O CADERNO DE INICIAÇAO CIENTIFICA - PAIC 2012 2013Valdir Fernandes. Programa de Apoio à...

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Caderno de Iniciação Científica

14° paic

Núcleo de Pesquisa Acadêmica 2012/2013

Caderno de iniciação científica, n 1, 2000- Curitiba: FAE Centro Universitário. Núcleo de Pesquisa Acadêmica. Programa de Apoio à Iniciação Científica, 2000 -

ISSN 1679-98281.Pesquisa. 2.Abordagem interdisciplinar do conhecimento.I. FAE Centro universitário Franciscano. Núcleo de Pesquisa Acadêmica. Programa de Apoio à Iniciação Científica CDD - 001 001.4

FAE Centro Universitário

Frei Nelson José Hillesheim, ofmReitor da FAE Centro Universitário Diretor-Geral da Faculdade FAE São José dos Pinhais

André Luis Gontijo ResendePró-Reitor AcadêmicoDiretor AcadêmicoDiretor de Legislação e Normas EducacionaisCoordenador do Núcleo de Educação a Distância

Régis Ferreira NegrãoPró-Reitor Administrativo

Elcio Douglas JoaquimDiretor Acadêmico da Faculdade FAE São José dos Pinhais

Antoninho CaronCoordenador dos Programas de Pós-Graduação Lato Sensu

Eros Pacheco NetoSecretário-Geral

Sérgio Luiz da Rocha PomboDiretor do Instituto de Ciências Jurídicas

Samar Merheb JordãoOuvidoria

Paulo Roberto Araújo CruzDiretor de Relações Corporativas

Coordenadores de CursosAndrea Regina H. C. Levek

Negócios Internacionais

Carlos Roberto Oliveira de Almeida Santos Tecnologia em Sistemas para Internet

Cleonice Bastos PompermayerCiências Econômicas

Daniele Cristine Nickel Psicologia

Eduardo SaldanhaDireito

Érico Eleutério da Luz Ciências Contábeis

Everton DrohomeretskiAdministração

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Gilson Paula Lopes de SouzaEngenharia Ambiental e Sanitária; Engenharia Mecânica; Engenharia de Produção

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Marco Antônio Regnier PedrosoDesenho Industrial

Randy RachwalComunicação Social: Publicidade e Propaganda

Rogério TomazLetras

Silvia Iuan Lozza Pedagogia

Valter Pereira Francisco Filho Tecnologia em Logística; Tecnologia em Gestão Financeira; Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos

Vera Fátima DulliusTecnologia em Gestão Comercial

Núcleos e DepartamentosAntonio Lázaro Conte

Coordenador do Núcleo de Admissão

Areta Galat Coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais

Carlos Roberto de Oliveira Almeida SantosCoordenador do Núcleo de Extensão Universitária

Cleonice Bastos Pompermayer Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Acadêmica

Edith DiasBiblioteca – Campus Centro e Faculdade FAE São José dos Pinhais

Nelcy Terezinha Lubi FinckCoordenadora do Núcleo de Carreira Docente

Rita de Cássia Marques KleinkeCoordenadora da Pastoral Universitária

Samir BazziCoordenador do Núcleo de Empregabilidade

Soraia Helena F. AlmondesBiblioteca – Campus Centro

Coordenação Editorial Cleonice Bastos Pompermayer

RevisãoLiana Bisolo Warmling (Revisão de Linguagem)Luiz Henrique Bezerra (Revisão de Linguagem)Mariana Bordignon Strachulski de Souza (Revisão de Linguagem)Priscilla Zimmermann Fernandes (Revisão de Linguagem)Edith Dias (Normalização)

EditoraçãoAmália Patricia Valle BrasilAna Maria OlenikiBraulio Maia JuniorDébora Cristina Gipiela KochaniEliel Fortes BarbosaMaristela Ferreira de Andrade Gomes da Silva (Coordenação)

CapaEditorial Design

Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus

Frei Guido Moacir Scheidt, ofmPresidente

Jorge Apóstolos SiarcosDiretor-Geral

3Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012 - 2013

APRESENTAÇÃO

Prof.ª Dr.ª Cleonice Bastos Pompermayer

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Acadêmica

O décimo quarto caderno do Programa de Apoio à Iniciação Científica – PAIC 2012/2013

é o resultado de um esforço conjunto que conta com a participação do corpo docente e discente

da FAE Centro Universitário, com o objetivo de prestar e promover uma contribuição à sociedade

e à comunidade acadêmica por meio da pesquisa. Os resultados e considerações apresentados ao

final de cada estudo representam um passo a mais ou mesmo um novo olhar acerca do assunto

desenvolvido em cada projeto de pesquisa.

O projeto de pesquisa tem origem na reflexão, percepção ou mesmo indagação de

como é possível compreender melhor ou aprofundar uma realidade, seja ela prática ou teórica.

A partir desse movimento orquestrado por professores pesquisadores e alunos, aliado ao processo

de desenvolvimento do estudo, torna-se possível afirmar que as transformações e inovações

encontram na pesquisa sua principal matriz.

Neste exemplar, o leitor encontrará temas que se estendem desde a preocupação com

gestão de pessoas, ferramentas de gestão empresariais, percepção sobre a atuação de profissionais

da área econômica, planejamento familiar, sustentabilidade e responsabilidade social, inserção do

idoso no mercado de trabalho, até temas pertinentes à esfera do direito, gestão do conhecimento,

engenharia ambiental, engenharia mecânica, pedagogia, dramaturgia e letras.

Diante de tal diversidade e interdisciplinaridade, o Núcleo de Pesquisa Acadêmica –

NPA, gestor do programa, juntamente com os autores dos estudos, espera contemplar, sempre

que possível, uma resposta aos questionamentos elaborados por aqueles que venham consultar

esta publicação.

Uma boa leitura para todos.

SUMÁRIO

O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL DA GERAÇÃO Y – FASE 2 ___________________11Dayane Gabrielle AlvesAna Maria Coelho Pereira Mendes

PERCEPÇÃO DE SITUAÇÕES DE ESTRESSE E DESENCADEAMENTO DE PSICOSSOMATIZAÇÕES EM ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO: UM CICLO VICIOSO ____ 21Wellington Minoru KiharaDaniele Cristine Nickel

RECONHECIMENTO NO TRABALHO: UMA FORMA DE CONTROLE ORGANIZACIONAL MEDIADO PELA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE _______________________________27Allan Lazaro Santos QuintilianoRossana Cristine Floriano Jost

O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL DA GERAÇÃO Y – FASE 2____________________33Leticia Cavassin Ferreira dos SantosAna Maria Coelho Pereira Mendes

A CONCEPÇÃO DE HOMEM EM TRAGTENBERG: COMPREENSÃO NECESSÁRIA PARA PROBLEMATIZAR A FELICIDADE NO TRABALHO __________________________39Wagner Rafael RodriguesRossana Cristini Floriano Jost

RELAÇÃO DO ESTRESSE COM O CICLO DE VULNERABILIDADE E SUAS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA NA RELAÇÃO CONJUGAL _________________________________45Rafaela Alves BandeiraDaniele Cristine Nickel

ATIVOS INTANGÍVEIS NA ÓTICA CONTÁBIL ___________________________________49Lilian Mocelin BioraAdmir Roque Teló

DIVERGÊNCIAS METODOLÓGICAS PARA CÁLCULO DAS DETERMINANTES DO CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM) ______________________________________53Djeice Queli BertotoRicher de Andrade Matos

O CONTEXTO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ECONOMISTA E A FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS ____________________________________________________59Rodrigo Marcial Ledra RibeiroHeloísa de Puppi e Silva

TERCEIRIZAÇÃO: IMPLICAÇÕES SOBRE OS SETORES ELÉTRICO E AUTOMOTIVO BRASILEIROS _______________________________________________________________67Cristiano Vinícius FerreiraLiana Maria da Frota CarleialLafaiete Santos Neves

ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO BRASIL ____________________________________________________________________73Gabriel PietruzaThiago André Guimarães

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO FAMILIAR: UMA PROPOSTA DE QUESTIONÁRIO _________________________________________________________77João Bruno Mansor SoaresEvelin Lucht Lemos

ANÁLISE DO VALOR ENTREGUE AOS CLIENTES DE EMPRESAS PARANAENSES QUE ADOTAM ESTRATÉGIAS úNICAS E VALIOSAS ___________________________________93Gessika da Silva AvelarCarlos Borges Machado

MODELO DE DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL RUMO À CONSULTORIA ______ 101Giuliana Giovanna dos Santos CarvalhoJoslaine Chemim Duarte

7Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012 - 2013

SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UMA NOVA PROPOSTA DE ECOFILOSOFIA EMPRESARIAL ________________________________ 113Giovani Luiz Behnke GrandoLéo Peruzzo Júnior

A INTERNACIONALIZAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS PARANAENSES POR MEIO DE POLÍTICAS PúBLICAS: UM ESTUDO DE CASO _______________________ 119Mariane Regina GradeJoaquim de Almeida Brasileiro

O PROCESSO DE INSERÇÃO DO IDOSO NO MERCADO DE TRABALHO EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS/PR _________________________________________________________ 125Karen Munhoz VillarRicardo Lemes da Rosa

ESTUDO DOS LIMITES E IMPACTOS NO USO DAS TECNOLOGIAS DESTACANDO INOVAÇÕES EM REDES DE COMPUTADORES E SUAS MISCELÂNEAS ____________ 131Mauricio DaitschmanEuclides Peres Farias Junior

A SUPRESSÃO DOS EMBARGOS INFRINGENTES: UMA RESPOSTA (PALIATIVA) AO CLAMOR PELA CELERIDADE PROCESSUAL ___________________________________ 137Wilsley Guebert GermanoKarlo Messa Vettorazzi

ASPECTOS INICIAIS DAS EMPRESAS INDIVIDUAIS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA _____________________________________________ 143Jéssyka Stéfany ChinassoMayra de Souza ScreminCaroline Arns Arruda

A BUSCA PELA CELERIDADE DA JUSTIÇA E O POSSÍVEL CERCEAMENTO DE DEFESA: UM ESTUDO SOBRE A PEC Nº 15 DE 2011 ___________________________________ 149Danilo Candido PorteroKarlo Messa Vettorazzi

GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CHÃO DE FÁBRICA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA ALIMENTÍCIA ____________________________________________________ 155Anderson Kenzo SatoJosé Vicente Bandeira de Mello Cordeiro

GESTÃO ENXUTA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO _________________________________________________ 163Marcelo de Souza GardioloEverton Drohomeretski

ANÁLISE DA VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE HIDROGÊNIO EM MOTORES A COMBUSTÃO INTERNA ___________________________________________________ 167Thiago Renato BarretiriTiago Luis Haus

CÉLULA DE HIDROGÊNIO: ESTUDO E CONSTRUÇÃO DE UMA CÉLULA ELETROLÍTICA PARA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO GASOSO _______________________________ 173Frederico Thomas LeludakTiago Luis Haus

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DE REVESTIMENTOS FORMADOS POR ALUMINETOS DE NÍQUEL DESENVOLVIDOS IN SITU POR PTA _________________ 179Giselle de Oliveira do Rosario RibasMarjorie Benegra

ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DE CORANTE TÊXTIL UTILIZANDO UV/H2O2 _______ 187Edinilson Andolhe FilhoMarco Antônio Benedetti Durigan

UM DIÁLOGO ENTRE A ÓTICA DOS DISCENTES E DOS DOCENTES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA UMA RELAÇÃO DE MAIOR RESPEITO E APRENDIZAGEM ____ 193Eliane Botlender Severo WassmansdorfSilvia Iuan Lozza

9Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012 - 2013

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES HOSPITALARES: UM ESTUDO DE CASO COM EDUCADORES DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO À REDE DE ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR (SAREH) DO HOSPITAL DO TRABALHADOR _____ 199Michele de Oliveira dos SantosCinthya Vernizi Adachi de Menezes

MÍTICAS, PSICOLÓGICAS E TRAGÉDIAS CARIOCAS: UM RECORTE DA DRAMATURGIA RODRIGUEANA __________________________________________________________ 207Luis Gabriel Venancio de SousaCharlott Eloize Leviski

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO CONTEXTO COMUNICATIVO DA EAD ______________________________________ 213Cristina Luciana GrudginskiJuliana Simões Bolfe

ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS NO BRASIL __________ 223Sueder Santos de SouzaValdir Fernandes

11Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL DA GERAÇÃO Y – FASE 2

Dayane Gabrielle Alves1

Ana Maria Coelho Pereira Mendes2

1 Aluna do 2º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutora em Serviço Social (PUC-SP). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A geração Y veio para modificar a maneira de trabalho de várias empresas. Porém, em determinados casos, é possível notar que os gestores destas empresas não estão muito satisfeitos com o desempenho desses profissionais. Os estudos de fases anteriores deste projeto mostram tendências sobre o perfil da geração Y de acordo com seus projetos de vida. A partir disso, a questão norteadora do trabalho aponta para a variável da relação do jovem da geração Y com as primeiras impressões sobre o mercado de trabalho. Então, o problema que se apresenta é: como a geração Y está chegando ao mercado profissional, segundo a percepção dela mesma?

1 OBJETIVOS

O trabalho teve como objetivo principal analisar o perfil de integração da geração Y no mercado de trabalho, seguido pelas ramificações: 1. Identificar as demandas pessoais e profissionais dos jovens da geração Y; 2. Identificar as situações vivenciadas na integração dos jovens da geração Y nas empresas de Curitiba e Região Metropolitana

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA12

em relação ao clima organizacional, às lideranças e às relações com as demais gerações no ambiente de trabalho; 3. Identificar como são as visões pessoais dos profissionais da geração Y e estudantes de graduação em relação ao mercado de trabalho.

2 METODOLOGIA

A metodologia do estudo parte de uma pesquisa bibliográfica e documental que fundamenta os procedimentos da pesquisa e levantamento junto ao público-alvo, ampliando-se ao público que com ele interage diretamente. Com o objetivo de mensurar dados estatísticos, realizou-se uma pesquisa de levantamento quantitativo por meio da aplicação de um questionário on-line para diversos profissionais que se encaixam no perfil traçado ou que atuam com estes profissionais.

Foram preenchidos 105 formulários. A estratégia de divulgação do formulário foi, primeiramente, com os alunos da FAE Centro Universitário. Devido à pouca adesão, a nova estratégia adotada foi ampliar a abordagem sobre o público-alvo. O questionário foi disponibilizado na ferramenta Moodle e divulgado pelos professores da FAE Centro Universitário. Outra abordagem ocorreu mediante uma parceria com um aluno da Pontifícia Universidade Católica (PUC), do curso de Direito, que disponibilizou o formulário, via e-mail, para seus colegas de classe, além de nas redes sociais. Estas ferramentas foram escolhidas baseadas no perfil traçado por estudiosos sobre o tema geração Y, que caracterizam estes profissionais como pessoas altamente conectadas e que utilizam redes de relacionamento on-line.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os jovens da geração Y já nasceram acostumados com a diversidade, fato que, para a geração anterior, não foi tão significativo. Tiveram uma educação muito diferente da que tiveram seus pais, em que a autoestima foi valorizada e as crianças, tratadas com muita proteção. A hipótese que pode ser levantada é a de que essas famílias são formadas mais tardiamente e possuem menos filhos, com a atenção mais focada no pequeno núcleo familiar. A geração Y chegou ao mercado de trabalho com vontade de aprender e impor suas ideias; mostrar que, por mais jovens que sejam, são capazes de ter sucesso profissional, sem deixar de lado sua originalidade. Os Y estão preocupados com a sua realização pessoal e profissional e, por isso, não procuram por empregos nos quais fiquem apenas realizando atividades básicas, caso visto em estágios. Procuram aprender com as pessoas que os cercam e se estimulam a trabalhar mais quando encontram um ambiente em que haja essa troca de conhecimento,

13Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

possibilitando um crescimento pessoal e profissional, além de mudar de área de estudo ou trabalho para alcançar esta realização. Eles não se preocupam com as críticas que possam surgir caso decidam trancar a faculdade, por exemplo. O que eles querem é encontrar a felicidade, e seguem este rumo sem freios e sem a preocupação que a geração anterior tinha. Os profissionais da geração Y estão acostumados a desenvolver diversas atividades simultâneas, querem ter um status profissional rápido e procuram por empregos nos quais a oportunidade de crescimento seja efetiva. Eles acreditam em um ambiente de troca entre os gestores e seus funcionários, e uma hierarquia na qual os gestores estão em um patamar muito distante não faz parte do cotidiano destes jovens. Para eles, os gestores devem ter um olhar mais atento em relação às atividades que são passadas para seus colaboradores, para que se mantenham estimulados durante as atividades que realizam. Eles possuem um alto grau de entusiasmo pela vida e pelas oportunidades que possam encontrar, tanto em suas relações pessoais quanto profissionais. Gostar da empresa em que trabalham não é um fator determinante para que continuem trabalhando na mesma empresa durante todo o seu processo profissional. Os jovens da geração Y podem mudar de empresa sem que tenham uma base sólida de sucesso, apenas para que consigam maior reconhecimento ou oportunidade de crescimento. O desenvolvimento profissional é um fato que representa uma grande mudança no cenário empregatício, pois os jovens da geração Y estão mais preocupados com seu crescimento e não possuem os medos que a geração anterior possuía, de mudar de emprego e não conseguir superar os desafios propostos. Porém, eles estão entrando no mercado de trabalho com pouco conhecimento em relação às diferenças hierárquicas dentro de uma empresa e, devido ao seu comportamento informal no seu cotidiano profissional, os jovens atrapalham-se ao lidar com a formalidade que é exigida em muitas empresas. Uma tendência constatada aponta para as atividades realizadas fora do ambiente de trabalho, visto que apenas 40% dos respondentes relataram se importar com isso.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA14

CONCLUSÕES

Foi possível analisar o perfil de integração da geração Y no mercado de trabalho, como foi proposto no objetivo geral, bem como verificar a visão dessa geração em relação aos estudos realizados por pensadores sobre o assunto. Para tanto, realizou-se uma produção científica que criou um material de consulta para ser facilitador nas relações na área de gestão de empresas. Para responder às questões norteadoras sobre a inserção do novo profissional no mercado de trabalho, pôde-se comprovar que os profissionais da geração Y estão à procura de um ambiente de trabalho em que possam se desenvolver pessoal e profissionalmente. Fica claro que não é viável para um profissional Y estar empregado em um ambiente que não lhe permita um desenvolvimento constante. A respeito da sua liberdade de expressão e seu tempo de lazer, os Y mostraram-se muito tranquilos em afirmar que se trata de necessidades para que se sintam bem em seu ambiente de trabalho. Dificilmente alguém desta geração irá se embrenhar em um trabalho que não lhe permita seus passeios do final de semana ou que ele não receba um feedback constante sobre como está sendo avaliado seu trabalho individual e em equipe. Esta geração assume ou irá assumir cargos de chefia em breve e, para que haja uma ótima qualidade no trabalho desenvolvido, é necessário que os gestores consigam conciliar um ambiente de trabalho mais descontraído com a mesma responsabilidade e que os Y consigam compreender que muita informalidade é algo que pode atrapalhar em determinadas situações. Como trabalho futuro, considera-se a hipótese de aplicar a pesquisa em âmbito nacional, bem como aumentar a quantidade de respondentes, tanto dos profissionais da geração Y quanto dos gestores ligados a estes profissionais. Isso se deve à simples observação de que características regionais podem ser determinantes no perfil do respondente e, por conseguinte, das próprias respostas.

15Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

REFERÊNCIAS

AMARAL, Elizabeth. Competitividade Y. 2013. Disponível em: <http://www.unialgar.com.br/upload/Images/CompetitividadeY-artigoElizabethAmaral2012.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.

_____. Geração Y. 2008. Disponível em: <http://www.serhumanorh.com.br/eventos/thbrasil2008/palestra/elizabethamaral.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.

COSTA, Ana; KORN, Miriam; HONORATO, Carlos. Fundação Instituto de Administração (FIA/USP). 2012. Disponível em: <www.fia.com.br>. Acesso em: 15 out. 2012.

DINIZ, Abilio. A geração Y no trabalho. 2012. Disponível em: <http://abiliodiniz.uol.com.br/lideranca/a-geracao-y-no-trabalho.htm>. Acesso em: 14 set. 2012.

ERICKSON, Tamara. E agora geração X? Como se manter no auge profissional e exercer liderança plena numa época de intensa transformação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

GUEDES, Marina. Geração Y: mitos, realidades e conselhos. Disponível em: <http://www.megaportal.com.br/sites/academiay/2012/04/02/geracao-y-mitos-realidades-e-conselhos/>. Acesso em: 14 set. 2012.

KULLOCK. Eline. Foco em gerações. 2012. Disponível em: <http://www.focoemgeracoes.com.br/>. Acesso em: 19 fev. 2013

LOIOLA, Rita. Geração Y. 2012. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,EDG87165-7943-219,00-GERACAO+Y.html>. Acesso em: 18 fev. 2013.

MALDONADO, Maria Tereza. A geração Y no mercado de trabalho: um desafio para os gestores. 2006. Disponível em: <http://www.mtmaldonado.com.br/artigos/ageracao.php>. Acesso em: 18 fev. 2013.

TULGAN, Bruce. Geração Y. 2012. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87165-7943-219,00-GERACAO+Y.html>. Acesso em: 18 fev. 2013.

UNIALGAR. Disponível em: <http://www.unialgar.com.br/noticias_artigos.aspx>. Acesso em: 18 fev. 2013.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA16

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO SOBRE A GERAÇÃO Y

1. Com base na afirmação “A geração Y não utiliza um manual, é a geração da tentativa e erro, planejar é muito difícil para essa geração, se utilizam do improviso, são impacientes, estão familiarizados com a tecnologia, possuem maior liberdade e parceria com os pais, não aceitam o autoritarismo e tem necessidade de ter voz ativa.” (KULLOCK, 2012), responda:a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

2. Os colaboradores da geração Y desinteressam-se facilmente por tarefas operacionais que não envolvem desafios.a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

3. “Tudo é possível para esses jovens” […] “Eles querem dar sentido à vida, e rápido, enquanto fazem outras dez coisas ao mesmo tempo” (SANT’ANNA; ANDERSON apud LOIOLA; RITA, 2012).a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

4. Os colaboradores da geração Y são pessoas que procuram reconhecimento e status profissionais, mas que não gostam de realizar horas extras e abrir mão do seu tempo de lazer.a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

17Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

5. A geração Y não se importa em levar trabalhos para desenvolver em casa ou fazer horas extras quando necessário.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

6. A geração Y acredita no ritmo de trabalho mais moderado, não pensa em passar 15 ou 20 anos na mesma empresa e enxerga as mudanças de chefia como uma oportunidade de crescimento.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

7. Os jovens da geração Y são confiantes, pois estão preparados para superar desafios, vencedores, responsáveis, valorizam a empregabilidade, e não a fidelidade.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

8. A geração Y está orientada para metas e realizações, traça metas ousadas, possui foco e trabalha com multitarefas, aprende rapidamente e está disposta a correr riscos.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA18

9. Os jovens da geração Y possuem iniciativa, são resilientes, têm pressa de construir sua carreira e lidam muito bem com as mudanças.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

10. Os Y são inclusivos, trabalham em equipe, possuem poder coletivo e procuram justiça no ambiente de trabalho, para eles não existem protocolos de hierarquia.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

11. A geração Y nasceu na chamada “década da criança”, quando as crianças foram superprotegidas e valorizou-se muito a autoestima.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

12. Por terem passado a infância realizando diversas atividades simultâneas, possuindo agendas tão lotadas como a de seus pais, é natural que, ao se tornarem adultos, continuem realizando multitarefas.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

19Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

13. Por ter sido acostumada a captar os conhecimentos em tempo real, e a se conectar com o mundo em uma enorme rede de pessoas variadas, possui maior facilidade para desenvolver uma visão sistêmica e aceitar a diversidade, desta maneira, relaciona-se mais naturalmente com as pessoas que a cercam.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

14. Diz-se que navegam pela vida, querem trabalham para viver, mas não vivem para trabalhar.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

15. A informalidade da geração Y pode ser encarada como falta de respeito por seus pares e superiores, os Y sabem como interagir muito bem com seus semelhantes, mas, quando ingressam no mercado de trabalho, precisam aprender a conviver com profissionais mais maduros.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

16. Os jovens da geração Y só se mantêm envolvidos em atividades que gostam e acreditam que o objetivo do trabalho é a realização pessoal.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA20

17. Os profissionais da geração Y não são revoltados e têm valores éticos muito fortes, priorizam o aprendizado e as relações humanas.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

18. A grande diferença em relação às juventudes de outras décadas é que, hoje, os Y não abrem mão das rédeas da própria vida.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

19. A geração Y está customizando a própria existência, impondo seus valores e criando uma sociedade mais voltada para o ser humano.

a) Concordo totalmente

b) Concordo parcialmente

c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente

e) Discordo totalmente

21Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

PERCEPÇÃO DE SITUAÇÕES DE ESTRESSE E DESENCADEAMENTO DE PSICOSSOMATIZAÇÕES EM ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO: UM CICLO VICIOSO

Wellington Minoru Kihara1

Daniele Cristine Nickel2

1 Aluno do 4º ano de Psicologia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutora em Engenharia de Produção (UFSC). Coordenadora do curso de Psicologia e professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O presente estudo parte do pressuposto de que os atletas de alto rendimento vivenciam situações de estresse e que estas podem desencadear psicossomatizações. Portanto, procura-se identificar as situações de estresse vividas por atletas de alto rendimento e a percepção com o desencadeamento das psicossomatizações. O estresse e a psicossomatização em atletas de alto rendimento podem influenciar na produtividade do atleta e consequentemente no resultado esperado. Realiza-se um estudo desses fatores, pois são informações relevantes para a tomada de decisões da equipe técnica.

1 OBJETIVOS

O foco do estudo é identificar as situações de estresse vividas por atletas de alto rendimento do time Coritiba Futsal e a percepção com o desencadeamento das psicossomatizações. Para tanto, será conceituado estresse, psicossomatização e atleta de alto rendimento. Será realizada uma pesquisa para identificar os principais fatores causadores de estresse em atletas de alto rendimento e apontar as possíveis psicossomatizações que esses fatores podem gerar.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA22

2 METODOLOGIA

O delineamento de pesquisa utilizado é o estudo de caso, que consiste num profundo estudo de um ou poucos objetos, permitindo um amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2009, p. 54). A escolha desse delineamento justifica-se porque esta pesquisa procurou aprofundar o conhecimento sobre determinada realidade específica do clube em estudo, procurando identificar situações de estresse e o desencadeamento de psicossomatizações nos atletas de alto rendimento.

Num primeiro momento, utilizou-se a pesquisa exploratória. Conforme Gil (2009, p. 41), esse tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Ainda, será empregada a pesquisa bibliográfica. Trata-se, conforme Gil (2009, p. 44), de uma pesquisa desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.

Para este trabalho foram aplicados questionários com perguntas abertas e fechadas para os atletas e um questionário com perguntas abertas para o técnico da equipe. No total, foram 14 atletas e um técnico.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o técnico do Coritiba Futsal, identificar as situações de estresse vivenciadas pelos atletas é importante, pois elas podem evitar ou minimizar a atuação do atleta no jogo.

3.1 FATORES DE ESTRESSE INDIVIDUAIS

GRÁFICO 1 – Fatores de estresse individuais

FONTE: Os autores (2012)

23Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Pela análise do GRÁF. 1, percebe-se que o fator mais estressante para os atletas são contusões ao longo da carreira, com 22% das respostas. Segue-se a autocobrança exagerada, ter que provar o valor a todo o momento e estar mal preparado fisicamente. Para a maioria dos atletas, esses são os fatores que os preocupam e causam tensão.

Segundo o técnico, os problemas de ordem social e a pressão por resultados positivos são outros fatores de estresse vivenciados pelos atletas. As brigas com parceiras são exemplos de problemas de ordem social.

3.2 FATORES DE ESTRESSE SITUACIONAIS

GRÁFICO 2 – Fatores de estresse situacionais

FONTE: Os autores (2012)

De acordo com a análise do GRÁF. 2, o fator mais estressante para o atleta de alto rendimento do Coritiba Futsal é a arbitragem, com 22% das respostas. A infraestrutura do jogo vem logo em seguida, com 16%. Em terceiro lugar ficou a importância do jogo e o patrocinador, ambos com 10% das respostas. A dificuldade do jogo e o estado físico dos atletas ficaram com 6% cada.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA24

3.3 PSICOSSOMATIZAÇÕES VIVENCIADAS PELOS ATLETAS

GRÁFICO 3 – Psicossomatizações vivenciadas pelos atletas

FONTE: Os autores (2012)

De acordo com Howard e Lewis (1993, p. 3), “a maioria das doenças está na dependência tanto de fatores emocionais quanto físicos. Você é uma unidade mente-corpo. Suas emoções fenômenos psíquicos e cada alteração fisiológica têm o seu componente emocional”.

Interpretando o GRÁF. 3 nota-se que a ansiedade é a psicossomatização mais frequente apontada por 15% dos atletas. A dor de cabeça e a tensão são psicossomatizações apontadas por 10% dos atletas. Logo após, aparecem os demais itens com 5%, são eles: o nervosismo, a dor na nuca, o frio na barriga, a falta de paciência, o cansaço excessivo, a baixa imunidade, o corpo estressado, a falta de vontade, as lesões, as doenças, a falta concentração e o foco desviado.

CONCLUSÕES

As contusões ao longo da carreira e a arbitragem são os fatores causadores de estresse mais relevantes para os atletas de alto rendimento. Em relação à entrevista realizada com o técnico, pode-se concluir que a pressão por resultados é um fator de estresse para os atletas. As psicossomatizações apontadas pelos atletas são diversas, porém a ansiedade foi a mais relevante.

25Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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27Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

RECONHECIMENTO NO TRABALHO: UMA FORMA DE CONTROLE ORGANIZACIONAL MEDIADO PELA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

Allan Lazaro Santos Quintiliano1

Rossana Cristine Floriano Jost2

1 Aluno do 4º ano de Psicologia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutoranda em Administração de Empresas (Universidade Positivo/PR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A contribuição do trabalhador para a organização vem carregada de expectativas de reconhecimento por meio da valorização de suas iniciativas. Segundo a perspectiva da psicodinâmica do trabalho, o processo de reconhecimento profissional é central para a construção da identidade (DEJOURS, 1987, 1999, 2008), configurando-se um importante fator para vivências de prazer e de saúde. Quando o reconhecimento não acontece, o sujeito se vê reconduzido somente ao seu sofrimento, num círculo vicioso e desestruturante, que pode levá-lo ao adoecimento. Para Dejours (2008), é o “outro” que media o reconhecimento, processo que pode ser encontrado no interior das organizações.

A organização, como o sistema social mais formalizado da sociedade, adere a condutas institucionalizadas, bem como mecanismos de controle norteadores do elo entre o sistema produtivo e a força de trabalho, assumindo uma centralidade na relação entre as necessidades organizacionais e as necessidades individuais (FARIA; MATOS, 2007).

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Desta forma, é objetivo do presente estudo analisar como as organizações utilizam o reconhecimento como forma de controle organizacional, mediado pela dinâmica da construção da identidade do sujeito. Especificamente, a pesquisa buscará identificar como a organização em estudo, por meio de suas práticas e políticas, atua no controle organizacional dos trabalhadores autônomos a ela vinculados.

Por fim, o trabalho vale-se dos conceitos de reconhecimento e identidade, a partir da perspectiva da psicodinâmica do trabalho. As questões a respeito do controle organizacional serão analisadas de acordo com o entendimento da Economia Política do Poder (EPP), com alguns aportes da Psicossociologia.

1 OBJETIVOS

O objetivo geral do presente estudo é analisar como as organizações utilizam o reconhecimento como forma de controle organizacional, mediado pela dinâmica da construção da identidade do sujeito. Os objetivos específicos são identificar na organização em estudo:

a) Conceito de reconhecimento3 e identidade, a partir da perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho4. As questões a respeito do controle organizacional serão analisadas de acordo com o entendimento da Economia Política do Poder (EPP),5 com alguns aportes da Psicossociologia;6

b) A relação entre os processos de reconhecimento e as práticas de controle organizacional;

c) Como a organização em estudo, por meio de suas práticas e políticas, atua no controle organizacional, na esfera das trabalhadoras autônomas a ela vinculadas; e

d) As formas de controle organizacional por meio da construção da identidade do sujeito.

3 Para efeitos deste trabalho, será abordada a questão dos processos de reconhecimento centrados em a) resultados e b) existência do sujeito, detalhados ao longo do referencial teórico.

4 A Psicodinâmica do Trabalho é uma abordagem científica desenvolvida nos anos 1990 por Christophe Dejours e tem como objeto de estudo a relação dinâmica entre a organização do trabalho e os processos de subjetivação dos trabalhadores, manifestados “nas vivências de prazer-sofrimento, nas estratégias de ação para mediar contradições, nas patologias sociais e na saúde” (MENDES, 2007, p. 24).

5 A Economia Política do Poder (EPP), proposta pelo Prof. Dr. José Henrique de Faria, apresenta-se como uma nova forma de olhar as organizações. Trata-se de uma opção epistemológica com fundamentos teóricos e metodológicos próprios, que busca investigar as contradições existentes nas organizações sob o sistema do capital, propondo formar uma base analítica da produção, distribuição e utilização política do poder, expressos em formas de controle nas organizações produtivas sob o sistema do capital (FARIA, 2010a).

6 A Psicossociologia contribui para a compreensão dos processos grupais das organizações e das instituições, especialmente na análise da mudança social e natureza dos vínculos que os indivíduos estabelecem com as organizações e que refletem na questão do trabalho (BENDASSOLLI; SOBOLL, 2011).

29Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

2 METODOLOGIA

A natureza da presente pesquisa é qualitativa e exploratória, caracterizando-se como um estudo de caso. O material empírico utilizado é formado por dados secundários, ou seja, transcrições de entrevistas individuais, abertas e semiestruturadas, efetuadas ao longo do ano de 2011. Tais entrevistas envolveram consultoras de beleza, vendedoras de cosméticos em diversas escalas da carreira (participação por acessibilidade, adesão e snowball),7 que atuam com venda direta para uma empresa multinacional, presente em diversos países. As falas foram submetidas ao critério de exaustão/saturação dos dados e à análise, segundo o modelo de “conteúdo categorial” proposto por Bardin (1977).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Pink Emotion Inc.,8 doravante referida como PE, é uma empresa americana de venda direta de cosméticos, fundada em 1963. Hoje a companhia está presente em mais de 35 países (chegou ao Brasil em 1998) e conta com um quadro de funcionários e parceiros em torno de 4,5 mil pessoas, ultrapassando 2 milhões de vendedoras (mulheres) “autônomas”, sem vínculos empregatícios, denominadas pela empresa de “consultoras de vendas independentes”.

Observou-se que a empresa leva as consultoras a acreditar que há possibilidade de autonomia e flexibilidade total. Porém, existem contradições sobre a realidade de autonomia que a empresa apresenta no discurso, como no trecho: “eu faço meu horário, o dia que não posso vender PE, eu troco as agendas ou desmarco algum compromisso, sem problemas”. Mas isso não implica deixar de vender ou gerar lucro para empresa: “se eu não vender hoje, amanhã vou ter que vender em dobro”.

As consultoras confirmam o perfil exigido pelo modelo de organização oriundo da administração flexível, por meio da afetividade (FARIA, 2010). A ausência de metas ou horário fixo não implica a ausência destes, mas uma forma de controle sutil, que interfere na identidade das consultoras. A sedução chega a tal ponto que é possível observar o comprometimento da subjetividade da vendedora: “a PE atende a todas as minhas expectativas”.

Constata-se também que as consultoras acabam assumindo os valores da organização, pelo controle estabelecido: “a minha empolgação foi tanta pela empresa que eu vesti a camisa”. Tal controle se configura como controle da subjetividade, levando algumas consultoras a deixar suas profissões originais e dedicar-se cada vez mais à venda dos produtos PE.

7 As participantes iniciais indicaram novas participantes.8 A verdadeira identidade da empresa foi ocultada, por questões de resguardo de imagem.

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Conforme Faria (2010), a identidade do indivíduo se mistura com a identidade da organização, ele passa a se referenciar por meio da empresa, em pensamentos, comportamentos e relacionamentos de acordo com os padrões por ela estabelecidos. Isso é visível no trecho: “Eu sempre fui muito falante, mas eu aprendi a ser ‘cara de pau’. Simplesmente, se eu não te conhecesse, se eu tivesse numa panificadora, eu daria um jeito de conversar com você, eu falaria: [...] vamos marcar um momento para a gente, vamos cuidar da sua pele? Não tem custo nenhum, você pode me dar seu telefone? Você daria o teu telefone e eu agendaria”.

O último relato ilustra uma espécie de “crença ilusória” da vendedora: “até quando eles fazem reajuste, eles não fazem pensando em lucro, é para valorizar o produto, que está defasado em relação à qualidade”. A intensidade do controle da subjetividade leva as consultoras a criar discursos recheados de certezas pessoais para então justificar as ações organizacionais.

CONCLUSÕES

Considerando as articulações teóricas, os resultados e as discussões do presente estudo, elencam-se algumas considerações finais, quais sejam:

a) Novas formas utilitárias de estabelecer as relações de trabalho: a administração flexível, para o cumprimento dos objetivos econômicos da empresa, procede cada vez mais à exploração do trabalhador, mediante inúmeros artifícios, entre eles, a reinvenção das relações de trabalho no contexto de uma lógica utilitária. É neste cenário que a empresa em questão se insere. O controle social exercido pela PE, por meio de processos sedutores, demonstra que se trata de uma gestão pela subjetividade, de forma a possibilitar maior adesão de suas integrantes aos objetivos organizacionais.

b) A cultura do sucesso: na PE, não há necessidade de vigilância para com as vendedoras, pois a organização já mantém um domínio sobre o mundo interno de cada uma, como salientam Faria e Matos (2007), o suficiente para fazê-las caminhar deliberadamente e sempre dispostas, rumo aos objetivos de lucro da empresa. Mais que um negócio, a PE propõe um “projeto de vida” que envolve sonhos e mudanças pessoais, aos quais as vendedoras não só se submetem como vivenciam com alegria.

c) O papel da mulher: pertencer ao grupo de vendedoras PE configura uma imagem da mulher elegante, arrumada, sorridente, que cuida da carreira e da família, tem devoção a Deus e confia em suas conquistas. A proposta de “negócio” da PE visa suprir esses anseios, oferecendo não só um evento social, mas uma oportunidade de investir na imagem, melhorar sua aparência, por meio do uso dos produtos de beleza.

31Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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33Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL DA GERAÇÃO Y – FASE 2

Leticia Cavassin Ferreira dos Santos1

Ana Maria Coelho Pereira Mendes2

1 Aluna do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutora em Serviço Social (PUC-SP). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O debate sobre a geração Y está apenas começando. Como objeto de estudo ainda há muito que se identificar e analisar. A produção atual parte dos resultados trabalhados em estudos anteriores, com foco na inserção desses personagens no mundo do trabalho. A primeira fase do estudo visava promover aproximações sucessivas com o objeto de estudo, como etapa preliminar de avaliação de cenário e público-alvo necessária para o estudo de caso desencadeado na organização.

1 OBJETIVOS

A segunda fase tem como público-alvo os alunos de uma instituição de educação superior, particular e confessional, com grande presença na sociedade dos negócios. Acrescentam-se às questões da fase 1 da pesquisa as questões norteadoras: (1) Qual análise o jovem da geração Y faz da sua relação com o mundo do trabalho a partir dos processos aí envolvidos? (2) Quais características de pessoas significantes que compõem seu universo de formação profissional são determinantes para formar este perfil profissional, segundo a

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA34

leitura dos próprios jovens da geração Y? Supõe-se que as pessoas que compõem o universo de formação profissional, desde a academia até os ambientes de trabalhos profissionalizantes já conhecidos, de alguma forma deixam sua marca em aprendizados que o jovem vai decodificar, redimensionar e incorporar no seu perfil profissional. Portanto, o objetivo geral deste estudo é analisar a construção do perfil do novo profissional do século XXI da geração Y, segundo os personagens significantes que compõem sua formação profissional. A metodologia de pesquisa parte de uma revisão bibliográfica e documental em estudos anteriores e pesquisa de levantamento com os alunos da IES unidade-caso. Os estudos permitem identificar a influência e as características de pessoas para alcançar a meta de promoção e desafios que a geração Y busca no mercado de trabalho.

2 METODOLOGIA

Para a coleta de dados, foi realizada a aplicação de um questionário com quatro questões, duas delas eram de múltipla escolha e duas eram abertas. Ressalta-se que tal instrumento de coleta de dados considerou como repertório o conhecimento gerado na fase 1 do estudo da Geração Y, inclusive reproduzindo achados significativos do estudo. Para a fase qualitativa, o estudo de caso trabalhou com abordagens diferentes, mas com entrevistas focadas nas questões profissionais, pessoais e de cidadania para os novos ingressantes do mundo do trabalho. Para a tabulação e análise dos dados desta fase utilizou-se a planilha Excel, do Windows Office.

A opção de se trabalhar como unidade-caso a instituição acadêmica da qual o programa de iniciação científica faz parte é devido à facilidade de acesso aos dados e operacionalização do estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados a seguir foram tabulados a partir do questionário aplicado aos alunos da FAE Centro Universitário, em amostra selecionada pelo critério da disponibilidade da turma em participar do estudo.

Os itens possibilidade de efetivação ou promoção e desafios (oportunidade de realizar projetos) aparecem com 88% das expectativas para o mercado de trabalho; em seguida, o curso de língua estrangeira com 85%; reconhecimento do superior com 84%; estágio (experiências temporárias) com 83%; experiência e especialização com 80%; convivência com outras gerações com 77%; pós-graduação com 76%; rotina de trabalho flexível com 75%; com 71%, a experiência no exterior; e o interesse em ingressar em empresa multinacional e reuniões com 70%.

35Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Curiosamente, o uso de tecnologia (eletrônicos) apontou uma importância de apenas 64%; seguido de efetivação com 63%; formatura com 56%, visto como a festividade após a colação de grau; trainee com 54%; segundo curso com 48%; montar o próprio negócio com 46%; concurso público com 45%; e carreira docente com apenas 27%.

Enquadrando as respostas, que antes eram abertas em um padrão restrito a facilidades e dificuldades, notou-se que as maiores dificuldades foram encontradas na falta de experiência na área, de curso de língua estrangeira e do pacote Office. As maiores facilidades ocorreram pela indicação, pela oportunidade de ser uma empresa familiar e principalmente pela instituição de ensino.

Em relação à influência com a mudança de hábitos e a preservação ambiental, os professores aparecem com 68%, seguidos de parentes com 60%, amigos com 52% e colegas de trabalho com apenas 47%.

Relativamente aos incentivos para a conclusão do curso, aparecem os pais com 76%, os professores com 69%, os amigos com 68% e os colegas de trabalho com apenas 41%. São incentivadores para a realização profissional os pais com 84%, os colegas de trabalho com 82%, os professores com 79% e os amigos com 63%.

No que diz respeito ao incentivo para realização pessoal, aparecem os pais com 82%, os amigos com 75%, os colegas de trabalho com 72% e os professores com 62%.

A maioria dos alunos pretende firmar carreira em uma empresa, pois 68 alunos responderam que pretendem ficar mais de três anos na mesma empresa, seguidos de 58 alunos que pretendem permanecer dois anos na empresa, 44 alunos que ficarão três anos e apenas 30 alunos que pretendem mudar de empresa a cada ano. Este fato justifica-se porque uma parte da amostra é de períodos iniciais do curso e eles priorizam nesse momento a experiência, e não a efetivação.

A área de atuação com maior incidência é a de administração, seguida das áreas financeira e de recursos humanos, respectivamente.

Na tabulação das características que os respondentes incorporaram ou pretendem incorporar, observaram-se 62 como características pessoais, com destaque para comportamentos éticos; 7 como técnicas/operativas e são colocados o pai e o chefe como exemplos a serem seguidos.

Correlacionando os resultados da fase 1 da edição passada do PAIC com a atual fase 2 do estudo, são possíveis algumas constatações.

Os aspectos que continuam sendo priorizados são a experiência no exterior e a língua estrangeira, devido à expectativa de ingressar em grandes empresas com altos salários e com maior número de benefícios, aliado a estes foi observada a pretensão de cursar uma pós-graduação.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA36

O interesse em participar de processos de trainee ainda não é alto, pois os alunos almejam a entrada em uma empresa multinacional, a qual é bem vista por oportunizar o plano de carreira e a valorização de seus colaboradores.

Ao contrário do analisado na fase 1 da pesquisa, os alunos não ambicionam empreender, são 46% contra 54% que não objetivam abrir o próprio negócio.

CONCLUSÕES

O jovem da geração Y está ciente de que o mercado de trabalho está cada vez mais concorrido, busca ficar atento às necessidades de curso de línguas, principalmente a inglesa, de cursos que envolvam o pacote Office e cogitam a possibilidade da pós-graduação como meio de garantir a sua permanência no mercado.

Segundo os próprios jovens, características como a boa comunicação, o comprometimento, a determinação, a gestão do tempo e o gosto pela profissão são fundamentais para o perfil profissional de um jovem da geração Y.

O perfil do jovem da escola de negócios FAE Centro Universitário é o de um jovem preocupado com o seu futuro profissional, que busca se desenvolver profissionalmente, almeja bons cargos em empresas renomadas e pretende permanecer nelas por um longo período de tempo.

A relação dos personagens significantes dos alunos com a sua formação profissional parte dos hábitos de preservação do meio ambiente, tema com grande importância nesse contexto de mundo globalizado e consumista. De acordo com a pesquisa, os professores são os que mais influenciam este cuidado com o meio ambiente.

Relativamente aos incentivos para a conclusão do curso, os pais são os que mais apoiam esta grande realização profissional. Eles também são exemplos a serem seguidos citados pelos alunos, devido à sua perseverança, liderança, boa comunicação, entre outros. No que diz respeito ao incentivo para realização pessoal, os pais também são os que mais influenciam.

Tendo como base os dados da pesquisa com os alunos, constata-se que a influência de pais e professores são as mais representativas na formação do jovem da geração Y.

Como sugestão decorrente das observações ora consolidadas, reconhece-se a necessidade de ampliar o tamanho da amostra para outras realidades, pois uma variável a ser considerada é que pode existir a influência do clima institucional nas percepções dos respondentes.

37Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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39Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

A CONCEPÇÃO DE HOMEM EM TRAGTENBERG: COMPREENSÃO NECESSÁRIA PARA PROBLEMATIZAR A FELICIDADE NO TRABALHO1

Wagner Rafael Rodrigues2

Rossana Cristini Floriano Jost3

1 Este texto faz parte do projeto Formas de gestão e a felicidade: um estudo sobre a concepção dos trabalhadores de empreendimentos autogestionários e dos gestores de empresa de grande porte, coordenado pela profa. Deise Luiza da Silva Ferraz, que foi coorientadora nesta pesquisa. Profa. Deise é ex-professora PMOD-FAE e atualmente é docente vinculada ao departamento de Ciências Administrativas na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais.

2 Aluno do 2º ano de Filosofia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

3 Doutoranda em Administração de Empresas (Universidade Positivo/PR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade, muito se estudou sobre o ser humano, e diversas são as correntes e visões sobre o homem. Desde os gregos antigos até os dias atuais, intelectuais de várias ciências tomam o homem como objeto de estudo. No entanto, a questão “o que é o homem?” continua a ressoar nas entranhas da história. O ser humano, ao ser estudado, não pode ser tomado como um mero objeto, assim como uma mesa ou cadeira. Ele é um ser complexo e misterioso, não é possível determinar o que ele é, mas o que ele pode vir a ser. Neste sentido, nossa pesquisa abordou o homem como ser social, ou seja, inserido numa época, classe social e cultura.

Os autores que compuseram a pesquisa foram Karl Marx, István Mészaros e Mauricio Tragtenberg. Marx desenvolveu um pensamento voltado ao homem alienado pelo trabalho em uma sociedade em que vigora a exploração e a busca desenfreada pelo lucro. Isto é retratado, principalmente, na obra Os manuscritos econômicos filosóficos, texto em que Marx se dedica a demonstrar quanto o ser humano se tornou alienado.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA40

Mészaros traduziu muito bem as ideias de Marx para o século XX, na obra A teoria da alienação em Marx, e por isso foi um suporte para a pesquisa, pois deslocou a essência do pensamento de Marx sem desconsiderar os problemas e desafios do tempo presente. Tragtenberg, na sua obra Burocracia e ideologia, postulou uma grande reflexão sobre as formas de gestão do capitalismo e seu desenvolvimento histórico.

1 OBJETIVOS

Desta maneira, o problema da pesquisa é: como a concepção ontológica marxiana apresenta-se nas elaborações de Mauricio Tragtenberg e, consequentemente, nas críticas que o autor faz às formas de gestão que embotam o trabalhador?

O objetivo da pesquisa foi analisar o modo como Mauricio Tragtenberg se apropria da concepção ontológica marxiana para elaborar as críticas às formas de gestão que enfraquecem o trabalhador no sociometabolismo do capital.

2 METODOLOGIA

O caráter da pesquisa é de um ensaio teórico. Em vista da complexidade do problema e da riqueza das reflexões dos autores supramencionados, foi difícil realizar uma pesquisa exploratória. Entende-se ensaio teórico, assim como Tragtenberg definiu, “uma interpretação e associação de novas idéias, fundadas em antigos textos” (TRAGTENBERG, 2006, p. 21). A leitura dos textos seguiu os seguintes passos: primeiramente, foi feita uma leitura panorâmica das obras e destaque das principais ideias; num segundo momento, realizou-se a hierarquização das ideias numa leitura mais minuciosa; e, por fim, fez-se uma análise crítica comparativa entre os autores mencionados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para Marx, ao realizar o seu trabalho sob o modo de produção capitalista, o homem aliena-se quanto ao produto do trabalho, pois o perde, o produto do seu trabalho lhe é estranho e hostil, aliena-se no ato da produção, é atividade vital para sua existência e não pertence ao seu ser próprio. Em relação ao seu ser genérico, também se aliena, pois o homem alienado do produto e da atividade produtiva não se vê mais como ser humano, mas como animal, o trabalho aliena seu corpo, sua natureza (essência), toda sua vida humana, não propiciando um desenvolvimento integral. Finalmente, o homem é alienado em relação aos outros homens com os quais não mais convive, pois trava uma constante

41Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

luta. Ao contrário disso, para Marx, o homem deveria se realizar plenamente, pois carrega em si todas as possibilidades para tal realização, transformando-se e a história, sendo a própria história.

Mészaros acrescenta que, no século XX, este processo de alienação se desdobra ainda mais, destituindo o homem da sua dignidade. Ressalta que o trabalho é visto apenas como fato material, e não como agente humano de produção. A FIG. 1 e a FIG. 2 ilustram o processo de alienação. Na primeira, não há alienação. Contudo, na segunda, a alienação é evidente.

FIGURA 1 – Quadro conceitual da teoria da alienação em Marx

FONTE: Mészaros (2009)

H = homem, N = natureza, I = atividade produtiva ou indústria

Num segundo esquema, Mészaros (2009) demonstra como o processo de alienação separa o primeiro esquema.

FIGURA 2 – Quadro conceitual da teoria da alienação em Marx

FONTE: Mészaros (2009)

H = homem, P = propriedade privada, T = trabalho e trabalhador, NA = natureza alienada, IA = indústria alienada

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Na obra Burocracia e ideologia, Tragtenberg retrata o desenvolvimento da teoria administrativa. No primeiro capítulo, reflete sobre as comunidades primitivas, enfocando o modo de produção asiático, no qual preexistiam exploração e submissão do camponês ao chefe. No segundo capítulo, são descritas as teorias administrativas de Saint-Simon a Elton Mayo. Este capítulo foi nosso maior campo de pesquisa, pois Tragtenberg aborda temas como a Revolução Industrial, e nisto ele discute o impacto que esta mudança trouxe, o modo como o trabalhador era tratado e quanto era alienado. Dedica também uma análise a Marx, mostrando uma compatibilidade com o pensamento marxiano. Tragtneberg aborda as teorias microindustriais de Taylor,4 Fayol5 e Mayo6 para ressaltar que o conhecimento administrativo trouxe a ciência para o trabalho não para dar condições melhores para os trabalhadores, mas para organizar melhor o modo de fazer o trabalho e para maximizar os lucros. Nisto reside que os burgueses não priorizam o trabalhador (homem), mas o capital, pressuposto que Marx já enunciara. Em suma, todas as teorias administrativas visam adaptar o homem ao trabalho, em vez de propiciar um desenvolvimento do humano integral, consciente e livre.

Tragtenberg postula uma longa reflexão sobre a crise alemã na virada do século XIX para o XX e sobre a obra de Weber.7 Para nossa pesquisa, esta análise de Tragtenberg sobre Weber demonstrou um dado antropológico interessante, pois retrata a pessoa como um ser parcial, ocultando sua totalidade, substituída por aptidões e capacidades valorizadas pelo sistema, gerando uma coexistência da onipotência do Estado e impotência do indivíduo. No último capítulo, é reforçado que a burocracia está compilada em diversas teorias administrativas, e em todas elas a exploração permaneceu e estruturou-se, ditando a vida dos homens.

A postura de Tragtenberg não é aquela que idolatra Marx, mas dialoga com os desafios de seu tempo, tendo como base as ideias desse pensador, ressignificando-as e reinterpretando-as de acordo com os desafios; no caso de Tragtenberg, o caótico contexto da ditadura militar brasileira.

4 Frederick Winslow Taylor (1856-1915).5 Jules Henri Fayol (1841-1925).6 Georges Elton Mayo (1880-1949).7 Karl Emil Maximilian Weber (1864-1920).

43Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

CONCLUSÕES

O ser humano não é algo que pode ser reduzido simplesmente a mera ferramenta de trabalho, a essência humana é muito mais do que isso. Neste ponto, tanto Marx quanto Tragtenberg estão de comum acordo. Marx aponta que o homem deve resgatar o controle de sua própria vida, libertar-se das masmorras das fábricas e encaminhar-se para ser sujeito de um mundo novo. Tragtenberg, por viver num contexto diferente, e considerando que toda releitura já é uma interpretação, difere um pouco de Marx, pois os problemas e desafios já são outros.

Assim, as propostas de Marx e Tragtenberg discutidas, mesmo a grosso modo, elucidam que o trabalho é importante para a vida humana. Porém não pode escravizar o homem, fazendo dele objeto exclusivo de sua ação. O trabalho deve favorecer um desenvolvimento integral e ser instrumento para a plena realização do humano.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA44

REFERÊNCIAS

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45Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

RELAÇÃO DO ESTRESSE COM O CICLO DE VULNERABILIDADE E SUAS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA NA RELAÇÃO CONJUGAL

Rafaela Alves Bandeira1

Daniele Cristine Nickel2

1 Aluna do 4º ano de Psicologia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Doutora em Engenharia de Produção (UFSC). Coordenadora do curso de Psicologia e professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O início de um relacionamento gera muitas expectativas. O casal se depara com a realidade do convívio, frustrações e desilusões, que podem levar a uma crise no relacionamento, e a forma de o casal se relacionar pode acarretar consequências positivas ou negativas em decorrência do estresse gerado. Diante das dificuldades de entendimento da complexa experiência na relação conjugal, o estresse surge diante desse cenário para que haja sobrevivência e adaptação do indivíduo à relação. A elaboração de estratégias de enfrentamento adequadas em face das situações estressantes e a compreensão das próprias vulnerabilidades podem servir como porta de entrada para a exploração e as mudanças da dinâmica relacional conflituosa do casal.

1 OBJETIVOS

Pretendeu-se, com este estudo, caracterizar os fatores que propiciam o desencadeamento do estresse na relação conjugal, levantar hipóteses do ciclo de vulnerabilidade dos casais e identificar as estratégias de sobrevivência na relação conjugal.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA46

A pesquisa visa à obtenção de um comparativo dos dados coletados, para a contribuição de um maior entendimento da relação do estresse com o ciclo de vulnerabilidade, bem como suas estratégias de sobrevivência na relação conjugal.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caso e a lógica do tratamento dos dados foi qualitativa. Foi utilizada como fonte de coleta entrevista semiestruturada individual com perguntas abertas e fechadas e questionário como material de apoio. Os dados foram coletados durante o mês de maio de 2013, sob assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido com cada participante. Foi aplicada em um casal com união estável há seis anos e frequentadores do Curso de Casais, situado na cidade de Curitiba. A faixa etária de ambos é de 27 anos. Eles serão referenciados como sujeito A, do sexo feminino, e sujeito B, do sexo masculino, para preservar suas identidades. Ambos possuem formação superior completa e são atuantes na área em que se formaram.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 RELAÇÃO DO ESTRESSE COM O CICLO DE VULNERABILIDADE E SUAS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA NA RELAÇÃO CONJUGAL

Situações que exijam mudanças e adaptação na vida do indivíduo são consideradas importantes estressores. Dessa forma, o início de um relacionamento pode ser percebido como estressante. Seyle apud Braz (2010), com sua proposta trifásica dos estágios do estresse, identifica que, no início do relacionamento, o casal encontra-se em estado de alerta, pois o indivíduo tem de se adaptar à mudança. O modo como o casal irá se relacionar pode ter consequências positivas ou negativas em decorrência desse estresse. B há um ano e meio percebe que é preciso melhorar a qualidade do relacionamento, mas não sabe ao certo o que mudou desde o início, apenas relata que as atitudes e a personalidade de A mudaram. Partindo para o segundo estágio do estresse, o casal encontra-se em resistência, quando o organismo já está mais adaptado à situação, e percebe-se a diminuição dos sintomas iniciais, porém ocorrem sensações de desgaste sem causa específica.

No que se refere ao fator comunicação, é evidente o déficit na relação entre A e B. A relata que B não se expressa como deveria, e B fica em silêncio, isolando-se para evitar conflitos. B sente maior necessidade de expressar sua opinião e o que está sentindo.

47Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Quando B se sente irritado com algumas atitudes de A, ele identifica que deveria ser mais direto e falar as coisas para ela, mas evita, por receio de magoá-la. Diante de situações conflituosas, às vezes, fica quieto para evitar confusão, por não gostar de discussões, assim, ele se identifica como flexível. Entende-se que o estresse do matrimônio é encarado de modo diferente entre homens e mulheres, primeiramente pela diferença em relação a gênero. Mulheres são mais analíticas, expressam facilmente seus sentimentos e sentem necessidade de discutir as causas que provocam a crise no relacionamento, talvez pelo fato de serem mais verbais, enquanto os homens tendem a isolar-se e usar da negação, direcionando sua atenção para atividades que se distanciam dos conflitos e voltando-se em grande parte para o aspecto profissional.

Na tentativa de identificar as estratégias de sobrevivência na relação do casal, A cita que o que a deixa irritada com seu cônjuge é a falta de atenção, incapacidade de dizer não e a falta de romantismo. Para B, incomoda a desorganização de A e a falta de força de vontade para conseguir determinadas coisas. Das qualidades que admiram um no outro, A considera B amoroso, determinado e ético, B considera A atenciosa, carinhosa e companheira.

CONCLUSÕES

Este estudo constatou a possibilidade de relacionar o estresse com o ciclo de vulnerabilidade e suas estratégias de sobrevivência na relação conjugal. Também pretendeu levantar hipóteses das vulnerabilidades e estratégias de sobrevivência na relação entre um casal a partir do levantamento de dados obtidos de um estudo de caso. Entretanto, o estudo é limitado, é possível apenas identificar hipóteses para a interpretação do problema de pesquisa. Assim, sugere-se um aprofundamento do estudo mediante intervenção terapêutica, pois o terapeuta permite a mediação na comunicação e contribui para o entendimento global da relação conjugal.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA48

REFERÊNCIAS

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49Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ATIVOS INTANGÍVEIS NA ÓTICA CONTÁBIL

Lilian Mocelin Biora1

Admir Roque Teló2

1 Aluna do 4º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Contador. Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

As mudanças relacionadas à revolução tecnológica e o crescimento contínuo da sociedade do conhecimento trouxeram novos desafios para a contabilidade. A contabilidade financeira continua a não evidenciar devidamente as condições para o reconhecimento dos ativos intangíveis, tendo em vista que está baseada no princípio de transação.

1 OBJETIVOS

A contabilidade é uma ciência que, por meio de suas técnicas, permite a manutenção e o controle das variações de patrimônio de determinada organização. Essa ciência possui como finalidade a orientação das empresas no exercício de suas funções, a exemplo do controle patrimonial de toda e qualquer entidade a fim de propiciar a representação de bens, direitos e outros aspectos essenciais para matéria.

Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2009, p. 102), o estudo do ativo intangível é um capítulo fundamental do estudo da contabilidade.

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Objetiva-se analisar o tratamento dos intangíveis na esfera nacional e pesquisar os mercados (ativos intangíveis nas normas internacionais) e os motivos que levam muitas vezes as empresas a deixar esses ativos fora dos balanços, mesmo eles representando um montante significativo do valor de mercado das organizações.

As contínuas mudanças no cenário mundial nos levam a reavaliar os ativos in-tangíveis no cenário empresarial e a importância deles, quando presentes nos balanços empresariais.

Com os adventos de novas leis e o desenvolvimento da matéria referente aos ativos incorpóreos, é necessário utilizar mecanismos de reconhecimento e contabilização de intangíveis e suas inúmeras vertentes, tendo em vista a sua complexidade, talvez uma das maiores da contabilidade (International Accounting Standards Committee (IASC)).

Na sequência, a pesquisa demonstra os mecanismos de reconhecimento e contabilização de intangíveis amplamente utilizados e, finalmente, se estes podem ser considerados riqueza patrimonial.

Está explícita a progressiva necessidade de mensuração e gerenciamento dos bens imateriais, incluindo a riqueza do conhecimento, e, dessa evidente necessidade, responderemos ao principal problema da pesquisa, que trata dos bens intangíveis e sua propriedade como riqueza patrimonial.

2 METODOLOGIA

A pesquisa trata-se de um trabalho descritivo, com o objetivo de conhecer uma realidade sem intervenção. A pesquisa descritiva será baseada em características atuais, coletas de dados.

Foi utilizada base bibliográfica nacional e internacional, referente a estudos anteriores, documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Informações de base de dados de outros pesquisadores serão utilizadas, assim como a efetivação de análises em sites, anotações em fichas, gráficos, formulários etc.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para Hendriksen e Breda (1999, p. 304), a “mensuração é o processo de atribuição de valores monetários significativos a objetos ou eventos associados a uma empresa, e obtidos de modo a permitir agregação (tal como na avaliação total de ativos) ou desagregação, quando exigida em situação especifica”.

51Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Um dos principais objetivos da Lei, além de alterar os dispositivos da Lei nº 6.404/76, visando a atualizá-la ao novo mundo de negócios global, é providenciar maior transparência às atividades empresariais brasileiras.

Os estudos confirmam que esses ativos humanos estão se tornando uma das principais fontes de riqueza das empresas e que, por meio das metodologias, já se pode pensar em mensurá-los e obter em termos quantitativos o valor que possuem nas organizações.

CONCLUSÕES

A pesquisa pretende analisar a importância dos ativos intangíveis. Nesse sentido, a ideia central tratou de evidenciar formas de mensuração por diversos teóricos. O objetivo foi demonstrar que tais ativos podem ser considerados como riqueza patrimonial, assim como o desenvolvimento da questão na legislação local, e as variáveis que influenciam o não lançamento.

O capital intelectual demonstra o verdadeiro potencial existente, e este deve ser reconhecido pela sociedade e considerado nos balanços patrimoniais. Um real valor de mercado compatível com o valor expresso no balanço será, dessa forma, o reconhecimento que deve ser atribuído ao capital intelectual, transformando-se, definitivamente, em um diferencial competitivo pelas empresas inseridas nessa nova ordem econômica mundial.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA52

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53Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

DIVERGÊNCIAS METODOLÓGICAS PARA CÁLCULO DAS DETERMINANTES DO CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM)

Djeice Queli Bertoto1

Richer de Andrade Matos2

1 Aluna do 4º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Mestre em Organizações e Desenvolvimento (FAE Centro Universitário). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A efetivação de um investimento acarreta, invariavelmente, a incidência de determinado nível de risco ao investidor. Para investimentos com elevado nível de risco, o retorno esperado pelo acionista é maior. Ou seja, quanto maior a percepção de risco do negócio, maior tende a ser o retorno desejado pelo investidor. Entre os modelos mais conhecido para tal finalidade está o Capital Asset Pricing Model (CAPM), o qual é calculado a partir de uma taxa remuneratória de um ativo livre de risco, acrescida de um prêmio por risco.

Um amplo debate sobre a real efetividade dos modelos de risco e retorno tem sido realizado nas últimas décadas, conforme aponta Damodaran (2004); o mais adotado é o CAPM. Segundo Brigham, Ehrhardt e Gapenski (2001), esse modelo foi desenvolvido pelos professores Harry Markowitz e William F. Sharpe.

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O modelo tradicional do CAPM é dado pela seguinte equação:

(01)

Kp: Retorno esperado (custo de capital próprio)

KRf: Taxa de um ativo livre de risco

Km: Retorno esperado do mercado acionário

ß: Coeficiente beta da variação dos preços de ações da empresa (ou setor) em relação ao mercado

Ressalta-se também que é possível a adição de prêmios de risco para outras determinantes que não constavam no modelo original. Damodaran (2004) relata a possibilidade da inclusão de um prêmio de risco em que o investidor incorre ao sair de uma economia madura para aquelas em desenvolvimento. Este é o denominado risco soberano, ou seja, o risco ao qual um investidor está exposto em função do ambiente macroeconômico do país no qual o empreendimento se situa. Assim, justifica-se a inclusão de um prêmio extra pelo referido risco.

Com isso, a fórmula que contempla a inclusão do prêmio por risco soberano pode ser escrita conforme a equação a seguir:

(02)

Rp: Prêmio de risco-país

Verifica-se, assim, que as determinantes do CAPM são originadas em fundamentos estatísticos.

Segundo Assaf Neto (2009), o custo de capital próprio revela o retorno desejado pelos acionistas de uma empresa em suas decisões de aplicação de capital próprio, este constitui o segmento mais complexo das finanças corporativas, assumindo diversas hipóteses a abstrações teóricas em seus cálculos.

Entretanto, embora a conceituação seja relativamente simples, leituras preliminares identificaram que não há consenso entre autores acerca dos prêmios a serem adotados para aplicação do modelo, sendo esta a problemática do estudo.

55Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

1 OBJETIVOS

O objetivo geral do artigo é verificar a existência de divergências na adoção da metodologia do modelo CAPM quanto à forma de obtenção dos prêmios requeridos para o cálculo.

Por objetivos específicos, ter-se-á:

a) Compreender o cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) e suas aplicações;

b) Apresentar o cálculo do custo de capital próprio via modelo CAPM;

c) Identificar as recomendações das literaturas acadêmicas e técnicas quanto à obtenção dos prêmios a serem utilizados no cálculo do custo de capital próprio pelo modelo CAPM.

2 METODOLOGIA

Para efetivar o estudo, opta-se pela realização de revisão bibliográfica e pesquisa documental. A pesquisa bibliográfica contempla uma amostra composta por autores acadêmicos vinculados à área de finanças, cujas obras se encontram disponíveis na biblioteca da FAE Centro Universitário, Campus Centro, Prédio I.

Adotam-se também investigações em notas técnicas emitidas por agências reguladoras, empresas e instituições de ensino. A opção por pesquisar tais documentos justifica-se pelo fato de as agências reguladoras mais tradicionais do país utilizarem o modelo CAPM como fonte de obtenção do custo de capital próprio para então calcularem o WACC, que, por sua vez, é utilizado como metodologia para obtenção da taxa de retorno a ser auferida pelas concessionárias regidas pelas respectivas agências. Tais investigações caracterizam a pesquisa documental.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A metodologia empregada permitiu constatar que, embora a fórmula de cálculo do CPAM esteja definida, nem sempre há convergência entre autores no que tange à forma de obtenção dos valores a serem utilizados para as determinantes do modelo.

A amostra pesquisada, composta por autores consagrados nas áreas de finanças e análise de investimentos, bem como notas técnicas de agências reguladoras, empresas e instituições de ensino, evidenciou a ocorrência de recomendações distintas para praticamente todas as determinantes contempladas pelo cálculo, sendo estas motivadas basicamente pelo tamanho da série histórica recomendada por cada autor.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA56

CONCLUSÕES

Dada a constatação de divergências entre os autores, a adoção do modelo CAPM em análise de investimentos deve ser fundamentada sempre em determinado autor, o qual deve ser referenciado na realização da atividade, haja vista a possibilidade de contestação por parte de outros profissionais.

Por fim, propõe-se a realização de estudos futuros que, com o auxílio de instrumentais estatísticos, permitam aferir quais as recomendações mais pertinentes.

57Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

REFERÊNCIAS

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59Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

O CONTEXTO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ECONOMISTA E A FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Rodrigo Marcial Ledra Ribeiro1

Heloísa de Puppi e Silva2

1 Aluno do 3º ano de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutoranda em Tecnologia e Desenvolvimento pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Há uma tendência constante de declínio das matrículas no curso de Ciências Econômicas no ensino superior brasileiro. Conforme o GRÁF. 1, o número de matrículas no curso de ensino superior presencial de Ciências Econômicas tem diminuído desde 1999 (VALTL, 2012). Dados do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que, em 1999, o curso tinha 65.975 alunos e, em 2010, 50.440 alunos. Trata-se de uma queda de 24%. Em 1997, o curso de Ciências Econômicas compunha 3,39% do corpo total de estudantes do Brasil e, em 2010, somente 0,93% (VALTL, 2012).

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA60

70.000

65.000

60.000

55.000

50.000

45.000

4.00%

3.50%

3.00%

2.50%

2.00%

1.50%

1.00%

0.50%

0.00%1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Número de alunos matriculados no curso de Ciências Econômicas

Porcentagem do número total de alunos no Brasil

GRÁFICO 1 – Número de matrículas no curso superior presencial de Economia e porcentagem do total de alunos matriculados em todos os cursos no Brasil – 1997-2010

O GRÁF. 2 mostra que, ao contrário de Ciências Econômicas, os cursos de Administração (com exceção em 2009), Engenharia, Ciências Contábeis e Negócios Internacionais têm crescido nos últimos anos. O estudo de Valtl (2012, p. 38) apontou que as instituições no resto do mundo passam pelo mesmo processo. O fato de que nenhum economista pôde prever a crise financeira contribuiu para a discussão de que o curso de Ciências Econômicas encaixa-se em um ramo muito teórico e que os modelos ensinados não podem ser aplicados à realidade (EIMER, 2011 apud VALTL, 2012). Segundo o autor alemão Eimer (2010 apud VALTL, 2012), o curso só ganhará popularidade quando incorporar matérias interdisciplinares e o foco teórico for encadeado à realidade.

GRÁFICO 2 – Número de matrículas do curso de Ciências Econômicas em comparação com outros cursos principais do Brasil – 2000-2010

FONTE: Valtl (2012)

FONTE: Valtl (2012)

Ciências Econômicas

Administração

Engenharia

Ciências Contábeis

Negócios Internacionais

61Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Como problema de pesquisa, adota-se: qual é o contexto da formação do profissional economista?

1 OBJETIVOS

Para responder a essa pergunta, firma-se o objetivo de levantar a problemática do contexto da formação do profissional economista.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa predominantemente exploratória, de método dedutivo e cunho qualitativo. O estudo desdobra-se na breve abordagem da história da ciência e da Filosofia da Ciência, mostrando os limites das especificidades das áreas do conhecimento e a multidisciplinaridade; na breve descrição dos problemas e dos anseios da vida em sociedade, diante da sustentabilidade, relacionando-os aos impasses mundiais da crise e aos demais temas de interesse e discussão multidisciplinar; no levantamento das potencialidades e das fragilidades do profissional economista, a partir de sua percepção, da dos órgãos de classe, de estudantes de ensino médio e de organizações públicas e privadas; e na apresentação dos elementos fundamentais de lógica do pensamento econômico. Por fim, busca-se relacionar o contexto da atuação profissional, dado pela ciência e pelos anseios da sociedade, e a formação do economista.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Edgar Morin (2005) caracteriza e critica o paradigma filosófico construído a partir da lógica cartesiana. O paradigma da simplificação acarreta uma inteligência cega e busca, portanto, uma ciência unida a partir da transdisciplinariedade, de uma realidade multidimensional, e o pensamento complexo. Segundo Japiassú (1976, p. 73), multidisciplinar é uma “gama de disciplinas que propomos simultaneamente, mas sem fazer aparecer as relações que podem existir entre elas”. Sachs (2007), visando sanar essa dificuldade das ciências econômicas (enquanto ferramenta limitada de compreensão da realidade), apresenta uma nova perspectiva sobre os fins da Economia. O desenvolvimento que, segundo o autor, era considerado somente em termos econômicos de crescimento do PIB deve ser entendido como pluridimensional. Segundo Sachs (2007, p. 352), a caracterização de desenvolvimento, hoje, além do sentido econômico, dá relevância a aspectos sociais, culturais, de sua naturalidade política, de sua viabilidade (sustentabilidade) e, por fim, de sua humanidade. O QUADRO 1 mostra, resumidamente, o conjunto de instrumentos variados entre teorias, modelos e lógicas de formação para a atuação

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA62

profissional do economista. Destaca-se a impossibilidade de elaboração de uma lista conclusiva, dada a versatilidade do campo de atuação profissional que exige a criatividade do economista. Os instrumentos do economista são as leis, as teorias, e as ferramentas para a operacionalização da base lógica com métodos quantitativos e análises qualitativas em prol do objetivo de levar informação à tomada de decisão.

QUADRO 1 – Leis, teorias e lógicas pertinentes ao economista

LEIS TEORIAS OUTRAS LÓGICAS

Lei dos rendimentos decrescentes Teoria da competitividade Curto e longo prazo

Lei dos custos crescentes Teoria da informação Conjuntura e estrutura

Lei da utilidade marginal decrescente

Teoria da decisão Cenários

Fluxo circular da renda Teoria das restrições Otimização

Fronteira de possibilidade de produção

Teoria da utilidadeEficiência produtiva e eficácia alocativa

Curva de aprendizagem Teoria dos jogos Distribuição e equidade

Custo de oportunidade Teoria institucionalista ...

... ... ...

FONTE: Os autores (2012)

Com base nos estudos de Kraus (2012) e Valtl (2012), é possível afirmar que há um desconhecimento da sociedade em relação ao papel do profissional economista, seja em organizações públicas, privadas ou diante de alunos de ensino médio. “O profissional economista é reduzido para determinados conhecimentos e qualificações que ele obtém durante sua formação, isto significa que existe um forte ‘desaproveitamento cultural’ da formação” (KRAUS, 2012, p. 44).

63Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

CONCLUSÕES

Este estudo procurou elucidar e sistematizar o que se fala sobre a atuação profissional e a formação do profissional economista no cotidiano. As discussões encadeadas por este estudo já tiveram similares em períodos anteriores. Por exemplo, Goldelier (196-), em Racionalidade e irracionalidade na economia, faz uma discussão teórica e conceitual aprofundada sobre o objeto de estudo do economista, os limites filosóficos e epistemológicos da discussão sobre a ciência econômica e, de acordo com o contexto da época, discute também a teoria econômica e sua capacidade de compreender e solucionar problemas relativos aos sistemas econômicos. Resumidamente e de acordo com Alves (2013), o economista é um profissional versátil, porque é formado para as múltiplas formas de atuação na organização da produção e trabalho da sociedade, que deve considerar como fator determinante de sua competitividade a multidisciplinaridade e o constante exercício de experimentos em seus laboratórios (formação teórico-prático). Contudo, conclui-se que, dada a complexidade dos fenômenos sociais, o economista não pode estar isolado das contribuições das demais áreas do conhecimento. Deve ser capaz de recepcionar e aplicar informações obtidas por modelos que escapam de sua ciência para encontrar análises as mais próximas possíveis do atual anseio social: a sustentabilidade. Sem abandonar o stricto sensu da ciência econômica, o economista precisa se relacionar com as demais áreas do conhecimento e pensar como operacionalizará o volume de informações geradas por elas para melhorar o processo de decisão da sociedade em prol da sustentabilidade.

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REFERÊNCIAS

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67Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

TERCEIRIZAÇÃO: IMPLICAÇÕES SOBRE OS SETORES ELÉTRICO E AUTOMOTIVO BRASILEIROS

Cristiano Vinícius Ferreira1

Liana Maria da Frota Carleial2

Lafaiete Santos Neves3

1 Economista, graduado pela FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Doutora em Economia (USP). Professora titular da UFPR. Pesquisadora do CNPq. E-mail: [email protected].

3 Doutor em Desenvolvimento Econômico (UFPR). Coordenador do Grupo de Estudos Ruy Mauro Marini (GERMMARINI) CNPq/UTFPR. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A terceirização da força de trabalho no Brasil vem se intensificando mesmo num contexto econômico positivo de crescimento dos investimentos, do produto e dos empregos formais. Essa prática ocorre nos setores privado e público e, do ponto de vista jurídico, desvirtua a conceituação e a identificação do empregador, uma vez que promove a presença de um intermediário entre o trabalhador e a firma que recebe a prestação do serviço.

Existem razões técnicas que favorecem o uso da terceirização, mas, em larga medida, ela é utilizada como um recurso de redução de custos cujos impactos são sofridos pelos trabalhadores, por receberem menores salários, cumprirem jornadas de trabalho mais longas, suportarem práticas discriminatórias, comparativamente ao quadro efetivo das empresas, e ficarem ainda submetidos a acidentes e maiores riscos no trabalho.

Esse é o caso dos setores elétrico e automotivo no Brasil e tais características, apresentadas anteriormente, justificam a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre a terceirização nesses setores. Se existe este parâmetro negativo no mercado, nas condições e na segurança do trabalho, devem-se buscar explicações para estas evidências, valorizando a vida humana, e não tratando-a com insignificância.

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O problema está entranhado nas lacunas deixadas pela lei que regula os setores elétrico e automotivo e pela falta de uma legislação específica para a prática da terceirização. Portanto, como reverter a tendência de precarização do trabalho no setor elétrico quando o governo federal é conivente com a degradação das condições e com a informalidade do mercado de trabalho?

A hipótese a ser trabalhada supõe que o atual modelo de regulação tende a piorar a situação dos trabalhadores dos setores automotivo e elétrico. Essa hipótese se apoia na contradição entre a realidade dos setores com relação à Súmula nº 311 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), sobre a legalidade em contrato de prestação de serviços: “I – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador de serviços, salvo no caso de trabalho temporário” (TST, Súmula nº 331, 2003).

Justifica-se a pesquisa a partir do entendimento de que, devido aos novos rumos econômicos internacionais e à necessidade de o Brasil entrar em sinergia com esses rumos, houve uma crescente demanda por produtividade, qualidade e menores custos de produção. A terceirização corresponde a esta necessidade, entretanto, a prática está sendo usada de forma inadequada e, assim, entrava o país no subdesenvolvimento, pois é baseada na exploração do trabalhador.

1 OBJETIVOS

O objetivo geral deste artigo é apresentar e discutir a prática da terceirização nos setores elétrico e automotivo brasileiros. Os objetivos específicos necessários para criar a sustentação do artigo são:

a) Entender, a partir da teoria, a flexibilização dos fatores produtivos e separar uma seção para sua apresentação. Procura-se introduzir os conceitos obtidos segundo estudos bibliográficos, para explicar a precarização do trabalho que ocorre nos setores elétrico e automotivo.

b) Evidenciar detalhes da terceirização no setor elétrico, assim como aspectos jurídicos e sobre a forma de regulação que incita a subcontratação.

c) Apresentar o processo de terceirização no setor automotivo, esclarecendo o modelo produtivo e a regulação que incentiva a terceirização; evidenciar a precarização do trabalho no setor automotivo, segundo aspectos da subjetividade do trabalhador.

Cada objetivo será transformado em uma seção, que contribuirá para a formação das considerações finais.

69Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

2 METODOLOGIA

A metodologia usada contempla tanto o método exploratório como o bibliográfico. Na análise, são observados dados secundários, modelo de regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), teoria sobre sistemas de firmas-rede, precarização do trabalho, terceirização e organização produtiva do setor automotivo. O modelo analítico usado é de economia política, pois pressupõe análise da realidade numa perspectiva crítica, sempre desconfiando da aparência dos fenômenos.

O modelo de análise consiste em adquirir conceitos sobre a flexibilização dos fatores produtivos, verificar em que contexto acontece a terceirização do fator mão de obra nas empresas dos setores elétrico e automotivo, apresentar as características de cada setor, assim como o modelo de regulação de aspectos jurídicos, além das formas de precarização do trabalho. Esse sistema ou fluxo de análise auxiliará na formação das considerações finais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A flexibilização do processo produtivo, em especial a terceirização dos setores tratados nesta pesquisa, mostrou-se comum apesar dos seus impactos negativos, principalmente, no mercado de trabalho.

Isso causa uma série de transtornos morais para os trabalhadores terceirizados, pois exercem funções equivalentes ou semelhantes, mas são postos de lado, não só em condições precárias de renda e emprego, mas em questões psicológicas. Seria a engenharia capitalista aumentando o grau de dominação sobre o trabalhador e obviamente aumentando a exploração sobre ele.

O que se observou no setor elétrico foi uma ascensão da prática da terceirização entre 2005 e 2006. Atualmente, existem 108.055 empregados efetivos nas empresas que compõem geração, transmissão e distribuição do setor elétrico e 137.525 subcontratados nestas atividades (FUNDAÇÃO COGE, 2011).

O aumento da terceirização acontece em meio à necessidade de redução dos preços que compõem a tarifa de energia. É a forma mais viável de reduzi-la sem alterar as margens de lucro do setor. O problema é que o incentivo por redução de custos, sem fiscalização, é dado pela agência reguladora do setor, quando exige que a concessionária se adéque ao valor reduzido da tarifa.

Em 2011, foram 79 acidentes fatais no setor elétrico, destes, 61 aconteceram nas empresas terceirizadas. Detalhando este número de acidentes das empresas subcontratadas por atividade, verifica-se que 53 aconteceram na atividade de distribuição de energia

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elétrica. Ainda sob a mesma base de dados, se investigados os 309 acidentes fatais de trabalho entre a população em 2011, verifica-se que 300 acidentes aconteceram na atividade de distribuição de energia, quase uma morte por dia em 2011 entre trabalhadores contratados e próprios (FUNDAÇÃO COGE, 2011).

O setor automotivo evidenciou que uma economia puxada pelo consumo, organização produtiva com formato de firmas-rede, aliada à fragmentação produtiva das montadoras, avanço da microeletrônica e, por fim, modelo de regulação baseado em normas ISO, que formam um padrão internacional de qualidade, mas que não necessariamente geram melhores condições de trabalho, são fatos que incitam a subcontratação nesse setor.

O fato de a regulação acontecer em meio a padrões internacionais de qualidade irá obedecer às maiores regras do capitalismo atual: maior produtividade, menores custos, resultando em empresa competitiva internacionalmente. É a transição dos modelos fordista e taylorista para o toyotismo, assim, as empresas devem ter os custos mais flexíveis do mercado, mesmo à custa do trabalhador.

Por ser setor privado, a subcontratação implicou maiores danos a elementos subjetivos, envolvendo a essência do trabalhador como ser humano. Também é abalada a autoestima, motivação, há a invasão das características individuais do trabalhador, falta de reconhecimento como cidadão dentro dos seus deveres e suas obrigações, instabilidade emocional, portanto, a dimensão da precarização do trabalho está além da situação econômica, gera ausência de reconhecimento da sua importância na sociedade (ALVES, 2013).

CONCLUSÕES

A principal consideração a ser feita é quanto à atuação do Estado como agente capaz de mudar essa trajetória do capitalismo, sem ir de encontro a ele. No setor elétrico, o problema está na regulação da Aneel, na questão jurídica que envolve o trabalhador do setor e na contradição entre tarifas de menores custos, mas com incentivos à terceirização.

Para o setor automotivo, a questão se torna um pouco mais delicada, pois se volta para uma questão além de emprego e renda, mas sim de uma dominação implícita nas atitudes dos empresários, que busca desestabilizar elementos psicológicos do trabalhador. A questão de diferenciação é evidente e não foge muito dos problemas observados no setor elétrico, mas cada um segue suas características.

A resposta desta pesquisa é pessimista quanto ao cenário observado, o qual não dá indícios de que mude a perspectiva da terceirização e precarização do mercado de trabalho. É confirmada a hipótese inicial, pois o modelo de regulação dos setores acaba incitando a adoção da prática de subcontratação.

Definição de atividade-fim, regulação para terceirização e democracia participativa surgem como alternativas de solução para o problema aqui estudado.

71Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

REFERÊNCIAS

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73Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO BRASIL

Gabriel Pietruza1

Thiago André Guimarães2

1 Aluno do 2º ano de Administração Integral – MEP da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Métodos Numéricos em Engenharia (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: thiago.guimarã[email protected].

INTRODUÇÃO

O uso de substâncias psicoativas de forma indevida é tema de proporções internacionais, congregando a articulação de políticas públicas na maioria dos países do mundo. Entre as externalidades negativas decorrentes do consumo dessas substâncias, destacam-se a criminalidade, os acidentes de trânsito e de trabalho, gastos com tratamentos e recuperação, mobilização e campanhas de prevenção, além da própria violação de valores políticos, éticos e culturais.

Analisando o caso brasileiro, verifica-se que, em 2001, 9% da população era dependente de tabaco, enquanto 11,2% eram dependentes de álcool (BRASIL, 2001). No ano de 2005, o consumo de tabaco se elevou, atingindo 10,1% da população, e o consumo de álcool atingiu 12,3% da população no mesmo ano. Nesse período, a população que utilizava maconha variou de 1,0% para 1,2%, a parcela de brasileiros que utilizava solventes para fins alucinógenos registrou queda de 0,8% para 0,2% e a parcela que utilizava benzodiazepínicos caiu de 1,1% para 0,5% (BRASIL, 2010).

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Paralelamente, o Brasil vem modificando sua condição econômica, registrando crescimento e elevação do padrão de vida da população, especialmente das pessoas que possuem renda mais baixa. Conforme apontado pelo Ipea (2011), a década compreendida entre 2001 e 2011 apresentou uma redução de 8,7% no número de habitantes em situação de pobreza extrema, enquanto o índice de Gini, que captura a distribuição de renda no país, recuou de 0,594 para 0,527, representando melhoria de aproximadamente 12% nos estratos distributivos de renda do país, explicada principalmente pelo incremento dos rendimentos do trabalho. A análise destaca ainda que, no período em questão, a renda dos 10% mais pobres cresceu 550% mais que a dos 10% mais ricos. Além disso, há registros de modificação no perfil cultural, social e político da população.

1 OBJETIVOS

Neste contexto de mudanças, à medida que o nível de renda se eleva e sua distribuição converge para maior equidade, o consumo de substâncias psicoativas também apresenta crescimento. Por esse contraste, indaga-se de forma bastante pertinente: quais são os determinantes do consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas? Em que medida o crescimento do nível de renda se associa com a variação no consumo dessas substâncias? Qual a influência das variáveis sociais e culturais neste consumo?

A resposta a esses questionamentos poderá contribuir para a formulação de políticas mais direcionadas para atenuar as já citadas externalidades, pois propicia verificar em termos quantitativos relações de dependência que determinam a demanda por álcool, tabaco e outras substâncias psicoativas no Brasil.

2 METODOLOGIA

Para o cumprimento dos objetivos propostos, o método de pesquisa envolve levantamento bibliográfico, coleta de dados, construção de modelo e análise dos resultados. Dessa forma, a pesquisa pode ser classificada como pesquisa quantitativa e aplicada.

O modelo econométrico foi construído com base em duas esferas de dados, compreendendo o período entre 2001 e 2007. A primeira se refere a variáveis sociais e contempla o número de divórcios e de separações no período para cada 1.000 pessoas com mais de 20 anos de idade. Os dados foram extraídos da base do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A segunda esfera contempla os dados econômicos e envolve uma variável sobre renda, determinada pelos níveis médios de renda mensal, classificados em oito estratos

75Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

crescentes: sem renda (SR); menor que um salário mínimo (R1); entre um e dois salários mínimos (1R2); entre dois e três salários mínimos (2R3); entre três e cinco salários mínimos (3R5); entre cinco e dez salários mínimos (5R10); entre dez e vinte (10R20); por fim, mais de vinte salários mínimos (R20). A segunda variável sobre a renda refere-se ao índice de Gini, que capta a evolução da desigualdade da renda no período considerado. A base de dados utilizada foi do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).

Como proxy para a variável dependente que caracteriza o consumo das substâncias psicoativas, utilizou-se a ponderação entre o número de internações por 100 mil habitantes e o número de óbitos para cada 100 mil habitantes. Os dados foram obtidos do relatório brasileiro sobre drogas, publicado pela Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas.

O modelo foi operado em separado, para cada um dos estratos de rendas supracitados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a operação do modelo econométrico, observou-se que as substâncias psicoativas se comportam como bem normal para a maioria dos extratos, exceto para os estratos 10R20 e 3R5, que contemplam famílias que ganham entre 10 e 20 salários mínimos e famílias que recebem entre 3 e 5 salários mínimos. Esses são estratos de transição entre a classe D e a classe C (3R5) e entre a classe C e a classe B (10R20), demonstrando, portanto, que a transição econômica acaba direcionando o consumo para outros bens. Ficou evidenciado também que a desigualdade de renda interfere diretamente no consumo, da mesma forma que as variáveis sociais.

CONCLUSÕES

O presente estudo analisou em sincronia a evolução recente do nível de renda da população brasileira juntamente às significantes mudanças sociais do país na primeira década dos anos 2000. Tal fato tenderia a uma conclusão equivocada sobre a redução do consumo de substâncias psicoativas no país para o mesmo período de análise. A análise econômica e social sobre os determinantes do consumo dessas substâncias aponta para um aumento da demanda, sustentado prioritariamente pela modificação nos padrões de estrutura familiar e pelo agravamento da desigualdade de renda.

Pauta-se, portanto, a necessidade de formulação de políticas públicas que preservem a estrutura familiar e atenuem a desigualdade de renda, a fim de obter resultados efetivos na redução do consumo de substâncias psicoativas.

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77Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO FAMILIAR: UMA PROPOSTA DE QUESTIONÁRIO

João Bruno Mansor Soares1

Evelin Lucht Lemos2

1 Aluno do 4º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Administração (UFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Conforme a Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE (POF) de 2008-2009, realizada pelo IBGE com o objetivo de disponibilizar informações sobre a composição orçamentária doméstica e sobre as condições de vida da população, famílias com rendimentos até R$ 2.490, que representam quase 70% da população, possuíam despesas maiores que o orçamento familiar. Em complemento a esses dados, segundo o Banco Central (BC) (apud VALENTE, 2013), o índice de endividamento subiu mais 0,2% percentuais, passando para 43,99% em março de 2013. De acordo com o BC, esse índice passou a ser mensurado em 2005, ano em que o endividamento da família era de 18,39% da renda bruta anual. Em maio de 2013, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC) publicou a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), a qual indica que 64,3% das famílias brasileiras se encontram endividadas. Quando em 2011, a mesma CNC fez uma análise da trajetória do endividamento familiar e percebeu que o produto financeiro responsável por maior parte do endividamento foi o cartão de crédito.

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1 OBJETIVOS

Assim, buscou-se como objetivo desta pesquisa consolidar os principais fatores e indicadores que explicam o atual consumo familiar. Para tal, foi preparado um questionário, a partir de pesquisa bibliográfica exploratória, além de outras pesquisas internacionais semelhantes, sobretudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que visa ser uma ferramenta para futuro auxílio a pesquisadores para melhor compreensão do consumo familiar.

2 METODOLOGIA

Para a efetiva realização dos objetivos propostos nesta pesquisa – a preparação do questionário –, foram realizadas pesquisas exploratórias bibliográficas, tendo em vista que tal preparação visou à busca pela obtenção de dados – “mediante contato direto e interativo do pesquisador com o objeto de estudo” (NEVES, 1996). Pressupõe-se uma futura aplicação com os funcionários da FAE, pois a aproximação seria facilitada, uma vez que grande parte das pessoas com o perfil traçado se encaixa na amostra.

A posterior elaboração de um processo de pesquisa quantitativa buscará levantar dados por meio de questionário fechado, para que se apurem ainda mais os questionamentos e se elucide o comportamento dos cidadãos. A partir do momento em que é possível confrontar as premissas teóricas, com a realidade empírica dos entrevistados, abre-se a oportunidade de aprofundarem-se os estudos. Segue-se, então, por meio das entrevistas de uma etapa qualitativa, um complemento, que refina os dados e fortalece a análise.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre as diversas fontes pesquisadas, observa-se principalmente a relação direta entre o endividamento e o grau de conhecimento ou de educação financeira. Por mais complexa que seja a análise, a relação acontece na constante dialética entre os temas: Educação Financeira X Endividamento, que já nos livros extrapolam para o dia a dia das pessoas. Tal relação não se mostrou determinante, mas uma condição sine qua non.

O cuidado do patrimônio ou, em outras palavras, o controle sobre seus ativos e passivos, é permeado de inseguranças e exige maturidade. Para tal, deve-se enxergar a educação financeira como um “instrumento e segurança para a tomada de decisões”. Educação financeira não é sinônimo de ascensão social ou enriquecimento, mas sim a

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base para o equilíbrio na chamada “vida financeira” (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 21). De acordo com a OCDE (2005 apud SAITO, 2007, p. 20):

A educação financeira é o processo em que os indivíduos melhoram a sua compreensão sobre os produtos financeiros, seus conceitos e riscos, de maneira que, com informação, e recomendações claras, possam desenvolver habilidades e a confiança necessárias para tomar decisões fundamentadas e seguras, melhorando o seu bem estar.

Por esses motivos, desde as fontes de pesquisa, o objetivo de criação do questionário foi voltado para uma interação teórico-prática, seja do ponto de vista do pesquisador ou do entrevistado.

Desse modo, após explanação e reflexão sobre a urgente necessidade da educação financeira, “ainda incipiente no Brasil” (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 12), buscou-se relacionar tamanha urgência à expansão do crédito. Segundo o BC e a Susep (apud SAITO, 2007, p. 1125), no período entre 2002 e 2006, o total em crédito ofertado às pessoas físicas cresceu 180%, sem mencionar a participação em fundos como o PGBL, o VGBL ou a Previdência, cujo aumento foi de 656%. Uma vez que “o crescimento desorientado do crédito produz a inadimplência” (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007, p. 1224), tal descontrole também pode invadir também esferas profissionais, quando observadas as crescentes iniciativas de empreendedorismo, típicas do brasileiro (TAMOTO, 2013).

Partindo de perspectivas pessoais até o âmbito macroeconômico, a educação financeira influencia a capacidade de dimensionar o impacto sobre as decisões financeiras tomadas (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007, p. 1127). O verdadeiro planejamento pessoal inicia-se quando o “horizonte de planejamento” (Ibid., p. 1124) é estendido e deixa-se de “priorizar o consumo”, preparando o nascimento de uma “cultura de poupança”. Cultura que apenas se ratifica efetivamente quando a população tem acesso a serviços bancários básicos, como a conta-corrente. A pesquisa Ibope (2009) revelou que apenas 51% dos brasileiros possuem conta-corrente (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 36). Enquanto não se concretizar ou não houver uma formalização das estruturas de análise do chamado orçamento pessoal ou familiar, ferramenta básica para a administração das finanças pessoais, não teremos a base do “horizonte de planejamento”, e o consumo será a prioridade.

O orçamento familiar consiste basicamente na identificação de receita e despesas, ou seja, construção de um fluxo de caixa familiar. Segundo Frankenberg (2002), quanto maior o nível de detalhamento do orçamento, mais ele permitirá um controle acurado. Uma conta bancária, independentemente da instituição financeira, é uma ferramenta de grande utilidade parar a construção do orçamento, seja ele individual ou conjunto, familiar.

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Após breve argumentação, buscou-se desconstruir toda e qualquer relação determinante entre planejamento financeiro e ascensão social. Uma analogia um tanto comum, já que a simples clareza do orçamento gera segurança e é uma diferenciação diante dos inúmeros chamados “analfabetos financeiros” (SOARES, 2012).

Por fim, considerando que a educação financeira deve compreender aspectos de planejamento financeiro e, sobretudo, das modalidades de investimento, fez-se uma concisa explanação das mais populares formas ofertadas no mercado, como caderneta de poupança, ações, fundos de investimento, previdência privada, títulos públicos e títulos de capitalização. “As pessoas precisam comportar-se como investidores” (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 21). Diversas são as modalidades de investimento, bem como os horizontes de resultados projetados em cada um deles. Contudo, nota-se que alguns se destacam em popularidade e aceitação, seja pelo baixo risco, pela simplicidade ou até mesmo – pode-se dizer – pelo perfil do brasileiro. Mas a grande verdade está na pequena amostra de investidores se comparada à população brasileira. Se apenas metade da população tem conta bancária (IBOPE, 2009), quão menor não seria o percentual de investidores.

CONCLUSÕES

Os principais fatos aqui elucidados demonstram claramente que, antes de aprofundarmos as causas de uma parcela endividada da população, é preciso compreender quanto ela tem acesso e clareza dessa necessidade de alcançar tal cidadania.

Descobertas como a responsabilidade do Estado e dos agentes financeiros em formar e educar os cidadãos financeiramente, por um princípio constitucional, é certamente uma questão-chave para chegarmos aos pilares dessa situação. O contrassenso que se vive hoje no estímulo ao consumo e aumento de crédito à nova classe C emergente, contra o ideal de um crescimento e desenvolvimento financeiro responsável, saudável da população, é imenso. Sem a educação financeira, devidamente estruturada e fortalecida, essas grandezas tornam-se claramente inversas em proporção. Assim como os teóricos expõem a dialética entre endividamento e educação financeira, a mesma relação aparece na expansão do crédito e no desenvolvimento financeiro responsável dos cidadãos.

Alguns projetos de lei tramitam no Congresso Nacional para incluir oficialmente a educação financeira no currículo escolar nos ensinos fundamental e médio. Desde 2009 eles aguardam para entrar em pauta. Muitas atividades já estão sendo desenvolvidas em algumas realidades específicas de escolar públicas ou privadas.

Como exposto anteriormente, a educação financeira de um cidadão é tão importante quanto a educação básica, ainda mais se considerada a expansão do crédito e das oportunidades no Brasil. Educar financeiramente os cidadãos é transformar as mais

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básicas iniciativas de mercado. É capacitar o empreendedorismo; dividir a responsabilidade estatal de controlar os agentes financeiros e quiçá melhor avaliar o próprio Estado em seus atos; é fortalecer o “consumo sustentável” (CARMONA, 2013). É preciso “falar de educação financeira e uso consciente do dinheiro interligando todo o processo de consumir, pois o dinheiro ‘atravessa’ o ato de consumo” (CARMONA, 2013).

Savoia, Saito e Santana (2007, p. 1133), quando analisam os paradigmas da educação financeira no Brasil, evidenciam: “Não foram encontrados trabalhos que consolidam as informações sobre Educação Financeira. Isso torna este artigo extremamente relevante, já que se trata de uma contribuição institucional para futuras discussões sobre o tema no país”.

Justamente com esse pensamento, encerram-se as exposições, sendo certo que “tais ações são insuficientes para atender a demanda por tais conhecimentos” e, ainda, com esses dados, não se pretende “esgotar os assuntos, mas sim ilustrar uma evolução no país” e, de igual forma, responder, por meio da pesquisa acadêmica, à iniciativa e o esboço de “uma participação constante das instituições de ensino superior no processo de educação financeira” (Ibid., 2007, p. 99).

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85Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ANEXOS

Questionário PAIC - 2013

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO FAMILIAR - UM ESTUDO DE CASO DOS FUNCIONÁRIOS FAESESSÃO 01 - INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO

DATA: _____/_____/_____1.1 QUAL A SUA IDADE?

18-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970+

1.2 SEXO:MASC.FEM.

1.3 ESCOLARIDADE:ENSINO FUNDAMENTALENSINO MÉDIOENSINO SUPERIORPÓS-GRADUADO(A)MESTRADODOUTORADO

1.4 VOCÊ ESTÁ EMPREGADO NO MOMENTO? EM QUAL MODALIDADE DE EMPREGO VOCÊ SE ENQUADRA? JORNADA COMPLETA - 40 HORAS SEMANAIS OU MAIS MEIO PERÍODO - MENOS DE 40 HORAS SEMANAIS AUTÔNOMO(A) INFORMAL NÃO ESTOU TRABALHANDO NO MOMENTO NDA

1.5 VOCÊ POSSUI EMPRESA OU É EMPREGADO? SOU EMPREGADO(A) DE UMA EMPRESA SOU AUTÔNOMO(A)POSSUO UMA EMPRESA POSSUO UMA EMPRESA NDA

1.6 QUAL DAS DESCRIÇÕES ABAIXO MELHOR DESCREVE SUA SITUAÇÃO ATUAL: ESTOU EMPREGADO(A) ESTOU DESEMPREGADO(A) SOU ESTUDANTE ESTOU APOSENTADO(A) NÃO TRABALHO FORMALMENTE, REALIZO AS ATIVIDADES DOMÉSTICAS (DO LAR)

1.7 CONDIÇÃO DE MORADIA: CASA PRÓPRIA ALUGADA CASA DE PARENTE (PAI, MÃE, SOGRA, SOGRO, AVÓS, OUTROS) DIVIDINDO O ALUGUEL COM AMIGO(AS) REPÚBLICA ESTUDANTIL OUTROS

1.8 QUANTAS PESSOAS MORAM NA SUA CASA? MORO SOZINHO(A) 2 3 4 5+

1.9 VOCÊ POSSUI CARRO PRÓPRIO? SE SIM, QUANTOS? NÃO 1 2 3 4 5+

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SESSÃO 02 - EDUCAÇÃO FINANCEIRACONHECIMENTO DOS PRODUTOS BANCÁRIOS

2.1 MARQUE QUAIS DOS PRODUTOS BANCÁRIOS ABAIXO VOCÊ TEM CONHECIMENTO (MúLTIPLA ESCOLHA):POUPANÇAPREVIDÊNCIA PRIVADA / VGBL / PGBLCONSÓRCIOFUNDOS DE RENDA FIXAFUNDO DE RENDA VARIÁVELAÇÕESOPÇÕESTÍTULOS DO GOVERNOLCA / LCISEGUROSCRÉDITO CONSIGNADODERIVATIVOSDEBÊNTURESTÍTULO DE CAPITALIZAÇÃOCHEQUECHEQUE ESPECIALCRÉDITO PESSOALLEASINGCARTÃO DE CRÉDITOCARTÃO DE DÉBITOCONTA CORRENTEINTERNET BANKINGBOLETOTED / DOC / DÉBITO AUTOMÁTICOOUTROS

2.2 VOCÊ POSSUI CONTA BANCÁRIA? EM QUANTOS BANCOS?NÃO POSSUOSIM, 1SIM, 2SIM, 3SIM, MAIS DE 3

2.3 VOCÊ POSSUI CONTA EM CORRETORAS?SIMNÃO

2.4 VOCÊ CONHECE AS TAXAS E ENCARGOS DOS SERVIÇOS BANCÁRIOS QUE VOCÊ NORMALMENTE UTILIZA?SIMNÃOALGUMAS

2.5 A TAXA BÁSICA DE JUROS DA ECONOMIA (SELIC) ESTÁ FIXADA ENTRE QUAIS VALORES ATUALMENTE?ENTRE 3 E 5%5,1 E 7%7,1 E 8,5%8,6 E 10%NÃO SEI

2.6 COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ CONSULTA A SUA CONTA BANCÁRIA?TODOS OS DIAS3X SEMANA1X SEMANA2X MÊS1X MÊSAPENAS SACO TUDO E NÃO FAÇO CONSULTASNÃO TENHO O HÁBITO DE CONSULTAR

2.7 COMO VOCÊ APRENDEU A LIDAR COM O BANCO E SEUS SERVIÇOS?AINDA NÃO SEINA PRÁTICAESCOLAFACULDADEOUTROSAUTODIDATA (LIVROS, SITES, MANUAIS...)

2.8 VOCÊ SE SENTE SEGURO COM AS INFORMAÇÕES QUE O BANCO OFERECE, AO MOVIMENTAR SEU DINHEIRO (TAXAS DE C. CRÉDITO, MENSALIDADES, ANUIDADES, APLICAÇÕES, INVESTIMENTOS ETC.)?

1 - INSEGURO2 - POUCO INSEGURO3 - INDIFERENTE

4 - POUCO SEGURO

5 - MUITO SEGURO

87Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

2.9 NOS úLTIMOS 5 ANOS, QUAIS FONTES DE INFORMAÇÃO VOCÊ UTILIZOU PARA APRIMORAR SEUS CONHECIMENTOS SOBRE FINANÇAS PESSOAIS? REVISTAS FINANCEIRAS LIVROS E IMPRESSOS SITES DE FINANÇAS NA INTRANET SEMINÁRIOS PUBLICAÇÕES DA INDÚSTRIA FINANCEIRA PUBLICAÇÕES DO GOVERNO (BACEN, AGENDA 21, SEBRAE...) PUBLICAÇÕES DE CORRETORAS PUBLICAÇÕES DE CONSELHOS, SINDICATOS AMIGOS PARENTES PROFESSORES CURSOS ESPECÍFICOS

2.10 VOCÊ GOSTARIA DE RECEBER AUXÍLIO PARA FAZER / ORGANIZAR SEU ORÇAMENTO PESSOAL?SIMNÃO

2.11 SE UMA PESSOA GASTA R$ 13,00 DE ALMOÇO E R$ 8,00 NO DIA SEGUINTE, QUANTO ELA GASTOU NOS DOIS DIAS?19,0020,0021,0022,00NÃO SEI

2.12 SE UMA PESSOA PAGA POR UM MICROONDAS R$ 165,00 COM 4 NOTAS DE R$ 50,00 QUANTO DE TROCO ELA VAI RECEBER?30,0035,0040,0045,00NÃO SEI

2.13 SE VINTE JOGADORES GANHAM, CADA UM, UM PRÊMIO DE R$ 350,00, QUAL O MONTANTE TOTAL PAGO A ELES?3.500,005.000,007.000,00

10.000,00NÃO SEI

2.14 SE UM PRÊMIO DA LOTERIA, DE R$ 18.000,00, É DIVIDIDO IGUALMENTE ENTRE 6 PESSOAS, QUANTO CADA PESSOAS RECEBE?2.500,003.000,004.000,006.000,00NÃO SEI

2.15 AO INVESTIR R$ 300,00 EM UM FUNDO DE RENDA FIXA COM JUROS DE 5% ANO ANO, AO FINAL DE 5 ANOS, QUAL SERÁ O MONTANTE INVESTIDO?300,00315,00325,00383,00NÃO SEI

2.16 IMAGINE QUE VOCÊ TEM UMA DÍVIDA DE R$ 200,00, COM JUROS PRÉ-FIXADOS EM 2% AO MÊS, PORÉM, VOCÊ NÃO CONSEGUIU QUITÁ-LA NOS DOIS OPRIMEIROS MESES. QUAL O VALOR ACUMULADO NO FINAL DO 3º MÊS? 200,00205,00208,00MAIS QUE 210,00NÃO SEI

2.17 O QUE VOCÊ PREFERE?R$ 1.000,00 NA POUPANÇAR$ 1.000,00 EM UM FUNDO DE RENDA FIXA, PRÉ-FIXADA EM 5% a.a.

2.18 VOCÊ GOSTARIA DE FAZER UM CURSO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA E FINANÇAS PESSOAIS?SIMNÃO

3.500,00 5.000,00 7.000,00

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SESSÃO 03 - ENDIVIDAMENTO3.1 QUAL A SUA RENDA PESSOAL MENSAL?

ATÉ R$ 830,00 DE 831,00 A 1.245,00 DE 1.246,00 A 2.490,00 DE 2.491,00 A 4.150,00 DE 4.151,00 A 6.225,00 DE 6.226,00 A 10.375,00 MAIS DE 10.375,00

3.2 QUAL A SUA RENDA FAMILIAR MENSAL? ATÉ R$ 830,00 DE 831,00 A 1.245,00 DE 1.246,00 A 2.490,00 DE 2.491,00 A 4.150,00 DE 4.151,00 A 6.225,00 DE 6.226,00 A 10.375,00 MAIS DE 10.375,00

3.3 A SUA RENDA É A úNICA DE SUA FAMÍLIA? SIM NÃO NÃO POSSUO DEPENDENTES, MORO SOZINHO

3.4 TODAS AS PESSOAS QUE MORAM EM SUA CASA, E QUE POSSUEM ALGUM RENDIMENTO, TÊM CONTA BANCÁRIA? SIM NÃO MORO SOZINHO

3.5 ABAIXO, ESTÃO LISTADOS ALGUNS LUGARES EM QUE AS PESSOAS COSTUMAM FAZER EMPRÉSTIMOS. EM QUAIS DOS LUGARES ABAIXO VOCÊ PEGOU EMPRÉSTIMO NOS úLTIMOS 12 MESES, PARA QUALQUER MOTIVO?

BANCO COMERCIAL FAMÍLIA OU AMIGOS CRÉDITO CONSIGNADO FINANCEIRAS (LOSANGO, CREFISA...) EMPRESA (FUNDAÇÃO, COOPERATIVAS...) AGIOTA OUTROS NÃO PEGUEI EMPRÉSTIMOS

3.6 NOS úLTIMOS 12 MESES, EM ALGUM MOMENTO, VOCÊ NÃO CONSEGUIU QUITAR SUAS DÍVIDAS? SIM NÃO

3.7 SE SIM, QUAIS FORAM? C. CRÉDITO BOLETOS (ÁGUA / LUZ / TELEFONE / MENSALIDADES...) CARTÃO DE LOJA CREDIÁRIO FINANC DE CARRO FINANC DE CASA ALUGUEL / CONDOMÍNIO OUTROS NENHUMA / QUITEI TODAS AS MINHAS DÍVIDAS

3.8 POR QUAL MOTIVO VOCÊ NÃO CONSEGUIU QUITAR SUAS DÍVIDAS? EMPRESTEI MUITO DINHEIRO GASTEI MAIS DO QUE PODIA NO CARTÃO DE CRÉDITO / DÉBITO / LOJA ALIMENTO DAS TAXAS DE JUROS NÃO ME PLANEJEI CORRETAMENTE PERDI UMA FONTE DE RENDA MEU PARCEIRO(A) OU EU PERDEMOS O EMPREGO GASTO EMERGENCIAL INESPERADO ALGUMA COBRANÇA ALÉM DO ESPERADO DOENÇA NA FAMÍLIA SEPARAÇÃO / DIVÓRCIO CONSUMISMO CONSEGUI QUITAR TODAS MINHAS DÍVIDAS

3.9 VOCÊ SE CONSIDERA UMA PESSOA CONSUMISTA? SIM NÃO

3.10 ATUALMENTE VOCÊ POSSUI ALGUMA DÍVIDA QUE COMPROMETA MAIS DE 50% DA RENDA FAMILIAR?SIMNÃO

89Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

3.11 SE SIM, QUAIS?CASA PRÓPRIAALUGUEL/MORADA (CONDOMÍNIO)CARROEDUCAÇÃOBENS DE CONSUMO (ROUPA, REFRIGERADOR...)BELEZASAÚDE

3.12 QUAL PORCENTAGEM DA SUA RENDA QUE ESTÁ COMPROMETIDA NO MOMENTO?0 A 20%21 A 40%41 A 60%61 A 80%81 A 100%

3.13 EM QUÊ? (MúLTIPLA ESCOLHA)C. CRÉDITOBOLETO (ÁGUA / LUZ / TELEFONE / MENSALIDADES...)CARTÃO DE LOJACREDIÁRIOFINANCIAMENTO DE CARROFINANCIAMENTO DE CASAALUGUEL / CONDOMÍNIOOUTROS

3.14 EM QUANTO TEMPO ESSA DÍVIDA SERÁ QUITADA?MENOS DE 1 ANO2 A 5 ANOS6 A 9 ANOS10 A 15 ANOS16 OU MAISNÃO PENSEI NISSO AINDA

3.15 QUAIS AS MODALIDADES DE PAGAMENTO QUE VOCÊ MAIS UTILIZA?DINHEIROCHEQUEC. CRÉDITOCARTÃO DE LOJASCARTÃO DE DÉBITOCREDIÁRIOINTERNET BANKINGBOLETOTICKETOUTROS

3.16 VOCÊ POSSUI CARTÃO DE CRÉDITO? QUANTAS BANDEIRAS?NÃO.SIM, 1SIM, 2SIM, 3SIM, 4SIM, MAIS DE 4

3.17 CASO POSSUA, COMO VOCÊ EFETUA O PAGAMENTO DAS SUAS FATURAS?NO VENCIMENTOAPENAS O LIMITEANTES DO VENCIMENTOQUANDO POSSODEPENDE DA MINHA SITUAÇÃO NO MOMENTO

3.18 EXISTE ALGUMA MODALIDADE DE PAGAMENTO QUE VOCÊ NÃO USARIA JAMAIS?DINHEIROCHEQUEC. CRÉDITOCARTÃO DE LOJASCARTÃO DE DÉBITOCREDIÁRIOINTERNET BANKINGBOLETOTICKETOUTROS

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SESSÃO 04 - PLANEJAMENTO4.1 QUEM ADMINISTRA A RENDA EM SUA CASA

EU MESMO(A)MEU PARCEIRO(A)EU E MEU PARCEIRO(A) JUNTOSOUTRO MEMBRO DA FAMÍLIANÃO SEI

4.2 MARQUE ABAIXO O QUÃO CONFORTÁVEL VOCÊ SE SENTE COM A SUA RENDA ATUAL: MUITO DESCONFORTÁVEL POUCO DESCONFORTÁVEL INDIFERENTE POUCO CONFORTÁVEL MUITO CONFORTÁVEL

4.3 QUAL DOS ITENS ABAIXO MELHOR DESCREVE COMO VOCÊ GERALMENTE SE SENTE SOBRE A SUA SITUAÇÃO FINANCEIRA ATUAL? FORA DO CONTROLE O TEMPO INTEIRO FORA DO CONTROLE NA MAIOR PARTE DO TEMPO ALTERNANDO ENTRE FORA DO CONTROLE E COM CONTROLE COM CONTROLE A MAIOR PARTE DO TEMPO COM CONTROLE O TEMPO INTEIRO

4.4 VOCÊ POSSUI ALGUMA FERRAMENTA DE CONTROLE ORÇAMENTÁRIO? CADERNETA PLANILHA CELULAR PROGRAMA ESPECÍFICO NÃO POSSUO

4.5 VOCÊ POUPA? SIM NÃO

4.6 COMO?POUPANÇACOFRE EM CASAPREVIDÊNCIA PRIVADACONSÓRCIOFUNDOS DE RENDA FIXAFUNDOS DE RENDA VARIÁVELAÇÕESOPÇÕESTÍTULOS DO GOVERNOLCA / LCIOUTROSATIVOS REAIS (IMÓVEIS, CARROS, AGRONEGÓCIO, EMPREENDIMENTOS, LOJAS ETC.)DERIVATIVOSDEBÊNTURESOPÇÕESOUTROS

4.7 QUAL O OBJETIVO DESSA POUPANÇA? CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO DEIXAR PARA OS HERDEIROS

4.8 PENSANDO NAS FORMAS DE INVESTIMENTO MAIS RECENTES (NOS úLTIMOS 5 ANOS) QUE VOCÊ FEZ USO, QUAL FORMA VOCÊ USOU?POUPANÇACOFRE EM CASAPREVIDÊNCIA PRIVADACONSÓRCIOFUNDOS DE RENDA FIXAFUNDO DE RENDA VARIÁVELAÇÕESTÍTULOS DO GOVERNOLCA / LCIATIVOS REAIS (IMÓVEIS, CARROS, AGRONEGÓCIO, EMPREENDIMENTOS, LOJAS ETC.)DERIVATIVOSOPÇÕESDEBÊNTURESOUTROSNÃO INVESTI

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SEMINÁRIOS PUBLICAÇÕES DA INDÚSTRIA FINANCEIRA PUBLICAÇÕES DO GOVERNO (BACEN, AGENDA 21, SEBRAE...) PUBLICAÇÕES DE CORRETORAS PUBLICAÇÕES DE CONSELHOS, SINDICATOS AMIGOS PARENTES PROFESSORES NÃO CONSULTEI NINGUÉM

4.10 QUAL O OBJETIVO DESSE INVESTIMENTO (MúLTIPLA ESCOLHA)?FLEXIBILIDADEGANHOS DE CAPITAL DE LONGO PRAZODIVERSIFCAÇÃO DE PORTFÓLIOPOUPANÇA PARA O FUTUROGANHOS DE CAPITAL NO CURTO PRAZOABATIMENTO DE IMPOSTOS (IR)FLUXO DE RENDA PARA USO ATUALFLUXO DE TENDA PARA USO FUTUROSEGURNAÇA / BAIXO RISCORETORNONADA EM ESPECIAL

4.11 VOCÊ POSSUI PREVIDÊNCIA PRIVADA?SIMNÃO

4.9 PARA OS SEUS INVESTIMENTOS, NOS úLTIMOS 5 ANOS, QUEM VOCÊ CONSULTOU? REVISTAS FINANCEIRAS LIVROS E IMPRESSOS SITES DE FINANÇAS NA INTERNET

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ANÁLISE DO VALOR ENTREGUE AOS CLIENTES DE EMPRESAS PARANAENSES QUE ADOTAM ESTRATÉGIAS úNICAS E VALIOSAS

Gessika da Silva Avelar1

Carlos Borges Machado2

1 Aluna do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Organizações e Desenvolvimento (FAE Centro Universitário). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O conceito de estratégia empresarial encontra-se um tanto obscuro em algumas organizações atualmente. Em parte, isso ocorre devido ao surgimento de diversas técnicas e métodos para implantação das chamadas “melhores práticas organizacionais”, o que acaba não se constituindo na análise do ambiente da organização e na definição de objetivos e meios para promover o sucesso da empresa.

Outra parte da confusão do que se refere à adoção de estratégias está relacionada ao que algumas empresas fazem ao organizar reuniões com todo o staff, a fim de analisar o ambiente – interno e externo. Isso também não significa que o diagnóstico dos desafios da organização esteja sendo feito da maneira correta. Preencher formulários padronizados ou fazer votações nas quais a maioria é “vencedora” corresponde mais ao cumprimento de protocolos do que ao desenvolvimento de estratégias.

Essas características de elaboração de “planejamentos estratégicos” correspondem ao que Rumelt (2011) chama de “estratégias ruins” ou estratégias do tipo “formulário”. No dia a dia das organizações, é possível perceber que o processo todo é mais voltado a “cumprir tabela” do que efetivamente pensar na vida corporativa, nos seus processos, no seu ambiente e nas implicações decorrentes.

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Neste trabalho, foram adotados os conceitos de estratégia empresarial do autor Michael Porter. Dessa forma, para os propósitos do estudo, considera-se que estratégia é o meio pelo qual a empresa se coloca em vantagem competitiva.

Porter (1996, p. 10) define estratégia como “a criação de uma posição ímpar e valiosa”. De acordo com o autor, dentro de uma indústria, a briga pela mesma posição é uma batalha destrutiva para a empresa e isso gera competição de preços entre os concorrentes, limitando os retornos potenciais. É a vantagem competitiva adquirida por meio da entrega de valor superior ao cliente que possibilitará maior lucratividade (PORTER, 1989). No entanto, para que uma empresa obtenha a sua posição única e valiosa, é preciso fazer análises dos ambientes interno e externo da companhia por meio de técnicas selecionadas.

A matriz SWOT é a técnica mais usual para a análise do ambiente. Com ela, é possível analisar os aspectos internos da organização, correspondendo às suas forças e fraquezas. O aspecto externo diz respeito às oportunidades e ameaças, mas não basta somente o analisar, pois, como resultado da análise, cria-se o planejamento estratégico da organização, que busca canalizar as forças da companhia de acordo com os recursos existentes. Isso é feito para responder aos desafios do ambiente, aproveitando as oportunidades em busca de maior desempenho.

Porter (1999) ressalta que uma estratégia serve para colocar a empresa em bons resultados. Para isso, ela deve estar atenta ao ambiente da indústria e às cinco forças que nela operam: entrantes potenciais, fornecedores, compradores, substitutos e concorrentes, que determinam a intensidade da concorrência e rentabilidade.

As organizações devem buscar oportunidades para que obtenham um desempenho acima da média, a longo prazo, e vantagem competitiva, condição a ser atingida por meio de três estratégias genéricas estabelecidas por Porter (1999). São elas: baixo custo, diferenciação e enfoque. Esta última consiste em atender a um segmento-alvo focando suas necessidades mais específicas.

Para que a empresa obtenha uma posição única e valiosa em seu segmento, deve entregar um valor superior ao cliente. Tal condição surge da oferta de preços menores que os da concorrência, por benefícios similares ou pela diferenciação do produto que fará com que os compradores estejam dispostos a pagar um preço mais alto. No entanto, o valor criado pela empresa nem sempre é percebido pelo comprador. É necessário criar “sinais de valores” para que os compradores percebam o benefício do produto e estejam dispostos a pagar por ele (PORTER, 1989).

No que diz respeito à pequena empresa, constatou-se que suas estratégias mais usuais geralmente assumem a forma de nicho, enquadrando-se na estratégia de enfoque conceituada por Porter (1999). De acordo com Kathalian (2004), esse tipo de estratégia

95Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

apresenta a vocação de um empreendedor, que, por sua vez, possui a vantagem de conhecer os gostos de seus clientes e oferecer a eles especialidades para satisfazê-los.

1 OBJETIVOS

O objetivo do trabalho é verificar se as empresas paranaenses adotam estratégias únicas e valiosas e, dessa forma, entregam aos seus clientes produtos e serviços com um valor superior ao dos seus concorrentes. Para isso, foi realizado um estudo de caso em uma empresa paranaense – o supermercado Mercanosso –, no qual foi avaliado se o contexto observado da organização corresponde ao fenômeno pressuposto.

Para atender ao objetivo geral, foi identificada a estratégia da empresa estudada e, a partir de então, foram observados itens específicos da sua atuação e das expectativas dos seus clientes que poderiam evidenciar a existência da entrega de um valor superior ao disponibilizado por seus concorrentes.

2 METODOLOGIA

Para identificar a forma de atuação do Mercanosso, realizou-se uma entrevista com a proprietária. Ela definiu a estratégia do supermercado como: oferecer mercadorias de acordo com o perfil do cliente, que exige qualidade e paga um preço justo. Segundo a entrevistada, o valor entregue ao cliente é a proximidade decorrente da qualidade do atendimento.

Para analisar a estratégia do supermercado, no que diz respeito à avaliação sobre a organização e se efetivamente se entrega um valor adicional aos seus clientes (nos aspectos que eles julgam mais importantes), foi utilizada a Matriz Importância-Desempenho. Essa metodologia foi concebida por Slack (2009, p. 450-451) e tem como objetivo julgar as prioridades de melhoramentos nas operações, ou seja, nas atividades de realização dos produtos da empresa, avaliando as necessidades e preferências dos clientes, o desempenho e as atividades dos concorrentes.

A intenção, portanto, foi identificar se, ao confrontar essas influências para a operação, uma organização poderá constatar claramente se os seus esforços estão sendo direcionados para aquilo que mais importa aos seus clientes e, nesses mesmos aspectos, se ela tem vantagens em relação ao desempenho de seus concorrentes.

Houve, então, a necessidade de adaptar o método de Slack ao objetivo geral do trabalho, para determinar se as estratégias organizacionais efetivamente constituem posições únicas e valiosas.

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Foram realizadas pesquisas para identificar os aspectos que os clientes consideram mais importantes em um supermercado, de acordo com o que Slack (2009, p. 445) chama de “objetivos de desempenho”: qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo. Após a definição dos aspectos, foram realizadas entrevistas para que as pessoas atribuíssem notas a cada um dos itens (QUADRO 1), segundo o grau de importância. As notas, de acordo com a metodologia, variam de 1 a 9, sendo 1 o item de maior importância e 9 o de menor importância. Em seguida, foram entrevistados os clientes do Mercanosso para que atribuíssem uma nota, a fim de avaliar o desempenho do supermercado em relação aos concorrentes. Novamente de acordo com a metodologia, as notas variaram de 1 a 9, sendo 1 a equivalente ao melhor desempenho e 9 a relacionada ao pior desempenho. As respostas, tanto da avaliação da importância para os clientes quanto para o desempenho com relação aos concorrentes, estão apresentadas no QUADRO 1 a seguir.

QUADRO 1 – Notas para Importância para os Clientes (IC) x Desempenho com relação aos Concorrentes (DC)

Objetivo de Desempenho Item Descrição do item Notas

IC DC

QualidadeA Qualidade dos produtos 2 1

B Qualidade do atendimento 2 1

VelocidadeC Rápido atendimento nos caixas 1 2

D Estrutura/espaço físico 3 2

Confiabilidade

E Limpeza 2 1

F Higiene 1 1

G Organização 2 2

Flexibilidade

H Variedade de produtos 2 2

I Estacionamento 3 2

J Localização 3 1

CustoK Preço 2 2

L Formas de pagamento 4 1

FONTE: Os autores (2013)

Para chegar ao resultado final de cada item, foi calculada a média das notas atribuídas pelos entrevistados. Feitos os ajustes e considerando os resultados relativos à importância para os clientes e ao desempenho do supermercado Mercanosso em relação aos seus concorrentes, foi possível elaborar uma Matriz Importância-Desempenho (FIG. 1).

97Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

FIGURA 1 – Matriz Importância-Desempenho

FONTE: adaptada de Slack (2009), com dados obtidos na pesquisa (2013)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A intenção do estudo, com a apresentação de uma Matriz Importância-Desempenho, foi identificar a coerência entre a estratégia do supermercado Mercanosso e as percepções dos seus clientes quanto aos itens considerados por eles como os mais importantes.

Com a utilização da Matriz Importância-Desempenho, no caso do supermercado Mercanosso, evidenciou-se uma redundância das avaliações, de modo que os itens importantes para os clientes tiveram apenas notas entre 1 e 4. O desempenho do supermercado em relação aos concorrentes também apresentou tal característica, com notas variando entre 1 e 2. Dessa forma, os dados levantados na pesquisa apontam que o supermercado tem o seu desempenho, em todos os itens avaliados e considerando exatamente aqueles que os clientes consideram mais importantes, totalmente na área adequada.

Com os resultados obtidos, é possível identificar que o supermercado teve um desempenho superior ao de seus concorrentes. No entanto, não é possível afirmar que esse desempenho é recorrente apenas em função dos itens “qualidade dos produtos” e “qualidade do atendimento”, pois os outros itens também apresentaram desempenho superior.

Des

empe

nho

em R

elaç

ão a

os C

onco

rren

tes

Importância para os Consumidores

Baixa Alta

Ruim

Bom

Excesso

Adequado

Melhoramento

Ação urgente

L J A,B,E F

D,I G,H,K C

1

2

3

4

5

6

7

8

99 8 7 6 5 4 3 2 1

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA98

CONCLUSÕES

Ao comparar o desempenho do Mercanosso em relação ao de seus concorrentes, no que diz respeito aos aspectos “qualidade dos produtos” e “qualidade do atendimento”, os clientes atribuíram nota 1, demonstrando que reconhecem o benefício oferecido pelo supermercado e o avaliaram como melhor nesses dois itens. A estratégia do supermercado, portanto, constitui-se na entrega de um valor adicional aos seus clientes.

O resultado da pesquisa foi satisfatório, pois possibilitou a realização da avaliação da empresa pesquisada – o Supermercado Mercanosso – e validou a utilização da Matriz Importância-Desempenho como instrumento de avaliação de estratégias organizacionais e das percepções dos clientes. Sugere-se, contudo, que, no futuro, estudos semelhantes sejam conduzidos como forma de verificar a pertinência, adequação e eficácia do método.

99Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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101Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

MODELO DE DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL RUMO À CONSULTORIA

Giuliana Giovanna dos Santos Carvalho1

Joslaine Chemim Duarte2

1 Aluna do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Engenharia da Produção (UFSC). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios do administrador do século XXI consiste em fazer com que as organizações se mantenham e também obtenham posição de destaque no mercado global e competitivo. Muitos são os esforços empregados diante da grande competitividade existente e ter um embasamento teórico para a tomada de decisão é de extrema importância para a sobrevivência e o estabelecimento das organizações. O diagnóstico organizacional refere-se à etapa inicial de um projeto de consultoria e consiste em coletar dados, transformá-los em informações úteis sobre a organização de maneira que possam contribuir nas decisões.

De acordo com Newman e Warren (1980), o diagnóstico organizacional é um processo de verificação temporal e espacial que visa analisar a empresa ou determinado processo como um todo; especificar desvios de desempenho; analisar condições internas e externas, ou seja, diagnosticar sintomas de procedimentos não adequados ou que poderiam estar mais delineados com as necessidades da organização.

Cavalcanti e Mello (1981, p. 14) observaram que:

[...] através do diagnóstico organizacional, o empresário tomará conhecimento das dimensões essenciais mínimas de investimento, mercado, recursos humanos e materiais, e de um conjunto de restrições que podemos denominar massa crítica que assegurarão a sobrevivência de sua empresa, revendo o desempenho de áreas de importância fundamental.

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Tem-se o diagnóstico organizacional como forma de suporte para a verificação de possíveis falhas, suas correções e utilização para a tomada de decisão que conduza à eficiência e eficácia. Algumas organizações utilizam empresas de consultoria para o auxílio na solução de problemas por não dispor de tempo ou por não possuir pessoas habilitadas para fazer um diagnóstico.

Hesketh (1979, p. 13) afirma que “para compreender-se o significado do diagnóstico organizacional, é necessário o conhecimento do esquema lógico dentro do qual se insere, bem como do modelo teórico que lhe serve de sustentação”.

Verificar a organização de forma integral, aspectos internos e externos que impactem no seu desempenho, e, a partir dessas informações, traçar planos estratégicos são objetivos do diagnóstico organizacional.

Como existem vários tipos de consultorias, o presente estudo enfatiza a consultoria total, que inclui produtos de mais de uma área do conhecimento, atuando em muitos pontos, praticamente em todas as áreas e processos do cliente abrangendo aspectos corporativos, mercadológicos, financeiros, produção, formas de reconhecimento, promoção, recompensas entre outros.

O problema levantado por este projeto é: como estabelecer um diagnóstico organizacional para ser utilizado em consultoria ou à própria organização?

Observa-se que existem poucas publicações sobre o assunto que sirvam de embasamento para que as organizações verifiquem seus erros, corrijam as falhas e atinjam seus objetivos. Muito se tem escrito e discutido sobre o diagnóstico estratégico, que está inserido no diagnóstico organizacional, este mais amplo e abrangente.

A percepção das dificuldades encontradas pelas organizações em fazer o diagnóstico organizacional e a contribuição para o aluno de Administração de empresas constituem motivos importantes deste estudo. Também se considera importante a verificação da necessidade de ter um modelo de diagnóstico baseado na contribuição de autores renomados nas áreas abordadas, além da perspectiva da utilização na prática.

103Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

1 OBJETIVOS

O objetivo geral deste projeto é estabelecer um modelo de diagnóstico geral da organização para ser utilizado em consultoria total externa ou à própria organização.

Os objetivos específicos consistem em:

a) Conceituar diagnóstico organizacional, verificar a bibliografia existente sobre o assunto e as limitações da sua aplicação prática;

b) Levantar dados que permitam a visualização de questões relevantes ao realizar análise organizacional, a fim de obter um modelo de diagnóstico;

c) estimular os alunos do curso de Administração de empresas da FAE Centro Universitário para a pesquisa sobre o assunto, que é de vital importância para uma organização.

2 METODOLOGIA

Este estudo classifica-se como exploratório. De acordo com Gil (2009), o estudo de caráter exploratório tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o tema, tornando-o mais explícito. Ou seja, para realizar a pesquisa, há o levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que possuem experiências práticas com o problema pesquisado, além de análises que tragam compreensão sobre o tema.

A pesquisa baseia-se no método indutivo, que, segundo Gil (1999), parte do particular por meio da observação criteriosa dos fenômenos concretos da realidade e coloca a generalização depois de efetivadas as etapas do estudo.

Para o levantamento de dados e a averiguação de questões relevantes ao realizar uma análise empresarial, a fim de obter um diagnóstico, existe a condução de entrevista com consultores e professores de diversas áreas de atuação. Essa técnica apresenta grande flexibilidade e pode assumir diversas formas. A entrevista a ser apresentada neste estudo é caracterizada como focalizada, que, embora seja livre, tem por enfoque tema bem específico, e cabe ao entrevistador conduzi-la de maneira que o entrevistado retorne ao assunto após alguma digressão. Também é considerada despadronizada ou não estruturada; nesse tipo de entrevista, o pesquisador tem liberdade para adaptar-se aos diferentes contextos que considere adequados. É uma maneira de oferecer possibilidades de maior exploração do assunto em voga. Geralmente as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversa sem uma linha muito bem definida.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA104

A questão inicial da entrevista utilizada foi “quais as questões-chave que seriam utilizadas para se avaliar a área [...] de uma empresa a fim de se obter um diagnóstico?”.

Uma entrevista, para fins de pesquisa, deve atender a três requisitos básicos: a) o entrevistado pode expressar-se à sua maneira frente ao estímulo do entrevistador; b) a ordem das perguntas não pode prejudicar essa expressão livre; e c) o entrevistador pode inserir outras perguntas ou participação no diálogo objetivando sempre a meta da entrevista – demonstrando uma predileção pelo roteiro não estruturado de entrevista de Marconi e Lakatos (2007).

De acordo com Marconi e Lakatos (2007), obter respostas válidas e informações significativas com a entrevista é uma verdadeira arte que se aprimora com tempo, experiência e treino.

2.1 O MODELO

Ao contratar a consultoria, a empresa necessita fornecer dados que possam contribuir na análise organizacional para a construção do diagnóstico empresarial.

O QUADRO 1 apresenta o modelo proposto pelo estudo, a fim de que o consultor ou a própria empresa obtenha um diagnóstico geral da situação atual da organização. Inicialmente, apresentam-se dados gerais para identificar a empresa, como o nome, o CNPJ, a data em que os dados estão sendo colhidos, sua localização e contatos. Posteriormente, são indicadas questões que identificam o propósito de procura da consultoria e possíveis impactos que o problema tem trazido. E, enfim, as questões relevantes com breves explicações, que fazem parte tanto da área externa quanto da área interna da empresa e suas diversas áreas.

105Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

QUADRO 1 – Modelo proposto pelo estudo

Empresa

CNPJ Data

Endereço

Contato Fone ( )

Fone e-mail

1. ENTREVISTA

1.1 Qual o momento atual que a empresa vivencia?

1.2 Qual a situação que levou à necessidade de uma consultoria?

1.3 Quais problemas têm representado maior gasto de energia sem solução?

1.4 Qual o impacto que têm trazido esses problemas?

2. SITUAÇÃO ATUAL

2.1 Participação no mercado (%) (A fatia de mercado detida por essa organização)

2.2 Posicionamento (A posição no mercado)

2.3 Vantagem competitiva (Vantagem que a empresa tem em relação aos concorrentes)

2.4 Missão (O propósito de existência da organização)

2.5 Visão (Ambições futuras da organização)

2.6 Valores (Princípios e crenças que guiam a organização)

2.7 Estratégias (Procedimento formalizado e articulador de resultados)

2.8 Modelo de gestão (Normas e princípios que devem orientar os gestores na escolha das melhores alternativas para levar a empresa a cumprir sua missão com eficácia)

2.9 Estrutura organizacional (Forma pela qual as atividades desenvolvidas pela organização são divididas, organizadas e coordenadas)

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3. AMBIENTES

3.1 Externo (Conjunto de indivíduos, grupos e organizações que se encontra no meio exterior da organização e que a influencia de alguma maneira)

3.1.1 Geral (Conjunto de condições genéricas e externas à organização que contribuem de um modo geral para tudo aquilo que ocorre dentro dela)

3.1.1.1 Econômico (Fatores que afetam o poder de compra e os hábitos de gasto do consumidor)

3.1.1.2 Social (Conjunto de forças ou condições nas relações e contato com os seres humanos)

3.1.1.3 Político (Leis, agências governamentais e grupos de pressão que influenciam e podem limitar a organização)

3.1.1.4 Tecnológico (Conhecimento e informações sobre processos e produtos e seu ramo de negócios)

3.1.1.5 Outros

3.1.2 Operacional

3.1.2.1 Concorrentes existentes (Empresas que concorrem no segmento de mercado com a organização)

3.1.2.2 Participação dos concorrentes (Quanto os concorrentes detêm do mercado em que a organização atua)

3.1.2.3 Possibilidade de novos entrantes (Possibilidade e viabilidade da entrada de novos competidores no mercado em que a empresa atua)

3.1.2.4 Produtos substitutos (A possibilidade de os clientes terem suas necessidades atendidas por produtos ou serviços similares)

3.1.2.5 Fornecedores (Os atuais fornecedores da empresa)

3.1.2.6 Poder de barganha de fornecedores (O poder exercido pela variabilidade de preços e prazos por parte do fornecedor)

3.1.2.7 Clientes (Os atuais clientes da empresa)

3.1.2.8 Poder de barganha de clientes (O poder exercido pela exigibilidade de preços menores, qualidade maior)

3.1.2.9 Distribuidores (Os atuais distribuidores da empresa)

3.1.2.10 Outros

3.2 Interno (Aquilo que está dentro da organização e tem aplicação imediata e específica na administração da organização)

107Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

3.2.1 Marketing

3.2.1.1 Produtos/serviços (Análise de quais são os produtos e/ou serviços entregues pela empresa)

3.2.1.2 Preço (Preço do produto/serviço, descontos, concessões, prazos de pagamento e condições de financiamento)

3.2.1.3 Praça (Canais, cobertura, variedade, locais, estoque e transporte)

3.2.1.4 Promoção (Promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações públicas e marketing)

3.2.1.5 Pesquisa de mercado (Estudo de potencial de mercado e posicionamento para estratégias)

3.2.2 Recursos humanos

3.2.2.1 Índice de rotatividade de pessoal (Relação entre admissões e demissões da organização)

3.2.2.2 Índice de absenteísmo (Mensuração de empregados que estão ausentes do processo de trabalho)

3.2.2.3 Índice de retenção de pessoas (Mensuração de empregados que permanecem na empresa por certo período de tempo)

3.2.2.4 Grau de terceirização da empresa (Mensuração de quantidade de empregados terceirizados)

3.2.2.5 Índice de treinamento (Mensuração de quantidade de horas de treinamento de empregadas)

3.2.2.6 Uso de salário variável (Ligado ao desempenho profissional individual do empregado)

3.2.2.7 Volume de horas extras (Mensuração da quantidade de horas que os empregados trabalham a mais do que deveriam)

3.2.2.8 Índice de acidentes de trabalho (Mensuração da quantidade de acidentes ocorridos envolvendo a organização)

3.2.2.9 Índice de doenças ocupacionais (Mensuração da quantidade de empregados com doenças relacionadas à ocupação exercida)

3.2.3 Finanças

3.2.3.1 Margem de lucro (Percentual da receita total em valor líquido que a empresa recebe depois que os custos são descontados)

3.2.3.2 Retorno sobre o investimento (Relação entre o dinheiro ganho ou perdido em um investimento e o montante de dinheiro investido)

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3.2.3.3 Liquidez imediata (Mede a capacidade de pagamento da empresa)

3.2.3.4 Liquidez seca (Mede a capacidade de pagamento empresarial desconsiderando os seus estoques)

3.2.3.5 Ponto de equilíbrio (Faturamento mensal mínimo necessário para cobrir os custos (fixos e variáveis))

3.2.3.6 Rentabilidade (Retorno esperado de um investimento descontando custos, tarifas e inflação)

3.2.3.7 Risco (Variação da rentabilidade de um investimento)

3.2.4 Produção

3.2.4.1 Tipo de produção (Caracteriza o tipo de produção que a empresa utiliza)

3.2.4.2 Análise de fornecedores (Como os fornecedores estão desempenhando seu papel)

3.2.4.3 Identificação de demanda (Identifica a demanda pelo produto/serviço fornecido pela empresa)

3.2.4.4 Dimensionamento de estoques (Identifica quanto a empresa possui em seu estoque)

3.2.4.5 Gargalos na produção (Pontos de atraso da produção)

3.2.5 Logística

3.2.5.1 Estoque mínimo (Quantidade de materiais que necessitam estar no estoque para que a produção aconteça)

3.2.5.2 Estoque de segurança (Quantidade de materiais com margem de segurança caso um fornecedor venha a falhar)

3.2.5.3 Avaliar o desempenho dos fornecedores (Identifica se os fornecedores estão desempenhando seu papel dentro da empresa com qualidade)

3.2.5.4 Leadtime (Tempo do procedimento de um pedido desde o momento em que é colocado para a empresa até o momento de entrega ao cliente)

3.3 Estrutura do setor e oportunidades

3.4 Pontos fortes (Identificação de pontos que a empresa tem como vantagem sobre os concorrentes)

3.5 Pontos fracos (Identificação de pontos a serem melhorados dentro da empresa em comparação com os concorrentes)

FONTE: Os autores (2012)

109Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste estudo, foram consideradas bibliografias relevantes ao tema e para o levantamento de dados e averiguação de questões importantes ao fazer uma análise empresarial. A fim de obter um diagnóstico, existiu a condução de entrevista com cinco consultores e professores de diversas áreas de atuação. Desta forma, o modelo de diagnóstico elaborado refere-se à proposta inicial de uma consultoria que busca levantar dados para obter um diagnóstico da empresa, podendo ser adaptada de acordo com a necessidade do consultor ou do próprio empresário. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de estudos mais específicos sobre cada área dentro da empresa, a fim de se obter um modelo mais representativo de cada área.

CONCLUSÕES

O propósito do estudo em fazer um modelo ou instrumento para ser utilizado em consultoria pode ser complementado com maior detalhamento principalmente das áreas funcionais. Refere-se a um início para a constituição de instrumentos de coleta de dados que podem ser aprimorados. A pesquisa entre autores renomados, professores e consultores das áreas específicas foi essencial para a elaboração do artigo.

De acordo com as mais variadas organizações, tipos, segmento de mercado, tamanho e outras características, é desafiadora a elaboração de um modelo único e a adaptação para cada empresa de acordo com as suas especificidades pode ser necessária.

A elaboração do modelo refere-se a uma proposta inicial, que pode ser aperfeiçoada de acordo com a necessidade.

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113Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UMA NOVA PROPOSTA DE ECOFILOSOFIA EMPRESARIAL

Giovani Luiz Behnke Grando1

Léo Peruzzo Júnior2

1 Aluno do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Doutorando em Ética e Filosofia Política (USFC). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O crescimento econômico que o mundo vivenciou nos últimos 25 anos foi impressionante: mais de quatro vezes o PIB mundial cresceu nesse tempo. Mas qual foi o preço desse crescimento impressionante? Cerca de 60% dos ecossistemas, hoje, estão comprometidos no que tange à sua capacidade de manutenção (PNUMA, 2011).

O desenvolvimento sustentável adquire, então, um caráter quase emergencial em função da situação apresentada acima. Como integrar tal responsabilidade social ao modelo de desenvolvimento econômico atual? É muito, também, das empresas esse desafio, de conciliar crescimento econômico com a sustentabilidade ambiental (cf. BARBIERI, 2007).

Diante desse quadro, torna-se necessário repensar o modelo de gestão das atividades empresariais para que não haja, em um futuro próximo, um colapso econômico-humano pela escassez de serviços ambientais decentes.

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1 OBJETIVOS

Elucidar o significado que a sustentabilidade e a responsabilidade social assumem no debate acerca da necessidade de as empresas adotarem uma ecofilosofia empresarial em suas atividades organizacionais.

Apresentar os resultados de uma pesquisa exploratória que servirá como base para a tese defendida no estudo, expondo o nível de ecofilosofia que empresas de Curitiba e Região Metropolitana apresentam em suas atividades organizacionais.

2 METODOLOGIA

A pesquisa objetiva conceituar a ecofilosofia empresarial, baseando-se nos estudos sobre responsabilidade social e sustentabilidade. Para o referencial teórico, analisaram-se diferentes perspectivas acerca dos temas na literatura especializada. Apresentar-se-ão os resultados do questionário estruturado enviado a empresas de Curitiba e Região Metropolitana. Além disso, o trabalho visa fornecer informações que corroborem a necessidade de institucionalizar atingir um nível de desenvolvimento sustentável nas organizações. Revela-se, também, que o estudo tem em perspectiva uma abordagem qualitativa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A discussão acerca da sustentabilidade e da responsabilidade social é de importância ímpar, pois a necessidade de implantar uma cultura organizacional que zele por uma gestão socialmente responsável e preocupada com o ambiente é urgente.

A principal diferença entre a gestão tradicional e a ecofilosofia empresarial é que a segunda prima, acima de tudo, pelo uso, cada vez mais, eficiente dos recursos naturais, garantindo a integração de todas as partes interessadas no negócio na atividade econômica. Tudo isso sempre tendo por objetivo o retorno a longo prazo, pois o melhor aproveitamento no uso de recursos produtivos reduz custos e a chance de danos ambientais graves, que causarão perdas financeiras.

As empresas que responderam ao questionário do estudo demonstraram que a sustentabilidade e a responsabilidade social ainda estão em fase de consolidação nas organizações. Há projetos sendo institucionalizados, mas, com isso, percebe-se que elas estão começando a se engajar nessa luta, que é de todos, pois a qualidade dos serviços ambientais afeta todos (ALMEIDA, 2007).

Há uma clara evidência de que os projetos que estão sendo desenvolvidos incialmente são os de áreas que têm maior relevância no modelo de negócio das empresas, isto é, sistemas de gestão que impactam mais no resultado das organizações. E, contextualizando

115Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

essas constatações do estudo, são projetos que estão sendo institucionalizados em áreas em função de uma pressão de mercado, principalmente. Não se trata tanto de uma decisão voluntária das empresas, mas sim de uma exigência de mercado.

Todas as mudanças vão exigir das organizações alterações nas suas estratégias de mercado. O escopo do que a responsabilidade social representa para as empresas mudou, deixou de estar apenas no âmbito financeiro para aderir a outras constituições que, muitas vezes, pode desvirtuar a verdadeira importância de a empresa ser socialmente responsável.

GRÁFICO 1 – Nível geral de sustentabilidade e responsabilidade social

FONTE: Os autores (2012)

O GRÁF. 1 expõe a realidade geral do nível de ecofilosofia empresarial das empresas pesquisadas. Constatou-se no estudo que todas as empresas grandes (mais de 500 empregados) obtiveram um nível de 5,0 (o sugerido pelo estudo como ideal). Porém, há empresas médias e pequenas que também atingiram ou ficaram acima do mínimo recomendado.

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CONCLUSÕES

Os resultados e análises obtidos neste trabalho visam evidenciar a necessidade da busca pela ecofilosofia empresarial. Nesse desafio, as grandes empresas demonstraram estar mais bem preparadas. Esse fato é corroborado quando se vê que 55% das empresas pesquisadas são companhias grandes e que todas obtiveram notas dentro ou acima do recomendável pelo estudo. Há empresas médias e pequenas (18%) que obtiveram nota acima desse valor mínimo, mas a tendência parece ser que, realmente, as organizações menores apresentam um desempenho inferior às grandes do mercado. Pode-se afirmar isso devido a essas companhias não terem, talvez, a mesma quantidade e qualidade de recursos necessários para vencer nessa tarefa e desenvolver uma ecofilosofia empresarial em suas atividades.

117Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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119Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

A INTERNACIONALIZAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS PARANAENSES POR MEIO DE POLÍTICAS PúBLICAS: UM ESTUDO DE CASO

Mariane Regina Grade1

Joaquim de Almeida Brasileiro2

1 Aluna do 3º ano de Negócios Internacionais da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Administração (FGV). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A primeira década do século XXI iniciou com uma intensa influência nas questões ambientais e no combate ao terrorismo, fatos que passaram a fazer parte dos aspectos mundiais, uma vez que influenciavam a economia. A globalização se fortaleceu e, junto a ela, o comércio mundial continuou a permitir o surgimento de novos agentes no ambiente internacional.

A partir do ano 2000, o comércio exterior brasileiro obtém recordes de vendas para o exterior. Isso é ocasionado por uma série de razões, entre elas, o aumento do número de parceiros comerciais e a diversificação da relação de exportação. Além disso, o Brasil também conquista uma participação mais ativa nas demandas da OMC e assume uma posição de liderança na defesa dos interesses comerciais dos países em desenvolvimento.

Visando a esse contexto, percebe-se que, atualmente, o Brasil está em uma boa posição econômica no mercado internacional. Novas empresas com produtos em potencial estão surgindo e as oportunidades, aumentando. Para tanto, as micro, pequenas e médias empresas devem receber incentivos governamentais para iniciar seu desenvolvimento com uma perspectiva voltada para as vendas de seus produtos ao exterior.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA120

A adesão à ideia da falta de incentivo por parte do governo em auxiliar tecnicamente as pequenas e médias empresas que trabalham para conquistar uma boa posição no mercado, a fim de contribuir em maior escala com o país e tornarem-se mais competitivas, leva à questão da existência, muitas vezes desconhecida, de programas e projetos federais e estaduais de incentivo e incremento à competitividade das indústrias nacionais por meio de políticas públicas para internacionalização.

O governo federal vem desenvolvendo projetos e programas que visam apoiar empresários que possuem interesse em iniciar a atividade exportadora, visto que tal atividade beneficia a balança comercial e o equilíbrio na economia. Os incentivos ofertados são vários, especialmente a não incidência de impostos nas exportações, o que possibilita a chegada dos produtos brasileiros ao mercado internacional com preços competitivos.

1 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é descrever e analisar as ações do projeto Primeira Exportação, buscando informar sua real eficácia para as pequenas e médias organizações de Curitiba e Região Metropolitana e apresentando suas ações governamentais voltadas para o incentivo da internacionalização das médias e pequenas empresas da região citada.

Para alcançar a finalidade da apresentação, descrição e análise das políticas públicas voltadas para o incentivo à inserção das pequenas e médias empresas, como sua credibilidade, os objetivos específicos desta pesquisa serão definidos nos seguintes argumentos:

a) Abordar a atual situação de atuação no comércio internacional das pequenas e médias empresas de Curitiba e Região Metropolitana que participam do projeto Primeira Exportação;

b) Apresentar e descrever as políticas públicas atuais que buscam incentivar a competitividade das pequenas e médias empresas da região em questão por meio da internacionalização;

c) Realizar estudo de caso do projeto Primeira Exportação, bem como identificar as ações que contribuem para o incentivo e o alcance da internacionalização dos pequenos e médios empreendimentos da região em estudo.

2 METODOLOGIA

O presente estudo científico possui primeiramente uma focalização empírica, reproduzida no desenvolvimento do referencial teórico. Para o objetivo do aprofundamento das ações e dos resultados obtidos pelo objeto de estudo desta pesquisa – o projeto Primeira

121Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Exportação –, foi realizado estudo de caso para que ocorresse o melhor aprofundamento sobre o tema. Para a coleta de dados, foi utilizado como instrumento um questionário com perguntas relacionadas aos objetivos do trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados foram coletados por meio de questionários semiestruturados, encaminhados eletronicamente para os seis agentes do projeto e para os cinco empresários participantes ativamente. Foram obtidas três respostas dos agentes e uma resposta do empresário. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo com o auxílio da tabulação de respostas e estatística gerada pelo Google Docs Survey. De modo geral, foi observado que o projeto Primeira Exportação tem bons resultados em suas ações e todas as partes envolvidas estão satisfeitas com o processo de incentivo à internacionalização das empresas. Pode-se concluir que o projeto Primeira Exportação atua como uma importante ferramenta de conhecimento para ações voltadas à internacionalização. A metodologia seguida gera um aprendizado para os empresários, que desejam internacionalizar suas empresas, e aos agentes, que possuem a vantagem de unir o aprendizado acadêmico à prática do processo de internacionalização.

CONCLUSÕES

As pequenas e médias empresas estão buscando mais recursos para tomar conhecimento das alternativas subsidiadas pelo governo que objetivem incentivar a internacionalização de seus produtos. O projeto Primeira Exportação é um forte aliado dos empresários, pois possui as informações corretas sobre como ocorre o procedimento da exportação, bem como realiza a consultoria gratuita, direcionando as melhores opções para que o negócio seja internacionalizado.

Por meio da pesquisa, foi possível concluir que o projeto possui um papel muito importante para a internacionalização das pequenas e médias empresas participantes que desejam internacionalizar-se, bem como para a parceria existente entre SECEX/MDIC e as universidades (neste caso, FAE Centro Universitário), pois tem contribuído para o aumento do número de empresas preparadas para iniciar no mercado internacional. A eficácia do projeto Primeira Exportação foi comprovada, e observou-se que, para o sucesso da primeira exportação das empresas participantes, é necessário o interesse por parte destas que querem contribuir para o próprio crescimento, por meio das ações e sugestões realizadas pelo projeto.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA122

REFERÊNCIAS

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123Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

APÊNDICE 1

Questionário 1 – Agentes. 7 Quantitativas, respostas fechadas; 5 Qualitativas, respostas abertas. 3 questionários preenchidos.

1. Qual ano de Negócios Internacionais você está cursando?

2. Qual o ciclo atual das empresas que estão participando?

2.1 Quantas empresas iniciaram no Projeto Primeira Exportação neste ciclo atual?

3. Quantas empresas estão participando atualmente?

4. Quantas empresas você está coordenando nas fases da metodologia do Projeto?

5. Em que fase do Projeto sua(s) empresa(s) se encontra(m) atualmente?

6. Quais as ações desenvolvidas pelo Projeto Primeira Exportação para incentivar a internacionalização das empresas participantes?

7. Em uma escala de 0 a 10, qual o nível de comprometimento do(s) empresário(s) para o(os) qual(is) você realiza a consultoria, com relação às atividades e ações propostas por você?

7.1 Comente o nível de comprometimento da questão anterior.

8. Das empresas participantes, quantas já estão realmente preparadas para realizar a primeira exportação?

9. Como está sendo para você, pessoal e profissionalmente, a experiência como um Agente?

10. De que forma o Projeto Primeira Exportação está contribuindo para sua formação acadêmica?

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APÊNDICE 2

Questionário 2 – Empresários. 5 Quantitativas, respostas fechadas; 6 Qualitativas, respostas abertas. 1 questionário preenchido.

Modelo:

1. Sua empresa já teve experiência com exportação?

2. Caso sua resposta à pergunta anterior tenha sido sim, conte como foi a sua experiência.

3. Sua empresa já teve contato com algum outro projeto ou órgão do Governo que visasse incentivar a internacionalização das empresas?

4. Se a resposta anterior foi sim, cite o órgão ou projeto e relate brevemente como esta ação contribuiu de alguma forma com sua empresa.

5. Visando a todas as fases da metodologia do Projeto, bem como sua participação em todas elas, o senhor acredita que sua empresa poderá realizar a primeira exportação no prazo pretendido?

6. Referente à questão anterior, justifique sua resposta.

7. O senhor tem tido facilidade para cumprir com os prazos de entrega das atividades propostas pela metodologia do Projeto Primeira Exportação?

8. Se a resposta à questão anterior foi negativa, quais os fatores que interferem nessa situação?

9. Possuindo experiência de participação no Projeto Primeira Exportação e visando à fase atual da metodologia, na sua opinião, quais alterações poderiam ser realizadas para que o Projeto como um todo ficasse melhor?

10. Em sua opinião, o Projeto Primeira Exportação possui ações e diretrizes realmente eficazes para a internacionalização da sua empresa?

11. Justifique sua opinião sobre a questão anterior.

125Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

O PROCESSO DE INSERÇÃO DO IDOSO NO MERCADO DE TRABALHO EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS/PR

Karen Munhoz Villar1

Ricardo Lemes da Rosa2

1 Aluna do 4º ano de Administração da FAE São José dos Pinhais. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Mestre em Políticas Públicas para o Esporte e Lazer (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A participação dos idosos no mercado de trabalho está aumentando, e o envelhecimento populacional é um tema cada vez mais presente nas discussões e nos debates da sociedade em geral. A permanência ou reinserção do idoso aposentado na atividade econômica, segundo Queiroz e Ramalho (2009), está relacionada à complementação de renda familiar e/ou aumento do bem-estar dos idosos, que poderão vir a ser autônomos caso permaneçam em atividade por mais anos. Questiona-se, então, como vêm sendo desenvolvidos a política e o processo de reinserção do idoso no mercado de trabalho em São José dos Pinhais/PR.

1 OBJETIVOS

O objetivo geral do estudo é analisar como vêm sendo desenvolvidos a política e o processo de reinserção do idoso no mercado de trabalho em São José dos Pinhais/PR. E, para atingir tal proposta, os seguintes objetivos específicos foram propostos: (a) analisar as características e perfil do idoso inserido neste processo; (b) apontar as principais barreiras e facilitadores no processo de reinserção; (c) analisar este processo na perspectiva do idoso e dos representantes das empresas.

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2 METODOLOGIA

O percurso metodológico para investigação possui duas fases, tomando como procedimento a pesquisa de natureza qualitativa. A primeira fase do trabalho foi a pesquisa bibliográfica e documental em artigos especializados para análise do perfil do idoso inserido neste contexto. A fase seguinte foi a pesquisa de levantamento de dados com idosos e representantes da empresa participante para analisar este processo na perspectiva dos personagens da pesquisa. O instrumento de pesquisa utilizado foi a entrevista semiestruturada. A amostra escolhida foi, por conveniência, dos pesquisadores e, como critério de eleição da amostra, a empresa selecionada deveria apresentar um histórico de contratação de idosos há pelo menos doze meses e os idosos selecionados deveriam ter idade completa de 60 anos e estar há pelo menos três meses atuando na empresa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A falta de impedimento legal para os aposentados continuarem trabalhando facilita a reinserção do idoso no mercado de trabalho formal. Um facilitador encontrado foi a baixa disponibilidade de mão de obra para o ramo de supermercados, pois a necessidade de contratação reduziu a exigência do processo de seleção da empresa.

A probabilidade maior de encontrar idosos não aposentados no mercado formal confirmou a pesquisa de Queiroz e Ramalho (2009), pois aproximadamente 71% dos entrevistados não eram aposentados. A relação entre o grau de escolaridade e a ocupação do idoso no mercado de trabalho confirmou que, quanto mais anos de estudo, melhor a ocupação do idoso. Nos dados coletados na pesquisa, quanto maior o nível de responsabilidade do cargo, maior o grau de escolaridade do funcionário e maior o valor do salário encontrado.

Do ponto de vista dos empregadores entrevistados, o diferencial do funcionário idoso é a qualidade na execução das tarefas e a visão holística do seu trabalho em relação às atividades de toda empresa e, ainda, que as produtividades do idoso e do jovem são equivalentes.

A principal barreira encontrada pelo idoso no mercado de trabalho foi o relacionamento interpessoal com os mais jovens, confirmando o problema social exposto por Mendes et al. (2005) e Queiroz e Ramalho (2009). O idoso tem receio do jovem porque o vê como concorrência desleal, comparando sua capacidade produtiva, e o jovem tem preconceito com o idoso porque o vê como limitado na sua condição física e intelectual.

127Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

A representação social do idoso como incapaz e dependente, segundo Moscovi (2009 apud FERREIRA et al., 2010), é consequência da valorização da produção pela própria sociedade, que é traduzida na busca por juventude e dinamismo. Portanto, uma barreira também encontrada no processo de reinserção dos idosos é a concepção dos gestores de que o idoso não será tão eficiente economicamente para a empresa quanto o mais jovem. Com isso, a estratégia de gestão de pessoas das empresas é contaminada por esta visão equivocada.

Destaca-se nos resultados a dificuldade de relacionamento dos idosos com os mais jovens e o desconhecimento dos empregadores sobre os benefícios da contratação dos mais velhos em ganho de qualidade, responsabilidade, baixa rotatividade e absenteísmo com produtividade, equivalente aos mais jovens.

CONCLUSÕES

Conclui-se que a falta de uma política municipal de empregabilidade para idosos aposentados, ou não aposentados, representa um prejuízo à sociedade, pois esta política social estimularia o reconhecimento e aproveitamento das experiências e habilidades dos idosos e contribuiria para uma transferência harmônica entre as gerações. Devem-se educar os jovens sobre o envelhecimento e zelar pela manutenção dos direitos dos mais velhos para eliminar a discriminação, abuso e maus tratos. A qualidade de vida que os idosos desfrutarão no futuro não dependerá apenas das consequências dos caminhos trilhados durante a vida, mas também de como a próxima geração poderá oferecer apoio quando necessário.

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131Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ESTUDO DOS LIMITES E IMPACTOS NO USO DAS TECNOLOGIAS DESTACANDO INOVAÇÕES EM REDES DE COMPUTADORES E SUAS MISCELÂNEAS

Mauricio Daitschman1

Euclides Peres Farias Junior2

1 Tecnólogo em Redes de Computadores pela FAE São José dos Pinhais. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Mestre em Ciências da Computação (PUC/PR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A necessidade de compartilhar informações e recursos remotamente, sem ter o custo de deslocamento presencial, trouxe as redes de comunicação entre computadores. A partir de uma infraestrutura física e um padrão de protocolo de comunicação, é possível obter um meio de comunicação eficiente garantindo o transporte de informações entre seus ativos constituintes.

A princípio, as redes de computadores foram projetadas para permitir o compartilhamento de recursos de alto custo, a exemplo de scanners, impressoras e internet, inicialmente dentro de ambientes acadêmicos, governamentais, militares e grandes empresas. Com o tempo, a evolução da tecnologia em redes e a aparição de novos fornecedores, reduzindo o custo, popularizaram o produto e o tornaram acessível a todos os níveis sociais.

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1 OBJETIVOS

O foco principal do trabalho é analisar a utilização dos recursos tecnológicos em redes de computadores pelas empresas entrevistadas. Pretende-se analisar se estão utilizando de maneira produtiva e correta os recursos, se estão preocupadas com a estabilidade e segurança do tráfego de suas informações e se estão preparadas para as novas tendências e evoluções. Outro ponto importante é saber se comportam a nova arquitetura IPV6, tendo em vista que a arquitetura IPV4 está se esgotando, segundo a NICBR (2013). Não menos importante, será analisado se as empresas estão se preocupando com o setor de TI, contratando ou alocando profissionais suficientes para o seu tamanho, a fim de obter um gerenciamento e controle eficaz e coerente, se estão tratando o setor de TI como alicerce para todos os outros setores, e não somente um setor de suporte.

2 METODOLOGIA

A fim de alcançar os objetivos esperados, a metodologia teve como parâmetro a elaboração de etapas, que pode proporcionar o caminho a percorrer com a pesquisa de forma ordenada e organizada. As etapas são: 1ª) definição das ideias; 2ª) análise e estatística dos resultados e, por fim, 3ª) conclusão.

O desenvolvimento do questionário foi direcionado para que seus resultados pudessem orientar e trazer informações de forma útil à pesquisa, ele foi explorado por meio de uma ferramenta disponível na internet, o surveymonkey.

Com a pesquisa, obteve-se um universo de 18 empresas distintas, a maioria de grande porte, comportando acima de 500 funcionários. Com perguntas direcionadas à infraestrutura, foram levantadas informações necessárias para propor um modelo dentro das normas de ITIL.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base no QUADRO 1, é possível demonstrar por percentuais a evolução do cenário das empresas de acordo com suas qualificações, usabilidade de sistemas, quantidade de funcionários e demais informações pertinentes à sugestão de infraestrutura de TI.

133Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

QUADRO 1 – Resultado compilado do questionário

CÓDIGO Percentual Qtde. CÓDIGO Percentual Qtde. CÓDIGO Percentual Qtde. CÓDIGO Percentual Qtde.

110 22,20% 4 171 5,60% 1 232 55,60% 10 293 61,10% 11

112 22,20% 4 172 50,00% 9 241 50,00% 9 294 11,10% 2

113 22,20% 4 173 44,40% 8 242 22,20% 4 2101 5,60% 1

114 33,30% 6 181 44,40% 8 243 27,80% 5 2102 22,20% 4

121 27,80% 5 182 33,30% 6 251 38,90% 7 2103 55,60% 10

122 33,30% 6 183 11,10% 2 252 5,60% 1 2104 16,70% 3

123 27,80% 5 184 11,10% 2 253 22,20% 4 2105 0,00% 0

124 11,10% 2 191 22,20% 4 254 33,30% 6 311 55,60% 10

131 22,20% 4 192 55,60% 10 261 33,30% 6 312 22,20% 4

132 16,70% 3 193 22,20% 4 262 16,70% 3 313 16,70% 3

133 5,60% 1 1101 38,90% 7 263 16,70% 3 314 5,60% 1

134 55,60% 10 1102 27,80% 5 264 33,30% 6 321 55,60% 10

141 38,90% 7 1103 0,00% 0 271 27,80% 5 322 11,10% 2

142 11,10% 2 1104 33,30% 6 272 11,10% 2 323 22,20% 4

143 11,10% 2 211 94,40% 17 273 16,70% 3 324 5,60% 1

144 38,90% 7 212 5,60% 1 274 44,40% 8 325 5,60% 1

151 50,00% 9 221 38,90% 7 281 16,70% 3 331 44,40% 8

152 22,20% 4 222 5,60% 1 282 33,30% 6 332 0,00% 0

153 27,80% 5 223 5,60% 1 283 44,40% 8 333 33,30% 6

161 50,00% 9 224 22,20% 4 284 5,60% 1 334 22,20% 4

162 33,30% 6 225 27,80% 5 291 5,60% 1 341 44,40% 8

163 16,70% 3 231 44,40% 8 292 22,20% 4 342 44,40% 8

343 11,10% 2

FONTE: Os autores (2012)

Analisando o QUADRO 1, obtêm-se informações importantes, principalmente sobre o público das empresas de grande porte vinculadas ao código 114, em que, das 18 empresas que responderam, seis possuem mais de 500 funcionários, representando 33,30%.

Aplicando o algoritmo inteligente Apriori na matriz de 24 questões, por 18 empresas, gerou-se um universo de dois bilhões de combinações. Foram analisados apenas 2% das principais combinações, o que gerou algumas conclusões importantes, são elas:

114 123 141 151 161 181 231 241 251 261 283 293 311 321 331 341 1102 => 211

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Isso indica que, se uma empresa respondeu os códigos 114 123 141 151 161 181 231 241 251 261 283 293 311 321 331 341 1102, então certamente com 100% dos casos obterá o código 211. Isto é, se ela respondeu mais de 500 usuários de TI, acima de 3 colaboradores na TI, existe na empresa divisão na área de infraestrutura de TI, como área de redes, áreas de sistemas etc., existe contrato de terceiros, a empresa investe em infraestrutura de TI regularmente, mantém o parque de hardware atualizado somente em caso de emergência, possui gerenciamento de mudanças, possui gestão de acesso, existe um gerente dedicado para TI, monitoramento com software especializado é constante e possui identificação de riscos em TI, então a empresa enquadra-se no código 211, indicando que possui um setor de TI organizado e gerenciado.

CONCLUSÕES

A pesquisa resultou em um desenvolvimento de técnicas distintas para coleta de dados, uma proposta de modelo de infraestrutura de TI e uma criação de questionário direcionado a questões fundamentais para o funcionamento perfeito de um departamento organizado de infraestrutura de TI.

A análise do questionário se limitou à quantidade superior de respostas por parte de grandes empresas, as quais comportam 500 ou mais funcionários. Porém, proporcionou conhecimento em diferentes técnicas, ferramentas de pesquisa, algoritmos inteligentes, boas práticas no gerenciamento de infraestrutura de TI, no caso o ITIL, e governança em TI, no caso o Cobit.

Pelo número pequeno de entrevistas, a pesquisa tem potencial de continuidade, pois, com um universo maior de entrevistas, é possível alcançar resultados que englobam não somente as empresas de grande porte, mas também as de pequeno e médio portes, criando assim modelos dentro das boas práticas, a fim de melhorar e estabilizar a infraestrutura de TI.

135Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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137Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

A SUPRESSÃO DOS EMBARGOS INFRINGENTES: UMA RESPOSTA (PALIATIVA) AO CLAMOR PELA CELERIDADE PROCESSUAL

Wilsley Guebert Germano1

Karlo Messa Vettorazzi2

1 Aluno do 5º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Mestre em Direito (PUC-PR). Professor Titular FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O anteprojeto do novo Código de Processo Civil (Projeto de Lei nº 8.046/2010) prevê a supressão dos recursos de agravo e dos embargos infringentes. A justificativa seria “simplificar, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas, como, por exemplo, o recursal” (BRASIL, 2010, p. 14).

Quanto aos embargos infringentes, a comissão de juristas encarregados pelo anteprojeto do novo Código de Processo Civil opta por sua supressão, sustentando que não se justifica a existência de um recurso e suas consequências (como o considerável lapso temporal para seu fim) a partir de um voto vencido (BUZAID, 1972 apud BRASIL, 2010).

A comunidade jurídica e os cidadãos enfrentarão uma mudança teórica e prática, visto que as mudanças propostas atingirão suas futuras práticas forenses e poderão tolher direitos deles – como o de discutir o voto vencido por meio de embargos infringentes –, mesmo que não façam usos práticos daquele recurso.

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1 OBJETIVOS

O objetivo geral do artigo científico é demostrar como a supressão dos embargos infringentes poderá atender à celeridade processual almejada pelo legislador, sem, no entanto, resultar no detrimento de um importante instrumento de dialeticidade.

Para tanto, buscar-se-á atingir os seguintes objetivos específicos: compreender os embargos infringentes, analisando a segurança jurídica contida numa decisão proveniente da câmara de embargos; identificar o viés da supressão do recurso na prática forense; analisar o conhecimento atual da comunidade jurídica sobre as mudanças propostas pelo anteprojeto do novo Código de Processo Civil.

2 METODOLOGIA

A pesquisa será traçada por um estudo empírico do tipo exploratório, permeado de uma investigação de pesquisa bibliográfica e pesquisa de levantamento de dados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na exposição de motivos do anteprojeto do novo Código de Processo Civil, a bancada de notórios juristas destaca a alteração do sistema recursal atual, sobressaindo-se a supressão do recurso de embargos infringentes, fundamentando esses argumentos em Buzaid (1972, p. 111), que acredita que apenas um voto vencido não deveria dar azo a um recurso, sob pena de o processo arrastar-se pelo tempo, podendo não atender à justiça invocada no caso concreto.

No entanto, durante toda a exposição de motivos do texto do anteprojeto do novo Código de Processo Civil, inexiste dado estatístico obtido por meio de coleta de dados a respeito da ineficácia ou impertinência do recurso dos embargos infringentes.

Na Emenda nº 804/2011 ao Projeto de Lei nº 8.046/2010 (novo CPC), de autoria do deputado Miro Teixeira, apresenta-se um dado relevante de que no estado do Rio Grande do Sul apenas 2% dos recursos apresentados são de embargos infringentes; e destes, 50% são providos, o que certamente demonstra um percentual exitoso do recurso.

Assim, seria prudente pensar que nem mesmo a mais profunda pesquisa bibliográfica serviria como justificativa para a abolição de um sistema recursal de nosso ordenamento jurídico, uma vez que estudos superficiais demonstram a pequena quantidade desse recurso e alto nível de provimento.

139Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Quanto à supressão do recurso de embargos infringentes, Menezes (2011) cita entrevista de Ada Pellegrini Grinover ao blog Processo em Debate, cujo tema principal foi o novo CPC. Não há certeza sobre a diminuição recursal com a abolição dos embargos infringentes, e propôs-se que fossem incidentes do julgamento da apelação ou da rescisória, em que deveriam ser convocados mais integrantes do colegiado, a fim de que se obtivesse número suficiente de julgadores para dirimir a divergência.

No mesmo sentido, Miranda (2001) assevera que “os melhores julgamentos, os mais completamente instruídos e os mais proficientemente discutidos são os julgamentos das Câmaras de embargos”. E quem poderia dizer diferente? Ora, considerando que esse recurso permitirá uma nova apreciação por uma câmara de julgadores, que se debruçará exclusivamente na divergência existente entre os votos, a fim de sedimentar – ou não – a questão suscitada; certamente nessa decisão haverá uma segurança jurídica ímpar, que não se vê facilmente em qualquer outra decisão.

Ademais, Klippel (2008, p. 80-81) assevera:

a taxa média de 14,97 % (quatorze inteiros e noventa e sete centésimos percentuais) engloba os recursos de embargos infringentes, agravos internos e regimentais, demonstrando que os recursos não devem ser considerados, e em especial os embargos infringentes, como causa única da morosidade da justiça.

Em recente entrevista, o professor Luiz Rodrigues Wambier revelou que sempre foi contra a supressão de recursos, incluindo o de embargos infringentes. Ainda, ele sustenta que “a sobrecarga da atividade recursal das partes, nos Tribunais, tem causas mais complexas do que simplesmente essa, costumeiramente apontada, qual seja, a de que há recursos demais, e que tais recursos são muito utilizados” (WAMBIER, 2013).

Felizmente, no mesmo período da entrevista, foi possível conversar com Teresa Arruda Alvim Wambier, uma das integrantes da comissão de juristas encarregados do desenvolvimento do novo Código de Processo Civil, que declarou:

Sim, sou a favor da supressão. Razão principal, muitas dúvidas, em casos concretos, sobre caberem ou não os embargos infringentes. Esse recurso, hoje, mais causa problemas do que resolve. Isso depois da mudança da hipótese de cabimento. Acho que a declaração obrigatória do voto vencido, como parte integrante do acórdão, para fins de prequestionamento, resolveria.

Além disso, a comissão de juristas, para propor a supressão do recurso de embargos infringentes, afirmou que foram considerados sim dados estatísticos sobre a eficácia daquele instrumento recursal, mas ressaltou que foram apenas estatísticas locais, e não nacionais. No entanto, a jurista não revelou a fonte dessas pesquisas (WAMBIER, 2013).

Uma vez discorrido sobre a polêmica da supressão (ou não) do recurso de embargos infringentes no novo CPC, e a fim de enriquecer o presente artigo com a opinião da

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comunidade acadêmica, foi aplicado um questionário com nove enunciados, com o objetivo de auferir o conhecimento da sociedade acadêmica sobre a problemática ora proposta.

Os entrevistados foram questionados ainda sobre sua posição a respeito da reforma do atual Código de Processo Civil, a fim de que indicassem se eram favoráveis ou não. Nesse ponto, temos o seguinte panorama: 76% dos entrevistados são favoráveis à reforma proposta; os que são contrários representam 24% dos entrevistados.

Além disso, foi proposto algo diferente aos entrevistados: que indicassem, dentro dos recursos cíveis existentes no atual ordenamento jurídico, qual entendiam ser o mais dispensável. Nesse enunciado, era permitido indicar mais de um recurso. O resultado foi o seguinte: o recurso indicado mais dispensável foi o agravo retido, citado por 42% dos entrevistados. O recurso de embargos infringentes recebeu 38% dos votos, figurando como o segundo recurso mais dispensável na opinião dos entrevistados.

Esse último dado corrobora as afirmações da comissão de juristas encarregada da elaboração do anteprojeto, presentes na exposição de motivos deste, de que a comunidade jurídica e a doutrina de melhor qualidade há tempos pugnam pela extinção desse recurso. Conclui-se que, como demonstrado neste artigo, o recurso de embargos infringentes permite melhor dialética sobre a lide levada ao Judiciário. Excluí-lo apenas fará com que haja menos um óbice – aos mais pessimistas – para que se recorra diretamente ao Superior Tribunal de Justiça ou à Suprema Corte.

Portanto, perde-se um instrumento de dialeticidade em favor de uma “paz de espírito” advinda de menor quantidade de instrumento recursais, depositando nisso a esperança pela solução do congestionamento de recursos nos tribunais estaduais e superiores.

CONCLUSÕES

A mudança de um diploma legal é matéria de ordem pública, pois afetará não somente os operadores do Direito em geral, mas toda a sociedade, uma vez que é o homem a finalidade do Direito. Em razão disso, é necessário um estudo aprofundado da realidade do Judiciário brasileiro posto em números.

O relatório Justiça em Números, de responsabilidade do Conselho Nacional de Justiça, é um instrumento para isso. Por meio dele, é possível que qualquer cidadão entenda o problema que tem causado a morosidade do Judiciário: a sua deficiência estrutural.

A alteração de um diploma legal propondo-se no lugar um novo que seria capaz de trazer maior celeridade ao Judiciário parece uma medida paliativa. Isso porque não é razoável imaginar que apenas uma mudança legislativa seria capaz de diminuir a taxa de congestionamento de processos. Não adianta reformar apenas a fachada de um edifício antigo, pois seu interior continuará precisando de reparos.

141Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

REFERÊNCIAS

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______. Entrevista sobre a supressão dos Embargos Infringentes no novo CPC. Curitiba, 2013. Entrevista concedida a Wilsley G. Germano por meio de chat, em rede social.

143Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ASPECTOS INICIAIS DAS EMPRESAS INDIVIDUAIS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

Jéssyka Stéfany Chinasso1

Mayra de Souza Scremin2

Caroline Arns Arruda3

1 Aluna do 4º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Direito (UFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected] Mestre em Engenharia da Produção (UFSC). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail:

[email protected].

INTRODUÇÃO

Anterior à promulgação da lei que institui a empresa individual de responsabilidade limitada (Lei nº 12.441/2011), quem desejasse exercer a atividade empresarial tinha somente dois caminhos a seguir: atuar isoladamente, sendo um empresário individual, sem qualquer proteção ao seu patrimônio pessoal ou, então, constituir uma sociedade, com um ou mais sócios, tendo seus bens pessoais resguardados.

Assim, a maioria das sociedades era fictícia, haja vista que os empresários, a fim de limitar sua responsabilidade diante dos riscos inerentes à atividade econômica, tinham um sócio com um percentual mísero do capital social, visando apenas cumprir um requisito formal, isto é, a pluralidade de sócios.

1 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo geral a análise do novo tipo empresarial criado pela Lei nº 12.441/11 e, como objetivos específicos, a descrição de alguns tipos empresariais (relacionados à Eireli) anteriores ao advento da referida lei. Além disso,

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haverá uma breve retratação do cenário brasileiro perante o Direito Empresarial, uma descrição e apreciação das principais mudanças e inclusões trazidas pelo novo instituto, bem com a apresentação da empresa individual de responsabilidade diante da nova realidade sobrevinda.

2 METODOLOGIA

Para o presente estudo, foram utilizados dados obtidos por meio de bibliografias, doutrinas, legislação, artigos, entre outros.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A situação econômica atual reclama por grandes alterações na legislação então vigente. Antes da Lei nº 12.441/11, para ter a responsabilidade limitada, era necessário que se optasse pela constituição de uma sociedade limitada ou uma sociedade por ações (S.A.). Com o aumento crescente de empreendedores no cenário brasileiro, muitos deles na informalidade ou então atuando de maneira fictícia por meio dos chamados “laranjas”, fazia-se necessário criar um instituto jurídico capaz de unir dois requisitos: ser empresário individual e ter sua responsabilidade limitada, isto é, ter seu patrimônio pessoal resguardado.

Quando se é empresário individual, uma pessoa isoladamente organiza uma atividade empresarial na sua pessoa natural/física (MAMEDE, 2004, p. 69). No entanto, o principal problema é quanto à responsabilidade, uma vez que se responde com os bens pessoais pelas possíveis dívidas contraídas na empresa. O patrimônio do titular fica comprometido e, a qualquer momento, pode ser objeto de penhora para a satisfação de créditos dos possíveis credores.

Quando não se permite ao empreendedor que seu patrimônio seja resguardado, abrem-se brechas para irregularidades. Segundo Cardoso (2012, p. 44), “cerca de 90% das empresas constituídas no Brasil contratam sob a forma de sociedade limitada, e acredita-se que metade delas com a finalidade de proteção patrimonial de apenas um sócio com capacidade financeira para empreender”.

Fazia-se necessário criar uma figura jurídica capaz de estender a limitação de responsabilidade àquele que opta por se aventurar isoladamente no mercado.

Verificando esse problema, o Direito Empresarial criou uma nova opção: a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, a chamada “Eireli”, visando dar mais segurança aos pequenos empreendedores e fortalecer a economia como um todo.

De acordo com o Projeto de Lei nº 4.605/2009 (apresentado pelo deputado Marcos Montes, DEM-MG), a Eireli tinha como finalidade atender à necessidade existente no

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Direito Empresarial, que era regulamentar a chamada “sociedade unipessoal”. A princípio, o Projeto de Lei previa a inserção do artigo 985-A no Código Civil brasileiro, isto é, dentro da regulamentação jurídica de sociedade (MONTES, 2012).

Entretanto, no decorrer dos debates acerca do Projeto de Lei, a EIRELI deixou de ser uma sociedade unipessoal para se tornar uma disposição empresarial composta por uma única pessoa considerada jurídica. Trata-se da figura distinta daquela adotada no direito comparado, pois possui natureza de uma pessoa jurídica unipessoal (XAVIER, 2013, p. 51).

O Projeto foi alterado, pois o nosso Direito não admite a chamada sociedade unipessoal. Em outras palavras, para que exista uma sociedade, é necessário que existam pelo menos dois sócios, como bem ensina Coelho (2010, p. 174).

O que se observa agora, com a promulgação da Lei nº 12.441/2011, é o advento de uma nova espécie de pessoa jurídica no ordenamento brasileiro. Trata-se de ente com natureza jurídica própria (natureza sui generis), que se posiciona entre o empresário individual e a sociedade empresária, mas sem se confundir com estes.

Quanto à constituição, são exigidos alguns requisitos formais. Tais requisitos estão explicitamente demonstrados na Lei nº 12.441/204. O mais importante deles diz respeito ao registro empresarial perante a Junta Comercial do respectivo estado. A personalidade jurídica da empresa individual só se forma com a inscrição, no registro próprio, no modo da lei de seus atos constitutivos. Assim dispõe o Enunciado nº 471 da V Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, “Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente”.

O capital social da Eireli tem um patrimônio mínimo, que é cem vezes o maior salário mínimo vigente no país, conforme prenuncia o art. 980-A do CC: “A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País”.

Não há qualquer restrição a que pessoas jurídicas constituam uma Eireli. Apenas, em uma interpretação sistemática, entende-se que, por conta de sua unicidade e localização no Código Civil, a Eireli está elencada após a regulamentação do empresário individual e antes das sociedades empresárias (esta é cabível apenas para pessoas físicas). Ademais, considerando a vontade do legislador, isto é, sua intenção ao inserir determinada norma no sistema jurídico, percebe-se que ele quis criar uma nova figura jurídica para acolher exclusivamente a pessoa física.

Por fim, o legislador optou por seguir regras da sociedade limitada no que couber. Não existe necessidade de previsão contratual, haja vista que o legislador já previu anteriormente. As regras da sociedade limitada estão arroladas a partir do art. 1.052 da

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Lei no 10.406/2002 (CC). Na prática, poucas regras da sociedade limitada seriam aplicadas supletivamente. Não se usariam, por exemplo, seus dispositivos referentes à dissolução parcial, conflitos entre sócios, nem como sua redução de capital seria possível, pois, caso ocorresse, simplesmente a desenquadraria como uma Eireli.

CONCLUSÕES

A introdução da empresa individual de responsabilidade limitada veio com o propósito de cumprir princípios constitucionalmente previstos no ordenamento jurídico brasileiro, como os da livre iniciativa, da livre concorrência e da isonomia. Trouxe grande avanço ao meio empresarial, progresso que há muito tempo era almejado pela comunidade empresarial e pelos juristas.

Entre esses avanços, pode-se citar a possibilidade da constituição de um empreendimento sem a necessidade de sócio e com a responsabilidade limitada, a exemplo de países desenvolvidos como França, Portugal, Holanda, Alemanha e outros.

No entanto, como aqui demonstrado, ainda existem muitas barreiras a serem vencidas para que a lei cumpra, de fato, a sua finalidade. A predominância de um entendimento jurisprudencial e doutrinário favorecerá, sem dúvida, a sua melhor aplicação e anuência pelos empresários.

147Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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149Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

A BUSCA PELA CELERIDADE DA JUSTIÇA E O POSSÍVEL CERCEAMENTO DE DEFESA: UM ESTUDO SOBRE A PEC Nº 15 DE 2011

Danilo Candido Portero1

Karlo Messa Vettorazzi2

1 Aluno do 4º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Direito (PUC-PR). Professor Titular FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Quando o assunto é o aperfeiçoamento do Poder Judiciário, um dos principais clamores invocados pela sociedade brasileira refere-se à busca pela celeridade da Justiça. A Proposta de Emenda à Constituição nº 15 de 2011, também conhecida como “PEC dos Recursos”, surge a partir deste enfoque, sob a ideologia do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso.

O presente artigo trabalha a alteração pretendida no texto constitucional quanto à antecipação do trânsito em julgado das decisões judiciais e, em segundo plano, trata sobre a concessão de efeito suspensivo aos recursos extraordinário e especial somente por decisão colegiada.

1 OBJETIVOS

Os objetivos principais consistem, fundamentalmente, em analisar a PEC nº 15 de 2011 à luz da Constituição Federal de 1988 e da sistemática processual civil, pautados pela observância da relevante função dos recursos excepcionais ao ordenamento jurídico pátrio.

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Busca-se desmistificar a existência de quatro graus de jurisdição no processo brasileiro e, ainda, analisar se o combate à morosidade da Justiça deve se sobrepor ao próprio ordenamento jurídico e aos direitos e garantias fundamentais. Isto é, se a aprovação da PEC juridicamente pode ser considerada cabível e, em caso afirmativo, se violaria o instituto constitucional da coisa julgada, resultando em possível cerceamento de defesa aos jurisdicionados.

2 METODOLOGIA

A fim de alcançar os objetivos propostos, a metodologia restringiu-se à pesquisa bibliográfica, refletida pela análise de doutrina jurídica nacional e internacional, legislação aplicada, bem como pela leitura de artigos científicos de temas correlatos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A “PEC dos Recursos” tenta determinar o trânsito em julgado das decisões judiciais em momento antecedente à interposição dos recursos excepcionais, além de prever que a concessão de efeito suspensivo desses recursos ocorra somente por decisão colegiada.

Desse modo, questiona-se: como pode ser definitiva a execução dos julgados em caso de procedência do recurso extraordinário ou especial?

A definitividade das execuções judiciais, nesses casos, evidentemente não existirá, devendo ser declarado nulo o argumento de que a interposição dos recursos excepcionais não obstará o trânsito em julgado das decisões judiciais que os comporte.

Sustenta-se, ainda, existirem quatro graus de jurisdição no processo brasileiro. Insta salientar, porém, que tal argumento não encontra suporte na doutrina pelo simples fato da impossibilidade de ser discutida qualquer matéria nos recursos extraordinário e especial – por isso, chamados de recursos excepcionais ou extremos.

Ver, por todos, Wambier (2011, p. 731):

A primeira observação que se há de fazer para que se bem compreenda o que são os recursos extraordinários em sentido lato, recursos excepcionais ou anormais, é que não se trata de um terceiro grau de jurisdição.

Não se está diante de recursos que propiciem um mero reexame da matéria já decidida, tal como a apelação faz em relação à sentença ou o agravo em relação à decisão interlocutória. Por isso são chamados de extraordinários em sentido lato – diferenciando-se dos demais, ditos ordinários, que garantem o mero reexame da matéria decidida.

151Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Liebman (1984, p. 54) define a coisa julgada como “uma qualidade, mais intensa e mais profunda, que reveste o ato também em seu conteúdo e torna assim imutáveis, além do ato em sua existência formal, os efeitos, quaisquer que sejam, do próprio ato”.

A autoridade da coisa julgada, isto é, a coisa julgada propriamente dita como qualidade da sentença transitada em julgado, só se verifica quando a causa não mais se sujeita a nenhum tipo de recurso.

Neste passo, corrobora-se o entendimento da impossibilidade de atribuir efeitos da execução definitiva na pendência dos recursos excepcionais (PEC nº 15 de 2011), sob pena de se desconsiderar3 o instituto da coisa julgada, o que é vedado pelo ordenamento pátrio, nas lições de Nery Junior (2004, p. 511):

O Estado Democrático de Direito (CF 1º caput) e um de seus elementos de existência (e, simultaneamente, garantia fundamental – CF 5º XXXVI), que é a coisa julgada, são cláusulas pétreas em nosso sistema constitucional, cláusulas essas que não podem ser modificadas ou abolidas nem por emenda constitucional (CF 60 §4º I e IV), porquanto bases fundamentais da República Federativa do Brasil.

Assim sendo, padece de inconstitucionalidade a “PEC dos Recursos”, por tentar justamente desconsiderar a coisa julgada, instituto garantido constitucionalmente como cláusula pétrea. Ademais, a impossibilidade de desconsiderar a coisa julgada se justifica em preservação ao próprio Estado Democrático de Direito.

CONCLUSÕES

O estudo analisou um dos principais temas comumente abordados no neoprocessualismo,4 que é a busca pela celeridade da justiça. Ressalta-se que a referida PEC, por óbvio ausente de qualquer prognose,5 desconsidera, ademais, as implicâncias teórico-práticas decorrentes da sua possível aprovação.

De início, nota-se a nulidade teórica da proposta no sentido de determinar que o trânsito em julgado não seja obstado pela interposição dos recursos excepcionais, pois é sabido que o trânsito em julgado das decisões judiciais só se forma quando não mais for admitido recurso algum, isto é, com a formação da coisa julgada.

3 A coisa julgada, no sistema processual brasileiro, só se forma quando da decisão judicial não mais couber recurso algum. Portanto, com a aprovação da PEC, entende-se que haverá a “desconsideração” da coisa julgada em vez de sua “relativização”, em razão da pretendida antecipação do “trânsito em julgado”.

4 Não se pretende adentrar na discussão semântica porventura existente acerca do termo correto a ser utilizado, se neoprocessualismo ou processualismo contemporâneo.

5 Aqui vale lembrar o sentido da palavra adotado por Lenio Streck, relativo às “razões e motivos para a aprovação da PEC” (STRECK, 2013).

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A decorrência prática, em uma de suas possíveis ocorrências estudadas no caso da aprovação da PEC, refere-se ao cerceamento de defesa que será ocasionado aos jurisdicionados. É evidente que, com o “trânsito em julgado” pretendido, a parte vencedora poderá “executar definitivamente” a decisão, enquanto nada poderá fazer a parte sucumbente, senão esperar forçosamente (portanto, cerceada) que de fato seja possível, em caso de procedência de recurso excepcional, ser restituída dos eventuais prejuízos sofridos com a execução.

A PEC opta por celeridade em vez de efetividade. Pretende agilizar o processo garantindo a “execução definitiva antecipada”, mas sem nenhuma garantia, de fato, em caso de reversibilidade da decisão executada. Desconsidera, ainda, o instituto da coisa julgada, garantia constitucionalmente prevista como cláusula pétrea, violando a segurança jurídica e o próprio Estado Democrático de Direito. Parece, portanto, irrefutável a inconstitucionalidade da Proposta de Emenda à Constituição nº 15 de 2011.

Por outro lado, com o fito de atender ao clamor da sociedade brasileira, acredita-se que existem outras formas de combater a morosidade da Justiça. Empregam-se como exemplos as formulações de Cappelletti (1988, p. 71), ao dispor que o “enfoque do acesso à Justiça” deve observar “mudanças na estrutura dos tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores, modificações no direito substantivo destinadas a evitar litígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou informais de solução de litígios”.

O que impressiona, finalmente, é esta dificuldade contínua em pensar sobre meios para buscar uma Justiça célere, sem que isto implique violação de direitos e garantias fundamentais.

Basta observar a Proposta de Emenda à Constituição nº 15 de 2011, que, ao tentar combater a morosidade do Poder Judiciário, resvala em garantias constitucionais impossíveis de modificação.

153Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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155Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CHÃO DE FÁBRICA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA ALIMENTÍCIA

Anderson Kenzo Sato1

José Vicente Bandeira de Mello Cordeiro2

1 Aluno do 5º ano de Engenharia de Produção da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected]

2 Doutor em Engenharia de Produção (UFSC). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

A contínua evolução dos sistemas produtivos, além de mais eficiência e qualidade para os produtos, também trouxe novas maneiras de se produzir e de se organizar. Nesse sentido, a produção enxuta conseguiu superar desafios que antes não haviam sido superados pela produção artesanal ou pela produção em massa (WOMACK, 2004).

A produção enxuta chamou a atenção de todo o mundo, e gradualmente as empresas começaram a adotar essa metodologia, porém sem considerar uma série de mudanças organizacionais e culturais que se figuram necessárias para que sua adoção resulte em sucesso, a exemplo do resgate do cérebro do operador (LIKER, 2005).

Essa mudança na ênfase de recursos tangíveis para os ativos intelectuais desencadeou a necessidade de uma abordagem muito além do que uma gestão do conhecimento desestruturada para que se atingisse sucesso em sua adoção (DAVENPORT; PRUSSAK, 2003 apud LIMA et al., 2005). Nesse sentido, define-se por gestão do conhecimento o processo de capturar, preservar, compartilhar e (re)utilizar o conhecimento tácito e explícito que envolve as pessoas e as organizações, gerando resultados mensuráveis para elas (MUNIZ JUNIOR et al., 2011).

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Dessa forma, é importante ressaltar que o poder das novas organizações reside nas relações que as constituem, e não necessariamente em suas estruturas (HANDY, 1997 apud SACOMANO; ESCRIVÃO FILHO, 2000). Nesse âmbito, o trabalho em equipe se apresenta fundamental tanto para a gestão do conhecimento quanto para a produção enxuta.

A relação entre esses três aspectos resultou no problema desta pesquisa. Busca-se identificar os fatores críticos de sucesso para programas de produção enxuta ou melhoria contínua do ponto de vista da gestão do conhecimento e do trabalho em equipe.

1 OBJETIVOS

O objetivo geral deste projeto é identificar os fatores críticos de sucesso para programas de produção enxuta do ponto de vista da gestão do conhecimento, consolidando-os em um modelo de análise, para posterior avaliação do chão de fábrica de uma empresa da Região Metropolitana de Curitiba.

Para que isso seja possível, os seguintes objetivos específicos devem ser atingidos:

• Revisão do estado da arte da literatura pertinente à produção enxuta e gestão do conhecimento, desenvolvendo um referencial teórico para o projeto em questão;

• Identificação dos fatores críticos de sucesso relacionados à gestão do conhecimento para os programas de produção enxuta, com base no referencial bibliográfico;

• Proposição e teste (em um estudo de caso) de um modelo de análise, com base nos fatores críticos de sucesso identificados previamente.

2 METODOLOGIA

No que tange à sua classificação, este trabalho de pesquisa científica é caracterizado como predominantemente exploratório-descritivo. A revisão bibliográfica realizada servirá como base para um estudo de caso devido à busca por se detalhar o objeto em um exemplo prático (GIL, 2009).

Nesse sentido, um novo modelo conceitual de gestão do conhecimento deverá ser testado e analisado em uma área industrial alimentícia de uma empresa localizada na Região Metropolitana de Curitiba. Portanto, com base na revisão bibliográfica, foram identificados os principais aspectos da produção enxuta, da gestão do conhecimento e do trabalho em equipe, os quais foram consolidados em um modelo de análise objetivando incentivar as conversões do conhecimento, a fim de resultar em uma gestão do conhecimento eficaz.

157Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Entende-se por modelo a representação da ordem, em outras palavras, uma referência de como as coisas deveriam ser, baseadas na crença (MIGUEL et al., 2012).

Os dados foram obtidos para a análise do modelo por meio de entrevistas semiestruturadas, predominantemente qualitativas, buscando realizar a explicação dos fenômenos estudados, captando também suas percepções e interpretações. Portanto, a abordagem qualitativa foi escolhida devido à ênfase na perspectiva do indivíduo que está sendo estudado (MIGUEL et al., 2012).

O questionário aplicado foi constituído por 19 questões, das quais sete eram referentes aos aspectos da gestão do conhecimento, oito eram relacionadas aos aspectos da produção enxuta e quatro eram referentes ao trabalho em equipe.

2.1 MODELO PROPOSTO

O modelo proposto procura relacionar três aspectos fundamentais para que a gestão do conhecimento ocorra de maneira efetiva:

• Produção enxuta: busca evidenciar as características essenciais que devem ser consideradas para uma implementação efetiva da abordagem;

• Trabalho em equipe: denota a influência do “clima” organizacional para que as conversões de conhecimento ocorram de fato; e

• Gestão do conhecimento: basicamente são condições que a organização, como um todo, deve procurar cultivar para criar o contexto favorável.

A dinâmica desses três aspectos resultaria em um contexto favorável para a gestão do conhecimento, ou seja, favorecendo as conversões do conhecimento (FIG. 1).

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FIGU

RA 1 – Modelo de gestão do conhecim

ento proposto

FON

TE: Os autores (2012)

159Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

É importante ressaltar que, se, segundo o modelo, a organização apenas promover dois aspectos e deixar um de lado, focos diferentes em relação à gestão do conhecimento podem ocorrer. No caso do trabalho em equipe com a gestão do conhecimento, obtém-se um foco voltado para o conhecimento tácito, já para a produção enxuta e a gestão do conhecimento, o conhecimento explícito é evidenciado. Por fim, se os aspectos de trabalho em equipe e produção enxuta forem inter-relacionados, a gestão do conhecimento não ocorre.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aplicação do modelo de análise ocorreu em uma empresa do setor alimentício e de bebidas da Região Metropolitana de Curitiba. O objetivo foi constatar se a abordagem adotada pela empresa estava coerente com o modelo proposto.

Foram entrevistados 33,33% da população total do setor pesquisado. Observou-se que a empresa estudada demonstrou grande concordância com os aspectos mencionados, porém com algumas oportunidades. Os resultados obtidos podem ser observados na TAB. 1:

TABELA 1 – Resultados obtidos

Intervalos Gestão do Conhecimento Trabalho em Equipe Produção Enxuta

70% - 100% 2 5 3

50% - 69% 2 0 2

00% - 49% 0 0 0

FONTE: Os autores (2012)

Observa-se que dentro do intervalo de 70% a 100% de concordância (que afirma quanto os aspectos do modelo estão presentes na prática) concentram-se 71% dos aspectos, demonstrando que a organização está em grande concordância com o modelo proposto. Em outras palavras, ela está criando o ambiente organizacional ideal para a gestão do conhecimento, fazendo com que a adoção dos programas de melhoria contínua seja sustentável e assertiva.

É importante ressaltar que os pontos que demonstraram oportunidades foram o sistema de armazenamento de conhecimento, o qual muitos não conheciam, algumas condições organizacionais, como a redundância e a variedade de requisitos, e o método de resolução de problemas, que para muitos não pareceu muito claro.

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CONCLUSÕES

Não levar em consideração fatores culturais da organização, intenção ou qualquer um dos outros 13 fatores para que a gestão do conhecimento realmente ocorra pode ser um grande impeditivo para que a implementação de programas de produção enxuta se traduzam em resultados para a organização, o que a colocaria em uma imagem de descrédito.

Nesse sentido, a gestão do conhecimento pode ser considerada a base para implementação de programas de produção enxuta; é afetada e depende exclusivamente pelos indivíduos que constituem a organização como um todo. Dessa forma, todos são responsáveis e afetados pelo sucesso ou não dessa abordagem, evidenciando que a cultura está por trás do sucesso da metodologia.

O estudo de caso demonstrou claramente a preocupação da organização em promover o contexto organizacional adequado para o sucesso da implementação de programas de melhoria contínua com base na gestão do conhecimento. Embora ainda não possua um sistema integrado abrangendo 100% dos aspectos mencionados no modelo proposto, a busca por entender e atender a esses aspectos é constante e realizada por meio de reuniões semanais específicas sobre a educação e treinamento do público operacional.

Por fim, o escopo deste trabalho buscou caracterizar os aspectos cruciais da produção enxuta e da gestão do conhecimento, consolidando-os em um modelo de análise. Indica-se para futuras pesquisas abordar a influência da estrutura organizacional na dinâmica da espiral do conhecimento aplicada ao chão de fábrica.

161Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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163Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

GESTÃO ENXUTA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO

Marcelo de Souza Gardiolo1

Everton Drohomeretski2

1 Aluno do 2º de Engenharia de Produção da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutorando em Engenharia de Produção e Sistemas (PUCPR). Coordenador do curso de Administração e professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O aumento da concorrência entre as empresas tem gerado maior disputa por custo, sem impactar nos requisitos de qualidade estabelecidos pelos clientes. Com isso, é necessária a integração entre os vários elos da cadeia de suprimentos para que a rede seja competitiva. No processo de redução de custos na cadeia de suprimentos, a adoção de práticas de manufatura enxuta possibilita que os desperdícios sejam eliminados, e os processos também passam a ser mais confiáveis. Estas características formam a Gestão Enxuta da Cadeia de Suprimentos (GECS). Ao longo dos últimos anos, o tema tem apresentado grande crescimento, principalmente relativo a métodos de implantação e seus respectivos resultados. No entanto, como evidenciado em vários estudos, os resultados gerados pela implementação isolada da produção enxuta não são suficientes para garantir vantagem competitiva. Ou seja, a cadeia de suprimentos necessita estar alinhada à aplicação da produção enxuta nos seus dois sentidos (montante e jusante), justificando a necessidade da GECS.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA164

1 OBJETIVOS

O presente artigo tem por objetivo identificar as principais características da produção científica ligada à GECS e mapear a categoria central dos estudos da GECS.

2 METODOLOGIA

Para atingir o objetivo proposto, foi realizado um levantamento bibliográfico em 93 artigos com base em periódicos relacionados às áreas do estudo no período de 1996 a 2012. A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa e qualitativa, e o foco principal da análise foi fundamentado na análise do conteúdo, em que os critérios de qualidade dos estudos de caso foram analisados. Essa análise será baseada em dois pontos fundamentais: a) estudo quantitativo das publicações ligadas à GECS, assim como origem, fonte e procedimentos de pesquisa utilizados nos trabalhos; e b) estudo qualitativo das principais categorias ligadas à GECS.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o estudo, identificou-se o considerável crescimento da produção científica ligada à GECS (mais de 40% nos últimos anos), em relação ao mapeamento dos autores, universidades e países. Assim, foi possível identificar que não há uma centralização na produção científica, pois não foi identificado um grande número de publicações de um só autor. No entanto, Towill merece destaque com 4 publicações. Os países com maiores publicações foram o Reino Unido (29 artigos) e os Estados Unidos (23 artigos). Os periódicos que apresentaram maior publicação foram Supply Chain Management: An International Review e International Production Research. Os principais métodos de pesquisa das publicações foram survey, estudo de caso e modelagem/simulação. Trinta e quatro artigos utilizaram o survey; 22, estudo de caso; e 15, modelagem. Os principais setores da economia estudados foram o automotivo (9 estudos) e o eletrônico (8 estudos). As três principais categorias dos estudos foram práticas (31,18%), desempenho (26,88%) e modelos de implantação (16,13%).

165Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

CONCLUSÕES

Embora tenha sido possível identificar nesta pesquisa o crescimento dos estudos ligados à GECS, ainda existe um grande espaço para pesquisas futuras. É fato que a GECS gera inúmeros resultados positivos – para diversos segmentos de mercado –, mas é necessário explorar com mais detalhes como implantar as práticas da GECS e estabelecer medidas que possibilitem avaliar e melhorar continuamente o sistema de gestão da cadeia se suprimentos.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA166

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167Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ANÁLISE DA VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE HIDROGÊNIO EM MOTORES A COMBUSTÃO INTERNA

Thiago Renato Barretiri1

Tiago Luis Haus2

1 Aluno do 5º ano de Engenharia Mecânica. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Engenharia Ambiental (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O efeito estufa é uma das grandes preocupações atuais da humanidade, pois ao longo do tempo causa problemas irreparáveis ao planeta.

Um dos principais causadores deste fenômeno é a queima de combustíveis fósseis. Estes, após seu processo de combustão, não durarão para sempre, por se tratar de fontes de energias não renováveis. Um dos elementos renováveis com grande potencial para substituição dos combustíveis fósseis, encontrado em abundância em nosso planeta e que já está sendo considerado o combustível do futuro, é o hidrogênio.

O hidrogênio é um gás inflamável, inodoro, insípido e incolor. É o elemento mais simples com relação à estruturação atômica, com apenas um próton e um elétron. Pode ser encontrado em elementos como a água e o ar. Seu poder calorífico é ainda maior que o de outros combustíveis utilizados atualmente, a exemplo da gasolina e do metanol (PADILHA, 2006).

É possível obter hidrogênio por um equipamento conhecido como célula eletrolítica, que tem como princípio o processo de eletrólise da água, separando suas moléculas em seus elementos estruturais e formando uma mistura gasosa de hidrogênio e oxigênio conhecida popularmente como gás HHO (YILMAZ, 2010) (FIG. 1).

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FIGURA 1 – Vista da célula eletrolitica

FONTE: Os autores (2013)

É possível encontrar frequentemente novas pesquisas e aplicações para o elemento hidrogênio. Uma das aplicações que está se tornando cada dia mais comum é em motores a combustão interna. Fábricas do setor automobilístico investem bastante em pesquisas para lançar no mercado, de forma competitiva, seus exemplares de veículos ecologicamente corretos.

Problemas ambientais decorrentes da queima de combustíveis fósseis estão cada vez mais comuns em nosso planeta, e grande parte desta queima é causada por motores a combustão interna. Para que estes problemas não tendam a aumentar no decorrer dos anos, uma alternativa é diminuir, ou até mesmo extinguir, a utilização destes combustíveis. Pode-se fazer isso utilizando o hidrogênio produzido por uma célula de hidrogênio como combustível substituto no processo de combustão (SMUTZER, 2006).

Stanley Meyer, um inventor do estado de Ohio, apresentou ao mundo nos anos 1990 um carro que se dizia mover somente com a água como combustível. Utilizando os conceitos da eletrólise da água, Meyer projetou um sistema no qual a mistura de gases gerados por uma célula eletrolítica, ou Water Fuel Cell, como chamada pelo próprio inventor, era injetada e consumida diretamente pelo sistema de carburação do motor (MEYER, 1992). Outro problema diretamente ligado ao consumo excessivo de combustível em motores a combustão interna ocorre em altas altitudes, onde a pressão atmosférica é menor, ou seja, com uma menor concentração de oxigênio, tornando a mistura entre combustível e comburente mais rica. Esta mistura rica, causada pela falta de material comburente (oxigênio), ou pelo excesso do material combustível, causa uma queda no rendimento dos motores e um aumento na emissão de gases tóxicos na atmosfera, caso o combustível

169Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

utilizado na combustão seja de fontes fósseis (MARTINELLY JUNIOR, 2008). Sabendo que o processo de eletrólise gera, além do hidrogênio, uma quantidade de oxigênio, o uso de células de hidrogênio nesta situação pode colaborar tanto com o fornecimento de um elemento combustível quanto com o oxigênio como material comburente, tornando a mistura mais próxima das condições ideais.

Motores ciclo Otto são motores a combustão interna nos quais a mistura entre comburente e combustível se inflama por uma centelha elétrica, causando a queima da mistura dentro da câmara de combustão e consequentemente a expansão dos gases. Os motores ciclo Otto possuem seu processo de combustão dividido em quatro tempos: admissão; compressão; combustão; e exaustão (WICKERRT, 2011). Para que estes processos ocorram de forma eficiente, é necessário utilizar carburador.

Carburador é um dispositivo que, a partir de um combustível e do ar atmosférico, prepara e fornece para todos os regimes de trabalho do motor uma mistura de fácil queima. Porém, para fornecer esta mistura de fácil queima para a combustão, é necessário que o carburador esteja bem regulado e que a quantidade de material comburente (oxigênio) seja suficiente para a carburação do combustível.

A carburação é um processo na mistura ar e combustível que tem início no carburador e termina no interior da câmara de combustão do motor. Este processo pode sofrer influências de diversos fatores, entre eles a pressão atmosférica, o combustível, o comando de válvulas, a regulagem do carburador, entre outros (MAHLE, 2012).

1 OBJETIVOS

Esta pesquisa teve como objetivo verificar a viabilidade da aplicação do hidrogênio produzido pela eletrólise diretamente ao sistema de carburação original de um motor a combustão interna de pequeno porte.

2 METODOLOGIA

O método utilizado para levantamento de dados foram testes práticos utilizando protótipo constituído de um motor a combustão interna de pequeno porte, uma célula eletrolítica, uma bateria automotiva para fornecimento de corrente elétrica para a célula e outros materiais necessários para fazer a alimentação de HHO ao sistema de carburação do motor (FIG. 2).

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FIGURA 2 – Protótipo montado: principais componentes

FONTE: Os autores (2013)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o longo processo de levantamento bibliográfico, construção dos protótipos, realização de testes práticos e levantamento de dados, foi possível verificar resultados favoráveis sobre a aplicação das células eletrolíticas em motores a combustão interna, identificando uma queda no consumo do combustível fóssil e um aumento na rotação do motor após o fornecimento do gás HHO.

CONCLUSÕES

Ao analisar os dados, conclui-se que, após a aplicação do gás HHO a uma produção média de 3,46 litros por minuto, obtida por um carregador de bateria regulado para atingir esta produção, houve um aumento médio de 190 rpm em relação à rotação inicial de 1.600 rpm. Empregando uma bateria de 12 volts e 40 ampères como fonte de energia para célula de combustível, chegando a uma produção média de 6,92 litros de HHO por hora, tornou-se possível notar um aumento médio de 260 rpm na rotação do motor.

Com relação ao consumo de combustível fóssil, foi possível notar que, com a célula de hidrogênio a uma produção média, alcançou-se uma queda no consumo de cerca de 10%. A uma produção máxima, foi possível chegar a 26% de economia. Estes resultados demonstraram que realmente o hidrogênio pode ser usado como um combustível ecologicamente correto na substituição dos combustíveis fósseis, ou pelo menos na diminuição de seu consumo.

Conclui-se também que, devido à queda no consumo de combustíveis fosseis após a utilização do HHO como combustível substituto, obtém-se também uma queda na eliminação de gases tóxicos provenientes da combustão.

VÁLVULA

CONTROLE 2

12 V40 Ah

VÁLVULA

171Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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173Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

CÉLULA DE HIDROGÊNIO: ESTUDO E CONSTRUÇÃO DE UMA CÉLULA ELETROLÍTICA PARA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO GASOSO

Frederico Thomas Leludak1

Tiago Luis Haus2

1 Aluno do 5º ano de Engenharia Mecânica da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Engenharia Ambiental (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

No meio científico, é constante a busca por soluções para os problemas enfrentados pela humanidade e, na atualidade, encontrar fontes de energias alternativas aos combustíveis fósseis vem motivando estudos e pesquisas por parte dos cientistas. Entre as soluções propostas, destaca-se o uso do hidrogênio como energia abundante e limpa. O hidrogênio é o nono elemento mais abundante no planeta, porém não é encontrado em sua forma pura, apenas ligado a outros elementos. Uma das formas em que ele é encontrado é como molécula de água (H2O). Para obtermos o hidrogênio na forma gasosa, como nos é útil, faremos uma célula de combustível, especificamente uma célula de hidrogênio.

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1 OBJETIVOS

O objetivo geral é gerar gás HHO a partir de eletrólise da água.

Os objetivos específicos são:

a) dimensionar a célula eletrolítica para a aplicação.

b) testar e avaliar o funcionamento da célula eletrolítica.

c) propor aplicações para o uso da célula eletrolítica.

2 METODOLOGIA

O primeiro protótipo foi confeccionado com quatro hastes de arame zincado e uma mistura de bicarbonato de sódio com água. Duas das hastes foram conectadas ao polo de uma bateria automotiva, enquanto as duas demais hastes foram conectadas ao polo negativo da bateria. Neste experimento, a corrente elétrica contínua proveniente da bateria é conduzida das hastes positivas para as negativas, isto porque a mistura de água com bicarbonato de sódio possui elétrons livres e, portanto, é condutora de energia. Com isso, os elétrons, quando se movem das hastes positivas para as negativas, carregam também minúsculas porções do arame zincado. E assim se explica o fato de haver uma redução e uma oxidação, que não deixa de ser uma deposição de material (FIG. 1).

FIGURA 1 – Primeiro protótipo

FONTE: Os autores (2013)

175Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Em seguida, com o uso do software de computador Solid Works, foi projetado em 3D o modelo final da célula eletrolítica deste trabalho científico. O modelo final é uma célula eletrolítica denominada dry cell, que significa célula seca. Este nome é dado por tratar-se de um tipo de célula eletrolítica na qual as placas de aço inox não ficam totalmente submersas em solução aquosa, e sim separadas umas das outras por anéis que permitem o fluxo da água apenas no interior das placas.

A fim de determinar a produção de gás pela célula, foi elaborado um pequeno e simples dispositivo, pelo qual foi conectada a mangueira de saída de gás da célula em um reservatório cheio de água, e este reservatório foi submerso em água dentro de um reservatório maior. O dispositivo funciona da seguinte forma: o volume do reservatório menor é de 500 mililitros, inicialmente de água. Ao ligar a célula, o gás produzido por ela começa a vencer a pressão atmosférica e consequentemente expulsa a água contida no reservatório menor para o reservatório maior. Quando o gás expulsa toda a água do reservatório menor e expele a primeira bolha (gás), pode-se afirmar que a célula produziu 500 mililitros de gás HHO. Medindo-se o tempo que a célula leva para isso, podemos determinar a produção da célula por unidade de tempo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Montagem do modelo da célula eletrolítica em software 3D e montagem do modelo real.

FIGURA 2 – Célula em 3D

FONTE: Os autores (2013)

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FIGURA 3 – Conjunto célula + bateria + reservatório

FONTE: Os autores (2013)

Realização de testes para determinar a quantidade correta de KOH na solução.

QUADRO 1 – Dados do teste de quantidade ideal de KOH

FONTE: Os autores (2013)

Realização de testes para determinar a produção média de gás HHO da célula.

QUADRO 2 – Dados do teste de produção horária

FONTE: Os autores (2013)

1 - Quantidade ideal da mistura

LEVANTAMENTO DE DADOS - CÉLULA DE HIDROGÊNIO

RESULTADO QTD. KOH (g) RPM TEMPO

TESTE 1 10 420 00:00:28

TESTE 2 15 420 00:00:26

TESTE 3 20 420 00:00:27

TESTE 4 25 420 00:00:29

TESTE 5 30 420 00:00:28

MENOR 00:00:26

Portanto, a mistura ideal é:

15,00 g/L

Portanto, a média de produção da célula é de:

6,92 L/H

Para: 0,05 Tempo: 00:00:26

Para: 6,9230769 Tempo: 01:00:00

RESULTADO QTD. KOH (g) RPM TEMPO

TESTE 1 15 420 00:00:25

TESTE 2 15 420 00:00:26

TESTE 3 15 420 00:00:27

TESTE 4 15 420 00:00:26

TESTE 5 15 420 00:00:26

MÉDIA 00:00:26

2 - Média de consumo utilizando a mistura ideal

177Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Aplicar o conjunto em um motor de combustão interna.

FIGURA 4 – Conjunto célula aplicado

FONTE: Os autores (2013)

CONCLUSÕES

A resultante deste processo é uma célula eletrolítica capaz de gerar hidrogênio gasoso a partir da água, ou seja, uma fonte de energia limpa. A célula final reúne materiais capazes de realizar seus objetivos sem sofrer degradação precipitada, funcionamento comprovado e dimensionamento suficientemente capaz de abastecer a aplicação proposta, que; por sinal, gerou um novo trabalho científico. O trabalho científico citado, considerado mais um dos resultados deste trabalho, consiste na aplicação da célula eletrolítica no abastecimento de um motor à combustão interna de 6,5 cv (cavalos a vapor) de potência.

O resultado foi muito satisfatório, o valor encontrado para a produção horária de gás HHO pela célula foi dentro do esperado e suficiente para a aplicação encontrada. O valor de um trabalho como este é muito grande para o desenvolvimento de um aluno de Engenharia Mecânica. A possibilidade de gerar um bom negócio comercial e o grande ganho ambiental são resultados expressivos que justificam o estudo e motivam o prosseguimento e/ou novos estudos.

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179Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DE REVESTIMENTOS FORMADOS POR ALUMINETOS DE NÍQUEL DESENVOLVIDOS IN SITU POR PTA

Giselle de Oliveira do Rosario Ribas1

Marjorie Benegra2

1 Aluna do 3º ano de Engenharia Mecânica. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutora em Materiais (USP). Professora de Engenharia da Universidade Federal Tecnológica do Paraná. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O processo corrosivo de oxidação é um dos grandes problemas enfrentados pelos equipamentos de conversão de energia em sistemas avançados. Esses equipamentos apresentam como característica o trabalho em altas temperaturas; essa temperatura acelera o processo de oxidação. Para minimizar os problemas quanto à oxidação, novas ligas e composições vêm sendo desenvolvidas, entre elas, as superligas de níquel, incluindo o uso de compostos intermetálicos.

Os compostos intermetálicos apresentam propriedades relevantes no que se refere a elevadas temperaturas, como resistência mecânica, rigidez, resistência à corrosão (ESPINOZA, 2002), além de apresentar um elevado ponto de fusão. Este composto resulta em uma solução sólida de níquel ordenada à longa distância, denominada fase γ’ também conhecida como fase intermetálica tipo A3B (BENEGRA, 2010).

As superligas de níquel são complexas, sendo constituídas por muitas fases, como carbetos, boretos, nitretos, γ’, nódulos eutéticos γ” e, talvez, algumas fases do tipo topologicamente compactas na matriz austenítica. As ligas de NiCrAl possuem maior resistência mecânica endurecidas pela formação de precipitados e da fase γ’ (INFOMET © 2013).

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Benegra (2010) desenvolveu revestimentos de NiCrAlC, composto por níquel, cromo, alumínio, carbono e pequenas adições de boro, depositadas por plasma com arco transferido (PTA). A deposição por plasma por arco transferido (PTA) tem sido reconhecida pelo processamento de depósitos homogêneos e densos, utilizando material de adição na forma de pó (BOND; BECKER; D’OLIVEIRA, 2006). A intensidade de corrente é a principal variável quando se considera o aporte de calor ao substrato (SANTOS, 2003). A mistura do material depositado com o substrato, comumente denominada de diluição em soldagem, é fortemente influenciada pela variação na intensidade de corrente (BENEGRA, 2010).

1 OBJETIVOS

Este trabalho objetiva avaliar a estabilidade estrutural de revestimentos aluminetos de níquel (NiCrAlC) obtidos in situ por PTA, submetendo-os a temperaturas de 600 °C a 1200 °C por tempos variáveis 1 h até 72 h.

2 METODOLOGIA

A caracterização microestrutural foi feita por microscopia eletrônica de varredura (MEV), análise química por espectroscopia (EDS) e por difração de raios-X, juntamente com análise dos resultados do ensaio de microdureza.

Para o presente estudo, foram selecionadas 28 amostras de NiCriAlC, as quais pertencem à composição D, desenvolvidas por Benegra (2010), com 10% Cr, 20% Al, 8% de carboneto de cromo, 0,1% de ferro boro e balanço de níquel. Há variação de temperatura (600, 800, 1000 e 1200 °C), por tempos distintos (1, 6, 24 e 72 horas), com variação de corrente de 100 A e 130 A. O substrato utilizado foi de inox AISI 316L.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas amostras analisadas, o alumínio apresentou pequenas variações. Segundo Benegra (2010), a pouca variação é esperada, uma vez que o substrato não apresenta um elevado teor de alumínio. As porcentagens de ferro e de cromo sofreram maiores variações, pois são elementos presentes no substrato e, com a diluição, se incorporam nos revestimentos.

Analisando as microestruturas da liga de níquel, nota-se a região dendrítica, cuja morfologia é apresentada em forma de ilhas. Essa região é caracterizada pelo maior teor de alumínio. De acordo com Benegra (2010), elevados níveis de alumínio caracterizam a fase

181Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

intermetálica NiAl (fase β). A região interdendrítica foi totalmente corroída pelo reagente, conforme mostrado na FIG. 1. O elevado teor de ferro é uma característica dessa região que se solidifica depois da região dendrítica. Com isso, podem formar os intermetálicos Ni3Al e a fase γ e γ’. A deposição com 130 A mostrou uma microestrutura, com um teor maior de ferro, FIG. 1. Para Benegra (2010), a variação do teor de ferro ocorre devido ao aumento na intensidade de corrente, pois maior é a energia empregada no processo, aumentando a interação com o substrato.

FIGURA 1 – Microestruturas dos revestimentos NiCrAlC, obtidas por MEV

100 A - 600 °C - 1 h 130 A - 800 °C - 1 h

FONTE: Os autores (2013)

O aparecimento de fases como: δ, µ e Laves pode ser indesejado. Contudo, no revestimento estudado, foi descartada a presença dessas fases devido à composição química do revestimento, que não apresentou elevados níveis de silício responsável pela fase δ. Já a fase η foi descartada também pelo baixo teor de silício e pela ausência do boro: em ambas as fases a presença de alumínio prejudica sua formação. A presença de elementos com tamanho de átomos semelhantes suprime a presença da fase µ e fase Laves (DAVIS, 1997; INFOMET © 2013; BENEGRA, 2010). Na fase sigma ocorre uma predominância de elementos como cromo, ferro e níquel; esses elementos também são predominantes na liga NiCrAlC, (DAVIS, 1997; INFOMET ©2013; BENEGRA, 2010). A presença desta fase foi confirmada por difração de raios-X.

As análises microestruturais revelaram carbonetos para deposição de 100 A. A maior incidência ocorreu com temperatura 600 °C e tempo de 24 h. Segundo a literatura, esses carbonetos podem ser o tipo M23C6 (FIG. 2). Para deposição com 130 A, ocorreu a presença de carbonetos na região interdendrítica nos contornos das dendritas, sendo mais evidenciados ao longo do tempo de exposição, conforme mostrado na FIG. 2.

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FIGURA 2 – Microestruturas dos revestimentos NiCrAlC, obtidas por MEV

100 A - 600 °C - 24 h 130 A - 1200 °C - 24 h

FONTE: Os autores (2013)

Para ambas correntes, a precipitação globular foi verificada. Para deposição de 100 A, teve início a uma temperatura de 800 °C e tempo de 72 horas (FIG. 3). Já para 130 A, essa precipitação ocorreu a partir do tempo de exposição de 6 horas, para uma temperatura de 800 °C. Para deposição com 130 A, a morfologia “H” foi evidenciada para a temperatura de 1000 °C e tempo exposição de 24 horas (FIG. 3) e, para deposição com 100 A, ocorreu com 800 °C e tempo de 72 horas.

FIGURA 3 – Microestruturas dos revestimentos NiCrAlC composição, obtidas por MEV

100 A - 800 °C - 72 h 130 A - 1000 °C - 1 h

FONTE: Os autores (2013)

Na variação da dureza das amostras depositadas, tanto com 100 A quanto para 130 A, a intensidade menor de corrente apresentou valores mais elevados de dureza devido à diferença microestrutural entre as duas intensidades de corrente. Segundo Benegra (2010), a fase topologicamente compacta σ é frágil, gerando um aumento na dureza.

A

A

A

A

A

183Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Benegra (2010) diz que o material fundido possui dureza de 480 HV para deposição com 100 A e 328 HV para deposição de 130 A. No revestimento analisado, as durezas ficaram próximas ou até acima desse valor devido à matriz predominantemente intermetálica e à presença de carbonetos.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados e discutidos, verificou-se que, para intensidade de corrente de 100 A, ocorre a presença de fase sigma, já para 130 A, apresentou a predominância de carbonetos. Analisando as variações microestruturais e a oscilação nos valores de dureza, com a exposição à temperatura, conclui-se que os revestimentos aluminetos de níquel não possuem uma estabilidade estrutural, apesar de manterem boa resistência à temperatura, apresentando valores de dureza até maiores do que as amostras como depositadas.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA184

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187Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DE CORANTE TÊXTIL UTILIZANDO UV/H2O2

Edinilson Andolhe Filho1

Marco Antonio Benedetti Durigan2

1 Aluno do 5º ano de Engenharia Ambiental e Sanitária na FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Química (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

A atividade industrial possui um papel importante no processo de contaminação ambiental global, devido à geração de grande quantidade de resíduos, que, se não tratados e dispostos de maneira inadequada, apresentam um elevado potencial poluente (FORGIARINI, 2006).

Podem-se destacar negativamente as indústrias têxteis, pois seus efluentes, além de amplamente volumosos, contêm sólidos suspensos, elevada quantidade de sólidos dissolvidos, corantes não reagidos e outros produtos utilizados no processo de fabricação, devendo toda esta carga poluente ser removida antes de os efluentes serem lançados em um corpo hídrico (RAJKUMAR; SONG; KIM, 2007).

O corante utilizado neste trabalho é o Azul QR 19, um azocorante, que constitui espécie química com efeito carcinogênico e mutagênico. Essa classe de corantes constitui 60% dos corantes atualmente utilizados no mundo (PERALTA-ZAMORA; SOUZA, 2004).

Os tratamentos convencionais de efluentes de maneira geral permitem somente uma remoção parcial ou mudança de matriz dos poluentes presentes neste tipo de resíduo (BRAILE; CAVALCANTI, 1993), ficando evidente a necessidade de novos sistemas de tratamento mais eficientes.

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O sistema a ser utilizado neste trabalho (UV/H2O2) consiste na associação de radiação ultravioleta e peróxido de hidrogênio. Segundo Araújo (2002), neste processo, chamado de Processos Oxidativos Avançados, ou somente POA, são gerados radicais hidroxila (•OH), espécie capaz de reagir de maneira rápida e pouco seletiva com inúmeros poluentes de relevância ambiental, entre eles os corantes têxteis, promovendo a sua completa mineralização, pois os produtos finais são principalmente gás carbônico e água, com pequenas quantidades de íons cloreto, nitrato ou sulfato, dependendo dos contaminantes, não gerando lodos (MELO et al., 2009; TEIXEIRA, 2002).

1 OBJETIVOS

O presente trabalho apresenta como principal objetivo avaliar a potencialidade do processo oxidativo avançado UV/H2O2, em relação à degradação do corante têxtil Azul QR-19. Os objetivos específicos são:

a) Construir uma câmara de fotodegradação para o sistema UV/H2O2.

b) Estudar a influência de parâmetros experimentais de relevância na capacidade de degradação do corante QR 19 pelo processo UV/H2O2.

c) Estudar a eficiência de degradação do corante QR 19 utilizando luz ambiente, UV e H2O2 individualmente.

d) Selecionar os parâmetros de melhor desempenho na capacidade de degradação do corante QR 19 pelo do processo UV/H2O2.

2 METODOLOGIA

Em uma primeira etapa, foram realizados experimentos chamados de “ambiente”, utilizando uma solução de 250 mL de corante QR 19 de concentração 20 ppm, verificando a existência da decomposição pela ação do tempo. Os experimentos foram sempre realizados utilizando o tempo total de 120 minutos.

Os experimentos que utilizaram somente H2O2 foram realizados em uma solução de 250 mL de corante QR 19, de concentração 20 ppm, e adicionou-se uma solução de H2O2 na concentração de 200 ppm. Os experimentos foram sempre realizados utilizando o tempo total de 120 minutos.

Os demais experimentos UV e UV/H2O2 foram realizados em um reator fotoquímico de bancada de 250 mL de capacidade, equipado com agitação magnética e refrigeração por água. A radiação foi fornecida por uma lâmpada a vapor de mercúrio de 125 W, inserida na solução com a proteção de um bulbo de quartzo.

189Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

O acompanhamento do perfil espectrofotométrico das amostras foi realizado em espectrofotômetro, monitorando a região de maior absorbância do corante Azul QR 19 em 585 nm. Todas as medidas foram realizadas em cubetas de quartzo de 1 cm de caminho óptico.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Não houve diminuição da coloração do efluente, em um tempo de 120 minutos, concluindo-se que apenas o tempo e o peróxido de hidrogênio não são suficientes para degradar o corante Azul QR-19, quando utilizados separadamente.

A não degradação do corante Azul QR 19 pelo H2O2 observado neste experimento está de acordo com a bibliografia pesquisada. Segundo Araújo (2002), Yassumoto, Monezi e Takashima (2009), Arslan et al. (2000) e Balanosky et al. (2000) para H2O2, separadamente, não foram observadas degradações nas diversas dosagens de corante utilizadas.

Foi construído um planejamento fatorial 22 (com ponto central em triplicata) para avaliar o efeito da concentração de H2O2 e pH na degradação do corante modelo (Azul QR-19) por processo UV/H2O2 (corante: 20 mg L-1, volume: 200 mL, tempo de reação: 30 min), foram obtidos resultados bastante satisfatórios.

Empregando-se como resposta o percentual de descoloração em um tempo de reação de 30 minutos, e calculando os efeitos com um nível de 95% de confiança (BARROS NETO, SCARMINIO, BRUNS, 1995), foi possível observar um efeito positivo de ambas as variáveis estudadas, o que implica favorecimento do processo de degradação nas condições representadas pelo experimento 1 (menor concentração de H2O2 e menor pH). Ao mesmo tempo, é possível verificar um significativo efeito de interação entre variáveis (H2O2 x pH -7,6 +/- 0,5), o que implica efeitos com diferentes tendências no intervalo estudado. Esta observação fica mais bem ilustrada na representação geométrica da FIG. 1, que mostra um aumento de aproximadamente 25 pontos percentuais na taxa de descoloração quando o teor de peróxido passa de 300 para 100 mg L-1, utilizando pH 3, enquanto para o menor pH esta modificação induz a um aumento de aproximadamente 17 pontos percentuais.

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FIGURA 1 – Resultados do planejamento fatorial 22 com ponto central em triplicata

FONTE: Os autores (2013)

CONCLUSÕES

O principal motivo para que os agentes “ambiente” e H2O2, separadamente, não tenham degradado o efluente é a complexidade da cadeia do corante QR-19 e a dificuldade de oxidá-lo.

Após a construção da câmara de degradação, foram realizados experimentos utilizando o sistema UV/H2O2 em diferentes concentrações de peróxido e faixas de pH, com o objetivo de analisar, via planejamento fatorial, quais características otimizariam a eficiência do processo oxidativo avançado.

Pelos experimentos, podemos observar que a solução de corante QR-19 é mais bem degradada em pH 3 utilizando 100 mg/L de H2O2, ou seja, a variável pH e o peróxido são variáveis importantes, e a maior eficiência foi encontrada nesta faixa de pH, descolorindo aproximadamente 71% o efluente em apenas 30 minutos de reação.

Outra característica observada foi a tendência na diminuição da eficiência do processo com o aumento da concentração do peróxido de hidrogênio, que pode ser explicado, segundo Pacheco (2004), pelo caráter sequestrante de radicais hidroxila apresentado pelo peróxido e ainda pelo processo de recombinação de radicais, quando gerados em excesso.

100ppm 200ppm 300ppm

191Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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193Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

UM DIÁLOGO ENTRE A ÓTICA DOS DISCENTES E DOS DOCENTES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA UMA RELAÇÃO DE MAIOR RESPEITO E APRENDIZAGEM

Eliane Botlender Severo Wassmansdorf1

Silvia Iuan Lozza2

1 Aluna do 4º ano de Pedagogia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

2 Mestre em Engenharia de Produção (UFSC). Coordenadora do curso de Pedagogia e professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Neste estudo, buscou-se um diálogo entre a relação professor, aluno e aprendizagem, que tem apresentado muitos problemas em sala de aula. É preciso rever as dificuldades e buscar estratégias para a solução do problema. Zagury (2007) apontou que a indisciplina por parte dos alunos e a falta de motivação por parte dos professores têm contribuído para a crise na educação e o consequente desgaste da relação entre eles. Indisciplina é o produto de uma série de valores que se perderam ao longo do tempo. É urgente rever a questão dos limites na família e na escola para buscar uma educação de qualidade. O cuidado, o repasse de valores e o amor dos pais são essenciais para que, em sala de aula, os alunos e professores convivam em paz. A quebra de regras morais e convencionais, a falta de respeito e a indisciplina ocorrem quando não há controle da turma. Gerir uma turma não é fácil e, por isso, os professores andam desanimados e frustrados. Apolinário (2012) alerta para a desunião e o pessimismo da classe dos professores em suas escolas, bem como dos movimentos reivindicatórios que beneficiam a classe. Segundo Demo (2000), “esta crise apresenta, agora com mais evidência, outro

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA194

fator essencial, que, embora consequência desta mesma crise, causa impacto devastador: a incompetência dos profissionais em termos propedêuticos”. O autor continua: “nada tem atrapalhado mais o aproveitamento escolar do que o despreparo dos profissionais, aliado ao corporativismo, que, por sinal, se nega a enfrentar este despreparo”.

1 OBJETIVOS

A educação é prioritária para o desenvolvimento do país, e o professor é o elemento--chave nesse processo. Sua formação é decisiva para a construção do conhecimento e desenvolvimento humano. Precisa-se resgatar a profissionalidade da docência, e a escola, que é a responsável pela formação do cidadão, deve colaborar com a eficiência de seus professores, bem como apoiar sua formação continuada. Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96, altera-se a visão do ser humano como responsável pela construção do conhecimento. O professor passa a interagir com o ambiente e a lidar com o conhecimento em construção, analisando a educação como um compromisso político. Perrenoud et al. (apud TARDIF, 1992) afirmam que “constitui a especificidade do ensino é que ele se trata de um ‘trabalho interativo’”, e Imbernón (2010) complementa que “a aquisição de conhecimentos por parte do professor é um processo complexo, adaptativo e experiencial”. Por isso a importância da formação continuada do docente. É preciso mudar os paradigmas e tornar a docência uma experiência coletiva para que se tenha reconhecimento. A especificidade da profissão docente está no conhecimento pedagógico e na sua prática. E o professor iniciante aprende muito ao estagiar antes de começar a lecionar. Ele aprende a trabalhar com interdisciplinaridade, resultando em muitos ganhos aos alunos e à escola como um todo, usando estratégias para estimular um resultado favorável à aprendizagem do aluno. Paulo Freire, em seu poema “A escola” (CRUZ, 2009), retrata bem esse sentido de comunidade: “Escola é: o lugar que se faz amigos. Não se trata só de prédios, salas, quadros. Programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente. Gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima...”.

2 METODOLOGIA

Metodologicamente, a abordagem com pesquisa documental nos dados anteriores, com apoio de pesquisa bibliográfica para ampliação do marco conceitual, foi necessária para realizar um diálogo entre os resultados citados acima.

195Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao dialogar com os resultados dos estudos anteriores – PAIC 2010/2011 –, definiu-se a indisciplina dos alunos como o desafio docente mais sério em sala de aula, e – PAIC 2011/2012 – demonstrou-se a falta de motivação dos docentes como um item de desagrado aos discentes, entendendo como verdadeira a conclusão dos trabalhos anteriores. A educação é renovável, e com o mundo globalizado, com as tecnologias modernas, o docente precisa acompanhar o crescente intercâmbio dos alunos com o mundo virtual. Deve ser capaz de evoluir, de aprender a aprender, para conseguir atingir o pleno desenvolvimento do seu discente. Atualizar-se em seu conteúdo curricular traz benefícios importantes ao professor, pois ele dará aulas que motivarão seus alunos a interagir com o proposto, evitando assim aborrecimentos e contratempos. A disputa de atenção entre as partes sofrerá um desgaste considerável se houver um entendimento do que o professor realmente quer que seu aluno aprenda. Tornar-se pesquisador e levar seu aluno a ser pesquisador é tarefa certa para um amplo conhecimento e desenvolvimento intelectual. Docência é vocação, é um estado de espírito. Doar-se a alguém que necessita de uma mão que o guie, que o leve a crescer como indivíduo social. Demo (2000) entende que “saber pensar, aprender a aprender para melhor intervir e inovar condensam o desafio educativo mais profundo, base da competência necessária para motivarmos a formação do sujeito inovador e capaz, dotado de qualidade formal e política”. Para a maioria dos autores citados nesta pesquisa, a especificidade da profissão docente está no conhecimento pedagógico. Ele é construído e reconstruído muitas vezes na vivência da docência do professor entre a teoria e a prática. Ideal seria que se estabelecesse a interação entre os próprios professores na prática de sua profissão. Isso poderia melhorar a prática profissional, pois os professores necessitam de melhores e novos sistemas de trabalho e de novas aprendizagens.

CONCLUSÕES

Constata-se que a boa convivência entre discentes e docentes terá ganhos significativos quando houver atenção entre eles. O uso do diálogo como forma de entendimento para a superação das dificuldades em sala de aula, aprender a conviver com os medos e incertezas, mudando atitudes para o ganho da aprendizagem tanto do professor quanto do aluno são atitudes que contribuirão para uma escola de qualidade que todos almejam.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA196

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A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES HOSPITALARES: UM ESTUDO DE CASO COM EDUCADORES DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO À REDE DE ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR (SAREH) DO HOSPITAL DO TRABALHADOR

Michele de Oliveira dos Santos1

Cinthya Vernizi Adachi de Menezes2

1 Aluna do 4º ano de Pedagogia na FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012/2013). E-mail: [email protected].

2 Mestre em Mídia e Conhecimento (UFSC). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Educação e saúde são direitos de todos os cidadãos, garantidos por meio de políticas públicas que promovam a redução da doença e a igualdade de oportunidades para acesso e permanência na escola.

Nessa perspectiva, foi implantado, em 2007, o Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh), que se fundamenta nas pesquisas de Menezes (2004), estabelecendo o direito ao atendimento pedagógico hospi talar proposto pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed). O objetivo é atender educandos que se encontram impossibilitados de frequentar a escola em virtude de internamento hospitalar, ou sob outras formas de tratamento de saúde, permitindo-lhes a continuidade do processo de escolarização, contribuindo para seu retorno e reintegração na escola de origem e, até mesmo, a inserção daqueles não matri culados no sistema educacional.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA200

Partindo do pressuposto de que o educando em situação de internamento se vê inserido em um espaço diferente da sua rotina diária, torna-se necessária a ressignificação deste espaço, oportunizando a esse aluno experimentar novas relações sociais, emocionais, culturais e educacionais que possibilitem a criação de vínculos durante o período em que se encontra afastado das suas atividades regulares. Assim, o objetivo geral deste projeto de iniciação científica é analisar a prática pedagógica dos educadores que atuam no Sareh, no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, com vistas a sistematizar a organização do trabalho pedagógico em ambiente hospitalar.

1 OBJETIVOS

O objetivo geral é analisar a prática pedagógica dos educadores que atuam no Sareh, no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, com vistas a sistematizar a organização do trabalho pedagógico em ambiente hospitalar.

Os objetivos específicos podem ser elencados da seguinte maneira:

a) Realizar um levantamento legal e histórico sobre o atendimento educacional hospitalar.

b) Situar o processo de humanização nos hospitais e a inserção do pedagogo em ambiente hospitalar.

c) Identificar as atribuições do pedagogo do Sareh no Hospital do Trabalhador, em Curitiba.

d) Verificar os procedimentos didático-metodológicos utilizados pelos profissionais da educação para a efetivação do processo de escolarização dos educandos hospitalizados.

e) Analisar os elementos que compõem a proposta político-pedagógica hospitalar e as relações estabelecidas na organização do trabalho pedagógico e a prática docente.

f) Propor uma sistematização da organização do trabalho pedagógico no Hospital do Trabalhador.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório. Por meio de uma revisão bibliográfica da temática relacionada à pedagogia hospitalar, buscou-se apresentar seu estado da arte. Além disso, foi realizada uma análise documental, com vistas a identificar a fundamentação teórica e política que embasa o trabalho do Sareh no Paraná.

201Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

Com o objetivo de explorar as percepções subjetivas do trabalho pedagógico desenvolvido no Sareh pelo Hospital do Trabalhador, foi realizada uma entrevista semiestruturada com a pedagoga responsável. Além disso, foi desenvolvido e aplicado um questionário junto aos professores que atuam com o atendimento pedagógico no Hospital do Trabalhador.

Diante destes dados, foi elaborada uma proposta de sistematização do trabalho pedagógico a ser desenvolvida em ambientes escolares hospitalares.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos resultados obtidos em entrevista com a pedagoga e com os professores permitiu constatar que não há um registro oficial explicando a sistematização do trabalho pedagógico realizado. Tal constatação pode ser confirmada a partir das respostas atribuídas às questões realizadas na entrevista e no questionário.

Embora a Proposta Político-Pedagógica Hospitalar (PPPH) e o Plano de Ação Pedagógica determinem as diretrizes e conduzam o trabalho educacional hospitalar, tais documentos não apresentam uma sistematização detalhada da organização do trabalho pedagógico realizado em ambiente hospitalar, conforme resposta dada pela pedagoga do Hospital do Trabalhador: “Não, o que ele faz é direcionar, apresentar as diretrizes do dia a dia do cotidiano do trabalho hospitalar”.

Assim, o trabalho pedagógico realizado no hospital atende ao disposto na PPPH e nas instruções normativas, porém, não está oficialmente sistematizado. Apesar de a pedagoga estar habituada à prática cotidiana do trabalho e aos procedimentos didático-pedagógicos, desde a entrada até a saída dos alunos do hospital, não foram identificados registros explicativos deste trabalho nos documentos analisados nesta pesquisa.

A partir dos dados analisados e da pesquisa bibliográfica e documental realizada, alcançamos o objetivo geral e os objetivos específicos desta pesquisa, pois foram propostas as etapas da organização do trabalho pedagógico, que poderão ser realizadas pelos pedagogos em ambientes hospitalares, conforme segue:

a) Pesquisa do censo do Hospital;

b) Preenchimento da ficha individual do aluno;

c) Realização da anamnese;

d) Contato com a escola de origem;

e) Orientação aos professores da área;

f) Contato dos professores com os alunos;

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA202

g) Acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem;

h) Troca de informações;

i) Avaliação;

j) Orientação aos familiares após a alta médica;

k) Retorno à escola de origem;

CONCLUSÕES

A prática pedagógica do Sareh, voltada para a perspectiva da educação universal inclusiva e pelo atendimento à diversidade, aponta um quantitativo expressivo no período de 2007 a 2012. Apesar de não haver uma sistematização sobre as análises qualitativas do atendimento pedagógico realizado, é possível, pela presente pesquisa, esboçar a dimensão do impacto social que o serviço apresenta, atendendo ao princípio básico de cidadania, ao considerar a busca por oportunidades iguais e o respeito à dignidade.

Este trabalho buscou abordar processos históricos do atendimento escolar hospitalar, seus aspectos legais, a humanização necessária para este contexto, a atuação e as atribuições do pedagogo nesse ambiente, para, finalmente, analisar os dados obtidos por meio dos instrumentos aplicados. Dessa forma, foi possível gerar uma proposta de sistematização da organização do trabalho pedagógico, a qual busca contribuir para o estabelecimento de um processo educacional específico a um espaço diferenciado, respeitando a diferença entre o tempo de ensinar e o tempo de aprender e demonstrando as especificidades didático-metodológicas adotadas para garantir o processo de ensino-aprendizagem de qualidade.

203Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

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207Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

MÍTICAS, PSICOLÓGICAS E TRAGÉDIAS CARIOCAS: UM RECORTE DA DRAMATURGIA RODRIGUEANA

Luis Gabriel Venancio de Sousa1

Charlott Eloize Leviski2

1 Aluno do 3º ano de Letras Português/Inglês da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Mestre em Estudos Literários (UFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O presente artigo pretendeu comprovar a importância literária de cada fase de Nelson Rodrigues, perfazendo e estabelecendo uma trajetória de sua dramaturgia. A crítica teatral relativa à época em que as peças foram publicadas esteve mais voltada para a fase psicológica e mítica do dramaturgo, em contraponto às tragédias cariocas, que eram consideradas literariamente inferiores devido ao seu caráter popular. Para tanto, foram selecionadas quatro peças, a partir da classificação feita por Sábato Magaldi: Vestido de noiva (peças psicológicas), Anjo negro (peças míticas), A serpente e O beijo no asfalto (tragédias cariocas I e II).

Verificou-se uma recorrência temática que corresponde a: morte, amor, traição, sexo, cômico, grotesco e relações familiares. Ainda vale ressaltar a falácia da crítica negativa atribuída às tragédias cariocas: a de que a linguagem é inferior, pois retrata pessoas da camada popular. Comprovou-se que a inovação literária começou desde Vestido de noiva mediante a inserção da linguagem do cotidiano por meio de marcas linguísticas da oralidade.

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1 OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo é a possibilidade de análise com uma visão panorâmica da obra teatral rodrigueana. Os objetivos específicos centram-se em investigar a inserção das peças nos contextos sócio-histórico, cultural e literário brasileiro; estabelecer uma relação temática entre as peças; e traçar a trajetória da dramaturgia de Nelson Rodrigues a partir das obras selecionadas.

2 METODOLOGIA

A metodologia adotada partiu de uma pesquisa bibliográfica. A coleta de dados foi realizada por meio de fichamento e leitura de pressupostos críticos, filosóficos e teóricos, encontrados em periódicos, livros e meio digital. A análise de tais dados ocorreu de maneira seletiva, reflexiva e crítica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas peças analisadas, são retratadas diversas possiblidades de formação familiar. A serpente retrata uma família constituída apenas por casais: duas irmãs que dividem o mesmo teto, uma delas tem um casamento infeliz ao passo que a outra tem o casamento perfeito, incluindo-se a vida sexual. Na peça Anjo negro o casal ao mesmo tempo se detesta e não podem viver um sem o outro; não há possiblidade de filhos ou qualquer agregado. Já em O beijo no asfalto tem-se uma formação peculiar do subúrbio carioca: recém-casados que ainda não pretendem ter filhos, porém a cunhada divide a casa e há grande interferência do sogro. Em Vestido de noiva o cenário também é ambientado no Rio de Janeiro. Observa-se o retrato da típica família burguesa: o pai industrial, a mãe dona de casa e duas filhas que esperam por um bom casamento. Uma delas se casa com o ex-namorado da irmã.

Os conflitos e o impasse entre as relações humanas que surgem dentro de cada uma dessas famílias começam, primeiramente, com um conflito interno de cada personagem, suas falhas, seus excessos. Depois se expandem nas relações com o outro, “direcionadas em grande parte pela maneira com que cada um percebe a si mesmo e o modo como entende que o mundo o enxerga” (SOUTO, 2007, p. 88).

A morte é observada como desfecho e enlaçamento das narrativas, entretanto ela adquire diversos significados conforme a trama da qual faz parte. Em Anjo negro, a morte dos bebês negros, bem como o assassinato de Elias e o de Ana Maria, não resolve

209Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

as dificuldades de convivência entre Ismael e Virgínia. Ela nunca amou o marido e tem nojo por ele ser negro, já Ismael nunca perdoou a esposa por ela gerar filhos negros e consequentemente matá-los. Logo, a vingança e o ódio entre eles serão carregados ao longo de suas vidas. Não há arrependimento de Virgínia nem de Ismael, uma vez que não se sentem culpados. Para Virgínia a morte dos filhos negros era algo necessário, nunca poderiam sobreviver no seio daquela família.

Paulo, em A serpente, sentindo-se sufocado por Guida, decide matá-la para viver com a cunhada, atirando-a do 10° andar. Não existe sentimento de culpa, a esposa era apenas um empecilho para a realização do seu amor.

Nada de remorsos, apenas a sensação de dever cumprido. O que deixa o homem cheio de embaraços é o efeito colateral da consciência moral. É a possibilidade de alguém viver ou não em paz consigo mesmo quando chegar a hora de pensar sobre seus atos e palavras, é a antecipação do sujeito que aguarda quando a pessoas voltar para casa. (SOUTO, 2007, p. 96.)

Não existe o efeito da consciência moral, uma vez que os personagens assassinos não se arrependem, porque não têm sentimento de culpa. Os assassinatos cometidos eram necessários, pois, ao ver de Paulo e Virgínia, eram pessoas inconvenientes à sua felicidade, que precisavam ser retiradas do caminho. O mesmo ocorre em Vestido de noiva, a personagem Alaíde era inconveniente para que Pedro e a cunhada, Lucia, pudessem concretizar seu desejo amoroso. Desse modo, planejam a morte da irmã e da esposa. Além disso, Alaíde recebeu uma espécie de punição, pois havia roubado o namorado de Lucia.

Em O beijo no asfalto a morte assume uma conotação bem diferente em relação às peças anteriores. A visão negativista do dramaturgo em relação ao ser humano torna-se atenuada com a personagem de Arandir. Ele realizou o último desejo de um moribundo atropelado e em troca é massacrado não só pela sociedade, mas também pela família. Ao beijo foi atribuída uma conotação homossexual, fazendo com que ficasse ameaçada a repressão homossexual nos demais personagens da peça, principalmente no sogro. No instante do seu gesto, Arandir chegou “à sua existência autêntica” (PELLEGRINO, 2004, p. 270), tornou-se um sujeito como nunca fora antes: não pensou o que ganharia em troca, foi um ato de extrema bondade. Um ato insuportável para a sociedade hipócrita e moralista, que o degradou, condenando-o de homossexual. Assim, o beijo tornou-se uma metáfora de morte: Arandir ao beijar o agonizante beijou sua própria morte, entregou-se em prol do outro, mas foi crucificado pela sociedade, sendo esse um fardo muito pesado para carregar.

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CONCLUSÕES

O objetivo inicial deste artigo foi o de comprovar que todas as fases literárias de Nelson Rodrigues tiveram sua devida relevância. A fase das peças psicológicas foi a mais aclamada pelos críticos da época, na qual Vestido de noiva marcou o teatro brasileiro devido ao fato de a ação se desenrolar em três planos, além de a narrativa explorar o nível de consciência da protagonista, o cenário e a iluminação inovadores. A fase das peças míticas ficou conhecida por abordar temas desagradáveis e por fazer uma releitura da tragédia clássica. Por sua vez, a fase das tragédias cariocas teve como cenário o Rio de Janeiro, seus personagens eram representantes da classe média e suburbana carioca.

A grande inovação em suas peças, desde Vestido de noiva, foi o dinamismo da linguagem incorporado ao da informalidade, do dia a dia, da linguagem do povo. Ao retratar personagens tipicamente brasileiros, em especial resgatar traços da sociedade carioca, o dramaturgo criou uma tragédia brasileira que trazia elementos míticos da tragédia clássica acrescidos de elementos do subúrbio carioca. A partir da ambientação do local, sua literatura se desdobra para o aspecto do universal, pois retrata seres humanos reprimidos. Observa-se a leitura de uma sociedade burguesa, expondo-se todos seus os podres. Além disso, exploram-se conflitos inerentes ao homem, temas desagradáveis que são camuflados por convenções sociais, como a traição tanto por parte de homens quanto de mulheres, desejo pelo marido/esposa do outro, homossexualismo, assassinato, perversões sexuais e assim por diante. Ao mesmo tempo em que expõe seus personagens, em seus mínimos detalhes, o dramaturgo ironiza situações que seriam trágicas, utilizando-se do grotesco e da comicidade.

Após análise comparativa das peças, convém questionar se a dramaturgia de Nelson Rodrigues ainda causa o mesmo impacto de quando suas peças foram publicadas. Em 2007, o dramaturgo foi homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), contrapondo-se, justamente, à recepção feroz da época em que suas peças foram escritas:

‘Protesto, em nome da família brasileira!’ O grito solitário, mas representativo de muitas indignações dos conservadores na época, saiu da plateia de Beijo no Asfalto, de 1961. Era contra Nelson Rodrigues, considerado maldito e pornográfico por muitos. Agora, 46 anos depois, ele é o homenageado desta edição da FLIP. Será uma excelente oportunidade para que todos conheçam melhor o grande cronista do comportamento humano e sua obra, que continua atual e influenciando dramaturgos, escritores, músicos e artistas. (MACHADO, 2007.)

211Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

As críticas sociais encontradas nas obras de Nelson Rodrigues são muito vivas e presentes. Temas como traição, incesto, sexo, morte, homossexualidade, entre outros, transformam-se em notícias diárias. A banalização gerada pela mídia faz com que tais assuntos não se tornem mais surpreendentes e/ou chocantes. Desse modo, as narrativas ficcionais de Nelson Rodrigues tornaram-se bem parecidas com as histórias estampadas diariamente nos tabloides. O distanciamento ficcional proporcionado pela literatura deveria permitir que se fizesse uma leitura crítica/reflexiva, e não moralista, da obra rodrigueana. Está fora de contexto, além de ser uma grande hipocrisia, rotular Nelson Rodrigues como um escritor imoral, uma vez que ele foi o primeiro dramaturgo brasileiro que soube resgatar o universal a partir do cotidiano banal.

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213Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO CONTEXTO COMUNICATIVO DA EAD

Cristina Luciana Grudginski1

Juliana Simões Bolfe2

1 Aluna do 4º ano de Letras Português/Inglês da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Mestre em Educação (UTP). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo de caso, com base na realidade do curso de pós-graduação em Docência Universitária, ofertado na modalidade a distância, pela FAE Centro Universitário. Com a pesquisa desenvolvida, buscou-se destacar a relevância dos gêneros textuais e sua compreensão dentro da educação a distância, pois analisar quais metodologias são utilizadas nas práticas educativas, nesse cenário do EAD, é essencial para o aprimoramento delas.

Com base em estudos teóricos e a partir da observação da realidade, a pesquisa foi realizada com o objetivo de compreender como são percebidos os gêneros textuais por professores e alunos de um mesmo curso, na modalidade de ensino a distância. Para isso, além das pesquisas teóricas sobre o tema, foram analisadas as atividades propostas pelos professores do curso objeto da pesquisa e, na sequência, foram levantados dados junto aos professores e alunos do respectivo curso, por meio da aplicação de questionários.

Os resultados obtidos demonstram, entre outros aspectos, que, apesar dos diversos enunciados propostos nas atividades, professores e alunos estiveram em sintonia no decorrer das avaliações. Além disso, os integrantes de ambos os grupos acreditam ser

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o conteúdo o fator mais relevante nas produções textuais Ainda que os resultados não possam ser considerados definitivos, devido à baixa participação dos alunos do curso em responder aos questionários, a presente pesquisa serve de base inicial para estudos futuros sobre o tema e abre a discussão sobre a importância da seleção e compreensão dos gêneros textuais e sua relevância na produção textual no processo de ensino-aprendizagem.

1 OBJETIVOS

O principal objetivo da pesquisa foi verificar, a partir da análise da realidade do curso de pós-graduação em Docência Universitária, ofertado na modalidade a distância pela FAE Centro Universitário, como os gêneros textuais foram cobrados pelos professores no momento das avaliações e a percepção dos alunos sobre os gêneros textuais presentes nas atividades propostas, destacando a importância dos estudos sobre gêneros textuais para o ensino a distância.

2 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do trabalho, foram realizadas pesquisas teóricas sobre o tema proposto. Em seguida, partiu-se para a análise da realidade do curso de pós-graduação em Docência Universitária, da FAE Centro Universitário, na modalidade a distância, por meio da plataforma Moodle, na qual foi possível identificar e destacar os gêneros textuais trabalhados por professores e alunos nas atividades avaliativas do curso.

Tomando por base os levantamentos anteriores, foram desenvolvidos questionários, um para os professores e outro para os alunos, com o objetivo de obter respostas sobre a percepção de ambos os grupos sobre os gêneros textuais desenvolvidos e trabalhados no decorrer do curso. Os dados obtidos foram tabulados e apresentados na pesquisa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na análise das atividades propostas pelos professores aos alunos do curso em questão, disponíveis na plataforma Moodle da FAE Centro Universitário, foi possível destacar 26 atividades que, de alguma maneira, envolviam a produção textual, sendo descartadas as solicitações de livre discussão nos fóruns do curso, porém considerando aquelas que determinavam a produção de comentários, uma vez que eles sugerem a produção textual.

215Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

A classificação dessas avaliações em gêneros textuais foi uma tarefa bastante complicada, tendo em vista que não foi encontrado um padrão de denominação para as produções solicitadas pelos professores. Entretanto, considerando o estipulado no Guia do Aluno, é possível destacar que grande parte das avaliações pode ser enquadrada no item “Outros” do referido guia, no qual está definido que a avaliação poderá ser de “trabalhos específicos a alguma disciplina, com instruções e itens desenvolvidos pelo professor” (FAE, 2010, p. 15).

Na etapa seguinte da pesquisa, foram aplicados questionários para os nove professores e os 38 alunos do curso, dos quais se obtiveram seis e 11 respostas respectivamente. O número de alunos que retornaram a pesquisa foi inferior a 50%, porém, mesmo assim, foi possível destacar algumas tendências e fazer um levantamento satisfatório das questões propostas, como será visto no decorrer da análise dos resultados.

O questionário aplicado aos professores foi composto de um total de seis questões e o dos alunos possuía cinco questões, todas com o mesmo enfoque para que fosse possível traçar um parâmetro de relação entre o assunto tratado. No entanto, a questão número 2, de ambos os questionários, não foi aproveitada para a pesquisa, devido a divergências constantes nos arquivos enviados, que foram percebidas somente após o recebimento das respostas.

Com base nas cinco questões respondidas pelos professores, já desconsiderando a questão número 2, que não foi tabulada, foi possível chegar aos seguintes dados, apresentados a seguir.

Pode-se afirmar que as orientações disponíveis nos enunciados das atividades a serem desenvolvidas pelos alunos foram suficientes para a conclusão das tarefas, uma vez que 50% dos professores responderam que nunca tiveram solicitações extras, oriundas dos alunos, sobre como deveriam desenvolver o trabalho solicitado, e os outros 50% disseram que poucas vezes receberam o pedido de informações adicionais.

A questão número 3, que trazia em sua introdução a definição de alguns gêneros textuais, segundo a conceituação apresentada no livro Produção de texto: interlocução e gêneros, da Maria Luiza Abaurre, foi seguida da pergunta “Qual destes gêneros você considera ter solicitado com mais frequência?”. Com base nas respostas, é possível perceber que todos os gêneros apresentados no texto introdutório à questão foram solicitados em algum momento do curso, por algum professor. No entanto, houve uma tendência à solicitação do gênero textual resenha (33%) e de outros gêneros não classificados entre os três apresentados na introdução da pergunta (33%). O texto dissertativo e o artigo de opinião ficaram com o percentual de 17% cada, segundo os professores entrevistados.

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Sobre a percepção dos professores quanto à qualidade dos textos avaliativos solicitados e produzidos pelos alunos, 50% dos que retornaram a pesquisa responderam que os textos atingiram as expectativas sobre a atividade proposta. Enquanto somente 17% responderam que isso ocorreu na minoria das vezes.

Na classificação dos itens de correção, conforme prioridade, atribuindo numeração de 1 a 7, em que 1 seria para maior importância e 7 para menor importância no momento da correção, apesar de não haver unanimidade, o requisito “conteúdo” foi considerado o mais relevante para três dos seis professores entrevistados (apenas um não respondeu a essa pergunta). Em seguida, na escala de relevância, temos a articulação das ideias e a utilização adequada do referencial teórico solicitado. Os itens, entretanto, de menor importância são os que dizem respeito à formatação e ao número de linha e laudas do texto.

Na última questão, 67% dos professores entrevistados declararam que consideram importante, na elaboração das atividades, solicitar algo que tenha relação com os gêneros textuais trabalhados anteriormente. Já 33% levam em consideração tal aspecto na maioria das vezes.

Do questionário aplicado aos alunos, foi possível inferir que, na questão número 1, 82% dos alunos afirmaram que poucas vezes precisaram de informações adicionais sobre as atividades, enquanto 18% sentiram necessidade de mais explicações. Como a questão 2 não foi considerada, partimos para os resultados obtidos na questão 3.

Na questão 3, foi possível observar que os alunos perceberam a incidência maior do gênero textual resenha nas produções textuais solicitadas; 46% afirmou que a resenha foi o gênero textual mais solicitado pelos professores, seguido dos demais gêneros destacados, com 18% das respostas.

A questão 4 solicitava aos alunos a classificação de 1 a 6, conforme relevância, dos critérios considerados mais ou menos importantes nas suas produções textuais avaliativas. Os itens que se destacaram em primeiro lugar em relevância foram o conteúdo e o respeito ao gênero textual. Como itens de menor importância na produção textual foram destacados a formatação e o respeito ao número de linhas/laudas do texto.

Na última questão foi possível perceber a sintonia entre os professores do curso e os alunos. Dos questionários respondidos somente 9% dos entrevistados disseram ter percebido, na minoria das vezes, relação entre o gênero trabalhado no decorrer do curso e o solicitado nas produções textuais, e 18% afirmaram não ter notado tal relação. No entanto, a maioria dos alunos afirmou perceber essa relação.

217Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

CONCLUSÕES

Por meio dos estudos realizados, foi possível perceber que as normas regulamentadoras dos cursos de pós-graduação, em nível de especialização, são bastante novas. Os estudos sobre as novas tecnologias e a educação nos mostram que não é mais possível pensar em educação nos moldes antigos.

Com a observação das atividades propostas pelos professores do curso objeto da pesquisa, foi possível verificar que a classificação das solicitações de produções textuais em gêneros não seguiu um padrão fixo. No entanto, a partir da tabulação dos dados obtidos com os questionários aplicados aos professores e alunos do curso, algumas conclusões puderam ser retiradas.

A primeira é que, apesar da diversidade dos enunciados, os alunos encontraram poucas dificuldades para a realização das tarefas. O segundo aspecto analisado também demonstra a sintonia entre alunos e professores do curso, pois os dois grupos identificaram a resenha como o gênero mais desenvolvido nas avaliações do curso. Quanto aos critérios de avaliações, a maioria dos professores, bem como dos alunos, considera que o item mais relevante na correção e na produção das atividades é o conteúdo, sendo considerados menos relevantes os itens como formatação e respeito ao número de linhas e laudas do texto.

Por fim, com base nas respostas aos questionários, percebeu-se que os professores se preocuparam com a existência de relação entre o gênero textual estudado e o solicitado, e os alunos conseguiram perceber essa mesma relação no decorrer do curso.

Levando em conta a complexidade e a importância do assunto, futuros trabalhos poderiam ser desenvolvidos sobre o tema, considerando um leque maior de cursos e de diferentes instituições, tendo em vista a hipótese de que diferentes áreas atribuem diferentes valores e importância às produções textuais e seleção de gêneros textuais.

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219Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

APÊNDICE I

PESQUISA PROFESSORES

IDADE:________________________________________________________________

FORMAÇÃO:___________________________________________________________

1. Considerando o fato de que parte das avaliações solicitadas, no decorrer do curso de Pós-graduação em Docência Universitária, foi de produção de texto cujo arquivo deveria ser enviado/postado na plataforma, responda: Com que frequência você recebeu, dos alunos ou da secretaria, pedidos de informações adicionais sobre como os estudantes deveriam desenvolver o texto/atividade solicitado(a)?

( ) nunca

( ) poucas vezes

( ) na maioria das vezes

( ) todas as vezes

2. Observado o disposto no item 3.5. Atividades Avaliativas do Guia do Aluno, disponível para acesso e leitura na plataforma do curso, responda à seguinte questão sobre o desenvolvimento das avaliações: Você considera que as atividades propostas estavam de acordo com o que estipula o referido guia?

( ) sim

( ) não

( ) na maioria das vezes

( ) na minoria das vezes

( ) não conheço o Guia do Aluno

3. Considere as seguintes afirmações:

a) A dissertação é um texto que se caracteriza por analisar, explicitar, interpretar e avaliar os vários aspectos associados a uma determinada questão. A finalidade da dissertação, portanto, é explicitar um ponto de vista claro e articulado sobre um tema específico. Em alguns casos, além da análise cuidadosa e detalhada de um tema, espera-se que o texto também apresente os argumentos para a defesa de um ponto de vista. Quando isso ocorre, tem-se a dissertação-argumentativa.

b) A resenha é um gênero discursivo que combina a apresentação das características essenciais de uma dada obra (filme, livro, peça de teatro etc.) com comentários e avaliações críticas sobre sua qualidade.

c) O artigo de opinião é um gênero discursivo claramente argumentativo que tem por objetivo expressar o ponto de vista do autor que o assina sobre alguma questão relevante em termos sociais, políticos, culturais etc. O caráter argumentativo do texto de opinião é evidenciado pelas justificativas de posições arroladas pelo autor para convencer os leitores da validade da análise que faz.

Fonte: ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2007.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA220

Qual destes gêneros você considera ter solicitado com mais frequência?

( ) texto dissertativo

( ) resenha

( ) artigo de opinião

( ) outro

4. Considerando a qualidade dos textos avaliativos solicitados, você considera que o desenvolvimento deles foi satisfatório, ou seja, atingiu as expectativas propostas pelos enunciados?

( ) sim

( ) não

( ) na maioria das vezes

( ) na minoria das vezes

5. Com relação aos critérios de correção, como você classificaria a utilização dos itens abaixo, numerando de 1 a 7, em que 1represente o mais frequente e 7 o menos frequente?

( ) número de linhas/laudas

( ) formatação

( ) conteúdo

( ) articulação de ideias

( ) utilização adequada de referencial teórico solicitado

( ) utilização adequada de argumentos

( ) respeito ao gênero textual solicitado (resenha, relatório, estudo de caso, análises comparativas, debates etc.)

6. No ato da elaboração das atividades avaliativas, você considera importante solicitar uma atividade que tenha relação com um gênero textual trabalhado anteriormente? (Ex.: no decorrer da unidade, as leituras sugeridas eram do gênero resenha, então a avaliação solicitada será a elaboração de uma resenha.)

( ) sim

( ) não

( ) na maioria das vezes

( ) na minoria das vezes

221Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

APÊNDICE II

PESQUISA ALUNOS

IDADE: ________________________________________________________________

FORMAÇÃO: ___________________________________________________________

1. Considerando o fato de que parte das avaliações solicitadas, no decorrer do curso de Pós-graduação em Docência Universitária, foi de produção de texto cujo arquivo deveria ser enviado/postado na plataforma, responda: Com que frequência você sentiu necessidade de solicitar, ao tutor, professor ou aos demais alunos do curso, informações adicionais sobre como desenvolver o texto solicitado?

( ) nunca

( ) poucas vezes

( ) na maioria das vezes

( ) todas as vezes

2. Observado o disposto no item 3.5. Atividades Avaliativas do Guia do Aluno, disponível para acesso e leitura na plataforma do curso, responda à seguinte questão sobre o desenvolvimento das avaliações. Você considera que as atividades propostas pelos professores estavam de acordo com o que estipula o referido guia?

( ) sim

( ) não

( ) na maioria das vezes

( ) na minoria das vezes

( ) não conheço o Guia do Aluno

3. Considere as seguintes afirmações:a) A dissertação é um texto que se caracteriza por analisar, explicitar, interpretar e avaliar os vários aspectos

associados a uma determinada questão. A finalidade da dissertação, portanto, é explicitar um ponto de vista claro e articulado sobre um tema específico. Em alguns casos, além da análise cuidadosa e detalhada de um tema, espera-se que o texto também apresente os argumentos para a defesa de um ponto de vista. Quando isso ocorre, tem-se a dissertação-argumentativa.

b) A resenha é um gênero discursivo que combina a apresentação das características essenciais de uma dada obra (filme, livro, peça de teatro etc.) com comentários e avaliações críticas sobre sua qualidade.

c) O artigo de opinião é um gênero discursivo claramente argumentativo que tem por objetivo expressar o ponto de vista do autor que o assina sobre alguma questão relevante em termos sociais, políticos, culturais etc. O caráter argumentativo do texto de opinião é evidenciado pelas justificativas de posições arroladas pelo autor para convencer os leitores da validade da análise que faz.

Fonte: ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2007.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA222

Qual destes gêneros você considera ter sido o mais solicitado pelos professores?

( ) texto dissertativo

( ) resenha

( ) artigo de opinião

( ) outro

4. Com relação ao desenvolvimento das atividades avaliativas, como você classificaria a importância dos itens abaixo, numerando de 1 a 6, em que 1 represente o mais relevante e 6 o menos relevante para o cumprimento da tarefa?

( ) número de linhas/laudas

( ) formatação

( ) conteúdo

( ) utilização adequada de referencial teórico apresentado

( ) utilização de argumentos

( ) respeito ao gênero textual solicitado (resenha, relatório, estudo de caso, análises comparativas, debates etc.)

5. No ato da elaboração das atividades avaliativas você percebe relação entre a atividade solicitada e os textos anteriormente trabalhados? (Ex.: no decorrer da unidade, as leituras sugeridas eram do gênero resenha, então a avaliação solicitada será a elaboração de uma resenha.)

( ) sim

( ) não

( ) na maioria das vezes

( ) na minoria das vezes

223Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS NO BRASIL

Sueder Santos de Souza1

Valdir Fernandes2

1 Aluno de Letras da Universidade TecnológicaFederal do Paraná. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].

2 Doutor em Engenharia Ambiental (UFSC). Professor da Universidade Positivo. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

As questões ambientais que surgiram na década de 1970, como realidade social, política e institucional, não demoraram a virar campo de pesquisa específico de várias áreas do conhecimento. Surgiram pesquisas sobre as questões ambientais nas áreas de ecologia, ciências biológicas, geografia, ciências sociais e engenharias.

Recentemente, as ciências ambientais aparecem como naturalmente interdiscipli-nares, como uma aglutinação de temas antigos já abordados amplamente pelas disciplinas especializadas, entre temas relacionados a problemas econômicos e sociais mediados pela ciência e tecnologia (FERNANDES; SAMPAIO, 2012). Gradativamente, houve um processo de institucionalização das questões ambientais com notório crescimento de cursos e disciplinas em todos os níveis, do ensino fundamental à pós-graduação. Dentre os fatos relevantes desta institucionalização, em nível de pós-graduação stricto sensu, destaca-se o surgimento das Ciências Ambientais no contexto da Capes, que em 2011 criou esta área com 84 cursos, que constituem 54 programas entre mestrado, mestrado profissional e doutorado.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA224

1 OBJETIVOS

Neste contexto, o objetivo deste artigo é apresentar a pesquisa que buscou mapear e caracterizar a área nascente de Ciências Ambientais no Brasil, trazendo à tona suas especificidades e peculiaridades enquanto criar ciência.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória e pioneira na medida em que inaugura, ou sistematiza, uma abordagem, um campo ou uma perspectiva ainda não abordados. Para a produção da pesquisa, foi necessária a revisão bibliográfica de produções científicas relacionadas à área das Ciências Ambientais entre o ano de 2011 até início de 2013, coleta de dados sobre os programas de pós-graduação que ofertam programas na área e coleta de dados em documentos oficiais sobre a questão ambiental no Brasil.

Entre análise de periódicos, teses, livros e artigos científicos, das mais variadas áreas, foram extraídos e tabelados aqueles que apresentam um maior aprofundamento e semelhança com o tema, proporcionando embasamento teórico e o balanço das pesquisas já realizadas sobre a temática. A coleta de dados sobre as características dos programas de pós-graduação se deu por meio do site de cada programa e da Plataforma Lattes, por meio da qual se acessou informações sobre as características do corpo docente e discente, sua formação principal e formação final, bem como áreas de atuação.

A análise das áreas de atuação dos programas deu-se por meio da quantidade de áreas de concentrações, que variam entre uma e três diferentes áreas, das respectivas linhas de pesquisas que compõem a área de concentração (em maior número), existindo a variação de uma a sete linhas diferentes dentro do mesmo programa, dos projetos associados às linhas, que variam de um a trinta e sete projetos dentro da temática e que possibilita a ampliação de pesquisa do discente junto ao programa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados dão conta de que as “Ciências Ambientais” abrangem diversas áreas do conhecimento, tais como a Gestão Ambiental, Recursos Naturais, Tecnologia, Ambiente e Sociedade, oriundas de diversas formações, tais como Geografia, Agronomia, História, Biologia, Química, Ciências Sociais, Ecologia entre outras, provenientes tanto das ciências Humanas como das Naturais e Exatas. Até dezembro de 2012, a Capes contava com 5.333 programas de pós-graduações credenciados e divididos em: 499 em nível de mestrado

225Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013

profissional; 3.014 em nível de mestrado acadêmico e 1.820 em nível de doutorado. Na área de Ciências Ambientais, eram 17 programas em nível mestrado profissional; 54 em nível de mestrado acadêmico e 25 em nível de doutorado. A criação da área de Ciências Ambientais deu-se a partir da migração de 67 programas, contendo 84 cursos. 54 programas provenientes da área Interdisciplinar, 51 originados da área do Meio Ambiente e Agrárias, 2 da área de Engenharia, Tecnologia e Gestão e 1 da área Social Aplicada e Humana. Além da migração de programas de outras áreas do conhecimento, foram implantados 8 novos cursos aprovados em 2011. Até o início de 2013, a área contava com 77 programas e 96 cursos.

CONCLUSÕES

Estes resultados levam a concluir que a multidisciplinaridade é evidente dentro da área enquanto campo de conhecimento, o que condiz com a natureza do próprio campo e a necessidade de abordagem sempre interdisciplinar. Pela natureza dos problemas ambientais, a área de ciências ambientais não se constitui de uma disciplina, mas da convergência de diversas disciplinas.

FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA226

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