NRSNG284

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REVISTA DE FORMAÇÃO CONTÍNUA EM ENFERMAGEM www.nursingportuguesa.com Nº284/285 • outubro/novembro 2012 • Ano 24 • 6,00 PROMOÇÃO DE SAÚDE NUM SERVIÇO DE INTERNAMENTO DE PEDIATRIA Revista indexada à base de dados HIPOTERMIA INDUZIDA NO ADULTO NEUROCRÍTICO QUEDAS EM GERIATRIA: DOENÇA DE ALZHEIMER CANETAS DE INSULINA – UMA ESCOLHA REFLETIDA SUPLEMENTO

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NRSNG284

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  • REVISTA DE FORMAO CONTNUA EM ENFERMAGEM www.nursingportuguesa.com N284/285 outubro/novembro 2012 Ano 24 6,00

    PROMOO DE SADE NUM

    SERVIO DE INTERNAMENTO DE PEDIATRIA

    Revista indexada base de dados

    HIPOTERMIA INDUZIDA NO ADULTO NEUROCRTICO

    QUEDAS EM GERIATRIA:DOENA DE ALZHEIMER

    CANETAS DE INSULINA UMA ESCOLHA REFLETIDA

    SUPLEMENTO

  • I NORMAS DE PUBLICAO2

    INSTRUES AOS AUTORES

    A Revista Nursing Portuguesa recebe submisses de

    artigos, de acordo com as seguintes seces:

    - Investigao/Revises Sistemticas da Literatura

    - Reviso,

    - Reflexo/ Relato de Experincia,

    - Espao do leitor.

    A Revista Nursing adopta as orientaes das Normas de

    Vancouver. Estas normas esto disponveis na URL:

    http://www.icmje.org/index.html.

    O artigo deve ser elaborado no Editor de Texto MS Word

    com a seguinte formatao: todas as margens de 2 cm;

    fonte Arial ou Times, tamanho 11, com espaamento en-

    trelinhas de 1,5 pt.

    a) Pgina Inicial:Dever conter os seguintes dados e na

    seguinte ordem: 1) ttulo do artigo (conciso mas informa-

    tivo e em portugus e ingls); 2) nome do(s) autor(es), in-

    dicando para cada um deles o(s) ttulo(s) universitrio(s),

    ou cargo(s) ocupado(s), nome do Departamento e Insti-

    tuio aos quais o trabalho deve ser atribudo, Cidade, Dis-

    trito e endereo electrnico; 3) resumo, abstract (portugus

    e ingls); 4) descritores nestes dois idiomas.

    Resumos e Descritores: o resumo ter que ter, no m-

    ximo, 120 palavras e quando de investigao deve con-

    ter: objectivo da investigao, metodologia, procedimen-

    tos de seleco dos participantes do estudo, principais

    resultados e concluses. Devero ser destacados os

    novos e mais relevantes aspectos do estudo. Seguida-

    mente ao resumo incluir 3 a 5 descritores. De acordo

    com a Associao Portuguesa de Documentao e In-

    formao em Sade os artigos publicados na rea da

    sade, devero adoptar como base de indexao, a lis-

    ta de Descritores em Cincias da Sade - DeCS

    (http://decs.bvs.br), a qual corresponde traduo bra-

    sileira do Medical Subject Headings (MeSH) dispon-

    vel em http://www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html e

    elaborado pela NLM (National Library of Medicine). De-

    vero, no entanto, salvaguardar as diferenas de termi-

    nologia usada em Portugal e no Brasil.

    b) Ilustraes, abreviaturas, smbolos e notas de

    rodap: as tabelas, quadros e figuras (fotografias, de-

    senhos, grficos, etc) devem ser numeradas consecu-

    tivamente, com algarismos rabes, na ordem em que

    foram citadas no texto. Para ilustraes extradas de

    outros trabalhos, previamente publicados, os autores

    devem enviar a respectiva autorizao. O ttulo e resu-

    mo no devem conter abreviaturas. Devem evitar-se no-

    tas de rodap.

    c) Citao de Referncias Bibliogrficas:As referncias

    devem ser numeradas forma consecutiva de acordo com

    a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no

    corpo de texto. Identificar as referncias no texto por n-

    meros rabes, entre parntesis e superiores linha.

    Quando se trate de citao sequencial os nmeros devem

    separar-se por trao (ex: 1-3) e quando intercalados, por

    vrgula (ex: 1,3,9).

    Exemplos de Listagem das Referncias

    Livros

    Martin R. La psicologa de humor: un enfoque integrador.

    Madrid: Orin Ediciones, S. L.; 2008.

    Captulo de livro

    Simons C, McCluskey-Fawcett K, Papini D. Theoretical and

    functional perspectives on the development of humor du-

    ring infancy childhood, and adolescence In: Mahemow K,

    McCluskey-Fawcett K, McGhee P. (Eds). Humor and aging.

    Orlando: Academic Press; 1986. p. 53-80.

    Artigos de peridicos

    Sudres J. La crativit des adolescents: de banalits en

    amnagements. Neuropsychiatr Enfance Adolesc. 2003;

    51, 4961.

    A exactido das referncias de responsabilidade dos

    autores.

    Solicita-se que estes consultem as normas de Vancouver

    para a correcta referenciao de todos os tipos de docu-

    mentos utilizados. Sempre que possvel e adequado, o au-

    tor deve incluir duas ou mais referncias, de publicaes

    da Nursing Portuguesa, no artigo.

    d) Aspectos ticos

    Nas pesquisas que envolvem seres humanos os autores

    devero deixar claro a aprovao da Comisso de tica

    bem como o processo de obteno do Termo de Consen-

    timento Informado, dos participantes.

    e)Tipos de Artigos aceites pela Revista

    - Investigao/Revises Sistemticas da Literatura: tra-

    balho de investigao, indito, e que contribua para o de-

    senvolvimento da disciplina Enfermagem, com um limite

    de 15 pginas. Este tipo de artigos deve conter, pelo me-

    nos, Introduo; Objectivos; Reviso da Literatura; Mto-

    do; Resultados; Discusso e Concluses.

    - Artigo de Reviso: Reviso terica de literatura

    actual e relevante para o conhecimento em Enferma-

    gem. Limite de 10 pginas.

    - Reflexo/Relato de experincia: aceitam-se estudos

    de caso e experincias de estratgias de cuidado inova-

    doras, ou eticamente dilemticas, que possam conduzir

    reflexo sobre a profisso. Limite de 8 pginas.

    - Espao do leitor: este possibilita comentrios de

    leitores/recenso crtica, sucinta, sobre os artigos publica-

    dos na revista, bem como outro tipo de notas que o leitor

    deseje fazer chegar ao Editor ou Conselho Cientfico.

    f) Descrio dos procedimentos

    Recebido o artigo este analisado face ao cumpri-

    mento das normas estabelecidas nas Instrues aos

    Autores, sendo liminarmente rejeitado se estas no

    forem cumpridas. Quando aceite, o artigo passa por

    um processo de avaliao de dois revisores, que emi-

    tem pareceres independentes. Quando existir dis-

    cordncia dos pareceres, um Membro do Conselho

    Cientfico, que no esteja envolvido em conflito de

    interesses, emitir o parecer definitivo. Se existirem

    alteraes a efectuar, ao artigo, estas sero envia-

    das, como sugesto, para os autores. Em caso de

    co-autoria deve ser bem explcita a contribuio de

    cada autor.

    g) Agradecimentos Podem surgir de acordo com

    o desejo dos autores e centram-se no agradecimento

    a pessoas/entidades que contriburam, efectivamente,

    para o trabalho em causa, desde que estas tenham

    dado autorizao expressa.

    Nenhuma das partes desta revista pode ser

    utilizada ou reproduzida, no todo ou em parte,

    por qualquer processo mecnico, fotogrfico,

    electrnico ou de gravao, ou qualquer outra

    forma copiada, para uso pblico ou privado,

    alm do uso legal como breve citao em arti-

    gos e crticas) sem autorizao prvia por escri-

    to da Informao em Sade.

    Se desejar reproduzir qualquer dos artigos desta

    revista, dever contactar os nossos gestores de

    conta atravs do tel. 213 584 300 ou do e-mail

    [email protected]

    Edies especiais, incluindo capa personalizada

    esto disponveis.

    AVISO

    REVISTA DE FORMAO CONTNUA EM ENFERMAGEM

    OUTUBRO/NOVEMBRO.12

  • OUTUBRO/NOVEMBRO 2012EDIO N284/285

    04 Editorial

    05 Tema de CapaPromoo de Sade num servio de internamento de Pediatria

    17

    05

    NDICE I 3

    PARCERIAS

    OUTUBRO .12

    10 EmergnciaHipotermia induzida no adulto neurocrtico:

    Onde estamos? Para onde vamos?

    17 GeriatriaQuedas em Geriatria: Doena de Alzheimer

    22 Agenda

    23 SuplementoDiabetes

    FUNDADA EM 1988 - Periodicidade: Mensal

    DIREO CIENTFICAFrancisco [email protected]

    DIREO EDITORIALAida BorgesCORPO DE REVISOAndreia Silva, Escola Superior de Sade de PortalegreAmlia Matos, Hospital de Santa MariaArtur Batuca, INEMCarlos Melo-Dias, Escola Superior de Enfermagem de CoimbraCristina Miguns, Centro de Sade da Figueira da FozElaine Pina, Coordenadora da Comisso Nacional de Controlo de InfeoEmlia Costa, Escola Superior de Sade da Universidade do AlgarveFilipa Veludo, ICS Universidade Catlica PortuguesaFilomena Matos, Escola Superior de Sade da Universidade do AlgarveHelena Arco, Escola Superior de Sade de PortalegreIlda Loureno, CHCL Hospital de So JosJos Vilelas, Escola Superior de Sade da CruzVermelha Portuguesa

    Lusa Brito, Escola Superior de Enfermagem de CoimbraManuela Nn, Escola Superior de Sade da Cruz Vermelha PortuguesaMaria Adelaide Soares Paiva, Escola Superior de Sade da Universidade do AlgarveMaria da Conceio Silva Farinha, Escola Superior de Sade da Universidade do AlgarveMaria Filomena de Oliveira Martins, Escola Superior de Sade de PortalegreMrio de Oliveira Martins, Escola Superior de Sade de PortalegreNuno Salgado, IPO de CoimbraPaula Sapela, Escola Superior de Sade Lopes DiasPaulo Alves, UCP PortoPedro Lopes Ferreira, Faculdade de Economia da Universidade de CoimbraPedro Parreira, Escola Superior de Enfermagem de CoimbraRaul Cordeiro, Escola Superior de Sade de PortalegreDEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE DIRETORA COMERCIALAndrea LimaDIRETORA DE PUBLICIDADEFtima Lima - [email protected]. 919 673 470

    DEPARTAMENTO DE ASSINATURASPriscilla LimaTel. 919 892 [email protected]

    PROJETO GRFICO E PR-IMPRESSOTED-Tempora Design

    EDITORA

    ENDEREORua Padre Lus Aparcio n11 - 3A1150-248 LISBOA

    CONTACTOSTelef.: 21 358 43 00 Fax: 21 358 43 09

    Registo ICS n. 112 746 Di rei tos de autor: To dos os artigos

    desenhos e fotografias esto sob a proteco do Cdigo de

    Direitos de Autor e no podem ser total ou parcialmente repro-

    duzidos sem a permisso prvia por escrito da em presa editora

    da revista. A NURSING envidar todos os esforos para que o

    material mantenha total fidelidade ao original, pelo que no pode

    ser responsabilizada por gralhas ou outros erros gr ficos entre-

    tanto surgidos. As opinies expressas em artigos assinados no

    correspondem necessariamente s opinies dos editores.

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    INDEXAO BASE DE DADOS DA CINAHL

    PREOS DE ASSINATURAS ANUAIS

    PORTUGALEnfermeiros e estudantes 40,00Institucional*130,00Assinatura Digital 25,00Combi (Revista + Digital) 50,00ESTRANGEIROEnfermeiros e estudantes 94,00Institucional* 180,00

    *Escolas, hospitais, centros de sade, bibliotecasEstes preos incluem IVA taxa de 6%. O nmero no qual seinicia a assinatura corresponde ao ms seguinte ao da recep-o do pedido de assinatura nos nos-sos servios.

    REVISTA DE FORMAO CONTNUA EM ENFERMAGEM

    23

  • I EDITORIAL4

    PROMOO DA SADE MUDANA DE PARADIGMA!

    FRANCISCO VIDINHA

    A Promoo da sade tem sido uma das

    reas de interveno com maior evoluo

    e desenvolvimento nas ltimas dcadas.

    A sua filosofia, assente no Diagnstico-

    Interveno-Avaliao, mais no faz do

    que sistematizar em conhecimento cient-

    fico a prtica milenar dos enfermeiros:

    observar o utente, executar os cuidados,

    avaliar os resultados.

    Mesmo nos tempos idos, em que a meto-

    dologia de distribuio de trabalho

    assentava na tarefa, muito por influn-

    cia do paradigma industrial dominante,

    os enfermeiros tinham sempre um

    momento para escutar, perceber o

    sofrimento e as angstias dos doentes

    de forma a executar a tarefa centrando-a

    na individualidade dos doentes.

    Penso ser bvio que as mudanas de

    paradigma no surgem por magia mas

    antes como consequncia de novas

    necessidades sentidas pelos utentes dos

    servios necessidades essas, frequen-

    temente originadas, incentivadas, promo-

    vidas por todos aqueles que considera-

    vam que as organizaes de sade no

    eram fbricas, nem os seus utentes

    peas de uma qualquer engrenagem.

    A Enfermagem, os enfermeiros, ao longo

    dos tempos, pela sua capacidade de an-

    lise, perseverana em conseguir o

    melhor para os seus doentes, mantive-

    ram uma mente aberta ao conhecimento

    que se produzia, independentemente da

    rea, e integravam-no nas suas prticas.

    Esta afirmao corroborada pelo contri-

    buto de Nightingale (introduo de con-

    ceitos de higiene, estatstica, gesto),

    Peplau (relaes interpessoais), Neuman

    (teoria dos sistemas), Watson (perceo

    de si e das suas experincias de sade-

    doena), para lembrar alguns dos muitos

    pensadores que tm contribudo para

    que a enfermagem de hoje seja o que !

    Nesta linha de pensamento, seja em ter-

    mos da integrao e interligao concei-

    tual, seja a evoluo dos mtodos e tc-

    nicas de distribuio do trabalho em

    enfermagem que tm promovido, mais

    que a mudana, mas sim a evoluo do

    paradigma sociocultural, que me sinto

    assolado por um sentimento angustiante

    de assistir partida de jovens enfermei-

    ros, com todo o seu potencial e idealiza-

    o da profisso, motivados para contri-

    buir para a energizao do sistema de

    prestao de cuidados Acho que

    NS, enfermeiros e utentes portugueses,

    no merecemos a entropia crescente do

    sistema.

    OUTUBRO/NOVEMBRO.12

    Errata Na edio n283 da revista NURSING (setembro 2012), na pgina 11, as imagens das figuras encontram-se trocadas.

    Pedimos desculpa aos autores do artigo e aos leitores pelo lapso sucedido e publicamos nesta edio as imagens com as res-

    petivas legendas de forma a reparar o erro sucedido.

    Figura 6 (Caso 3) RX Trax, dia 19/01/2011

    s 19:24h. Aps cinesiterapia respiratria

    Figura 7 (Caso 3) Rx Trax dia 21/01/2011

    s 00:09h. Aps cinesiterapia respiratria

  • TEMA DE CAPA I 5

    RESUMO

    Referenciada pela Organizao Mundial de Sade e Ordem dosEnfermeiros como rea prioritria de investimento, a promoo de sadetem particular relevo na sade infantil. Com o objetivo de identificar asestratgias usadas pelos enfermeiros no mbito da promoo de sade dacriana/famlia num servio de internamento de pediatria, efetuou-se estu-do de tipo exploratrio-descritivo com aplicao de questionrio e tratamen-to estatstico descritivo. Dos resultados destaca-se a importncia do tema,o momento de interveno e a pouca utilizao de suporte informacional. Aimplementao de estratgias face aos resultados centrou-se na melhoriada qualidade dos cuidados. Como principal concluso salientamos anecessidade de investigaes neste mbito para aprofundar conhecimen-tos e conhecer o impacto do trabalho desenvolvido pelos enfermeiros.

    Palavras-chave: Enfermagem peditrica; Promoo da sade.

    ABSTRACT

    Referenced by the World Health Organization and Ordem dos Enfermeirosas a priority area for investment, health promotion as particularly importan-ce in child` health. With the aim of identifying health promoting strategiesused by nurses to promote child/ family health promotion in a pediatric hos-pital unit, an exploratory-descriptive study was developed thru the applica-tion of questionnaires and descriptive statistical treatment. From the resultsit stands out, the importance of this issue, the time for implementation andthe low use of informational support. The implementation of interventionsaccording to the results focused on improving the quality of care. We emp-hasize, as main conclusion, the need for further research in this area to geta better understanding of the work done by nurses and consequent adap-tation of practices.

    Keywords: Pediatric nursing; Health promotion.

    INTRODUO

    A promoo de sade adquiriu gradualmente relevncia por parte dosprofissionais de sade. Resulta da sua identificao enquanto foco deateno dos profissionais de sade, destacada nas conferncias interna-cionais de Otawa (1986), Adelaide (1988), Sunsdalle (1991), Bogot(1992) e Jacarta (1997) mas tambm, no plano nacional, enquanto reaprioritria de investimento(1). Pretende-se a utilizao de recursos e conhecimentos dos indivduosno sentido da adoo de estilos de vida saudveis onde a vigilncia desade um aspeto bsico. No que concerne enfermagem peditrica,assume particular importncia pois trata-se de intervir de forma anteci-patria no crescimento e desenvolvimento da criana e jovem conformepreconizado no programa tipo de sade infantil e juvenil(2). Por outrolado, todas as oportunidades de contacto com a criana e famlia, ondeo espao hospitalar se inclui, devem ser maximizadas com vista pro-moo de sade(3).Os enfermeiros assumem, neste contexto, um papel essencial inerente aoseu exerccio profissional. A alnea b) do artigo 9 do Decreto-Lei n.247/09 de 22 de Setembro(4) , refere que funo do enfermeiro realizarintervenes de enfermagem requeridas pelo indivduo, famlia e comuni-dade, no mbito da promoo de sade, da preveno da doena, do tra-tamento, da reabilitao e da adaptao funcional. Em continuidade, aOrdem dos Enfermeiros(5) enfatiza que os cuidados de enfermagem tomampor foco de ateno a promoo dos projetos de sade que cada pessoavive e persegue. Importa ainda integrar a evidncia cientfica encontradanas cincias da educao e nas cincias da sade para adotar as melho-res estratgias promotoras de sade. De facto, a promoo de sade uma rea que implica uma interveno multidisciplinar com uma panpliade programas e iniciativas inerentes a cada rea disciplinar. Contudo,sabemos que os programas com maior probabilidade de sucesso so osque se baseiam numa clara compreenso dos comportamentos de sade

    PROMOO DE SADE NUM SERVIO DE INTERNAMENTO DE PEDIATRIAHealth Promotion in Pediatric Internment ServiceFERNANDA LOUREIRO

    Licenciada em Enfermagem, Mestre em Cincias da Educao na especialidade

    de Educao para a Sade, Mestre em Enfermagem na rea de Especialidade

    de Sade Infantil e Pediatria, Doutoranda em Enfermagem, Enfermeira no Servio

    de Urgncia Peditrica do Hospital de So Bernardo, Centro Hospitalar de Setbal,

    E.P.E. Setbal

    Recebido para publicao: julho de 2011

    Aprovado para publicao: setembro de 2011

    ANTNIA GUERREIRO

    Licenciada em Enfermagem, Ps Licenciatura de Especializao em

    Enfermagem de Sade Infantil e Pediatria, Enfermeira no Servio de Pediatria

    do Hospital de So Bernardo, Centro Hospitalar de Setbal, E.P.E., Setbal

    FILIPA ANDRADE

    Curso de Enfermagem Geral, Curso de Especializao em Enfermagem de

    Sade Infantil e Peditrica, Mestrado em Sade Comunitria, Doutoranda em

    Cincias de Enfermagem, Assistente do 2 Trinio no Instituto de Cincias da

    Sade, Universidade Catlica Portuguesa, Lisboa

    OUTUBRO/NOVEMBRO.12

    Revista Nursing; Edio outubro/novembro 2012; pg.5

  • I TEMA DE CAPA6 OUTUBRO/NOVEMBRO.12

    alvo e contexto ambiental. Neste sentido, a teoria ajuda a compreendera natureza dos comportamentos, explica a sua dinmica, os procedimen-tos para modificar e efeitos das influncias externas a que esto sujeitos(6). Os profissionais de sade no contexto hospitalar tm um papel importan-te, pois podem influenciar o comportamento de utentes e familiares querespondem melhor s intervenes na rea da sade em situaes dedoena aguda(7). No entanto, a caracterizao das prticas de promoode sade junto da equipa de enfermagem ao nvel hospitalar, encontra-sepouco estudada(8-11). A identificao objetiva do trabalho desenvolvidoneste mbito permite um maior conhecimento da realidade e consequenteadequao das prticas.

    QUADRO TERICO

    Definida de uma forma ampla como process of enabling people to increa-se control over, and to improve their health(12, p.1) a promoo de sade muitas vezes associada a educao para a sade. Esta, segundo Tones eTilford(13, p.11) trata-se de toda a atividade intencional conducente a aprendi-zagens relacionadas com sade e doena. Queiroz e Barroso(3), referemque a hospitalizao de uma criana oferece oportunidade para desenvol-ver medidas de promoo da sade, ao indispensvel em todas as fasesde crescimento e desenvolvimento infantil. Neste sentido, o conceito depromoo de sade mais amplo pelo que, no mbito deste percurso, con-

    sideramos a educao para a sade como um recurso interveno.No mbito da enfermagem, o Modelo de Promoo de Sade proposto porNola Pender em 1982 define um modelo de atuao baseado em trs com-ponentes principais que se subdividem em variveis passveis de serem tra-balhadas pelos enfermeiros com vista a uma prtica fundamentada quefomente a adoo de comportamentos promotores de sade(14). A primeira componente diz respeito s caractersticas e experincias indivi-duais. Estas so nicas para cada pessoa e afetam de forma particular asaes subsequentes(14). A segunda componente do modelo considerada a que apresenta maiorsignificncia motivacional. Contempla seis variveis (percebe benefciospara a ao, percebe barreiras para a ao, percebe auto eficcia, senti-mentos em relao ao comportamento, influncias interpessoais e senti-mentos que influenciam) que constituem o core da interveno dadoque so modificveis atravs de intervenes de enfermagem(14-15).Destacamos a varivel influncias interpessoais que se refere ao com-portamento que pode ou no ser influenciado por outras pessoas, famlia,cnjuge, profissionais de sade, ou por normas e modelos sociais(16). Asfontes primrias de influncias so as famlias, os pares e os prestadoresde cuidados de sade sendo ainda reconhecida a importncia da culturaa este nvel(14-15). O modelo de promoo da sade prope que as influn-cias interpessoais afetam a adoo de comportamentos promotores desade, de uma forma direta mas tambm indireta, pela presso social edo compromisso para um plano de ao(14).A terceira componente compreende trs variveis: exigncias imediatas(que inclui foras impositivas e foras potencializadoras), comportamentode promoo de sade e compromisso com um plano de ao(15).O modelo sumariamente apresentado serviu de referncia ao trabalhodesenvolvido e norteou as opes tomadas com vista promoo desade da criana/famlia.

    MATERIAL E MTODOS

    O estudo realizado teve como pergunta de partida: Quais so as estrat-gias utilizadas pelos enfermeiros num servio de internamento de pediatriano mbito da promoo de sade da criana/famlia? Estratgia define-se como uma combinao complexa para conseguir um fim(17).Neste sentido, o estudo teve como finalidade identificar as combinaes (porexemplo mtodos pedaggicos e recursos materiais) usadas pelos enfermeirospara conseguir um fim (neste caso a promoo da sade da criana/famlia).Assim, definiu-se como objetivo: identificar as estratgias utilizadas pelos enfer-meiros no mbito da promoo de sade da criana/famlia no servio de inter-namento de pediatria. O nvel de conhecimento determina a seleo do tipo deinvestigao sendo que quando existem poucos conhecimentos acerca de umadeterminada temtica o investigador deve orientar o seu estudo mais para adescrio do que para a relao entre fatores(18). Neste sentido, o tipo de estu-do que se apresenta exploratrio-descritivo pois pretende-se conhecer umtema pouco encontrado na literatura(11,19). Enquanto instrumento de colheita dedados foi utilizado o questionrio que, segundo Fortin(18, p.249) um mtodode colheita que necessita das repostas escritas por parte dos sujeitos. Amesma autora refere ainda que antes de iniciar a construo deste instrumentose deve consultar na literatura a existncia de questionrios semelhantes. Nestecaso foram adaptadas questes de instrumentos j aplicados anteriormente ecom objetivos semelhantes devidamente autorizados pelos respetivos autores(11,19).

    A promoo de sade adquiriu gradualmente relevncia por parte dos profissionais

    de sade. Resulta da sua identificao enquanto foco de ateno dos profissionais

    de sade, destacada nas conferncias internacionais de Otawa (1986), Adelaide

    (1988), Sunsdalle (1991), Bogot (1992) e Jacarta (1997) mas tambm, no plano

    nacional, enquanto rea prioritria de investimento.

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    ime

    Revista Nursing; Edio outubro/novembro 2012; pg.6

  • A populao constituda pelos 17 elementos que integram a equipa de enfer-magem do servio de internamento de pediatria onde o estudo decorreu.Inicialmente a amostra coincidia com a populao (n = N) uma vez que todosos enfermeiros tinham probabilidade de entrar no estudo. Contudo depois daaplicao do questionrio, durante o ms de Outubro de 2010, verificou-se quehouve retorno de um nmero menor de questionrios. Assim, a amostra de tipoprobabilstico ficou com uma dimenso de 13 indivduos (n=13 a que corres-ponde uma taxa de retorno de 76,5%). Os dados foram sujeitos a tratamentoestatstico descritivo com recurso ao programa Microsoft Office Excel e, naquesto aberta, a anlise de contedo. Segundo Bardin(20, p.42) trata-se de umconjunto de tcnicas de anlise das comunicaes. O mesmo autor refereainda que ainda que a anlise de contedo se processa em torno de trs eta-pas: a pr-anlise, a explorao do material e o tratamento dos resultados, ainferncia e a interpretao. Foi solicitada autorizao chefia do servio paraaplicao dos questionrios e foi garantida a confidencialidade dos dados obti-dos clarificando o objetivo e enquadramento do estudo.O questionrio supramencionado foi composto por trs grupos distintos. O pri-meiro grupo de questes reporta-se caracterizao scio-demogrfica e,neste conjunto, consideraram-se dados de caracterizao geral: idade, gne-ro, habilitaes acadmicas e tempo de experincia profissional e especifica-mente na rea de pediatria. O segundo grupo refere-se ao conceito de pro-moo de sade pois este vai influenciar as prticas na rea(19) pelo que seconsiderou pertinente questionar os enfermeiros acerca da sua definionuma questo aberta. Por fim, o terceiro grupo refere-se s estratgias de promoo de sadeonde se consideraram vrios itens. O primeiro reporta-se importncia atribu-da promoo de sade atravs de uma questo fechada dicotmica. Em rela-o a este item a pesquisa demonstra que apesar de os enfermeiros atribu-rem muita importncia a esta rea, na prtica quotidiana, a primeira prioridade sempre dada a atividades do foro curativo(19,21) s efetuando atividades de pro-moo de sade quando no h mais nada para fazer(19). A questo seguinteversa o fornecimento de suporte informacional que referenciado na literaturacomo importante e til(22). Neste sentido questionou-se os enfermeiros, em per-gunta semi-fechada de resposta dicotmica: tem por hbito fornecer suporteinformacional (panfletos) s crianas e pais? Sim (nestes casos solicita-seque identifiquem quais os suportes)/ No (questiona-se porqu?). A perguntaseguinte refere-se ao mtodo pedaggico empregue e utilizou-se a nomencla-tura proposta por Ferro e Rodrigues(23). Estes usam a seguinte classificao:mtodo expositivo (processo pedaggico no participativo utilizado na trans-misso de informao de natureza terica), mtodo demonstrativo (privilegia aaprendizagem prtica e permite dotar rapidamente os formandos de um saber fazer com grande eficcia que se traduz numa automatizao posterior deprocedimentos), mtodo interrogativo (caracteriza-se por conduzir os forman-dos a descobrir progressivamente os diversos elementos de um assunto recor-rendo a perguntas, o que implica a garantia prvia de que os formandos pos-suem algum conhecimento acerca do assunto a abordar) e mtodo ativo (inte-gra os trs nveis do saber: saber-saber, saber-fazer e saber-ser/estar e com-preende em si todos os mtodos anteriores). Consideraram-se, ainda, ostemas abordados utilizando para tal o estudo de Coffman(24) sobre necessida-des de formao dos pais que recorrem a servios de emergncias peditri-cas numa questo de escolha mltipla. Apesar de ser num contexto diferente,as temticas so amplas e adaptadas ao local onde o instrumento foi aplicado.Questionou-se ainda em relao ao momento mais propcio de desenvolvimen-

    to de intervenes na rea da promoo de sade usando para tal os momen-tos chave da estadia de uma criana/jovem ao longo do internamento. Por fim, colocada uma questo de resposta dicotmica relativamente ao conheci-mento de um modelo de enfermagem na rea da promoo de sade, uma vezque, como j foi referido, a teoria suporta a prtica.

    RESULTADOS

    No que diz respeito aos dados relativos caracterizao scio-demogrfica,verificou-se uma mdia de idade de 34 anos com valor mnimo de 24 e mximode 45 anos com predomnio do gnero feminino. Dos 13 questionrios verificou-se que 15,4% so do gnero masculino (n=2) sendo os restantes do gnerofeminino (84,6%; n=11). No que diz respeito s habilitaes literrias verifica-seque 93,2% (n=12) dos inquiridos tem licenciatura em enfermagem. Em relao experincia profissional verifica-se uma mdia de 10,5 anos com valor mximoe mnimo de 20 e 1,4 anos, respetivamente. No que concerne experincia pro-fissional em pediatria pode-se verificar resultados semelhantes com mdia de9,2 anos e valor mximo e mnimo de 20 anos e 4 meses, respetivamente. No que se refere ao conceito de promoo de sade verificou-se que a defini-o de promoo de sade continha em si duas categorias distintas. Por umlado, os enfermeiros referiram como se operacionaliza com 14 unidades de enu-merao (U.E.) no total e, por outro lado, o objetivo da mesma com 15 U.E. con-forme se pode verificar no quadro 1. (em baixo)Denotmos que a subcategoria mais significativa com 5 U.E. o ensino. Pode-se ento referir que para o grupo de enfermeiros em anlise, a promoo desade pode ser operacionalizada pelo processo de desenvolvimento de compe-tncias e ensino atendendo ao potencial de sade. Tendo por objetivo, uma tra-jetria de vida equilibrada e saudvel com preveno da doena e maximizaoda sade na tica da melhoria da qualidade de cuidados com ganhos em sade. Os resultados obtidos no que se refere s intervenes de enfermagem encon-tram-se sumarizados no quadro 2. (na pag. seguinte)Conforme se pode verificar no quadro 2, relativamente importncia atribudas intervenes no mbito da promoo de sade, os enfermeiros so unni-mes em considerar estas como importantes (100%; n=13).O suporte informacional (panfletos) no fornecido pela maioria dos enfermei-ros (54,5%; n=7). Estes apontam como causas a no existncia de folhetos

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  • I TEMA DE CAPA8 OUTUBRO/NOVEMBRO.12

    disponveis no servio/quantidade insuficiente (23%; n=3), o esquecimento(15,4%; n=2), no sentir a necessidade de usar (7,7%; n=1) e no se encon-tram acessveis (7,7%; n=1).Quando so utilizados suportes informacionais estes reportam-se aos temas: alimen-tao (23%; n=3), acolhimento ao servio (23%; n=3), doenas (15,4%; n=2), segu-rana (15,4%; n=2), vigilncia de sade (7,7%; n=1) e doena crnica (7,7; n=1).Em termos de mtodo pedaggico foi referida com maior frequncia o mtodoativo (76,9%; n=10). Os mtodos: expositivo (23%; n=1) e demonstrativo(7,7%; n=1), foram tambm identificados.Quanto aos temas abordados no ensino individual, todos os enfermeiros inqui-ridos identificaram as doenas e os tpicos gerais de sade (por exemplo, ali-mentao) (100%; n=13). Foram ainda referidos a puericultura e a prevenode acidentes ambos com uma frequncia de 10 (76,9%), os primeiros socorros(15,4%; n=2), o desenvolvimento infantil (15,4%; n=2) e a reanimao (7,7%;n=1). Um dos enfermeiros identificou ainda outro tema a alta (7,7%), sem dis-criminar os contedos abordados.No que concerne ao momento mais oportuno para a realizao de atividadesnesta rea foi identificado por todos os enfermeiros como ao longo de todo ointernamento (100%; n=13).A maioria dos inquiridos no conhece nenhum modelo de enfermagem na rea dapromoo de sade (69,2%; n=9) e, entre os que referem conhecer 30,8% (n=4),todos identificaram o Modelo de Promoo de Sade de Nola Pender.

    DISCUSSO

    A Ordem dos Enfermeiros(5, p.11) reporta-se promoo de sade ao mencio-nar nos Padres da Qualidade dos Cuidados de Enfermagem que na pro-cura permanente da excelncia no exerccio profissional, o enfermeiro ajuda

    os clientes a alcanarem o mximo potencial de sade. A mesma entidaderefere ainda que ao enfermeiro especialista em sade da criana e dojovem cabe, enquanto competncia especfica, assistir a criana/jovemcom a famlia na maximizao da sua sade(24). Para um desenvolvimentopleno desta competncia, todos os momentos de contacto com acriana/jovem/famlia devem ser entendidos como oportunidades de inter-veno. Conhecer os moldes em que estas intervenes ocorrem permi-te adequ-las aos contextos dando visibilidade aos cuidados de enferma-gem(19). Neste sentido, cabe aos enfermeiros adotarem estratgias, emtodos os contextos, de forma alcanar a excelncia no exerccio. Assim, atendendo aos resultados obtidos foi possvel identificar estratgiasde otimizao da promoo de sade no servio de pediatria. Da anlise dos questionrios, e de uma forma geral, podemos perceber que oconceito de promoo de sade dos enfermeiros do servio de pediatria atual. A referncia a aspetos como vida saudvel, equilbrio, maximizaoda sade, qualidade dos cuidados aponta para um conceito aberto e multi-dimensional de sade. Este aspeto de certa forma concordante com a impor-tncia atribuda pelos enfermeiros s intervenes na rea da promoo desade: todos os inquiridos referem que estas so importantes. Em continuida-de, verificmos que o suporte informativo pouco utilizado, pelo facto dos pan-fletos e/ou brochuras estarem pouco acessveis sua posterior distribuio.Neste sentido, foi elaborado um procedimento acerca do fornecimento desuporte informacional que integra diversos panfletos. Atendendo a que se veri-fica que a faixa etria e situao clnica mais frequente no servio so latentescom patologias do foro respiratrio, foram elaborados os seguintes suportes:Utilizao e Manuteno da Cmara Expansora, Preparao de Biberes,Extrao e Conservao de leite materno, Preveno de SintomasRespiratrios. Outros panfletos (nomeadamente: criana com vmitos,criana com diarreia, criana com febre) foram disponibilizados por outrosservios da visada instituio, de entre os quais urgncia peditrica e unidadede cuidados especiais neonatais, rentabilizando assim recursos existentes.Como forma de dar resposta a outra das razes apontadas para a no uti-lizao dos mesmos (o facto de no estarem acessveis), foi solicitado seducadoras do servio a colaborao na construo de um suporte parapanfletos. Os folhetos foram colocados neste suporte e esto visveis/aces-sveis para utilizao pela equipe. Por outro lado, esta uma atividade quepor si s necessita de suporte e validao pois como referem Bowden eGreenberg(26) o processo de ensino assemelha-se ao processo de enferma-gem. Comea com a avaliao do problema segue-se a planificao, aimplementao e a avaliao da sua eficcia. Neste sentido foram ainda ela-borados planos de sesso individual associados a cada um dos folhetoselaborados. A ttulo de exemplo, no que se refere administrao de tera-putica por cmara expansora o plano de sesso contempla as etapas dofornecimento do suporte informativo e avaliao que consiste na observa-o do procedimento com recurso a grelha de observao. O ensino individual e o suporte informacional so recursos importantes na assis-tncia de enfermagem criana/jovem/famlia(11,22) e influenciam o comportamentode sade. O modelo de Promoo de Sade de Nola Pender refere, na varivelinfluncias interpessoais (parte integrante do componente comportamento espe-cifico) que os profissionais de sade surgem como fontes primrias de influnciana adoo de comportamentos promotores de sade(14). Os enfermeiros devem,ento, atuar junto da criana/famlia promovendo ensinos de forma que se tradu-za numa influncia positiva na adeso de comportamentos saudveis.

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  • TEMA DE CAPA I 9

    CONCLUSO

    Considerando o objetivo inicialmente estabelecido, verificamos queo grupo de enfermeiros inquiridos usa como estratgias, desenvolvi-das ao longo de todo o internamento da criana e famlia, a metodo-logia ativa versando temticas relacionadas com o motivo de interna-mento e tpicos gerais de sade. Estas estratgias so mediadaspor um conceito multidimensional de promoo de sade e elevadaimportncia atribuda a esta rea. Desconhecem, no entanto, ummodelo conceptual que suporte estas intervenes e verificou-se ainexistncia de suportes informativos identificados como teis eimportantes no ensino ao utente peditrico e famlia. No entanto, arecetividade da equipe ao tema foi facilitadora da implementao deintervenes.Identificamos como limitaes o tamanho da amostra assim como aescassez de estudos similares no contexto nacional o que foi de certaforma limitador da discusso de resultados. Podemos referir que o desen-volvimento de trabalhos, como o que se apresenta, deve ser incentivadojunto dos profissionais de sade. Neste sentido, o estudo contribui parao conhecimento nesta rea pois oferece uma caracterizao das prticasassim como propostas de melhoria. Destacamos ainda a necessidade de enquadramento numa moldura te-rica que direcione as intervenes de enfermagem de forma fundamenta-da. No caso concreto, a integrao do Modelo de Promoo de Sadede Nola Pender que identifica a influncia dos profissionais de sade naaquisio de comportamentos promotores de sade sustentou todo opercurso. A construo de suportes formativos e planos de ensino indivi-dual assim como a divulgao do modelo referido foram estratgiasimplementadas na sequncia deste trabalho. Deixamos como sugesto a realizao de futuros trabalhos com amos-tras maiores e mais focadas em reas especficas como por exemplointervenes direcionadas para a promoo de sade na criana comdiabetes ou asma, que permitam encontrar novos caminhos e perspeti-vas diferentes neste campo. Sugerimos ainda a respetiva avaliao doimpacto destas intervenes traduzidas, por exemplo em indicadoresdos cuidados de enfermagem.

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  • RESUMO

    A Hipotermia Induzida consiste na descida da temperatura central doHomem, apresentando efeitos neuroprotetores comprovados. Estainfluencia positivamente a taxa de prognstico em determinados doen-tes neurocrticos, contudo a sua aplicao no uma prtica comum,pelo que se sentiu a necessidade de realizar a presente reviso biblio-grfica. O estudo tem como objetivo identificar o conhecimento empri-co produzido sobre induo da hipotermia no doente neurocrtico.Usaram-se os seguintes descritores internacionais: Hipotermia induzi-da, Doente crtico, Proteo celular e Leso cerebral traumtica eobtiveram-se 42 artigos. Destes selecionaram-se 11, com base nos cri-trios: estudos em adultos; contexto de hipotermia induzida; publicaoentre 2005 e 2010; completos e de acesso livre; escritos em Portugus,Ingls, Francs ou Espanhol; excluso de artigos de opinio e de revisobibliogrfica. Verifica-se que a Hipotermia Induzida segura, estandoassociada a um melhor prognstico no doente neurocrtico e que a efi-cincia e a replicao da sua utilizao aumentam com a existncia deprotocolos. Este domnio do Saber enquadra-se no conhecimento cien-tfico a um nvel observacional, tornando-se pertinente desenvolvernovos estudos no sentido de obter evidncias que permitam melhorar aprestao de cuidados de enfermagem ao doente neurocrtico, bemcomo sensibilizar os enfermeiros para as certezas j existentes.

    Palavras-chave: Hipotermia Induzida; Doente Crtico; Proteo celular;Leso cerebral traumtica.

    ABSTRACT

    Induced hypothermia is a technique that involves the lowering of centraltemperature of man, having proven neuroprotective effects. Although itsimplementation positively influences the rate of neurocritical patients prog-nosis, is not a common practice. The purpose of this study was to identifyempirical knowledge produced on induction of hypothermia in neurocriticalpatient. For this was made a review of scientific articles. Was used the des-

    criptors International Health Sciences: induced hypothermia, critical ill,protection cell and traumatic brain injury and have obtained 42 articles.From this was selected 11, being those studies in adults; in the context ofinduced hypothermia; published between 2005 and 2009; full and free;written in Portuguese, English, French or Spanish; excluding articles of opi-nion and literature reviews. It appears that Induced hypothermia is safe andis associated to a better prognosis in neurocritical ill and the replicationand efficiency of their use increases with the existence of institutional pro-tocols. This area of knowledge fits into the scientific knowledge to anobservational level, making it relevant to develop new studies to obtain evi-dence that will improve the delivery of nursing care to neurocritical ill anddraw the nurses attention to the certainties existing.

    Keywords: Induced Hypothermia; Critical Patient; Cell protection;Traumatic brain injury.

    INTRODUO

    A investigao a base cientfica que orienta a prtica e assegura a cre-dibilidade da Cincia em Enfermagem. A enfermagem, como disciplinaem construo, necessita de produo e de renovao contnua do seuprprio corpo de conhecimentos, sendo assim relevante desenvolverestudos que facilitem a implementao de cuidados de enfermagemgerais e especializados mais adequados, bem como a identificao dasnecessidades da populao. Tais estudos devem possibilitar a determi-nao de indicadores de resultados que permitam dar visibilidade docontributo destes cuidados para alcanar o bem-estar do Homem(Ordem dos Enfermeiros, 2006).O Homem um ser homeotrmico, pois possui meios para a regulaoda temperatura corporal no sentido de alcanar a normotermia (36,10Ce 37,20C). Os mecanismos de termorregulao atuam por feedbacknegativo, controlados atravs do equilbrio entre o calor produzido pelometabolismo e o calor ganho ou perdido para o ambiente externo. Amaior parte da produo de calor resulta das reaes qumicas que

    HIPOTERMIA INDUZIDA NO ADULTO NEUROCRTICO:ONDE ESTAMOS? PARA ONDE VAMOS?

    Induced hypothermia in neurocritical adult: where are we?Where are we going?JOS FERNANDO DA SILVA MONTEIRO DE MAGALHES

    Trabalho realizado no mbito da Primeira Edio da Ps-graduao em Emergncia e Trauma, sob orientao da Doutora Isabel Arajo Escola Superior

    de Sade do Vale do Ave, CESPU.

    Recebido para publicao: janeiro de 2011

    Aprovado para publicao: janeiro de 2011

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  • ocorrem em todas as clulas do organismo, tendo origem na decompo-sio das molculas dos alimentos ingeridos. O conjunto destas rea-es constitui o metabolismo corporal, sendo a sua taxa diretamenteproporcional com a quantidade de calor produzido. Aps a produo decalor no organismo, o mesmo transferido dos rgos e clulas maisprofundos para a pele, onde dissipado por fenmenos de radiao,conduo, conveco e evaporao. A radiao refere-se emisso decalor pela forma de ondas eletromagnticas, que ocorre quando o orga-nismo humano apresenta temperatura corporal superior do meioambiente, havendo maior transferncia de calor do corpo do que para ocorpo. A conduo uma forma de transferncia de calor atravs docontacto fsico direto com lquido, slido ou gs. J a conveco a per-muta de calor do ar ou lquidos orgnicos j aquecidos. Por ltimo, a eva-porao consiste na perda de calor que acompanha a vaporizao delquido pela superfcie da pele. O balano entre os mecanismos de pro-duo e perda de calor permite a estabilidade da temperatura corporal(homeotermia), garantindo assim um fator fundamental na manutenodo equilbrio orgnico, designado por homeostasia (Seeley et al., 2007).Da homeostasia depende a integridade funcional dos mecanismos bio-qumicos e fisiolgicos, como por exemplo o metabolismo celular e a fre-quncia respiratria, tornando assim evidente a importncia da regula-o da temperatura corporal na manuteno da vida humana. O sistemanervoso o responsvel por esta regulao e envolve os recetores tr-micos, o centro de integrao e processamento de informao e os sis-temas eferentes. O sistema nervoso divide-se em sistema nervoso cen-tral (SNC) e sistema nervoso perifrico (SNP). O SNC (crebro e medu-la espinal) o centro de integrao e processamento da informao edaqui saem as fibras que enervam as diversas estruturas do corpo, cons-tituindo o SNP (Guyton et al., 2002).

    O SNP subdivide-se em diviso aferente ou sensorial, que transmitesinais eltricos dos recetores sensoriais ao SNC, e diviso eferente oumotora, responsvel pela transmisso de sinais eltricos do SNC aosrgos efetores. A diviso eferente composta pelo sistema somticoe sistema autnomo (vegetativo). O sistema somtico controladovoluntariamente e orienta a conduo de sinais eltricos aos msculosesquelticos, originando uma resposta comportamental atravs da con-trao dos mesmos. O sistema autnomo, de controlo subconsciente,dirige a conduo de sinais eltricos ao msculo liso, msculo carda-co e glndulas, produzindo respostas involuntrias, como por exemplovasodilatao e vasoconstrio. Para o desencadear destes sistemasde conduo da informao necessrio haver estruturas que detetem

    quando a temperatura est demasiado alta ou baixa. Essas estruturasdesignam-se termorrecetores (McPhee et al., 2007).Existem termorrecetores anatomicamente distintos para o frio e para ocalor. Ambos reagem com a maior intensidade s alteraes da tempe-ratura e podem-se encontrar em estruturas centrais, perifricas e nosrgos profundos. A nvel central encontram-se ncleos sensveis variao da temperatura na rea pr-tica e no hipotlamo anterior. Anvel perifrico, esto presentes imediatamente abaixo da pele e distri-buem-se em diferentes pores consoante a rea do corpo. Aqui, tam-bm como adjuvante, existe ainda um terceiro tipo, os recetores da dore que so estimulados em variaes de temperatura extrema (00 C a 150

    C ou acima de 470 C). Nos rgos profundos, nomeadamente medulaespinal, vsceras e volta de grandes vasos toracoabdominais, encon-tramos tambm termorrecetores para frio e calor. Estes diferem dosperifricos, porque apresentam uma sensibilidade mais acentuada paradiminuies da temperatura, explicada pela sua maior exposio tem-peratura corporal central em detrimento da superficial. Interligando afuno dos recetores de calor e frio com a funo do sistema aferente,entende-se como a informao sensorial conduzida at ao centro inte-grador (Guyton, et al., 2002).

    O balano entre os mecanismos de produo e perda de calor permite a estabilidade da temperatura corporal (homeotermia), garantindo assim um fator fundamental na manuteno do equilbrio orgnico, designado por homeostasia

    EMERGNCIA I 11

    A Hipotermia Induzida consiste na descida da temperatura central do Homem,

    apresentando efeitos neuroprotetores comprovados. Esta influencia positivamente

    a taxa de prognstico em determinados doentes neurocrticos, contudo a sua

    aplicao no uma prtica comum, pelo que se sentiu a necessidade de realizar a

    presente reviso bibliogrfica.

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  • O centro integrador, localizado no hipotlamo posterior, aps a combi-nao das informaes transmitidas pelas vias aferentes com o pontode regulao trmica (37C) emite, atravs das vias eferentes, respos-tas no sentido de controlar as reaes do corpo para o ganho ou perdade calor. Estas respostas podem ser efetuadas atravs de trs vias efe-rentes, sendo elas, a do sistema nervoso autnomo, a do sistema ner-voso somtico e atravs da hipfise. Na resposta autnoma a regulao efetuada atravs do controlo do tnus vascular (radiao); do contro-lo da sudorese e frequncia respiratria (evaporao); do controlo dometabolismo (termognese qumica) e piloereo (inibio de condu-o e conveco). Por sua vez, a resposta somtica traduz-se em tre-mores e modificao comportamental. ainda atravs da mediao daproduo de tiroxina que o hipotlamo possui outro mecanismo de ter-mognese qumica, na medida em que a variao da produo destahormona influi proporcionalmente na taxa de metabolismo celular. Oconhecimento destas respostas de produo e perda de calor so fun-damentais na utilizao da hipotermia induzida como um tratamento dodoente neurocrtico (Guyton et al., 2002).O doente neurocrtico aquele que apresenta leses neurolgicas queameaam a vida. Estas podem incluir acidente vascular cerebral maci-

    o, hemorragias cerebrais (sub-aracnoidea, intracerebral, subdural eintraventricular), tumores cerebrais, traumatismo craneoenceflico,estados convulsivos graves, doenas neuromusculares (Guillain Barre miastenia gravis) e doenas da medula espinal (UC NeurocienceInstitute, 2010). Nestes doentes habitual a manifestao de febre,podendo ser o resultado de infees ou ento de mecanismos centraisrelacionados com a presena de sangue ou mediadores inflamatriosque esto em contacto com o crebro. Est comprovado que nos doen-tes neurocrticos a febre uma varivel de mau prognstico, indepen-dentemente da sua causa (Polderman, 2008; Badjatia, 2009). Sabe-seque a reduo da temperatura corporal em 1C leva a uma diminuiodo metabolismo cerebral em cerca de 6 a 7%. O contrrio promove alibertao de radicais livres txicos que conduzem morte celular. Poreste motivo fundamental nestes doentes manter no mnimo a normo-termia, uma vez que alm dos benefcios comprovados, tambm mostrao conhecimento cientfico que no tem efeitos prejudiciais (Audibert etal., 2009). A relao da temperatura com o aumento da taxa de bomprognstico nos doentes neurocrticos despoletou interesse clnico no

    estudo dos efeitos da hipotermia induzida (Miambres et al., 2008).A hipotermia induzida consiste na descida da temperatura central doHomem abaixo dos 35 visando um propsito teraputico. A hipoter-mia pode ser induzida atravs de mecanismos tpicos ou sistmicos e classificada por diferentes autores como hipotermia leve (340C a320 C), hipotermia moderada (320C a 280C) e hipotermia profunda(

  • de Emergncia e Trauma. Deste modo, e para reduzir este estado dedesconforto, o grupo decide iniciar o processo de investigao acercada hipotermia induzida no doente neurocrtico. A partir daqui, houve areviso de literatura inicial que permitiu delimitar o tema e formular aseguinte questo de investigao: Estaro os Enfermeiros sensibiliza-dos para a importncia da hipotermia induzida no adulto neurocrtico? Esta questo compreende as variveis e a populao a estudar, servindode orientao ao longo do trabalho, que tem como objetivo: identificar onvel de conhecimento emprico produzido sobre induo da hipotermiano doente neurocrtico.

    METODOLOGIA

    Polit e Hungler (1995:13) referem-se ao mtodo cientfico como um con-junto genrico de procedimentos ordenados, com o objetivo de adquiririnformaes seguras e organizadas. ento atravs da metodologia quese estuda, descreve e explica os mtodos que se utilizaram ao longo do tra-balho para responder ao problema que despoletou a necessidade da reali-zao do trabalho. Fazendo um percurso no paradigma qualitativo realizou-se um estudo de reviso da literatura. Fortin refere que a reviso da litera-tura um inventrio e um exame crtico do conjunto das publicaes, tendorelao com o tema do estudo (2009: 87).Nesta reviso, a pesquisa foi elaborada atravs da seleo de artigospublicados e indexados s seguintes bases de dados: LILIACS, MEDLI-NE, SciELO, ADOLEC e IBECS. Como forma de pesquisa utilizaram-sedescritores internacionais em Cincias da Sade, nomeadamente:Hipotermia induzida, Doente crtico, Proteco celular e Lesocerebral traumtica. Na pesquisa obtiveram-se 42 artigos.A seleo dos artigos selecionados [1]fez[2]-se segundo os seguintes cri-trios: relatrios de investigao que retratassem estudos em adultos neu-rocrticos; inseridos na temtica da hipotermia teraputica/induzida; publi-cados entre 2005 e 2010; artigos associados a uma base de dados inde-xada; trabalhos completos e de acesso livre; escritos em Portugus, Ingls,Francs ou Espanhol; e que se apresentassem sob forma de trabalho deinvestigao, excluindo-se artigos de opinio e de reviso bibliogrfica.Na tabela seguinte descrevem-se os critrios de incluso e excluso dos artigosencontrados, onde se verifica o motivo da eliminao de 31 trabalhos. (Tabela1)

    Dos 42 artigos obtidos na pesquisa, selecionaram-se 11. Aps a seleo,foi efetuada uma anlise crtica dos mesmos e sintetizadas algumas evidn-cias enumeradas no quadro seguinte. (Quadro 1, Pag. seguinte)

    DISCUSSO DE RESULTADOS

    Os onze artigos associados prtica da hipotermia induzida comouma medida de proteo neurocelular e analisados neste trabalho,foram elaborados em oito pases diferentes, no havendo mais de doisartigos com origem no mesmo pas, e nenhum com fonte Portuguesa.Confirma-se assim a perceo inicial de que este um domnio cient-fico pouco explorado em Portugal. No que diz respeito incidncia deestudo desta temtica nos ltimos cinco anos, observa-se uma ocor-rncia flutuante, havendo 3 artigos publicados em 2006, um em 2007,cinco em 2008 e dois em 2009.Relativamente ao tipo de estudo, todos os artigos enquadram-seem trabalhos observacionais, no existindo manipulao de inter-venes diretas sobre os indivduos em estudo. Nos artigos ana-lisados os autores limitam-se observao da amostra e s suascaractersticas. Quanto ao objetivo destes estudos observacio-nais, registam-se quatro artigos descritivos, cujos objetivos seprendem com a descrio de variveis. Nestes estudos, os objeti-vos de uma forma geral , tiveram o intuito de caracterizar o uso daHipotermia Induzida na prtica clnica e verificar a existncia ouno de protocolos nos servios que lidam diariamente com odoente crtico. Os outros sete artigos so estudos analticos oucorrelacionais, com a finalidade de estabelecer relaes de cau-salidade entre as variveis dependentes e independentes emestudo. Nestes, testou-se a relao de causalidade entre a prti-ca da Hipotermia Induzida com a proteo neurocelular, bemcomo a relao do uso e eficincia da tcnica com a existncia deum protocolo de atuao.Para a recolha dos dados observados foram utilizados diferentesinstrumentos, sendo eles, o questionrio, a entrevista e o registode observaes. Atravs destes, em sete trabalhos foram usadosdados primrios, tendo sido feita uma colheita de dados especficapara os mesmos. Nos outros quatro artigos, os autores, utilizaramdados secundrios, desenvolvendo instrumentos que permitiram atriagem de informao previamente colhida com outros propsitos,como por exemplo, bases de dados ou ficheiros clnicos. Os parti-cipantes dos estudos analisados eram maioritariamente (82%)doentes ps-pcr, submetidos a Hipotermia Induzida com intenode proteo neurocelular e internados em Unidades de CuidadosIntensivos.No que diz respeito s principais concluses dos trabalhos analisados, unnime o comprovado benefcio da utilizao da Hipotermia Induzidacomo medida de proteo neurocelular. No entanto, esta rea de inter-veno apresenta algumas limitaes, nomeadamente: O facto de ser um domnio cientfico que carece de maior aprofun-damento no que respeita ao momento de aplicao da tcnica nodoente neurocrtico, em que situaes se deve aplicar e que mto-dos utilizar;

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  • Apesar de ser uma tcnica recomendada em guidelines internacionais,a sua aplicao no comum, sendo apresentados como motivos princi-pais a falta de protocolos nos servios e a falta de recursos.Concluiu-se ainda que a Hipotermia Induzida um mtodo seguro e asua utilizao est associada a melhores prognsticos de sada emdoentes ps-pcr. Destaca-se o facto de, nos ltimos cinco anos, noexistir nenhum estudo com critrios de incluso neste trabalho que esta-belea qualquer relao da utilizao da Hipotermia Induzida com oprognstico de doentes internados em Unidades de CuidadosIntensivos Neurocrticos. Neste sentido, sugere-se a continuidade destetrabalho de modo a aprofundar os potenciais benefcios desta tcnica ea aumentar o nvel de conhecimento neste domnio. Apesar disto, importante evidenciar que para o desenvolvimento deste estudo houveum acesso limitado ao conhecimento por questes financeiras.

    CONCLUSES

    Na realizao deste relatrio de investigao verifica-se o cumprimentodo objetivo inicial, uma vez que na discusso de resultados identifica-do o nvel de conhecimento produzido na rea da Hipotermia Induzida,de acordo com os critrios de incluso do estudo. A hipotermia induzi-da, como tcnica auxiliar de proteo neurocelular, um fenmeno ine-rente ao conhecimento cientfico atravs de diferentes estudos obser-vacionais. Estes aferem importncia tcnica e justificam o desenvolvi-mento deste Saber. A elaborao deste relatrio permitiu abrir uma nova janela na rea dos cui-dados de enfermagem ao doente neurocrtico. Importa no futuro avaliar eexperimentar em que condies esta tcnica se verifica com tradues cl-nicas importantes no contributo para o aumento da qualidade de vida doHomem. Fica ainda a sugesto para o desenvolvimento de mais estudosnesta rea, que permitam o estabelecimento de protocolos de atuaoadequados aos diferentes servios hospitalares e extra-hospitalares. Reconhece-se dificuldades inerentes a questes temporais, acrescidasdos deveres profissionais dos quais no se pode desligar. Contudo, comeste espao de reflexo espera-se encontrar algumas respostas s nos-sas dvidas, assim como obter dados que permitam futuramente refor-mular contedos e metodologias, no sentido de melhorar a prestao decuidados de enfermagem.Tal como em tempos os Portugueses rumaram em busca dos descobrimen-tos, resta agora navegar na direo do conhecimento.

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    EMERGNCIA I 15

    A hipotermia induzida estudada desde 1949, tendo tido ao longo da sua histria um percurso controverso, verificando-se uma prtica de uso e desuso cclico

    OUTUBRO/NOVEMBRO.12

    Revista Nursing; Edio outubro/novembro 2012; pg.15

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  • RESUMO

    Ao longo dos ltimos anos verifica-se um acrscimo no envelhecimento a nvelmundial e sendo os episdios de queda um acontecimento frequente nestafaixa etria, com consequncias devastadoras a vrios nveis, torna-se pertinen-te a abordagem deste tema como forma de consciencializar os profissionais desade e toda a populao envolvida na prestao de cuidados aos mesmos.O presente artigo tem como objetivo a reviso bibliogrfica sobre a temti-ca relacionada com risco de queda, em particular na populao idosa por-tadora de demncia. Constatou-se que as quedas esto relacionadas com vrios fatores, sendomais frequentes na populao idosa, portadora de demncia. Isto, porque,alm de todas as mudanas fisiolgicas decorrentes do envelhecimento, osidosos com demncia apresentam alteraes cognitivas relevantes que iroinfluenciar a sua relao com o meio. A identificao de fatores de risco muito til para um programa mltiplo de preveno das quedas, sendo per-tinente a uniformizao de um parmetro de avaliao do mesmo, em con-texto de uma unidade de Psicogeriatria.

    Palavras-chave: Queda; Demncia; Doena de Alzheimer; Idosos;Factores de risco; Escalas de avaliao de risco de queda.

    ABSTRACT

    Over the years weve seen an increase in the number of older people andfalls are the leading event that has a devastating meaning to their lives andto those that are caregivers. The present article was made with the goal of doing a bibliographical revi-sion on the thematic about the risk of falls, mainly among the elderly peoplewith dementia. Therefore, the development of a work that would focus onthis theme became crucial to be a kind of alert to health professionals andto those who live with someone in this situation. We concluded that falls

    happened more often in the elderly people with dementia as a result ofmany factors. Besides all the physiological changes of the aging, the elder-ly people with dementia have cognitive changes that will influence their rela-tion with the environment. The identification of the risk factors is very usefulto an interdisciplinary program of falls prevention, being relevant the stan-dardization of an evaluation parameter, in a geriatric psychiatry unit.

    Keywords: Fall; Dementia; Alzheimers disease; Elderly people; Risk fac-tors; Scales for assessing the risk of falling.

    INTRODUO

    Pacientes com demncia tm um risco aumentado de queda. Doentes comdemncia tm maior dificuldade de deciso, menor perceo visual e menorcapacidade de se orientarem relativamente aos objetos que os rodeiam.(Greubel, D.; Stokesberry, C; Jelly, M., 2002, p. 84)Atualmente, nos pases desenvolvidos vive-se cada vez at mais tarde, contudoos idosos nem sempre tm melhor qualidade de vida, pois cada vez mais so afe-tados pelo aparecimento de demncias, nomeadamente a Doena de Alzheimer.Com o aumento da idade e com a demncia, os idosos tornam-se mais suscet-veis a sofrerem quedas que podem ter consequncias graves para a sua sade.A abordagem deste tema tem como objetivos clarificar o conceito de quedase os fatores predisponentes, relacionando-os com as demncias, mais especi-ficamente com a Doena de Alzheimer. Assim, feita a abordagem das conse-quncias desse fenmeno e a planificao de intervenes preventivas dequedas, apresentando no final uma parametrizao do risco de queda, deforma a objetivar a avaliao desse risco.

    ENVELHECIMENTO

    O envelhecimento um processo fisiolgico natural, que comea no momen-to da conceo e termina com a morte, no qual h alteraes morfolgicas,

    GERIATRIA I 17

    QUEDAS EM GERIATRIA: DOENA DE ALZHEIMER

    FALLS IN GERIATRICS: ALZHEIMERS DISEASE

    MARLIA MARQUES

    Enfermeira

    MARTA FERREIRA

    Enfermeira no Lar Monte dos Burgos e Medicina Laboratorial Dr. Carlos da Silva Torres

    SNIA SILVA

    Enfermeira

    Recebido para publicao: maro de 2011

    Aprovado para publicao: abril de 2011

    RITA MADUREIRA

    Enfermeira

    SARA CORREIA

    Enfermeira no Servio de Medicina Oncolgica no Hospital de Barcelona, Espanha

    SLVIA PEREIRA

    Enfermeira no Servio de Cirurgia das Especialidades no Centro Hospitalar

    de Vila Nova de Gaia/Espinho, E.P.E

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  • funcionais e bioqumicas, com reduo na capacidade de adaptaohomeosttica s situaes de sobrecarga funcional, alterando progressiva-mente o organismo e tornando-o mais suscetvel s agresses intrnsecase extrnsecas (GZ et al, 2007).O aumento da populao idosa um fenmeno mundialmente observado,nomeadamente nos pases desenvolvidos, devido ao aumento da expectati-va de vida, do melhor controlo de muitas doenas potencialmente fatais e dadiminuio das taxas de fecundidade e mortalidade (Carvalho, 2000).A populao idosa com perturbaes mentais constitui um subgrupo significa-tivo entre as pessoas da terceira idade. Os profissionais de sade que pres-tam cuidados psiquitricos a idosos devem ter competncias especficas nosentido de promoverem intervenes eficazes e adequadas a cada indivduo.Assim, devem ter conhecimento acerca do envelhecimento normal (alteraesbiolgicas, psicolgicas e sociais), gesto dos problemas sociais e fsicos daterceira idade (luto, perda de papeis) e das patologias do foro mental maisrecorrentes (Doena de Alzheimer, depresso, entre outras).

    Qualquer pessoa, de qualquer faixa etria est sujeita a sofrer um episdiode queda. No entanto, essa probabilidade mais elevada nos indivduos ido-sos, devido s alteraes fisiolgicas que sofrem associadas a vrios fato-res, da este artigo se focar mais neste contexto.

    QUEDA

    Existem vrias definies no que concerne ao conceito de queda o que, mui-tas vezes, torna difcil a generalizao e a comparao de estudos efetuadosneste mbito (Masud e Morris, 2001). Esta pode ser definida como o deslo-camento no intencional do corpo para um nvel inferior posio inicial comincapacidade de correo em tempo hbil, determinado por circunstnciasmultifatoriais, comprometendo a estabilidade (Pereira cit por vila, 2007, p.3). De entre todas as faixas etrias, os idosos so uma populao bastante sus-cetvel ocorrncia de episdios de queda. Tal acontecimento torna-se umgrande problema de sade pblica em termos de morbilidade, mortalidade ede custos para os sistemas de sade e sociais (Masud e Morris, 2001).Segundo alguns estudos, a ocorrncia de quedas elevada na populaoidosa: 32% (65-74anos), 35% (75-84 anos) e 51% (acima de 85anos)(Pereira et. al, 2001).

    DEMNCIA

    Segundo Carvalho (2000), demncia caracteriza-se por pelo menos dois dficescognitivos, a alterao da memria e uma das seguintes perturbaes cognitivas:afasia, apraxia, agnosia ou perturbao do funcionamento cognitivo. A inclusoobrigatria do dfice de memria no unnime entre os estudiosos do tema(Mattos, cit por Carvalho, 2000, p.6). Isto porque a memria para eventos maisantigos est menos comprometida do que a memria para eventos recentes.Contudo, o esquecimento pode ser o sintoma que tende a ocorrer mais preco-cemente, mas pode ser difcil de detectar nos estgios iniciais da doena.Os indivduos com demncia podem desenvolver desorientao espacial, terdificuldade em realizar tarefas, apresentar dfices de ateno e concentrao,apresentar delrios e alucinaes e desenvolver perturbaes motoras da mar-cha, levando a quedas (Carvalho, 2000). E podem, ainda estar especialmentevulnerveis a fatores de stress fsicos e psicossociais, que podem intensificaros seus dfices (APA, cit por Carvalho, 2000, p.7).

    DOENA DE ALZHEIMER

    A Doena de Alzheimer a demncia que atualmente apresenta maior incidn-cia, constituindo cerca de metade de todas as demncias; estima-se que estaafeta 10% de todas as pessoas acima dos 65 anos de idade e quase metadedas que tm mais de 85 anos. Desta forma, a Doena de Alzheimer a prin-cipal causa de demncia entre pessoas idosas, apresentando nos ltimosanos um crescimento rpido do nmero de acometidos devido ao aumento daexpectativa de vida (Piermartini, 2008, p.1). Para diagnosticar a doena no Diagnostic and Statistical Manual of Mental

    Disorders (DSM-IV), necessrio que o indivduo apresente quatro requisitos bsi-

    cos: presena de demncia, aparecimento gradual com declnio cognitivo cont-

    nuo, excluso de todas as outras causas especficas de demncia e no ocorrer

    exclusivamente durante o curso de um delirium (APA, cit por Carvalho, 2000).

    Segundo Carvalho (2000), a Doena de Alzheimer pode ser descrita em trsestgios. O primeiro, que pode durar de dois a trs anos, caracterizado

    I GERIATRIA18

    As quedas esto relacionadas com vrios fatores, sendo mais frequentes na

    populao idosa, portadora de demncia. Isto, porque, alm de todas as mudanas

    fisiolgicas decorrentes do envelhecimento, os idosos com demncia apresentam

    alteraes cognitivas relevantes que iro influenciar a sua relao com o meio.

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  • por sintomas vagos e difusos, com desenvolvimento insidioso, em que o distr-bio da memria normalmente o primeiro sintoma a ser notado, alm de altera-es das funes visuais e espaciais, da linguagem, aprendizagem e concentra-o. Isto pode levar o indivduo a ter dificuldades com situaes complexas,podendo ocorrer perplexidade, agitao e hiperatividade ou apatia e desinteres-se. J no segundo estgio, pode ocorrer deteriorao acentuada da memria eaparecimento de sintomas focais, que incluem afasia, apraxia, agnosia e altera-es visuais e espaciais. Nesta fase, o funcionamento emocional, a personalida-de e o comportamento social ainda podem estar relativamente preservados, massintomas extra-piramidais podem ocorrer, com alterao da postura, aumento dotnus muscular, desequilbrio e comprometimento da marcha. Por fim, no tercei-ro estgio, todas as funes mentais esto gravemente afetadas, em que o indi-vduo comunica atravs de sons incompreensveis ou permanece calado, fican-do por vezes na cama, com incontinncia urinria e fecal. Podem aparecer sinto-mas e sinais neurolgicos grosseiros, como hemiparsia espasticidade, rigidez,tremor, reflexos primitivos e crises convulsivas. Nesta fase, a deteriorao corpo-ral surpreendentemente rpida, apesar do apetite preservado (Bottino &Almeida cit por Carvalho, 2000, p.9).Segundo Piermartini (2008), num estudo efetuado com idosos portadores deDoena de Alzheimer, num intervalo de 1,5 a 2 anos, 56,3% dos idosos tive-ram pelo menos uma queda.Num estudo com 404 pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, compa-rou-se a ocorrncia de quedas entre utentes com Doena de Alzheimer e semDoena de Alzheimer. Observou-se queda em 78% dos idosos com demncia,contra apenas 55% em utentes sem essa demncia. Desta forma, idosos comquadro demencial apresentam maior risco de carem do que idosos semdemncia. Tal facto implica a necessidade de cuidados especiais com essesindivduos, visando minimizar o risco desses acidentes (Carvalho, 2002).

    FATORES DE RISCO DE QUEDA

    A estabilidade do corpo depende da receo adequada de informaes decomponentes sensoriais, cognitivos (orientao temporo-espacial; memria;capacidade de clculo; capacidade de planeamento e deciso; linguagem -expresso e compreenso), integrativos centrais e msculo-esquelticos, deforma altamente integrada. O efeito cumulativo de alteraes relacionadas idade, doenas, e meio ambiente inadequado podem predispor queda(Pereira S.; Buksman S.; Perracini M.; Py L.; Barreto K.; Leite V., 2001).Vrios estudos identificaram mais de 400 fatores que potenciam a ocorrn-cia de um episdio de queda, embora no exista nenhuma classificaoaceite universalmente (Masud e Morris, 2001).De acordo com o Effective Health Care Bulletin, podemos agrupar essesfatores em cinco grandes categorias: ambientais, quadro clnico da pessoaassociado medicao, alteraes decorrentes da idade, nutricionais e ati-vidade fsica (Masud e Morris, 2001). Estas categorias podem ser dispostasem aspetos relacionados diretamente com o indivduo (fatores intrnsecos)ou com o meio ambiente (fatores extrnsecos).Entre os fatores intrnsecos esto includos: problemas ortopdicos dos mem-bros inferiores, problemas de viso, problemas cardacos, doenas associa-das labirintite, diminuio da fora dos membros inferiores, problemas pos-turais, dificuldades de lateralidade, reduo dos reflexos pela idade e dificul-dades de coordenao motora, entre outros (Dieter, cit por vila, 2007).

    Os fatores extrnsecos esto amplamente relacionados com o ambiente,salientando-se a fraca ou m iluminao da casa (especialmente no perodonocturno, entre o quarto e a casa de banho), superfcies irregulares ou escor-regadias, tapetes soltos, escadas ngremes ou irregulares, objetos no cami-nho, vesturio e calado inadequado, mveis inadequados, inexistncia decorrimo, entre outros. (vila, 2007).Os utentes com demncia e dfices cognitivos apresentam uma maior fre-quncia de queda, uma vez que h um comprometimento da ateno e damemria, principalmente da memria recente e de aquisio, o que ir dificul-tar a adaptao a novos ambientes, a apraxia, a agnosia, a desorientaoespacial, a deteriorao das funes executivas que influenciam as debilida-des motoras e sensoriais, a resposta protetora comprometida e o julgamentoempobrecido da gravidade do seu quadro clnico. Desta forma, o utente notem a perceo exata das suas capacidades nem das suas perdas, como odeclnio da marcha, o desequilbrio e a instabilidade postural, o que faz comque haja maior risco de queda nesses utentes. (Carvalho e Coutinho, 2002).

    FATORES DE RISCO PARA QUEDA EM IDOSOS DEMENCIADOS

    Como referido anteriormente, existem algumas caractersticas das demnciasque propiciam o risco de queda nos idosos. Assim, de forma sucinta apresen-tam-se os fatores de risco: Dfices cognitivos relativos demncia: comprometimento da ateno e damemria recente ou de aquisio dificultando a adaptao a novos ambientes.Desorientao espacial: Desde a simples mudana de um mvel, ou acrs-cimo de um degrau, at a mudana para outra casa, podem significar umaumento no risco de quedas, devido dificuldade de memorizao de informa-es novas para esse grupo (Carvalho, 2000, p. 62).Deteriorao das funes executivas: foi realizado um estudo que compro-vou que a influncia das debilidades motoras e sensoriais nas quedas somoderadas, em parte, pelas funes executivas. Isso deve-se ao facto deutentes que apresentam deficincias nessas funes tenderem a agir de ummodo mais arriscado e inadequado, devido a julgamento errado da gravidadedas suas aes, podendo resultar numa queda (Rapport cit por Carvalho,2000, p. 62).Comprometimento da marcha/desequilbrio/instabilidade postural:associado quer demncia e o desenvolvimento dessa doena, quer aoprocesso de envelhecimento.ndice de massa corporal: De acordo com um estudo realizado por Berlinger& Potter (cit por Carvalho, 2000), idosos com demncia, independente do tipoou severidade, possuem IMC aproximadamente 10% menor que aqueles cog-nitivamente intactos. Como o baixo IMC apontado com um fator de riscopara as quedas, este tambm pode ser um aspeto que contribui para a maiorocorrncia de quedas entre os idosos com demncia. Sexo Feminino: estudos revelam que a absoro de clcio menor emmulheres com demncia (Carvalho, 2000), fator que tambm contribui paraa ocorrncia de quedas.Medicao: a medicao que estes utentes tomam, especialmente os ben-zodiazepnicos, os fenotiaznicos e os antidepressivos tm sido relatadoscomo fatores de risco para quedas em utentes com demncia. O uso des-sas substncias duplicam a probabilidade de quedas tanto em utentes comdfice cognitivo (vila, 2007, p. 44).

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    Revista Nursing; Edio outubro/novembro 2012; pg.19

  • ESPECIFICAMENTE NA DOENA DE ALZHEIMER

    Horikawa et al (cit por Piermartiri, 2008, p. 2) demonstraram que a leso nasubstncia branca identificada pela ressonncia magntica causa distrbiosna manuteno do equilbrio e aumenta o risco de quedas na doena deAlzheimer, sendo que o uso de drogas neurolpticas comummente utilizadasno tratamento comportamental e de sintomas psiquitricos, tambm esto rela-cionadas com o aumento de quedas, no afetando, no entanto, o equilbrio.

    CONSEQUNCIAS DAS QUEDAS

    De acordo com a evidncia cientfica, as quedas contribuem para o declnioda capacidade funcional do idoso, aumentando a dificuldade e o grau dedependncia na realizao das atividades de vida dirias (Fabrcio eRodrigues, 2006).As pessoas idosas que sofrem algum episdio de queda tornam-se maisdependentes e inseguras devido s consequncias que da advm (nveisfsico, psicolgico e social): fraturas, hospitalizao, isolamento e medo devoltar a cair. (Fabrcio e Rodrigues, 2006). Este ltimo definido comoSndrome Ps-Queda, sendo que o medo de cair novamente pode ser acomplicao mais incapacitante de uma queda, conduzindo a uma diminui-o da mobilidade e aumentando o desuso, desencadeando uma srie decomplicaes, com consequente perda da capacidade funcional, aumentan-do a suscetibilidade a um novo evento no futuro (Menezes; Bachion, 2007).Tambm a ansiedade e a depresso so consequncias de um episdio dequeda, diminuindo a qualidade de vida e de autonomia no s do idosocomo dos seus cuidadores, que se vem na necessidade de readaptartoda a sua rotina diria em funo da recuperao ou adaptao do idosops-queda (Carvalho e Coutinho, 2002).

    INTERVENO DE ENFERMAGEM

    Com a elaborao desta reviso compreende-se o relevo que um episdio dequeda pode ter na vida de um idoso e da importncia de intervir eficazmenteno sentido da preveno de tal fenmeno. Desta forma, o papel dos profis-sionais de enfermagem vital na manuteno da autonomia e da independn-cia das pessoas idosas.A preveno passa por uma eficiente avaliao do risco de queda de cadaidoso, existindo inmeras escalas desenvolvidas para avaliar esse parmetro.Aps a realizao da avaliao de risco de queda o enfermeiro pode elaborarum plano de interveno que vise as necessidades especficas de cada indi-vduo. importante o conhecimento aprofundado sobre os fatores de risco nosentido de ajudar os idosos a preveni-los como a diminuio ou cessao dosfatores extrnsecos. Sendo que, segundo alguns estudos, a atividade fsicaconstitui uma importante estratgia para minimizar dfices de equilbrio em ido-sos e consequentemente as possveis quedas, revelando benefcios da inter-veno motora nos sistemas cardiovascular, neuromuscular e sensorial, sendoque outros comprovam, ainda, efeitos da atividade fsica sobre as funescognitivas (Christofoletti, 2006).Para alm das medidas j referidas, o profissional de enfermagem deve terespecial ateno, para prevenir quedas no idoso: o ambiente em que este seinsere, evitando acrescentar objetos novos ao espao pois o ambiente segu-ro para o idoso aquele em que ele se sente seguro e que lhe familiar; pres-tar especial ateno a alteraes no estado de conscincia do idoso uma vez

    que uma diminuio desta pode aumentar o risco de queda; manter o espa-o onde o idoso se movimenta iluminado; ter em ateno os idosos quefaam como medicao benzodiazepnicos, fenotiaznicos e antidepressivospois estes duplicam o risco de queda. No domiclio do idoso, o cuidador deveser instrudo para retirar todos os objetos que aumentem o risco de queda,como tapetes e fios e colocar os objetos de uso mais frequente pelo idosoao nvel do olhar. Quanto a um idoso com Alzheimer em contexto hospitalar,devem ser mantidas as grades da cama e colocada a cama no nvel maisbaixo, para evitar a queda ou minimizar as consequncias caso esta ocorra.

    PARMETROS DE AVALIAO DE RISCO DE QUEDA

    A Escala de Morse um parmetro que avalia vrios parmetros, desdeAntecedentes de Queda, Diagnstico Secundrio, Ajuda na Deambulao,Medicao Endovenosa (EV), Marcha/Movimentao e Estado Mental (orien-tao) do indivduo.Esta escala deve ser aplicada na admisso do utente, diariamente e, senecessrio, em cada turno, quando a situao deste muda ou tenha havidouma mudana na medicao que poder colocar o utente em risco de queda,quando um utente transferido para outra unidade e aps uma queda.

    Antecedentes de queda classificado com pontuao 25 se o utentetiver cado durante o presente internamento ou se h uma histria recentede quedas fisiolgicas, tais como ataques ou quedas devido a uma marchaprejudicada. Se o utente no tiver cado, classificado com pontuao 0.Se um utente cai pela primeira vez, ento a sua pontuao aumenta imedia-tamente para 25.Diagnstico secundrio classificado com pontuao 15, se o utentetem mais de um diagnstico mdico (como por exemplo, uma demncia),caso contrrio, pontuao 0.Ajuda na Deambulao - classificado com pontuao 0 se o utente andade p, sem ajuda (ainda que assistido por um enfermeiro), usa uma cadei-ra de rodas, ou est em repouso e no sair da cama (acamado). Se o utente

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    Revista Nursing; Edio outubro/novembro 2012; pg.20

  • usa muletas, uma bengala, ou um andarilho, a classificao passa para 15,se o utente se apoia nos mveis/paredes a pontuao aumenta para 30.Medicao EV - classificado com pontuao 20, se o utente tiver um apa-relho ou uma soluo salina intravenosa/heparina, caso contrrio, pontua-o 0. Em relao soluo EV, o perigo de queda estar associado comtodo o sistema que envolve esse processo e a dificuldade no seu transpor-te, aquando da deambulao; relativamente heparina, quando usada deforma prolongada poder ter repercusses a nvel osteoarticular, o que con-tribuir para uma fragilidade motora e possvel fator de risco de queda.Vrios autores referem a associao de demais medicao com o risco dequeda, entre essa medicao, as mais associadas so as benzodiazepinas,os anti-convulsivantes, os anti-hipertensores e os anti-depressivos, quedesta forma podero ser includos neste parmetro, uma vez que todos elesesto associados a efeitos adversos como tonturas, sonolncia, confuso,hipotenso ortosttica, fatores que podero levar a quedas.Marcha/movimentao - Marcha normal, de pontuao 0, caracterizadapelo utente que anda com a cabea levantada e os braos a balanar livre-mente ao lado. Marcha fraca, de pontuao 10, se o utente tem alguns dfi-ces na marcha, mas capaz de levantar a cabea enquanto est de p, semperder o equilbrio; se o apoio de mveis necessrio de forma muito levee se os passos so curtos. Marcha prejudicada, de pontuao 20, se o uten-te tem dificuldade em levantar-se da cadeira, empurrando sobre os braosdesta, ou seja, por meio de diversas tentativas de subida; porque o equilbriodo utente pobre, este agarra os mveis firmemente, apoia-se em pessoase no consegue caminhar sem essa assistncia; os passos so curtos.Estado mental neste parmetro avaliado o estado mental do utente,verificando a auto-avaliao da pessoa sobre a prpria capacidade dedeambulao. Questiona-se o utente e verifica-se o seu estado mental. Seeste for compatvel com o normal e a resposta for coerente, ter uma pon-tuao de 0. Se a resposta do utente no coerente com a pergunta ou sea resposta no realista, ento o utente considerado limitado quanto aoseu estado mental, sendo classificado c