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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es- tudada, prova, diagnóstico. Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni- dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as ques- tões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, dificuldade de re- lacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação. A 2 a fase da Fuvest é constituída de três provas analítico-expositi- vas obrigatórias para todos os candidatos. Sua constituição é a que segue: 1 o dia: 10 questões de Português e uma Redação. Comum a todas as carreiras, vale 100 pontos, dos quais 50 correspondem à Redação. 2 o dia: 16 questões sobre as disciplinas que compõem o Núcleo Co- mum do Ensino Médio (História, Geografia, Matemática, Física, Quí mica, Biologia e Inglês), sendo algumas questões interdisciplinares. Comum a todas as carreiras vale 100 pontos. 3 o dia: 12 questões de duas ou três disciplinas, de acordo com a carreira escolhida pelo candidato. Todas as questões têm igual valor, totalizando 100 pontos. Observações: 1. As carreiras Arquitetura FAU-USP, Arquitetura São Carlos, Artes Cênicas (Licenciatura e Bacharelado), Artes visuais, Música e Audiovisual têm prova de Habilidades Específicas, que vale 100 pontos e peso 2. 2. Para os candidatos que cursaram integralmente o Ensino Fundamental e Médio em Escolas Públicas, valem os mesmos bônus da 1 a fase. 3. O preenchimento das vagas é feito por carreira, seguindo-se rigorosamente a classificação obtida. 4. Cada candidato é atendido na melhor de suas opções de curso em que existe vaga. As tabelas a seguir indicam as disciplinas de cada carreira. a prova da 2 a fase da FUVEST 2014 o anglo resolve Aula Estudada Aula Dada Prova Diagnós- tico

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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es­tudada, prova, diagnóstico.Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni­dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as ques­tões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, dificuldade de re­lacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação.

A 2a fase da Fuvest é constituída de três provas analítico­expositi­vas obrigatórias para todos os candidatos. Sua constituição é a que segue:

1o dia: 10 questões de Português e uma Redação. Comum a todas as carreiras, vale 100 pontos, dos quais 50 correspondem à Redação.2o dia: 16 questões sobre as disciplinas que compõem o Núcleo Co­mum do Ensino Médio (História, Geografia, Matemática, Física, Quí­mica, Biologia e Inglês), sendo algumas questões interdisciplinares. Comum a todas as carreiras vale 100 pontos.3o dia: 12 questões de duas ou três disciplinas, de acordo com a carreira escolhida pelo candidato.Todas as questões têm igual valor, totalizando 100 pontos.

Observações: 1. As carreiras Arquitetura FAU­USP, Arquitetura São Carlos, Artes

Cênicas (Licenciatura e Bacharelado), Artes visuais, Música e Audiovisual têm prova de Habilidades Específicas, que vale 100 pontos e peso 2.

2. Para os candidatos que cursaram integralmente o Ensino Fundamental e Médio em Escolas Públicas, valem os mesmos bônus da 1a fase.

3. O preenchimento das vagas é feito por carreira, seguindo­se rigorosamente a classificação obtida.

4. Cada candidato é atendido na melhor de suas opções de curso em que existe vaga.

As tabelas a seguir indicam as disciplinas de cada carreira.

aprova

da 2a faseda FUVEST

2014

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ProvaDiagnós-tico

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FUVEST — TABELA DE CARREIRAS E PROVAS

ÁREA DE BIOLÓGICAS

CÓD. CARREIRAS VAGASPROVAS DA 2a FASE

(3o DIA)400 Ciências Biológicas – São Paulo 120 Q, B*405 Ciências Biológicas – Piracicaba 30 Q, B*410 Ciências Biológicas – Ribeirão Preto 60 Q, B*415 Ciências Biomédicas 40 B, Q, M416 Ciências Biomédicas – Ribeirão Preto 25 B, Q, F

*425 Ciências dos Alimentos – Piracicaba 40 B, Q*430 Educação Física e Esporte 100 F, B, H*435 Educação Física – Ribeirão Preto 60 B, H, F436 Educação Física e Saúde – USP – LESTE – SP 60 H, M, B*440 Enfermagem – São Paulo 80 B, Q445 Enfermagem – Ribeirão Preto 130 H, B, Q

*450 Engenharia Agronômica – Piracicaba 200 M, Q, B*455 Engenharia Florestal – Piracicaba 40 M, Q, B460 Farmácia – Bioquímica – São Paulo 150 F, Q, B465 Farmácia – Bioquímica – Ribeirão Preto 80 Q, B, F*470 Fisioterapia – São Paulo 25 F, G, B*475 Fisioterapia – Ribeirão Preto 40 G, F, B*480 Fonoaudiologia – São Paulo 25 G, F, B*485 Fonoaudiologia – Bauru 40 F, Q, B*490 Fonoaudiologia – Ribeirão Preto 30 G, F, B*495 Gerontologia – USP – LESTE-SP 60 M, B, H500 Medicina – São Paulo 275 F, Q, B*505 Ciências Médicas – Ribeirão Preto 100 G, Q, B*510 Medicina Veterinária – São Paulo 80 F, Q, B*515 Medicina Veterinária – Pirassununga 60 F, Q, B520 Nutrição 80 Q, B*525 Nutrição e Metabolismo – Ribeirão Preto 30 G, B, Q*530 Obstetrícia – USP – LESTE-SP 60 Q, B535 Odontologia – São Paulo 133 G, Q, B*540 Odontologia – Bauru 50 F, Q, B*545 Odontologia – Ribeirão Preto 80 Q, B*550 Psicologia – São Paulo 70 M, B, H*555 Psicologia – Ribeirão Preto 40 M, B, H*560 Saúde Pública 40 G, M, B*565 Terapia Ocupacional – São Paulo 25 G, B*570 Terapia Ocupacional – Ribeirão Preto 20 G, B*575 Zootecnia – Pirassununga 40 M, Q, B

ÁREA DE EXATAS

CÓD. CARREIRAS VAGASPROVAS DA 2a FASE

(3o DIA)*700 Ciências Biomoleculares – São Carlos 40 F, B705 Ciências da Natureza – USP – LESTE-SP 120 F, Q, B710 Computação 330 M, F

*715 Engenharia Aeronáutica – São Carlos 40 M, F*720 Engenharia Ambiental – Lorena 40 M, F, Q*725 Engenharia Ambiental – São Carlos 40 M, Q*730 Engenharia Bioquímica – Lorena 40 M, F, Q*735 Engenharia Civil – São Carlos 60 M, F740 Engenharia de Alimentos – Pirassununga 100 M, F, Q

*745 Engenharia de Biossistemas – Pirassununga 60 M, F, B*750 Engenharia de Materiais – Lorena 40 M, F, Q*755 Engenharia de Materiais e Manufatura – São Carlos 50 M, F*760 Engenharia de Produção – Lorena 40 M, F, Q765 Engenharia Elétrica e Computação – São Carlos 150 M, F

*770 Engenharia Física – Lorena 40 M, F, Q775 Engenharia na Escola Politécnica 820 M, F, Q780 Engenharia Química – Lorena 160 M, F, Q785 Engenharias – São Carlos 150 M, F

790Física – São Paulo e São Carlos (Bacharelado), Meteorologia,Geofísica, Astronomia, Matemática e Estatística, MatemáticaAplicada e Física Computacional – São Carlos

455 M, F

*795 Física Médica – Ribeirão Preto 40 M, F*800 Geologia 50 M, F, Q*805 Informática Biomédica – Ribeirão Preto 40 M, F, B*810 Informática – São Carlos 40 M, F*815 Ciências Exatas – São Carlos (Licenciatura) 50 M, F, Q*820 Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental 40 M, F, Q*825 Matemática e Física – São Paulo (Licenciatura) 260 M, F*830 Matemática Aplicada – Ribeirão Preto 45 M, G*840 Oceanografia – São Paulo 40 M, Q, B*850 Química Bacharelado – Ribeirão Preto 60 M, Q*855 Química Bacharelado e Licenciatura – São Paulo 60 M, F, Q*865 Química Licenciatura – Ribeirão Preto 40 M, Q*870 Química Bacharelado – São Carlos 60 M, F, Q

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ÁREA DE HUMANAS

CÓD. CARREIRAS VAGASPROVAS DA 2a FASE

(3o DIA)

100 Administração – Ribeirão Preto 105 M, H, G

*101 Administração – Piracicaba 40 H, G, M

*105 Arquitetura – São Paulo (FAU-USP) 150 H, G, F

*110 Arquitetura – São Carlos 45 H, G, F

*115 Artes Cênicas Bacharelado 15 H, G

*120 Artes Cênicas Licenciatura 10 H, G

*125 Artes Visuais 30 H, G

130 Biblioteconomia 35 H, G, M

*135 Ciências Contábeis – Ribeirão Preto 45 H, M

*140 Ciências da Informação e da Documentação(Bacharelado) – Ribeirão Preto 40 H, G, M

145 Ciências Sociais 210 H, G

*150 Audiovisual 35 H, G

*155 Design 40 H, G, F

160 Direito 560 H, G, M

165 Economia, Administração, Ciências Contábeis e Atuária 590 H, G, M

*170 Economia Empresarial e Controladoria – Ribeirão Preto 70 H, M

*175 Economia – Piracicaba 40 H, G, M

*180 Economia – Ribeirão Preto 45 H, M

*185 Editoração 15 H, G

190 Filosofia 170 H, G

195 Geografia 170 H, G

200 Gestão Ambiental – USP – LESTE-SP 120 G, F, Q

*205 Gestão Ambiental – Piracicaba 40 H, F, B

210 Gestão de Políticas Públicas – USP – LESTE-SP 120 H, G, M

215 História 270 H, G

220 Jornalismo 60 H, G

225 Lazer e Turismo – USP – LESTE-SP 120 H, G

*230 Licenciatura em Educomunicação 30 H, G

235 Letras 849 H, G

240 Marketing – USP – LESTE-SP 120 M, H, G

*245 Música – São Paulo ECA 35 H, G

*250 Música – Ribeirão Preto 30 H, G

255 Pedagogia – São Paulo 180 H, G, M

*260 Pedagogia – Ribeirão Preto 50 H, G, M

265 Publicidade e Propaganda 50 H, G, M

270 Relações Internacionais 60 H, G

275 Relações Públicas 50 H, G, M

*280 Têxtil e Moda – USP – LESTE-SP 60 H, M

*285 Turismo 30 H, G, M

* Carreiras unitárias

LEGENDA

P — PortuguêsM — MatemáticaF — FísicaQ — QuímicaB — BiologiaH — HistóriaG — Geografia

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FUVEST/2014 — 2a FASE 4 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 1

Leia o seguinte texto, que trata das diferenças entre fala e escrita:

Talvez ainda mais digno de atenção seja o desaparecimento [na escrita] da mímica e das inflexões ou variações do tom da voz. A sua falta tem de ser suprida por outros recursos.

É, neste sentido, que se torna altamente instrutiva a velha anedota, que nos conta a indignação de um rico fazendeiro ao receber de seu filho um telegrama com a frase singela — “mande-me dinheiro”, que ele lia e relia emprestando lhe um tom rude e imperativo. O bom homem não era tão néscio quanto a anedota dá a entender: estava no direito de exigir da formulação verbal uma qualidade que lhe fizesse sentir a atitude filial de carinho e respeito e de refugar uma frase que, sem a ajuda de gestos e entoação adequada, soa à leitura espontaneamente como ríspida e seca.

J. Mattoso Câmara Jr., Manual de expressão oral e escrita. Adaptado.

a) Considerando-se que o verbo da frase do telegrama está no imperativo, se essa mesma frase fosse dita em uma conversa telefônica, haveria possibilidade de o pai entendê-la de modo diferente? Explique.

b) Reescreva a frase do telegrama, acrescentando-lhe, no máximo, três palavras e a pontuação adequada, de modo a atender a exigência do pai, mencionada no texto.

Resolução

a) Sim. O imperativo é o modo verbal de valor apelativo, empregado quando se deseja que o receptor pense algo ou aja de determinada forma. Ele comporta tanto a ordem quanto outras modalidades de influência sobre o ouvinte, como o pedido, o conselho, a súplica, a ameaça. A diferença entre essas modalidades se efetiva no discurso por meio do contexto em que o imperativo aparece e/ou por elementos extralinguísticos. Na conversa telefônica, por exemplo, uma pronúncia branda da frase em questão poderia sugerir um pe-dido humilde, já uma pronúncia rápida com voz trêmula, um clamor por socorro.

b) Por favor, mande-me dinheiro. Obrigado!Caro pai, mande-me dinheiro. Obrigado!Mande-me, eu lhe peço, dinheiro.Se possível, mande-me dinheiro, pai!

▼ Questão 2

Avalie a redação das seguintes frases:

I. O futebol conquistou um papel na sociedade tanto culturalmente como econômico e político. II. Os clubes buscam a expansão do número de associados bem como reduzir gastos com publicidade. III. Doravante tais fatos, fica claro que o futebol exerce uma grande influência no cotidiano do brasileiro.IV. O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta na manga do colete.

a) Reescreva as frases I e II, corrigindo a falta de paralelismo nelas presente. b) Reescreva as frases III e IV, eliminando a inadequação vocabular que elas apresentam.

Resolução

a) Frase I: O futebol conquistou um papel na sociedade tanto cultural quanto econômica e politicamente.

Para garantir o paralelismo, empregou-se a expressão correlata “tanto... quanto” e os advérbios “cultural-mente”, “economicamente” e “politicamente” (no original, há um advérbio — “culturalmente” — e dois adjetivos — “econômico” e “político”).

Obs.: Seria possível manter o sufixo “-mente” nos três advérbios ou suprimi-lo nos dois primeiros para evitar o eco.

UPORT UG ÊS

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FUVEST/2014 — 2a FASE 5 ANGLO VESTIBULARES

Frase II: Os clubes buscam a expansão do número de associados e a redução dos gastos com publicidade. Outra possibilidade: Os clubes buscam expandir o número de associados e reduzir os gastos com publicidade.

A falta de paralelismo na estrutura de origem se deve ao emprego do substantivo “expansão” e do verbo “reduzir”. Ou se empregam dois substantivos (“expansão” e “redução”), ou dois verbos (“expandir” e “reduzir”).

Obs.: Seria possível também manter a expressão “bem como”.

b) Frase III: “Considerando tais fatos, fica claro que o futebol exerce uma grande influência no cotidiano do brasileiro”.

A inadequação foi provocada pelo emprego do termo “doravante”, que significa “de agora em diante”. No contexto, deveria ser empregado “considerando”, “diante de”, “levando em conta”.

Frase IV: O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta na manga.

Outra possibilidade: O técnico declarou ao jornalista que, para o próximo jogo, ele tem uma carta no bolso do colete.

A inadequação está no emprego de “manga do colete”, que produz efeito de incoerência, pois colete não tem manga.

▼ Questão 3

Considere o seguinte texto, para atender ao que se pede:

O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito; a vaidade, a consciência (certa ou errada) da evidência do nosso próprio mérito para os outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. É difícil à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso mérito para os outros, sem a consciência do nosso próprio mérito. Se a natureza humana fosse racional, não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação.

Fernando Pessoa, Da literatura europeia.

a) Considerando-a no contexto em que ocorre, explique a frase “o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior”.

b) Reescreva a frase “O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é”, substituindo por sinônimos as expressões sublinhadas.

Resolução

a) Dentro do contexto, a frase indica que a percepção alheia, ou seja, as reações dos outros em relação ao sujeito, precede a autopercepção ou a percepção de si. Em outras palavras, inicialmente o indivíduo toma contato com as opiniões que os outros emitem a seu respeito e só posteriormente formula um juízo próprio sobre si.

b) O homem prefere ser elogiado/enaltecido/engrandecido/valorizado/apreciado/louvado/incensado por aquilo que não é, a ser criticado/rebaixado/diminuído/subvalorizado/depreciado/menosprezado por aquilo que é.

▼ Questão 4

Entrevistado por Clarice Lispector, para a pergunta “Como você encara o problema da maturidade?”, Tom Jobim deu a seguinte resposta: “Tem um verso do Drummond que diz: ‘A madureza, esta horrível prenda…’ Não sei, Clarice, a gente fica mais capaz, mas também mais exigente”.

Nota: O verso citado por Tom Jobim é o início do poema “A ingaia ciência”, de Carlos Drummond de Andrade, e sua versão correta é: “A madureza, essa terrível prenda”.

a) Aponte dois recursos expressivos empregados pelo poeta na expressão “terrível prenda”. b) Reescreva a resposta de Tom Jobim, eliminando as marcas de coloquialidade que ela apresenta e fazendo

as alterações necessárias.

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FUVEST/2014 — 2a FASE 6 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

a) Os recursos expressivos explorados na expressão “terrível prenda” são inversão (o adjetivo está anteposto ao substantivo) e oxímoro/ paradoxo (o valor negativo de “terrível” se contrapõe ao significado positivo de “prenda”).

b) Sem marcas de coloquialidade, a nova frase será esta: “Há um verso de Drummond que diz: ‘A madureza, esta horrível prenda…’. Não sei, Clarice, (nós) ficamos mais capazes, mas também mais exigentes”.

▼ Questão 5

Leia o seguinte texto, para atender ao que se pede:

Conversa de abril

É abril, me perdoareis. Estou completamente cansado. Retorno à aldeia depois de três dias de galope de jipe pelas estradas confusas de caminhões e poeira e explosões. Tenho no bolso um caderno de notas. Quereis que vos descreva essas montanhas e vales, e o que fazem os seres humanos neste tempo de prima-vera? Deixai-me estirar o corpo na cama; depois tiro as botas. Ouvi-me. As montanhas, já vos descreverei as montanhas.

Rubem Braga*

* Rubem Braga foi correspondente de guerra junto à FEB, Força Expedicionária Brasileira, durante a Segunda Guerra Mundial. O fragmento acima pertence a uma de suas crônicas desse período.

a) Reescreva o seguinte trecho, dando-lhe características narrativas e empregando a terceira pessoa do plural, em lugar da segunda:“Tenho no bolso um caderno de notas. Quereis que vos descreva essas montanhas e vales, e o que fazem os seres humanos neste tempo de primavera?”

b) Tendo em vista as informações contidas no excerto, o início do texto — “É abril” — é coerente com o em-prego do pronome este, em “neste tempo de primavera”? Explique.

Resolução

a) A Banca pediu que os candidatos dessem características narrativas a um trecho que, entretanto, já as possui. Considerando que o texto narrativo se caracteriza pela presença de um narrador, que relata mudanças de estado ao longo do tempo, um dos encaminhamentos possíveis é apresentado a seguir. No entanto, é im-portante considerar que há outras possibilidades de reescrita.O correspondente de guerra afirmou: “Tenho no bolso um caderno de notas”. A seguir, perguntou: “Querem que descreva a vocês essas montanhas e vales, e o que fazem os seres humanos neste tempo de primavera?”

b) O emprego do pronome “este” em “neste tempo de primavera” é coerente com o trecho “é abril”. Ao usar o pronome “este”, o autor indica que, no momento em que narra, no presente da narração, é primavera. Como abril é mês da primavera na Europa, o uso do pronome “este” é coerente.

▼ Questão 6

Leia o seguinte trecho de uma reportagem, para em seguida atender ao que se pede:

Cantoria de sabiá-laranjeira na madrugada divide ouvidos paulistanos

Diz uma antiga lenda indígena que, durante as madrugadas, no início da primavera, quando uma criança ouve o canto de um sabiá-laranjeira, ela é abençoada com amor, felicidade e paz. Isso lá na floresta. Na selva urbana, a história é outra: tem gente se revirando na cama com a sinfonia que chega a durar duas horas se-guidas antes mesmo de clarear o dia.

“Morei 35 anos no interior paulista e nunca fui acordada por passarinho algum”, conta uma moradora do Brooklin (zona sul). “Agora, em plena São Paulo barulhenta e caótica, minhas madrugadas têm sido bem dife-rentes”.

Folha de S.Paulo, 16/09/2013. Adaptado.

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FUVEST/2014 — 2a FASE 7 ANGLO VESTIBULARES

a) Tendo em vista o contexto, é possível concluir, de modo irrefutável, que a citada moradora do Brooklin faz parte dos paulistanos que não apreciam o canto do sabiá-laranjeira? Justifique com base no texto.

b) Reescreva os trechos do texto que se encontram em discurso direto,empregando o discurso indireto e fa-zendo as modificações necessárias.

Resolução

a) Não. A fala da entrevistada não garante de modo inequívoco que esteja incomodada com o canto do sabiá-laranjeira. Quando ela diz “minhas madrugadas têm sido bem diferentes”, a palavra “diferentes” pode assumir conotações positivas ou negativas. Até mesmo o título da notícia “Cantoria (…) divide ouvidos paulistanos” evidencia uma divergência entre os paulistanos. Por esse motivo, não é possível afirmar uma posição unânime por parte da totalidade da população.Além disso, há uma oposição entre os trechos “São Paulo barulhenta e caótica” e “minhas madrugadas têm sido bem diferentes”, o que abre a interpretação de que as manhãs da depoente são tranquilas devido ao canto do pássaro. Portanto, mesmo que o contexto da notícia queira induzir o leitor a crer que os paulistanos estão insatis-feitos (“tem gente se revirando na cama com a sinfonia que chega a durar 2 horas seguidas antes mesmo de clarear o dia”), não é possível concluir, de modo inefutável que a paulistana mencionada não aprecie o canto do sabiá-laranjeira.

b) Há várias maneiras de converter as duas frases para o discurso indireto.

A maneira mais tradicional de convertê-las é:

Uma moradora do Brooklin disse que tinha morado (havia morado / morara) 35 anos no interior paulista e nunca tinha sido (havia sido / fora) acordada por passarinho algum. Disse ainda que naquele momento (na época em que deu a declaração), em plena São Paulo barulhenta e caótica, suas madrugadas estavam sendo (vinham sendo) bem diferentes.

Entretanto, tratando-se de um gênero jornalístico, também é possível adotar no texto o mesmo marco temporal da entrevistada, para manter o efeito de atualidade. Dessa forma, a nova versão seria:

Uma moradora do Brooklin disse que morou 35 anos no interior paulista e nunca foi acordada por passari-nho algum. Acrescentou ainda que agora, em plena São Paulo barulhenta e caótica, suas madrugadas têm sido bem diferentes.

▼ Questão 7

No breve “Prólogo da 3a edição” das Memórias póstumas de Brás Cubas, assinado pelo autor, Machado de Assis, constava o seguinte trecho:

Capistrano de Abreu, noticiando a publicação do livro, perguntava: “As Memórias póstumas de Brás Cubas são um romance?” Macedo Soares, em carta que me escreveu por esse tempo, recordava amigamente as Via-gens na minha terra. Ao primeiro respondia já o defunto Brás Cubas (como o leitor viu e verá no prólogo dele que vai adiante) que sim e que não, que era romance para uns e não o era para outros. Quanto ao segundo, assim se explicou o finado: “Trata-se de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo”. Toda essa gente viajou: Xavier de Maistre à roda do quarto, Garrett na terra dele, Sterne na terra dos outros. De Brás Cubas se pode talvez dizer que viajou à roda da vida.

O que faz do meu Brás Cubas um autor particular é o que ele chama “rabugens de pessimismo”. Há na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero, que está longe de vir dos seus modelos. É taça que pode ter lavores de igual escola, mas leva outro vinho.

Machado de Assis

Considerando esse trecho no contexto da obra à qual se incorpora, atenda ao que se pede.

a) Identifique um aspecto das Memórias póstumas de Brás Cubas capaz de ter suscitado a dúvida expressa por Capistrano de Abreu. Explique resumidamente.

b) Em que consistem os “lavores de igual escola”, a que se refere o autor, no final do trecho? Explique sucinta-mente.

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FUVEST/2014 — 2a FASE 8 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

a) Publicada em 1881, a obra Memórias póstumas de Brás Cubas inovou a literatura brasileira por apresentar aspectos até então inusitados em nossas letras, provocando estranhamento em muitos leitores — inclusive no crítico Capistrano de Abreu. Entre esses aspectos, podem ser citados: o caráter fantástico do relato de Brás Cubas, que é um “defunto-autor”; a manipulação da linearidade cronológica do enredo; o caráter filosofante da obra; os capítulos de tamanhos irregulares; a exploração de recursos gráficos pouco comuns para a época (como o capítulo “O velho diálogo de Adão e Eva”).

b) Com a expressão “lavores de igual escola”, Machado de Assis remete as características comuns entre a sua obra e a dos modelos citados — Sterne, Xavier de Maistre e Garrett. Segundo o próprio Machado, todos eles criaram personagens que, de algum modo, viajaram. Além disso, todos esses autores exploraram o relato intensamente digressivo e a ironia.

▼ Questão 8

Considere o excerto abaixo, no qual o narrador de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, contempla a cidade de Paris.

(…) E por aquela doce tarde de maio eu saí para tomar no terraço um café cor de chapéu-coco, que sabia a fava.

Com o charuto aceso contemplei o Boulevard, àquela hora em toda a pressa e estridor da sua grossa socia-bilidade. A densa torrente dos ônibus, calhambeques, carroças, parelhas de luxo, rolava vivamente, com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas, numa pressa inquieta. Aquele movimento indescon-tinuado e rude depressa entonteceu este espírito, por cinco quietos anos afeito à quietação das serras imu-táveis. Tentava então, puerilmente, repousar nalguma forma imóvel, ônibus que parara, fiacre que estacara num brusco escorregar da pileca; mas logo algum dorso apressado se encafuava pela portinhola da tipoia, ou um cacho de figuras escuras trepava sofregamente para o ônibus — e, rápido, recomeçava o rolar retumbante.

a) No trecho “com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas”, pode-se reconhecer a marca de qual escola literária? Justifique sucintamente sua resposta.

b) Tendo em vista que contemplar significa “fixar o olhar em (alguém, algo ou si mesmo), com encantamento, com admiração” (Dicionário Houaiss) ou “olhar, observar, atenta ou embevecidamente” (Dicionário Aurélio), qual é a experiência vivida pelo narrador, no excerto, e que sentido ela tem no contexto da época em que se passa a história narrada no romance?

Resolução

a) No trecho “com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas”, observa-se que o autor imprimiu a marca da escola naturalista ao zoomorfizar a humanidade com a expressão “formigando”. A palavra “escura” pode trazer ainda o tom pessimista, característico dessa mesma escola.

b) O contemplar de Zé Fernandes, narrador do romance, não se coaduna com a definição dicionarizada, já que revela mais uma reação de estupefação, de assombro, do que um estado enlevado do indivíduo quando se depara com a modernidade. O fato de ele estar habituado à tranquilidade do ambiente campesino e na-quele momento se deparar com o movimento vertiginoso de uma cidade em pleno desenvolvimento, como Paris, mostra o aspecto contrastante entre as serras portuguesas e o cosmopolitismo parisiense na segunda metade do século XIX. No contexto da época, esse contraste possui um teor crítico, de condenação do luxo excessivo das sociedades mais desenvolvidas da Europa.

▼ Questão 9

Observe o seguinte trecho de Til, de José de Alencar, no qual o narrador caracteriza a personagem Berta:

Contradição viva, seu gênio é o ser e o não ser. Busquem nela a graça da moça e encontrarão o estouva-mento do menino; porém mal se apercebam da ilusão, que já a imagem da mulher despontará em toda sua esplêndida fascinação. A antítese banal do anjo-demônio torna-se realidade nela, em quem se cambiam no sorriso ou no olhar a serenidade celeste com os fulvos lampejos da paixão, à semelhança do firmamento onde ao radiante matiz da aurora sucedem os fulgores sinistros da procela.

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FUVEST/2014 — 2a FASE 9 ANGLO VESTIBULARES

a) Segundo o narrador, Berta é uma “contradição viva”, cujo “gênio é o ser e o não ser”. Como essa caracte-rística da personagem se relaciona à principal função que ela desempenha na trama do romance?

b) Considerando a expressão “anjo-demônio” no contexto cultural da época em que foi escrito o romance, justifica-se o fato de o narrador classificá-la como “antítese banal”? Explique resumidamente.

Resolução

a) No romance Til, as ações da protagonista Berta são pautadas pelo esforço de correção moral do mundo — o que se verifica, por exemplo, na tentativa de recuperação de Jão Fera e no afeto dedicado a Brás, que com-pensa a rejeição sofrida por este. Para ter sucesso em suas ações, Berta assume comportamentos contraditó-rios: de um lado, traços masculinos, nas posturas de comando e nas seguidas demonstrações de coragem e valentia; de outro lado, mantém sua feminilidade, explorando seu poder de sedução para conduzir a trama até seu desenlace feliz.

b) A expressão “anjo-demônio” era utilizada para caracterizar as contradições que a imagem feminina po-deria assumir no contexto da estética romântica: na mulher, a pureza angelical convivia com a sedução demoníaca. Alencar qualifica essa antítese como “banal” para, de um lado, apontar tal filiação com o Ro-mantismo, e, de outro, para sugerir certo desgaste na utilização do conceito de “anjo-demônio”.

▼ Questão 10

No poema “Sentimento do mundo”, que abre o livro homônimo de Carlos Drummond de Andrade, dizem os versos iniciais:

Tenho apenas duas mãose o sentimento do mundo,

Considerando esses versos no contexto da obra a que pertencem, responda ao que se pede.

a) Que desejo do poeta fica pressuposto no verso “Tenho apenas duas mãos”?b) No poema de abertura do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade — Alguma poesia (1930) — apa-

reciam os conhecidos versos

Mundo mundo vasto mundomais vasto é meu coração.

Quando, anos depois, o poeta afirma ter “o sentimento do mundo”, ele ratifica ou altera o ponto de vista que expressara nos citados versos de seu livro de estreia? Explique sucintamente.

Resolução

a) Nos primeiros versos do poema “Sentimento do Mundo”, que abre o livro homônimo, o eu poemático expressa o desejo de transformação da realidade, a partir do reconhecimento de sua incapacidade de ação frente à situação social do Brasil e do mundo (ditadura Vargas e Segunda Guerra Mundial). Caracterizar--se com “apenas duas mãos” revela a sensação de impotência que o impede de concretizar tal desejo de atuação transformadora na sociedade em que vive.

b) “Poema de sete faces” é o texto de abertura de Alguma Poesia, primeiro livro de poemas do autor. No trecho do poema mencionado, a postura é mais marcadamente egocêntrica, que se evidencia na afirmação de que seu coração é mais vasto que o mundo. Dez anos depois, na obra Sentimento do Mundo, a postura é modificada. No poema “Mundo Grande”, o eu poemático dialoga explicitamente com sua própria postura inicial: “Não, meu coração não é maior que o mundo. / É muito menor.”, o que revela a percepção de sua insignificância frente aos desafios do mundo em que está inserido, alterando, portanto, a posição assumida no início de sua carreira literária.

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FUVEST/2014 — 2a FASE 10 ANGLO VESTIBULARES

Leia o seguinte extrato de uma reportagem do jornal inglês The Guardian, de 22 de janeiro de 2013, para em seguida atender ao que se pede:

O ministro de finanças do Japão, Taro Aso, disse na segunda-feira (dia 21) que os velhos deveriam ”apres-sar-se a morrer“, para aliviar a pressão que suas despesas médicas exercem sobre o Estado.

”Deus nos livre de uma situação em que você é forçado a viver quando você quer morrer. Eu acordaria me sentindo cada vez pior se soubesse que o tratamento é todo pago pelo governo“, disse ele durante uma reunião do conselho nacional a respeito das reformas na seguridade social. ”O problema não será resolvido, a menos que você permita que eles se apressem a morrer“.

Os comentários de Aso são suscetíveis de causar ofensa no Japão, onde quase um quarto da população de 128 milhões tem mais de 60 anos. A proporção deve atingir 40% nos próximos 50 anos.

Aso, de 72 anos de idade, que tem funções de vice-primeiro-ministro, disse que iria recusar os cuidados de fim de vida. ”Eu não preciso desse tipo de atendimento“, declarou ele em comentários citados pela imprensa local, acrescentando que havia redigido uma nota instruindo sua família a negar-lhe tratamento médico para prolongar a vida.

Para maior agravo, ele chamou de ”pessoas-tubo“ os pacientes idosos que já não conseguem se alimentar sozinhos. O ministério da saúde e do bem-estar, acrescentou, está ”bem consciente de que custa várias deze-nas de milhões de ienes“ por mês o tratamento de um único doente em fase final de vida.

Mais tarde, Aso tentou explicar seus comentários. Ele reconheceu que sua linguagem fora ”inapropriada“ em um fórum público e insistiu que expressara apenas sua preferência pessoal. ”Eu disse o que eu, pessoal-mente, penso, não o que o sistema de assistência médica a idosos deve ser“, declarou ele a jornalistas.

Não foi a primeira vez que Aso, um dois mais ricos políticos do Japão, questionou o dever do Estado para com sua grande população idosa. Anteriormente, em um encontro de economistas, ele já dissera: ”Por que eu deveria pagar por pessoas que apenas comem e bebem e não fazem nenhum esforço? Eu faço caminhadas todos os dias, além de muitas outras coisas, e estou pagando mais impostos“.

theguardian.com, Tuesday, 22 January 2013. Traduzido e adaptado.

Considere as opiniões atribuídas ao referido políticos japonês, tendo em sua conta que elas possuem implica-ções éticas, culturais, sociais e econômicas capazes de suscitar questões de várias ordens: essas opiniões são tão raras ou isoladas quanto podem parecer? O que as motiva? O que elas dizem sobre as sociedades contemporâ-neas? Opiniões desse teor seriam possíveis no contexto brasileiro? Como as jovens gerações encaram os idosos?

Escolhendo, entre os diversos aspectos do tema, os que você considerar mais relevantes, redija um texto em prosa, no qual você avalie as posições do citado ministro, supondo que esse texto se destine à publicação — seja em um jornal, uma revista ou em um site da internet.

Instruções:• Aredaçãodeveserumadissertação,escritadeacordocomanorma-padrãodalínguaportuguesa.• Escreva,nomínimo,20linhas,comletralegível.Nãoultrapasseoespaçode34linhasdafolhaderedação.• Dêumtítuloasuaredação.

Análise da PropostaA Banca da Fuvest seguiu o modelo de exames anteriores ao solicitar uma dissertação, de até 34 linhas, com

base em um texto subsidiário e em instruções que direcionavam o recorte do tema. O candidato deveria consi-derar as opiniões de um político japonês, apresentadas em uma reportagem do jornal inglês The Guardian, e escolher alguns dentre os aspectos apontados nas instruções sobre a questão posta em debate.

Segundo Taro Aso, idosos sob tratamentos médicos representariam custo excessivo para o Estado, e esse pro-blema de seguridade social só seria resolvido se não houvesse a extensão artificial e onerosa da vida do que ele chama de “pessoas-tubo”. Ele considera vergonhoso que o Estado custeie o tratamento de pessoas que “apenas comem e bebem”, e que, portanto, deveriam se responsabilizar pelo seu estado de saúde, não a sociedade.

Uma particularidade deste ano foi instruir o candidato a supor que o texto seria publicado em jornal, re-vista ou site de internet — o que, contudo, não traria modificações quanto ao tipo de texto: “uma dissertação, escrita de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa”.

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FUVEST/2014 — 2a FASE 11 ANGLO VESTIBULARES

Encaminhamentos PossíveisPara sustentar a argumentação, a Banca delimitou, nas instruções, algumas possibilidades de encaminha-

mento, esclarecendo que o candidato deveria escolher as que considerasse mais relevantes à sua análise. A partir das questões formuladas, poderiam ser feitos comentários como os que seguem:

•Aopiniãocontráriaaocusteiopúblicodasaúdedeidosospodenãosertãorara,noentantoespantaafriezacom que Taro Aso a expressou, ainda mais na sua condição de ministro de uma nação em que quase um quarto da população de 128 milhões tem mais de 60 anos.

•AideiadequeoEstadocomprometeexcessivamentesuasfinanças,aoproveressetipodeassistência,ganhouforça a partir do final do século passado, com o aumento da influência do ideário neoliberal.

•Oenvelhecimentodapopulação,característicaprincipalmentedepaísesdesenvolvidos,éumarealidadequepressiona os sistemas de previdência social, característicos do Estado de bem-estar social.

•Vários aspectos das sociedades contemporâneas contribuem para opiniões como a do ministro japonês,comoaassociaçãoentrevelhiceedecadência (sejambensdeconsumo,sejampessoas)oua importânciacentral das finanças nas políticas de Estado, sobretudo tratando-se de Previdência Social.

•Avalorizaçãodabelezaedajuventudepelasjovensgerações,impulsionadapelosmeiosdecomunicaçãoepelo consumo, tende a relacionar os idosos ao que é obsoleto e que, portanto, podem ser descartados, como um produto já superado.

•Écabíveloteordaopiniãodoministrojaponêsnocontextobrasileiro,levando-seemconsideraçãooen-velhecimento da população nas últimas décadas e a força do liberalismo, tanto no debate público sobre a Previdência Social, quanto nas práticas políticas dos mais variados partidos políticos.

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FUVEST/2014 — 2a FASE 12 ANGLO VESTIBULARES

Português

Literatura

Nas questões que abordam a lista de livros, a Fuvest conseguiu mais uma vez mostrar excelência e efi ciên-cia, exigindo do candidato um considerável grau de sutileza interpretativa. Para além da leitura, o estudante é estimulado a subir um degrau e desenvolver refl exões a partir do que foi lido. Exemplos dessa estratégia são as questões 7 e 9. Se, de um lado, questões como essas representam uma difi culdade talvez incomum para o candidato médio, o fato é que podem, igualmente, identifi car o estudante mais preparado para os desafi os de conhecimento inerentes à vida universitária.

Chama a atenção a ausência de quaisquer esclarecimentos a respeito do signifi cado de expressões menos usuais que aparecem nos textos literários dos enunciados. Mais ainda: na questão 8, o sentido dicionarizado de uma palavra (“contemplar”) é explorado não como instrumento esclarecedor, mas como veículo de refl e-xão em torno do uso efetivo da expressão no contexto em que ela é apresentada.

Gramática e Texto

Entra ano e sai ano e a Fuvest continua mantendo o seu — já tradicional — padrão de qualidade nas provas de Português. A deste ano foi exemplar, elogiável por vários méritos. Com seis questões divididas em itens a e b, a prova colocou sob avaliação conhecimentos e habilidades realmente importantes para revelar bom desempenho em Língua.

O traço mais marcante das seis questões de Gramática e Texto foi a preocupação em avaliar a versatili-dade dos candidatos no uso da língua em situações concretas de interlocução. Estava pressuposta em todas as questões a concepção de que a língua oferece múltiplas possibilidades de expressão e o bom desempenho do usuário consiste em saber escolher entre elas a mais apropriada às condições concretas de comunicação.

TNEM Á OOC IR