O Caminho Da Verdadeira Iniciação-Vitor Adrião

33
O Caminho da Verdadeira Iniciação Impresso desde: Lusophia Nome do fórum: Textos Diversos Descrição do fórum: Textos sobre diversos temas URL: http://lusophia.portugalis.com/forum/forum_posts.asp?TID=108 Data da impressão: 03 - Fevereiro - 2008 às 20:45 Versão do Software: Web Wiz Forums 7.9 - http://www.webwizforums.com Tópico: O Caminho da Verdadeira Iniciação Colocado por: admin Assunto: O Caminho da Verdadeira Iniciação Data: 08 - Dezembro - 2007 às 18:40 O Caminho da Verdadeira Iniciação Vitor Manuel Adrião Sintra, 1980

description

Descreve em linhas gerais o que seja o Iniciado e o Caminho da Verdadeira Iniciação.

Transcript of O Caminho Da Verdadeira Iniciação-Vitor Adrião

O Caminho da Verdadeira Iniciao

Impresso desde: Lusophia Nome do frum: Textos Diversos Descrio do frum: Textos sobre diversos temas URL: http://lusophia.portugalis.com/forum/forum_posts.asp?TID=108 Data da impresso: 03-Fevereiro-2008 s 20:45Verso do Software: Web Wiz Forums 7.9 - http://www.webwizforums.com Tpico: O Caminho da Verdadeira Iniciao

Colocado por: admin Assunto: O Caminho da Verdadeira Iniciao Data: 08-Dezembro-2007s18:40 O Caminho da Verdadeira Iniciao

Vitor Manuel AdrioSintra, 1980

Asato ma sat gamaya Guia-me do irreal ao RealTamaso ma yiotir-gamaya Da treva LuzMritior-ma amritam gamaya. Da morte Imortalidade.

Falar e agora escrever sobre o que seja um discpulo verdadeiro, avizinha-se tarefa rdua, quase impossvel de descrever recordar a solido, mesmo quando se est rodeado de gente, fidelssima companheira de quem se desfez do mundo e procura a riqueza do Eterno; lembrar amarguras, tristezas e injustias morais e fsicas, recompensa certa que o mundo d a quem ao mundo tudo d. impossvel descrever com exactido o que seja um Iniciado verdadeiro, ou to-s verdadeiro Discpulo, que em comparao com a conscincia comum da dos seus semelhantes em Humanidade j est na cumeeira do seu Gnero.

Mesmo assim, com toda a dificuldade, tentarei descrever em linhas gerais o que seja o Iniciado e o Caminho da Verdadeira Iniciao, desde j pedindo desculpa por alguma insuficincia acaso apresentando-se no que se segue.

Como j se sabe, a 4. Vaga de Vida ou Expirao Mondica do Supremo Demiurgo, o Logos Planetrio, a Humana (Jiva). Processando a sua Evoluo atravs do compasso quaternrio, esta Vaga soprada da Boca do Eterno apresenta-se hoje em 4 tipos de conscincia bem definidos de acordo com o seu maior ou menor progresso evolucional. Assim, tem-se:

A) Primitivos. Os seres recm-sados da terceira Vaga de Vida, a Animal, e entrados no estado Humano. Consequentemente, possuem poucas reencarnaes humanas estando, ao nvel da personalidade ou eu inferior, completamente desligados consciencialmente do Eu Superior, Espiritual, sendo a sua principal funo alinhar entre si os veculos da personalidade, inteiramente desencontrados ou desalinhados uns dos outros. Estes seres foram, na ocasio, a vanguarda do Reino Animal, os mais adiantados no desenvolvimento interno quanto passagem do Emocional para o Mental Concreto.

B) Civilizados. A vasta maioria humana, isto , o homem que pensa no plano objectivo ou concreto com bastante potncia podendo, vez por outra, ainda assim excepcional e rarissimamente, ter vislumbres tnues da Mente Superior, subjectiva, ou seja, o Corpo Causal. Neste estado, os sentimentos mais nobres do homem dirigem-se quase exclusivamente sua famlia e amigos mais chegados, ainda que possa ter tambm, nos seus limites estreitos, acessos de compaixo pelos desconhecidos em sofrimentos que, mesmo no sendo seus familiares nem amigos chegados, em boa verdade, so seus irmos em Humanidade, pois que todos provm e esto ligados monadicamente ao Deus nico, o Logos Soberano da Terra, e assim, na essncia ltima, todos constituem uma verdadeira Famlia Planetria a qual hoje, aparentemente, anda dispersa ou desavinda entre si. Para o cultivo cada vez maior dessa compaixo ou amor ao prximo, inquestionavelmente as religies verdadeiras, no as falsas que transformam os altares em balces de negcios, atravs dos seus sistemas morais so imprescindveis manuteno do tecido social e a impedir que o Homem regrida animalidade bestial. Para o homem desta condio a matria objectiva, visvel e tangvel pelos sentidos fsicos, constitui a mestra suprema nas suas realizaes imediatas. Para ele, toda vida resume-se ao concreto do positivismo, inclusive a religio, onde para entender o subjectivo tem de o objectivar, assim s acreditando em Deus quando Ele tem forma semelhante sua e age como ele agiria, pagando a uns com os carves do eterno braseiro infernal e premiando a outros com as rseas e eternas nuvens celestiais. E assim, pacata e naturalmente, o homem vai palmilhando o caminho da sua evoluo inconscientemente rumo ao destino incgnito mas, qui, promissor

C) Idealistas. Os mais adiantados da Humanidade comum. Por norma, assumem os postos de chefia dos vrios ramos da estrutura social (educao, filosofia, religio, artes e letras, poltica, cincia, fora militar, economia, etc.). Muitos destes homens e mulheres j esto muito prximos da tomada de conscincia da Divindade da Natureza Universal, consequentemente da Divina Lei Suprema que a tudo e a todos rege, e, no raras vezes, os Mestres Soberanos da Humanidade, os Mahatmas ou Grandes Almas, servem-se deles inspirando-os, geralmente sem que eles sequer suspeitem, a uma boa conduo e educao da restante Famlia Humana no caminho do verdadeiro Progresso como Verdadeira Iniciao, visto o Homem comum, devido sua prpria ignorncia cega (avidya), como natural em que a Vida-Energia (Jiva) predomina e a Vida-Conscincia (Jivatm) ainda est em semente, correr o risco permanente de cristalizar na matria bruta, semelhana do aconteceu a parte extensa da Humanidade na anterior Cadeia Lunar, acontecimento que a Bblia simboliza no episdio da mulher de Lot (Lut ou Lupe, Lua) ter se transformado numa esttua de sal, isto , cristalizado na sua evoluo lunar, passando Cadeia seguinte, a actual Terrestre, com grande atraso, o que justifica ainda a presena de tribos humanas selvagens no Mundo de hoje.

D) Aspirantes. Sem me referir exclusivamente ao Aspirante 1. Iniciao Espiritual, este tipo humano o pico consciencial da Humanidade comum. No seu ntimo j soou o abstracto Chamado, a indescritvel Saudade do Eterno invadiu-o e misteriosamente inflamou-o, e sentindo o cansao dos preconceitos de uma vida sempre igual nos mesmos limites estreitos, a sua conscincia agoniza para ela na noite mais escura da matria e parte, parte s e sem um adeus, desafiando as suas incertezas e inquietaes ante o que o espera mais alm na profundeza abissal de seu mago profundo, indo procura do Tesouro de Deus, o seu Deus nico e Verdadeiro que a Centelha Mondica do Grande Mar de Fogo Universal despendido do prprio Logos Eterno, em cuja Presena existimos e temos o nosso ser, citando So Paulo.

desse homem solitrio sem ptria fixa nem leito certo, mesmo que se fixe em pas certo e recoste em leitos de seda, num solilquio permanente com o seu Deus, mais que num colquio com os homens, que irei falar, e, qui, afinal tambm esteja falando de mim!...

O que acabei de descrever referido na Escola Esotrica Oriental dos Arhats como as 4 Castas raciais: Brahmane Kshatriya Vashia Shudra, o que corresponde na organizao europeia medieval ao Clero Nobreza Comrcio Povo. Mas deve acrescentar-se que, devido crise francamente inicitica por que passa a Humanidade e tudo quanto na Terra vive hoje em dia, roncando as dores de parto de um Novo Estado de Conscincia, os diversos tipos humanos esto completamente baralhados, misturados entre si recolhendo uns dos outros as mais diversas experincias necessrias evoluo do tido. Por isto se v agora um mdico que daria um excelente sapateiro ou um padre com alma de merceeiro E tambm por isto o discpulo verdadeiro reencarna actualmente em meios inteiramente adversos sua condio real, aos seus reais anelos interiores. , afinal, como diz o Mestre Djwal Khul Mavalankar, o Tibetano, a evoluo pelo atrito

Esses diferentes estados de conscincia humana do razo Lei da Hierarquia, quando diz: os homens so iguais em essncia, no tanto em potncia, e desiguais em presena.

Mas, como pode um comum mortal enraizado em padres intelectuais preestabelecidos e em preconceitos emocionais irrevogveis, de sbito entrar em conflito aberto com essa condio psicomental ao comear a interessar-se e a dedicar-se inteiramente aos assuntos metafsicos, criando as condies interiores para vir a ser, doravante, um Gotrabhu ou Aspirante ao Aspirantado?

A Substncia Universal preenche a Vida-Energia e esta reage cada vez mais sensivelmente por ciclos prvia e perfeitamente estabelecidos pelas Hierarquias Criadoras do Universo cuja influncia chega at ao metabolismo psico-biolgico do Homem. Geralmente um Gotrabhu torna-se tal aps completar um longo ciclo de reencarnaes durante o qual recolheu as experincias necessrias sua maior conscincia e consequente amadurecimento interior, assim acabando por despertar para a Vida do Esprito, ou seja, nele comear a predominar a Vida-Conscincia. Contudo, logicamente que o tempo de durao para esse despertar interior varia de pessoa para pessoa, tudo dependendo do seu mais rpido ou mais lento amadurecimento consciencial, mesmo que tudo esteja conformado aos ritmos certos do relgio sideral que o Zodaco, corpo de manifestao das 12 Hierarquias Criadoras em torno do Logos Solar.

Os Grandes Mestres de Amor-Sabedoria so as provas cabais de que assim . No esforo permanente de transformao, sublimao e assuno sobre si mesmos, na opera magna atravessando quantas vidas foram necessrias mas sem perderem o entusiasmo que os impelia avante, aos ps dos seu Mestre Interior reflectido nalgum Mestre Exterior que desde o incio os encaminhava, os inspirava de fora, at se tornarem UM com Eles, finalmente transformados Adeptos Reais ou Verdadeiros, por vezes elevaram-se em metade do tempo preestabelecido pela Lei Maior, para sempre se libertando da lei da morte, ou seja, das cadeias frreas do Ciclo de Necessidade da Roda do Destino que os condicionava Lei de Prakriti, a Matria original do Mundo das Formas sendo a alavanca impulsionadora de Dharma, Karma e Samsara, isto , da Conscincia, do Discernimento e do Movimento.

Paulatina e pacientemente, Eles, Excelsos Mestres Soberanos da Humanidade, porque Ativarnas (acima das castas), quando foram simples mortais decerto tambm realizaram os seus pequenos exerccios espirituais aconselhados por seus Mestres. Aos poucos, sem desistirem e com uma confiana ilimitada Naqueles que tudo sabem e podem, foram realizando a sua Integrao espiritual, o Alinhamento vital entre o seu eu inferior e o Eu Superior; primeiro da personalidade material com a individualidade do Esprito, e a seguir deste com a Mnada Divina. Seguidamente, desta com o Logos Planetrio e, finalmente, com o Solar, assim se tornando efectivamente Homens Divinos participes directos da Conscincia do Universo.

Existe um momentum prprio para o despertar da conscincia espiritual e a consequente satisfao das necessidades desta. De maneira que nada adianta lamento comum do porque no despertei mais cedo?, pois s quando a alma est suficientemente amadurecida, desperta; antes disso impossvel. Por regra geral h quatro meios para ingressar no Caminho do Progresso Interior ou da Verdadeira Iniciao:

1.) Pela companhia daqueles que nele j entraram;2.) Ouvindo e lendo ensinamentos especficos sobre a Doutrina Oculta;3.) Pela reflexo esclarecida, isto , pela prpria fora do pensamento constante e raciocnio cerrado pode chegar por si mesmo a parte da Verdade;4.) Pela prtica da virtude, o que quer dizer que um longa srie de vidas virtuosas, ainda que no implique necessariamente um aumento da intelectualidade, acaba por desenvolver num indivduo a intuio suficiente para que ele compreenda a necessidade de entrar no Caminho, e veja qual a direco que esse Caminho toma.

Quando o iniciante comea a estudar e a praticar os ensinamentos da Sabedoria Divina (Teosofia ou Gupta-Vidya), vivenciando-os o melhor que pode e sabe, por norma acontecem dois factos interessantes que so, por assim dizer, despoletados pelo arranque espiritual:

A) Aceleramento krmico. sua volta o at ento slido e belo mundo social, desmorona-se, como coisa velha, podre e gasta. A sua conscincia agora interessada por mais altos e dignos valores dos que at ento o possuam, vai precipitar-lhe o desfazer das iluses, portanto, as desiluses dolorosas. Doravante, em seu ntimo, a sociedade profana depara-se-lhe um monte de cinzas, uma fogueira de paixes intensas apagada, de iluses perdidas ou desfeitas. Os bons e dedicados amigos de antanho, fiis companheiros de bomia e vida passional, passam a ser vistos com outros olhos ao se aperceber que tal amizade interesseira, finita e caduca, toda ela se prendendo forma e no totalidade do ser. Geralmente basta uma ligeira discordncia, e pronto fica-se sem o bom e velho amigo. A famlia deixa de ter o exclusivo as suas atenes e interesses, quando dilata essas mesmas atenes e interesses ao restante Grupo Humano. Ento, praticamente certo, advm os aborrecimentos: Como possvel voc, criatura s e inteligente, acreditar em tais tolices?, reagem os familiares e amigos incapazes de entender o que a larga e horizontal mente humana, em que esto, jamais poder responder, pois a resposta est um tom acima, na verticalidade da mente espiritual. Aqui, neste conspecto social, para seu bem o discpulo dever usar de muita discrio e prudncia, visto a ostentao ou exibicionismo s servir para agravar a situao e dessa maneira acabar sendo marginalizado por culpa sua. A sua profisso como ganha-po certo, tambm tende a encar-la como uma monotonia sem prstimo algum, o que est de todo errado e pode corrigir se encarar a profisso, sem ela qual for, como um contributo imprescindvel para o bem geral da sociedade, sendo retribudo com o salrio certo e merecido com que se sustentar e aos seus. Vista assim, a actividade profissional no deixa de ser uma perfeita meditao activa.

A Humanidade sofre por ter feito do amor um pecado e do trabalho um castigo. disse o Professor Henrique Jos de Souza, ou seja, Aquele que os Tergicos e Tesofos entendem como o Venervel Mestre JHS.

A vida do aspirante enche-se de problemas, vindo perturbar o seu sossego social at h pouco imperturbvel. Se for pessoa ainda pouco segura, no deixar de perguntar-se: Ser a Teosofia e o O cultismo uma manha diablica?. Diga-se, de passagem, que muitos iniciantes convencem-se que de facto assim , e pronto: exorcismo aos livros e textos teosficos e ocultistas, ao fogo com eles e os seus diabolismos vade retro Satans! juntamente com os diablicos propagadores de tamanhas insanidades, e logo tratar de esquecer para sempre essa sua loucura momentnea que os arrastaram por interesses idiotas que s azar trazem. Se acaso ainda estiver filiado na convencional religio estatal, por certo no deixar de procurar o padre-cura para obter a remisso do seu pecado capital de ter ambicionado, debalde levantar o VU DE SIS!

Ainda no chegaram os seus momentuns, e por isso acontece tal. Pressentem mas no arriscam h que aguardar mais uns anos ou, ento, uma prxima vida, sim, porque Natura non facit saltus, isto , a Natureza no d saltos.

Se a vida do aspirante se enche de problemas (na realidade eles sempre existiram como factores no resolvidos!), ainda assim porque o seu karma pessoal foi acelerado pelos Anjos do Destino, a fim de se esgotar mais rapidamente, debitando numa vida o que normalmente levaria cinco ou seis a debitar, ainda assim sempre conforme as suas capacidades de suportar. Isto faz parte do Plano Inicitico proposto aos candidatos ao Adeptado, fenmeno a que o Professor Henrique Jos de Souza chamou de Colapso da Velocidade. A pacincia, a humildade e a aceitao das provaes, tudo isso temperado com a f esclarecida nos Mestres e no Mestre Interno, juntamente com o amor dedicado a toda Vida e o estudo aplicado das Causas, acabar levando o discpulo superao da conscincia ordinria e assim, passando a encarar as circunstncias imediatas de uma maneira superior, conseguir a fora da energia necessria para vencer as tribulaes dirias.

B) Superstio psicomental. Esta uma verdadeira chaga viva para a maioria esmagadora dos estudantes dando os primeiros passos no estudo e compreenso da Teurgia e Teosofia, indo redundar manifestamente tanto num crencismo pueril quanto num puritanismo castrante, e isto porque o seu sistema psicomental ainda est muitssimo dependente dos seculares padres morais das religies vigentes os quais, foroso reconhecer, limitam mais do que libertam. De maneira que ao incio ainda se mantm uma srie de condicionalismos, mais ou menos inconscientes, os quais so um rigoroso e intocvel tabu para o nefito. Por exemplo, quase comum v-lo inibir-se de se afirmar e agir com rigor e determinao em certas situaes concretas nas quais a sua presena imprescindvel e imprescindvel, mas protela, recusa assumir-se assumindo a sua fraqueza, isto to-s por causa da sua tendncia emocional em resvalar para o bem famoso puritanismo de no dever agir muito materialmente, em que situao for, porque simplesmente no espiritual. Pessoalmente, conheo inmeras pessoas assim, auto-emparedadas psicomentalmente num tabu subtil rotulado de espiritualismo que, em boa verdade, um completo materialismo, mas muito mais falaz, por ser subtil, quase invisvel ou despercebido aos sentidos imediatos: o materialismo sentimentalista fruto de uma mal cultivada religiosidade psquica. bvio que dever haver educao espiritual da pessoa, cultivando o carcter pela moral e a inteligncia pela cultura, portanto, uma educao esclarecida, liberta de tabus e preconceitos scio-religiosos, sempre aberta a novos horizontes de sabedoria e conhecimento porque, na Vida como ela , realmente no existem padres definitivos, visto tudo ser mutvel e mvel, desde logo devendo o aspirante dotar-se de uma mente muito elstica, sempre pronta a reconhecer e integrar horizontes cada vez mais vastos e esclarecedores.

O Iniciado ocidental, com a sua prpria Tradio Espiritual, inserido num esquema de vida diria a mais profana que o fora a afirmar-se a cada momento, tem de assumir a condio de verdadeiro guerreiro, sempre a favor do Esprito mas sem desprezar a Matria, espalhando em redor, atravs do exemplo facultado pelo seu carcter e cultura firmes, a chama viva da espiritualidade, esta que no se acende com fraquezas e medos mas com ousadia e valentia ante uma civilizao materialista e consumista, o mais suprflua possvel, que no respeita nada nem ningum excepto os mais fortes, e estes devero ser os verdadeiros espiritualistas.

Dois grandes tabus ou congestionamentos psicolgicos afligindo o principiante no Caminho da Iniciao so, sem dvida, aqueles referentes ao sexo e alimentao. Apesar do muito que j disse e escrevi sobre esses dois factores, repito mais uma vez que a funo sexual no existe para ser reprimida, como coisa imunda e pecaminosa, nem abusada, como factor mentecapto e possessivo, antes encarada como funo normal da Lei da Vida e que o seu uso devidamente enquadrado e regrado faz do sexo um acto santo exercido de preferncia a trs: o homem, a mulher e Deus como Esprito Santo manifestando-se por eles, o que ir tornar a relao ntima uma espcie de santa eucaristia na qual o homem depe no altar ventre da mulher a semente da Criao que ela alimenta com o amor que impele a ambos, para deles surgir um terceiro elemento: o filho, o fruto bendito de um acto puro.

Sobre a alimentao, quase descarece dizer que o vegetarianismo integral s deve ser usado por quem dele necessita verdadeiramente, e no por alguma espcie de auto-imposio fantica, no profilctica, na busca de uma qualquer pureza fsica, exerccio usualmente reparando-se naqueles que possuem mente vegetativa, o que lhes d um forte pendor emocional. Na sua obra magistral, A Verdadeira Iniciao, o Professor Henrique Jos de Souza descreveu a complexidade alimentar ao distinguir as carncias temperamentais dos linftico, bilioso, nervoso e sanguneo, cada qual com s suas necessidades alimentares especficas.

De maneira alguma pretendo, clara ou encapotadamente, fazer alguma espcie de apologia a Pantagruel, mas sim tentar fazer perceber que as coisas do-se no momento exacto ou prprio, em conformidade necessidade natural que desponta, e nunca de outra maneira artificial nascida de alguma artificiosa imposio psico-fsica, mais ou menos religiosa-espiritualista cujas noes apresentando-se pouco claras redundam inevitavelmente numa distoro psicomental, no raro revelada como neurastenia e hipocondria, doenas de foro claramente psquico. A melhor e nica maneira de evitar essas gravidades ser no tentar contornar ou enganar a sua prpria natureza e se escusar a qualquer espcie de fanatismo puritano, este o eterno auto-castrador inibindo o Homem de viver-se perfeita e integralmente, pois que o enjaula centripetamente em si mesmo o que, mais uma vez, s pode desfechar em desnimo, em desespero e, inclusive, nas tristemente famosas afectaes psquicas.

A esse respeito, passo a citar o excerto seguinte de um texto interno da Escola Tergica, por o considerar bastante esclarecedor deste assunto do sexo e da alimentao:

Algumas escolas de pensamento, de base esotrica, advogam como ponto fundamental para uma perfeita realizao espiritual a completa e total subjugao do corpo humano, que estamos a tratar, quer pela absoluta proibio da ingesto de lcool ou de alimentos de origem animal, quer pela absoluta proibio de quaisquer contactos ou relaes de tipo sexual.

Neste particular a perspectiva da Escola Tergica especfica, dado o seu vnculo Tradio Oculta Ocidental. Os discpulos que esto ligados Grande Fraternidade Branca alcanaram a realizao interior no pela represso dos processos fsicos vitais, mas sim pelo seu correcto enquadramento numa perspectiva superior de ordem espiritual. O problema no consiste na manuteno ou abolio da vida sexual, mas na perspectiva que o discpulo tem dela e do lugar e importncia que lhe confere. A funo sexual uma funo vital, to vital como a respirao ou a nutrio. Reprimi-la, longe de conduzir realizao, poder ocasionar no discpulo perturbaes de ordem psicolgica e, sobretudo, aquela cegueira ilusria que caracteriza o fanatismo.

Da mesma maneira se coloca o problema dos regimes alimentares que podero estar aconselhados aos discpulos. No se nega, de forma alguma, a importncia que pode ter em certos momentos especficos a no ingesto de alimentos animais ou bebidas alcolicas e a no manuteno de relaes sexuais, como propiciatrias a uma correcta integrao em certas cerimnias de cunho ritualstico ou templrio. O que se quer dizer que a extrema concentrao do discpulo sobre esses aspectos pode conduzi-lo mais perigosa e insidiosa forma de materialismo, concentrao total sobre o corpo fsico denso (sob disfarce espiritualista), quando outros aspectos importantes da realizao espiritual so descurados.

assim que, natural e alegremente, o discpulo vai paulatinamente crescendo em sua conscincia interior at que ele e o Eu Divino se absorvam um no outro, liberto de peias e tabus personalsticos como as clssicas caractersticas morais das religies exotricas e cultos afins claramente emocionais, ainda assim necessrias conduo da Humanidade comum mas no do discpulo, se acaso pretende integrar o escol privilegiado do nmero de eleitos ou a elite espiritual do Gnero Humano.

Informam ainda os Grandes Mestres da Humanidade que o desenvolvimento interior da pessoa isolada e no em grupo, por muito boa vontade que tenha no deixa de acarretar o perigo de cair no desnimo, na inrcia e da desistncia.

Um indivduo ao despertar para os interesses espirituais geralmente comea a ler estudar sofregamente livros de Escolas diversas, cada qual com o seu mtodo de preparao espiritual, consequentemente sendo as suas informaes dispersas, desencontradas de uma para as outras, por serem diferentes, mas ele, num misto de ingenuidade e inadvertidamento, por vezes chega a misturar todos esses mtodos numa amlgama de conceitos que s podem resultar, inevitavelmente, numa complexidade de erros didcticos e tcnicos. Sei, por experincia prpria, quanto dificlimo persuadir algum assim do seu erro, e, pior ainda, quando esse algum pelo seu carisma tem aceitao pblica, pois que ir transmitir preceitos, conceitos e mtodos imprecisos junto do auditrio e dos seus seguidores, havendo a forte possibilidade de quase todos eles, se no todos, ainda estarem dando os primeiros passos do primeiro passo no Caminho.

Outros, infelizes, apartam-se de qualquer Grupo Espiritual ou Ordem Esotrica e ss, por sua conta e risco, entregam-se a prticas de ndole mentalista e mgica. No caso, sempre to fcil de acontecer, do exerccio ou operao correr mal, quem os salvar das foras ingratamente atradas se esto isolados dessa maneira arriscando-se a doenas psicofsicas, loucura e induo ao suicdio (como aconteceu no sculo XIX com o famoso mago Eliphas Lvi, que aps invocar de espada em punho o Esprito Imortal do Excelso Apolnio de Tiana, caiu inerte perdendo para sempre o juzo mas acompanhando-o doravante e sempre a tendncia suicidria. Acabou os seus dias pobre mendigando pelas ruas de Paris), neste caso indcio claro de perda da Alma, isto quando no tombam imediatamente fulminados de morte?

Tambm nesse ltimo campo tenho experincia vivida, pelo que no deixo de alertar os principiantes no Caminho da Verdadeira Iniciao quanto aos perigos subjacentes aos mtodos aplicados isoladamente, particularmente os mgico-animistas, perigos acrescidos quando se enfronham numa miscelnea medonha de tcnicas de Escolas diversas, que recolheram aqui e alm na literatura pblica, mas sem que, realmente, pertenam efectivamente a alguma.

Ademais, quer aps a morte ou ento durante o perodo de sono aquando a alma se liberta temporariamente da veste fsica, para onde iro as almas dessas pessoas? Para as escolas astrais sintticas, como alguns afirmam em sua defesa? Mas nada disso existe, pois pura ignorncia fruto da ingenuidade psquica. No h escolas sintticas astrais onde se ensina sabedoria esotrica csmica feita de todas as fontes espiritualistas do mundo a qual a se assume sntese csmica, pois tal no condiz com nada, a comear pela Ordem e Harmonia Universal. O que h, sim, so os Santurios Espirituais ou Retiros Privados (Ashrams) dos Grandes Mestres da Humanidade, cada qual com a sua tnica de ministrar o Conhecimento nico, e todos tributando quela que sintetiza a todos como Fonte Suprema desse mesmo Conhecimento: Shamballah, a Manso do Amanhecer como Santurio de Kundalini ou Laboratrio do Esprito Santo.

Acontece que esses infelizes to-s erraro no Astral ou Mundo Emocional, Psquico, envolvidos em belos sonhos rseos, at que entendam que nesta Era de Globalizao, de Fraternidade Universal do Gnero Humano cada vez mais se solidificando, no mais possvel nem faz parte das Regras da Grande Fraternidade Branca a evoluo pessoal isolada.

Em princpio, como boas e genunas existem 49 Escolas de Espiritualidade semelhana dos 49 Raios de Luz do Logos nico, com estes coadunadas. Umas desenvolvem-se mais pelo aspecto Amor e outras mais pela Sabedoria, mas todas expressando o aspecto Vontade de Bem Fazer, sendo a Egrgora ou Alma Colectiva de cada uma e de todas unidas, a trolha e o cinzel dos Grandes Mestres na construo do Edifcio do Aperfeioamento Humano.

Como se sabe, cada Raio (constitudo de 7 sub-raios, logo, 49 Raios, 7 principais cada qual com 7 subsidirios) representa um Aspecto do Logos Planetrio e sendo um sub-aspecto do Logos Solar, Este manifestando-se por Aquele. assim que o 2. Raio do Logos Solar sendo o 2. sub-raio do 1. Raio do Logos Central do Sistema de Evoluo Universal, ocultando-se por detrs daquele se manifesta na Terra pelo 2. sub-raio do 3. Raio. De maneira algo similar, ao nvel da evoluo humana aquele que comea a destacar-se desta primeiro reconhecendo as suas necessidades interiores e depois procurando uma Escola que as satisfaa, a qual esteja de acordo com a sua tnica, comea assim a realizar, paciente e abnegadamente, os graus que o levaro aos ps do seu Mestre, e ele mesmo acabando por se tornar Mestre, tal qual a borboleta sada do casulo.

O objectivo supremo de todas as verdadeiras Fraternidades Iniciticas sempre foi e ser um s: o de levar o ser humano a se auto-conscientizar e a viver a sua realidade interior, os seus verdadeiros e, em ltima anlise, nicos objectivos na vida. No apenas uma vida vegetativa, mas uma vida plena, universal, em que a vida como energia se acresce, transforma em mais vida, energia e CONSCINCIA. Sim, porque a Verdadeira Iniciao a da transformao da Vida-Energia em Vida-Conscincia em um e todos no Todo.

Dentro e fora do esquema geral da Iniciao, existem dois tipos gerais de homens em evoluo: o mstico devocionalista e o ocultista mentalista.

O primeiro evolui pela linha vertical de menor resistncia do Sistema de Evoluo, ligando-se ao Aspecto Amor do Logos Planetrio e realizando-se pela Doutrina do Corao. Divide-se em dois aspectos:

A) O mstico contemplativo. Aquele que vive nica e exclusivamente de si para Si, a Mnada Divina, apartando-se da agitao psicomental da restante Humanidade introvertendo todas suas capacidades psicofsicas, motoras e mentais, servindo-se para isso das qualidades do 2. Raio de Amor-Sabedoria e, principalmente, do 6. Raio do Devocionalismo, como sendo a 8. inferior daquele. o asceta, o anacoreta, o que vive num solilquio permanente de si para Deus e nada mais, estabelecendo a ligao do veculo de conscincia Emocional com o Intuicional e deste com o Mondico, a Centelha na Chama. Da absoro ou integrao na Mnada Divina resulta o no mais voltar, o no mais reencarnar, ou ento s a longo prazo, se ainda tiver dbitos krmicos, caso excepcionalssimo, pois o mstico contemplativo purifica-se e ascende Altura de Deus pelo rigor da Hatha e Bhakti Yogas, isto , a do domnio fsico, chegando a tomar feies de mortificao, e a do controle Emocional, a quem d combate permanente at anular toda e qualquer expresso de emotividade.

B) O mstico activo. Aquele que apesar de integrado em algum mosteiro no vive em clausura mas em claustro, ou seja, no deixa de participar no servio aos seus e Humanidade atravs das qualidades do 2. Raio de Amor-Sabedoria, do 4. Raio da Harmonia Artstica ou do 6. Raio do Devocionalismo, esses que so precisamente as Linhas ou Tnicas dos seus respectivos Dirigentes Espirituais: Nagib, Hilario e Kut-Humi. De modo que o mstico activo aplica os mtodos devocionais para tambm ele assumir-se em Deus mas pelo servio a Deus e aos Mestres a Assembleia dos Santos e Sbios, de que fala a Igreja crist atravs da Humanidade desfavorecida.

Seja como for, em si s o mtodo devocional no de todo perfeito, pois o mstico propende sempre para as inclinaes psicomentais do exclusivismo e do fanatismo, este sob a forma de pietismo beato.

Quanto ao segundo aspecto, evolui em elptica espiralada como linha de maior resistncia do Sistema de Evoluo, devido desenrolar-se com maior lentido e o discpulo para evoluir fazer contacto directo com a Matria, com o Mundo das Formas com todas as suas tramas, dramas e vitrias, acabando por recolher de tudo isso uma experincia inaudita e indita postando-o, face s Hierarquias Universais, como JAVA-AGAT, o Grande Mago da Matria em que se fez justo e perfeito pelo desenvolvimento do Mental, da Sabedoria do Logos ou Deus da Terra, caracterstica fundamental da chamada Doutrina do Olho.

O ocultista, confundido na Humanidade comum, por ser seu dever servi-la impessoal e anonimamente, vai estabelecer a ligao consciencial do seu corpo Mental com o Espiritual e deste com o Divino. Esse desenvolvimento processado por meio das tnicas que lhe so especialmente afins, como sejam os sistemas da meditao ocultista e da ritualstica. Repara-se nisso a aplicao dos mtodos da Raja e da Jnana Yogas, ambas destinadas ao desenvolvimento do Mental, tanto humano como espiritual, e igualmente a influncia na sua vida do 1. Raio da Vontade ou Poder, do 3. Raio da Actividade Inteligente, do 5. Raio do Conhecimento Cientfico e do 7. Raio da Ordem ou Magia Cerimonial, precisamente as Linhas de Foras por que se exprimem os seus Supremos Dirigentes, os Preclaros Adeptos Vivos Ab-Allah, So Germano, Morya e Serapis Bey.

Mas tambm a via mental do ocultista por si s falha, por ele propender sempre s inclinaes psicomentais do autoritarismo, no raro manifesto como xenofobismo, e do egosmo intelectual, sob a forma de descompaixo por vezes encapotada no floreado vaidoso do que simples narcisismo.

A Perfeio do Ser ou o seu Perfeito Equilbrio est to-s em desenvolver o Mental a par do Emocional, a Sabedoria acalentada pelo Amor, razo mais que suficiente para o Professor Henrique Jos de Souza ter proferido: Quando o Homem na Terra colocar a Mente ao lado do Corao, alcanar as maiores venturas do Cu.

Assim, par e passo, o discpulo iniciado nos Mistrios Menores conferidos por alguma Confraternidade Inicitica legalmente credenciada pela Grande Loja Branca dos Mestres Supremos da Humanidade, vai se acercando da 1. Iniciao Maior que a do verdadeiro Aspirante, aquando envereda decisivamente no Caminho do Adeptado. Agora, chegados aqui, convm assinalar o seguinte que no to raro como possa parecer primeira vista: um indivduo pode ter todos os graus simblicos de determinada Escola e no ter sequer a 1. Iniciao Real, ou ento ter somente a 1. Iniciao Simblica e no entanto deter j em sua natureza interna as 1., 2. ou 3. Iniciaes Reais auferidas junto da Loja dos Mahatmas. Isto demonstra como tudo relativo, e se descobre nas caractersticas culturais e morais da pessoa que de facto seja Iniciada verdadeira. De maneira que o mestre de grau de certa Escola Espiritualista poder no passar de simples aprendiz ante aquele que est iniciando pela primeira vez

Tudo depende do progresso espiritual ao longo do esteiro das vidas sucessivas com o consequente esgotamento do karma pessoal. A evoluo da Alma no se mede por graus escolsticos, sejam quais forem, mas sim pelo seu acercamento ao Augoeides, o Eu Divino, e quanto mais perto fica mais iluminada est. Confraternidade cabe to-somente ajudar nessa evoluo e nada mais, visto NINGUM EVOLUIR POR ALGUM.

Contudo e para maior segurana humana e espiritual de todos, reafirmo que s em perfeita unidade auferida junto de uma Confraternidade verdadeiramente Espiritual, se pode evoluir em percalos desnecessrios e at, quantas vezes, dramticos!... Ademais, um Grupo Esotrico Humano a manifestao de um Mestre Real, constituindo o seu Ncleo, tal qual toda a Hierarquia Planetria em volta do seu Logos a manifestao da Hierarquia Universal tendo como Centro o Logos Solar, o Deus Supremo de nosso Universo Sistmico.

A analogia das coisas dispersas novamente reunidas leva ao entendimento da Unidade Universal.

Acerca da aproximao do discpulo ao Altar do Fogo Sagrado da Iniciao, com a antecedente debastao dos seus eus inferiores como lhe exigida para que possa penetrar a Luz, assunto comentado, num misto de severidade e beleza, no Poema A Voz do Silncio, inspirado no Livro dos Preceitos de Ouro da Escola Transhimalaia dos Arhats e dado ao Ocidente pela extraordinria Helena Petrovna Blavatsky (Upasika), cuja traduo para a lngua portuguesa se deve a Fernando Pessoa. Diz:

H apenas um Caminho para o caminheiro, e s bem no seu final se pode ouvir a Voz do Silncio. A escada pela qual ascende o candidato formada de degraus de sofrimento e dor, que s podem ser aplacados pela voz da virtude. Ai de ti, discpulo, se em ti restar um s vcio que no tenhas deixado para trs. Pois ento a escada ceder e te deitar abaixo; o seu p est apoiado no profundo lodo dos teus pecados e falhas, e antes que possas atravessar este largo abismo da matria, tens que levar os teus ps nas guas da Renncia. Cuida que no ponhas um p ainda sujo no primeiro degrau da escada. Ai daquele que ouse macular um s degrau com ps lamacentos. A lama vil e viscosa secar, tornar-se- pegajosa, e acabar por colar-lhe o p ao degrau, e como uma ave presa no visco do caador astuto, ele ser afastado de todo o progresso ulterior. Os seus vcios tomaro forma e o arrastaro queda. Os seus pecados levantaro a voz, como o riso e o soluo do chacal depois do sol-posto; os seus pensamentos se tornaro um exrcito, e o levaro com escravo cativo.

Mata os teus desejos, Discpulo; torna impotentes os teus vcios antes de dares o primeiro passo na solene viagem.

Estrangula os teus pecados, e emudece-os para sempre, antes de levantares o p para subir a escada.

Silencia os teus pensamentos e fixa toda a tua ateno em teu Mestre, que ainda no vs mas j sentes.

Funde num s todos os teus sentidos, se queres estar seguro contra o inimigo. s por meio desse sentido, oculto na cavidade de teu crebro, que o ngreme caminho para o teu Mestre pode descortinar-se aos olhos turvos da tua Alma.

Longo e penoso o Caminho diante de ti, Discpulo! Um simples pensamento sobre o passado que deixaste para trs te arrastar para baixo, e ters que comear de novo a subida.

A Luz do nico Mestre, a urea e imarcescvel Luz do Esprito, lana os seus flgidos raios sobre o Discpulo desde o primeiro instante. Os seus raios penetram as espessas nuvens da matria.

Alcana, por fim, a 1. Iniciao Real. Unido ao seu Mestre Interno, levado aos ps do seu Mestre pessoal que o consagra efectivo Aspirante ao Adeptado. Aqui o Discpulo adquire o poder equivalente ao do Reino Mineral, correspondendo nesta 4. Cadeia Planetria dividida em 7 Rondas em cuja 4. estamos 1. Ronda de Saturno (Ar), pelo que este 1. Grau do Aspirante ou Sotapati equivale ao Nascimento espiritual.

Passados alguns anos ou vrias vidas qui! conquista a 2. Iniciao Real, que lhe conferida, atravs do seu Mestre pessoal, pelo prprio Mestre do Mundo, o Bodhisattva, funo hoje assumida pelo Cristo (JEPHER-SUS ou MAITREYA), indo adquirir poder equivalente ao do Reino Vegetal durante a 2. Ronda Solar (Fogo). Este o Grau do Probacionrio ou Sakadagamin, do que recebe o Baptismo espiritual e est destinado a passar as mais variadas provaes como esgotamento krmico e adquirio da conscincia necessria a puder superar a fatdica Roda dos Renascimentos.

Por norma, ainda que hajam raras excepes, at 3. Iniciao pode acontecer que o Discpulo no tenha conscincia imediata de que realmente Iniciado, e isso s detectvel, aos olhos dos demais com lucidez e esclarecimento, pela suas virtudes, sapincia e vontade inquebrantvel em prosseguir no Caminho da Evoluo, mesmo contra todos os ventos e mars do tempestuoso mundo profano.

Na 3. Iniciao Real finalmente Aceite pelo seu Mestre pessoal, criando este uma teia ou tela etrica (podendo ser destruda se o discpulo recuar no seu progresso) que ligar os dois como um s. Nesta fase e atravs do seu Mestre, o Discpulo consagrado pelo Senhor do Mundo, o Rei do mesmo como Melkitsedek ou Chakravarti, acontecendo a Transfigurao ou Metstase da personalidade com o seu Eu Divino, pelo que chamado de Anagamin ao passar a deter poder semelhante ao do Reino Animal durante a 3. Ronda Lunar (gua).

Advm, finalmente, a 4. e ltima Iniciao Real no Caminho do Discipulado. Ele j um semi-Mestre, um semi-deus. Neste perodo o Iniciado Unido Conscincia do Logos Planetrio, assumindo-se um Chresto ou Arhat cuja Crucificao derradeira da sua personalidade permite-lhe o acesso, pelo domnio da Terra (4. Ronda Reino Humano), ao Reino dos Deuses e de Deus, ou sejam a prpria AghartaShamballah. , pois, repito, um Chresto ou Ungido ou Iluminado divino porque Arhat de Fogo.

S na 5. Iniciao se pode considerar o Discpulo Mestre Verdadeiro, um Mahatma ou Asheka. Equivale Ressurreio na tomada de posse do 5. Reino Espiritual, por sua conscincia ir at o prprio Logos Solar e consequentemente ter o domnio do 5. Elemento ou Quintessncia da Natureza o ter com que se tece j a 5. Ronda de Vnus da actual Cadeia Planetria.

Mas falar do divino Adepto, do Dhyani-Jiva como Jivatm, s se pode faz-lo por metforas, pois que Ele realidade misteriosa para alm de toda e qualquer concepo finita do imperfeito intelecto humano. falar de Deus Antropomrfico e, ao mesmo tempo, do Pai Interno... mas, em boa verdade, Deste no se deve falar, no por ser dogma mas por sobretudo dever-se senti-Lo, ouvi-Lo, viv-Lo!...

Mesmo assim, para o entendimento mais perfeito que o intelecto humano sempre exige, devo informar haverem ainda as 6. e 7. Iniciaes, as de Choan e Mahachoan correspondentes Assuno e ao Pentecostes, equivalentes 6. Ronda de Mercrio (Subatmico Permeabilidade) e 7. Ronda de Jpiter (Atmico Plasticidade), com que desfechar a Cadeia actual.

Quando o Homem atinge o Adeptado, os Senhores do Karma Universal (Maharajas) apresentam-lhe e deixam sua escolha um de 7 Caminhos por que doravante poder prosseguir a sua evoluo, como sejam:

1. Caminho do Logos Central (Mahaparabrahman)2. Caminho do Logos Solar (Parabrahman)3. Caminho do Logos Planetrio (Brahman)4. Caminho dos Arqueus (Assuras)5. Caminho dos Arcanjos (Agnisvattas)6. Caminho dos Anjos (Barishads)7. Caminho dos Homens (Jivas)

Antes de prosseguir para o desfecho da presente, devo responder seguinte questo que me foi colocada por um estudante e a qual pertinente ao tema em causa: Est o Esprito dentro ou fora do Homem? Entendendo a Centelha Divina como sendo de natureza subtil e no fsica, respondo que o Esprito localiza-se sobre o Homem e envolve-o como uma cachoeira ou Aura Gloriosa, sntese de todas as demais, pelo que vista como um maravilhoso arco-ris resplandecente, ainda assim sobressaindo o tom prpura ou cor de sol-posto. medida que os centros vitais (chakras) humanos so desenvolvidos em proporo crescente, mais a Luz Espiritual manifesta-se por eles no Alma e no Corpo e com isso maior se torna a Conscincia no Homem. Chama-se a isto Iluminao e Iniciao, ou seja, a Iluminao Interior que permite a Iniciao Exterior com isso chegando ao domnio das Leis da Vida, ou seja, ao Adeptado.

De maneira que a disciplina que leva Realizao Integral do Homem, apresenta-se com trs etapas:

1. A Preparao, que desenvolve os sentidos espirituais;2. A Iluminao, que aviva a Luz Espiritual;3. A Iniciao, que permite a comunicao com Deus e os Deuses.

Para terminar este estudo, j longo, dou o remate final com um trecho de texto interno do Colgio Tergico, o qual se apresenta com a lucidez e a abertura mental que s a Sabedoria Inicitica das Idades pode conferir a um e a todos:

A Via do Discipulado algo extremamente difcil. A inflexibilidade dos Mestres perante a conduta dos Discpulos no deixa de ser acompanhada do maior amor, da mais profunda compreenso perante as suas grandezas e misrias. Tambm os Mestres foram um dia Discpulos, tambm Eles caram e se levantaram nessa senda tortuosa, tambm Eles se viram abatidos, vezes sem conta, pelo destino, numa esquina qualquer da vida. Cames quem maravilhosamente resume toda a tragdia contida nas vidas do Discpulo, nesta sibilina frase: Erros meus, m fortuna, amor ardente.

Mais do que ningum sabem os Mestres dar o devido valor quilo que custa ser Discpulo. Este , na realidade, um guerreiro e cada vitria, cada sucesso, tirado a ferros, arrostado contra a dureza de um meio, que nada perdoa e de nada se compadece, uma pgina imortal escrita quantas e quantas vezes com o sangue, o suor e as lgrimas dolorosamente arrancadas a uma condio que apenas se pode gabar de ser humana. O Discpulo acima de tudo um homem humilde, palmilhando a vida sem nada ter de verdadeiramente seu porque tudo d no servio desinteressado aos outros, quantas vezes de rastos, o rosto contra o p, pois s desse modo se pode olhar Deus face a Face. Ou no estivesse Ele no Centro da Terra E assim se transforma o Discpulo um Homem Sbio.

O Homem Sbio no aquele que faz tudo bem feito, mas sim o que tendo uma m atitude sabe corrigir o seu erro e humildemente pedir desculpa.

O Homem Sbio no aquele que s tem pensamentos puros, mas sim o que, ao ter um pensamento impuro, consegue de imediato envolv-lo numa onda de amor, neutralizando-o.

O Homem Sbio no aquele que s tem certezas, mas sim o que sabe forjar na dvida a fora do seu carcter, a constncia dos seus ideais.

Os Discpulos de Aquarius esto, de facto, hoje em dia, vivendo em condies interiores extremamente duras, mas tambm infinitamente promissoras.

Nada se consegue sem esforo e quem quiser passar alm do Bojador, tem de passar alm da dor.

OBRAS CONSULTADASHenrique Jos de Souza, A Verdadeira Iniciao. Reimpresso das edies de 1939, 1957 e 1969 em 1980 pela Associao Editorial Aquarius, Rio de Janeiro.

Carlos Lucas de Souza, O Raiar de um Novo Mundo (rgo Monumental da Civilizao Eubitica). Braslia, 1968.

Luzes da Iniciao Eubitica, colectnea de textos de Antnio Castao Ferreira e Sebastio Vieira Vidal. Nova Brasil Grfica e Editora Ltda, So Loureno (MG), primeira edio em Fevereiro de 2006.

Roberto Lucola, Iniciao. Caderno Fiat Lux 34, Fevereiro de 2003, So Loureno, Minas Gerais, Brasil.

Helena Blavatsky, A Voz do Silncio. Verso portuguesa de Fernando Pessoa. Editora Civilizao Brasileira S.A., Rio de Janeiro, 1969.

Vitor Manuel Adrio, Dogma e Ritual da Igreja e da Maonaria. Editora Dinapress, Lisboa, 1. edio Setembro de 2002.

Vitor Manuel Adrio, A Ordem de Mariz (Portugal e o Futuro). Editorial Angelorum, Lda., Carcavelos, Maio de 2006.

C. W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda. Editora Pensamento, So Paulo, 1977.

Alice A. Bailey, Iniciao Humana e Solar. Fundao Cultural Avatar, Niteri Rio de Janeiro, 1975.

Textos Internos da Comunidade Tergica Portuguesa.