O avanço da Indústria 4.0 em Santa...
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O avanço da Indústria 4.0em Santa Catarina
Ano 11| Edição 067 | Setembro / Outubro 2019
Como a inovação está impactandoo setor de manufatura no Estadoe quais os desafios ainda a serem vencidos
CASE DE NEGÓCIOSRG Contadores completa35 anos com renovaçãoconstante do portfólio
CONSTRUÇÃO CIVILImóveis residenciaislideram segmento depainéis foltovoltaicos
Reserva da Pedra ofereceintegração entre naturezae áreas de lazer
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DIREÇÃOAndreia Thives Borges
EDITORA-CHEFECarla Pessotto - MTb 21692 - [email protected]
TEXTOSCarla Pessotto - MTb 21692 - SPLuciane Zuê - - MTb 00354 - SC
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Edição 67 | Setembro / Outubro - 201968 Páginas
Tiragem: 8 mil exemplares
EDITORIAL
Andreia Thives Borges
Foto
: C
amila
S. M
irand
a Caro leitor, O mundo vive a 4ª revolução
industrial, a chamada indústria 4.0,
que alia as inovações ao segmento
aos processos de manufatura, com
o objetivo de aprimorar processos,
aumentar a produtividade e
diminuir erros. E Santa Catarina,
por ser um Estado líder nas duas
áreas, novamente é destaque com
iniciativas pioneiras como a criação
do Cluster 4.0, que envolve como
parceiros a Associação Catarinense
de Tecnologia (Acate), a Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e
Equipamentos/São Paulo (ABIMAQ/
SP) e a Associação Brasileira de
Internet Industrial (ABII) e busca, por
meio da união de forças, identificar
carências e estudar estratégias para
vencê-las. Em nossa reportagem de
capa dessa edição, mostramos um
pouco desse movimento e qual o
impacto no setor produtivo.
Na construção civil, uma das
reportagens é sobre o novo
loteamento da Pedra Branca, o
Reserva da Pedra. Além do projeto
em si, que merece destaque pelas
dimensões e os diferenciais que
agrega – 30 mil m² de área verde e
57 espaços destinados à recreação
ao ar livre –, chama a atenção ainda a
estratégia de vendas criada, que teve
como resultado a comercialização
recorde de 394 lotes em três horas.
Outra matéria de destaque é o
crescimento no uso da energia
fotovoltaica no país: de acordo com
as projeções da Associação Brasileira
de Energia Solar Fotovoltaica
(Absolar), o setor deve fechar
2019 com 44% a mais de potência
operacional. Nesse contexto,
empresas como a catarinense Inex
Solar, de São José, que trabalha
com a comercialização, instalação e
manutenção de painéis de captação
de energia solar, aposta na ampliação
da carteira de clientes.
Nos cases de negócios, contamos
a história de 35 anos da RG
Contadores, que traz o DNA da
inovação em sua trajetória e aposta
na diversificação do portfólio para se
manter competitiva em um segmento
cada vez mais concorrido.
Boa leitura!
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índice08 Capa
O avanço da Indústria 4.0 em Santa Catarina
16 Construção Civil
Pedra Branca monta estratégia para lançamento de loteamento e vende em tempo recorde
Imóveis residenciais lideram crescimento pela procura de painéis fotovoltaicos
28 arquitetura & interiores
Afeto, tecnologia e sustentabilidade marcam ambientes da Casa Cor Florianópolis
Dü Design chega à Capital com propósito de unir qualidade e sustentabilidade
Studio Vert Arquitetura cria serviço especializado voltado a investidores
Obra limpa e casa ecologicamente correta
Projeto de cozinha atende demandas da família e também profissionais da proprietária
Projeto de apartamento mostra que é possível ter elegância sem excessos
Layout e decoração do ambiente influenciam resultados de vendas da empresa
46 Cases de negóCios
Square SC aposta em iniciativas de sustentabilidade com impacto real no negócio
Empreendedoras transforam brincadeira em coisa séria
RG Contadores completa 35 anos de atuação com a marca da inovação no DNA
54 Coluna MerCado
Negócios & Tendências
56 Mundo do trabalho Teletrabalho ganha espaço no Brasil e entre os benefícios está o aumento de produtividade
Tecnologia é aliada na gestão de pessoas
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Indústria 4.0:
Levantamento aponta que, em 2019, a receita
derivada de investimentos em tecnologia
alcance 62%, ante aos 48% do ano
passado
como a reinvenção digital afeta Santa Catarina
um universo em que as práticas e roti-
nas se alteram em um ritmo frenético,
demandando que inovação e tecnologia
caminhem lado a lado, novamente Santa
Catarina marca pontos, uma vez que aqui
se produz muita inovação e tecnologia.
Esses ingredientes são fundamentais para
que o segmento continue competitivo –
especialmente no mercado internacional –
firmando-se de vez na era da Indústria 4.0.
Considerada a quarta revolução in-
dustrial (veja quadro) e também conhecida
como ‘manufatura avançada’, a Indústria
4.0 agrega aos processos industriais as
mais recentes inovações nos campos de
automação, controle e tecnologia da infor-
mação, e conectividade com o objetivo de
aprimorar processos, aumentar a produti-
vidade e diminuir erros. Independente da
denominação utilizada, fica muito eviden-
te que as transformações tecnológicas e
digitais vêm impactando as indústrias ao
redor do mundo, gerando demandas e
encontrando solo fértil para crescer em al-
Setor da economia que ocupa lugar
de destaque no cenário nacional, a
indústria catarinense chama atenção
pela diversidade produtiva, distribuída em
inúmeros polos localizados nas diferentes
regiões do Estado. Das grandes fábricas
– localizadas principalmente em Joinville
e Jaraguá do Sul – que abastecem o mer-
cado interno e exportam produtos para
o mundo todo, à indústria madeireira da
região serrana e de tecnologia da Capital,
segundo dados da Federação das Indús-
trias do Estado de Santa Catarina (Fiesc),
são empresas que garantem ao Estado o
quarto lugar no País em quantidade de uni-
dades e o quinto em número de trabalha-
dores empregados no setor.
A indústria do Estado é competiti-
va e não para de crescer e evoluir. E em
FIQUE POR DENTRO
Por que 4.0?Antes do momento indústria 4.0 vivido atualmente pelo setor, o setor passou por outros três momentos de grande transformação, que modificaram comportamentos e estabeleceram novas formas de produção e trabalho. Vivemos, então, o quarto ciclo de transformações do setor industrial, ou ‘a quarta Revolução Industrial’.
E o que é indústria 4.0?É uma lógica de produção originada na Alemanha, em 2011, que deu início ao processo de digitalização da operação industrial. Na prática, corresponde ao uso da tecnologia a favor da produtividade._______________________________
Como chegamos até aqui?
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Luiz Alberto FerlaCEO DOT Digital Group
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ção
guns países, e condições mais difíceis de
desenvolvimento em outros.
No Brasil, por exemplo, um estudo
realizado pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI) mostrou que 14 dos 24 se-
tores industriais do País estão atrasados
na adoção de tecnologias digitais. Isso
quer dizer que mais da metade dos seto-
res ainda não trabalham a partir de uma
realidade plenamente automatizada.
De acordo com Luiz Alberto Ferla,
CEO do Dot Digital Group, comparando-se
os números relacionados ao crescimento
do PIB da América do Sul entre os anos de
2013 a 2017 (0,2%) ao percentual de retra-
ção do setor industrial no mesmo período
(11,4%), é possível perceber o quanto ig-
norar a transformação digital pode pesar
sobre o desenvolvimento do segmento.
“Esses dados integram um relatório publi-
cado pela Accenture em 2018, e apesar de
considerar que incertezas políticas e dese-
quilíbrios macroeconômicos têm influên-
cia sobre os resultados, o estudo mostra
que novas oportunidades para os países
sul americanos estão condicionadas à
reinvenção digital da região e à evolução
para a Indústria 4.0”, diz o CEO, destacan-
do que no ano passado, os investimentos
no setor superaram U$ 1 trilhão no mun-
do. “E os números mostram que o retorno
é evidente e vem crescendo: em 2015 as
receitas derivadas de investimentos em
tecnologia digital eram de 40%, em 2018
subiram para 48%, e a expectativa é que
2019 cheguem a 62%”, complementa. Ou
seja: não há como ficar de fora.
Tem como um dos principais símbolos a Maria Fumaça, a locomotiva movida a queima de carvão. Além disso, houve avanços na indústria têxtil, com impressoras mecânicas e velozes, também é um dos casos mais conhecidos.
1ª Revolução Industrial
O primeiro grande salto da humanidade se concentrou na energia mecânica e nos motores a vapor, período histórico que teve início no final do século 18 (por voltade 1780)
2ª Revolução Industrial
O segundo grande salto da indústria é marcado pela chegada da energia elétrica às fábricas (por volta de 1870).
Tamanha evolução viabilizou algo que temos presente até hoje em nossas fábricas: a produção em massa.
3ª Revolução Industrial
De certa forma, o terceiro ciclo de revolução está acontecendo neste exato momento em diversos locais. Ele bateu às portas da indústria no final dos anos1960 a partir da informatização.
Com o tempo, foram chegando e tornando-se comuns os computadores pessoais, a Internet e os smartphones, que contribuíram com a automação de tarefas mecânicas e repetitivas.
4ª Revolução Industrial
Isso permite a fusão entre os mundos físico, digital e biológico. A principal diferença em relação aos três outros ciclos está na velocidade com que as mudanças ocorrem e na maior facilidade de adaptação às novidades.
Cada ciclo evolutivo da indústria teve seus protagonistas, e aqui eles surgem para acelerar a evolução em direçãoo à automação (reflexo da 3 Revolução Industrial.
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Se nas três primeiras ‘revoluções’ do
setor industrial demorou um pouco mais
de tempo para que as pessoas sentissem
os efeitos das mudanças, neste quarto ci-
clo uma grande parcela da sociedade vem
participando ativamente do processo de
desenvolvimento e utilização das novas
tecnologias.
Isso, porém, não significa que não
existam desafios a se enfrentar. No caso do
Brasil, qualificação da mão de obra, limita-
ções orçamentárias e até a baixa infraestru-
tura da conectividade, entre outros fatores,
se não levantam barreiras, pelo menos dei-
xam mais moroso o processo de migração.
Embora em 2018 tenha avançado cinco po-
sições no ranking das economias mais ino-
vadoras do mundo (segundo lista publicada
anualmente pela Universidade de Cornell,
pelo Insead e pela Organização Mundial de
Propriedade Intelectual - OMPI), atualmente
o País está na 64ª posição no Índice Global
de Inovação (Global Innovation Index – GII).
União de forças paravencer os gargalos
Na região da América Latina e do Caribe,
ocupa a 4ª colocação, atrás do Chile, Costa
Rica e México.
É fato que as nações mais industria-
lizadas colocam o desenvolvimento da in-
dústria 4.0 como estratégia central das po-
líticas para o setor, objetivando preservar e
aumentar a competitividade. Isso demanda
que o Brasil faça o mesmo, uma vez que a
capacidade de manter em destaque os pro-
dutos da indústria depende diretamente da
habilidade de promover as transformações
necessárias.
Os desafios são muitos, mas para-
lelamente há também várias iniciativas to-
mando corpo, tanto para ‘recuperar o tem-
po perdido’ quanto para ‘ganhar velocidade’
na caminhada. E, novamente, Santa Cata-
rina está na vanguarda com iniciativas que
influenciam mudanças de comportamento.
Um dos exemplos mais expressivos
foi a criação, em 2017, do Cluster 4.0, que
nasceu no Estado a partir de uma parceria
entre a Vertical Manufatura (da Associação
Catarinense de Tecnologia – Acate), a Asso-
ciação Brasileira da Indústria de Máquinas e
Equipamentos/São Paulo (ABIMAQ/SP) e a
Associação Brasileira de Internet Industrial
(ABII). Iniciativa pioneira no País, o Cluster
facilitou a união de esforços para que o pro-
cesso de integração do Brasil a essa nova
mentalidade produtiva ganhe mais veloci-
dade.
Segundo o presidente da Acate, Da-
niel Leipnitz, o objetivo é identificar carên-
cias (ou ‘dores’) e estudar estratégias (ou
‘soluções’) para resolvê-las. “Nós percebe-
mos que o entendimento e a adoção da
indústria 4.0 no Brasil, apesar de em desen-
volvimento contínuo, ainda está muito de-
sacelerado em relação a outros países do
mundo. Segundo estudo da CNI, a indústria
4.0 levará cerca de 20 anos para atingir sua
plenitude em nosso País”, explica.
O Cluster nasceu pequeno, a partir
da união de sete integrantes que não eram
concorrentes diretos, focado especialmen-
Daniel LeipnitzPresidente da Acate
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te em ajudar as empresas da região, a maio-
ria de pequeno e médio porte, a enfrentar a
concorrência da China e a aplicar os concei-
tos da indústria 4.0. Mas, a partir da amplia-
ção do escopo e do entendimento sobre o
uso de novas tecnologias na indústria, o
grupo cresceu rapidamente e expandiu
suas atividades. “Queremos ser um ponto
de referência em indústria 4.0 para o Bra-
sil“, resume Tulio Duarte Christofoletti, que
há quatro anos é diretor da Vertical Manu-
fatura.
Em maio, o Cluster promoveu o
Imersão 4.0, evento que reuniu mais de
150 profissionais da indústria, empresas de
tecnologia, membros de entidades e pes-
quisadores, com o objetivo de fomentar o
desenvolvimento de ‘mindset’ e a abertura
de novos caminhos para a adoção dos con-
ceitos da indústria 4.0. Estimulados por pa-
lestras e apresentações de casos práticos
de adoção dos conceitos e soluções, os
participantes listaram ‘dores’ das indústrias
e ouviram de 33 especialistas alternativas e
visões para solucioná-las. A maior parte das
dores listadas teve relação com a melho-
ria do processo produtivo (75%), seguida
pela geração de novos modelos de negócio
(14%) e por último o desenvolvimento ace-
lerado de produtos (11%).
Para solucionar as dores
PESSOASCom a indústria 4.0, as pessoas passam a ter muito mais valor. Elas passam
para as máquinas as atividades de operação, ampliando a capacidade de uso do
conhecimento.
LIDERANÇAEsse movimento das pessoas migrando para atividades mais nobres pede um novo
líder. Esta pessoa precisa ser muito mais voltada para o desenvolvimento intelectual.
COLABORAÇÃONão serão as máquinas que vão identificar estas oportunidades, mas, sim, as
pessoas. Portanto é necessário estar atento às oportunidades de colaboração entre
os negócios, seja para a melhoria do processo produtivo, geração de novos modelos
de negócio ou visando o desenvolvimento acelerado de produtos.
Durante as discussões ficou eviden-
te a importância de sair da inércia e bus-
car soluções que transformam negócios,
aproveitando as tecnologias que já estão
em uso e criando as conexões necessárias
(quadro). “As empresas precisam unir os
profissionais de TI com o time de chão de
fábrica para criar novos modelos de negó-
cio e aperfeiçoar os já existentes”, alertou
Leipnitz, destacando que isso é fundamen-
tal para aumentar a eficiência no uso de re-
cursos.
SAIBA MAISPrincipais tecnologias da indústria 4.0
Inteligência Artificial (AI)Segmento da computação que tem como objetivo simular a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões e resolver problemas complexos, a AI utiliza softwares e técnicas em robôs e máquinas que possuem grande capacidade de automatizar vários processos.
Internet das Coisas (IoT)Esse conceito representa a conexão de objetos físicos com a internet para que, assim, possam ser realizar diversas funções de forma automatizada. Um bom exemplo são os carros autônomos que poderiam guiar os seus passageiros sem a intervenção humana, diminuindo o tempo de viagens, acidentes e engarrafamentos. Especialistas afirmam que em 2020 mais de 50 bilhões de objetos – sete vezes a população mundial – estarão conectados à internet, promovendo negócios estimados em US$ 32 trilhões.
Impressão 3DTrata do conceito de utilização de materiais específicos para a construção de novas peças, constituindo uma montagem completa a partir de diversos tipos de materiais, desde plástico até metal, por exemplo.
Biologia SintéticaConceito representado pela convergência de técnicas nas áreas de química, biologia e engenharia, e tem como principal projeto a construção de novas partes biológicas, tais como enzimas, células, circuitos genéticos e muito mais.
Sistemas Ciber-físicosA ideia desta tecnologia é que todo objetivo e processo físico possam ser mapeados e digitalizados. Ou seja, tudo em uma fábrica ou indústria precisa ter um irmão gêmeo digital, representando a perfeita união entre o físico e o tecnológico.
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Há muitas pessoas e entidades tra-
balhando com disposição e vontade para
que o Brasil entre de vez na era da indús-
tria 4.0, e ao mesmo tempo em que são
necessários investimentos em inovação, o
fortalecimento da educação – tanto como
forma de capacitação de mão de obra
quanto para aumentar a compreensão do
que é a digitalização – não pode ficar à
parte. Isso porque esta quarta revolução
industrial é muito baseada em conheci-
mento e demanda ações colaborativas de
diversos setores: governo, setor privado e
academia têm que trabalhar em conjunto.
De acordo com o Mapa do Trabalho
Industrial 2019-2023, documento elabora-
do pelo Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai) para subsidiar a oferta de
cursos da instituição, as profissões rela-
cionadas à tecnologia estão entre as que
mais vão crescer no período.
O estudo aponta, por exemplo,
que a ocupação de condutor de proces-
sos robotizados apresentará a maior taxa
de crescimento percentual do número de
empregados (22,4% de aumento nas va-
gas disponíveis), enquanto o crescimento
médio projetado para as ocupações in-
Qualificação mão de obra ainda é problema
dustriais será de cerca de 8,5%. Também
segundo os resultados do estudo, o Brasil
terá de qualificar 10,5 milhões de trabalha-
dores em ocupações industriais nos níveis
superior, técnico, qualificação profissional
e aperfeiçoamento até 2023.
O resultado reflete as mudanças
relacionadas à evolução da tecnologia e
a automação do processo de produção,
e reforça a ideia de que profissões com
base tecnológica são tendência no merca-
do de trabalho.
Ao falar sobre o lançamento de
novos cursos para formação profissional,
Rafael Lucchesi, diretor geral do Senai,
afirmou que mesmo diante de limitações
orçamentárias o Brasil está se inserindo na
indústria 4.0, e que nesse cenário, profis-
sionais com qualificação adequada terão
mais oportunidades de emprego. “O Senai
já está preparado e continua investindo na
oferta de cursos para formar os profissio-
nais para essas áreas”, afirmou. Focado
nesse mercado em crescimento, o Senai
lançou 11 cursos de aperfeiçoamento em
tecnologias da indústria 4.0, como Ciber
Segurança e Internet das Coisas (Iot), e
por meio de parcerias oferece, também,
cursos de inteligência artificial e de com-
putação em nuvem.
Sintonizada ao processo, em Santa
Catarina a instituição oferece um curso
técnico de Administração, com foco na
indústria 4.0. Inédito no país, o curso pro-
põe o uso de tecnologias como big data
e inteligência artificial. “No âmbito das
indústrias, essas ferramentas já estão vi-
gentes no mercado e facilitam a tomada
de decisões. Para os estudantes, o con-
tato com essas tecnologias proporciona
maior agilidade de aprendizagem, além de
uma bagagem profissional mais completa
e alinhada com as exigências do setor in-
dustrial”, diz Fabrizio Pereira, diretor-geral
do Senai/SC.
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Criada em 2016 pelo engenheiro Bruno
Bueckmann Diegoli, a Ledefi Automa-
ção, de São Francisco do Sul, é uma
empresa que seguiu na prática o que a lógica
do conceito da indústria 4.0 recomenda: unir
a Tecnologia da Informação (TI) com a expe-
riência do chão de fábrica para desenvolver
novos modelos de negócio.
Formado em Engenharia de Contro-
le e Automação pela Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), Diegoli acumulou
experiência trabalhando na China, na França
eoutros 15 anos no Brasil, e sempre alimen-
tou o desejo de empreender. Criar a empresa
própria tinha a ver tanto com a vida particular
(especialmente flexibilidade de horários para
dedicar à família e e studos) quanto como o
desafio de trabalhar com o que gosta e em
um negócio próprio. O nome da empresa -
Ledefi (inspirado na expressão ‘le défi’, ou ‘o
desafio’, em francês), traduz o espírito da em-
presa. “Nossa proposta é atacar problemas
não-triviais e encará-los como “o desafio”.
Não apenas um desafio técnico, mas tam-
bém o desafio de implementar soluções mais
eficientes, robustas e seguras”, explica o en-
genheiro.Para atender a demanda de um por-
to que precisava detectar pessoas não-auto-
rizadas em caminhões-container, no acesso
ao porto, por exemplo, ao invés de buscar de-
senvolver do zero a solução, a Ledefi buscou
alternativas no mercado e encontrou o Micro-
Search, desenvolvido pela americana Ensco.
“O MicroSearch utiliza sensores sísmicos (os
mesmos utilizados para medir terremotos)
presos à carroceria do lado de fora do cami-
nhão, para detectar os batimentos cardíacos
de uma pessoa dentro do contâiner. Por fim,
a Ledefi tornou-se representante da Ensco e
hoje é a única empresa da América Latina a
ofertar esta tecnologia.
Doutorando em engenharia, Diegoli
consegue alinhar a experiência adquirida ao
Gosto pelo
desafiotrabalhar em duas multinacionais (uma uma
na área de petróleo e gás, outra na área si-
derúrgica) ao pioneirismo da pesquisa cientí-
fica, propondo soluções inovadoras sim, mas
sobretudo aplicáveis. Começou com o que
conhecia muito bem (automação de proces-
sos industriais), e aos poucos, identificando
demandas e colocando em prática antigas as-
pirações, foi incorporando ao portfólio da em-
presa serviços de termografia e simulação.
Considerada um dos pilares da Indús-
tria 4.0, a simulação permite ‘criar’ cenários
para identificar problemas e prever mudan-
ças. “No software é possível testar cenários
diferentes: o que vai acontecer se eu tirar
compartilhar um mesmo operador entre duas
máquinas? Se eu comprar mais uma máqui-
na, qual vai ser o resultado na produção?”,
comenta. Tudo pensado antes para diminuir
erros e solucionar problemas.
O corpo técnico é enxuto: ele come-
çou a trabalhar sozinho e logo depois contra-
tou um segundo engenheiro. Na sequência,
foi necessário agregar à equipe uma pessoa
para cuidar da área administrativa e, com o
aumento do trabalho, mais um engenheiro
juntou-se ao grupo. “Para quem está inician-
do um negócio, ser grande significa estabe-
lecer parcerias, que é o que conseguimos
junto ao Núcleo de Automação da ACIJ e à
ACATE, que juntas somam quase 100 empre-
sas de tecnologia e Indústria 4.0”, diz. O foco
está na confiabilidade do trabalho, melhoria
contínua, pesquisa e desenvolvimento de
produtos. “Sabemos o quanto é difícil con-
quistar clientes, por isso, além de buscar os
novos, estamos sempre preocupados em
manter aqueles que já atendemos”, diz.
Nesse processo, Diegoli percebeu
que as empresas buscam soluções comple-
tas para suas demandas e não desejam bus-
car um profissional diferente para executar
diferentes serviços. “Quando percebi isso,
comecei a fazer parcerias: eles nos contra-
tam e temos outros parceiros que desempe-
nham algumas atividades que não consegui-
mos”, comenta.
ONDE ENCONTRAR
www.ledefi.com.br
Ledefi Automação, de São Francisco do Sul, tem como proposta “atacar problemas não-triviais”
Bruno DiegoliCEO Ledefi Automação
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CONSTRUÇÃO CIVIL
Osucesso de vendas de um empreen-
dimento envolve diferentes fatores
– demanda de mercado, entender e
atender o desejo dos clientes, diferenciais
do produto e estratégia de marketing –,
Numa ação histórica, Reserva da Pedra tem
394 lotes comercializados em três horas
todos interligados e conectados por um
planejamento realizado nos mínimos deta-
lhes. Um exemplo de ação certeira neste
sentido foi o lançamento do Reserva da
Pedra, condomínio de lotes residenciais
da Cidade Pedra Branca, em Palhoça. Em
apenas três horas, na manhã de sábado
do dia 3 de agosto, foram comercializados
394 lotes – 100% da primeira fase –, com
preços entre R$ 250 mil e R$ 400 mil e
com compradores que dormiram na fila
para não perder a oportunidade do negó-
cio.
A estratégia adotada pela Pedra
Branca, além de oferecer um produto dife-
renciado ao mercado da Grande Florianó-
polis e integrado ao Passeio Pedra Branca
- que conta com mais de 25 opções gas-
tronômicas e de 27 lojas e serviços –, foi
o represamento de vendas. A ação come-
Estratégia certeira
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CONSTRUÇÃO CIVIL
çou a ser executada há alguns meses e
movimentou cerca de 250 corretores da
Grande Florianópolis, além de investimen-
tos em marketing e diferentes ações.
“Foi um trabalho intenso. Durante
90 dias mobilizamos mais de mil pessoas,
entre clientes, corretores e equipe interna
da empresa. Estamos muito satisfeitos”,
pontua Marcelo Gomes, presidente da Ci-
dade Pedra Branca.
Mesmo que em ritmo mais lento do
que o esperado, o mercado imobiliário e
da construção civil está reagindo positiva-
mente. Novos produtos começaram a ser
incorporados após a baixa dos estoques
que ocorre desde o segundo semestre de
2018 e a tendência é a de que, a partir da
aprovação da reforma da previdência, o
mercado vá se comportar de forma cres-
cente com a melhoria da confiança do
consumidor e a entrada de capital interna-
cional no segmento.
“O que temos observado cada vez
mais, pelos projetos que realizamos pelo
Brasil é a existência de microclimas regio-
nais, que determinam a absorção dos pro-
dutos de acordo com demandas muito es-
pecíficas e que tanto os produtos quanto
às estratégias precisam ser cada vez mais
pensadas de forma individual, alinhadas
aos atributos que dependem da cultura de
consumo de cada lugar”, afirma Paulo To-
ledo, um dos diretores da CIA Inteligência
Imobiliária, a maior especialista do merca-
do brasileiro em lançamentos imobiliários
e que participou do planejamento do Re-
serva da Pedra. “Em Santa Catarina, por
exemplo, temos registro de que, em 2018,
a região de Itapema vendeu mais do que
todo o mercado do Rio Grande do Sul”.
Com área total de mais de 275 mil m², o Reserva da Pedra tem 30 mil m² de área verde e 57 espaços destinados à recreação ao ar livre
Marcelo GomesPresidente da Pedra Branca
Fotos: Wallace Moraes/Divulgação
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A proposta da Pedra Branca era lan-
çar um empreendimento residencial sem
paralelo no mercado de Santa Catarina e
que marcasse, em grande estilo, os 20
anos da Cidade Pedra Branca. Com área
total de mais de 275 mil m², o Reserva
da Pedra tem uma abundante área verde,
com mais de 30 mil m² e 57 espaços des-
tinados à recreação ao ar livre como po-
mares, horta, casa na árvore, espaço para
pets, playground suspenso e espaço zen,
entre outros, todos de uso comum. São
lotes com metragem a partir de 300 m² e
completa estrutura formada por guarita,
clube e espaços de convivência em torno
dos lagos, além de abundantes áreas ver-
des para piqueniques e encontros.
Todo o condomínio é cercado pelo
verde, dando espaço para agradáveis ca-
minhadas durante as quais será possível
Destaque para as áreas de lazer e integração com a natureza
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Hospital de referência em
Santa Catarina, SOS Cárdio terá
sua primeira extensão no Esta-
do com a implantação de centro
avançado na Cidade Pedra Bran-
ca. O desenvolvimento do proje-
to será dividido em duas fases.
A primeira, com investimento
de R$ 12 milhões em operação
e equipamentos advindos da
holding GBGA e parceiros, e o
prédio, com recursos do Grupo
Pedra Branca, será inaugurado
no primeiro semestre de 2020.
Segundo dados do IBGE
de 2018, Palhoça conta com
cerca de 170 mil habitantes e a
Grande Florianópolis já ultrapas-
sou 1 milhão. “Inicialmente te-
remos um Pronto Atendimento,
adulto e infantil, com o objetivo
de atender a região continental
da Grande Florianópolis, espe-
cialmente Palhoça”, destaca Luiz
Gonzaga Coelho, presidente do
Conselho do hospital. A segun-
da fase irá contemplar mais es-
Bairro conquista CentroAvançado SOS Cárdio
pecialidades e será desenvolvida
ao longo dos próximos meses.
O Centro Avançado SOS
Cardio estará localizado na Av. Pe-
dra Branca, 744, em frente à Unisul
- no andar térreo, compartilhando
o prédio onde atualmente está
sediada a empresa Flex Relacio-
namentos Inteligentes. A inaugu-
ração do Pronto Atendimento (PA),
em conjunto com o curso de medi-
cina da Unisul, eleito o melhor de
Santa Catarina, irá consolidar um
polo de saúde regional em Palho-
ça. “O Hospital é um pedido anti-
go de quem mora e frequenta a
Cidade Pedra Branca. No ano que
estamos completando 20 anos
de fundação do bairro, ficamos
muito felizes em fomentar a vinda
do SOS Cardio. É um hospital de
grande referência nacional. E che-
ga em um momento especial, pois
endossa outro grande lançamento,
o Reserva da Pedra”, destaca Mar-
celo Gomes, presidente da Cidade
Pedra Branca.
se deparar a novos estímulos.
Destaque para os lagos que, dis-
tribuídos pelo empreendimento,
proporcionam uma vista para a
água em grande parte dos lotes.
Nos lagos, as pessoas poderão
curtir momentos de contempla-
ção ou navegação, como stand
up paddle e caiaques.
Já o clube do Reserva da
Pedra inclui hall com lareira, brinquedo-
teca; sauna; piscinas externas adulto e
infantil, piscina coberta aquecida, espaço
gourmet, salão de festas, praia artificial
com bangalôs, academia ao ar livre, quios-
ques com churrasqueiras, quadras de tê-
nis, campo de futebol, quadra poliespor-
tiva, playground topográfico, cancha de
bocha e quadras de beach tennis - espaço
esportivo pioneiro nos residenciais em
Santa Catarina.
O projeto de segurança do Reserva
da Pedra prevê circuito fechado de TV na
portaria e áreas de Lazer. Isso vem ao en-
contro da segurança integrada em todo o
bairro-cidade Pedra Branca e aplicada aos
cerca de 12 mil moradores e mais de 100
mil visitantes/mês.
O lançamento do Reserva da Pedra
conta com o projeto urbanístico da ARK7
Arquitetos, consultoria de desenho urba-
no e masterplan da Keystone, e do paisa-
gismo da JA8 Arquitetura e Paisagem. “O
mercado começou a sinalizar o interesse
em um produto que tivesse áreas de lazer
integradas às residências, porém que fos-
se próximo ao centrinho do bairro. Com
isso, a Pedra Branca desenvolveu o Re-
serva da Pedra”, destaca Marcelo Gomes,
presidente da Pedra Branca.
Fachada da futura unidade do SOS Cárdio: previsão de entrega
no primeiro semestre de 2020
Imagens: Divulgação
20 | Setembro / Outubro - 2019
País que apresenta uma das melhores
condições no mundo para geração de
energia solar, ano após ano o Brasil
vem registrando um crescimento consi-
derável no uso deste sistema: em 2018,
o mercado de energia fotovoltaica teve
crescimento recorde, e de acordo com
as projeções da Associação Brasileira de
Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), deve
fechar 2019 com 44% a mais de potên-
cia operacional. Se na esfera econômica
as vantagens de se utilizar energia solar
são perceptíveis (a partir da redução gra-
dual do custo para os consumidores), há
também ganhos ambientais (devido à uti-
lização de uma energia limpa, renovável e
sustentável) e estratégicos, uma vez que
viabiliza a diversificação da matriz elétrica
brasileira.
“A atual infraestrutura energética
brasileira precisa de novas fontes de ge-
ração, uma vez que já está trabalhando no
limite da capacidade. Como há previsão
de retomada econômica, é fundamental
que o país esteja preparado para o au-
mento do consumo de energia”, defende
Vitor Rodrigues, diretor comercial da Inex
Solar, empresa que trabalha com a comer-
cialização, instalação e manutenção de
painéis de captação de energia solar. “Tra-
balhamos com produtos de primeira qua-
lidade, mão de obra especializada e todo
o suporte necessário para a manutenção
dos equipamentos”, acrescenta Henrique
de Souza, sócio de Rodrigues e diretor
técnico da empresa. Segundo ele, já há
algum tempo as crises de energia no setor
elétrico vêm demandando a diversificação
da matriz elétrica no País, e para os con-
sumidores, o aumento da conta de luz e a
conscientização cada vez maior a respeito
das questões ambientais são um estímulo
para buscar alternativas sustentáveis.
Imóveis residenciais lideram crescimento pela procura de painéis fotovoltaicos, com 75% da demanda
CONSTRUÇÃO CIVIL
Aposta naenergia solar
Setembro / Outubro - 2019 | 21
CONSTRUÇÃO CIVIL
“As pessoas têm conhecimento de
que é necessário contribuir diretamente
para minimizar os impactos ambientais
no planeta, e vêm procurando alternati-
vas para participar desse processo”, ex-
plica, acrescentando
que com o uso de
painéis fotovoltaicos
o consumidor ‘evolui’
para o papel de pro-
sumidor, ou seja: ele
consome e ao mes-
mo tempo produz
energia.
De acordo
com uma pesquisa
da Absolar realiza-
da a partir de 70 mil
pedidos de orçamen-
tos para implantação de painéis fotovol-
taicos, 25% dos interessados estão nos
segmentos comerciais ou industriais, e
os outros 75% são relacionados a imó-
veis residenciais.
Esse percentual elevado mostra
que as pessoas buscam começar mu-
danças dentro de casa, e nesse contexto
ganham pontos imóveis que utilizem esta
modalidade de captação de energia.
Os sócios Vítor Rodrigues eHenrique de Souza:
contato com os clientes da elaboração do projeto
à instalação dos painéis e equipamentos
Foto
s: In
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olar
/Div
ulga
ção
22 | Setembro / Outubro - 2019
Apesar de ainda pouco comum,
a modalidade se aplica perfeitamente
em unidades multifamiliares, e além da
valorização imediata do imóvel após a
instalação do sistema, segundo Souza,
há uma série de outros benefícios. “Para
construtoras e incorporadoras, a utiliza-
ção da energia fotovoltaica abre a possi-
bilidade de se utilizar o Selo Solar no em-
preendimento, além da pontuação para
a conquista do selo LEED, que é uma
certificação para construções sustentá-
veis. E há ainda a questão de se mostrar
conectado à questão da preservação
CONSTRUÇÃO CIVIL
Valorização e redução de gastosambiental e às tendências de mercado”,
diz. Para ele, ter visão de futuro é condi-
ção fundamental para que uma empresa
seja sustentável, e isso requer atenção
extra às entradas de novas tecnologias
no mercado. “Temos verdadeira paixão
por adequar essa evolução à realidade
do ambiente em que atuamos. É nossa
paixão”, acrescenta.
Nessa onda de conscientização
e necessidade de mudança de com-
portamentos e práticas, o Brasil cami-
nha a passos cada vez mais largos para
aproveitar a energia solar, e entre os di-
versos fatores que facilitam a decisão,
está o fato de que as instituições finan-
ceiras passaram a oferecer linhas de
crédito específicas para investimentos
em energias renováveis, estimuladas
inclusive pelo governo federal, que ofe-
rece cada vez mais incentivos à energia
solar.
Para ampliar as formas de aquisi-
ção do sistema de geração de energia
fotovoltaica, a Inex Solar tanto trabalha
com financiamento próprio, facilitando
o parcelamento, quanto está credencia-
da junto ao banco Santander, que pos-
sui o programa ‘Santander Sustentabili-
dade” para financiar o valor total.
“Muitos brasileiros são preocu-
pados com a preservação ambiental,
e creio que isso tem contribuído mui-
to com o crescimento do interesse do
público pelo uso de energias sustentá-
veis. Sabe-se que primeiro mudam os
indivíduos para que se possa, então,
perceber uma mudança na sociedade.
Nossa proposta de disseminar a ins-
talação de painéis fotovoltaicos vai ao
encontro dessa mudança”, conclui Vitor
Rodrigues.
Fotos: Inex Solar/Divulgação
Setembro / Outubro - 2019 | 23
CONSTRUÇÃO CIVIL
De acordo com uma pesquisa nacio-
nal sobre Energia Solar Fotovoltaica e os Pe-
quenos Negócios, realizada pelo Centro Se-
brae de Sustentabilidade (CSS), em parceria
com a Associação Brasileira de Energia So-
lar Fotovoltaica (ABSOLAR) e a Fundação
Seade, os pequenos negócios começam a
despertar para os benefícios e vantagens
que os chamados sistemas de geração dis-
tribuída solar fotovoltaica (microgeração e
minigeração) promovem nas empresas, so-
bretudo na redução de custos e ganho de
competitividade, além de contribuir com as
questões ambientais, sociais e de qualida-
de de vida.
Entre maio e julho deste ano, foram
ouvidos 3.199 empresários de Microem-
presas (ME) e Empresas de Pequeno Porte
(EPP) dos 26 estados e do Distrito Federal,
que atuam nos quatro principais setores pro-
dutivos: agropecuária, indústria de transfor-
mação, comércio e serviços, e os resultados
mostraram que, dos empresários que pos-
suem o sistema fotovoltaico, 83,9% reduzi-
ram os gastos com energia elétrica e mais
da metade (60%) pretende investir mais em
energias renováveis, sendo que, desses,
47,5% na fonte solar fotovoltaica.
Do total de entrevistados, apenas
0,1% das Microempresas (ME) e Empresas
de Pequeno Porte (EPP) já instalaram o sis-
tema de geração distribuída solar fotovoltai-
ca. Entre esses, mais da metade (51,3%) in-
vestiram recursos próprios na implantação.
Dos usuários da geração distribuída
solar fotovoltaica, a maioria (79,4%) não re-
cebeu incentivo fiscal para implantar o sis-
tema. O fornecedor do equipamento foi a
principal fonte de assistência técnica para
64,2% dos consumidores. Praticamente to-
dos (96,0%, em média) identificam resulta-
dos positivos do investimento.
“O movimento das Microempresas
(ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP)
de adesão à tecnologia solar ainda é re-
cente e incipiente, porém tende a crescer
rapidamente em decorrência da redução
dos custos de equipamentos, instalação e
manutenção dos sistemas”, afirma Suênia
Sousa, gerente do Centro Sebrae de Sus-
tentabilidade (CSS).
Para o CEO da ABSOLAR, Rodrigo
Sauaia, a pesquisa mostra claramente a ne-
cessidade de se desenvolver políticas pú-
blicas para ampliar o uso da energia solar
fotovoltaica nos pequenos negócios no Bra-
sil. “A fonte solar fotovoltaica pode ser uma
importante aliada para a redução de custos,
o ganho de competitividade e o desenvol-
vimento sustentável das micro e pequenas
empresas, que, na prática, são a locomotiva
econômica e social do País”, diz.
Custos menores e aumento decompetitividade
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A vida está em constante movimen-
to. Recomeços, planos profissio-
nais que mudam de rota, priorida-
des que se reorganizam na lista da rotina.
O espaço que se habita é reflexo de tudo
isso, seja nos lares ou nos estabelecimen-
tos comerciais que respondem às deman-
das de comportamento. Porém, em tem-
pos de desenfreado consumo, três pilares
ganham força na atual ordem do mundo:
sustentabilidade, tecnologia
e afeto. O mesmo tripé eleito
como inspiração para os 40 am-
bientes que compõem o roteiro
da Casa Cor/ Santa Catarina - Flo-
rianópolis, de portas abertas no
empreendimento Cidade Milano,
até 27 de outubro.
O conceito Planeta Casa é
também uma forma de provocar
o debate no mercado do décor,
colocando o lar como univer-
so particular de cada indivíduo,
onde as transformações e cone-
xões impactam no entorno e
na comunidade. Muito além
da estética, funcionalidade, a
maior mostra de decoração,
arquitetura e paisagismo das
Américas traz nesta edição as
narrativas acerca do tema sob
a ótica dos 55 profissionais
participantes. Cada espaço
revela a leitura de mundo de
maneira muito subjetiva, a di-
versidade é a maior riqueza.
Memórias inspiram a materializa-
ção dos espaços, criam um fio condutor
para a composição dos materiais, para as
histórias que são contadas por meio de
elementos, lembranças, objetos pessoais.
Um retrato encontrado do bisavô paterno,
desenhado outrora, norteou o trabalho
da dupla formada pela arquiteta Cristiana
Bez Delpizzo e o designer de interiores
Giovani Bez Delpizzo, irmãos e sócios no
escritório Delpizzo Arquitetura, na cozinha
Caffé D´Oro, de 50 metros quadrados. A
contemporâneoPilares do
Afeto, tecnologia e
sustentabilidade marcam
ambientes da Casa Cor
Florianópolis
Acima, Cozinha Caffè D’Oro, da dupla Giovani Bez Delpizzo e Cristiana Bez Delpizzo, que faz uma homenagem ao bisavô paterno
A relação com a paisagem conduziu o projeto da arquiteta Juliana Pippi (abaixo), que transportou para o Loft Pra Perto do Mar a riqueza de texturas e sensações vividas à beira d’ praia.
Living Paradise, assinado pela dupla Yael Gossis e
Marisa Lebarbechon
ARQUITETURA & INTERIORES
Fotos: Mariana Boro/Divulgação
Foto: Lio Simas/Divulgação
Setembro / Outubro - 2019 | 29
SAIBA MAIS
O QUÊ: Casa Cor Santa Catarina/Florianópolis 2019
QUANDO: Até 27 de outubro, de terça a sexta, das 15 às 21h; sábados e feriados, das 13 às 21h; domingo, das 13 às 19h. O evento não abre às segundas-feiras
ONDE: Empreendimento Cidade Milano (Av. Mauro Ramos, 1512, Centro, Florianó-polis). Estacionamento no local
QUANTO: R$ 50 / R$ 25 (meia, necessário comprovante)
INFORMAÇÕES: [email protected]/ (48) 99938-3894/
https://casacor.abril.com.br/mostras/santa-catarina
História preservadaO novo empreendimento Cidade Milano, sede do evento,
foi erguido ao lado do palacete onde viveu o ex-governador Hercí-
lio Luz (1860-1924). O imóvel tombado como patrimônio histórico,
agora será devolvido à cidade totalmente restaurado. “Ao inaugurar
a mostra em Florianópolis junto à entrega de um importante marco
histórico e arquitetônico da cidade restaurado, a Casa Cor/ Santa
Catarina se conecta à memória da Capital”, celebra a diretora da
mostra, Francis Bernardo.
O casarão foi construído em 1848 e pertenceu a Jacinto José
Coelho, antes de ser adquirido pelo político catarinense Hercílio
Luz. O ex-governador morou no local até a sua morte, em 1924. Na
época, toda a região no entorno da praça conhecida como Banco
Redondo ficava fora do perímetro urbano e a casa estava dentro
de uma chácara, conforme o historiador Oswaldo Rodrigues Cabral.
O imóvel foi tombado pelo Estado como patrimônio histórico
em março de 2002, mas ficou décadas abandonado. O projeto de
restauração começou há três anos e foi assumido pela Milano Incor-
poradora, responsável também pelo empreendimento erguido ao
lado. A inauguração do imóvel reformado é celebrada junto à aber-
tura da mostra e passará a receber o público para visitas guiadas.
Além de celebrar a memória, o evento
este ano também se destaca pelo número de
propostas gastronômicas. São 10 opções para
consumo e compras em ambientes exclusivos
e assinados pelos principais nomes do mer-
cado que abrem as portas durante a mostra e
continuarão a operação após o evento.
O imóvel tombado como patrimônio histórico onde viveu o ex-governador Hercílio Luz, é devolvido à cidade totalmente restaurado
paleta de cores explora os tons terrosos,
com certeiras pitadas do dourado, cor que
representa os anos de ouro do café bra-
sileiro.
“Nosso bisavô, como um legitimo
italiano, fazia da cozinha da casa o lugar
principal do dia a dia. Atualizando a cena
da década de 1940 para nosso momento,
fizemos uma cozinha com um layout que
pudesse incorporar este conceito de con-
vivência coletiva com poltronas para mo-
mentos de conversas, estante com livros,
mesa para as refeições e bancada incor-
porada à ilha com banquetas para um ba-
te-papo durante o processo de preparação
dos alimentos. É uma tradução literal da
cozinha italiana. Fomos influenciados pela
personalidade do nosso bisavô”, explicam
os profissionais.
A vontade de viver em meio à natu-
reza, de frente para o oceano com as sen-
sações ativadas no corpo: a brisa, o vai e
vem das ondas, a areia, pedras naturais,
a palhinha das casas
que desembocam o
olhar para esta paisa-
gem. A arquiteta Ju-
liana Pippi, veterana
em mostras, conta
por meio dos tons e
texturas seleciona-
dos para o Loft Pra
perto do Mar sobre
sua relação com o
horizonte azul e refor-
ça o estado de leveza
que defende para a
vida. “Proponho afetividade por meio da
ligação com a natureza, o ambiente é rico
em texturas, tramas. Uma grande moldura
une arquitetonicamente a cozinha ao ba-
nheiro, marcada pelo desenho da marce-
naria com palha natural e grandes portas
pivoltantes, acionadas quando a privacida-
de for necessária”, explica Juliana.
ARQUITETURA & INTERIORES
30 | Setembro / Outubro - 2019
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ARQUITETURA & INTERIORES
Linhas orgânicas
Fotos: Divulgação
Dü Design chega à Capital com propósito unir qualidade
e sustentabilidade
bastante respeito ao meio ambiente”,
afirma.
A Dü Design é um lançamento da
Germânia Móveis, empresa que atua há
45 anos na área. Com sede em Nova Pe-
trópolis (RS), a marca se dedica constan-
temente ao estudo de possibilidades para
reduzir o impacto ambiental provocado
pela indústria moveleira.
Um caminho bastante interessante
– e repleto de resultados positivos. Um de-
les foi a escolha da espécie Uva do Japão
como matéria-prima para as suas peças.
Tal árvore foi trazida ao Brasil pelos imi-
grantes japoneses que chegaram ao país
na década de 1970. Hoje, a espécie, muito
comum na região Sul do país, é conside-
rada uma invasora por prejudicar a susten-
tabilidade do ecossistema local. “Ou seja,
ela é capaz de enfraquecer e tomar o lugar
das árvores nativas”, explica Daniel Bauer,
diretor da Dü Design.
Design com propósito. Assim pode
ser definido o trabalho da Dü De-
sign, marca que se preocupa com
o meio ambiente de maneira efetiva.
Esse cuidado vai desde a escolha dos
materiais, passa pela linha de produção e
não se limita ao reaproveitamento de re-
síduos. É algo contínuo, linear, profundo,
curioso, participativo. E o resultado são
peças confortáveis, parceiras do meio
ambiente e em total harmonia com pro-
jetos contemporâneos. Rogério Lemos é
o responsável por levar as peças à capital
catarinense. “Estamos muito felizes em
trabalhar com a marca por acreditarmos
no propósito e conhecermos de perto
toda a linha de produção. É uma nova for-
ma de trabalho, uma nova pegada, com
Poltrona Raja
Setembro / Outubro - 2019 | 33
Depois de detectar que tal espécie
era prejudicial ao ecossistema brasilei-
ro, profissionais da marca começaram a
realizar estudos sobre como usá-la para
desenvolver as peças. De acordo com
Daniel, foram feitos diversos testes de
resistência e densidade – durante cerca
de quatro anos. “Detectamos que havia
excelentes características ali para a pro-
dução dos móveis”, afirma. Além disso,
a estética da madeira é bastante atrativa:
sua coloração combina facilmente com as
mais diversas tonalidades. Isso garante
uma leveza ímpar às composições. Essa
característica é evidenciada pelo design
das peças, de autoria da arquiteta Rejane
Carvalho Leite em parceria com o grupo
de design Plataforma4.
A sensibilidade da profissional em
desenhar as peças faz com que as cole-
ções sejam capazes de devolver à natu-
reza os traços orgânicos que ali estavam.
“São as formas orgânicas traduzidas para
o mercado contemporâneo”,
afirma Daniel.
As peças em destaque,
segundo ele, são a Poltrona
Rajá, feita em duas versões
(com espaldar alto e baixo,
como se fosse uma vela ao ven-
to); a cadeira Grão, revestida
em madeira laminada e couro.
Seu espaldar, inclusive, foi ins-
pirado em um grão de café (por
isso o seu nome). Há também
a Poltrona Lírio, capaz de envol-
ver as pessoas.
O que chama atenção
aqui é justamente a assime-
tria de braços e encosto, uma
Testes e estudosmarcamdesenvolvimento
ARQUITETURA & INTERIORES
vez que as pétalas das flores nunca são
iguais. É como levar os traços orgânicos
da natureza para dentro de casa, com
todo o respeito e cuidado com o meio
ambiente.
Cadeira Grão
Poltrona Lírio
34 | Setembro / Outubro - 2019
Eles conhecem o crescimento do Cam-
peche, em Florianópolis, como poucos.
Acompanham de perto o início do boom
imobiliário na região, quando ainda trabalha-
vam dentro de uma corretora de imóveis. Há
cinco anos, com escritório próprio em ativi-
dade, os arquitetos Roberta Feijó e Antônio
Medeiros perceberam a grande procura de
investidores no bairro com interesse em ad-
quirir imóveis para locação, especialmente
na temporada de verão.
A demanda fez a dupla pensar num
serviço especializado, que inclui desenvol-
vimento do layout, especificações, lista
referência de compra, boa relação custo-
-benefício em pouco tempo de execução.
Assim foi estruturado o Repagine, que já
contabiliza dez projetos elaborados nos últi-
mos dois anos.
“Apresentamos o programa ao clien-
te e nos disponibilizamos para tirar dúvidas
ARQUITETURA & INTERIORES
Sob medidapara locação
Studio Vert Arquitetura cria serviço
especializado voltado a
investidores
pelo WhatsApp e telefone. Como é um pro-
jeto mais econômico, para se tornar viável,
ele deve ser elaborado em poucos dias. E
também pode ser contratado a distância,
somente com a planta e algumas fotos do
local conseguimos fazer o estudo”, contam.
A economia de tempo e dinheiro é
o diferencial prometido pelo Repagine, sem
prejudicar a estética e funcionalidade. Para
não extrapolar o orçamento, os arquitetos
trabalham com o uso de cores - tintas ou
papel de parede -, demarcando os princi-
pais espaços. Os móveis soltos e multifun-
cionais são ideais para imóveis de locação,
que precisam de um layout flexível para
atender os diferentes perfis de consumido-
res.
“O fator economia não interfere na
personalização do imóvel. Pelo contrário,
conseguimos criar uma linguagem fluída,
ao mesmo tempo interessante e acolhe-
dora. Priorizamos um bom projeto lumino-
técnico, o uso de plantas e artesanato, ta-
petes. Aproveitamos ao máximo os móveis
do cliente. Há muitas opções no mercado
para locação, esse é apenas um ponto a ser
considerado, o que vai fazer o cliente op-
tar por um ou outro é justamente o projeto
de interiores”, reforçam os profissionais do
Studio Vert, que olham com otimismo para
o mercado.
O Campeche é uma das regiões de Flo-rianópolis atualmente mais procuradas
por turistas e investidores. É o distrito com maior número de novos habitantes, hoje com 30 mil, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A previsão é que até 2025 o número qua-se duplique para 54 mil pessoas. Rústico e com pegada urbana, o local tem atraído es-pecialmente homens e casais, a partir de 35 anos, vindos das grandes metrópoles como São Paulo e Porto Alegre. Investidores ou novos moradores que buscam qualidade de vida, proximidade com à natureza e in-fraestrutura de serviços e entretenimento completa.
Foto
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Div
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ção
Setembro / Outubro - 2019 | 35
36 | Setembro / Outubro - 2019
Em um mundo onde o uso racional
dos recursos naturais e o consumo
consciente se tornam cada vez mais
importantes, a arquitetura bioclimática ga-
nha destaque nas construções. Reduzir a
poluição gerada pela obra e aproveitar da
melhor maneira possível as condições cli-
máticas e geográficas do local são as ten-
dências do momento.
Segundo o arquiteto Sebastião Lo-
pes, especialista em arquitetura bioclimá-
tica, é importante entender que a sustenta-
bilidade não se resume ao uso de produtos
físicos: significa também mudar costumes,
hábitos, atitudes e adotar princípios que
nos conduzam à convivência harmoniosa
com a natureza. Desta forma, apesar das
grandes vantagens que possibilita, o proje-
to de uma casa sustentável pode parecer
difícil de ser colocado em prática.
Uma casa bioclimática traz ganhos
significativos de custos de manutenção,
bem-estar dos moradores, além de ser
ecologicamente correta. Para isso, deve
ter algumas estratégias importantes,
como coleta e reservatório de água da
chuva, iluminação natural nos ambien-
tes, ecotelhado com isolamento térmico,
aquecimento de água por energia solar,
lâmpadas de LED, pé direito alto, paredes
externas duplas, entre outras.
Formado em Arquitetura e Urbanis-
mo pela Universidade Federal de Minas
Gerais, Sebastião Lopes é o fundador da
Arqsol Arquitetura e Tecnologia, e ao lado
dos filhos, Rafael e Laura Lopes, o profis-
sional gerencia projetos que buscam o
melhor aproveitamento do espaço, além
da redução do impacto ambiental e do
consumo energético.
ARQUITETURA & INTERIORES
Escolha de materiais e de
detalhes do projeto reduzem
custos de manutenção e garantem
bem-estar aos moradores
Obra limpa e casaecologicamente correta
Setembro / Outubro - 2019 | 37
Para quem está pensando em construir, comprar um imóvel ou até deixar a casa mais ecológica, o arquiteto Sebastião Lopes, do escritório Arqsol (SP), especialista em arquitetura bioclimática, lista algumas dicas:
PINTURAÉ importante que as partes externas e internas sejam em cores claras.
Até o telhado pode ser pintado de branco. “As cores claras refletem mais a luz e absorvem menos calor”, diz o arquiteto. Isso propicia uma temperatura mais agra-dável dentro do local e reduz a necessidade de ar-condicionado e ventiladores.
ÁGUAÉ mportante é ter um sistema de reuso de água da chuva, que poderá ser
aproveitada em geral para descargas, limpeza predial e das calçadas, irrigação de plantas e jardins, e até lavagens de carros. “Implementando um sistema como esse, é possível economizar até 50% na conta de água”, afirma Sebastião Lopes.
PLANTASNa hora de escolher as plantas e flores que vão decorar a casa, opte
pelas espécies nativas. Isso garante a preservação de plantas regionais. “Sem contar que elas se adaptam melhor ao clima e ao solo, além de criar um equilíbrio com a fauna local. São os alimentos que os animais nativos precisam”, ressalta o especialista.
ENERGIAPensar em alternativas mais sustentáveis é fundamental. “O uso de ener-
gia solar, embora bem conhecida, ainda tem um crescimento tímido no Brasil”, lamenta o arquiteto da Arqsol. Menos de 1% da energia produzida aqui vem atra-vés da luz solar, mesmo sendo um dos países com maior índice de radiação solar do mundo. “No projeto, também opte por janelas grandes, que permitam a maior entrada de luz natural possível”, ressalta Sebastião Lopes.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃOA escolha dos materiais adequados é ponto-chave para quem busca uma
arquitetura sustentável. Na hora de construir ou reformar, escolha materiais en-contrados na região onde mora. Isso irá reduzir o impacto ambiental da obra. Na alvenaria e telhado, vale apostar em materiais de grande inércia térmica, ou seja, aqueles que demoram para esquentar e que custam a resfriar.
“A indústria de construção civil é a segunda mais poluente do mundo. Os principais responsáveis por isso são as tintas e a quantidade de resíduos despeja-dos na natureza”, alerta Lopes. Materiais alternativos, como madeira plástica, ca-sas que não utilizam tijolos, blocos concretados e tintas à base de água oferecem soluções inteligentes e eficientes, tanto para a natureza quanto para um projeto inovador. Uma obra sustentável possui: reúso de água de chuva, usina fotovoltai-ca, materiais, elementos e componentes construtivos sustentáveis e eliminação de resíduos construtivos.
VENTILAÇÃO As construções devem aproveitar ao máximo o vento da região, permi-
tindo que o ar entre e circule livremente entre os cômodos. Segundo Sebastião Lopes, isso permite que os ambientes permaneçam com uma sensação térmica agradável, sem a necessidade do uso de ar-condicionado. “Ter um pé direito alto também é fundamental para ajudar na circulação do ar”, conclui.
ARQUITETURA & INTERIORES
Dicas do especialistaFotos: Divulgação
38 | Setembro / Outubro - 2019
Para muitas pessoas, a cozinha até
pode ser um espaço apenas para o
pre paro das refeições; já para outras
o ambiente ganha ainda mais relevância,
se tornando um lugar aconchegante e pro-
pício para reunir amigos e familiares. E há,
ainda, quem considera a cozinha o ambien-
te mais especial da casa, um lugar que se
torna palco de grandes momentos, como
é o caso da Regina, moradora do bairro Ju-
rerê Internacional, em Florianópolis.
Regina, apaixonada pela produção
de pães artesanais, reúne em sua cozi-
nha o amor pelo preparo dos alimentos e
a paixão por compartilhar conhecimento,
seja com amigos ou em cursos didáticos
sobre preparos de pães e focaccias. Por
isso, na hora de reformar a sua cozinha de
42 m², ela já sabia que características não
poderiam faltar no espaço: receptivo, aco-
lhedor, funcional e integrado.
A Cozinha da Rê, projeto assinado
pela 3P Studio, escritório de arquitetura
e design de interiores de Florianópolis, ti-
nha como premissa a sustentabilidade e
o reaproveitamento de peças já existen-
tes - como as bancadas de pedra ardósia,
o revestimento quadriculado e o forno à
lenha revestido com cimento queimado
vermelho.
ARQUITETURA & INTERIORES
Para uso
Projeto de cozinha atende àsdemandas da família e também
dos cursos oferecidos pela proprietária
pessoal e profissional
Fotos: 3P Studio/Divulgação
Setembro / Outubro - 2019 | 39
ARQUITETURA & INTERIORES
Das refeições do dia a dia ao local de trabalhoSegundo a arquiteta Aline Pires, o projeto de reforma bus-
cou atender às necessidades da cliente, que queria receber a família
para refeições informais e também seus alunos, em uma estação
adequada para o trabalho.
Natália Prates, também arquiteta na 3P Studio, explica que
a cozinha original era feita com caixaria da própria obra e era muito
escura. ‘Um dos nossos objetivos era deixar o ambiente mais claro
e mais funcional. Criamos uma janela, colocamos vidro fixo para en-
trar iluminação natural e pintamos o forro de madeira de branco. A
funcionalidade ficou por conta da marcenaria projetada, com cada
coisa tendo seu lugar apropriado”, explica Natália.
O uso da cor verde nos armários permitiu o contraste com os
tons de madeira existentes no ambiente e com o vermelho do forno
à lenha. As estruturas metálicas no alto do forno, na lateral da gela-
deira, e junto à mesa e o vidro fixo, trazem a funcionalidade estética
para dentro da cozinha, com uma pitada industrial desejada pela
cliente, já que a cozinha também é o seu lugar de trabalho.
Regina também buscava versatilidade e, por isso, segundo
Aline Pires, foram colocadas portas de correr com vidro canelado,
permitindo à cliente possuir uma cristaleira - para abusar da criati-
vidade nas composições estéticas com louças, decoração, livros e
plantas, ou até mesmo esconder peças que não gostaria de deixar
tão visíveis aos visitantes.
A bancada e sua versatilidadeA bancada em madeira junto ao forno à lenha possibilita refeições
rápidas no dia a dia, ou também serve como um aparador para jantares mais
elaborados, integrados com a sala de jantar. Além disso, a cliente utiliza para
cursos didáticos para preparos de pães e focaccias. A bancada é iluminada
por uma prateleira suspensa que é contínua ao móvel ripado da sala de TV,
integrando os ambientes com a cozinha.
Abaixo da escada foi criada uma área de estar: um ninho com
almofadas, ótimo para permanecer horas ao lado do calor do forno, com uma
taça de vinho em mãos e pãezinhos assados na hora.
40 | Setembro / Outubro - 2019
Uma casa com personalidade, sem
abrir mão do charme e do conforto.
Não há forma melhor de definir este
apartamento de 180 metros quadrados.
Tudo foi pensado pela designer de inte-
riores Adriana Tiezzi, de Florianópolis, que
transformou os desejos dos proprietários
em um projeto funcional e moderno. Aliás,
uma coisa que eles não queriam em hipó-
tese alguma era ter ambientes com deta-
lhes em excesso. Por isso, a profissional
criou composições equilibradas. A come-
çar pela área social. Cozinha, estar
e sala de jantar ocupam o mesmo
ambiente. Note que as áreas são
delimitadas apenas por elementos
pontuais, como os painéis espelha-
dos ao lado da mesa de refeições.
No espaço para ver TV, o elemento
que cumpre esse papel é o painel ri-
pado de madeira. O material dá uma
sensação de aconchego e ainda aju-
da a aquecer o cômodo.
Inclusive, essa foi uma das
premissas da designer para a esco-
lha da paleta cromática do projeto.
Cores que aquecem, sempre em
harmonia, ditam as regras por aqui.
Alguns elementos deixam essa es-
tratégia bem clara, como o sofá, a
ARQUITETURA & INTERIORES
FuncionalProjeto de apartamento em
Florianópolis mostra que é possível ter elegância sem excessos
e sem firulas
Fotos: Fernando Willadino/Divulgação
Setembro / Outubro - 2019 | 41
ARQUITETURA & INTERIORES
Prioridades bem definidasReceber pessoas estava entre as preocupações dos morado-
res, que adoram ter a casa sempre cheia. Por isso, a churrasqueira
recebeu uma atenção especial (o ambiente está integrado à área so-
cial). Aqui, predomina uma combinação clássica, que não tem erro:
preto e branco. Repare que a mesa de refeições tem um gaveteiro
na base, o que ajuda a organizar os utensílios.
A ala íntima, por sua vez, é dividida em três suítes. O objetivo
da designer para os cômodos era reforçar o conforto, sem a tal das
“firulas”. Os três ambientes ganharam camas amplas e escrivani-
nhas embutidas na parede para facilitar o dia a dia. Em todos os
espaços, o projeto de iluminação se destaca. Isso porque a Adriana
apostou em pontos diretos e indiretos, criando assim um equilíbrio
que se multiplica por todo o apartamento.
mesa e as banquetas do balcão de refei-
ções (todas as peças são da Masotti, loja
de Florianópolis). “Dei preferência à esco-
lha de materiais naturais, como aço cor-
ten, madeira e tijolo. Aliás, eles foram os
responsáveis pelo start do projeto”, diz a
profissional. As banquetas estão entre os
destaques da área social, pois misturam
dois materiais tão diferentes de maneira
harmoniosa (ferro e madeira).
Perto da porta de entrada, um tom
reforça a preocupação com a leveza da
ambientação: o azul, que dá as boas-vin-
das aos visitantes.
42 | Setembro / Outubro - 2019
ARQUITETURA & INTERIORES
Um segmento que sendo cada vez mais
reconhecido pelos empresários por
causa dos resultados que oferece é a
arquitetura comercial. O trabalho é voltado
para ambientes comerciais e corporativos e
tem como principal objetivo criar espaços
que proporcionem aumento das vendas, fun-
cionalidade dos espaços e a identidade do
negócio.
corporativas
Segundo a arquiteta Renata Pisani,
que possui um vasto portfólio de projetos em
ambientes empresariais, os benefícios envol-
vem diferentes aspectos. “Os colaboradores
ficam mais empolgados em trabalhar e obter
resultado. Vemos a equipe vestindo a camisa
e orgulhosa em fazer parte de uma empresa
bonita e que se preocupa com o layout dos
ambientes. Para os proprietários, também é
sempre um incentivo, pois todos se direcio-
nam em buscar o retorno de todo esse in-
vestimento. Vale ressaltar que as reformas
acabam gerando um start para um novo mo-
mento, uma uma nova visão para o negócio,
um novo fôlego”, destaca.
O diretor da Agência de Viagens Klas,
Diego de Souza, afirma que pôde observar al-
guns dos impactos da arquitetura comercial
aplicada a nova sede da empresa.
“Gostamos muito do projeto e do
resultado final ao final da obra. Como está-
vamos mudando de um escritório que está-
vamos desde 2006 e já era consolidado, era
muito importante que o novo projeto tivesse
um impacto positivo para mostrar a expan-
são da empresa tanto para nosso público
interno como para o externo. Hoje tenho a
certeza que chegamos a esse objetivo. Além
de o ambiente ser muito mais confortável
e agradável para trabalhar, também temos
clientes e colaboradores nos dando um ex-
celente feedback”, aponta o empresário.
O projeto foi desenvolvido pela arqui-
teta Renata Pisani e contou com estudos de
layout, espaços e decoração. “No primeiro
momento fizemos um estudo para ver se a
demanda de colaboradores caberia na sala
para onde estavam mudando. Determinado
o layout com projeção de crescimento da
empresa, começamos o projeto realmente
inteiro. Seguimos um estilo mais industrial,
bem contemporâneo, que é um estilo bem
em alta. Optamos por deixar a laje aparente
que também garantiu um resultado muito ba-
cana”, conta Renata.
Layout e decoração do ambiente influenciam comportamento dos colaboradorese resultado de vendas da empresa
Um grande destaque em arqui-
tetura comercial é que sempre demons-
tra um novo horizonte da empresa, uma
busca pelo novo, por inovação. “Eu vejo
que quando os clientes procuram por
uma reforma ou mudam para um novo
espaço, é porque estão passando por
uma nova fase. Então, as alterações
no ambiente com novos móveis, de-
coração, iluminação e distribuição dos
espaços acabam se tornando um repo-
sicionamento da marca. É uma maneira
de a empresa mostrar para o mercado
que é atual, moderna e capaz de inovar
e se tornar melhor para os clientes e
parceiros.
A arquitetura comercial colabo-
ra com esse processo. Por isso, nesses
projetos, usamos muitas informações e
ideias vindas dos gestores, para com-
preendermos essa visão e colocarmos
ela em prática”, explica a arquiteta.
Reposicionamento da marca
SoluçõesSoluções
Setembro / Outubro - 2019 | 43
44 | Setembro / Outubro - 2019
Setembro / Outubro - 2019 | 45
Terceirização na construção civilEm razão do quadro de crescente competitividade do mer-
cado econômico, fruto da globalização e da evolução tecnológica, a terceirização dos serviços na construção civil é uma realidade obser-vada já há muito tempo, associada à possibilidade de incremento da qualidade no produto oferecido e, paralelamente, redução de custos empresariais.
Em face dos princípios constitucionais da livre iniciativa (CF, art. 170) e da livre concorrência (CF, art. 170, IV), e nos moldes do entendimento exarado pelo Supremo Tribunal Federal, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 324 e o Recur-so Extraordinário n.º 958252, com repercussão geral reconhecida, decidiu o Tribunal Superior do Trabalho nos autos do RR - 2126-32.2012.5.15.0043, ser lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independen-temente do objeto social das empresas envolvidas, seja da atividade meio ou fim.
Pode-se afirmar, a partir das decisões acima mencionadas, que o item I da Súmula 331 do TST perdeu eficácia, uma vez que pas-sa a ser permitida (legal) a contratação de trabalhadores por empresa interposta, restando assim afastada a possibilidade de declaração de vínculo empregatício direto entre os trabalhadores terceirizados e a empresa tomadora.
Neste ponto, importante trazer à baila as inúmeras notifica-ções exaradas pela Superintendência Regional do Trabalho em Santa Catariana (MTE) nos últimos anos, em que o auditor fiscal, em vi-sita as obras das empresas do ramo da construção civil, declarou ilícita a terceirização dos serviços e defendeu o vínculo direto entre os trabalhadores terceirizados e a empresa construtora, aplicando as multas previstas em lei com fundamento no art. 41 da CLT (não apresentação do registro dos empregados que trabalhavam na obra no momento da fiscalização).
Cumpre destacar que no julgamento da ADPF n.º 324, o emi-nente Relator Min. Roberto Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se manifestou: “1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada.”
Diante das decisões do STF (ADPF n.º 324 e RE n.º 95825) por se tratar de precedentes vinculantes, na formado art. 927, I e III, do CPC, e portanto de aplicação obrigatória, estas multas devem ser declaradas nulas. Caso não ocorra a revisão pelo próprio ente fisca-lizador, a empresa deve buscar a Justiça para obter a anulação da multa. Já existe precedente neste sentido, a saber o RO nº 0000356-96.2018.5.12.0036, do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região.
Decidiu o TST, no AIRR-2600-79.2009.5.24.0003: “Nesse contexto, a partir de 30/08/2018, é de observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou pendente de julgamento a tese jurí-dica firmada pelo e. STF no RE n.º 958.252 e na ADPF n.º 324.”
No âmbito da construção civil a terceirização é uma realidade materializada por contratos de empreitada, os quais têm por objetivo atender à organização peculiar da construção civil, em que a obra é composta por diferentes e transitórias etapas, que se complemen-tam.
A terceirização dos serviços foi também tratada na Lei 6.019/1974, nos arts. 4º-A, 4º-B, 4º-C, com a redação dada pela Lei 13.467/2017, a qual foi autorizada para “quaisquer de suas atividades, inclusive atividade principal”. No entanto, a norma em comento trou-xe também a necessidade do preenchimento de alguns requisitos, como por exemplo garantir que a prestadora de serviço tenha capital social compatível com o número de empregados. Dispõe ainda a nor-ma que, aos empregados terceirizados, serão garantidas as mesmas
condições de alimentação, treina-mento e medidas de saúde e se-gurança do trabalho, entre outros, oferecidas aos empregados da to-madora.
A celeuma que existia so-bre ser ou não ilegal a terceirização da atividade fim, e da dificuldade em conceitua-la e aplica-la no dia a dia das empresas, caiu por terra com a decisão do Superior Tribu-nal Federal, nas ações ADPF n.º 324 e o RE n.º 958252, porquanto a decisão foi de que é lícita a ter-ceirização em todas as etapas do processo produtivo, seja meio ou fim.
Portanto, hoje, não há mais óbice a terceirização da ativi-dade fim na empresa.
No entanto, importante atentar para questões que de-vem ser observadas antes da contratação e durante a vigência do contrato de terceirização dos serviços: 1) Verificar se a empresa prestadora tem capital compatível com o número de emprega-dos; 2) Não passar ordens diretas aos empregados terceirizados, sendo que as ordens de cunho técnico devem ser transmitidas ao responsável pela empresa prestadora de serviço ou encarregado desta; 3) Proporcionar aos empregados terceirizados as mesmas condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho; 4) Fis-calizar o cumprimento, pela empresa prestadora de serviços, das normas trabalhistas, tais como pagamento em dia dos salários, quitação das horas extras eventualmente realizadas, recolhimento da contribuição previdenciária, do depósito do FGTS, porquanto, consoante decisão do STF acima mencionada,o disposto no art. 5º da Lei 6.019/1974, com a redação dada pela Lei 13.467/2017, e entendimento fixado pela Súmula nº 331, em seu inciso IV, do TST, a empresa tomadora responde de forma subsidiária pelas obriga-ções trabalhistas inadimplidas.
A fase que antecede a contratação também é de suma importância, devendo a empresa contratante exigir da prestadora de serviço a apresentação de certidões de regularidade fiscal e de ações na Justiça do Trabalho, com vistas a verificar a idoneidade da empresa e evitar problemas futuros.
Findo o contrato entre tomadora e prestadora de servi-ços, é recomendável que se mantenha a guarda da documentação dos empregados que prestaram serviços na obra, como compro-vantes de pagamento de salário, guias de recolhimento do FGTS, durante o prazo de cinco anos, afim de evitar que no futuro, em eventual demanda trabalhista, não tenha que arcar com valores já adimplidos, porque pode acontecer de a empresa prestadora de serviço, mesmo citada, não apresentar defesa.
Tratando-se a terceirização dos serviços uma realidade há muito implementada pelas empresas da construção civil, como meio de organizar o trabalho, tornando-o ainda mais eficaz e qua-lificado, agora muito mais segura diante das decisões do STF que esclareceram definitivamente a celeuma acerca da licitudeda ter-ceirização da atividade fim, tende a se tornar cada vez mais usual, e na medida em que as empresas tomem as cautelas necessárias e previstas em lei, não terão com o que se preocupar no futuro.
Daniela Caporal Menegotto - Advogada - OAB/SC 8.366
OPINIÃO
46 | Setembro / Outubro - 2019
Já não basta uma localização estra-
tégica com acessibilidade e funcio-
nalidade para que um empreendi-
mento se apresente atualizado diante do
mercado e de seu público. Iniciativas de
sustentabilidade são, além de premissas
voltadas à manutenção do meio-ambien-
te, fatores de impacto real nos negócios
levando em conta a economia com os cus-
tos e os fatores de atração no momento
da venda e da locação de espaços.
Localizado na SC-401, a rodovia cata-
rinense mais movimentada do Estado e um
dos anéis viários com o maior crescimen-
to no setor empresarial de Florianópolis, o
Square SC é um complexo multiuso que
reúne 590 salas e 40 lojas que vão de ope-
rações de serviço e lazer às lojas das princi-
pais marcas do mobiliário de design do país
e diferentes opções de gastronomia.
“A busca por um novo escritório ou
nova sede de uma empresa, por exemplo,
é norteada por diversos fatores técnicos
como localização, acessibilidade e funcio-
nalidade, entre outros. No entanto, nota-
Square SC, na Capital, aposta
em iniciativas que têm impacto
real no negócio
Sustentabilidadecomo diferencial
CASE DE NEGÓCIOS
Foto: Rogério Amêndola/Divulgação
Setembro / Outubro - 2019 | 47
mos uma forte tendência de valorização
das iniciativas de sustentabilidade e bem-
-estar que o empreendimento/condomínio
oferece e proporciona às pessoas que irão
conviver/trabalhar no local”, comenta Va-
nessa Cavedon, gerente de locações da
CFL, a construtora responsável pelo em-
preendimento catarinense.
A harmonia com a natureza do en-
torno onde está localizado o Square SC,
no Trevo de Cacupé, é um fator que acom-
panha o empreendimento desde a sua
concepção. Inaugurado no ano passado,
o complexo mantém preservada uma área
equivalente a 75% dos seus 154 mil me-
tros quadrados oferecendo um espaço
de convívio atualizado com as demandas
contemporâneas de sustentabilidade e
bem-estar.
“O primeiro impacto é o cenário
verde que abraça o empreendimento. As
salas mais desejadas são aquelas com vis-
ta para a grande área preservada (APP)”,
revela Cavedon.
Para assegurar esse planejamento
voltado aos usuários e seus visitantes, o
Square SC conta com uma estação de tra-
tamento de esgoto e o reuso de água utili-
zada no condomínio, assim como a gestão
adequada dos resíduos. Os telhados e as
paredes verdes das lojas contribuem para
um melhor condicionamento térmico dos
espaços reduzindo custos com ar-condi-
cionado, por exemplo. O bicicletário, em
vários pontos do condomínio, estimula a
utilização desse meio de transporte pro-
porcionando uma redução no número de
automóveis no trânsito da cidade.
Valor agregado ao empreendimento
Square SC (página ao lado): preservação da área verde, estação de tratamento de esgotos, usina de energia fotovoltaica, reuso da água e gestão de resíduos estão entre as ações adotadas
Outro destaque que chama a atenção dos con-
dôminos e dos futuros locatários é a usina de energia
fotovoltaica do Square SC com capacidade para produzir
meio mega de energia/mês, tornando-se assim, além de
autossuficiente, no maior parque de energia solar dentro
de um condomínio privado no Estado de Santa Catarina.
“O projeto do Square SC tem infraestrutura e
capacidade instalada para tornar o condomínio autos-
sustentável em geração de energia e água para as áre-
as condominiais, tornando o custo de instalação bem
menor do que a média do mercado. A longo prazo isso
faz uma enorme diferença, mas o mais importante e re-
presentativo para nós é o propósito da sustentabilida-
de. Nós acreditamos que as
empresas que enxergam à
frente percebem valor nes-
te perfil de empreendimen-
to imobiliário. No mundo,
inúmeras companhias de
referência exigem este pro-
pósito como pré-requisito e
condição para a instalação de suas sedes”, finaliza Lu-
ciano Bocorny Correa, presidente da CFL.
ONDE ENCONTRAR
www.squaresc.com.br
Vanessa CavedonGerente de locações da CFL
Foto
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ção
Luciano Bocorny Correa Presidente da CFL
CASE DE NEGÓCIOS
48 | Setembro / Outubro - 2019
O desejo de brincar numa casinha é
compartilhado por muitas crianças.
Na visão infantil, a realidade adaptada
ao seu tamanho desperta ainda mais inte-
resse: é a possibilidade de agir tanto num
espaço físico quanto no mundo da imagi-
nação. Transformar essa demanda de pais
e filhos em um equipamento lúdico, que
propicie desenvolvimento pedagógico e,ao
mesmo tempo, viabilizar um negócio, foi o
que fizeram as amigas e empreendedoras
Gabriela Teodósio e Graziella Klempous.
Ao perceber a necessidade de um
ambiente diferenciado para sua filha ficar
em áreas públicas enquanto os pais fazem
outra atividade, a advogada Graziella come-
çou a “cultivar” o novo projeto. “Primeira-
mente, olhei para essa situação pelo lado
de mãe e percebi que temos de agregar as
crianças e não isolá-las. Depois, veio o lado
empreendedor e profissional para transfor-
mar isso num business”, diz.
Em parceria com a neuropsicopeda-
goga Gabriela Teodósio, a proposta foi to-
mando corpo. Trata-se de uma estrutura em
formato de uma pequena casa elaborada
para desenvolver e exercitar as habilidades
motoras e cognitivas dos pequenos. “As
pessoas têm cinco sentidos, que precisam
ser educados. Este é um espaço para isso,
engajando as crianças em atividades que
trabalham com coordenação motora e as
experiências práticas”, define Gabriela, só-
cia proprietária do consultório Interação Te-
rapias Associadas. Segundo ela, as crianças
olham para coisas simples e conseguem
transformá-las em algo grande, e essa capa-
cidade precisa ser aproveitada e estimulada.
O equipamento foi projetado em
três tamanhos diferentes (1mx2m, 2mx2m
e 2mx5m), justamente para se adaptar às
necessidades de cada local. Academias de
ginástica, restaurantes, shopping centers,
supermercados, condomínios, residências
e mesmo espaços públicos podem receber
a estrutura. De acordo com Gabriela, “as ati-
vidades se ampliam quanto maior for o es-
paço. Dependendo do projeto, podemos ter
um ou dois painéis que trazem objetos com
os quais há interação sensorial, chamando
atenção para o caráter lúdico, sempre aten-
dendo também as questões de segurança”.
CASE DE NEGÓCIOS
Empreendedoras atendem demanda
de mercado ao criar equipamento
para divertir e desenvolver
habilidades em crianças
Brincadeiraé coisa séria
Gabriela Teodósio e Graziella KlempousEmpreendedoras
Fotos: Divulgação
Setembro / Outubro - 2019 | 49
A amizade entre a advogada e a neu-
ropsicopedagoga surgiu há aproximada-
mente três anos a partir de uma amiga em
comum. As experiências maternas (Graziella
é mãe da Maria Clara, de três anos, e a Ga-
briela é mãe do Caio de, também com três
anos) também foram um fator em comum
na origem do projeto. A proposta veio da
uma mãe-advogada e a formação da mãe-
-pedagoga trouxe o caráter de desenvolvi-
mento pedagógico. Juntas, transformaram-
-se em empreendedoras.
Um dos primeiro passos foi contratar
uma agência de marketing para verificar a
demanda e os resultados da pesquisa de-
monstraram a viabilidade do negócio. “Os
empresários, em geral, têm uma visão já
pré-estabelecida sobre estes espaços ‘kids’,
quase sempre associados a um local de ba-
rulho com equipamentos do tipo parque
como escorregador, piscinas de bolinhas e
afins. Porém, na pesquisa realizada, muitos
deles ficaram interessados numa proposta
diferente, que se mostrasse mais acolhedo-
ra. Além disso, as famílias mudaram muito
nestas últimas décadas, com rapidez e in-
tensidade, e as empresas que recebem pú-
blicos têm que estar preparadas para estas
transformações. E não temos como negar
que as crianças são uma parte muito rele-
vante nesse processo”, salienta Graziella.
CASE DE NEGÓCIOS
Pesquisa comprova viabilidadeUma estrutura-piloto foi montada
num espaço para food trucks no bairro San-
ta Mônica, em Florianópolis. A área já conta-
va com um “espaço kids tradicional” e isso
criou um ambiente ideal para verificar a atra-
ção que a novidade exerceria sobre as crian-
ças. Esta primeira “casinha” foi construída
pelo pai de Gabriela, Joel Teodósio da Silva.
Durante o processo criação, muitas trans-
formações aconteceram, com cada detalhe
tendo um propósito: das cores escolhidas
aos equipamentos que integram o painel,
tudo tem um porquê. “Tudo que integra o
projeto foi planejado a partir de uma ideia
pedagógica. A criança representa inúmeros
papéis no dia a dia, e tem sempre esse in-
teresse de explorar o universo ao seu redor.
Ao mesmo tempo, precisa se sentir acolhi-
da. Por isso, trago muito das experiências do
Consultório, onde já desenvolvo um trabalho
semelhante”, explica.
Após a instalação da estrutura, o
estabelecimento pode receber um treina-
mento ainda mais aprofundado se assim
desejar, e animadas pelos resultados da
pesquisa, as amigas projetam bons resulta-
dos nos negócios até o final do ano.
ONDE ENCONTRAR:
@interacaoterapias
@gabineuropsico
Para produzir e instalar a estrutura-piloto em um espaço kids já existente em Florianópolis, as empreendedoras contaram com a ajuda do pai de Gabriela,o projetista Joel Teodósioda Silva.
50 | Setembro / Outubro - 2019
Inovaçãono DNA
RG Contadores completa 35 anos de atuação, investindo constantemente em
tecnologia e capacitação
Setembro / Outubro - 2019 | 51
Quando o assunto é tecnologia, o ano
de 1984 é lembrado pelo lançamento
do Macintosh pela Apple (o primeiro
computador pessoal popular) e do CD-player
pela Sony, equipamentos que simbolizam
uma verdadeira revolução e provocaram pro-
fundas mudanças no comportamento e no
estilo de vida das pessoas.
Sintonizado com o que acontecia no
momento e seguindo um estilo de pensar
além, Nilson Göedert criou a RG Conta-
dores em setembro de 1984, e já naquela
época tinha como proposta evoluir de for-
ma constante, manter um ambiente orga-
nizado, ter disciplina, respeito, ética e dar
não apenas as respostas que os clientes
buscavam, mas perceber – e oferecer - o
algo mais que eles necessitavam. “Meu
estilo sempre foi o de dar fluidez aos pro-
cessos, não deixar as coisas paradas e tra-
balhar muito. Na época em que a RG foi
criada, vislumbrei o tipo de empresa que
desejava e acreditei que daria certo. Esta,
aliás, é uma característica que sempre
tive: acreditar naquilo que estou fazendo;
confio no meu trabalho e nos atributos de
quem trabalha comigo. Assim as coisas
acontecem”, explica.
CASE DE NEGÓCIOS
Nilson GöedertConselheiro
Nilton GöedertSócio diretor
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ção
52 | Setembro / Outubro - 2019
E o conceito da inovação, que em
1984 estava em pleno desenvolvimento,
ficou profundamente ligado à empresa e
à história que vem escrevendo. Atualmen-
te afastado da gestão da empresa – “um
ciclo que se completou”, afirma -, Nilson
Göedert relembra as grandes mudanças
que foram acontecendo com o passar do
tempo, que aposentaram as antigas má-
quinas de calcular, fizeram desaparecer
gradativamente as infindáveis planilhas
e trouxeram para o ambiente de trabalho
os computadores individuais. Aos pou-
cos os equipamentos passaram a operar
em rede, estabelecendo uma agilidade e
autonomia de trabalho até então impen-
sáveis. “Depois disso fomos evoluindo
ainda mais, adquirindo e desenvolvendo
sistemas e programas específicos, e hoje
buscamos informações diretamente nos
ambientes dos clientes. Isso mostra que
não se pode ficar parado”, diz o empresá-
rio, que continua ligado à equipe, como
conselheiro.
A forma de trabalhar pensando
sempre além, buscando capacitação e
evolução, é uma espécie de “herança”,
perfeitamente assimilada por toda a equi-
pe e por quem se agrega a ela. Por isso,
se ano após ano o cenário e a forma de
trabalhar mudam a partir dos constantes
investimentos em tecnologia de ponta, há
princípios que continuam iguais, mesmo
após 35 anos de atuação.
Trabalhando na empresa desde
1992 e sócio desde 1996 (quando concluiu
o curso de Ciências Contábeis), Nilton
Göedert, afirma que as premissa idealiza-
das em 1984, quando a RG nasceu para
o mercado, ainda são as mesmas: quali-
dade no atendimento, ética, eficiência e
comprometimento com a categoria e com
clientes permanecem como base para a
atuação de toda a equipe. “Sou profun-
damente agradecido ao meu irmão pela
CASE DE NEGÓCIOS
oportunidade que tive de iniciar minha
carreira na RG ainda enquanto estudava,
o que foi muito importante. Com trabalho,
dedicação e seu apoio, cheguei a sócio de
uma empresa que já naquela época tinha
na ética e na proposta inovadora suas prin-
cipais características de trabalho. Temos
em mente que sempre podemos fazer
Silvana Isabel BussDiretora operacional - Centro
Meire Cristina BortoliDiretora operaciona -Coqueiros
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Setembro / Outubro - 2019 | 53
Mas a evolução não se limita às
áreas de atuação dos clientes, e segundo
Nilton Göedert, o diferencial reside em
ir além dos serviços normalmente ofere-
cidos, e proporcionar também aos seus
clientes uma completa e especializada
assessoria, que especialmente nos dias
atuais se firma como uma ferramenta
fundamental para a tomada de decisões
de forma segura na gestão dos negócios.
Justamente por isso, a RG Contadores
vem adotando a prática de agregar novos
serviços ao portfólio de atendimento, mui-
tos deles não reconhecidos, durante mui-
to tempo, como serviços de uma empresa
de contabilidade.
De acordo com Meire Cristina
Bortoli, diretora operacional da unidade
Coqueiros e sócia da empresa, essa es-
tratégia vem dando certo. “A resposta é
muito positiva: os clientes reconhecem o
diferencial de nosso trabalho, tanto que o
indicam, e só indica quem está plenamen-
te satisfeito”, complementa.
Com opinião semelhante, a diretora
operacional Silvana Isabel Buss, sócia da
RG, acredita que um dos grandes desafios
é manter a qualidade e a proatividade no
atendimento. “Se construir uma empresa
sólida já é difícil e requer muita dedicação,
mantê-la desta forma, com um crescimen-
CASE DE NEGÓCIOS
to planejado e atendimento com qualida-
de requer ainda mais esforço”, afirma.
Esse planejamento, segundo com-
plementa, não passa necessariamente
pela ampliação do quadro de funcioná-
rios, mas sim pela forma de trabalhar,
que demanda compartilhamento cons-
tante de saberes. Esse é um dos segre-
dos, segundo afirma o conselheiro Nilson
Göedert.
De acordo com o diretor Nilton
Göedert, se nesses 35 anos a receita do
sucesso foi muito trabalho sério, compro-
metimento, dedicação, estudo e amor.
“Uma coisa está ligada à outra, e sem isso
não existe sucesso”, acredita - , a nova
realidade do mercado vai exigir que se
acrescente cada vez mais ingredientes.
“Na verdade, tudo passa pela forma de
entender e colocar em prática nossa pro-
fissão: é preciso observar e estar sempre
atento às mudanças, sejam elas impostas
pelo governo, pela evolução tecnológica
ou pelas necessidades dos clientes, e a
partir disso aceitar as mudanças e conti-
nuar caminhando. Como nunca ficamos
parados, tenho certeza que estamos no
caminho certo”, finaliza.
ONDE ENCONTRAR
www.rgcontadores.com.br
Portfólio alinhado àsdemandas contemporâneas
melhor. Este é o DNA da empresa”, afirma
Nilton Göedert, diretor da RG Contadores
Associados.
Nesse contexto, fica ainda mais
fundamental que evolução tecnológica e
capacitação da equipe caminhem lado a
lado, e ao longo dos anos o investimento
em pessoas garantiu à RG Contadores um
perfil “multidisciplinar”, com profissionais
especializados em diferentes segmentos,
ampliando o leque de áreas atendidas. E
um diferencial marcante está no fato de
que os clientes são atendidos por sócios,
especialistas em diferentes segmentos e
com amplo conhecimento das nuances de
cada um deles.
54 | Setembro / Outubro - 2019
Na ondado surfe
na, mas ainda estão em fase de testes. Os equipamentos
são produzidos pela Surf Evolution, sendo total P&D&I. Os
investimentos diretos e indiretos são de aproximadamente
de R$ 2 milhões. Até o fim do ano, a previsão é de que
mais 30 equipamentos sejam comercializados, gerando um
faturamento de R$ 800 mil. A expectativa dos sócios é que
no decorrer dos próximos meses atletas do circuito mundial
de surfe profissional incorporem o equipamento nas suas
rotinas de treino. Em https://surfevolution.com.br.
O mercado do surfe no Brasil está
cada vez mais aquecido. Isso porque o
número de brasileiros no mundial vem
crescendo e atletas como Gabriel Me-
dina e Mineirinho se consolidaram no
esporte. A adição do surfe como mo-
dalidade olímpica (a partir dos jogos de
Tóquio 2020) também tem puxado esse
crescimento. Quem vem surfando na
onda desse mercado é a Surf Evolution,
empresa de Florianópolis especializada
em desenvolver inovações para o surfe.
A empresa, que atua desde 2014, desen-
volve equipamentos e simuladores voltados ao surfe, sen-
do pioneira nesse segmento. Recentemente, lançou em
São Paulo a Surf Evolution PRO, uma estação multifuncional
com 2m² que permite a prática dos principais movimentos
do surfe e exercícios funcionais em mais de 200 combina-
ções disponíveis. Ligado à prancha, um monitor exibe os
movimentos que devem ser feitos para ter o melhor desem-
penho. Após o evento, a empresa entregou as 10 primeiras
máquinas. A Surf Evolution tem outras variações da máqui-
MERCADO
Fotos: Divulgação
Com o aumento dos programas de realities shows de
culinária no Brasil e no mundo nos últimos anos, as pessoas
têm mostrado cada vez mais interesse pela gastronomia. O
churrasco não ficou para trás, se qualificou e é crescente o
número de profissionais que se dedicam ao preparo de car-
nes na brasa. Em Santa Catarina a empresa pioneira nesse
segmento é a Churras Floripa, que atua há 11 anos no mer-
cado. A empresa faz cerca de 20 eventos por mês e já aten-
deu mais de 2.500 clientes em vários estados do
país, além de participar de eventos e festivais de
churrascos ao redor do mundo. Entre as premia-
ções está o Prêmio Estadual de Churrasco (2011,
2013 e 2014), pelo Instituto Quality, e o mais re-
cente como Melhor Churras BBQ do Sul do País,
pela Pitmaster Brasil. À frente do negócio está o
jovem empreendedor Raphael Braai (foto), espe-
cialista em Parrilla e Infernillo, além de dominar
as técnicas do American BBQ.
A inauguração Floripa Airport, em 1º de outubro,
deverá gerar cerca de 700 empregos diretos nos 51
espaços comerciais que incluem lojas, cafés, restau-
rantes, cervejaria e supermercado. Uma das operações
Churrasco em evidência
Cucas tradicionais noFloripa Airport
Setembro / Outubro - 2019 | 55
MERCADO
Aposta na reduçãoda inadimplência
Desburocratizar para agilizar o processo de
aluguel de imóveis, gerando mais negócios. Essa é
a proposta da fintech CredPago, de Joinville, espe-
cializada em garantia locatícia por meio de cartão de
crédito. Agora, a empresa oferece a análise de cadas-
tro do locatário de forma instantânea e desta forma,
o cliente poderá alugar um imóvel no mesmo dia da
visita. De acordo com Fábio Cruz, CTO da CredPago,
rapidez é um diferencial e permite que o contrato seja
assinado sem a necessidade de um fiador ou com-
provação de renda. “Nosso prazo para aprovação, que
era de 15 minutos, passará a ser imediato. O tempo
já era curto comparado com a concorrência, que nor-
malmente levava até sete dias para completar a ope-
ração. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de
imóveis alugados em 2018 teve um salto de 5,3% em
comparação a 2017. A tendência é o número avançar
em 2019. “Em dois anos, entre 2017 e 2019, a CredPa-
go cresceu 400%. O percentual é um dos indicativos
que mostram que os brasileiros estão começando
a seguir um movimento internacional de optar pelo
aluguel ao invés de adquirir o imóvel. Estimamos que
ocorra um crescimento de 19% ao ano no número de
locações no Brasil. Pelo menos nos próximos cinco
anos a tendência é que índice avance”, analisa Cruz. A
CredPago atende mais de 6 mil imobiliárias em todo
o país e emprega mais de 100 colaboradores diretos.
Em www.credpago.com.br.
Cerca de 500 mil catarinenses devem sacar
parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) e do Fundo PIS-Pasep a partir do mês de se-
tembro. A expectativa dos lojistas é de que boa parte
dos R$ 2,2 bilhões que estas operações movimenta-
rão em Santa Catarina será usada para pagar dívidas.
A Federação das CDLs de Santa Catarina (FCDL/SC)
estima que 72,6% dos inadimplentes têm contas
menores do que R$ 500. Como também ocorre em
datas como o Natal, quando há um ganho extra devi-
do ao 13º salário, a tendência é que os beneficiários
paguem suas dívidas. “É cíclico, as pessoas quitam as
dívidas para poder voltar a consumir”, destaca João
Carlos Dela Roca, assessor institucional da FCDL/SC.
Os saques do FGTS e do Fundo PIS-Pasep estão dis-
poníveis desde 13 de setembro aos que tiverem conta
poupança na Caixa Econômica Federal (CEF) e 18 de
outubro aos não correntistas. Outro impulso nas ven-
das e na diminuição da inadimplência esperado pelos
lojistas é o pagamento da primeira parcela do 13º salá-
rio a aposentados e pensionistas do INSS, em agosto.
será será AH! Cucaria, que tem à frente as empreende-
doras Lisandra Nienkoetter, Carina Nienkoetter e Karin
Verzbickas. Num espaço de 80m² a unidade no Boulevard
14/32 vai oferecer toda a tradição da marca nascida em
Joinville e apresentar para os turistas e moradores da Ca-
pital que visitarem o local a cultura gastronômica de Santa
Catarina com cucas artesanais, cervejas e outros produ-
tos. A marca, que tem uma loja no centro da Capital, foi
criada pela empresária Jane Hetzer, dois anos depois da
mãe dela, a dona de casa Asta Hetzer ficar famosa em
todo o Brasil por vencer a primeira edição do Festival de
Cucas promovido por uma emissora de televisão no ano
de 2014. Na ocasião, Asta apresentou uma cuca artesanal
de maçã com nozes. A conquista se deve aos mais de 40
anos de produção de cuca em casa, e o segredo: feitas
sempre de maneira 100% artesanal e com a mesma re-
ceita da famosa massa da Edla Hetzer, sogra de Asta, e
que é preservada na família há várias gerações. Em www.
ahcucaria.com.br.
Aluguel napalma da mão
56 | Setembro / Outubro - 2019
De acordo com um levantamento
da Catho, mais de 37% dos brasileiros já
contam com o modelo de home office
integral ou parcialmente em suas rotinas
trabalhistas. Na Ellevo, o objetivo é expan-
dir o formato: até o fim do ano, 60% da
equipe atuará em casa em pelo menos
alguns dias da semana.
De acordo com Irene, a área de
programação é um das que mais se ade-
qua a novidade. “Estes profissionais não
estão em contato com o cliente, portanto
não precisam dessa presença física na
empresa para reuniões frequentes, por
exemplo. Além disso, uma rotina adap-
tada permite a eles estarem em um am-
Foi-se o tempo em que bater cartão no
horário exato era sinônimo de boa re-
putação profissional. Com a transfor-
mação digital chegando a todos os setores
e tipos de atuação, modelos flexíveis de
trabalho ganham espaço e são considera-
dos tendência para a maioria das empre-
sas. No Brasil não é diferente. O país é o
terceiro no ranking de nações em que es-
tes modelos mais crescem, segundo uma
pesquisa da agência de recrutamento Ro-
bert Half. Uma das questões que contribui
para esse aumento é a reforma trabalhista,
que incluiu regras sobre o chamado tele-
trabalho.
Trabalhar em casa não é apenas si-
nônimo de conforto e confiança por parte
do empregador, mas também um formato
sustentável para o crescimento constante
das grandes cidades, com trânsitos cada
vez mais caóticos. De acordo com uma
pesquisa do Serviço de Proteção ao Cré-
dito (SPC) para o Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas (CNDL), o brasileiro
perde, em média, duas horas e vinte minu-
tos todos os dias no trânsito. No ano, são
quase 40 dias gastos com deslocamento.
O dado alarmante é só um dos que estão
fazendo muitas empresas repensar seus
modelos de trabalho.
A Ellevo, companhia de tecnologia
com sede em Blumenau e unidade em São
Paulo (SP) é uma delas. No ano passado
a empresa decidiu apostar no modelo de
home office com alguns integrantes da
sua equipe. O objetivo, inicialmente, era
facilitar a rotina dos colaboradores e, em
contrapartida, avaliar a eficácia do formato
de trabalho para o negócio.
Os dados são surpreendentes.
Como todas as atividades da equipe são
acompanhadas por meio da Plataforma El-
levo, para gestão de serviços e processos,
em pouco tempo foi possível perceber a
diferença. A produtividade de quem pas-
sou a trabalhar de casa aumento em 30%.
“Temos uma equipe bastante madura e
nosso maior receio era saber se, de fato,
excluir da rotina o tempo de deslocamento
e permitir um ambiente mais acolhedor ao
profissional faria a diferença. Hoje já per-
cebemos que este modelo é o futuro dos
negócios e traz muito mais ganhos do que
desafios”, destaca a CEO da Ellevo, Irene
da Silva Ribeiro.
MUNDO DO TRABALHO
Teletrabalho ganha espaço no Brasil e traz benefícios como aumento
de produtividade e facilidade para
contratação de mão-de-obra
qualificada
Flexibilidade em alta
Mais gente trabalhando de casaFotos: Daniel Zimmermann/Divulgação
Irene da Silva RibeiroCEO da Ellevo
Setembro / Outubro - 2019 | 57
O consultor empresarial, palestrante
e colunista de “O Empresário”, Roberto Vi-
lela reúne algumas dicas para empresas e
profissionais que irão dotar o teletrabalho.
A primeira delas é criar um modelo de ges-
tão que se adeque a essa nova realidade.
O uso de tecnologias para a comunicação
eficiente, de acordo com o executivo, é o
primeiro passo. Recursos de áudio e vídeo
facilitam o contato entre as equipes, atra-
vés da web. “Reuniões online e uso de pla-
taformas que permitam uma conexão rápi-
da são muito importantes. É fundamental
que tanto o profissional quanto o gestor e a
empresa tenham a mesma postura habitual
ao trabalho comum. Responsabilidade com
as entregas e compromissos estabelecidos
é crucial para que o modelo dê certo”, co-
menta.
Outra questão apontada pelo con-
sultor é a criação de um ambiente propí-
cio para o home office, “Obviamente você
pode organizar sua rotina de modo que
aproveite mais o tempo em que é mais pro-
Erros e acertos do home officedutivo – alguns conse-
guem trabalhar melhor
de manhã, outros à
noite. O importante é
estabelecer uma rotina
e manter uma organização. Além disso, ter
um espaço dedicado ao trabalho e realizar
investimento em itens importantes, como
uma cadeira confortável, por exemplo, de-
vem ser questões levadas em considera-
ção”, aconselha.
Esse passo a passo foi o que adotou
o analista de sistemas da Ellevo, Evandro
Nuss. E o resultado já é visível em sua roti-
na. “Com o home office eu consigo otimizar
meu tempo, sem precisar enfrentar o trân-
sito até o trabalho, o que muitas vezes já
toma um tempo importante no nosso dia.
Além disso, reparei um impacto positivo na
produtividade, pois consigo focar bastante
nas demandas sem distrações comuns do
ambiente de trabalho, como as conversas
que habitualmente ocorrem nesse ambien-
te”, finaliza.
biente mais silencioso e adequado aos seus gostos pessoais,
tudo isso implica em mais disposição e, consequentemente,
mais produtividade no dia a dia”, reforça.
Taiana Baú Vitcoski atua na área de gestão de contra-
tos da Teclógica, empresa especializada na gestão de TI e Ne-
gócios, também de Blumenau, e foi beneficiada pelo regime
flexível de trabalho que a empresa vem adotando. A adoção
do home office aconteceu em acordo com a gestão da em-
presa e veio junto com uma mudança pessoal. Após se casar
e mudar de cidade, o novo regime de trabalho foi a solução
que ela e a Teclógica encontraram para que Taiana se manti-
vesse na empresa. A empresa, inclusive, já possuía experiên-
cia de trabalho nessa modalidade com outros colaboradores.
Para ela, a organização é a chave para manter a rotina
e as entregas em dia. “Particularmente não sinto dificuldade,
pois me organizo para que dentro do meu horário eu só faça
o que for referente ao meu trabalho, mantenho o ambiente
acolhedor (clima e iluminação agradáveis) e com coisas à
mão (café, água, alimentos). Então você fica mais à vontade e
acaba focando no que está fazendo”, diz. Entre os benefícios
que ela aponta para o home office, estão não enfrentar o trân-
sito do dia a dia e maior rendimento na execução das ativida-
des. “Em casa tenho maior nível de concentração e consigo
descansar no horário do almoço”, conta.
Karina Pereira é coordenadora Administrativa Financei-
ra da Teclógica e gestora de Taiana. Para ela, alguns cuidados
e um alinhamento prévio garantem o sucesso do modelo de
trabalho. “É importante fazer com que os colaboradores em
regime de teletrabalho se sintam parte do setor e da empresa.
Incluí-los em ações do setor e de endomarketing, por exem-
plo. Para uma boa comunicação, realizamos reunião mensal
presencial, para estreitar o relacionamento com a equipe e os
demais setores. Além disso, há um cronograma de atividades
a seguir. Também solicito feedbacks de pessoas que intera-
gem com a colaboradora e utilizo todas as ferramentas que a
empresa me disponibiliza, realizando conversas via notebook,
com recursos visual e de áudio, e-mail, comunicador interno
e telefone”, explica.
Roberto VilelaConsultor e colunista
Evandro NussAnalista de sistemas da Ellevo
Foto
: D
ivul
gaçã
o
58 | Setembro / Outubro - 2019
O setor de gestão de pessoas ainda é
tradicional na maioria das empresas.
Quando se fala do futuro da área e
das tendências para o novo RH, percebe-
-se que a tecnologia está cada vez mais
presente, orientando gestores na tomada
de decisões estratégicas efetivas para os
negócios. Implementar novas tecnologias
no RH nunca se fez tão importante quanto
hoje. Isso porque a automatização de pro-
cessos agrega valor estratégico aos pro-
fissionais, que podem estabelecer novas
políticas focadas no bem-estar dos cola-
boradores, gerando também benefícios
para as empresas. Os custos envolvidos
na perda de um funcionário — desde o
desligamento até os processos de recru-
tamento e seleção, admissão,
treinamentos e de integra-
ção de novos colaborado-
res — podem ser bastante
significativos para as organizações.
Os números que podem ser ge-
rados por meio da tecnologia
servem para
auxiliar a tomada de decisão e para uma
consciência ampla e profunda do negó-
cio. Segundo pesquisa da Deloitte, 62%
das avaliações em uma gestão de de-
sempenho tradicional são resultado de
uma percepção subjetiva dos seus gesto-
res. Isso pode criar um ambiente de inse-
gurança entre os colaboradores — mui-
tas empresas classificam os funcionários
apenas por rankings, impedindo que eles
entendam como realmente está o de-
sempenho e como eles podem melhorar.
“A tecnologia tem papel fundamen-
tal para promover uma gestão de pessoas
otimizada, mais do que uma tendência,
isso já é realidade nas melhores empre-
sas, principalmente as que já entenderam
que quem cria o valor para o negócio são
as pessoas. Assim, além de ter um funcio-
nário satisfeito, a empresa também pro-
move um controle de custos maior, uma
vez que a iniciativa reduz a taxa de turno-
ver e absenteísmo, assim como garante
uma melhora na produtividade dos cola-
boradores”, comenta Bruno Soares, CEO
e cofundador da Feedz — startup de Flo-
rianópolis que desenvolve uma plataforma
para gestão estratégica de pessoas.
MUNDO DO TRABALHO
O conceito de RH 4.0 passa
por otimização e promoção de satisfação dos
funcionários
Tecnologiacomo aliada na
gestão de pessoas
Setembro / Outubro - 2019 | 59
Hoje em dia profissionais bus-
cam empresas com um bom ambiente
de trabalho, onde possam conquistar
um equilíbrio entre a vida pessoal e pro-
fissional, e a tecnologia também pode
ajudar nesse aspecto. “Quando uma or-
ganização investe na saúde dos colabo-
radores, ela está investindo também na
melhoria da performance, na felicidade
do ambiente de trabalho e no engaja-
mento dos times. Tenho observado em
nossos clientes grandes transforma-
ções de equipes”, comenta Bruno Ro-
drigues, CEO da GoGood, empresa de
Para solucionar os problemas de
comunicação interna e estabelecer uma
cultura de valorização dos talentos, a tec-
nologia é uma grande aliada, por meio da
gamificação. “A gamificação proporciona
engajamento entre os colaboradores e é,
além de tudo, uma maneira de fornecer
Equilíbrio profissional e pessoalsaúde corporativa que atende clientes
como Natura, Santander e Ambev.
A GoGood desenvolve uma
plataforma gamificada que incentiva
competições saudáveis nas empresas,
onde os colaboradores são acompa-
nhados por profissionais, como nutri-
cionistas que avaliam cada refeição, e
podem também registrar seus passos,
atividades físicas, e qualidade do sono.
A empresa atua diretamente na pre-
venção de doenças crônicas e reduz o
custo com planos de saúde nas orga-
nizações.
Gamificação no alinhamento de objetivos e nos feedbacks
de feedbacks, deixando o ambiente muito
mais leve”, explica Bruno Soares.
Os feedbacks devem ser contínu-
os para que o colaborador entenda o que
precisa ser melhorado e possa reverter o
cenário de forma mais objetiva e rápida. O
conceito também pode ser útil no alinha-
mento de objetivos entre a empresa e o
colaborador — muitos funcionários veem
os objetivos como uma lista de tarefas
sem clareza, o que impede que o máximo
de performance seja atingido.
MUNDO DO TRABALHO
60 | Setembro / Outubro - 2019
A internacionalização de empresas de
tecnologia tem ajudado a gerar empre-
gos no Brasil. Em Santa Catarina, um
dos maiores ecossistemas brasileiros de TI,
há várias companhias elevando as contrata-
ções para atender as demandas de clientes
de outros países. Um ponto favorável ao se-
tor é sua escalabilidade, a capacidade de fa-
zer crescer muito rapidamente seu mercado
– e atendê-lo. Isso torna possível um rápido
crescimento da oferta de empregos no Brasil.
Como desenvolvem produtos digitais, essas
empresas abrem escritórios ou se associam a
parceiros estrangeiros em joint ventures, mas
mantém a “fábrica” no Brasil, abrindo oportu-
nidades para brasileiros.
Neste ano, o DOT digital group deu
início ao seu processo de internacionaliza-
ção com a abertura de uma joint venture em
Lisboa, em parceria com a portuguesa Vanta-
gem+. Referência em Edtech no Brasil, com
uma carteira de clientes como Natura, San-
tander, Honda e Engie - o DOT quer ampliar
seu mercado, ganhar escala, reduzir custos
e diversificar os riscos. Em Lisboa, o grupo
terá uma equipe responsável pela comercia-
lização das soluções de Edtech no mercado
europeu, mas o desenvolvimento tecnológico
será feito pela equipe do DOT no Brasil, sedia-
da em Florianópolis. O grupo tem atualmente
300 colaboradores e estima contratar 50 com
a internacionalização ao longo de três anos.
“Temos uma equipe de especialistas
em tecnologias para Edtech que já conquis-
tou o mercado brasileiro e tem muito know-
-how para atender novos mercados”, destaca
Luiz Alberto Ferla, CEO e fundador do DOT.
Para o empresário, a internacionalização traz
riscos normais às atividades empresariais,
Internacionalizaçãodos negócios gera empregos no Brasil
Empresas do ecossistema de TI de SC elevam contratações com
vendas para o exterior
MUNDO DO TRABALHO
Setembro / Outubro - 2019 | 61
mas é uma proteção em relação à volatilidade
dos mercados. “Os reveses da economia de
um país podem ser compensados pela esta-
bilidade de outrem”, explica. Com relação às
contratações, o empresário destaca que as
oportunidades de carreira internacional atra-
em talentos para a empresa, além de estimu-
lar a integração de diferentes culturas, o que
é muito positivo para o ambiente corporativo.
No caso da Cheescake Labs, o cami-
nho foi inverso: a empresa ofereceu serviços
internacionais antes mesmo de formar uma
carteira de clientes no Brasil. A empresa
nasceu com o propósito de conectar mão-
-de-obra brasileira com demandas por de-
senvolvimento de aplicativos web e mobile
proveniente dos Estados Unidos. Hoje 60%
dos clientes ainda são estrangeiros, de paí-
ses como Espanha, EUA, Reino Unido e Suí-
ça. De acordo com Marcelo Gracietti, CEO da
empresa, a Cheesecake Labs emprega mais
de 50 pessoas e cerca da metade do time
operacional está trabalhando com projetos
internacionais.
Outra empresa do ecossistema catari-
nense que vem acelerando contratações por
conta de seus negócios no exterior é a Invol-
ves, desenvolvedora do s oftware de Trade
Marketing focado em execução in-store. A
empresa começou sua trajetória em Floria-
nópolis em 2009 e hoje possui clientes em
21 países. Para atender a demanda externa,
quase 10% da sua equipe é responsável por
cuidar apenas de negócios no exterior. Só em
2018, o crescimento fora do país foi de 50%,
o que deu segurança para a empresa dar um
passo maior: este ano, a Involves abriu uma
filial do México, e pretende acelerar ainda
mais sua expansão internacional, aumentan-
do as possibilidades de contratação no Brasil.
A HostGator, provedora mundial de
hospedagem de sites e outros serviços re-
lacionados à presença online, iniciou a ex-
pansão na América Latina em 2015, quando
começou a operar no México a partir do es-
critório brasileiro. O crescimento da empresa,
que entrou também nos mercados chileno e
colombiano no último ano, gerou a demanda
por funcionários em Florianópolis (SC), onde
está sediada, para atender os novos clientes.
Só em 2017, foi registrado um crescimento
de 27% no quadro de funcionários e no ano
seguinte, de 29%. A HostGator planeja conti-
nuar em ritmo de expansão em 2019 e estima
que o número de funcionários aumente mais
11% neste ano.
Mão de obra escassaApesar do aumento de vagas no setor de tecnologia da informa-
ção (TI), preencher esses espaços pode ser um desafio para as empre-
sas devido à falta de mão-de-obra qualificada no Brasil. A Codenation
surgiu exatamente para resolver esse problema. A startup insere novos
profissionais no mercado de tecnologia através de cursos de capacitação
na área de desenvolvimento em parceria com empresas do segmento.
Durante o programa de aceleração, os selecionados resolvem desafios,
desenvolvem projetos, recebem auxílio de tutores e assistem palestras
com convidados que já atuam na área. Assim, os profissionais aprendem
mais sobre linguagens específicas de programação e sobre o cotidiano
das empresas que estão contratando.
Entendendo que a internacionalização é o futuro de
muitas empresas do ecossistema de inovação de Santa
Catarina, a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate)
criou o Grupo Temático de Internacionalização. A iniciativa
promove encontros multidisciplinares entre advogados,
empreendedores, professores, mestrandos e doutorandos
para debater legislação, desafios e estratégias de expansão
internacional. O propósito do grupo é consolidar uma cultu-
Grupo temático para buscar competitividadera de internacionalização entre as empresas do ecossistema
da Acate, contribuindo para que sejam mais competitivas e
sustentáveis. Além do grupo, a Associação inaugurou, em
2018, um escritório em Boston (EUA), e tem buscado parcei-
ros para replicar a experiência internacional bem-sucedida
de algumas de suas associadas para todas as empresas de
tecnologia de Santa Catarina que querem conquistar o mer-
cado internacional.
MUNDO DO TRABALHO
62 | Setembro / Outubro - 2019
Setembro / Outubro - 2019 | 63
OPINIÃO
Primeiro pilar da geração de riqueza: ganharNo artigo da última edi-
ção ressaltamos a importância
do profissional de coaching fi-
nanceiro dentro das empresas,
tendo como papel fundamental
trazer ao empresário clareza e
reflexão das atitudes e deci-
sões tomadas em relação ao
dinheiro até então, assumindo
de maneira saudável as conse-
quencias das escolhas realiza-
das e o caminho a ser traçado
a partir desse reconhecimento.
Afinal, o dinheiro é ferra-
menta para ser usado a nosso
favor, é meio para tudo, e fazer
uso dele de forma consciente é fundamental. In-
dependente da área de atuação da empresa, pre-
cisamos saber como ganhar mais dinheiro, gerar
mais riqueza, mesmo em “épocas de crise”, bus-
cando alternativas para superar as dificuldades
enfrentadas na área do negócio em que já atua-
mos ou quem sabe até buscando novas alterna-
tivas.
O primeiro e mais importante passo é bus-
car conhecimento sobre educação financeira, ana-
lisando os aspectos que vem gerando lucro ou pre-
juizo dentro do seu negócio, muitas vezes o foco
é tão grande em “faturar mais”, que acaba fican-
do de lado que é essencial olhar para tudo aquilo
que já acontece e o que pode ser
melhorado ou quem sabe até eli-
minando dentro da nossa empre-
sa, consequentemente fazendo
como que você ganhe mais.
O segundo é enxergar
além da linha do horizonte, as
empresas que vem dando a volta
por cima e se destacando,mes-
mo em tempos não tão favorá-
veis, entenderam que o impor-
tante não é só olhar para o seu
cliente de forma isolada e e sim
olhar ao seu redor visualizando
possíveis parcerias que podem
complementar a entrega ao clien-
te, afinal, vivemos na era das conexões e não mais na
era dos concorrentes.
Em suma, ressalto que sai na frente “ganhan-
do dinheiro” a empresa que tem se planejado e se
dedicado a oferecer muito mais que um produto ou
um serviço, e sim aquela que fornece uma incrível
e inesquecível experiência positiva, se expondo de
forma inovadora e se mantendo presente na vida dos
clientes.
No artigo da próxima edição vamos falar sobre
o segundo pilar para geração de riqueza: cuidar.
Odinéia Silva
Administradora e coach financeira
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Setembro / Outubro - 2019 | 65
66 | Setembro / Outubro - 2019
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