O ascetismo e a intelectualidade na adolescência

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O ascetismo e a intelectualidade na adolescência O estudo analítico das neuroses sugeriu que existe na natureza humana uma disposição a repudiar certos instintos principalmente os sexuais, de modo indiscriminado e hereditário, ligado a herança filogenética. Segundo Anna Freud (1986) a tarefa do ascetismo é a de manter o id dentro dos seus limites, impondo proibições e a finalidade da intelectualização é vincular estritamente os processos instintivos aos conteúdos ideacionais, tornando assim os processos instintivos acessíveis à consciência. Para melhor compreende-los vamos dividi-los em tópicos. Ascetismo na puberdade Para Anna Freu (1986) o repudio difere da repressão ordinário em dois ponto o primerio é que nos casos de neurose verifica-se haver sempre uma conexão entre a repressão de um instinto e a natureza do mesmo. Contudo os adolescentes passam pela espécie de fase ascética na qual temem mais a quantidade do que a qualidade de seus instintos, desconfiam de tudo que lhes é prazeroso, tendo como política de proteção contrariar seus desejos mais urgentes com proibições mais severas. Tendo um embate entre o instinto que ao dizer “Eu quero”, tem em resposta o ego dizendo “Não terás”. No entanto essa desconfiança que era a principio apenas voltada aos desejos instintivos podem generalizar-se ás necessidade físicas mais

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O ascetismo e a intelectualidade na adolescência

O estudo analítico das neuroses sugeriu que existe na natureza humana uma disposição

a repudiar certos instintos principalmente os sexuais, de modo indiscriminado e hereditário,

ligado a herança filogenética. Segundo Anna Freud (1986) a tarefa do ascetismo é a de manter

o id dentro dos seus limites, impondo proibições e a finalidade da intelectualização é vincular

estritamente os processos instintivos aos conteúdos ideacionais, tornando assim os processos

instintivos acessíveis à consciência. Para melhor compreende-los vamos dividi-los em

tópicos.

Ascetismo na puberdade

Para Anna Freu (1986) o repudio difere da repressão ordinário em dois ponto o

primerio é que nos casos de neurose verifica-se haver sempre uma conexão entre a repressão

de um instinto e a natureza do mesmo. Contudo os adolescentes passam pela espécie de fase

ascética na qual temem mais a quantidade do que a qualidade de seus instintos, desconfiam de

tudo que lhes é prazeroso, tendo como política de proteção contrariar seus desejos mais

urgentes com proibições mais severas. Tendo um embate entre o instinto que ao dizer “Eu

quero”, tem em resposta o ego dizendo “Não terás”. No entanto essa desconfiança que era a

principio apenas voltada aos desejos instintivos podem generalizar-se ás necessidade físicas

mais comuns, culminado em casos onde a principio evitava-se o prazer oral, passa a reduzir

alimentação diária ao mínimo, ou diversos outros casos em que se agride a integridade física

expondo-se a riscos desnecessários.

O outro ponto em que esse repúdio ao instinto difere da repressão ordinária é o de que

na neurose quando uma gratificação do instinto é reprimida encontra-se um substituto para a

mesma, no entanto no repudio da adolescência não há essa possibilidade de substituição, o

que acontece é uma transição radical do ascetismo para o excesso instintivo em que o

adolescente o adolescente reconsidera tudo aquilo que ele considerava proibido e despreza as

proibições externas, do ponto de vista analítico isso é visto como uma recuperação do período

de ascetismo. Existem alguns casos que o ego de maneira inexplicável consegue manter seu

repudio aos instintos não possibilitando essa recuperação o que pode causar uma afecção

psicótica.

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Intelectualização na puberdade

Com o afluxo de energia instintiva o adolescente passa a ser uma criatura de instinto,

mais moral, ascético e até mais inteligente com todos seus interesses intelectuais mais vivos.

Os interesses dos rapazes concentram-se em coisas concretas deixando de lado as estórias

abstratas da infância, exceto no caso dos adolescentes que Bernfeld descreve como

caracterizados por uma “puberdade prolongada” os quais meditam sobre assuntos mais

abstratos.

Mas a intelectualidade adolescente parece servir apenas para divagações, pois quando

um rapaz fantasia um grande conquistador ele não se vê na necessidade de se tornar um par

mostrar coragem e resistência na vida real, ele deriva satisfação através do processo de

pensar, falar ou discutir. Um exame apurado dos processos intelectuais adolescentes mostra os

assuntos de maior interesse deles são os mesmo que deram origem aos conflitos entre as

instituições psíquicas. Pelo fato do ascetismo não realizar o que o adolescente espera, o ato de

refletir sobre o conflito instintivo, fazer a sua intelectualização, pode ser um bom meio. A

ânsia por orientação e apoio, levará esses processos instintivos a serem traduzidos em termos

de intelecto. A razão da atenção estar voltada para os instintos é uma tentativa de dominá-los

em um nível psíquico diferente, pois através dessa intelectualização que os processos

instintivos se vincularão a idéias e poderão alcançar pouco a pouco a consciência. O que nos

permite dizer que a intensificação da intelectualidade durante a adolescência faz parte dos

esforços do ego de dominar os instintos por meio do pensamento.

Anna Freud (1986) traz um novo olhar ao declínio da inteligência durante a infância,

pois a infância e a adolescência são dois períodos de perigo instintivo e sua inteligência serve

para ajudar que ele o supere, já na latência e na vida adulta o ego é relativamente forte e pode

esforçar-se para intelectualizar os processos instintivos. Entretanto assim com fora dito que as

realizações mentais dos adolescentes são infrutíferas as das crianças também elas criam suas

teorias, contudo elas não conseguem alcançar a realidade.

Objeto de amor e identificação na puberdade

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Anna Freus1(986), seleciona em seu livro as duas das mais importantes peculiaridades

da adolescência que são o objeto de amor e a identificação na puberdade. Os fenômenos mais

notáveis da adolescência estão ligados a relação com os objetos

A suspeita e o ascetismo do ego vão se voltar primeiramente para os objetos de amor

do sujeito na infância, que fará com que ele se isole, passando a enxergar os membros de sua

família como estranhos. Essa suspeita irá recair também sobre o superego, o qual ainda esta

carregado de energia da libido derivada das relações parentais, esse é então vitimado pelo

ascetismo, causando uma ruptura entre o ego e o superego. Que tem como principal efeito

aumentar o perigo ameaçador dos instintos, pois antes desse conflito os dois se aliavam na

defesa contra os instintos, fazendo com que o ego seja projetado violentamente ao nível de

pura ansiedade instintiva e aos mecanismo primitivos de proteção característicos do mesmo.

Apesar desse auto- isolamento e afastamento dos objetos de amor o adolescente

também criará novos vínculos que poderão ocupar o ligar a das fixações reprimidas dos

objetos de amor infantil, assumindo um caso de amizade fervorosa ou até de amor, apesar de

que essas são de curta duração, os objetos abandonados por ele são rapidamente e

completamente esquecidos.

Os adolescentes possuem uma capacidade de variabilidade muito maior do que em

outras fazes. Mudando completamente suas opiniões e convicções conforme muda seu

modelo. Helene Deutsch (citada por FREUD, 1986), classificou-as de pessoas do tipo “ como

se”, pois a cada novo objeto vivem como se tivessem a própria vida do mesmo, desde

sentimentos opiniões e pontos de vista.

Anna Freud em um de seus casos clinico deparou-se com uma menina que mudou seus

objetos varias vezes e essa não era apenas indiferente com os objetos abandonados, mas

também sentia uma violenta empatia por eles, após varias sessões analítica ela chega a

conclusão de que esses sentimentos não realmente da menina, ma sim de um ciúme que ela

fantasiará que o novo amigo sentisse em relação a todos que um dia ela amará.

A volubilidade da puberdade não indica mudanças interiores no amor ou das

convicções, mas sim da perda de personalidade em conseqüência da mudança da

identificação, demonstrada pela necessidade de se ajustar às preferências das outras pessoas.

O adolescente esta em perigo de voltar sua libido para si próprio, regredindo do amor

ao abjeto para o narcisismo, encontrando fuga em esforços de estabelecer contato com objetos

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externos mesmo que seja apenas por intermédio do se narcisismo, através de uma série de

identificações, com isso as relações apaixonadas na adolescência repressentam tentativas de

recuperação.