 19.9%

Objeto Direto 22 100% - - 22 14.6%

Pred. Do Suj. 08 88.9% 01 11.1% 09 6.0%

Objeto Indireto 01 100% - - 01 0.6%

F.Oblíqua (CR e CC) 07 87.5% 01 12.5% 08 5.3%

Comp. Nominal 35 92.1% 03 7.9% 38 25.2%

Aposto 03 100% - - 03 2%

Adj. Adnominal 17 89.5% 02 10.5% 19 12.6%

Adjunto Adverbial 10 83.3% 02 16.7% 12 7.9%

Agente da Passiva 02 50% 02 50% 04 2.6%

Expr. Nominal 04 80% 01 20% 05 3.3%

TOTAL 137 90.7 % 14 9.3% 151 100%

Tabela 9. Oração Relativa Não Preposicionadas x Função Sintática do Termo

antecedente

Em termos gerais, as funções sintáticas do termo antecedente mais produtivas no

processo de relativização são o complemento nominal (38/150 – 25.2%), o sujeito

(30/150 – 19.9%) e o objeto direto (22/150 – 14.6%). Os exemplos (50a – c) ilustram a

descrição feita, já que (50a) é uma oração relativa que possui um termo antecedente

desempenhando função sintática de complemento nominal, (50b) é uma oração relativa

que possui um termo antecedente exercendo a função de sujeito e (50c) é uma oração

relativa que possui um termo antecedente desempenhando função sintática de objeto

direto (considerados, aqui, os predicadores verbais de período anterior).

(50) a) A venda de meia-entrada é pessoal e intransferível e está condicionada a

apresentação dos documentos que comprovem esta condição na entrada do

espetáculo. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda de um

show no VIVO Rio, Segundo caderno, p.08

b) Os produtos anunciados que são beneficiados pela lei de informática são os

que têm valor de até R$4.000,00. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,

ANÚNCIO: propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21

89

c) Depois dessas decisões do Supremo, os juízes, promotores, advogados e

policiais brasileiros têm o incentivo para cada um, dentro de sua função, apurar,

investigar, processar e julgar os atos ilegais. Qualquer ilegalidade. E principalmente os

crimes contra o poder público, que atingem toda a sociedade. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo para quem investiga, Caderno

Geral, p.04.

Quanto à distribuição dos dados considerando a função do pronome relativo, dos

38 dados de complemento nominal, 35 (92.1%) são construções relativas de sujeito e 03

(7.9%) constituem construções relativas de objeto direto. Dos 30 dados de SN

antecedente sujeito, 28 (93.3%) são ocorrências de orações relativas de sujeito e 02

(6.7%) de objeto direto. Dos 22 dados de SN antecedente objeto direto, todos são

ocorrências de relativas de sujeito (100%). (51a - b) são exemplos de termos

antecedentes com função de complemento nominal sendo modificados por orações

relativas de sujeito (51a) e de objeto direto (51b).

(51) a) E nova cultura, fraterna, com antídotos contra o sectarismo e a apropriação

autoritária de expressões de fé que se querem únicas. No cruzadismo medieval, oração

e coração, tão próximos na grafia e no nosso sentimento, ficavam apartados na

geografia e na história. Isso produziu genocídio, do qual não estamos livres. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,

Caderno Geral, p.17.

b) Na enfermaria, quanto mais encontrava gente abandonada, naquela solidão

limite, mais dava graças pelas tantas preces, axés e energias positivas que recebi. –

Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital

público, Caderno Geral, p.17.

(52a – b) são exemplos de termos antecedentes com função de sujeito sendo

modificados por orações relativas de sujeito (52a) e de objeto direto (52b).

(52) a) Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídios,

cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados

presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as

condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O GLOBO,

DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno

Geral, p.22.

b) Hélio Pellegrino (1924/1988), psicanalista, ensina: “O preço da graça que

recebemos é nos mantermos fiéis a ela, é nos tornarmos os porta-vozes dela. A graça

quer acender ao mundo através da nossa boca que fala”. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

90

(53) é um exemplo de termo antecedente com função de objeto direto sendo

modificado por uma oração relativa de sujeito.

(53) Mas o destino nos reservou uma triste surpresa, levando embora uma

companheira de trabalho que sempre se preocupou com o bem-estar de todos. –

Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Consulado Geral da

Cônsul, Caderno Geral, p.20.

Voltando aos dados gerais da propriedade sintática em análise, a função

sintática do termo antecedente de adjunto adnominal – 19/151 dados (12,6%) – é a

quarta função mais frequente nas construções relativas. Esta função é seguida por

adjunto adverbial – 12/151 (7.9%) –, predicativo do sujeito – 09/151 (6%) – e pelas

funções oblíquas – 08/151 (5.3%). Em (54a – b), apresentam-se exemplos de termos

antecedentes com função de adjunto adnominal (54a) e de adjunto adverbial (54b).

(54) a) Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de

planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que

prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,

nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –

caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de

passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios

(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade

danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que

unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas, fundamental

para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo município. - Jornal

O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo

prefeito, Caderno Geral, p.22.

b) À medida que prosseguia nas respostas às perguntas da magistrada que o

interrogava, ele (Dirceu) foi deixando claro que era de fato o primeiro-ministro do

governo. Tudo passava pelas mãos dele. Ele foi coordenador da campanha, foi o

comandante da transição. No governo que se instaura, ele foi o chefe da Casa Civil,

mas era plenipotenciário. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres

Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.

Seguindo a análise dos dados expostos da Tabela 08 sobre a função sintática do

termo antecedente, dos 19 dados de adjunto adnominal, 17 (89.5%) são de sujeito e 02

(10.5%) são de objeto direto. Dos 12 dados de adjunto adverbial, 10 (83.3%) são de

sujeito e 02 (16.7%) de objeto direto. Dos 09 dados de predicativo do sujeito, 08

91

(88.9%) são de sujeito e 01 (11.1%) de objeto direto. Dos 08 dados de função oblíqua,

07 (87.5%) são de sujeito e 01 (12.5%) é de objeto direto.

Em (55a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função

sintática de adjunto adnominal sendo modificado por orações relativas de sujeito (55a) e

de objeto direto (55b).

(55) a) O TSE quer saber o motivo do número elevado de abstenções, votos em

branco e nulos. Quanta ingenuidade dos políticos que nos são impostos, mensalões,

impunidade e obrigatoriedade do voto. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012,

CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Alberto Vanny, Vila Velha - ES, Caderno Geral,

p.17.

b) Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as fichas

dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos olhos

do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –

exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.

Em (56a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função

sintática de adjunto adverbial sendo modificado por orações relativas de sujeito (56a) e

de objeto direto (56b).

(56) a) Coração é órgão de grande simbolismo, sempre identificado com amor e

paixão, que dão sentido ao existir. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

b) O sistema funciona a partir de um chip, que os motoristas serão obrigados a

instalar em seus veículos – inicialmente a partir de janeiro. - Jornal O GLOBO,

DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a

privacidade, Caderno Geral, p.16.

Em (57a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função

sintática de predicativo do sujeito sendo modificado por orações relativas de sujeito

(57a) e de objeto direto (57b).

(57) a) A tipificação do crime de formação de milícias era medida que se impunha já

há algum tempo. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as

milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24.

b) O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas têm

que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e os

92

lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos

quilômetros os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de

um lugar para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO:

Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

Em (58a – b), são apresentados exemplos de termo antecedente com função

sintática oblíqua sendo modificado por orações relativas de sujeito (58a) e de objeto

direto (58b).

(58) a) Venha participar de um encontro que irá apresentar e debater o filme Steve

Jobs: a entrevista perdida, do diretor Robert Cringely. – Jornal O GLOBO, DATA:

02/10/12, ANÚNCIO: propaganda sobre festival do Rio, Segundo Caderno, p.08

b) As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas na

Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender que

as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para participar do

Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo menos

uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou guardiões

masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam junto; mas

foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. – Jornal O

GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno

Geral, p.18.

As funções sintáticas de agente da passiva – 04/151 dados (2.6%) –, aposto –

03/151 dados (2%) – e objeto indireto – 01/151 (0.7%) são as menos registradas para

que um SN se torne um termo antecedente de uma oração relativa. Os percentuais

corroboram o fato de que tais funções sintáticas são pouco produtivas na língua

portuguesa, pois a estrutura passiva está cada vez mais em desuso principalmente na

variedade do português brasileiro (cf. CAVALCANTE, 1999; 2002). Dos 04 dados de

agente da passiva, 02 (50%) são de sujeito e 02 de objeto direto. Em (59a – b), são

apresentados exemplos de termo antecedente com função sintática de agente da passiva

sendo modificado por orações relativas de sujeito (59a) e de objeto direto (59b).

(59) a) Aqui no Brasil, muçulmanas estão sendo discriminadas em alguns estados

pelas autoridades que não deixam elas usarem o véu quando tiram fotos para

documentos, especialmente para carteira de habilitação. – Jornal O GLOBO,

DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral,

p.18.

b) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou

Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que

93

ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou

o país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação

do STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.

A função de aposto, por ser uma função sintática que tem o papel de acrescentar

uma informação ao SN, apresentou baixo índice de produtividade para a construção de

orações relativas. A função sintática de objeto indireto é também pouco produzida, já

que há poucos predicadores verbais que exijam um SP dativo. Todos os 03 dados de

aposto e o único dado de objeto indireto são formados por orações relativas de sujeito.

Em (60a – c), são apresentados exemplos de termos antecedentes com função sintática

de aposto sendo modificado por orações relativas de sujeito (60a - b) e o único termo

antecedente com função sintática de objeto indireto sendo modificado por orações

relativas de sujeito (60c).

(60) a) É uma equação perversa: aplicados na prática, taxa de ocupação de 1,65 preso

por vaga (relação que na América do Sul, só é superada pela Bolívia, com 1,66). –

Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema

penitenciário, Caderno Geral, p.22.

b) A publicação americana ainda classifica o mensalão como “provavelmente o

maior escândalo de corrupção do Brasil” e chega a compará-lo com Watergate, caso

que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon em 1974. Segundo a

matéria, o caso teria “o mesmo alcance e importância” para os brasileiros que o

Watergate teve nos Estados Unidos, ao submeter “um chefe do governo a intenso

escrutínio, no caso um dos principais confidentes de Lula, José Dirceu”. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é notícia no mundo,

Caderno Geral, p.09.

c) Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos

representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma

maneira de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de

despesas médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio,

Caderno Geral, p.15.

Ocorreram 05/151 casos (3,3%) em que o termo antecedente é uma expressão

nominal sem vínculo sintático explícito com um predicador específico, em que 04 casos

(80%) são modificados por orações relativas de sujeito (61a – b) e 01 caso (20%) por

oração relativa de objeto direto (61c). Todas as ocorrências foram identificadas no

gênero textual anúncio, que costuma se valer desse tipo específico de frase, a chamada

frase nominal.

94

(61) a) Dois campeões que nunca vão se enfrentar. Que sorte Anderson. Jornal O

GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da RENAULT, Caderno Geral,

p.09.

b) O delegado que acabou com o sequestro no Rio. – Jornal O GLOBO,

DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda eleitoral, Caderno Geral, p.14.

c) Câmbio Manual de 6 velocidades. Mais esportividade, economia de

combustível e o controle do desempenho que só o câmbio Manual pode oferecer. –

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno

Geral, p.05.

A perspectiva semântica também foi averiguada em relação ao termo

antecedente por meio da variável independente “referencialidade do termo antecedente”.

Com já mencionado, esta variável permite observar a relação entre os traços semânticos

animacidade – traços [+ humano] / [- humano] – e especificidade – traços [+ específico]

/ [- específico] – do SN da oração principal e a presença de um termo antecedente de

uma oração relativa. A Tabela 10 irá expor a distribuição percentual dos dados em

análise.

REFERENCIALIDADE

DO TERMO

ANTECEDENTE

FUNÇÃO

SINTÁTICA DE

SUJEITO

FUNÇÃO

SINTÁTICA DE

OBJETO DIRETO

TOTAL

Dados % Dados % D. %

[+ hum.] / [+ esp.] 37 94.9% 02 5.1% 39 25.8%

[+ hum.] / [- esp.] 17 89.5% 02 10.5% 19 12.6%

[- hum.] / [+ esp.] 52 86.7% 08 13.3% 60 39.7%

[- hum.] / [- esp.] 31 94.9% 02 6.1% 33 21.9%

TOTAL 137 90.7% 14 9.3% 151 100%

Tabela 10. Total de orações relativas não preposicionadas x Referencialidade do

Termo antecedente.

Sendo assim, os dados gerais evidenciam que 60 (39.7%) dos 151 dados de

orações relativas não preposicionadas possuem o termo antecedente [-humano]/[+

específico], 39/151 casos (25.8%) com o termo antecedente [+humano]/[+específico],

33/151 casos (21.9%) com termo antecedente [-humano]/[-específico] e 19/151 casos

(12.6%) com o termo antecedente [+humano]/[-específico].

O feixe de traços semânticos [-humano]/[+ específico] constitui o contexto mais

produtivo (39,7%) na configuração semântica do SN antecedente (62a). Em

95

contraposição, o feixe de traços semânticos [+humano]/[-específico] – com 12.6% – é o

menos produtivo no processo de relativização de um SN (62b).

(62) a) São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos, um

dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas distorções

que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O GLOBO,

DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno

Geral, p.22.

b) Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a

conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio

rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da

Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20.

Comparando individualmente cada traço – [+/- humano] e [+/- específico] –

pode-se constatar que o traço [- humano] ocorre com mais frequência – 39,7% no feixe

[-humano]/[+específico] e 21.9% no feixe [-humano]/[-específico] – do que o [+

humano] – 25.8% no feixe [+humano]/[+específico] e 12.6% no feixe [+humano]/[-

específico]. Em (63a – b), apresentam-se exemplos de orações relativas em que o termo

antecedente possuem os traços [+ humano]/[+específico] – (63a) – e [- humano]/[-

específico] – (63b).

(63) a) A União das entidades Islâmicas do Brasil deveria entrar com um pedido

judicial de esclarecimento no STJ para que haja uma decisão legal liberando

muçulmanas que querem usar véus em todos os estados da União quando tirarem

fotos para documentos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE

OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18

b) O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao

qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha

pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser

perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem

ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal

O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José

Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.

Em relação ao traço [+específico], pode-se averiguar a maior ocorrência deste –

39,7% no feixe [-humano]/[+específico] e 25.8% no feixe [+humano]/[+específico] – do

que a do traço [- específico] – 21.9% no feixe [-humano]/[-específico] e 12.6% no feixe

[+humano]/[-específico]. Esta análise demonstra que o feixe [-humano]/[+específico] é

a propriedade semântica mais recorrente do que é relativizado. Pode-se supor que um

SN que exprime valor semântico específico, determinado, sobretudo quando inanimado,

96

tende a configurar-se prototipicamente como um termo antecedente de uma oração

relativa.

Outra variável independente analisada foi “a distância entre o termo antecedente

e o articulador da oração relativa”. No caso das orações relativas não preposicionadas,

todas do tipo padrão, essa variável oportuniza averiguar o perfil dessas orações quanto à

distância entre o elemento nuclear do termo antecedente e a oração relativa. Em dados

gerais, das 151 ocorrências de orações relativas padrão não preposicionadas, 98 (64.9%)

apresentam seu termo antecedente próximo da oração relativa – nível zero –, 26 (17.2%)

ocorrências apresentaram uma distância de 05 ou mais sílabas – nível 03 –, 25 (16.6%)

ocorrências apresentaram uma distância de 03 a 04 sílabas – nível 02. Apenas ocorreram

02 (1.3%) dados em que a distância era entre 01 a 02 sílabas.

DISTÂNCIA ENTRE O

TERMO

ANTECEDENTE E O

ARTICULADOR

FUNÇÃO

SINTÁTICA DE

SUJEITO

FUNÇÃO

SINTÁTICA DE

OBJETO DIRETO

TOTAL

Dados % Dados % D. %

NÍVEL ZERO 90 91.8% 08 8.2% 98 64.9%

NÍVEL 01 02 100% - - 02 1.3%

NÍVEL 02 23 92% 02 8% 25 16.6%

NÍVEL 03 22 84.6% 04 15.4% 26 17.2%

TOTAL 137 90.7% 14 9.3% 151 100%

Tabela 11. Total de orações relativas não preposicionadas x Distância entre o termo

antecedente e o articulador.

O comportamento dos dados somente reafirma uma das características mais

marcantes de uma construção relativa: o termo antecedente dificilmente está distante da

oração relativa. Olhando de perto a variável em análise, constata-se que ela não trouxe

resultados descritivos significativos à pesquisa, sobretudo, porque sua concepção

ignorou a referida característica, o que sugere que esse grupo de fatores deva ser

desconsiderado em análises futuras sobre o fenômeno. Nos exemplos a seguir, são

expostas orações relativas que possuem uma distância nível zero (64a), nível 01 (64b),

nível 02 (64c) e nível 03 (64d).

(64) a) O ministro Público (MP) foi procurado por Beltrame, que soube da soltura

na sexta-feira). – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para

bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07.

97

b) A população brasileira, cansada das “CPIs Pizza”, está com esperanças

renovadas na Justiça Brasileira. Parabéns aos ministros do STF, que votaram pela

condenação dos articuladores do mensalão, em especial ao ministro Joaquim

Barbosa, pelo seu brilhante e extenso relatório. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Eneida Junqueira, Rio,

Caderno Geral, p.15.

c) O Zé chegou a criar a imagem do transatlântico. Dizia que, para manobrar um

transatlântico, era preciso fazer devagar, e isso levava tempo – diz um dos petistas que

participava das discussões. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:

Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

d) Existe um prazo para um processo ser concluído quando o réu está preso,

que é de 81 dias. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para

bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07.

A variável “tipo de pronome relativo” oportuniza observar quais são os

articuladores mais frequentes para introduzir uma oração relativa não preposicionada.

Na Tabela 12, encontra-se a distribuição das orações relativas padrão não

preposicionadas em relação ao tipo de pronome relativo.

TIPO DE PRONOME

RELATIVO

FUNÇÃO

SINTÁTICA DE

SUJEITO

FUNÇÃO

SINTÁTICA DE

OBJETO DIRETO

TOTAL

Dados % Dados % D. %

QUE 136 90.7% 14 9.3% 150 99.3%

O / A QUAL 01 100% - - 01 0.7%

TOTAL 137 90.7% 14 9.3% 151 100%

Tabela 12.Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de pronome relativo

Pode-se constatar que, nos dados gerais, ocorreram 150 ocorrências de relativas

introduzidas pelo pronome relativo “que” e apenas 01 ocorrência de relativa introduzida

pelo pronome relativo “o/a qual”. Quanto à função sintática do articulador, dos 151

casos de orações relativas introduzidas pelo pronome relativo “que”, 136 (90.7%) são

relativas de sujeito (65a) e 14 (9.3%) de objeto direto. O único caso de oração relativa

introduzida pelo pronome relativo “o/a qual” é de sujeito (65b).

(65) a) De um lado está o secretário de estadual de segurança José Mariano Beltrame,

que lamentou a soltura dos réus. Do outro, o desembargador Siro Darlan, que defende

que os acusados têm a lei a seu favor. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012,

98

NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno

Geral, p.07.

b) Em vista dos fatos mencionados, conclui-se que falta a Obama aquele arrojo

transbordante do presidente Franklin Roosevelt, o qual em um momento histórico

muito mais difícil soube explicitar com eficácia suas realizações. Jornal O GLOBO,

DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A culpa é de Obama, p.13.

No exemplo (65a), o termo antecedente “o desembargador Siro Darlan” é

modificado pela oração relativa “que defende que os acusados têm a lei a seu favor”

introduzida por um pronome relativo “que” que desempenha a função sintática de

sujeito. O termo antecedente possui a função sintática de sujeito, contém os traços

semânticos [+humano]/[+ específico] e está próximo da oração. Pode-se constatar que o

SN relativizado possui propriedades sintático-semânticas favorecedoras para ser

acompanhado por uma construção relativa, pois desempenha função sintática de sujeito

e contém o traço [+específico]. Além disso, a oração relativa introduzida pelo pronome

“que” está posicionada próximo a ele.

No exemplo (65b), o termo antecedente “o presidente Franklin Roosevelt” é

modificado por uma oração relativa introduzida pelo pronome relativo “o/a qual” que

desempenha função sintática de sujeito. O antecedente, especificamente, exerce a

função de adjunto adnominal e contém os traços [+humano]/[+ específico] e está

próximo da oração. Pode-se averiguar que o SN relativizado possui as características

sintático-semânticas produtivas para ser modificado por uma oração relativa, já que

desempenha função sintática de adjunto adnominal, contém o traço [+específico].

Finalmente, quando se realiza na construção textual, a oração relativa, apesar de ser

encetada pelo pronome relativo “o qual” – articulador que, de acordo com os dados, não

é produtivo no processo da relativização –, é posicionada próximo ao SN.

Os dados expostos na Tabela 12 estão de acordo com as orientações da

gramática tradicional, que indicam que somente os articuladores “que” e “o/a qual”

podem introduzir orações relativas não preposicionadas, mas, particularmente, a

preferência deva ser pelo pronome relativo “que” (cf. BECHARA, 2005 [1979] e

CUNHA & CINTRA, 2013 [1985]). Deste modo, vale a pena citar as observações

prescritivas de Bechara (2005 [1979]) acerca do assunto.

Que – não precedido de preposição necessária – pode exercer

função sintática de sujeito, objeto direto e predicativo do sujeito

99

(...). O qual – e flexões que concordam em gênero e número com

o antecedente – substitui que e dá à expressão mais ênfase. Para

maior vigor ou clareza pode-se até repetir o antecedente depois de

o qual. (...) É mais comum a substituição de que por o qual depois

de preposição ou locução prepositiva de duas ou mais sílabas.

(BECHARA, 2005 [1979], p.486, 488)

Nas orientações mencionadas, Bechara (2005[1979]) indica que, por mais que o

pronome “o/a qual” possa encetar orações relativas não preposicionadas, deveria haver a

preferência para que esse relativo introduza orações relativas preposicionadas. O

gramático ainda faz menção à posição do relativo em relação ao termo antecedente.

Normalmente, o que vem junto do seu antecedente; quando isto

não se dá e o sentido periga, desfaz-se a dúvida com o emprego

do o qual, de e este ou se repete o antecedente, ou se põe vírgula

para mostrar que o relativo não se refere ao antecedente mais

próximo. (BECHARA, 2005[1979], p.488)

Essa citação confirma que a possibilidade de formar uma oração relativa distante

de seu termo antecedente não é condenada pela prescrição gramatical, apesar de

sinalizar que seja mais interessante que a oração esteja perto do termo antecedente para

não acarretar que o sentido fique “em perigo”. Nos casos em que a distância entre o

termo antecedente e a relativa interfere na compreensão, o gramático fez algumas

recomendações e uma delas é a substituição do pronome relativo “que” por “o/a qual”.

Vinculando os últimos resultados das análises das variáveis independentes –

“distância entre o termo antecedente e o articulador” e “tipo de articulador” – com os

comentários de Bechara (2005[1979]), pode-se sinalizar que o fenômeno em estudo

pode ecoar, de certa forma, as orientações da norma gramatical que fundamentam as

crenças e atitudes linguísticas dos jornalistas e revisores do veículo de comunicação

estudado.

Como já mencionado, as únicas ocorrências em que a oração relativa possui seu

termo antecedente distante (64c - d) e é encabeçada pelo pronome “o/a qual” (65b)

condizem com as recomendações da gramática tradicional citadas. A percepção

100

avaliativa dos jornalistas e revisores do jornal será especificamente abordada na seção

3.5 deste capítulo.

Retomando a análise dos dados, apresenta-se a distribuição das orações relativas

não preposicionadas pela variável independente “tipo de verbo”. Na Tabela 13, pode-se

observar que os verbos que organizam a estrutura argumental das orações relativas

padrão não preposicionadas são os verbos transitivos diretos – com 86/151 casos (57%)

–, verbos transitivos relativos/circunstanciais – com 22/151 ocorrências (14.6%) – e

verbos bitransitivos – com 14/151 casos (9.3%).

TIPO DE VERBO DA

O. RELATIVA

O. R. PADRÃO

TOTAL %

V. Transitivo Direto 86 57%

V. Transitivo Indireto 01 0.6%

V. Transitivo Relativo 22 14.6%

V. Bitransitivo 14 9.3%

V. Intransitivo 09 6%

V. Inacusativo 03 2%

V. de Ligação 12 7.9%

V. Suporte 04 2.6%

TOTAL 151 100%

Tabela 13. Total de orações relativas não preposicionadas x tipo de verbo da O.

Relativa

Em (66a – c), estão exemplificadas as orações relativas constituídas por verbo

transitivo direto (66a), por verbo transitivo circunstancial (66b) e verbo bitransitivo

(66c).

(66) a) Perdemos uma companheira maravilhosa, que espalhou alegria por onde

passou. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Consulado

Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20.

b) Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de

planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que

prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. - Jornal O

GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo

prefeito, Caderno Geral, p.22.

c) A tipificação do crime de formação de milícias era medida que se impunha já

há algum tempo. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as

milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24.

101

Continuando a descrição dos dados percentuais da Tabela 13, há 12 (7.9%)

dados de verbos de ligação, 09 (06%) de verbos intransitivos, 04 (2.6%) de verbos

suportes, 03 (2%) de verbos inacusativos e 01 (0.7%) de verbo transitivo indireto.

Todos os verbos constituem orações relativas de sujeito.

Quanto à variável “gênero textual”, os 151 dados de orações relativas não

preposicionadas distribuem-se da seguinte forma: 36 (24%) ocorrências extraídas de

notícia, 26 (17.3%) de carta de leitor, 26 (17.3%) de artigo de opinião, 25 (16.7%) de

anúncio, 21 (14%) de crônica e 16 (10.7%) de editorial – vide Tabela 14.

GÊNERO TEXTUAL

O. R. PADRÃO

TOTAL %

EDITORIAL 17 11.3%

ARTIGO DE OPINIÃO 26 17.2%

CRÔNICA 21 13.9%

NOTÍCIA 36 23.8%

CARTA DE LEITOR 26 17.2%

ANÚNCIO 25 16.6%

TOTAL 151 100%

Tabela 14.Total de orações relativas não preposicionadas x gênero textual.

Considerando a detalhada descrição das ocorrências de relativas não

preposicionadas, todas do tipo padrão, cabe recapitular os principais resultados e

destacar as características mais produtivas dessas construções. Quanto aos termos

antecedentes, verificou-se que estes costumam desempenhar funções sintáticas de

sujeito e complemento verbal e contêm os feixes de traços [-humano]/[+específico]. A

distância da oração relativa em relação ao elemento nuclear do termo antecedente é rara

no processo de relativização. O pronome relativo “que” e os verbos transitivos diretos

na oração relativa integram a maioria dos dados do grupo das orações não

preposicionadas, que se distribuem, quase que proporcionalmente, pelos gêneros

textuais em estudo.

Na seção 3.3, a seguir, serão apresentados os resultados relativos ao grupo das

orações relativas preposicionadas.

102

3.3. Comportamento das orações preposicionadas do corpus jornalístico

Nesta seção, são expostos os resultados do comportamento linguístico das

estratégias de relativização padrão e não padrão cortadora no grupo das orações

relativas introduzidas por articuladores que desempenham função oblíqua – grupo de

orações relativas preposicionadas. É interessante relembrar que não foram encontradas

ocorrências de orações relativas copiadoras em todo o corpus, havendo, em um total de

102 casos, 97 orações relativas padrão e 05 orações relativas cortadoras (cf. Tabela 08,

na seção 3.1).

Em (67a – e), apresentam-se as orações relativas não padrão cortadora. Pode-se

observar que 04 ocorrências – (67a – d) possuem o termo antecedente desempenhando a

função sintática de adjunto adverbial e 01 ocorrência com o termo antecedente

desempenhando função sintática de objeto direto (67e). Em relação aos traços

semânticos, todos os termos antecedentes contêm os traços [- humano]/[+ específico] e

também possuem total proximidade com o articulador da oração relativa – distância

nível zero.

(67) a) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que houver

utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para

qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,

ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06

b) (...) Liberty web smart: a tarifa de R$ 29,90 será cobrada somente no mês que

houver utilização de dados/internet. (...) - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da TIM, Caderno Geral p.06

c) (...) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que houver

utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para qualquer

operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da TIM, Caderno Geral p.06

d) Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já

economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress

de dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e

também não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA

FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20

e) Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já

economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress de

dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e também

não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA

FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20

103

Pode-se destacar que todos os dados são formados pelo pronome relativo “que”

exercendo a função sintática de adjunto adverbial de tempo. Todas as orações relativas

tiveram a preposição “em” cortada. Estruturalmente, as construções relativas são

organizadas por verbos transitivos diretos – 04 ocorrências (67a – d) – e transitivos

relativos – 01 ocorrência (67e). Estes dados foram todos recolhidos de anúncios

publicitários. Após este tratamento qualitativo das orações relativas não padrão

cortadoras, o presente estudo passa a abordar as variáveis controladas no estudo.

Os primeiros resultados referem-se ao grupo de fatores “função sintática do

termo antecedente”. De acordo com a Tabela 15, nos 102 dados, há 28 (27.5%) casos

em que o termo antecedente desempenha a função sintática de adjunto adverbial, 18

(17.6%) casos de termo antecedente com função de objeto direto e 15 (14.7%) casos de

termo antecedente com função de complemento nominal.

FUNÇÃO SINTÁTICA

DO TERMO

ANTECEDENTE

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

Sujeito 08 100% - - 08 7.8%

Predicativo do Sujeito 07 100% - - 07 6.9%

Objeto Direto 17 94.4% 01 5.6% 18 17.6%

F. Oblíqua (CR e CC) 07 87.5% 01 12.5% 08 7.8%

Compl. Nominal 15 100% - - 15 14.7%

Agente da Passiva 02 100% - - 02 2%

Adjunto Adnominal 09 100% - - 09 8.8%

Adjunto Adverbial 24 89.3% 03 10.7% 28 27.5%

Expressão Nominal 07 100% - - 07 6.9%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 15. Orações Relativas Preposicionadas x Função Sintática do Termo

antecedente

Em (68a - c), são expostos exemplos de termos antecedentes com função

sintática de adjunto adverbial (68a), de objeto direto (68b) e complemento nominal

(68c).

(68) a) O Brasil termina se nivelando por baixo, num continente em que existe a

Argentina. (...)– Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: O anacrônico

protecionismo brasileiro, Caderno Geral, p.24

104

b) Neste livro, o chef Alain Passard oferece 48 pratos de legumes, frutas

verduras e ervas, cujas colagens foram feitas pelos próprios cozinheiros. (...) – Jornal

O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda sobre um publicação de livro,

Segundo Caderno, p.05.

c) Documentação gratuita (lacração) para o veículo i30 válida para a cidade

onde está sendo veiculado o anúncio. - Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12,

ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno geral, p.05.

As próximas funções sintáticas que caracterizam o SN da oração principal

relativizado são adjunto adnominal – 09 (8.8%) dados –, sujeito – 08 (7.8%) dados, –

função oblíqua – 08 (7.8%) dados –, predicativo do sujeito – 07 (6.9%) dados – e agente

da passiva – 02 (02%) dados.

Esses resultados também se assemelham aos resultados do grupo das não

preposicionadas, porque o papel de adjunto adnominal apresenta um percentual um

pouco mais alto do que o das funções sintáticas que o seguem na Tabela 15.

As funções de sujeito, de complemento oblíquo e de predicativo do sujeito

apresentaram um percentual baixo de relativização – 7.8%, 7.8% e 6.9%,

respectivamente – nesta amostra. A baixa realização do agente da passiva (02%) pode

ser explicada pelo fato de ser uma função sintática pertencente às estruturas passivas,

que – como já mencionado na seção 3.2 – estão cada vez mais em desuso no PB.

Em (69a – e), apresentam-se exemplos de termos antecedentes com função de

adjunto adnominal (69a), sujeito (69b), complemento oblíquo (69c), predicativo do

sujeito (69d) e agente da passiva (69e).

(69) a) Dezenas de milhares de pessoas foram para as ruas de Paris domingo, nas

primeiras manifestações contra o governo Hollande, cuja popularidade caiu a seu

nível mais baixo – 43%.– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, EDITORIAL: Hollande

cai na real em choque de austeridade, Caderno Geral, p.22.

b) Em vinte minutos e 500 reais, passei de monstro saudável a doente com três

meses de vida. E o pior é que, afora uma tossezinha boba, nada sentia. Mais ainda: o

leite condensado com a qual sua saudosa mãe resolvia todos os problemas não

funcionava. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e

leite condensado, Caderno Geral, p.19.

c) Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-

colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num

tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e

discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,

vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -

105

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,

Caderno Geral, p.19.

d) O que está em questão são, simplesmente, os padrões de comportamento da

sociedade em que vivemos – e que são, indiscutivelmente, diferentes daqueles de

nossos pais. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: Mulher nua, Caderno

Geral, p.23.

e) A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na TV foi

detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o democrata,

de baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22, terão peso

considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma campanha em

que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, EDITORIAL:

Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18

Também foram encontrados 08 (7.8%) casos em que o termo antecedente era

uma expressão nominal “isolada” (70a – b).

(70) a) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes

mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente

se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,

onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele

tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;

formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19.

b) Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a exportar e

ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO DO

SEBRAE, Caderno Geral, p.09.

A variável independente “referencialidade do termo antecedente”, neste grupo,

apresenta uma distribuição percentual próxima à distribuição do grupo das não

preposicionadas, pois o feixe de traços semânticos [-humano]/[+específico] é uma

propriedade que aparece em 67 (65.7%) das ocorrências. Em seguida, os feixes [-

humano]/[-específico] – com 33 (32.4%) dos dados – e [+ humano]/[+específico] – com

02 (2%) – aparecem na distribuição da Tabela 16. Não houve ocorrência de termo

antecedente com os traços [+humano]/[-específico].

106

REFERENCIALIDADE

DO TERMO

ANTECEDENTE

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

[+ hum.] / [+ esp.] 02 100% - - 02 2%

[+ hum.] / [- esp.] - - - - - -

[- hum.] / [+ esp.] 63 94% 04 6% 67 65.7%

[- hum.] / [- esp.] 32 97% 01 3% 33 32.4%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 16. Orações relativas preposicionadas x referencialidade do termo antecedente.

Detalhando a comparação entre os grupos de orações relativas, os traços [-

humano] / [+ específico] apresentam os percentuais mais altos de orações relativas –

38.7% (58/150 dados) no grupo das não preposicionadas e 65.7% (67/102 dados) no

grupo das preposicionadas. Esses percentuais ratificam o fato do SN da oração principal

que contenha a característica semântica inanimada, determinada e específica configurar

o tipo mais facilmente modificado por uma oração relativa.

Outra observação interessante seria sobre os percentuais dos demais feixes – [+

humano]/[+específico] e [- humano]/[- específico] –, já que, em ambos os grupos de

orações relativas, se verificam percentuais menores para esses fatores, quando são

comparados com o feixe [- humano]/[+específico]. Em (71a – c), são expostos

exemplos de termos antecedentes com traços [- humano]/[+específico] (71a), [-

humano]/[- específico] (71b) e [+ humano]/[+específico] (71c).

(71) a) O segundo sinal de que as autoridades observam com inquietação a

movimentação de bandos milicianos, particularmente no Rio, onde eles atuam com

mais desenvoltura. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as

milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24.

b) Garantimos a quantidade mínima de 05 unidades/kg de cada produto por loja

em que ele esteja disponível. (...).– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANUNCIO:

propaganda da EXTRA, Caderno Geral, p.13.

c) O embaixador saudita em Abuja disse que os vistos das nigerianas barradas

não iam ser cancelados, e que elas podiam tentar entrar de novo na Arábia Saudita, mas

somente acompanhadas dos mahrams de cada uma, cujo nome é incluído no visto. -

Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,

Caderno Geral, p.18.

A variável independente “distância entre o termo antecedente e o articulador”

também se mostrou inócua quanto à compreensão do uso das estratégias de relativização

107

no grupo das orações preposicionadas. A Tabela 17 evidencia o detalhamento dos

percentuais mencionados.

DISTÂNCIA ENTRE O

TERMO

ANTECEDENTE E O

ARTICULADOR

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

NÍVEL ZERO 35 87.5% 05 12.5% 40 39.2%

NÍVEL 01 32 100% - - 32 31.4%

NÍVEL 02 12 100% - - 12 11.8%

NÍVEL 03 18 100% - - 18 17.6%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 17. Total de orações relativas preposicionadas x distância entre o termo

antecedente e o articulador.

Nota-se que existe um predomínio do nível zero – total proximidade entre o

núcleo do termo antecedente e o articulador – com 40 (39.2%) dados, sendo seguido

pelos níveis 01 – distância de 01 a 02 sílabas entre o núcleo do termo antecedente e o

articulador – com 32 (31.4%) dados, e nível 02 – distância de 03 ou mais sílabas entre o

núcleo do termo antecedente e o articulador – com 12 (11.8%) dados. Também

ocorreram 18 casos (17.6%) em que o núcleo do termo antecedente está distante 05 ou

mais sílabas do articulador – nível 03. Em (72a - b), há exemplos, respectivamente, de

orações relativas com distância nível 03 e nível 02.

(72) a) O CsF é uma das maneiras por meio das quais nossos países estão

estabelecendo vínculos valiosos. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE

OPINIÃO: Parceria educacional, Caderno Geral, p.23.

b) O embaixador saudita em Abuja disse que os vistos das nigerianas barradas

não iam ser cancelados, e que elas podiam tentar entrar de novo na Arábia Saudita, mas

somente acompanhadas dos mahrams de cada uma, cujo nome é incluído no visto. -

Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,

Caderno Geral, p.18.

No que se refere às 32 ocorrências do nível 01, grande parte da distância é de 01

sílaba e os termos responsáveis por esse afastamento são as preposições monossilábicas

“em” – 39 ocorrências –, “com” – 06 ocorrências –, “de” – 05 ocorrências –, “por” – 04

ocorrências e “para” – 01 ocorrência. Os termos antecedentes são substantivos concretos

ou abstratos e alguns expressam noção de tempo e lugar. Os articuladores que

108

introduzem as relativas são “que” – 37 ocorrências – e “o/a qual” – 19 ocorrências.

Observem os exemplos (73a – b):

(73) a) Bem, muita gente à direita há muito parece estar obcecada com a noção de

que o país enfrentará uma inflação descontrolada em breve. A surpresa foi a rapidez

com que Mitt Romney se uniu à loucura geral. - Jornal O GLOBO, DATA:

19/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Odiando Bem Bernanke, Caderno Geral, p.22.

b) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria

que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo

uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de

uma gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:

conversa de velhos, Caderno Geral, p.23.

Os exemplos (73a - b) possuem uma distância nível 01, pois os termos

antecedentes “a rapidez” e “o tempo” estão afastados das orações relativas “que Mitt

Romney se uniu à loucura geral” e “que animais falavam e havia no mundo uma

inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma gostosa

comida fumegante” pelas preposições monossilábicas “com” e “em”, respectivamente.

O termo antecedente de (73a) é um substantivo abstrato e de (73b) é também um

substantivo abstrato com noção de tempo e ambas as orações são introduzidas pelo

pronome relativo “que”.

(74) a) Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria

que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo uma

inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma

gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:

conversa de velhos, Caderno Geral, p.23.

b) Teme-se, com razão, o renascimento da “conta movimento”, uma herança da

ditadura, pela qual os cofres públicos abasteciam o Banco do Brasil de dinheiro do

contribuinte, sem qualquer controle. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12,

EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas, Caderno Geral, p.18.

Os exemplos (74a – b) também possuem uma distância nível 01, pois os termos

antecedentes “a mesa” e “a ditadura” estão afastados das orações relativas “a qual o

garçom botou os pratos de uma gostosa comida fumegante” e “a qual os cofres públicos

abasteciam o Banco do Brasil de dinheiro do contribuinte, sem qualquer controle” pelas

preposições monossilábicas “em” e “por”16

, respectivamente. O termo antecedente de

16

A preposição “por” ao se contrair com o artigo “a” resulta na preposição “pela” que possui duas sílabas. Portanto, para codificação dos dados, o exemplo (74b) tem uma distância nível 01 de duas

109

(74a) é um substantivo concreto com noção de lugar e de (74b) é um substantivo

abstrato, e ambas as orações são introduzidas pelo pronome relativo “a qual”.

Dos 40 dados em que a distância é de nível zero, percebe-se que os termos

antecedentes também são em sua maioria substantivos concretos e abstratos e alguns

exprimem valor de tempo e lugar. Os articuladores são “que” (75a) – 05 ocorrências e

todas introduzem orações não padrão cortadora –, “onde” (75b) – 18 ocorrências –,

“cujo” (75c) – 16 ocorrências – e “a qual” (75d) – 01 ocorrência em que ocorre crase

entre a preposição “a” e o pronome relativo “a qual”.

(75) a) (...) Liberty web smart: a tarifa de R$ 29,90 será cobrada somente no mês que

houver utilização de dados/internet. (...) - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da TIM, Caderno Geral p.06.

b) Não existe cinturão petista. Se existisse, nas pesquisas de setembro,

Russomanno não teria conseguido 38% das preferências na região. O que existe é um

pedaço da cidade onde, depois de oito anos de exercício da prefeitura, o tucano

ainda não se fez ouvir. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO:

Lula carregou seu segundo poste, Caderno Geral, p.18

c) No julgamento do mensalão eu pensava assistir a um “E o vento levou”, mas

estou testemunhando uma narrativa de Machado de Assis. O mesmo sentimento cerca

as eleições cujo resultado vai ser formicida para uns e leite condensado para

outros. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite

condensado, Caderno Geral, p.19.

d) É nesse ponto que entram as máquinas às quais Illich se refere. - Jornal O

GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13.

Reafirma-se, aqui, que a hipótese de partida da variável distância foi

equivocada, visto que, além de controlar contextos pouco prováveis no comportamento

prototípico da construção em análise, que estabelece a proximidade entre o termos

antecedente e o articulador, considerou apenas o núcleo do termo antecedente e não o

sintagma integralmente. Quanto à variável “função sintática do articulador”,

evidenciam-se os seguintes percentuais na Tabela 18.

sílabas, mas, para a análise acima, a distância é nível 01 de uma sílaba, porque a contração entre “por” e “a” foi desfeita.

110

FUNÇÃO SINTÁTICA

DO ARTICULADOR

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

Compl. Nominal 07 100% - - 07 6.9%

F. Oblíqua (CR e CC) 10 100% - - 10 9.8%

Adjunto Adnominal 21 100% - - 21 20.6%

Adjunto Adverbial 59 92.2% 05 7.8% 64 62.7%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 18. Orações Relativas preposicionadas x função sintática do articulador

Dos 102 dados de orações relativas preposicionadas, 64 (62.7%) são encabeçados por

um articulador que desempenha função sintática de adjunto adverbial, 21 (20.6%) são

introduzidos por um articulador exercendo função de adjunto adnominal, 10 (9.8%) por um

articulador desempenhando função oblíqua e 07 (6.9%) por um articulador desempenhando

função de complemento nominal. Em (76a – d), têm-se exemplos de orações relativas

introduzidas por articulador que exerce função de adjunto adverbial (76a), adjunto adnominal

(76b), função oblíqua (76c) e complemento nominal (76d).

(76) a) O país tem a quarta maior população carcerária do mundo. São mais de 500

mil presos, literalmente espremidos num complexo penal em que há um crônico déficit

de 200 mil vagas. - Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente

drama do sistema penitenciário, Caderno Geral, p.20.

b) A estrutura portuária atual, resultado da Lei de Modernização dos Portos, não

se compara com o sistema anterior, cujos custos operacionais eram muito acima da

média internacional, devido à inexistência de investimentos, baixa produtividade e ao

sucateamento de equipamentos e infraestrutura. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12,

ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19

c) Erros históricos de percepção como aquele se sucedem à medida que as

sociedades avançam. A revolução tecnológica por que passa o mundo a partir dos

avanços da microeletrônica tem esta capacidade de pôr em xeque leis, usos e costumes

. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, EDITORIAL: CLT força Justiça a intervir em

temas indevidos, Caderno Geral, p.22.

d) Como ministro de Estado, atentou contra a democracia, ao tentar manietá-la,

talvez em consonância com ideias trazidas do paraíso caribenho dos irmãos Castro com

os quais sempre demonstrou afinidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

CARTA DO LEITOR: Marcello Ferraz Loureiro, Rio, Caderno Geral, p.15.

A Tabela 19 mostra detalhadamente os resultados relativos à variável “tipo de

preposição”.

111

PREPOSIÇÃO

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

EM 41 87.5% 05 12.5% 46 39.2%

DE 06 100% - - 06 5.9%

COM 06 100% - - 06 5.9%

A 02 100% - - 02 2%

POR 04 100% - - 04 3.9%

PARA 01 100% - - 01 1%

OUTRAS PREP. 02 100% - - 02 2%

SEM PREP. (onde e cujo) 35 100% - - 35 40.2%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 19. Orações relativas preposicionadas x tipo de preposição

Pode-se identificar que as preposições que acompanham o articulador mais

frequentes são “em” (46/102; 39.2%), “de” (06/103; 5.9%), “com” (06/102; 5.9%),

“por” (04/102; 3.9%), “a” (02/102; 2%) e “para” (01/102; 1%). Em (77a – c), expõem-

se exemplos de orações relativas acompanhadas das preposições “em” (77a), “de” (77b)

e “com” (77c).

(77) a) Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,

cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados

presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as

condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O

GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,

Caderno Geral, p.22.

b) Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo

Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o

destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR de

formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16.

c) Grande bobagem, como está sendo mostrado num dos mais longos

julgamentos de que se tem notícia, transmitido ao vivo pela TV. Assistir a qualquer das

sessões dá ideia precisa da seriedade com que o Ministério Público construiu sua

denúncia, com base em informações das CPIs que vasculharam o escândalo, de

investigações e perícias da Polícia Federal. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16.

Em (78a – c), expõem-se exemplos de orações relativas acompanhadas das

preposições “por” (78a), “a” (78b) e “para” (78c).

112

(78) a) O levantamento traz um saldo positivo, qualquer que seja o viés pelo qual

seja analisado. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem

saída, Caderno Geral, p.17.

b) Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e crescente

capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do Estado. A

integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos têm acesso,

é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O GLOBO,

DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno Geral, p.22.

c) Foi feita, em Londres, pesquisa sobre a reação de pacientes, para os quais se

formaram correntes espirituais. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA:

Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

As ocorrências de outras preposições foram de 01 dado acompanhado pela

locução prepositiva “por meio de” (79a) e de 01 dado acompanhado pela preposição

“segundo” (79b). Os 35 casos de ausência de preposição ocorreram com os

articuladores “onde” e “cujo”.

(79) a) O CsF é uma das maneiras por meio das quais nossos países estão

estabelecendo vínculos valiosos. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE

OPINIÃO: Parceria educacional, Caderno Geral, p.23.

b) Para condenar Dirceu, o STF levou em conta um conjunto de indícios que

fundamentou a teoria do “domínio do fato”, segundo a qual o réu pode ser punido

mesmo que não tenha executado diretamente o ato criminoso, mas tenha tido

domínio sobre o fato. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Juízes

ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.

Na Tabela 20, estão distribuídos os percentuais da variável “tipo de articulador”.

Dos 102 dados, 46 (45.1%) são encabeçados pelo pronome relativo “que”, 21 (20.6%)

são articulados pelo pronome relativo “o/a qual”, 18 (17.3%) são introduzidos pelo

advérbio relativo “onde” e 17 (16.7%) pelo pronome relativo “cujo”.

TIPO DE PRONOME

RELATIVO

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

QUE 41 89.1% 05 10.9% 46 45.1%

O/A QUAL 21 100% - - 21 20.6%

ONDE 18 100% - - 18 17.3%

CUJO 17 100% - - 17 16.7%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 20. Orações relativas preposicionadas x tipo de pronome relativo

Não foram encontradas ocorrências dos pronomes relativos “quem” e “quanto” e

do advérbio “quando” funcionando como relativo. Tal constatação, embora possa estar

113

associada ao tamanho limitado do corpus, sugere que essas formas não sejam

efetivamente empregadas de forma produtiva no uso corrente da língua, embora figurem

usualmente nas listas tradicionais. Os demais articuladores identificados apresentam

uma considerável distribuição percentual, evidenciando que o quadro pronominal

relativo na escrita culta jornalística é bastante variado. Em (80a – d), apresentam-se

exemplos de orações relativas articuladas pelos pronomes relativos “que” (80a), “o/a

qual” (80b), “onde” (80c) e “cujo” (80d).

(80) a) A diferença é que, em razão de limitações tecnológicas da época em que

Orwell escreveu o livro, o romance não passava de uma (assustadora) parábola sobre o

totalitarismo, ao passo que sistema como o Siniav, em face da atual evolução dos

dispositivos de fiscalização à distancia, podem se transformar em tentadora ameaça de

mau uso de informações de Estado por governos inescrupulosos. - Jornal O GLOBO,

DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a

privacidade, Caderno Geral, p.16.

b) Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-

colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num

tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e

discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,

vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,

Caderno Geral, p.19.

c) Levou oito das 83 cidades com mais de 200 mil habitantes que fecharam a

conta. Isso num dia em que o ministro Joaquim Barbosa era festejado na seção onde

votou. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Lula carregou

seu segundo poste, Caderno Geral, p.18.

d) A realidade portuária atual tem virtudes inegáveis. No plano operacional,

merece destaque a privatização dos serviços, cuja principal característica é a

combinação de gestão moderna com investimentos expressivos. - Jornal O GLOBO,

DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19.

Comparando os resultados dessa variável com os resultados de Gouvêa (1999) e

com as orientações normativas de Cunha & Cintra (2013 [1985]), pode-se constatar a

estreita aproximação da norma gramatical com a escrita culta jornalística do PB. Para

melhor abordar tal debate, o vigente estudo expõe, na Tabela 21, breves comentários

prescritivos de Cunha & Cintra (2013 [1985]), os principais resultados de Gouvêa

(1999) e os resultados da variável “tipo de articulador” deste grupo.

114

Pronome relativo

Cunha & Cintra (2013

[1985])

Gouvêa (1999)

Resultados da variável

“Tipo de articulador”

no presente trabalho

QUE

Emprega-se,

preferencialmente,

depois das preposições

monossilábicas “a”,

“com”, “de”, “em” e

“por”.

85.5% em editoriais –

15 ocorrências

acompanhadas de

preposição

monossilábica – 87.4%

em artigos de opinião e

94.8% em crônicas.

No grupo das

preposicionadas,

ocorreram 45.1%

(46/102) : 37

ocorrências

acompanhadas por

preposição

monossilábica, 05

ocorrências que não

estão acompanhadas

pela prep. “em” e 04

ocorrências de locuções

prepositivas.

O / A QUAL

A língua exige o

emprego da forma com

preposição simples,

essenciais ou

acidentais. Com

locuções prepositivas,

as orações subordinadas

adjetivas constroem-se

obrigatoriamente ou

predominantemente

com “o / a qual”.

3.9% ocorrem sempre

com preposição – das

06 ocorrências, 03 com

preposição

monossilábica – em

editoriais. 0.5% em

artigo de opinião e 1%

em crônicas.

No grupo das

preposicionadas, 20.6%

(21 /102): 19

ocorrências

acompanhadas por

preposição

monossilábica, 01

ocorrência com a

preposição “para” e 01

ocorrência com locução

prepositiva.

ONDE

Emprega-se o advérbio

relativo para relativizar

SN com função de

adjunto adverbial de

lugar

4.6% em editoriais com

valor de lugar, tendo 01

caso com valor de

tempo. 2.9% em artigo

de opinião – 03 casos

com valor de lugar

virtual. 1% em crônicas

com valor de lugar.

No grupo das

preposicionadas,

17.3% (18/102) casos.

CUJO

Funciona como Adjunto

adnominal de posse do

substantivo seguinte

com o qual concorda

em gênero e número.

3.9% em editoriais

veiculando valor de

posse. 2.3% em artigo

de opinião. Não houve

ocorrência em crônicas.

No grupo das

preposicionadas, 16.7%

(17/102) casos.

QUEM

Só se emprega com

referência a pessoa ou

alguma coisa

personificada, sempre

vem acompanhada de

preposição.

0.5% em artigo de

opinião. Nenhuma

ocorrência em editorial

e crônica.

Não houve ocorrência.

QUANTO

Tem como antecedente

o pronome indefinido

TUDO, TODO (ou

TODAS) 17

Não houve ocorrência.

Não houve ocorrência.

QUANDO

Sem referência na

gramática.

0.6% em editorial, 1.1%

em artigo de opinião e

sem ocorrência em

crônica.

Não houve ocorrência.

Tabela 21. Prescrições da gramatica tradicional x os resultados de Gouvêa (1999) e os resultados da

variável “tipo de articulador “ no presente estudo.

17

Esta explicação advém de Bechara (2005 [1979]), pois Cunha & Cintra (2013[1985]) não fazem referência a esse pronome relativo.

115

Pode-se observar que a norma gramatical orienta que o pronome relativo “que”

deve ser empregado quando está desempenhando função sintática oblíqua nos casos em

que a preposição seja monossilábica. Assim, tanto nos resultados de Gouvêa (1999),

quanto nos resultados da presente pesquisa, o pronome relativo encontra-se

acompanhado de preposições monossilábicas – 85.5% em editoriais, 87.4% em artigo

de opinião, 94.8% em crônicas e 45.1% na atual pesquisa.

Entretanto, foram encontrados no presente trabalho 05/46 ocorrências em que o

pronome “que” com função de adjunto adverbial não está acompanhado pela preposição

“em” e 04/46 ocorrências em que o pronome está acompanhado de locuções

prepositivas. As 05/46 ocorrências são os dados de orações relativas não padrão

cortadora, que, de acordo com a norma gramatical, não são reconhecidas e licenciadas

para o uso na escrita. As 04/46 ocorrências deveriam ser articuladas pelo pronome

relativo “o/a qual” e não, segundo a norma gramatical, pelo pronome “que”. Esses

dados confirmam a hipótese de que as orientações normativas da gramática tradicional

influenciam nas atitudes da escrita culta jornalística.

Em relação ao pronome relativo “o/a qual”, a norma gramatical não condena

seu emprego com preposições monossilábicas, mas deixa claro que, quando for uma

locução prepositiva, seu emprego é obrigatório ou ao menos predominante. Gouvêa

(1999) identifica 3.9% ocorrências de “o/a qual” em editoriais, 0.5% em artigo de

opinião e 1% em crônicas. A pesquisadora atenta para 03 casos em que o pronome

relativo estava acompanhado de preposições monossilábicas nos editoriais. O atual

estudo encontrou 21 (20.6%) ocorrências do referido pronome no grupo das

preposicionadas, em que houve apenas 01 em que ele estava acompanhado por locução

prepositiva, 01 ocorrência do pronome com a preposição dissílaba “para” e 19

ocorrências do pronome com preposições monossilábicas. Pode-se constatar que esses

resultados não contrariam as orientações da norma gramatical.

Já o advérbio relativo “onde” deve ser empregado, segundo a norma gramatical,

apenas quando o SN tiver valor semântico de lugar. Gouvêa (1999) encontra dados de

orações relativas introduzidas por “onde” em editoriais - 4.6% – em artigo de opinião –

2.9% – e em crônicas – 1%. Também identificou nos editoriais 01 caso em que o termo

antecedente tinha valor de tempo e nos artigos de opinião 03 casos em que o termo

antecedente tinha valor de lugar virtual. No presente trabalho, foram registrados 17.3%

(18/102) dados de orações relativas introduzidas pelo advérbio. Esses resultados estão

116

em consonância com a norma gramatical no sentido de que todas as referências são

locativas.

O emprego do pronome relativo “cujo”, segundo a norma gramatical, deve

ocorrer nos casos em que o SN relativizado funcione sintaticamente como um adjunto

adnominal com valor de posse. Gouvêa (1999) mostra, em seu trabalho, orações

relativas encetadas pelo “cujo” em editoriais – 3.9% – e em artigos de opinião – 2.3%.

Não houve ocorrência desse pronome nas crônicas. No atual estudo, foram registrados

16.7% (17/106) de orações relativas introduzidas pelo pronome relativo “cujo”. Assim,

pode-se notar que esses resultados estão de acordo com as prescrições gramaticais.

Cabe informar, entretanto, que Gouvêa (1999) registrou 01 ocorrência em que o

pronome relativo “cujo” é empregado em desacordo com a norma gramatical (81), pois

não possui valor de posse.

(81) A eles, ela abriu sua vasta biblioteca, suas salas de aulas de épocas passadas,

seus laboratórios, seus pequenos quartos, cujos mais apreciados dão para um pátio

interno (...).” ( D. Delbourg. Uma ‘grande ecole’ visita o Rio. 08/09/97). (GOUVÊA,

1999)

No presente trabalho, embora haja uso produtivo da forma cujo, foram

identificados 03 casos em que esse pronome relativo poderia ser empregado mas foi

evitado pelo escritor (82a – c).

(82) a) Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,

cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados

presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as

condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O

GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,

Caderno Geral, p.22.

b) Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e crescente

capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do

Estado. A integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos têm

acesso, é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O

GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno

Geral, p.22.

c) O caso mais grave, no momento, é o da Argentina, em que o índice oficial de

inflação é sabidamente manipulado para não ultrapassar os 10%, enquanto

consultorias privadas calculam a taxa efetiva em níveis acima dos 20%. - Jornal O

GLOBO, DATA: 05/10/12, EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas,

Caderno Geral, p.18.

117

No exemplo (82a), o termo antecedente “unidades” é o referente semântico do

articulador “em que”, que desempenha na oração relativa função sintática de adjunto

adnominal de posse – “as condições nas unidades” –; por isso, a oração poderia ser

construída como no exemplo (82a'). No exemplo (82b), o termo antecedente “um

mundo digitalizado” é o referente semântico do articulador “em que”, que exerce função

sintática na oração relativa de adjunto adverbial na oração relativa. Mas, este mesmo

dado poderia ser reescrito através da substituição do verbo “haver” pelo verbo “ser” e,

com isso, o referente semântico teria função sintática de adjunto adnominal de posse

(82b’). No exemplo (82c), o termo antecedente “Argentina” é o referente semântico de

articulador “em que”, que desempenha função sintática de adjunto adnominal de posse –

“o índice oficial de inflação na Argentina” –; dessa forma, a oração poderia ser

construída como no exemplo (82c').

Pode-se perceber que os 03 casos citados podem ser considerados estratégias de

esquiva das construções relativas com “cujo”, pois, devido às suas peculiaridades

sintático-semânticas e à sua raridade no PB vernacular, o emprego do pronome relativo

pode tornar-se dificultoso.

(82’) a) (...) unidades cujas condições são ainda mais degradantes do que nas

penitenciárias.

b) (...) num mundo digitalizado cuja crescente capacidade de armazenamento

de informações sobre o cidadão por parte do Estado é enorme.

c) (...) da Argentina, cujo índice oficial de inflação é sabidamente

manipulado para não ultrapassar os 10%.

O emprego do pronome relativo “quem”, de acordo com a norma gramatical,

deve ser feito apenas quando o termo antecedente for pessoa ou algo personificado e o

pronome deve ser sempre antecedido por uma preposição. Gouvêa (1999) registra 0.5%

ocorrências em artigos de opinião apenas. Não foram identificados dados de orações

relativas introduzidas pelo pronome “quem” no atual trabalho. A gramática também

registra o “quanto” como pronome que deve relativizar os termos antecedentes “tudo”,

“todo(s)/toda(s)”; porém, não foram encontrados registros de orações relativas

encetadas por este pronome em ambas as pesquisas.

Gouvêa (1999) encontra dados de orações relativas introduzidas pelo advérbio

de tempo “quando” funcionando, portanto, como um pronome relativo em editoriais –

118

0.6% – e em artigos de opinião – 1.1% (83). Esse papel morfossintático do advérbio

relativo “quando” não é previsto pela gramática tradicional citada e também não foi

encontrado nos dados da atual pesquisa.

(83) a) “No período pré-Petrobras, quando nada impedia a participação de

empresas e capitais estrangeiros no esforço de descoberta das nossas jazidas de

petróleo, nada foi feito pra valer.” (Joel Mendes Rennó. Presidente da Petrobras.

Competição e auto-estima. 1º/09/97) (GOUVÊA, 1999)

Partindo das análises feitas acerca da variável tipo de relativo, pode-se constatar

que o quadro pronominal relativo na escrita culta jornalística é bastante rico, pois foram

encontrados dados robustos que comprovam uma significativa frequência de uso de

diversos articuladores sendo empregados em seus respectivos contextos

morfossintáticos previstos pela norma gramatical. Esses resultados apontam a

correspondência em diversos aspectos da norma gramatical e a escrita culta jornalística,

já que 97/102 dados da variante padrão estão em acordo com as prescrições da

gramática e apenas os 05/102 dados da variante não padrão cortadora são condenados

pela gramática tradicional.

Os resultados relativos à variável “tipo de verbo” encontram-se registrados a

seguir, na Tabela 22.

TRANSITIVIDADE

VERBAL

O. R.

PADRÃO

O.R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

V. Transitivo Direto 41 91.1% 04 8.9% 45 44.1%

V. Transitivo Relativo 11 91.7% 01 8.3% 12 11.8%

V. Bitransitivo 10 100% - - 10 9.8%

V. Intransitivo 12 100% - - 12 11.8%

V. Inacusativo 03 100% - - 03 2.9%

V. de Ligação 14 100% - - 14 13.7%

V. Suporte 06 100% - - 06 5.9%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 22. Orações relativas preposicionadas x transitividade verbal

Pode-se notar que há 45 (44.1%) ocorrências de orações relativas organizadas

por verbos transitivos diretos, 12 (11.8%) por verbos transitivos relativos, 14 (13.7%)

por verbos de ligação, 12 (11.8%) por verbos intransitivos, e 10 (9.8%) por verbos

bitransitivos.

119

A Tabela 23, a seguir, mostra os resultados percentuais da variável “gênero

textual”.

GÊNERO TEXTUAL

O. R.

PADRÃO

O. R.

CORTADORA

TOTAL

Dados % Dados % D. %

EDITORIAL 24 100% - - 24 23.5%

ARTIGO DE OPINIÃO 22 100% - - 22 21.6%

CRÔNICA 27 100% - - 27 26.5%

NOTÍCIA 05 100% - - 05 4.9%

CARTA DE LEITOR 10 100% - - 10 9.8%

ANÚNCIO 09 64.3% 05 35.7% 14 13.7%

TOTAL 97 95.1% 05 4.9% 102 100%

Tabela 23. Orações relativas preposicionadas x gênero textual

Pode-se notar que foram registrados 27 (26.5%) casos de orações relativas

preposicionadas no gênero textual crônica (84a), 24 (23.5%) no gênero textual editorial

(84b) e 22 (21.6%) no gênero textual artigo de opinião (84c).

(84) a) Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes

mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se

distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,

onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele

tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;

formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19.

b) A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na TV foi

detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o democrata, de

baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22, terão peso

considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma campanha

em que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12,

EDITORIAL: Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18.

c) No caso do acidente mais recente ocorrido em Copacabana, onde o operário

se feriu no pescoço, a obra foi vistoriada e constatou-se que era irregular. - Jornal O

GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Negligência nas empresas,

Caderno Geral, p.19.

Também foram encontrados casos de orações relativas preposicionadas, ainda

que em número menor de dados, nos anúncios (13.4%); nas cartas do leitor (9.8%) e

120

nas notícias (4,9%). Em (85a – c), expõem-se exemplos de orações relativas em anúncio

(85a), carta do leitor (85b) e notícia (85c).

(85) a) No Senac, além dos cursos de beleza, são mais de 400 cursos em que você

aprende na prática e sai preparando para o mercado de trabalho, para seu sucesso

profissional e para muitas outras transformações no seu futuro. - Jornal O GLOBO,

DATA: 27/09/12, ANÚNICO DO SEBRAE, Caderno Geral, p.06.

b) Por estranha ironia do destino, no mesmo dia, em que a Carmen Lúcia, ou

Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família

que ela tanto prejudicou e enganou, (...). - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

CARTA DO LEITOR: Eliana P. Salles, Rio, Caderno Geral, p.15.

c) E aproveitou para alfinetar deputados e senadores de maneira geral: - Quero

ver o dia em que os parlamentares vão votar aqui por suas convicções, e não por

recursos, emendas (Orçamento) e nomeação. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

NOTÍCIA: Para Miro, o ocaso de uma geração que tomou o poder, Caderno Geral, p.11.

A partir desses dados, o presente estudo compara a ordem de produtividade das

orações relativas nos gêneros textuais dos grupos das não preposicionadas e das

preposicionadas na Tabela 24.

Gênero Textual

Grupo das orações

relativas não

preposicionadas

Grupo das orações

relativas preposicionadas

Editorial 5º lugar – 16 (10.7%) casos 2º lugar – 24 (23.5%) casos

Artigo de opinião 2º lugar – 26 (17.3%) casos 3º lugar – 22 (21.6%) casos

Crônica 4º lugar – 21 (14%) casos 1º lugar - 27 (26.7%) casos

Notícia 1º lugar – 36 (24%) casos 6º lugar – 05 (4.9%) casos

Carta de leitor 2º lugar – 26 (17.3%) casos 5º lugar – 10 (9.8%) casos

Anúncio 3º lugar – 25 (16.7%) casos 4º lugar – 14 (13.7%) casos

Tabela 24. Ranking de produtividade das orações relativas em relação aos gêneros

textuais dos grupos das orações não preposicionadas e preposicionada

A Tabela 24 evidencia que, no grupo das não preposicionadas, a ordem dos

gêneros textuais quanto à produtividade das orações relativas é notícia > carta do leitor /

artigo de opinião > anúncio > crônica > editorial; já a ordem dos gêneros textuais no

grupo das preposicionadas se modifica e se apresenta na seguinte sequência: crônica >

editorial > artigo de opinião > anúncio > carta de leitor > notícia. Para que se possa

analisar a relevância dessa constatação, o estudo retoma as hipóteses feitas na seção

2.2.2.3, que apresenta as variáveis independentes. Na referida seção, o trabalho, ao

121

propor a variável “gênero textual”, tem a finalidade de controlar o grau de

monitoramento e de formalidade dos gêneros do Jornal O Globo.

Desse modo, foi lançada a hipótese de que os gêneros textuais mais monitorados

e mais formais do veículo tendem a apresentar estruturas sintáticas mais elaboradas e

próximas das prescrições da gramática tradicional. É o caso, por exemplo, das orações

relativas preposicionadas. Também se lança a hipótese de que os gêneros textuais

menos monitorados e menos formais tendem a apresentar estruturas sintáticas mais

simples que não deixem de viabilizar sua proximidade com a norma gramatical como,

por exemplo, as orações relativas não preposicionadas.

Ao observar o ranking de produtividade, verifica-se que os gêneros textuais

editorial, artigo de opinião e crônica seriam altamente monitorados, uma vez que

apresentam estruturas sintáticas mais complexas – como altos índices de orações

relativas preposicionadas –, tendo seus empregos seguindo as orientações normativas da

gramática tradicional.

De outro lado, os gêneros textuais notícia, carta de leitor e anúncio seriam menos

monitorados, já que apresentam estruturas sintáticas mais simples – como elevado

número de orações relativas não preposicionadas – mas igualmente próximas da norma

gramatical, embora haja uma margem para se afastar dela (como ocorreu com as

cortadoras nos anúncios).

Voltando aos dados das Tabelas 23 e 24, as hipóteses citadas confirmam-se, pois

os 03 primeiros lugares de produtividade de orações relativas padrão preposicionadas

ocorrem nos gêneros tidos como expressões de possível formalidade: crônica > editorial

> artigo de opinião. Em termos percentuais, a diferença na produtividade das orações é

mínima nos respectivos gêneros: 26.5% > 23.5%> 21.6%.

No grupo das não preposicionadas, os três primeiros lugares de produtividade de

orações relativas são notícia > carta do leitor / artigo de opinião > anúncio. Em termos

percentuais, existe uma diferença entre a primeira posição e as duas últimas posições –

uma diferença de 6.7% –, pois há 24% de ocorrências de relativas nas notícias contra

17.3% de ocorrências em carta de leitor/artigo de opinião e 16.7% de ocorrência em

anúncios. Apesar do elevado percentual do artigo de opinião nesse grupo, os gêneros

textuais menos monitorados e formais tiveram maior produtividade de oração relativa

padrão não preposicionada. Isto porque, além de ser menos complexa sua produção,

possui uma forma estrutural mais neutra, sendo favorecida nesses gêneros textuais.

122

Retornando ao grupo das preposicionadas, as três últimas colocações ficaram,

respectivamente, com anúncio > carta de leitor > notícia, tendo os percentuais de 13.7%,

9.8% e 4.9%. Esse resultado sinalizaria que esses gêneros são menos monitorados e

menos formais, pois apresentam baixos percentuais de estruturas complexas, como, no

caso, orações relativas preposicionadas. As notícias, embora representem a voz do

jornalista, o que lhe atribui um caráter semiformal, primam pela objetividade que

facilite a interpretação das informações, o que pode favorecer a construção de estruturas

pouco complexas. As cartas de leitores e os anúncios nem sequer representam a voz do

jornal, o que lhes concede, por mais que possa haver controle do corpo editorial, maior

autonomia na expressão linguística.

Os últimos lugares, no grupo das não preposicionadas, ficaram com crônica >

editorial, tendo o percentual de 14% e 10.7%. Este resultado reafirma a constatação de

que são gêneros textuais mais monitorados, porque apresentam baixos índices de

orações relativas não preposicionadas.

Pode-se visualizar uma inversão na ordem de produtividade de construções

relativas padrão em relação ao grau de monitoramento/formalidade dos gêneros textuais

de cada grupo. No grupo das não preposicionadas, quanto menos monitorado/ formal é

o gênero textual, maior é a produtividade dessas orações. No grupo das preposicionadas,

quanto mais monitorado/formal, maior é a produtividade dessas orações.

Outro fato que corrobora tal constatação é a presença dos cinco dados de orações

relativas cortadoras exclusivamente em anúncios – vide Tabela 23 –, já que são

estruturas não padrão não licenciadas pela norma gramatical e são, portanto, evitadas

em textos mais monitorados e formais.

Para refinar a análise desses resultados sobretudo no que se refere ao

comportamento dos anúncios, o trabalho traz os pressupostos teóricos desenvolvidos no

artigo de Bonini (2003). Em seu artigo, o autor tem a finalidade de problematizar o

conceito e as propriedades – linguísticas, textuais, discursivas, socioculturais, etc. – do

gênero textual e, especificamente, dos gêneros textuais jornalísticos.

Ao consultar manuais de estilo, dicionários de comunicação e a literatura

acadêmica da área de comunicação, Bonini (2003) define anúncios publicitários como

um gênero textual periférico no domínio jornalístico, pois “estão relacionados a

propósitos sociais/comunicacionais que incidem sobre o jornal, como os de promover

produtos e pessoas, divertir, educar, cumprir normas legais, contratar pessoal, etc.”

(BONINI, 2003, p. 221). Nota-se que o estudioso desenvolve o conceito referido

123

fundamentando-se no “processo social e de linguagem em que ele está envolvido.

Tenta-se, desse modo, descrever o gênero pelo modo como ele funciona no jornal”

(BONINI, 2003, p. 222).

Em função disto, o presente trabalho constata que as propriedades textuais,

discursivas e socioculturais do anúncio publicitário permitem que ele seja um contexto

favorecedor de estruturas linguísticas e – em especial – estruturas sintáticas utilizadas

por falantes que muitas vezes estão alheios às normas prescritivas da gramática

tradicional (e, portanto, quase sempre as estruturas linguísticas usadas por eles não são

as mesmas contempladas pelo veículo), mas que interagem com o veículo de

comunicação.

O anúncio publicitário é um gênero textual que se distancia dos “gêneros

centrais no jornal – são aqueles que estão diretamente relacionados à organização e aos

principais objetivos sociais/comunicacionais do jornal (relatar, prever e analisar

acontecimentos)” (BONINI, 2003, p. 221) – porque se permite a ter uma relação mais

próxima com o leitor do veículo, uma vez que possui, dentre tantas finalidades, a de

convencer, persuadir o leitor a adquirir um produto, aderir a uma causa ou pensamento

em divulgação. Isso faz com que o gênero textual possua maior aderência e flexibilidade

aos usos linguísticos dos falantes, que, em sua maioria, são cerceados pela norma

gramatical que funciona no veículo.

Essa proposta pode ser confirmada neste trabalho quando é relacionada ao

resultado das 05 orações relativas não padrão cortadoras realizadas apenas no gênero

textual anúncio. Sendo um gênero textual que permite um maior vínculo interacional

com leitor, o anúncio presta-se a utilizar estruturas sintáticas não licenciadas pela norma

gramatical, somente para aproximar-se do leitor, cumprir sua finalidade textual de

divulgar o que está sendo anunciado e convencer o leitor de que aquilo que está sendo

anunciado é bom.

A seção 3.4, a seguir, apresentará os resultados comparativos entre dados da fala

e da escrita culta do PB.

3.4. Comparação dos resultados aos de outros estudos: dados de fala e escrita culta

do PB

Nesta seção, serão comparados os principais resultados das pesquisas que

descrevem e analisam o comportamento das estratégias de relativização na fala e na

escrita culta da variedade brasileira.

124

Primeiramente, com base no estudo de Pereira (2014) e em uma descrição

comparativa dos principais resultados de Tarallo (1983), Côrrea (1998) e Vale (2014),

busca-se evidenciar as características linguísticas da regra variável das estratégias de

relativização na modalidade oral culta do PB – seção 3.4.1. Posteriormente, são

apresentados e comparados os principais resultados da escrita culta brasileira obtidos na

amostra analisada por Corrêa (1998) com os resultados da análise da escrita culta

jornalística obtidos no presente estudo – seção 3.4.2.

Em seguida, será apresentada uma análise contrastiva dos resultados da fala e da

escrita culta, a fim de evidenciar como as estratégias de relativização se comportam nas

diferentes modalidade da língua – seção 3.4.3. Esses resultados serão apenas relativos

aos dados correspondentes ao grupo das preposicionadas, pois estes permitem observar

a atuação das três variantes linguísticas em questão – variante padrão e as variantes não

padrão cortadora e copiadora.

3.4.1. Resultados das estratégias de relativização na fala culta brasileira.

Nesta seção, apresenta-se um cotejo entre os resultados da frequência de uso das

estratégias de relativização em diversos corpora da fala culta do PB. Esses resultados

advêm dos estudos linguísticos acerca do fenômeno realizados por Tarallo (1983),

Corrêa (1998), Vale (2014) e Pereira (2014)18

. O trabalho pioneiro de Tarallo (1983)

apresenta a frequência de uso de informantes paulistas das diversas classes sociais,

incluindo a classe social alta. Corrêa (1998) observa o comportamento das estratégias de

relativização na fala culta das capitais Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e

Porto Alegre.

Vale (2014) preocupou-se em investigar a frequência de uso do fenômeno na

amostra de fala – “amostra do [+ letrado]” – de idosos maranhenses. Finalmente, Pereira

(2014) apresenta os dados quantitativos de cada estratégia de relativização na fala

fluminense – retirados do corpus Concordância.19

18

Para maiores detalhes acerca desses trabalhos, consultar o Capítulo 1 desta dissertação. 19

Os dados sobre a pesquisa de Pereira (2014) são retirados da amostra dos informantes do nível superior.

125

Autor Corpus PADRÃO CORTADORA COPIADORA TOTAL

Pereira

(2014)

RJ

(Concordância)

02 (5%)

38 (95%)

-

40

(100%)

Tarallo

(1983)

SP

14 (6.5%)

58 (78.5%)

19 (15%)

91

(100%)

Corrêa

(1998)

Cinco capitais

do

Projeto NURC

43 (35%)

80 (65%)

-

123

(100%)

Vale

(2014)

MA

Memórias de

velhos

[+ letrados]

90 (65%)

40 (29%)

08 (06%)

138

(100%)

Tabela 25: Distribuição das estratégias de relativização em estudos da fala culta

brasileira.

A Tabela 25 evidencia de forma comparativa os principais resultados das

pesquisas citadas. Em relação à variante padrão, pode-se observar a baixa ocorrência

nos percentuais obtidos em Pereira (2014) (5%) e em Tarallo (1983) (6.5%). Os

percentuais registrados em Corrêa (1998) e em Vale (2014) contrapõem-se mais

nitidamente aos dois primeiros percentuais tratados, pois apresentam, respectivamente,

35% e 64% de ocorrências da variante padrão. Vale (2014) justifica que esse alto

percentual é devido à peculiaridade do corpus, pois se constitui apenas de dados

produzidos por informantes de mais de 60 anos. Acredita que a ampliação do corpus

com dados de informantes mais jovens reduzirá o percentual de ocorrências da variante.

Se essa hipótese formulada pela autora estiver correta, pode-se revelar que, com o

passar do tempo, o uso da relativa cortadora deve ser cada vez mais implementado,

como o verificado no estudo com o corpus mais recentemente formado (nos anos de

2008 a 2010).

A variante cortadora apresenta alta frequência nos dados analisados em Pereira

(2014) – 95% –, Tarallo (1983) – 78.5% – e Corrêa (1998) – 65%, tendência não

verificada em Vale (2014), que identificou apenas 29% de ocorrências dessa variante

não padrão, conforme já se justificou. A variante não padrão copiadora apenas foi

encontrada nas pesquisas de Tarallo (1983) e Vale (2014), apresentando um baixo

percentual de 15% e 06%, respectivamente. Nos dados de Tarallo (1983), Corrêa (1998)

e Vale (2014), as estratégias de relativização a fala culta do PB constituem uma regra

variável, em termos de Labov (2003), já que as variantes padrão e não padrão cortadora

possuem uma alta frequência de uso em todos os corpora, evidenciando maior

frequência da variante cortadora em Tarallo (1983) e Corrêa (1998) – 78.5% e 65%,

126

respectivamente – e em Vale (2014) maior frequência da variante padrão (65%).A

variante não padrão copiadora possui uma baixa frequência de uso em todo corpora, já

que se ocorre apenas nas amostras de Tarallo (1983) e Vale (2014) – 15% e 06%

respectivamente.

Pereira (2014), entretanto, considera o comportamento das estratégias de

relativização na fala fluminense semicategórico, segundo Labov (2003), pois apresenta

um percentual de 94.7% de dados da variante não padrão cortadora e 5.3% da variante

padrão. Os resultados ficam, portanto, no limiar entre uma regra variável e uma regra

semicategórica na proposta laboviana. Verificando também a natureza qualitativa dos

dados, a autora estabelece o estatuto semicategórico da regra. A relativa cortadora é

praticamente a única produzida pelos falantes fluminenses, comprovando a hipótese

proposta por ela. As estruturas que formam expressões de tempo (hora que/ época que/

dia que), compreendidas, nesse estudo, como formas cristalizadas, constituem a maioria

dos dados.

Os resultados ora sintetizados condizem com o que Tarallo (1983) identificou

em seu estudo diacrônico acerca da implementação das estratégias de relativização no

PB nas peças teatrais dos séculos XVIII e XIX. Nesse estudo, o autor, além de apontar o

crescimento do uso das relativas cortadoras, já sinaliza a baixa frequência de uso da

variante não padrão copiadora, sendo considerada por ele uma variante marginal.

A próxima seção – 3.4.2. – apresentará a comparação entre os resultados de

pesquisas sobre a escrita culta brasileira.

3.4.2. Resultado das análises na escrita culta brasileira

Esta seção inicia-se apresentando os principais resultados das análises feitas pelo

presente estudo e por Corrêa (1998), considerando exclusivamente os percentuais gerais

das estratégias de relativização encontrados no grupo das preposicionadas. Os dados do

atual estudo são retirados dos gêneros textuais do Jornal O Globo e os dados de Corrêa

(1998) foram retirados de textos narrativos escritos por 05 universitários. A Tabela 26

explicita os percentuais encontrados para cada variante.

127

AUTOR CORPUS PADRÃO CORTADORA COPIADORA TOTAL

Estudo

atual

Jornal

O Globo

97 (95.1%)

05 (4.9%)

-

102 (100%)

Corrêa

(1998)

Narrativas

escritas por

universitários

05 (100%)

-

-

05 (100%)

Tabela 26. Distribuição das estratégias de relativização em estudos da escrita culta

brasileira

Ao comparar os dados que representam a escrita culta do PB, pode-se perceber

que há um maior percentual da variante padrão no grupo das preposicionadas, pois,

tanto no presente trabalho – 95.1% – quanto no estudo de Corrêa (1998) – 100% –, a

frequência de uso é praticamente categórica para a relativa padrão. Foram encontradas

apenas 05 ocorrências da variante não padrão cortadora nos dados do presente trabalho,

representando parcos 4.9% de frequência de uso na escrita culta do PB. Não houve

ocorrência da variante não padrão copiadora em ambos os corpora. Apesar da

disparidade dos corpora, os dados estão em consonância no que se refere à sinalização

do uso preferencial ou, mais do que isso, absoluto (se for considerada a natureza

específica dos dados de cortadora levantados na presente pesquisa) da variante padrão

na escrita culta do PB.

Em 3.4.3, serão expostos os resultados oriundos da análise contrastiva dos dados

de fala e escrita cultas brasileiras.

3.4.3. Resultado das análises contrativas da fala e escrita culta brasileira

Comparando-se os dados de fala e escrita cultas do PB tratados individualmente

nas seções anteriores, podem-se observar os seguintes resultados na Tabela 27:

Autor FALA ESCRITA

Corpus PA CORT COP T Corpus PA CORT. T. Pereira

(2014)

Concord.

02

(5%)

38

(95%)

- 40

(100%)

Tarallo

(1983)

SP

14

(6.5%)

58

(78.5%)

19

(15%)

91

(100%)

Corrêa

(1998)

Projeto

NURC

43

(35%)

80

(65%)

- 123

(100%)

Vale

(2014)

Memórias

de Velho

[+ letrado]

90

(65%)

40

(29%)

08

(06%)

138

(100%)

Corrêa

(1998)

Narrat.

de

universi.

05

(100%)

-

07

(100%) Estudo

atual

Jornal

O Globo

97

(95.1%)

05

(4.9%)

102

(100%)

Tabela 27. Resultado dos principais percentuais de frequência das estratégias de relativização de fala e

escrita cultas do PB.

128

Pode-se observar que os percentuais de uso da variante padrão, nas modalidades

oral e escrita, se opõem, já que sua frequência de uso na fala é menor – 5%, 6.5%, 35%

e 65%20

– do que na escrita – 100% e 95.1%. As frequências de uso da variante não

padrão cortadora em relação às modalidades expressivas também se contrapõem, pois

essa variante atinge um percentual maior na fala – 95%, 78.5%, 65% e 29% – do que

na escrita – apenas 4.9%. Em relação à variante não padrão copiadora, há que se

destacar a relevante diferença entre as modalidades: enquanto alguns estudos

apresentam na fala 15% e 6% de uso da variante, esta não é registrada em amostras da

escrita. Se for considerada a época da gravação das amostras, cabe observar que os

dados contemporâneos não registram a variante copiadora, o que sugere que esta

estratégia ocorra em contextos discursivos mais específicos.

Esses dados percentuais podem ser articulados ao modelo teórico proposto por

Stella Maris Bortoni-Ricardo (2005), que propõe ser adequado tratar a realidade

linguística brasileira consoante três continua que se entrecruzam: o continuum rural-

urbano, o de oralidade-letramento e o da monitoração estilística.

Como na presente pesquisa se apresenta o comportamento das estratégias de

relativização na fala e na escrita culta do PB, os resultados descritos podem ser

dispostos num continuum oralidade-letramento, considerando ao menos essa diferença

de modalidade. Levando em conta a superposição do grau de monitoramento e a

modalidade, visto que o nível de monitoramento é elevado na escrita jornalística e o da

fala estudada é de mediano a baixo, por se tratar de entrevistas sociolinguísticas

(contexto semiespontâneo), propõe-se, pelos resultados apresentados, a correlação entre

uso da variante padrão e evento de letramento. De fato, a variante padrão é bem

produtiva em níveis elevados de letramento monitorado, que vai decaindo quando o

contexto de produção é prototípico da fala, sobretudo a menos monitorada.. Ao

contrário, a produtividade da variante não padrão cortadora é elevada na extremidade da

oralidade e diminui ou até é extinta quanto mais a produção se aproxima do extremo do

letramento.

20

Cabe advertir a natureza específica da amostra em questão, constituída de entrevistas com idosos maranhenses.

129

+ Oralidade + + letramento

- Letramento - Oralidade

PADRÃO - -/+ +

CORTADORA + +/- -

COPIADORA -/+ -

Esquema 02: Escala de produtividade das variantes das estratégias de relativização no

continuum oralidade-letramento em alto nível de monitoramento no PB

O esquema 02 também ilustra o baixo rendimento percentual da variante não

padrão copiadora, uma vez que, no continuum de oralidade-letramento, há baixa

produtividade da variante no extremo da oralidade e vai se reduzindo até zero ao ser

observada no extremo do letramento, sobretudo em contexto [+ monitorado]. De modo

geral, ao que tudo indica, as estratégias de relativização na fala tendem a ter um

comportamento semicategórico, como propõe Pereira (2014), com opção preferencial

pela variante cortadora, ficando as outras opções restritas a contextos estruturais,

discursivos e sociais muito específicos – que necessitam ainda de ampla investigação.

De forma diferente, na escrita efetivamente jornalística há um comportamento

categórico (exceto nos anúncios – discurso publicitário dentro do veículo jornalístico –

com comportamento semicategórico, ao registrar algumas poucas ocorrências de

variantes cortadoras ligadas a construções temporais) para o uso da variante padrão. Na

seção a seguir – 3.5 –, será realizada uma breve análise sobre os juízos de valor dos

revisores do Jornal O Globo acerca das estratégias de relativização através da análise

dos dados retirados da coluna Autocrítica.

3.5. Os juízos de valor dos revisores do Jornal O Globo em relação às estratégias

de relativização

Como já mencionado, a finalidade desta seção é averiguar como a percepção

avaliativa dos revisores do Jornal O Globo interfere no comportamento das estratégias

de relativização na escrita culta jornalística. Em função disto, a subseção 3.5.1. discorre

sobre os conceitos de norma, segundo Faraco (2008), de crenças e atitudes linguísticas,

além de retomar os conceitos de indicadores, marcadores linguísticos e estereótipos (cf.

LABOV, 1972), para fundamentar os comentários relativos à revisão do jornal. Na

130

seção 3.5.2, serão efetivamente expostos os resultados da análise da coluna Autocrítica

em relação aos conceitos trabalhados na seção anterior.

3.5.1. As normas linguísticas que influenciam as crenças e atitudes

linguísticas do falante

Faraco (2008) define norma linguística, a efetivamente empregada, como

“conjunto de fatos linguísticos que caracterizam o modo como normalmente falam as

pessoas de certa comunidade, incluindo (...) os fenômenos de variação” (FARACO,

2008, p.40). Por abarcar valores socioculturais em suas formas linguísticas, pode-se

afirmar que a norma, idealmente construída no imaginário coletivo, é um critério de

identificação social, isto é, uma forma de reconhecimento social que o indivíduo possui

para se identificar e se agregar a um determinado grupo. Partindo dessas considerações

gerais sobre a noção de norma, Faraco (2008) preocupa-se em conceituar alguns tipos

de norma presentes em nosso cotidiano sociocomunicativo: norma culta, norma padrão,

norma gramatical e norma curta.

A primeira, a norma culta, diz respeito ao conjunto de fenômenos linguísticos

casualmente recorrentes na fala de indivíduos letrados em situações monitoradas nas

modalidades oral e escrita. Essa relação com os usos monitorados e com as atividades

de escrita conduz o falante a lhe atribuir uma valorização social positiva, sendo,

finalmente, marcada por um prestígio social.

Em relação à norma conhecida como padrão, o estudioso entende que não seja

efetivamente uma variedade de uso da língua, mas sim uma idealização de uma

variedade de uso da língua. Faraco (2008) determina que a norma padrão seja

“um constructo sócio-histórico que serve de referência para estimular um

processo de uniformização. (...) É uma codificação relativamente abstrata,

um baliza extraída do uso real para servir de referência, em sociedades

marcadas por acentuada dialetação, a projetos políticos de uniformização

linguística” (FARACO, 2008, p.73).

Outra norma que o estudioso tem a preocupação de delimitar é a norma

gramatical. Esta norma é produto das idealizações prescritivas de filólogos e de

131

gramáticos sobre os fenômenos linguísticos existentes na norma culta de uma língua e

são registradas em materiais didáticos tradicionais, como gramáticas e dicionários.

Ao designar, ainda, a norma curta, Faraco (2008) evidencia, nessa acepção, o

extremo radicalismo da norma culta padrão escrita, já que é a restrita visão linguística

fundamentada por um conjunto de preceitos arbitrariamente dogmáticos que impõe ao

falante “os usos corretos da língua” (cf. FARACO, 2008, p. 92). A chamada norma

curta não possui nenhuma base em estudos linguísticos, sendo resultado das

idealizações subjetivas de normativistas que incitam a cultura do erro.

Essas concepções de norma descritas por Faraco (2008) auxiliam na

compreensão da variação e da mudança dos usos linguísticos das comunidades de fala,

pois fundamentam a interpretação dos juízos de valor dos falantes sobre as variantes e

sobre quais variáveis linguísticas influenciam os usos dessas variantes. Em função

disso, as variantes podem ser categorizadas como variantes padrão – formas

linguísticas rotuladas com valor sociocomunicativo positivo, prestigiado pelos falantes

de uma comunidade – e variantes não padrão – formas linguísticas rotuladas com valor

sociocomunicativo negativo, estigmatizado pelos falantes de uma comunidade. Os

juízos de valor vinculados às variantes linguísticas acabam por fundamentar as

idealizações prestigiosas da norma culta e as idealizações estigmatizadoras das normas

populares21

que os falantes possuem.

Observar empiricamente se uma variante é considerada padrão ou não padrão é

um dos objetos de estudo sociolinguísticos fundamentados pelas reflexões geradas a

partir do postulado do problema da avaliação, de WLH (2006 [1968]). O problema da

avaliação fundamenta-se através da compreensão de que “o nível da consciência social é

uma propriedade importante da mudança linguística que tem que ser determinada

diretamente” (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006 [1968], p.124). A percepção

subjetiva de uma comunidade de fala sobre as variantes linguísticas não é estável, nem

sempre evidente e, muito menos, homogênea para toda comunidade. Isto porque o

significado social não é compartilhado do mesmo modo por todos os membros, visto

que os indivíduos, dependendo do seu pensamento avaliativo, dos gêneros textuais que

utilizam e das esferas ideológicas em que se enquadram, são condicionados a avaliar

diferentemente as variantes linguísticas.

21

Entendem-se como norma popular os hábitos, costumes linguísticos de comunidades de fala rurais e/ou de periferias urbanas, com falantes de nível de escolaridade e renda financeira baixas. Esses critérios adotados pelo estudo para definir este tipo de norma respaldam-se na contraposição dos critérios estabelecidos por Faraco (2008) para definir norma culta (cf. FARACO, 2008, p.43 - 71)

132

Assim, Labov (1972) identificou que há diversos níveis de percepção e

valoração social das variantes e os sistematizou em três conceitos – os estereótipos (de

“ampla avaliação”), os marcadores (de “avaliação mediana”) e os indicadores (“pouca

força de avaliação”) linguísticos. Variantes consideradas estereótipos linguísticos são

aquelas que contêm traços socialmente marcados de forma consciente. Monteiro (2002)

retrata que alguns estereótipos podem ser socialmente estigmatizados, conduzindo,

quase sempre, à mudança linguística rápida e à extinção da forma estigmatizada.

Existem também estereótipos que podem ter prestígio que varia de grupo para grupo,

podendo ser positivo para alguns e negativos para outros.

As variantes identificadas como marcadores linguísticos são aquelas que contêm

traços linguísticos social e estilisticamente estratificados, que podem ser diagnosticados

em certos testes de atitude / de avaliação, embora o julgamento social seja em um nível

intermediário de consciência. O emprego desse tipo de variante seria condicionado

sobretudo pelos contextos de menor ou maior monitoração estilística.

Já as variantes compreendidas como indicadores linguísticos são aquelas que

contêm

(...) traços linguísticos que apresentam uma distribuição regular nos

grupos socioeconômicos, étnicos ou etários, mas são utilizados pelos

indivíduos mais ou menos da mesma maneira em todos os contextos. (...)

são traços que se limitam a assinalar uma diversificação social, sem

interferência da avaliação subjetiva ou da alternância estilística.

(MONTEIRO, 2002, p.66 – 67)

Como a citação acima retrata, a variante caracterizada como indicador

linguístico revela a inconsciência avaliativa do falante ao usá-la. As avaliações dos

traços linguísticos – estereótipo, marcador e indicador – são resultantes da

heterogeneidade dos juízos de valor dos membros de uma comunidade de fala que tanto

reflete como produz a estratificação social. Essas avaliações também refletem o que

Santos (1996, apud CYRANKA, 2011) compreende como crenças e atitudes

linguísticas. Para ele, a crença define-se como:

(...) uma convicção íntima, uma opinião que se adota com fé e certeza.

(...) Já atitude seria uma disposição, propósito ou manifestação de

intento. Tomando atitude como manifestação, expressão de opinião ou

133

sentimento, chega-se à conclusão de que nossas reações frente a

determinadas pessoas, a determinadas situações, ou coisas. (SANTOS.

1996, apud CYRANKA, 2011)

Pode-se perceber que a crença é o que norteia a atitude linguística de uma

comunidade de fala, já que os posicionamentos do juízo de valor do indivíduo ou de

uma comunidade de fala se concretizam através de ações e reações linguísticas e sociais

negativas ou positivas. Em sua tese de doutorado, Esteves (2008) concebe atitude

linguística como “estado mental de predisposição em relação a formas/estruturas

linguísticas em um sistema, que lhes pode ser favorável, desfavorável ou, ainda, neutro,

que pode ser relativamente estável e que pode ter origem em comportamentos coletivos”

(ESTEVES, 2008, p. 92). Assim, a pesquisadora constata que uma atitude pode originar

ou reprimir atos/ações linguísticas dependendo do ambiente sociolinguístico.

Os usos das formas linguísticas estão passíveis tanto de avaliação social, quanto

da avaliação individual, podendo assumir uma significação social que age no nível da

consciência do usuário e na construção de seus discursos. Desta forma, a avaliação

subjetiva passa pelo plano das percepções e reações, mais ou menos conscientes, da

comunidade de fala.

Os conceitos debatidos nesta seção serão aplicados, a seguir, na análise dos

dados retirados da coluna Autocrítica do Jornal O Globo.

3.5.2. Análise da autocrítica do Jornal O Globo

Após o debate conceitual apresentado na seção anterior, o presente estudo

hipotetiza que as crenças e atitudes linguísticas tanto dos jornalistas como dos revisores

afetam o comportamento dos dados verificado, quanto ao uso praticamente categórico

da estratégia de relativização do tipo padrão, e são fundamentadas sobretudo nas

orientações oferecidas pela norma padrão gramatical. Assim, a partir da norma

gramatical fundamenta-se a construção da norma padrão culta escrita idealizada e

compartilhada pelos escritores que trabalham na Editora do jornal e esta, por sua vez,

orienta as crenças linguísticas dos escritores sobre os fenômenos da variedade brasileira.

É a partir das crenças linguísticas de cada jornalista que as atitudes linguísticas

vão ser refletidas nas escolhas das variantes utilizadas nos textos por ele produzidos,

134

gerando a norma culta em uso na escrita. Essa “regulação” das escolhas das variantes

por parte do escritor faz com que um fenômeno que assuma um comportamento

específico na modalidade oral em uma direção seja tratado como categórico na escrita

jornalística em outra direção. Tais reflexões já vêm sendo apresentadas ao longo de todo

capítulo 03, mas é nesta seção que se poderá observar com mais propriedade a atuação

da “regulação das atitudes linguísticas” na escrita culta jornalística, ao serem analisadas

as prescrições feitas pelos revisores do próprio jornal.

Como já descrito na seção 2.2.1.2, as colunas autocríticas publicadas pelo Jornal

O Globo têm a finalidade de identificar e corrigir as “falhas de escrita” realizadas pelo

próprio jornal em edição anterior, demonstrando, assim, o que considera “os usos

corretos” da escrita do português brasileiro. Essas correções revelariam o conjunto de

regras integrantes da norma padrão idealizada por esses profissionais, que, por sua vez,

são frequentemente fundamentadas nas orientações da norma gramatical.

Ao observar quais seriam “as falhas de escrita do português” consideradas pelo

revisor, foram encontrados os seguintes fenômenos, a seguir dispostos consoante o

número de ocorrências verificado – Tabela 28.

Fenômeno Linguístico OCORRÊNCIAS

1º lugar - Ortografia 117 ocorrências

2º lugar – Regência verbo-nominal 105 ocorrências

3º lugar – concordância verbo-nominal 57 ocorrências (39 verbais e 28 nominais)

4º lugar - Erro de digitação 56 ocorrências

5º lugar – Colocação pronominal 26 ocorrências

6º lugar

Pontuação

Erro no emprego / emprego

inadequado do pronome

Foram encontrados 18 ocorrências em cada

fenômeno.

7º lugar

Coerência textual

Erro na forma verbal

Foram encontrados 17 ocorrências em cada

fenômeno.

8º lugar – Relativização não padrão 18 ocorrências

9º lugar – Coesão textual 04 ocorrências

10º lugar – Ordem dos constituintes 03 ocorrências

11º lugar – Mau estilo (eco, falta de elegância,

uso de modismo)

02 ocorrências

12º lugar

Emprego inadequado do vocábulo.

Variação entre “Ter/Haver” (no

sentido de existir).

Mistura de tratamento.

Mau uso do particípio

Foi registrada 01 ocorrência de cada

Tabela 28. Fenômenos que revelariam “falhas na escrita jornalística” citados pela coluna

Autocrítica, segundo a ordem de número de ocorrências.

135

A Tabela 28 demonstra, de imediato, o rigor avaliativo dos revisores na própria

natureza dos temas citados, pois fenômenos como a variação entre os verbos “ter” e

“haver” com sentido existencial – tão produtiva na fala do PB – são considerados “falha

de português” pelo revisor do jornal. Em relação às estratégias de relativização, o

revisor também considera as variantes não padrão inadequadas à escrita a ser praticada

pelos jornalistas, tanto que o número de ocorrências das variantes é de 10 registros, o

que posiciona o fenômeno em estudo na 8ª posição no ranking das “falhas de português”

verificadas em edição anterior do jornal.

Excluindo “os erros de português” de natureza ortográfica (1º), de digitação (4º)

e textual (6º e 7º) , o fenômeno em estudo – as estratégias de relativização – sobe quatro

posições, alcançando o 4º lugar das “falhas de escrita” não toleradas pelo revisor do

jornal. Essa constatação evidencia quanto este fenômeno é censurado pelo juízo de valor

do revisor. Observando mais detalhadamente os resultados da coluna em análise,

constatou-se, ainda, que os 18 registros relacionados ao tema foram identificados nas

seções do Caderno Geral – 12 ocorrências –, no Caderno de Esportes – 05 ocorrências e

no Segundo Caderno – 01 ocorrência. Em (86a – d), apresentam-se alguns exemplos

retirados da Autocrítica que fazem menção a “falhas” retiradas do Caderno Geral.

(86) a) Na página 5 [Caderno Geral] de ontem: “Nova ossada é encontrada na região

do Araguaia.” “A hipótese que se trabalha é que as ampolas estariam em poder...” Erro

de regência no emprego do relativo. Certo: “A hipótese com que se trabalha é que as

ampolas estariam em poder...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 30/08/11.

b) Na página 2 de ontem [Caderno Geral]: “Panorama Político/190 milhões de

vítimas.” “O descaso que as autoridades brasileiras e americanas trataram o

assunto faz com que todos nós, brasileiros, sejamos prejudicados”, diz o enunciado.”

Falta do “sic” ou erro de regência no emprego do relativo. Certo: “O descaso com que

as autoridades brasileiras e americanas trataram o assunto faz que todos nós...”. –

seção autocrítica do jornal O Globo, data: 09/10.

c) P. 15 [Caderno Geral]: “Regras de etiqueta na discussão ambiental”. “A

limitação do tempo que cada pessoa poderá dispor para falar revela um certo

autoritarismo.” Falta do “sic” ou erro de regência. Certo: “... de que cada pessoa...”

– seção autocrítica do jornal O Globo, data: 27/08/11.

d) Na página 3 [Caderno Geral] de ontem: “Uma conta que não fecha”. “... para

que o Congresso decida qual é o modelo de política que o país precisa, levando em

conta a realidade...” Falta de “sic” ou erro de regência. Certo: “... qual é o modelo de

política de que o país precisa...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 14/02/12.

136

Esses exemplos (86a – d), que apresentam o pronome relativo “que”, recebem

avaliação negativa do revisor devido à realização da variante não padrão cortadora.

Segundo os comentários do revisor, trata-se de “Erros de regência no emprego do

relativo” ou como “Falta do “sic” ou erro de regência”. Por essa razão as estruturas são

imediatamente substituídas por suas respectivas variantes padrão, sendo reescritas pelo

revisor. Essa substituição também ocorre em (87a – b), em que o pronome relativo

exerce respectivamente a função sintática de complemento relativo.

(87) a) Na página 4 [Caderno Geral]: “Dilma deve definir sucessor de Negromonte ao

voltar de Cuba.” “... um suposto dossiê com processos que familiares de Aguinaldo

Ribeiro responderiam na Justiça.” Erro de regência. Certo: “... com processos a que

familiares...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 02/02/12

b) Na página 4 [Caderno Geral] de ontem: “A juventude rejeitada no mercado de

trabalho.” “Nem sempre é o emprego que você gosta” Principalmente por ser fala, erro

de regência no emprego do relativo. Certo: “Nem sempre é o emprego de que você

gosta.” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 17/08/10

Em relação ao exemplo (87b), o revisor faz um comentário crítico sobre a

construção sintática corrigida – “Principalmente por ser fala, erro de regência no

emprego do relativo” – numa tentativa de reforçar a correção da estrutura sintática

identificada como “falha de português”. Tal comentário, por não ser formado por uma

explicação mais fundamentada em conhecimentos gramaticais, torna-se não substancial

para justificar a correção e substituição da oração em análise. Na realidade, exatamente

por se tratar de fala, a variante cortadora seria a opção preferencial, e não o contrário.

Em (88a – c), são trazidas do Caderno de Esportes as ocorrências da variante não padrão

cortadora sendo substituída pelo revisor pela variante padrão.

(88) a) Na página 1 do Caderno de Esportes: “Dever de casa feito.” “No dia que

jogador de qualidade não puder jogar, eu paro.” Erro de regência. Certo: “No dia em

que jogador de qualidade não puder jogar, eu paro.” – seção autocrítica do jornal O

Globo, data: 08/03/12.

b) Na primeira página do caderno de Esporte: “Perto de mais uma decisão, lugar

que o time do Vasco não pode sair...” Erro de regência no emprego do relativo. Certo:

“Perto de mais uma decisão, lugar de que o time do Vasco não pode sair...” ou “Perto

de mais uma decisão, lugar de onde o time do Vasco não pode sair...” – seção

autocrítica do jornal O Globo, 14/05/11.

137

c) Na página 4 do Caderno Esportes de ontem: “Atuações/Flamengo/Bottinelli.”

“... e complicou jogadas que poderia ser mais simples. Erro de concordância ou de

regência. Certo: “... e complicou jogadas que poderiam ser mais simples.” Certo: ... e

complicou jogadas em que poderia ser mais simples.” – seção autocrítica do jornal O

Globo, data: 30/08/2011.

Em (88a), o pronome relativo está desempenhando função sintática de adjunto

adverbial e, por articular uma oração relativa construída pela variante não padrão

cortadora, é repetido em uma oração relativa formada pela variante padrão, para que

haja a correção da falha de português.

Em (88b), o revisor propõe duas alternativas de correção da variante não padrão

cortadora: a primeira é formada pela variante padrão encetada pelo pronome relativo

“que” e a segunda é formada pela variante padrão encetada pelo advérbio relativo

“onde”..

Em (88c), a oração relativa não padrão cortadora também possui duas

alternativas de correção. Isto porque, além da possibilidade de substituir a variante não

padrão pela variante padrão, há a possibilidade de substituir a concordância verbal do

predicador da oração relativa não padrão. Colocando o predicador da relativa no plural,

de acordo com a norma gramatical, a variante não padrão se tornaria uma variante

padrão, visto que se admitira ser o pronome “que” o sujeito da oração.

Foram identificados 04 casos em que as orações relativas livres são substituídas

pela variante padrão finita, uma vez que há a tentativa de recuperar a regência verbal

dos predicadores das respectivas orações. Em (89a – d), respectivamente, os

articuladores desempenham função sintática de complemento relativo (89a – b) e

complemento nominal (89d):

(89) a) P. 7 [Caderno Geral] (...): Adiante: “A vida depois da escuridão”. “Elaine se

sentiu traída por quem mais havia confiado.” Erro de regência. Certo: “... por aquele

em quem mais havia confiado.” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 11/08/11.

b) Na página 4 de ontem [Caderno Geral]: “Educação, um direito até dentro do

hospital.” “Além das luvas e do jaleco descartáveis, tudo o que ela precisa está dentro

de uma cesta abarrotada de material escolar...” Erro de regência no emprego do

relativo. Certo: “Além das luvas e do jaleco descartáveis, tudo o de que ela precisa está

dentro de uma cesta abarrotada de material escolar...” Ou então: “Além das luvas e do

jaleco descartáveis, tudo aquilo que ela precisa está dentro de uma cesta abarrotada de

material escolar...” Ou melhor: “Além das luvas e do jaleco descartáveis, tudo o que ela

precisa usar está dentro de uma cesta abarrotada de material escolar...” – seção

autocrítica do jornal O Globo, data: 11/10/2011.

138

c) Na página 4 [Caderno Geral]: “Opinião/Grande irmão”. “Além de decidir o

que a família assistirá na telinha, o poder público estará atento a tapinhas e beliscões

pedagógicos de pais nos filhos.” Erro de regência. Certo: “Além de decidir aquilo a

que a família...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 17/12/11.

d) P. 2 [Caderno de Esportes]: “Na volta, churrasco...” “Família de Fabiana

Murer diz que recepção à campeã mundial do salto com vara será com o que mais sente

falta quando está...” Erro de regência no emprego do relativo. Certo: “Família de

Fabiana Murer diz que recepção à campeã mundial do salto com vara será com aquilo

de que mais sente falta quando está...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data:

01/09/11.

Também foram considerados como falhas de Português 02 casos de estratégias

de esquiva do uso do relativo “cujo” que estão no exemplo (90a – b). Em (90a),

observa-se que o jornalista escreve, segundo os moldes propostos pela norma

gramatical, de forma correta, já que a construção sintática “alguns até nem sabiam o

nome” não apresenta qualquer suposto problema. Mas, ao ler o comentário crítico do

revisor: “Erro na construção com o pronome relativo”, nota-se que a norma padrão que

inspira este profissional cerceia a norma padrão que fundamenta a escrita do jornalista,

uma vez que propõe a construção sintática que pode ser formada pelo relativo “cujo”.

(90) a) P.5 [Caderno de Esportes]: “Dilma promete ampliar o Bolsa Atleta.” “...

fizeram questão de tirar fotos com os vencedores, alguns até nem sabiam o nome.”

Erro na construção com o pronome relativo. Certo: “...fizeram questão de tirar fotos

com os vencedores, até com alguns cujos nomes nem sabiam. – seção autocrítica do

jornal O Globo, data: 11/11/11

b) Na página 3 do Segundo Caderno: “Humor maduro, mas sem perder a graça”.

“Foi um filme que, quando li o roteiro, percebi uma ideia que nunca havia sido

explorada e que era muito universal”. Erro de regência no emprego do relativo. Certo:

“Foi um filme em que... – seção autocrítica do jornal O Globo, 29/06/11.

Em (90b), a estratégia de esquiva do jornalista foi realizada através do uso da

variante não padrão cortadora e o revisor o corrige , apelando para o uso da preposição

“em”, que parece ser cada vez mais a forma preferida para atribuir ao texto um aspecto

de correto. É curioso observar, entretanto, que a correção do revisor não atende

plenamente ao que costuma ser proposto pela própria norma gramatical, gerando o que

poderia ser considerado por alguns outra “falha de português”. Como o termo

139

relativizado exerce a função sintática de adjunto adnominal, ele constitui o contexto

próprio para ser articulado pelo pronome relativo “cujo”, a fim de formar uma variante

padrão (como “foi um filme em cujo roteiro percebi ...”). Este exemplo evidencia

claramente como as estruturas sintáticas são diretamente afetadas pelos juízos de valor

dos falantes, no caso dos jornalistas e revisores.

Na realidade, tanto o jornalista, quanto o revisor têm como ponto de partida, em

suas concepções de norma padrão, aquilo que consideram correto para ser escrito em

um jornal de grande circulação. Para o primeiro profissional, o uso da variante não

padrão já passa despercebido mesmo na escrita culta jornalística do PB; todavia, o

segundo, em seu exercício consciente e ultramonitorado de revisão, cerceia o uso da

variante não padrão, corrigindo com uma estrutura sintática que, de acordo com a norma

padrão por ele idealizada, não condiz literalmente com que é prescrito pela norma

gramatical.

Foram encontrados, ainda, 01 caso de ambiguidade sintática gerada pelo “mau

uso do pronome relativo” (91a) e 01 caso de aparente erro de digitação, pelo acréscimo

do acento grave, que gerou um problema sintático na construção da oração relativa

(91b). Finalmente, foi encontrado 01 caso adicional em que o uso do pronome relativo

foi criticado e corrigido pelo revisor (91c).

(91) a) Na página 7 [Caderno Geral] de ontem: “Ano novo, velhos hábitos”.

“Registro, com pesar indivisível, a morte de Daniel Piza, que lia e admirava.” Mau

uso do relativo/ambiguidade: quem lia e admirava? Eu ou o Daniel? Melhor:

“Registro, com pesar indivisível, a morte de Daniel Piza, a quem lia e admirava.” –

seção autocrítica do jornal O Globo, data: 05/01/12.

b) Na página 3 [Caderno Geral] de ontem: “Não há crise no Judiciário”. “E é o

que, desde as origens, tem feito a magistratura como instituição, à qual foi a primeira

a criar, há séculos, as corregedorias.” Mau uso do acento grave. Certo: “... a qual foi

a primeira...” – seção autocrítica do jornal O Globo, data: 03/02/11

c) P. 16 [Caderno Geral]: “Opinião/Falta de respeito.” “O costume de empregar

(...) é, no mínimo, desrespeito ao contribuinte, quem paga os impostos.” Erro no

emprego do pronome. Certo: “O costume de empregar (...) é, no mínimo, desrespeito ao

contribuinte, que paga os impostos.” – seção autocrítica do jornal O Globo, data:

09/06/11

140

É interessante frisar que as ocorrências passíveis de correção são da variante não

padrão cortadora. Tal fato reafirma os dados percentuais expostos e analisados nas

seções anteriores sobre a variante não padrão copiadora, que seria uma forma pouco

produtiva e utilizada na fala em contextos linguísticos muito específicos (cf.

MOLLICA, 1977; TARALLO, 1983; CORRÊA, 1998; ABREU, 2013; VALE, 2014),

que ainda precisam ser bem mapeados pelas investigações linguísticas.

Outro fato interessante é o modo como o revisor se refere aos dados de variantes

não padrão cortadoras, já que ele as interpreta como problema de regência e não como

uma legítima alternativa de relativização do termo antecedente. Isto evidencia a

influência da norma gramatical na norma padrão que norteia a escrita culta do Jornal O

Globo, já que a Tradição Gramatical não reconhece as variantes não padrão copiadora e

cortadora – assim como usualmente (exceção a Rocha Lima) não discute o

comportamento das chamadas orações relativas livres – e, quando as identifica,

imediatamente as rotula como desvio da língua – muitas vezes falada (como se os

fenômenos variáveis na modalidade oral não exibissem sistematização linguística).

Focalizando essa discussão teórica para as estratégias de relativização, observa-

se que os revisores (e talvez, seguindo a mesma tendência, muitos jornalistas) possuem

um juízo de valor depreciativo sobre a variante não padrão cortadora (e, por extensão,

sobre a copiadora, avaliada usualmente como mais estigmatizada), uma vez que suas

crenças sobre essa estrutura, respaldadas nas prescrições gramaticais, fazem com que

assumam uma atitude de desvalorização, tratando-as como “erros de escrita” que devem

ser corrigidos com a substituição pela variante padrão – legitimada pela gramática

tradicional.

Apenas o discurso publicitário inserido no veículo jornalístico, nos dados

analisados, não assumiria supostamente a mesma avaliação, visto que registra alguns

dados da estratégia cortadora. Ao que parece, o publicitário admite que essa variante

seja viável em contextos menos monitorados, como o do anúncio, e possivelmente o

aproxime mais de seu público consumidor, que, como demonstram os estudos da fala

brasileira, sobretudo os que se valem de dados contemporâneos, utiliza vastamente tal

estratégia.

Com base nas reflexões propostas nesta seção, pode-se supor que, em se tratando

da escrita culta brasileira, a variante padrão é altamente valorizada, configurando, para

os revisores, mais do que um marcador, uma espécie de estereótipo com valoração

141

positiva. Faz-se uso consciente e monitorado dessa variante, como única opção viável

para os gêneros efetivamente jornalísticos. Para os jornalistas em geral, a variante

padrão é considerada do mesmo modo já descrito ou, no máximo, constitui um

marcador, uma opção conscientemente eleita para contextos monitorados.

Quanto às variantes não padrão, ambas – cortadora e copiadora – são

interpretadas como formas linguísticas marcadas pejorativamente que podem ser

caracterizadas como estereótipos negativos, usos estigmatizados pela norma padrão para

a escrita jornalística. Esta afirmativa pode ser feita, pois essas variantes – que não são

frequentes ou nem se registram – e, quando aparecem, são interpretadas como “erro de

português” e são substituídas pela variante padrão. Tal avaliação, entretanto, não

impede que a variante não padrão cortadora apareça, embora seja corrigida, em alguns

textos do Caderno Geral e dos Esportes, denunciando que, para alguns jornalistas, essa

forma já soa natural ou escape mesmo na escrita. Ademais, essa forma aparece e fica

registrada em determinados gêneros textuais como os anúncios publicitários que –

apesar de ser um gênero textual jornalístico periférico (cf. BONINI, 2001, 2003) –

compõe a estrutura textual do veículo. Nesse caso, a interpretação da variante é

compatível com a de um marcador, variante a que se recorre em função do grau de

monitoração estilística em questão.

142

CONCLUSÃO

Dentre os vários fenômenos que retratam o caráter heterogêneo que caracteriza

as línguas do mundo, o presente estudo ocupou-se das estratégias de relativização. A

fim de observar como o caráter variável da língua pode se manifestar nos usos da

comunidade de fala, o trabalho desenvolveu os seguintes problemas acerca das

estratégias de relativização:

1. Qual é o comportamento das estratégias de relativização na modalidade escrita culta da

língua, em particular, na escrita jornalística do português brasileiro representada em

exemplares do jornal carioca O Globo?

2. Quais são os fatores linguísticos e extralinguísticos que influenciam na variação do

fenômeno na modalidade escrita?

3. Comparando-se os resultados obtidos para a escrita culta a dados da modalidade oral

apresentados em outras pesquisas sobre as estratégias de relativização, o fenômeno

apresenta o mesmo comportamento?

4. Os juízos de valor dos falantes acerca das estratégias de relativização – no caso dos

revisores/jornalistas do jornal O Globo, expressos na coluna de revisão linguística das

edições anteriores – interferem no comportamento linguístico quanto a esse fenômeno?

Partindo dos problemas lançados, desenvolveu-se a finalidade de observar o

comportamento das estratégias de relativização na escrita culta jornalística brasileira.

Além disso, observou-se o comportamento do fenômeno na fala culta através do cotejo

de diversas pesquisas com os resultados obtidos no atual trabalho. Finalmente, foi

averiguada a avaliação do revisor/jornalista acerca das estratégias de relativização.

Após a realização do estudo partindo dos problemas expostos, evidencia-se que,

na escrita culta efetivamente jornalística, o comportamento das estratégias de

relativização é categórico, segundo Labov (2003). A variante padrão foi a única

detectada no corpus, exceto no anúncio publicitário, que, tomado em conjunto aos

demais gêneros, faz o corpus assumir um comportamento semicategórico, pois

apresenta uma variação de 95.1% – variante padrão –, 4.9% da variante cortadora e

nenhuma ocorrência da variante copiadora.

As únicas cinco ocorrências da variante cortadora em anúncios publicitários,

além de serem em número muito reduzido, restringem-se, em termos qualitativos, a

estruturas temporais (do tipo um dia que, o mês que, o tempo que). Esses resultados

143

ratificam a não variação do fenômeno no corpus. Ademais, deve-se considerar que esse

gênero textual, de acordo com Bonini (2001, 2003), é periférico no domínio

jornalístico, pois os anúncios “estão relacionados a propósitos sociais/comunicacionais

que incidem sobre o jornal, como os de promover produtos e pessoas, divertir, educar,

cumprir normas legais, contratar pessoal, etc.” (BONINI, 2003, p. 221).

Ao comparar os dados com os percentuais gerados na análise da escrita

universitária apresentada em Corrêa (1998), percebe-se a sinalização de que o

comportamento das estratégias de relativização também tende a ser categórico na escrita

culta universitária, pois todas as ocorrências – 05 (100%) dados – são formadas pela

variante padrão.

Segmentados os dados em grupo das não preposicionadas – construções em que

o articulador desempenha função de sujeito e objeto direto – e grupo das

preposicionadas – construções relativas em que o articulador desempenha função

oblíqua, o trabalho, reformulando o segundo problema em função de não haver variação

no corpus, realizou uma análise qualitativa de cada grupo através do controle das

variáveis independentes que serviram à delimitação das estruturas relativas prototípicas.

Considerando a detalhada descrição das ocorrências de relativas não

preposicionadas, todas do tipo padrão, foi possível destacar as características mais

produtivas dessas construções. Quanto aos termos antecedentes, verificou-se que estes

costumam desempenhar funções sintáticas mais encaixadas em relação aos predicadores

da oração principal e contêm o feixe de traços [-humano]/[+específico]. A distância da

oração relativa em relação ao elemento nuclear do termo antecedente é rara no processo

de relativização. O pronome relativo “que” e os verbos transitivos diretos na oração

relativa integram a maioria dos dados do grupo das orações não preposicionadas, que se

distribuem, quase que proporcionalmente, pelos gêneros textuais em estudo.

No grupo das preposicionadas, 97 (95.1%) do tipo padrão e 05 (4.9%) do tipo

cortadora, destacam-se, aqui, os principais resultados e as características mais

produtivas dessas construções. No que se refere aos termos antecedentes, pôde-se notar

que também costumam desempenhar funções sintáticas mais encaixadas aos

predicadores da oração principal e contêm o feixe de traços [-humano]/[+específico]. A

distância da oração relativa em relação ao elemento nuclear do termo antecedente é

discretamente maior no processo de relativização. Apesar do grande número de orações

relativas encetadas pelo pronome relativo “que”, o quadro pronominal apresentou-se

144

bem diversificado. Os verbos transitivos diretos na oração relativa integram a maioria

dos dados do grupo das orações preposicionadas, que também se distribuem, quase que

proporcionalmente, pelos gêneros textuais em estudo.

Em relação à fala culta brasileira, a comparação realizada entre os resultados da

presente investigação e os verificados em outros estudos permitiu verificar que o

fenômeno se realiza de forma diferente dependendo da amostra que está sendo

analisada. Em Tarallo (1983), Corrêa (1998) e Vale (2014), a regra relativa às

estratégias de relativização é variável, posto que se encontra uma considerável

frequência de uso da variante cortadora – 78.5% e 65%, respectivamente, em Tarallo

(1983) e Corrêa (1998) –, mas pouca frequência em Vale (2014) – 29%. Além disso,

verificam-se, em trabalhos com amostras mais antigas, certo número de ocorrências da

variante copiadora, encontrada apenas em Tarallo (1983) e Vale (2014): 15% e 06%,

respectivamente.

Na amostra de Pereira (2014), contudo, pode-se afirmar que o comportamento

das estratégias de relativização na fala fluminense contemporânea (dados coletados

entre 2008 e 2010) é semicategórico, de acordo com Labov (2003), pois apresenta um

percentual de 94.7% de dados da variante não padrão cortadora e 5.3% da variante

padrão (do tipo qualitativamente específico, com expressões lexicalizadas). Os

resultados ficam, portanto, no limite entre uma regra variável e uma regra

semicategórica na proposta laboviana.

Atendendo ao quarto e último problema investigado no presente trabalho, que se

ocupa da análise dos comentários apresentados na Coluna Autocrítica do Jornal O

Globo, o estudo demonstra que o revisor/jornalista avalia as construções relativas não

padrão como formas linguísticas estereotipadas, pois a variante padrão, que é

massivamente usada, é a única forma aceita para realizar o processo de relativização,

enquanto as variantes não padrão cortadora e copiadora são formas rejeitadas pelo

revisor/jornalista. Assim, a variante padrão pode ser compreendida como uma forma

estereotipada positivamente – uma estrutura tomada conscientemente como

representativa do bom uso da norma padrão, aquela que atende a padrões ideais

relacionados à regência do verbo das orações relativas – e as variantes não padrão

cortadora e copiadora são formas estereotipadas negativamente na modalidade escrita.

Considerando o uso geral das estratégias por falantes cultos, na fala e na escrita, pode-se

conceber a alternância entre variante cortadora e padrão como forte marca de letramento

145

sobretudo em situações de monitoração estilística, o que permite interpretar a variante

padrão como um marcador linguístico.

Espera-se que este trabalho tenha contribuído para o aumento de informações

sobre as estratégias de relativização e sobre as normas linguísticas de uso em diferentes

modalidades do PB. Também se espera que todas as considerações feitas acerca dos

juízos de valor sobre as estratégias de relativização contribuam para o desenvolvimento

de futuras pesquisas sobre o tema, com metodologia apropriada no âmbito da

investigação de crenças e atitudes (como a de testes), a fim de observar e sistematizar a

influência do problema da avaliação (cf. LABOV, 1972) sobre a variação dos

fenômenos de uma determinada língua.

O estudo sinaliza, ainda, a importância de que se realizem pesquisas não só

sobre as estratégias de relativização, como também sobre outros fenômenos linguísticos

do português brasileiro – e, ainda, das demais variedades do português: europeu,

africano e asiático – em suas diversas modalidades e normas. No âmbito do tema das

estratégias de relativização, a continuidade da pesquisa em gêneros textuais distintos,

tanto da escrita quanto da fala, será fundamental para que se trace uma espécie de

contínuo oralidade-letramento associado ao de monitoração estilística, nos termos de

Bortoni-Ricardo (2005). Com base nesses contínuos, será possível estabelecer os

contextos sociocomunicativos em que, possivelmente, o caráter (semi-) categórico não é

efetivo, e, ainda, aqueles em que se concretize a variante copiadora (que precisa ter seus

contextos de uso descritos), não encontrada no corpus escrito investigado no presente

trabalho, nem em amostra de fala contemporânea (como a investigada por Pereira,

2014).

Esse sistemático mapeamento das singularidades que constituem os fenômenos

da língua portuguesa permitirá ao pesquisador identificar com mais precisão que fatores

linguísticos e extralinguísticos são decisivos para que, num corpus, um fenômeno seja

considerado uma regra variável, mas em outro corpus seja caracterizado como uma

regra categórica aos moldes de Labov (2003).

Dominar de forma segura a percepção de quais são os contextos favorecedores

para delinear o comportamento de um determinado fenômeno – no caso deste trabalho,

das estratégias de relativização – facilitará a exploração tanto acadêmica, quanto escolar

da língua portuguesa e, com isso, fundamentará conhecimentos linguísticos para ensino

e pesquisa das diferentes variedades do português.

146

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152

ANEXOS

ANEXO 01 – Dados do grupo das construções relativas não preposicionadas

retirados do jornal O Globo

<1> A Petrobrás investe em inovação e tecnologia porque acredita no futuro

do Brasil e de todos nós. O pré-sal é uma realidade que já acontece em nossas vidas,

com mais empregos para os brasileiros, força para a economia nacional e mudanças para

um País que só faz crescer. Esse é o presente para quem está aqui e agora. (...). – Jornal

O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Petrobrás, Caderno Geral,

p.17

<2> A Petrobras investe em inovação e tecnologia porque acredita no futuro

do Brasil e de todos nós. O pré-sal é uma realidade que já acontece em nossas vidas,

com mais empregos para os brasileiros, força para a economia nacional e mudanças para

um País que só faz crescer. Esse é o presente para quem está aqui e agora. (...). – Jornal

O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda da Petrobrás, Caderno Geral,

p.17

<3> O mundo está cheio de boas intenções e pouca ação. Muitas instituições

que prestam assistência médica e social à população são negligenciadas pelo poder

público. (...) – Jornal O GLOBO, data: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda do Instituto

GAYLUSSAC. Caderno geral, p.18

<4> Os produtos anunciados que são beneficiados pela lei de informática

são os que têm valor de até R$4.000,00. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,

ANÚNCIO: propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21

<5> Os produtos que possuem a garantia HP do Brasil são aqueles com

terminação “br” no modelo. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21

<6> Esse sistema pode necessitar de uma atualização e/ou hardware opcional

que pode ser comprado separadamente e/ou uma unidade de DVD para instalar o

software do Windows 7. (...)– Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da HP impressora, Caderno Geral, p.21

<7> Algo começa a ser executado, reconheça-se, mas a onda protecionista

ganha dimensões preocupantes, e faz suspeitar que bolsões existentes no grupo que está

no poder desde 2003 contrários ao livre comércio aproveitam a crise mundial para

contrabandear uma política anacrônica de fechamento do país, no pior estilo

geiseriano. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: O anacrônico

protecionismo brasileiro, Caderno Geral, p.24

153

<8> O primeiro foi a sanção da presidência Dilma Rousseff à lei que altera o

Código Penal, para tipificar os crimes de formação de milícia. – Jornal O GLOBO,

DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as milícias em várias frentes, Caderno Geral,

p.24

<9> A tipificação do crime de formação de milícias era medida que se

impunha já há algum tempo. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL:

Combater as milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24

<10> A venda de meia-entrada é pessoal e intransferível e está condicionada a

apresentação dos documentos que comprovem esta condição na entrada do

espetáculo. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO: propaganda de um

show no VIVO Rio, Segundo caderno, p.08

<11> Dois campeões que nunca vão se enfrentar. Que sorte Anderson. Jornal

O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda da RENAULT, Caderno Geral,

p.09

<12> O delegado que acabou com o sequestro no Rio. – Jornal O GLOBO,

DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda eleitoral, Caderno Geral, p.14

<13> Mas o destino nos reservou uma triste surpresa, levando embora uma

companheira de trabalho que sempre se preocupou com o bem-estar de todos. –

Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do Consulado Geral da

Cônsul, Caderno Geral, p.20

<14> Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a

conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio

rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do

Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20

<15> Seu falecimento repentino deixa uma sensação de perda naqueles que a

conheceram e foram cativados pelo seu sorriso, paixão pelo trabalho, raciocínio

rápido e carisma. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do

Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20

<16> Perdemos uma companheira maravilhosa, que espalhou alegria por

onde passou. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda do

Consulado Geral da Cônsul, Caderno Geral, p.20

<17> A empreguete que é sucesso nas telinhas transforma seu diário secreto

em um livro aberto. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda de

publicação de livro, Segundo Caderno, p.05

<18> O diário de Cida, a empreguete cheia de charme, ganha vida e leva ao

público toda a história de luta, dificuldades e conquistas da menina que venceu na vida

154

e se transformou em um sucesso nacional. – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12,

ANÚNCIO: propaganda de publicação de livro , Segundo Caderno, p.05

<19> Venha participar de um encontro que irá apresentar e debater o filme

Steve Jobs: a entrevista perdida, do diretor Robert Cringely. – Jornal O GLOBO,

DATA: 02/10/12, ANÚNCIO: propaganda sobre festival do Rio, Segundo Caderno,

p.08

<20> É uma equação perversa: aplicados na prática, taxa de ocupação de 1,65

preso por vaga (relação que na América do Sul, só é superada pela Bolívia, com

1,66). – Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do

sistema penitenciário, Caderno Geral, p.22

<21> São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos,

um dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas

distorções que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O

GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,

Caderno Geral, p.22

<22> São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos,

um dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas

distorções que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O

GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,

Caderno Geral, p.22

<23> São indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos,

um dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão embutidas

distorções que não são enfrentadas com a urgência que a questão exige. - Jornal O

GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,

Caderno Geral, p.22

<24> Só em São Paulo, o total de réus recolhidos a prisões foi acrescido de

pouco mais 12 mil pessoas, contingente próximo ao da população de 75% dos

municípios brasileiros (que têm menos de 20 mil habitante) - Jornal O GLOBO,

DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno

Geral, p.22

<25> Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,

cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados

presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as

condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O GLOBO,

DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário, Caderno

Geral, p.22

<26> Dessa vez, nosso destino será a Lapa, que desde os tempos de D. Pedro,

abrigou uma série de bares, restaurantes e casas noturnas. Uma tradição que

começou com a monarquia e se transformou no mais delicioso e democrático hábito do

155

povo. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda de cervejaria,

Segundo caderno, p.09

<27> Dessa vez, nosso destino será a Lapa, que desde os tempos de D. Pedro,

abrigou uma série de bares, restaurantes e casas noturnas. Uma tradição que começou

com a monarquia e se transformou no mais delicioso e democrático hábito do

povo. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda de cervejaria,

Segundo caderno, p.09

<28> Você que é cliente vivo tem mais vantagens: 20% de desconto na compra

de até 02 ingressos. Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, ANÚNCIO: Propaganda Da

VIVO, Segundo caderno, p.11

<29> O sistema funciona a partir de um chip, que os motoristas serão

obrigados a instalar em seus veículos – inicialmente a partir de janeiro. - Jornal O

GLOBO, DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre

a privacidade, Caderno Geral, p.16

<30> Aceitar a implementação de sistemas que, em última análise, seriam

manifestações de controle sobre o cidadão não é uma simples discussão retórica. Por

exemplo, a internet é um meio que revolucionou a comunicação (e isso encerra qualquer

resistência sobre a sua legitimidade como mídia. Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12,

EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a privacidade, Caderno

Geral, p.16

<31> Aceitar a implementação de sistemas que, em última análise, seriam

manifestações de controle sobre o cidadão não é uma simples discussão retórica. Por

exemplo, a internet é um meio que revolucionou a comunicação (e isso encerra

qualquer resistência sobre a sua legitimidade como mídia. Jornal O GLOBO,

DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a

privacidade, Caderno Geral, p.16

<32> Isso implica ter cuidados – usuários e poder público - , para evitar que

saiam da intimidade dos internautas informações privadas que apenas a eles dizem

respeito. - Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o

perigo do avanço sobre a privacidade, Caderno Geral, p.16

<33> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de

planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que

prioritariamente atende22

à população) a frotas desgastadas, sem conforto. - Jornal O

GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo

prefeito, Caderno Geral, p.22

22

O verbo ATENDER, segundo Houaiss (2009), possui uma regência transitiva direta – [alguém / algo] atender [alguém] – ou transitiva indireta – [alguém / algo] atender [a alguém]. No exemplo <33> está com a regência VTI.

156

<34> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta

de planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que

prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. - Jornal O

GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo

prefeito, Caderno Geral, p.22

<35> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de

planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que

prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,

nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –

caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de

passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios

(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade

danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que

unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas, fundamental

para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo município. - Jornal

O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o próximo

prefeito, Caderno Geral, p.22

<36> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de

planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que

prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,

nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –

caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de

passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios

(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade

danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que

unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas,

fundamental para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo

município. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público

desafia o próximo prefeito, Caderno Geral, p.22

<37> De outro, desqualificam essa democracia ao dizer que a decisão do

Supremo Tribunal Federal, poder central no regime democrático, foi um julgamento de

exceção e de ódio ao PT promovido por elites reacionárias que dominam a imprensa

e a justiça. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Ironia da

História, Caderno Geral, p.16

<38> Destacam-se pelo menos cinco novos sistemas de produção que serão ali

instalados até 2016, além de outros 6 previstos até 2020. - Jornal O GLOBO,

DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A Petrobras na Bacia de Campos, Caderno

Geral, p.13

157

<39> Em vista dos fatos mencionados, conclui-se que falta a Obama aquele

arrojo transbordante do presidente Franklin Roosevelt, o qual em um momento

histórico muito mais difícil soube explicitar com eficácia suas realizações. Jornal O

GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: A culpa é de Obama, p.13

<40> Depois dessas decisões do Supremo, os juízes, promotores, advogados e

policiais brasileiros têm o incentivo para cada um, dentro de sua função, apurar,

investigar, processar e julgar os atos ilegais. Qualquer ilegalidade. E principalmente os

crimes contra o poder público, que atingem toda a sociedade. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo para quem investiga, Caderno

Geral, p.04.

<41> O nosso Código Penal sempre determinou que todo mundo que participa

de um crime responde por ele, inclusive seu mentor intelectual. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo para quem investiga, Caderno

Geral, p.04.

<42> Qualquer abuso, erro ou omissões que vierem a ser realizados pelos

órgãos inferiores podem ser corrigidos pelo Supremo. Afinal, é ele quem regula sua

própria jurisprudência. E, com isso, guarda a Constituição e o estado democrático de

direito. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Incentivo

para quem investiga, Caderno Geral, p.04.

<43> Cadastro sujeito a aprovação. Caso o cadastro não seja aceito pelo Banco

Alfa, deverá ser encaminhado para outras financeiras que praticam maiores taxas.

Financiamento praticado pelas lojas Hyundai CAOA. Plano de financiamento válido

para veículos nas cores preta e prata até 15/10/2012 ou até o término do estoque. (...). –

Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ANÚNCIO: propaganda da HYUNDAI, Caderno

Geral, p.05.

<44> Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de

governo, mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista,

um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito,

mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito

mais de continuidade administrativa. È continuísmo governamental. Golpe, portanto,

nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos

quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres

Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.

<45> Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de

governo, mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista,

um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito,

mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado,

muito mais de continuidade administrativa. É continuísmo governamental. Golpe,

portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação

dos quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres

Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.

158

<46> Para Ayres Brito, o chamado núcleo político não tinha projeto de

governo, mas de poder: - Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista,

um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito,

mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito

mais de continuidade administrativa. È continuísmo governamental. Golpe, portanto,

nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos

quadros de dirigentes. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres

Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.

<47> – À medida que prosseguia nas respostas às perguntas da magistrada que

o interrogava, ele (Dirceu) foi deixando claro que era de fato o primeiro-ministro do

governo. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres Brito: mensalão

foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.

<48> À medida que prosseguia nas respostas às perguntas da magistrada que o

interrogava, ele (Dirceu) foi deixando claro que era de fato o primeiro-ministro do

governo. Tudo passava pelas mãos dele. Ele foi coordenador da campanha, foi o

comandante da transição. No governo que se instaura, ele foi o chefe da Casa Civil,

mas era plenipotenciário. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Ayres

Brito: mensalão foi um golpe na democracia, Caderno Geral, p.06.

<49> Embora a decisão dos ministros não tenha efeito vinculante, não sendo

obrigatório segui-la em processos que discutam questões idênticas, juízes e membros

do Ministério Público acreditam que a justiça terá mais segurança em condenações

baseadas em provas indiciárias. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:

juízes ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.

<50> Para condenar Dirceu, o STF levou em conta um conjunto de indícios

que fundamentou a teoria do “domínio do fato”, segundo a qual o réu pode ser

punido mesmo que não tenha executado diretamente o ato criminoso, mas tenha

tido domínio sobre o fato. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: juízes

ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.

<51> Os tribunais se dividiram. Porém, a questão chegou ao Supremo, que

sanou a dúvida ao firmar posição de que era possível condenar pelo potencial

abstrato. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: juízes ganham força

para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07.

<52> Desde o início do governo Lula, em 2003, Dirceu tinha a meta de criar

uma base para a reeleição de 2006, que passava pela eleição de cerca de mil

prefeitos em 2004, projeto ambicioso para um partido que tinha 140. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”,

Caderno Geral, p.08.

159

<53> Desde o início do governo Lula, em 2003, Dirceu tinha a meta de criar

uma base para a reeleição de 2006, que passava pela eleição de cerca de mil prefeitos

em 2004, projeto ambicioso para um partido que tinha 140. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno

Geral, p.08.

<54> O Zé chegou a criar a imagem do transatlântico. Dizia que, para

manobrar um transatlântico, era preciso fazer devagar, e isso levava tempo – diz um dos

petistas que participava das discussões. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<55> Raul Pont, ex-deputado do PT gaúcho, que era um crítico ácido da

estratégia de tudo ou nada para as alianças, diz que Dirceu executava uma política

endossada pelo então presidente Lula. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<56> – Essa política permitiu que Lula fosse reeleito em 2006 e Dilma, eleita

em 2010. Mas, o preço que se paga é muito alto. O Zé Dirceu foi uma das vítimas

disso, de fazer alianças com partidos contraditórios que só se movem por compensações

financeiras, cargos e ministérios – diz Pont. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<57> – Essa política permitiu que Lula fosse reeleito em 2006 e Dilma, eleita

em 2010. Mas, o preço que se paga é muito alto. O Zé Dirceu foi uma das vítimas disso,

de fazer alianças com partidos contraditórios que só se movem por compensações

financeiras, cargos e ministérios – diz Pont. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<58> Ex-aliados que conviveram com Dirceu naquela época contam que ele

gostava da “estatística da dominação”. Ele teria ainda lançado a tese de que era

importante criar um imprensa petista. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

NOTÍCIA: Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<59> – Isso tudo nasceu da mentalidade do Lula, que fala as coisas nas

reuniões e espera que apareça alguém que faça. Era uma coisa chavista, Kirchnerista.

Muita gente no PT caiu nisso e continua pregando o método – relata um ex-membro do

diretório nacional do PT. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu,

na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<60> Isso tudo nasceu da mentalidade do Lula, que fala as coisas nas

reuniões e espera que apareça alguém que faça. Era uma coisa chavista, Kirchnerista.

Muita gente no PT caiu nisso e continua pregando o método – relata um ex-membro do

diretório nacional do PT. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu,

na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<61> O que na boca de Lula eram metáforas, nas de Zé Dirceu viravam

verdades – diz um deputado petista, que diferencia o papel de Genoíno: – O

160

Genoíno, não. Ele era diferente, afável, aberto a ponderações, muito diferente do Zé,

que agia de forma impositiva. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA:

Dirceu, na linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<62> O que na boca de Lula eram metáforas, nas de Zé Dirceu viravam

verdades – diz um deputado petista, que diferencia o papel de Genoíno: – O Genoíno,

não. Ele era diferente, afável, aberto a ponderações, muito diferente do Zé, que agia de

forma impositiva. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Dirceu, na

linha de frente do “vale tudo”, Caderno Geral, p.08.

<63> A condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-

presidente do PT José Genoíno pelo STF repercutiu na imprensa internacional. (...) O

jornal americano “The New York Times” chegou a comparar o caso com o escândalo

Watergate, que derrubou o republicano Richard Nixon na década de 70. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é notícia no mundo,

Caderno Geral, p.09.

<64> A publicação americana ainda classifica o mensalão como “provavelmente o

maior escândalo de corrupção do Brasil” e chega a compará-lo com Watergate, caso

que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon em 1974. Segundo a

matéria, o caso teria “o mesmo alcance e importância” para os brasileiros que o

Watergate teve nos Estados Unidos, ao submeter “um chefe do governo a intenso

escrutínio, no caso um dos principais confidentes de Lula, José Dirceu”. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é notícia no mundo,

Caderno Geral, p.09.

<65> “Considerado o maior escândalo político de corrupção na história do

Brasil, o caso contribuiu pouco para manchar a reputação de Lula, que deixou a

Presidência no começo de 2011 com um índice de aprovação de 87%, assinala a

reportagem. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, NOTÍCIA: Condenação de

Dirceu é notícia no mundo, Caderno Geral, p.09.

<66> O direito de defesa atendido pelos mais caros escritórios de advocacia do

país, durou sete anos para se consumar a justiça e agora, um provável culpado que

abandonou seus companheiros ao relento, preocupado com as eleições. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Mário

Negrão Borgonovi, Rio, Caderno Geral, p.15.

<67> Há muito não sentia orgulho de ser brasileira, sentimento devolvido por

esses senhores do STF, que se basearam em provas concretas para julgar e

condenar essa turma. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR:

A condenação do STF, Ana Maria Souza de Oliveira Soares, Campos - RJ, Caderno

Geral, p.15.

<68> O país ficou mais leve, pois, finalmente, o STF entrou em sintonia com a

opinião pública, que já desconfiava do Judiciário, considerando a atual constituição

de sua cúpula um mero aparelho do Executivo. – Jornal O GLOBO, DATA:

161

11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Dirceu Luis Natal, Rio,

Caderno Geral, p.15.

<69> Agora que os operadores do mensalão estão sendo julgados e

condenados, ainda resta uma questão: quais foram os parlamentares que venderam

seus votos e onde está esse dinheiro? – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA

DE LEITOR: A condenação do STF, Fernando Teixeira Vieira, Rio, Caderno Geral,

p.15.

<70> Então, em sã consciência, pode-se desvincular a participação do sr.

Dirceu da condenação política desse verdadeiro assalto aos cofres públicos, em

benefício ao partido, então no poder? Mesmo sem tantos argumentos apresentados pelos

ministros que já o condenaram, há motivo, pela simples questão de lógica dedutiva. –

Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF,

Eduardo Gontijo, Rio, Caderno Geral, p.15.

<71> Espera-se que os anos a cumprir na cadeia façam José Dirceu e o PT

refletirem sobre os danos que causaram ao Brasil. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Wilton Ribeiro Gomes,

Maricá - Rio, Caderno Geral, p.15.

<72> Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou

Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que

ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou o

país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do

STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.

<73> Por estranha ironia do destino, no mesmo dia em que Carmen Lúcia, ou

Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela família que

ela tanto prejudicou e enganou, outra Carmen Lúcia, seu extremo oposto, emocionou

o país. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação

do STF, Eliana P. Sales, Rio, Caderno Geral, p.15.

<74> A população brasileira, cansada das “CPIs Pizza”, está com esperanças

renovadas na Justiça Brasileira. Parabéns aos ministros do STF, que votaram pela

condenação dos articuladores do mensalão, em especial ao ministro Joaquim

Barbosa, pelo seu brilhante e extenso relatório. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, CARTA DE LEITOR: A condenação do STF, Eneida Junqueira, Rio,

Caderno Geral, p.15.

<75> Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos

representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma

maneira de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de

despesas médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio,

Caderno Geral, p.15.

162

<76> Todos os eleitores sabem que pagamos um preço alto demais para nossos

representantes, que tratam principalmente dos próprios interesses. Não há uma maneira

de corrigir esta verdadeira afronta, que envolve até pleno ressarcimento de despesas

médicas nos melhores hospitais, extensivos a familiares. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições, Aloysio Martins Guerra, Rio, Caderno

Geral, p.15.

<77> Coração é órgão de grande simbolismo, sempre identificado com amor e

paixão, que dão sentido ao existir. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

<78> Quando alguns acontecimentos relembram nossa fragilidade e finitude,

urge captar as lições diárias que podem nos humanizar. Abrir o peito exige, para a

melhor recuperação, abrir a cabeça também. Serrar o externo para, com precisão de

relojoeiro, restaurar os dutos que irrigam o coração, pede ao paciente que revisite seu

interior, refazendo a ponte entre objetividade e subjetividade. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral,

p.17.

<79> Quando alguns acontecimentos relembram nossa fragilidade e finitude,

urge captar as lições diárias que podem nos humanizar. Abrir o peito exige, para a

melhor recuperação, abrir a cabeça também. Serrar o externo para, com precisão de

relojoeiro, restaurar os dutos que irrigam o coração, pede ao paciente que revisite seu

interior, refazendo a ponte entre objetividade e subjetividade. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral,

p.17.

<80> Hélio Pellegrino (1924/1988), psicanalista, ensina: “O preço da graça

que recebemos é nos mantermos fiéis a ela, é nos tornarmos os porta-vozes dela. A

graça quer acender ao mundo através da nossa boca que fala”. – Jornal O GLOBO,

DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral,

p.17.

<81> Hélio Pellegrino (1924/1988), psicanalista, ensina: “O preço da graça que

recebemos é nos mantermos fiéis a ela, é nos tornarmos os porta-vozes dela. A graça

quer acender ao mundo através da nossa boca que fala”. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

<82> É imperativo assegurar recursos para políticas públicas que permitam a

todos os cuidados necessários, condições de realização do direito à vida. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público,

Caderno Geral, p.17.

<83> Não é peroração de socialista: na abertura das Olimpíadas de Londres, a

Inglaterra exibiu com orgulho um sistema de saúde que atende a todos

163

igualitariamente. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria

de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

<84> Na enfermaria, quanto mais encontrava gente abandonada, naquela

solidão limite, mais dava graças pelas tantas preces, axés e energias positivas que

recebi. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um

hospital público, Caderno Geral, p.17.

<85> “Visitas da saúde” é expressão para súbitas melhoras em doentes

terminais, que depois vêm a óbito. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

CRÔNICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

<86> E nova cultura, fraterna, com antídotos contra o sectarismo e a

apropriação autoritária de expressões de fé que se querem únicas. No cruzadismo

medieval, oração e coração, tão próximos na grafia e no nosso sentimento, ficavam

apartados na geografia e na história. Isso produziu genocídio, do qual não estamos

livres. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na enfermaria de um

hospital público, Caderno Geral, p.17.

<87> Eleições não são guerras. São disputas entre partidos que representam

correntes de opinião diferentes, mas igualmente legítimas. Nelas, a pátria não está

em jogo. A linguagem do candidato evidencia que, enfim, construiu-se uma oposição

democrática ao chavismo. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: O

nome da pátria, Caderno Geral, p.17.

<88> Os pobres não esqueceram a longa era de governos oligárquicos que

operavam como agentes da apropriação da riqueza nacional por uma elite

orgulhosa e avarenta. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, CRÔNICA: Na

enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17.

<89> O aspecto negativo é que, apesar do bom desempenho dos alunos, há

circunstâncias que lhes barram o caminho da formação completa. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral,

p.17.

<90> Certamente, não por deficiências culturais, mas porque a realidade que

os envolve não lhes oferece grandes oportunidades de seguir em frente. – Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral,

p.17.

<91> Essa realidade não se muda apenas com vitórias pontuais. O Brasil

precisa levar mais a sério o compromisso com a Educação, formulando políticas que

ofereçam aos cidadãos oportunidades de crescimento cultural e intelectual, do

ensino básico à universidade. Esse foi o caminho percorrido por todas as nações que

pularam o atraso para o desenvolvimento. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012,

ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17.

164

<92> Essa realidade não se muda apenas com vitórias pontuais. O Brasil

precisa levar mais a sério o compromisso com a Educação, formulando políticas que

ofereçam aos cidadãos oportunidades de crescimento cultural e intelectual, do ensino

básico à universidade. Esse foi o caminho percorrido por todas as nações que pularam

o atraso para o desenvolvimento. – Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/2012, ARTIGO

DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17.

<93> Em relação aos aspectos gerais dos programas educacionais, é

estimulante observar que o Rio superou a meta estabelecida para o ano passado. E,

dissecado no varejo, os números trazem ensinamentos que não podem ser desprezados

na abordagem da situação das salas de aula. – Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17.

<94> Você que votou verde em 2008, neste domingo confirme! – Jornal O

GLOBO, DATA: 05/10/2012, ANÚNCIO, propaganda eleitoral, Caderno Geral, p.10.

<95> Já foram doados diversos instrumentos como violinos, violões,

violoncelos, contrabaixos, flautas transversas e vários outros equipamentos. Tudo

comprado com o dinheiro da venda de ingressos dos eventos artísticos realizados pelos

alunos. Um trabalho que é música para os nossos ouvidos. È assim que nossos alunos

têm contato com a realidade que os cerca. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

ANÚNCIO, propaganda do Instituto Gaylussac, Caderno Geral, p.11.

<96> Já foram doados diversos instrumentos como violinos, violões,

violoncelos, contrabaixos, flautas transversas e vários outros equipamentos. Tudo

comprado com o dinheiro da venda de ingressos dos eventos artísticos realizados pelos

alunos. Um trabalho que é música para os nossos ouvidos. È assim que nossos alunos

têm contato com a realidade que os cerca. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

ANÚNCIO, propaganda do Instituto Gaylussac, Caderno Geral, p.11

<97> As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas

na Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender

que as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para

participar do Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer

pelo menos uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams”

ou guardiões masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam

junto; mas foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. –

Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,

Caderno Geral, p.18.

<98> As manchetes esta semana gritavam: “Mil peregrinas nigerianas barradas

na Arábia Saudita.” (...) Mas ao ler os relatórios com mais cuidado dava para entender

que as autoridades sauditas não deixaram essas mulheres entrarem no país para

participar do Haj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano adulto tem que fazer pelo

menos uma vez na vida, por elas não estarem acompanhadas de seus “mahrams” ou

guardiões masculinos. Uma matéria que eu li disse que os mahrams delas estavam

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junto; mas foram admitidos no país antes das mulheres, e por isso ficaram separados. –

Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística,

Caderno Geral, p.18.

<99> Para os sauditas, além de não seguir as leis islâmicas que regem como o

Haj é conduzido, achegada de tantas mulheres sem os seus guardiões sem duvida

levantou suspeita que elas tinham motivos ocultos de ficar no país depois de terminar a

peregrinação, para procurar emprego ou mendigar nas ruas. – Jornal O GLOBO,

DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral,

p.18.

<100> Milhares de estrangeiros mulçumanos ganham entrada no Shangri-lá dos

seus sonhos por meio de um visto para fazer o Haj ou o Ummrah, que é uma forma

mais curta de peregrinação, e alguns ficam ilegalmente no país além do prazo do visto

deles. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha

logística, Caderno Geral, p.18.

<101> Milhares de estrangeiros mulçumanos ganham entrada no Shangri-lá dos

seus sonhos por meio de um visto para fazer o Haj ou o Ummrah, que é uma forma mais

curta de peregrinação, e alguns ficam ilegalmente no país além do prazo do visto deles.

Muitos trabalham como domésticas ou motoristas e, outros agem em grandes redes de

mendicância que empregam crianças afegãs tentando vender chicletes nas ruas de

Jedá. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha

logística, Caderno Geral, p.18.

<102> Para a maioria dos mulçumanos que fazem o Haj, a experiência é de

uma espiritualidade profunda, em que todo mundo, rico ou pobre, branco ou negro,

jovem ou velho, é igual aos olhos de Deus. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

<103> O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas

têm que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e

os lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos

quilômetros os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de

um lugar para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO:

Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

<104> O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas

têm que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e os

lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos

quilômetros os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de

um lugar para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO:

Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

<105> O fato é que o Haj é uma façanha logística gigantesca que os sauditas

têm que produzir todo ano para os três milhões de fiéis que descem sobre Meca e os

lugares sagrados de Mina e Arafat por cinco dias. Nessa planície de poucos quilômetros

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os anfitriões têm que assegurar a segurança dos peregrinos que vão a pé de um lugar

para outro. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma

façanha logística, Caderno Geral, p.18.

<106> Peregrinos têm que usar uma vestimenta supersimples chamado de

ihram, que para homens consiste de dois panos de algodão branco, sem nenhuma

costura, que são amarrados no corpo. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

<107> Peregrinos têm que usar uma vestimenta supersimples chamado de

ihram, que para homens consiste de dois panos de algodão branco, sem nenhuma

costura, que são amarrados no corpo. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

<108> Amigos que já fizeram o haj me disseram que sentiram uma paz e

harmonia fora desse mundo quando faziam os rituais de rezar todos juntos e ouviam as

mais variadas línguas dos peregrinos vindos de todas as partes do mundo. – Jornal O

GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno

Geral, p.18.

<109> Aqui no Brasil, muçulmanas estão sendo discriminadas em alguns

estados pelas autoridades que não deixam elas usarem o véu quando tiram fotos

para documentos, especialmente para carteira de habilitação. – Jornal O GLOBO,

DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral,

p.18.

<110> A União das entidades Islâmicas do Brasil deveria entrar com um pedido

judicial de esclarecimento no STJ para que haja uma decisão legal liberando

muçulmanas que querem usar véus em todos os estados da União quando tirarem

fotos para documentos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, ARTIGO DE

OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18.

<111> Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos

aparentemente – um advérbio caridoso – não deram grande importância à limpeza das

fichas dos candidatos que nos oferecem. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.

<112> Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as

fichas dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos

olhos do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –

exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.

<113> Afinal é obrigação deles – ou deveria ser – examinar com severidade as

fichas dos cidadãos que apresentam como candidato. E é bom não esquecer que, aos

olhos do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada – ou deveria sê-lo –

167

exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19.

<114> Até agora, não há notícia de algum partido que se disponha a avaliar,

publicamente e com severidade, as fichas de todos os cidadãos que ambicionam

mandatos. – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012, CRÔNICA: Candidatos sujos,

Caderno Geral, p.19.

<115> Seria preciso apenas encontrar novas fontes de financiamento da

operação, além dos empréstimos de araque de Marcos Valério no Banco Rural e no

BMG e do desvio de dinheiro do Visanet, que não seriam suficientes para pagar as

dívidas e as campanhas do PT e as despesas crescentes com a voracidade da base

aliada, que quanto mais come mais fome tem. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.

<116> Seria preciso apenas encontrar novas fontes de financiamento da

operação, além dos empréstimos de araque de Marcos Valério no Banco Rural e no

BMG e do desvio de dinheiro do Visanet, que não seriam suficientes para pagar as

dívidas e as campanhas do PT e as despesas crescentes com a voracidade da base

aliada, que quanto mais come mais fome tem. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.

<117> Militantes do partido em postos chave na administração pública

facilitaram concorrências e superfaturariam campanhas publicitárias e eventos

produzidos pelas agências de Marcos Valério, que ficaria com uma parte do butim.

Depois era só lavar o dinheiro na Bônus Banval e distribuí-lo aos aliados para garantir a

governabilidade sem fazer concessões politicas e aprovação de seus projetos que – ele

tinham certeza – eram os melhores para o povo brasileiro. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.

<118> Militantes do partido em postos chave na administração pública

facilitaram concorrências e superfaturariam campanhas publicitárias e eventos

produzidos pelas agências de Marcos Valério, que ficaria com uma parte do butim.

Depois era só lavar o dinheiro na Bônus Banval e distribuí-lo aos aliados para garantir a

governabilidade sem fazer concessões politicas e aprovação de seus projetos que – ele

tinha certeza – eram os melhores para o povo brasileiro. – Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.

<119> Então, por que não comprá-los para servir ao governo do primeiro

operário a chegar à presidência, para atualizar e fazer as “reformas de base” que

derrubaram Jango e Brizola em 64? – Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/2012,

CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.

<120> Mais do que um inútil exército de retrofuturologia, imaginar as

consequências funestas da continuidade do mensalão – que não ia parar ali, cresceria e

168

envenenaria o Congresso, as companhas eleitorais, a democracia e o Estado. – Jornal O

GLOBO, DATA: 05/10/2012, CRÔNICA: O plano perfeito, Caderno Geral, p.19.

<121> Câmbio Manual de 6 velocidades. Mais esportividade, economia de

combustível e o controle do desempenho que só o câmbio Manual pode oferecer. –

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno

Geral, p.05.

<122> O projeto IVA Solidário (Índice de Valores Atitudinais) forma grupos de

alunos do Ensino Médio que participam de ações de cidadania em orfanatos,

creches, asilos, escolas públicas e associações beneficentes. Eles contam histórias,

jogam cantam brincam e trabalham em laboratórios de informáticas com as pessoas das

instituições assistidas. Os participantes ganham pontos de acordo com as atividades

exercidas e desenvolvem uma cultura de cidadania e solidariedade. É assim que nossos

alunos têm contato com a realidade que os cerca. – Jornal O GLOBO, DATA:

10/10/2012, ANÚNCIO: propaganda do Instituto Gaylussac, Caderno Geral, p.13.

<123> O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao

qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson,

tinha pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser

perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem

ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal O

GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José

Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio, Caderno Geral, p.17.

<124> O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao

qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha

pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser

perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem

ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal O

GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José

Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.

<125> O termo “figadal” utilizado pelos ministros Lewandowski e Toffoli ao

qualificar o grau de inimizade que o denunciante do mensalão, Roberto Jefferson, tinha

pelo réu José Dirceu, um dos motivos que os levaram a absorvê-lo, poderia ser

perfeitamente inserido na quantificação do grau de gratidão que estes ministros devem

ter pelo ex-presidente Lula, padrinho da indicação de ambos para o STF. – Jornal

O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, José

Carlos Carvalho da Silva, Barra do Piraí – Rio Caderno Geral, p.17.

<126> O voto do ministro Marco Aurélio Mello, com alguma ironia,

demonstrou a forma ridícula de voto dos ministros Lewandowski e Toffoli, que estão

numa grande tentativa de imbecilizar a população brasileira. – Jornal O GLOBO,

DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, Antonio Garcia,

Rio, Caderno Geral, p.17.

169

<127> Gostaria de saber, com a devida vênia, se os mesmos advogados de

alguns réus do mensalão, que estavam nos dias iniciais do julgamento

comemorando (não sei o quê) num restaurante luxuoso, sob a trilha sonora do

filme “O poderoso chefão”, coincidentemente, após o primeiro voto dado pelo

ministro revisor, ainda continuam se encontrando para comemorar. Se a resposta for

positiva, gostaria de saber se a trilha sonora escolhida atualmente é a da marcha fúnebre,

em homenagem à tese ridícula que fora compartilhada pelos mesmos do caixa dois. –

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José

Dirceu, Moacir Pereira da Costa, Rio, Caderno Geral, p.17.

<128> Gostaria de saber, com a devida vênia, se os mesmos advogados de

alguns réus do mensalão, que estavam nos dias iniciais do julgamento comemorando

(não sei o quê) num restaurante luxuoso, sob a trilha sonora do filme “O poderoso

chefão”, coincidentemente, após o primeiro voto dado pelo ministro revisor, ainda

continuam se encontrando para comemorar. Se a resposta for positiva, gostaria de saber

se a trilha sonora escolhida atualmente é a da marcha fúnebre, em homenagem à tese

ridícula que fora compartilhada pelos mesmos do caixa dois. – Jornal O GLOBO,

DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, Moacir Pereira

da Costa, Rio, Caderno Geral, p.17.

<129> Apesar da ausência dos votos dos ministros Celso de Mello e Ayres

Britto, que serão definidos hoje, José Dirceu foi condenado, juntamente com José

Genoíno e Delúbio Soares. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE

LEITOR: STF condena José Dirceu, Paulo Panossian, São Carlos - SP, Caderno Geral,

p.17.

<130> Daqui para frente, não importa muito a definição da pena, a tal da

dosimetria, mas que a tese do PT, sob a batuta do Lula, de que o mensalão era uma farsa

das elites, da oposição ou da imprensa foi para o saco da desfaçatez de um governo que

há dez anos protagoniza o desrespeito às nossas instituições. – Jornal O GLOBO,

DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: STF condena José Dirceu, Paulo Panossian,

São Carlos - SP, Caderno Geral, p.17.

<131> O TSE quer saber o motivo do número elevado de abstenções, votos em

brancos e nulos. Quanta ingenuidade dos políticos que nos são impostos, mensalões,

impunidade e obrigatoriedade do voto. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012,

CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Alberto Vanny, Vila Velha - ES, Caderno Geral,

p.17.

<132> Os pseudopatriotas, a maioria não foi reeleita, e aqueles que pretendiam

mamar na teta nada conseguiram. Isso é importante, pois mostra que não se pode

enganar a todos por muito tempo. O Brasil é de todos, e não de alguns. – Jornal O

GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Gutemberg

Virgílio da Silva, São Pedro da Aldeia - RJ, Caderno Geral, p.17.

<133> Vinte cidades, só no Estado do Rio de Janeiro, elegeram prefeitos que

estão sub judice, ou seja, podem não tomar posse. – Jornal O GLOBO, DATA:

170

10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Oswaldo Cruz Gribel, Rio, Caderno

Geral, p.17.

<134> Vinte cidades, só no Estado do Rio de Janeiro, elegeram prefeitos que

estão sub judice, ou seja, podem não tomar posse. – Jornal O GLOBO, DATA:

10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012, Oswaldo Cruz Gribel, Rio, Caderno

Geral, p.17.

<135> Por que continuamos cúmplices de um sistema que nos faz assinar um

cheque em branco para um grupo que, de eleição em eleição, mostra sua

verdadeira face? – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR:

Eleições 2012, Marcelo Saldanha, Rio, Caderno Geral, p.17.

<136> Por que continuamos cúmplices de um sistema que nos faz assinar um

cheque em branco para um grupo que, de eleição em eleição, mostra sua verdadeira

face? – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA DE LEITOR: Eleições 2012,

Marcelo Saldanha, Rio, Caderno Geral, p.17

<137> As obras são executadas com base em sondagens técnicas, que

indicaram a necessidade de uma grande reforma no pavimento de algumas das

principais vias arteriais da cidade. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/2012, CARTA

DE LEITOR: Asfalto liso, Thainá Halac – chefe de assessoria de comunicação da

secretaria municipal de obras do Rio de Janeiro, Caderno Geral, p.17

<138> O julgamento terá continuidade hoje, a partir das 14h30m. No

entendimento do ministro, beneficiários do valerioduto que usaram de artifícios para

esconder a movimentação de dinheiro, após o recebimento dos recursos, incorreram

em crime de lavagem. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor

deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05

<139> Já o ex-deputado Pedro Corrêa, que foi inocentado, não tentou mascarar

o recebimento do dinheiro com qualquer operação de fachada. – Jornal O GLOBO,

DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral,

p.05

<140> Até quarta-feira, o ministro deverá concluir o voto sobre os outros dez

réus que estão sendo julgados nessa etapa. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012,

NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05

<141> É esperado que nessa seção da próxima segunda-feira, semana que

antecede o primeiro turno das eleições municipais, o ministro Joaquim Barbosa,

relator do processo, comece a ler o voto sobre as acusações de corrupção ativa e

formação de quadrilha que pesam contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e

outros réus da antiga cúpula do PT: o ex-deputado José Genoíno e o ex-tesoureiro

Delúbio Soares. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve

punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05

171

<142> É esperado que nessa seção da próxima segunda-feira, semana que

antecede o primeiro turno das eleições municipais, o ministro Joaquim Barbosa, relator

do processo, comece a ler o voto sobre as acusações de corrupção ativa e formação de

quadrilha que pesam contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e outros réus

da antiga cúpula do PT: o ex-deputado José Genoíno e o ex-tesoureiro Delúbio

Soares. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus

por lavagem, Caderno Geral, p.05

<143> Essa foi a ideia que prevaleceu no caso do deputado João Paulo

Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, condenado pelo crime de lavagem por

seis votos a cinco. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve

punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05

<144> Mesmo assim, a questão ainda tem suscitado controvérsias. Para os

ministros que votaram contra a condenação do deputado por lavagem, o crime só

poderia ser classificado dessa forma se, depois de receber o dinheiro de origem ilegal,

ele tentasse reincorporá-lo à economia formal. Entre os ministros que votaram a favor

de João Paulo está Cezar Peluso, que já se aposentou. – Jornal O GLOBO, DATA:

24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05

<145> Mesmo assim, a questão ainda tem suscitado controvérsias. Para os

ministros que votaram contra a condenação do deputado por lavagem, o crime só

poderia ser classificado dessa forma se, depois de receber o dinheiro de origem ilegal,

ele tentasse reincorporá-lo à economia formal. Entre os ministros que votaram a favor

de João Paulo está Cezar Peluso, que já se aposentou. – Jornal O GLOBO, DATA:

24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05

<146> Mesmo assim, a questão ainda tem suscitado controvérsias. Para os

ministros que votaram contra a condenação do deputado por lavagem, o crime só

poderia ser classificado dessa forma se, depois de receber o dinheiro de origem ilegal,

ele tentasse reincorporá-lo à economia formal. Entre os ministros que votaram a favor

de João Paulo está Cezar Peluso, que já se aposentou. – Jornal O GLOBO, DATA:

24/09/2012, NOTÍCIA: Revisor deve punir réus por lavagem, Caderno Geral, p.05

<147> De um lado está o secretário de estadual de segurança José Mariano

Beltrame, que lamentou a soltura dos réus. Do outro, o desembargador Siro Darlan,

que defende que os acusados têm a lei a seu favor. – Jornal O GLOBO, DATA:

24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica,

Caderno Geral, p.07

<148> Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica. – Jornal

O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem

hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07

<149> De um lado está o secretário de estadual de segurança José Mariano

Beltrame, que lamentou a soltura dos réus. Do outro, o desembargador Siro Darlan,

172

que defende que os acusados têm a lei a seu favor. – Jornal O GLOBO, DATA:

24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade para bandidos que invadem hotel provoca polêmica,

Caderno Geral, p.07

<150> Existe um prazo para um processo ser concluído quando o réu está

preso, que é de 81 dias. – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade

para bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07

<151> O ministro Público (MP) foi procurado por Beltrame, que soube da

soltura na sexta-feira). – Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/2012, NOTÍCIA: Liberdade

para bandidos que invadem hotel provoca polêmica, Caderno Geral, p.07

173

ANEXO 02 – Dados do grupo das construções relativas preposicionadas retirados

do jornal O Globo.

<1> (...) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que

houver utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM,

para qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,

ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06

<2> (...) Liberty web smart: a tarifa de R$ 29,90 será cobrada somente no mês que

houver utilização de dados/internet. (...) - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANÚNCIO:

propaganda da TIM, Caderno Geral p.06

<3> (...) Liberty torpedo: a tarifa de R$ 12,90 será cobrada somente no mês que

houver utilização e é valida para enviar torpedos [sms] ilimitados, dentro da rede TIM, para

qualquer operadora do Brasil no mês que usar. - Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12,

ANÚNCIO: propaganda da TIM, Caderno Geral p.06

<4> Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já

economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress

de dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e

também não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA

FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20

<5> Pense em um dia que você não precise pegar no carro. De cara, você já

economizou o dinheiro da gasolina, o tempo que estaria procurando vaga e o stress de

dirigir no trânsito, que estaria bem mais tranquilo se a maioria pensasse igual e também

não pegasse no carro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANUNCIO DA

FETRANSPOR, Caderno Geral, p.20

<6> O Brasil termina se nivelando por baixo, num continente em que existe a

Argentina. (...)– Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: O anacrônico

protecionismo brasileiro, Caderno Geral, p.24

<7> O segundo sinal de que as autoridades observam com inquietação a

movimentação de bandos milicianos, particularmente no Rio, onde eles atuam com

mais desenvoltura. – Jornal O GLOBO, DATA: 03/10/12, EDITORIAL: Combater as

milícias em várias frentes, Caderno Geral, p.24

<8> Neste livro, o chef Alain Passard oferece 48 pratos de legumes, frutas

verduras e ervas, cujas colagens foram feitas pelos próprio cozinheiro. (...) – Jornal

O GLOBO, DATA: 03/10/12, ANUNCIO: propaganda sobre um publicação de livro,

Segundo Caderno, p.05

<9> Garantimos a quantidade mínima de 05 unidades/kg de cada produto por

loja em que ele esteja disponível. (...).– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12,

ANUNCIO: propaganda da EXTRA, Caderno Geral, p.13

174

<10> Educação, ciência, ecologia, universidade, ação social. Tem uma hora

em que tudo se encaixa. (...) – Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, ANUNCIO:

propaganda da GLOBOECOLOGIA, Caderno Geral, p.17

11> Dezenas de milhares de pessoas foram para as ruas de Paris domingo, nas

primeiras manifestações contra o governo Hollande, cuja popularidade caiu a seu

nível mais baixo – 43%.– Jornal O GLOBO, DATA: 02/10/12, EDITORIAL: Hollande

cai na real em choque de austeridade, Caderno Geral, p.22

<12> O país tem a quarta maior população carcerária do mundo. São mais de

500 mil presos, literalmente espremidos num complexo penal em que há um crônico

déficit de 200 mil vagas. - Jornal O GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O

crescente drama do sistema penitenciário, Caderno Geral, p.20

<13> Disso resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídio,

cresce o total de réus já condenados que cumpre penas em delegacia, e os chamados

presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária, recolhidos a unidades em que as

condições são ainda mais degradantes do que nas penitenciárias. - Jornal O

GLOBO, DATA: 29/09/12, EDITORIAL: O crescente drama do sistema penitenciário,

Caderno Geral, p.22

<15> Documentação gratuita (lacração) para o veículo i30 válida para a cidade

onde está sendo veiculado o anúncio. - Jornal O GLOBO, DATA: 23/09/12,

ANUNCIO: propaganda da Hyundai, Caderno geral, p.05

<16> A diferença é que, em razão de limitações tecnológicas da época em que

Orwell escreveu o livro, o romance não passava de uma (assustadora) parábola sobre o

totalitarismo, ao passo que sistema como o Siniav, em face da atual evolução dos

dispositivos de fiscalização à distancia, podem se transformar em tentadora ameaça de

mau uso de informações de Estado por governos inescrupulosos. - Jornal O GLOBO,

DATA: 23/09/12, EDITORIAL: Rastrear veículos e o perigo do avanço sobre a

privacidade, Caderno Geral, p.16

<17> A prefeitura deveria destacar guardas municipais, ou, se for o caso,

acionar a Polícia Militar, para os locais onde ocorrem eventos, para evitar a sua

ocupação pelos flanelinhas. – Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CARTA DO

LEITOR: Emerson Rios, Niterói, Rio, p.17

<18> A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na

TV foi detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o

democrata, de baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22,

terão peso considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma

campanha em que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12,

EDITORIAL: Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18

<19> A vitória de Mitt Romney sobre Barack Obama no primeiro debate na

TV foi detectada por pesquisas, nas quais o republicano está em viés de alta e o

175

democrata, de baixa. Pode-se imaginar que os dois próximos debates, dias 16 e 22, terão

peso considerável no resultado das eleições de 06 de novembro, depois de uma

campanha em que Obama esteve sempre à frente. - Jornal O GLOBO, DATA:

10/10/12, EDITORIAL: Obama tem mais duas chances, Caderno Geral, p.18

<20> Levou oito das 83 cidades com mais de 200 mil habitantes que fecharam

a conta. Isso num dia em que o ministro Joaquim Barbosa era festejado na seção

onde votou. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Lula

carregou seu segundo poste, Caderno Geral, p.18

<21> Levou oito das 83 cidades com mais de 200 mil habitantes que fecharam

a conta. Isso num dia em que o ministro Joaquim Barbosa era festejado na seção onde

votou. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Lula carregou

seu segundo poste, Caderno Geral, p.18

<22> Não existe cinturão petista. Se existisse, nas pesquisas de setembro,

Russomanno não teria conseguido 38% das preferências na região. O que existe é um

pedaço da cidade onde, depois de oito anos de exercício da prefeitura, o tucano

ainda não se fez ouvir. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO:

Lula carregou seu segundo poste, Caderno Geral, p.18

<23> Em termos de (i)mobilidade urbana, o caos ainda é mais visível, porque

está exposto nas ruas: nos engarrafamentos gigantescos, nos transportes de massa

precários, na demora dos deslocamentos casa-trabalho, na bandalha de ônibus e vans

(suspeitas de ligação com as milícias) – uma zona de sombra em que a política

adotada é acusada de desprezar os trilhos e privilegiar os discutíveis interesses da

Fetranspor. Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: O sucesso de Paes,

Caderno Geral, p.19

<24> No julgamento do mensalão eu pensava assistir a um “E o vento levou”,

mas estou testemunhando uma narrativa de Machado de Assis. O mesmo sentimento

cerca as eleições cujo resultado vai ser formicida para uns e leite condensado para

outros. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite

condensado, Caderno Geral, p.19

<25> Em vinte minutos e 500 reais, passei de monstro saudável a doente com

três meses de vida. E o pior é que, afora uma tossezinha boba, nada sentia. Mais ainda:

o leite condensado com a qual sua saudosa mãe resolvia todos os problemas não

funcionava. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e

leite condensado, Caderno Geral, p.19

<26> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior,

onde passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos

restaurantes mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde

176

raramente se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e

Paris, onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência

ele tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;

formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19

<27> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes

mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente

se distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,

onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele

tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;

formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19

<28> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes

mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se

distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris,

onde entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele

tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;

formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19

<29> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes

mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se

distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris, onde

entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele

tomava por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer;

formicida e leite condensado, Caderno Geral, p.19

<30> Vamos encontrá-lo agora numa viagem por três cidades do exterior, onde

passeia como um vagabundo, morando nos melhores hotéis e comendo nos restaurantes

mais caros. Oxford (onde havia sido um estudante pobre), Londres (onde raramente se

distraíra entre suas pesquisas sobre a antiestrutura das ordens estruturais) e Paris, onde

entretinha longas conversas com um colega famoso cuja condescendência ele tomava

por cordialidade. - Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida

e leite condensado, Caderno Geral, p.19

<31> Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-

colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num

tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amore

discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que, vistas

de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. - Jornal O

GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado, Caderno

Geral, p.19

<32> Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-

colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num

177

tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e

discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,

vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,

Caderno Geral, p.19

<33> Numa visita ao Instituto onde havia obtido o diploma, encontra uma ex-

colega. Saem para um almoço planejado para ser frugal mas que se transformou num

tórrido banquete carnal e espiritual. Seguiram para um cruzeiro no qual faziam amor e

discutiam os problemas mais sérios do seu próprio trabalho: as antiestruturas que,

vistas de longe, se transformam em estruturas; e, em seguida, em processos. -

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, CRÔNICA: Câncer; formicida e leite condensado,

Caderno Geral, p.19

<34> No caso do acidente mais recente ocorrido em Copacabana, onde o

operário se feriu no pescoço, a obra foi vistoriada e constatou-se que era irregular. -

Jornal O GLOBO, DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Negligência nas

empresas, Caderno Geral, p.19

<35> A estrutura portuária atual, resultado da Lei de Modernização dos Portos,

não se compara com o sistema anterior, cujos custos operacionais eram muito acima

da média internacional, devido à inexistência de investimentos, baixa produtividade e

ao sucateamento de equipamentos e infraestrutura. - Jornal O GLOBO, DATA:

10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19

<36> A realidade portuária atual tem virtudes inegáveis. No plano operacional,

merece destaque a privatização dos serviços, cuja principal característica é a

combinação de gestão moderna com investimentos expressivos. - Jornal O GLOBO,

DATA: 10/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sob risco, Caderno Geral, p.19

<37> O problema é que a mudança reintroduz, pela porta dos fundos, a

famigerada tributação cumulativa sobre faturamento, uma deformidade fiscal

desnecessária da qual o país havia praticamente se livrado, graças ao louvável

esforço de reforma tributária do primeiro governo do presidente Lula. - Jornal O

GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Improvisação e imediatismo,

Caderno Geral, p.22

<38> Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e

crescente capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte

do Estado. A integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos

têm acesso, é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O

GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno

Geral, p.22

<39> Além disso, vive-se num mundo digitalizado em que há enorme e

crescente capacidade de armazenamento de informações sobre o cidadão por parte do

Estado. A integração desses bancos de dados, aos quais poucos servidores públicos

178

têm acesso, é algo preocupante do ponto de vista dos riscos à privacidade. - Jornal O

GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: A quebra de sigilo pela Receita, Caderno

Geral, p.22

<40> O que está em questão são, simplesmente, os padrões de comportamento

da sociedade em que vivemos – e que são, indiscutivelmente, diferentes daqueles de

nossos pais. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: Mulher nua, Caderno

Geral, p.23

<41> (...) o “Brasil, florão da América”, devidamente perfilados diante do

“lábaro estrelado”, iluminados pelos “raios fúlgidos” do patriotismo e protegidos pelo

“formoso céu risonho e límpido”, onde “a imagem do Cruzeiro resplandece”. E sem

“o heroico brado”. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, CRÔNICA: O hino era outro,

Caderno Geral, p.23

<42> O CsF é uma das maneiras por meio das quais nossos países estão

estabelecendo vínculos valiosos. - Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, ARTIGO DE

OPINIÃO: Parceria educacional, Caderno Geral, p.23

<43> Verifique a disponibilidade dos produtos na loja mais próxima.

Garantimos a quantidade mínima de 5 unidades/kg de cada produto por loja em que ele

esteja disponível. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, ANÚNCIO DE

SUPERMERCADO EXTRA, Caderno Geral, p.10

<44> Erros históricos de percepção como aquele se sucedem à medida que as

sociedades avançam. A revolução tecnológica por que passa o mundo a partir dos

avanços da microeletrônica tem esta capacidade de pôr em xeque leis, usos e costumes

. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, EDITORIAL: CLT força Justiça a intervir em

temas indevidos, Caderno Geral, p.22

<45> Bem, muita gente à direita há muito parece estar obcecada com a noção

de que o país enfrentará uma inflação descontrolada em breve. A surpresa foi a rapidez

com que Mitt Romney se uniu à loucura geral. - Jornal O GLOBO, DATA:

19/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Odiando Bem Bernanke, Caderno Geral, p.22

<46> Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador,

diria que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no

mundo uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os

pratos de uma gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12,

CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral, p.23

<47> Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador,

diria que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no

mundo uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os

pratos de uma gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12,

CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral, p.23

179

<48> Esses velhos eram amigos há muito tempo. Se eu fosse um fabulador,

diria que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo

uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma

gostosa comida fumegante. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:

conversa de velhos, Caderno Geral, p.23

<49> Eu era imensamente rico, morava num castelo, mas dava poucos

presentes. – Mas eu lembro – disse o velho do tersol – do seu desespero no avião cujo

trem de aterragem não descia . - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA:

conversa de velhos, Caderno Geral, p.23

<50> A vida havia passado dentro e fora de cada um deles, cujos destinos se

ligavam pelo interesses na velha disciplina do entendimento humano pelo humano.

- Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: conversa de velhos, Caderno Geral,

p.23

<51> Decido apropriar-me da zona franca da Divina Comédia e imagino

traduzir a cena política do Brasil, segundo as lentes de um Dante redivivo, mantendo a

vigilância ética, incômoda, inarredável, com que definiu os crimes deste mundo e as

penas do outro. - Jornal O GLOBO, DATA: 19/09/12, CRÔNICA: Dante e a Justiça,

Caderno Geral, p.23

<52> Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a

exportar e ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO

DO SEBRAE, Caderno Geral, p.09

<53> Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a

exportar e ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO

DO SEBRAE, Caderno Geral, p.09

<54> Novos setores em que as pequenas empresas atuam começam a

exportar e ajudam o país a crescer. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ANÚNCIO

DO SEBRAE, Caderno Geral, p.09

<55> O caso mais grave, no momento, é o da Argentina, em que o índice

oficial de inflação é sabidamente manipulado para não ultrapassar os 10%,

enquanto consultorias privadas calculam a taxa efetiva em níveis acima dos 20%. -

Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas

públicas, Caderno Geral, p.18

<56> Teme-se, com razão, o renascimento da “conta movimento”, uma

herança da ditadura, pela qual os cofres públicos abasteciam o Banco do Brasil de

dinheiro do contribuinte, sem qualquer controle. - Jornal O GLOBO, DATA:

05/10/12, EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas, Caderno Geral,

p.18

180

<57> Pela mesma via, o Banco do Brasil e a Caixa acabam de ser oxigenados

em R$ 21 bilhões, para manter abertos os guichês de financiamento ao consumo,

créditos em que a inadimplência está em alta. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12,

EDITORIAL: Ameaça à credibilidade das contas públicas, Caderno Geral, p.18

<58> O embaixador saudita em Abuja disse que os vistos das nigerianas

barradas não iam ser cancelados, e que elas podiam tentar entrar de novo na Arábia

Saudita, mas somente acompanhadas dos mahrams de cada uma, cujo nome é incluído

no visto. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha

logística, Caderno Geral, p.18

<59> Para a maioria dos muçulmanos que fazem o Haj, a experiência é de uma

espiritualidade profunda, em que todo mundo, rico ou pobre, branco ou preto,

jovem ou velho, é igual aos olhos de Deus. - Jornal O GLOBO, DATA: 05/10/12,

ARTIGO DE OPINIÃO: Uma façanha logística, Caderno Geral, p.18

<60> Em nenhum outro momento ele tem igual poder para influenciar o futuro

da comunidade em que vive – o que, em grande parte, é o seu próprio futuro. - Jornal

O GLOBO, DATA: 05/10/12, CRONICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19

<61> O eleitor pode escolher bem ou mal. Isso está na natureza do jogo, cujas

regras foram consideravelmente aperfeiçoadas pela Lei da Ficha Limpa. - Jornal O

GLOBO, DATA: 05/10/12, CRONICA: Candidatos sujos, Caderno Geral, p.19

<62> Para condenar Dirceu, o STF levou em conta um conjunto de indícios

que fundamentou a teoria do “domínio do fato”, segundo a qual o réu pode ser

punido mesmo que não tenha executado diretamente o ato criminoso, mas tenha

tido domínio sobre o fato. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Juízes

ganham força para condenar só por indícios, Caderno Geral, p.07

<63> Sai então a sentença e o regime de pena, e entram em ação as varas de

execução penal. – Pela regra, prisão é feita na comarca onde o crime é cometido. -

Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Especialistas: possíveis detenções só

ano que vem, Caderno Geral, p.07

<64> A reportagem ressaltou que a condenação de Dirceu foi consumada por

um tribunal em que dos 11 magistrados, oito foram designados por Lula e Dilma

Rousseff. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, NOTÍCIA: Condenação de Dirceu é

notícia no mundo, Caderno Geral, p.09

<65> E aproveitou para alfinetar deputados e senadores de maneira geral: -

Quero ver o dia em que os parlamentares vão votar aqui por sua convicções, e não

por recursos, emendas (Orçamento) e nomeação. - Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/12, NOTÍCIA: Para Miro, o ocaso de uma geração que tomou o poder, Caderno

Geral, p.11

181

<66> Por estranha ironia do destino, no mesmo dia, em que a Carmen Lúcia,

ou Carminha, vilã mais odiada das novelas, foi execrada e expulsa de casa pela

família que ela tanto prejudicou e enganou, (...). - Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/12, CARTA DO LEITOR: Eliana P. Salles, Rio, Caderno Geral, p.15

<67> Como ministro de Estado, atentou contra a democracia, ao tentar

manietá-la, talvez em consonância com ideias trazidas do paraíso caribenho dos irmãos

Castro com os quais sempre demonstrou afinidade. - Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/12, CARTA DO LEITOR: Marcello Ferraz Loureiro, Rio, Caderno Geral, p.15

<68> Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo

Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o

destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR

de formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16

<69> Com apenas dois votos favoráveis ao ex-ministro, dos ministros Ricardo

Lewandowski, revisor do voto do relator, e Dias Tóffoli, o veredicto de Mello definiu o

destino de Dirceu nesta acusação, num processo em que também é acusado pela PGR de

formação de quadrilha, da qual era o chefe. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16

<70> Também estará nos destaques do julgamento histórico o voto da ministra

Carmen Lúcia, proferido ainda na terça, contra Dirceu em que ela pulveriza, com

justificada indignação, a tentativa da defesa de minimizar o crime taxando-o de

“simples” caixa dois de campanha. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16

<71> Grande bobagem, como está sendo mostrado num dos mais longos

julgamentos de que se tem notícia, transmitido ao vivo pela TV. Assistir a qualquer das

sessões dá ideia precisa da seriedade com que o Ministério Público construiu sua

denúncia, com base em informações das CIPs que vasculharam o escândalo, de

investigações e perícias da Polícia Federal. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16

<72> Por isso, a ortodoxia jurídica, na qual confinaram os advogados dos

mensaleiros, contribuiu muito para a ideia de que poderosos não são punidos no Brasil.

- Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, EDITORIAL: O alcance da condenação de José

Dirceu, Caderno Geral, p.16

<73> Grande bobagem, como está sendo mostrado num dos mais longos

julgamentos de que se tem notícia, transmitido ao vivo pela TV. Assistir a qualquer das

sessões dá ideia precisa da seriedade com que o Ministério Público construiu sua

denúncia, com base em informações das CIPs que vasculharam o escândalo, de

investigações e perícias da Polícia Federal. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

EDITORIAL: O alcance da condenação de José Dirceu, Caderno Geral, p.16

182

<74> Os dois ex-dirigentes condenados deram notas escritas, cujo conteúdo

tem dois pontos contraditórios. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE

OPINIÃO: Ironia da História, Caderno Geral, p.16

<75> Foi feita, em Londres, pesquisa sobre a reação de pacientes, para os

quais se formaram correntes espirituais. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

CRONICA: Na enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17

<76> No cruzadismo medieval, oração e coração, tão próximos na grafia e no

nosso sentimento, ficavam apartados na geografia e na história. Isso produzia genocídio,

do qual não estamos livres. Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, CRONICA: Na

enfermaria de um hospital público, Caderno Geral, p.17

<77> O levantamento traz um saldo positivo, qualquer que seja o viés pelo

qual seja analisado. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO:

Sem saída, Caderno Geral, p.17

<78> Temos um exemplo do grande nó em que a educação permanece atada.

- Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno

Geral, p.17

<79> Ela são importantes para dar combustível a um processo de crescimento

em que se deve levar em conta fatores objetivos (dificuldades sociais de uma nação

que ainda tem muitas demandas a enfrentar) e subjetivos (falta de visão na

implementação de políticas estruturais, por exemplo). - Jornal O GLOBO, DATA:

11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17

<80> É bom saber que o país melhora seus indicadores no ensino fundamental,

mas é desanimador, por exemplo, observar como é medíocre a participação do Brasil

nos rankings internacionais que medem a qualidade das universidades onde em última

análise, as nações forjam seu crescimento. - Jornal O GLOBO, DATA: 11/10/12,

ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17

<81> Esse é um caminho do qual o Brasil não pode fugir. - Jornal O

GLOBO, DATA: 11/10/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Sem saída, Caderno Geral, p.17

<82> – Quando o ECA foi elaborado, o artigo 22, que lista os motivos pelos

quais o menor poderia ser interligado, não incluía o tráfico. - Jornal O GLOBO,

DATA: 24/09/12, NOTICIA: Perigosos e impunes, Caderno Geral, p.07

<83> O erro está no foco, a redução dos juros, quando consumidores e

governos, superendividados, já estão num ponto em que fica cada vez mais difícil

pagar o principal. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR:

Rogério A. Lagoeiro de Magalhães, Niterói, RJ, Rio, Caderno Geral, p.11

<84> Raro é o dia em que os usuários da BR-040 não sofrem com as

consequências de acidentes com carretas na curva do Km 97 na pista de subida

183

para Petrópolis. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR:

Haroldo Rezende, Petrópolis, Rio, Caderno Geral, p.11

<85> Li na matéria sobre o barco que tombou no Rio Negro, na qual um

turismo americano disse que os passageiros sobreviveram porque usavam coletes

salva-vidas. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR: Jessie

Audette, Rio, Caderno Geral, p.11

<86> Não devemos esquecer a época triste em que as autoridades,

acreditando poder resolver problemas históricos da economia com medidas que só

arranhavam os sintomas da enfermidade, jogaram o país numa tenebrosa

hiperinflação. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CARTA DE LEITOR: Carlos

Augusto Coelho Salles, Niterói, Rio, Caderno Geral, p.11

<87> Essa nova maneira de enfrentar o flagelo, cujo princípio básico é a

descriminalização, mobiliza personalidades internacionais (como o ex-presidente

Fernando Henrique e pares da América e Europa). - Jornal O GLOBO, DATA:

24/09/12, EDITORIAL: Novas abordagens, Caderno Geral, p.12

<88> Exemplos claros de democracia totalitária encontramos nos países

bolivarianos vizinhos, cujo estágio mais avançado é o da Venezuela, sendo seguida

pela Bolívia e pelo Equador. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE

OPINIÃO, Democracia, Caderno Geral, p.12

<89> E, não mais como mero descaminho, mas como uma distorção criminal,

o mesmo acontece na política e até mesmo na Justiça. Final dos tempos em que a

valorização das aparências se sobrepõe à valorização das essências. - Jornal O

GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13

<90> O trabalho individual do médico, atendendo uma pessoa, vem se

tornando cada vez mais raro. Permeando esses dois personagens estão duas pessoas

jurídicas, duas empresas, cujo objetivo está centrado no resultado financeiro. Jornal

O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13

<91> É nesse ponto que entram as máquinas às quais Illich se refere. - Jornal

O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA: Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13

<92> O aviso deveria ser colocado em todas as máquinas cujos exames são

solicitados pelos médicos. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, CRONICA:

Distorção maléfica, Caderno Geral, p.13

<93> Temos um conjunto de fatos e evidências que demonstram a seriedade e

a responsabilidade com que a Petrobrás trata suas operações de exploração e

produção na Bacia de Campos. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE

OPINIÃO: A Petrobras na Bacia de Campos, Caderno Geral, p.13

184

<94> Antes de aprofundar as duas medidas, é preciso dar a dimensão do

cenário: só a Petrobras pretende investir, nos próximos quatro anos, uma média de

US$47,3 bilhões ao ano – dos quais 60% dedicados à exploração à exploração e

produção, número associados aos enormes desafios logísticos e tecnológicos do pré-

sal. - Jornal O GLOBO, DATA: 24/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Investir é preciso,

Caderno Geral, p.13

<95> No Senac, além dos cursos de beleza, são mais de 400 cursos em que

você aprende na prática e sai preparando para o mercado de trabalho, para seu

sucesso profissional e para muitas outras transformações no seu futuro. - Jornal O

GLOBO, DATA: 27/09/12, ANÚNICO DO SEBRAE, Caderno Geral, p.06

<96> A arrecadação de R$ 1 bilhão (que pode chegar a R$ 3 bilhões) para

gastos em campanha é um exagero em um país onde médicos são agredidos em

hospitais públicos por falta de recursos básicos, como gesso; escolas estão sem

professores; e falta saneamento básico. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, CARTA

DE LEITOR: José Antônio Domingues, Rio, Caderno Geral, p.19

<97> A revista “Veja” publicou afirmações atribuídas a Marcos Valério em

que ele acusa Lula de participação total no mensalão. - Jornal O GLOBO, DATA:

20/09/12, CARTA DE LEITOR: Luiz Antônio R. Mendes Ribeiro, Belo Horizonte,

MG, Caderno Geral, p.19

<98> O “sumiço” dos coletivos com ar-condicionado e a estufa que se forma

nos outros ônibus devido à má ventilação foram agravados por várias baratas circulando

nos bancos, chão e barras, onde nos seguramos. - Jornal O GLOBO, DATA:

20/09/12, CARTA DE LEITOR: Nicole Abreu, RIO, Caderno Geral, p.19

<99> O PSB , além de Recife e BH, demonstra força em Cuiabá e Curitiba

enquanto o PSDB lidera o ranking das legendas à frente em sondagens nas capitais:

Maceió, Manaus, Vitória, São Luís e Teresina. Mas trava sua grande batalha em São

Paulo onde José Serra disputa com o petista Fernando Haddad a primazia de

disputar o segundo turno com Celso Russomano (PRB). - Jornal O GLOBO,

DATA: 20/09/12, EDITORIAL: Cenário de 2014 na Campanha de 2012 , Caderno

Geral, p.20

<100> As empresas cujas concessões para exploração de hidrelétricas

terminam em 2015 se quiseram renová-las. Terão de obrigatoriamente reduzir suas

tarifas. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, EDITORIAL: Furnas dá exemplo no

corte de custos , Caderno Geral, p.20

<101> Disse que o peso do programa cairia sobre aqueles que ganham mais de

um milhão de euros/ano e cuja alíquota do imposto de renda sobe de uns 50% para

75%. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, ARTIGO DE OPINIÃO: Meia-boca,

Caderno Geral, p.20

185

<102> A corrente desenvolvimentista, onde se assentam as convicções

históricas da presidente, acha que uma inflação mais alta pode até ser um instrumento

para se turbinar o crescimento. - Jornal O GLOBO, DATA: 20/09/12, ARTIGO DE

OPINIÃO: Meia-boca , Caderno Geral, p.20

<103> Cada uma dessas redes apresenta graves deficiências, que vão da falta de

planejamento (por exemplo, na distribuição das linhas de ônibus, o serviço que

prioritariamente atende à população) a frotas desgastadas, sem conforto. Em comum,

nenhuma delas supre as demandas de passageiros. Ao contrário, houve até regressões –

caos dos trens, que, na década de 80, chegaram a transportar 1 milhão de

passageiros/dia. Faltam o essencial (a integração reclamada por especialistas), os meios

(programas de otimização dos serviços) e vontade política de mudar uma realidade

danosa para quem depende desses meios. Inclusive para se criar uma governança que

unifique a prestação dos serviços de ônibus, BRTs, trens, metrô e barcas, fundamental

para um sistema em que parte é controlada pelo estado e outra pelo município. -

Jornal O GLOBO, DATA: 28/09/12, EDITORIAL: Transporte público desafia o

próximo prefeito, Caderno Geral, p.22