NR 12_O SUL_JAN_11

16
O "SUL" QUANDO NASCE é PARA TODOS”. FOI COM ESTE SLOGAN QUE O MEU ANTECESSOR ANUNCIOU "URBI ET ORBI", O APARECIMENTO DESTE NOVO MENSáRIO "CULTURAL E DE DEBATES". DEPOIS, COMEçOU UM ROSáRIO DE DIFICULDA- DES E DE VITóRIAS, MAS é EM NOME DESSAS QUE ESTAMOS AQUI A COMEMORAR O 1º ANO DO RESTO DA NOSSA VIDA... O SUL NASCEU PARA O DEBATE DE IDEIAS, PARA DEFEN- DER A LIBERDADE E O PLURALISMO, AO SERVIçO DA IDENTI- DADE REGIONAL E NACIONAL, COM O OBJECTIVO DE FORMAR UMA OPINIãO PúBLICA INFORMADA, E COM O GLORIOSO DESEJO DE TER DIFUSãO NACIONAL, E INTERNACIONAL, ATRAVéS DA INTERNET. ESTA PLATAFORMA AMBICIOSA NãO é FáCIL DE CUMPRIR. POR DETRáS Há MUITAS VONTADES SOMADAS DE DIFERENTES OPINIõES TODAS APROVEITADAS PARA FAZER UM PRODUTO CREDíVEL. ASSIM, ESTE JORNAL QUE NãO TEM FUN- CIONáRIOS, Só VOLUNTáRIOS, MERECE POR ISSO O ELOGIO A ESSE VOLUNTARISMO DA ESCRITA, MAS ISTO TAMBéM é UM DOS SEUS LIMITES PORQUE NEM SEMPRE OS MELHO- RES ESCRITOS QUE DESEJARíAMOS NOS CHE- GAM A TEMPO DE PUBLICAçãO. COMO é EVIDENTE O SUL ESTá AINDA INA- CABADO E A CUMPRIR-SE. EU QUE NãO SOU MEMBRO DA COOPE- RATIVA Só UM VOLUNTáRIO TENHO DEFEN- DIDO ACRISOLADAMENTE QUE TEMOS DE PAS- SAR PRA UMA PLATAFORMA DIGITAL INTE- GRADA, DE ACORDO COM AS NOVAS TECNO- LOGIAS, MAS RECONHEçO QUE ISTO NãO SE FAZ Só COM VOLUNTáRIOS, FAZ-SE SOBRETUDO COM DINHEIRO.... QUE NãO TEM ABUNDADO ATé AGORA . CONTUDO, ISSO NãO IMPEDIU QUE O JORNAL DE DISTRIBUI- çãO GRATUITA, VIVENDO Só DA PUBLICIDADE, POIS A TIPO- GRAFIA PAGA-SE TENHA MARCADO O SEU ESPAçO E HOJE SEJA VISTO NA CIDADE COMO UM óRGãO DE INFORMA- çãO QUE MERECE SER RESPEITADO. O QUE EXPLICA QUE PERSONALIDADES DA NOSSA VIDA CULTURAL, POLíTICA E ARTíSTICA TENHAM PAR- TICIPADO NELE COM ARTIGOS OU ENTREVISTAS DE ALTO NíVEL, MIGUEL REAL, FERNANDO DACOSTA, ADEL SIDARIUS, MARIA DAS DORES MEIRA, PROF MOISéS ESPí- RITO SANTO, PADRE CONS- TANTINO ALVES, JORNA- LISTA, GUILHERME PEREIRA, VíTOR RAMA- LHO, ELíSIO SUMMAVILLE, PAULO FIDALGO, PACIFISTA ANIL SAMARTH E MUITOS OUTROS QUE NãO Há ESPAçO DE AQUI NOMEAR. ENTREVISTAS INTERESSANTES, ANA DRAGO, ESCRITOS OPORTUNOS, CATARINA MARCELINO, EDITORIAIS FRACTURANTES, COMO O QUE TROUXE à BAILA AS TOURADAS EM SETúBAL,”OUSAMOS SONHAR”, COLECTIVAMENTE ASSINADO POR QUATRO MULHE- RES, ANITA VILAR, MARIA MADALENA FIALHO, PATRíCIA TRIN- DADE, E RITA OLIVEIRA MARTINS, SOBRE O DIA INTERNACIONAL DA MULHER, OU "ARRáBIDA CANDIDATURA DA UTOPIA" QUE PõE A NU AS CONTRADIçõES DO PROCESSO DE CANONIZAçãO MUNDIAL DA SERRA DA ARRáBIDA, SOFREDORA DE TANTOS PECADOS MORTAIS. E PROPOSTAS CULTURAIS, NUMA CIDADE TãO DESAFEITA A ESSAS LIDES, COMO A CRIA- çãO DE UM MUSEU DO NEGRO. ENTRETANTO, TEMOS ENCORAJADO A ESCRITA DE NOVOS CRONISTAS, ARTISTAS (FRANCISCO NOá) E MúSICOS ATRAVéS DESTE JORNAL, ROM- PENDO EXPRESSAMENTE COM O SISTEMA ESTABELECIDO, PORQUE ESTA CIDADE TEM JOVENS DE MéRITO, E QUE PENSAM. E NãO DEIXAMOS DE RECUPERAR A MEMóRIA HISTóRICA E REPUBLICANA DE SETúBAL O QUE é MUITO IMPORTANTE, E DE DAR VALOR AO TEATRO QUE Cá SE FAZ. RECONHEçO A NECESSIDADE DE ENCONTRARMOS UM ESPAçO PARA OS LEITORES INTERFERIREM CONNOSCO, E ATé, PARA O DIREITO DE RESPOSTA, MAS SOBRETUDO PORQUE ALGUMAS SãO DEMASIADO LONGAS OU DESADEQUADAS, PARA O TEMA EM DISCUSSãO, PELO QUE VAMOS TER DE PENSA-LOS EM TERMOS DE LIMITE DE SINAIS. TAMBéM NãO TEMOS POUPADO CRITICAS A ERROS QUE TEM SIDO COMETIDOS NESTA CIDADE CONTRA O PATRI- MóNIO, VEJA SE O CASO DO LARGO DA FONTE NOVA, A POBREZA DA VISãO CULTURAL QUE é UM ENORME DEFICIT DA NOSSA CIDA- DANIA, MAS SEMPRE COM ESPíRITO CONSTRUTIVO, PORQUE A AMAMOS TANTO, COMO AQUELES QUE OS COMETEM. E, APESAR DA CRISE, E CONTRA A CRISE, Cá ESTA- MOS, PARA COM TODOS, ACOMPANHANDO O PRO- CESSO GLOBAL, QUE TAMBéM PASSA POR SETú- BAL, TENTARMOS DAR à VOLTA AO FUTURO, POR CIMA! ANTóNIO SERZEDELO DIRECTOR A G O R A , V E L E J E M O S R U M O A O F U T U R O G L O B A L Ano: 2011 . nr 11 . Mês: Janeiro . Mensal . Director: António Serzedelo . Preço: 0,01 € 01 . 11 NR 12

description

“AGOR A , V E L E J E NR 1 2 antóniO SerzedelO directOr Ano: 2011 . nr 11 . Mês: Janeiro . Mensal . Director: António Serzedelo . Preço: 0,01 € NR 1 2 Nuno Carpinteiro [email protected] peita às Retenções na Fonte, as taxas aplicáveis às presta- ções de serviços podem ser de 11,5% ou 21,5% e a taxa apli- cável a rendimentos prediais (rendas) é de 16,5%. O novo Código Contributivo veio introduzir também altera- ções no que respeita às con- 2011 JAN jUL iA k .

Transcript of NR 12_O SUL_JAN_11

Page 1: NR 12_O SUL_JAN_11

O "Sul" quandO

naSce é para tOdOS”.FOi cOm eSte SlOgan que O

meu anteceSSOr anunciOu "urbi et Orbi", O aparecimentO deSte nOvO

menSáriO "cultural e de debateS".depOiS, cOmeçOu um rOSáriO de diFiculda-

deS e de vitóriaS, maS é em nOme deSSaS que eStamOS aqui a cOmemOrar O 1º anO dO reStO

da nOSSa vida...O Sul naSceu para O debate de ideiaS, para deFen-

der a liberdade e O pluraliSmO, aO ServiçO da identi-dade regiOnal e naciOnal, cOm O ObjectivO de FOrmar

uma OpiniãO pública inFOrmada, e cOm O glOriOSO deSejO de ter diFuSãO naciOnal, e internaciOnal, atravéS

da internet.eSta plataFOrma ambiciOSa nãO é Fácil de

cumprir. pOr detráS há muitaS vOntadeS SOmadaS de diFerenteS OpiniõeS tOdaS

aprOveitadaS para Fazer um prOdutO credível.

aSSim, eSte jOrnal que nãO tem Fun-ciOnáriOS, Só vOluntáriOS, merece pOr iSSO O elOgiO a eSSe vOluntariSmO da eScrita, maS iStO também é um dOS SeuS limiteS pOrque nem Sempre OS melhO-reS eScritOS que deSejaríamOS nOS che-gam a tempO de publicaçãO.

cOmO é evidente O Sul eStá ainda ina-cabadO e a cumprir-Se.

eu que nãO SOu membrO da cOOpe-rativa Só um vOluntáriO tenhO deFen-didO acriSOladamente que temOS de paS-Sar pra uma plataFOrma digital inte-grada, de acOrdO cOm aS nOvaS tecnO-

lOgiaS, maS recOnheçO que iStO nãO Se Faz Só cOm vOluntáriOS, Faz-Se SObretudO cOm

dinheirO.... que nãO tem abundadO até agOra .cOntudO, iSSO nãO impediu que O jOrnal de diStribui-çãO gratuita, vivendO Só da publicidade, pOiS a tipO-

graFia paga-Se tenha marcadO O Seu eSpaçO e hOje Seja viStO na cidade cOmO um órgãO de inFOrma-

çãO que merece Ser reSpeitadO.O que explica que perSOnalidadeS da nOSSa vida cultural, pOlítica e artíStica tenham par-

ticipadO nele cOm artigOS Ou entreviStaS de altO nível, miguel real, FernandO

dacOSta, adel SidariuS, maria daS dOreS meira, prOF mOiSéS eSpí-

ritO SantO, padre cOnS-tantinO alveS,

jOrna-liSta, guilherme pereira, vítOr rama-lhO, elíSiO Summaville, paulO FidalgO, paciFiSta anil Samarth e muitOS OutrOS que nãO há eSpaçO de aqui nOmear. entreviStaS intereSSanteS, ana dragO, eScritOS OpOrtunOS, catarina marcelinO, editOriaiS FracturanteS, cOmO O que trOuxe à baila aS tOuradaS em Setúbal,”OuSamOS SOnhar”, cOlectivamente aSSinadO pOr quatrO mulhe-reS, anita vilar, maria madalena FialhO, patrícia trin-dade, e rita Oliveira martinS, SObre O dia internaciOnal da mulher, Ou "arrábida candidatura da utOpia" que põe a nu aS cOntradiçõeS dO prOceSSO de canOnizaçãO mundial da

Serra da arrábida, SOFredOra de tantOS pecadOS mOrtaiS. e prOpOStaS culturaiS, numa cidade

tãO deSaFeita a eSSaS lideS, cOmO a cria-çãO de um muSeu dO negrO. entretantO,

temOS encOrajadO a eScrita de nOvOS crOniStaS, artiStaS (FranciScO nOá) e

múSicOS atravéS deSte jOrnal, rOm-pendO expreSSamente cOm O SiStema eStabelecidO, pOrque eSta cidade tem jOvenS de méritO, e que penSam. e nãO deixamOS de recuperar a memória hiStórica e republicana de Setúbal O que é muitO impOrtante, e de dar valOr aO teatrO que cá Se Faz.

recOnheçO a neceSSidade de encOntrarmOS um eSpaçO para OS

leitOreS interFerirem cOnnOScO, e até, para O direitO de reSpOSta,

maS SObretudO pOrque algumaS SãO demaSiadO lOngaS Ou deSadequadaS,

para O tema em diScuSSãO, pelO que vamOS ter de penSa-lOS em termOS de

limite de SinaiS. também nãO temOS pOupadO criticaS a errOS

que tem SidO cOmetidOS neSta cidade cOntra O patri-móniO, veja Se O caSO dO largO da FOnte nOva, a pObreza da viSãO cultural que é um enOrme deFicit da nOSSa cida-dania, maS Sempre cOm eSpíritO cOnStrutivO, pOrque a amamOS tantO, cOmO aqueleS que OS cOmetem.

e, apeSar da criSe, e cOntra a criSe, cá eSta-mOS, para cOm tOdOS, acOmpanhandO O prO-ceSSO glObal, que também paSSa pOr Setú-bal, tentarmOS dar à vOlta aO FuturO, pOr cima!

antóniO SerzedelOdirectOr

“AG

ORA

, VEL

EJEMOS RUMO AO FUTURO GLOBAL”

Ano: 2011 . nr 11 . Mês: Janeiro . Mensal . Director: António Serzedelo . Preço: 0,01 €

01.11 NR

12

Page 2: NR 12_O SUL_JAN_11

Numa altura de crise eco-nómica é fundamental, para quem quer criar o seu pró-prio emprego, ter um plano de actividade, de forma a prever todos os custos que possam vir surgir no futuro, nomeada-mente, os encargos ao nível da Fiscalidade e Segurança Social. O presente artigo é de natu-reza meramente informativa.

Quando o Contribuinte pre-tende dar início à sua activi-dade na qualidade de trabalha-dor independente deve ponde-rar alguns aspectos, que pode-rão ser determinantes no que respeita à sua situação contri-butiva perante as finanças e a segurança social. Em primeiro lugar, atendendo à actividade que venha a exercer, é impor-tante avaliar a necessidade de recorrer à prestação de serviços de um Técnico Oficial de Con-tas (TOC), pois há duas opções, Regime Simplificado e Contabi-lidade Organizada. Simplificado, se não tem TOC, ou Contabili-dade Organizada, se tiver TOC. Para ajudar a avaliar a situação que melhor se adequa ao seu caso específico convêm contac-tar um profissional especializado na área da Contabilidade/Fis-calidade, de forma a fazer uma gestão mais eficaz e eficiente do seu orçamento pois ambos os regimes têm vantagens.

Tendo em conta a activi-dade que vai desenvolver, é feita uma estimativa do volume de negócios (facturação) que espera obter no ano em que ini-cia actividade e o regime em que fica enquadrado (simpli-ficado ou contabilidade orga-nizada), determinando depois o seu enquadramento em IVA (Imposto sobre o Valor Acres-centado) e IRS (Imposto sobre o Rendimento). Nem todas as actividades estão sujeitas a IVA

ou Isentas de IRS. Por exem-plo, no caso do regime sim-plificado, quando o contri-buinte ultrapassa o limite de VN de 10.000€, terá que liqui-dar IVA, ficando a partir dessa data sujeito a retenção na fonte. A taxa de retenção varia conso-ante a actividade exercida.

Recentemente, a legislação veio determinar novas taxas de IVA e de Retenção na Fonte. Em sede de IVA encontramos a taxa reduzida a 6%, a taxa intermédia a 13% e a taxa nor-mal a 23% (por norma aplicá-vel à generalidade das presta-ções de serviços). No que res-

peita às Retenções na Fonte, as taxas aplicáveis às presta-ções de serviços podem ser de 11,5% ou 21,5% e a taxa apli-cável a rendimentos prediais (rendas) é de 16,5%. O novo Código Contributivo veio introduzir também altera-ções no que respeita às con-

tribuições dos trabalhadores independentes para a segu-rança social, pelo que, alerta-mos para algumas situações mais importantes.

Quando começa a traba-lhar, o contribuinte fica ins-crito como trabalhador inde-pendente, depois de a admi-nistração fiscal o comunicar à Segurança Social, ficando esta responsável pelo enquadra-mento do trabalhador. O tra-balhador Independente tem de pagar segurança social, embora, nalguns casos espe-cíficos, possa estar isento. O montante a pagar de contribui-ção mensal, ficará dependente do valor de facturação anual. Contudo, por exemplo, quando tenha rendimentos anuais infe-riores a 2515.32€, está isento de Segurança Social. O trabalha-dor independente é obrigado a pagar as suas contribuições e a enviar a declaração anual com os valores da actividade exercida, até 15 de Fevereiro do ano seguinte àquele a que respeitam os rendimentos. Esta declaração vai permitir à Segu-rança Social, calcular a base de Incidência Contributiva, que depois é fixada anualmente em Outubro, produzindo efeito nos 12 meses seguintes.

Se já exerce actividade na qualidade de trabalhador independente, ou pensa vir a dar início à actividade, e não se sente devidamente infor-mado relativamente às novas alterações legislativas, procure esclarecer as suas dúvidas junto de profissionais espe-cializados. Sentir-se-á mais confiante e motivado sendo um factor determinante no seu sucesso profissional.

Nuno [email protected]

TRABALHADORES INDEPENDENTES: informação essencial para quem exerce, ou espera exercer actividade.

gostavas de ter um artigo no jornal O SUL?

CONTACTA-NOS

[email protected]

96 388 31 43

jULi

A k

.

02 NA ViGiANR

12

JAN

20

11

Page 3: NR 12_O SUL_JAN_11

Europa tem de apoiar a revolução de jasmim na Tunísia

A “revolução de jasmim” da Tunísia enfrenta hoje três destinos.

A Democracia, um golpe militar ou um caos total, que desacredite tudo quan-to está a ser feito, libertação dos presos políticos, liberda-de de imprensa, preparação de eleições livres e arruíne as pos-sibilidades de, noutros países do Magreb e árabes, se possa repetir esta experiência única, coisa cada vez mais desejada pelos seus gover-nantes autocráticos.

Até á data, no mundo mu-çulmano das margens do Me-diterrâneo, só um pais conse-guiu compaginar islamismo com democracia: a Turquia.

Não é fácil fazer rapidamen-te a mudança de uma ditadura de 23 anos, para um regime democrático. Na Tunísia as ex oposições foram dizimadas, não tem líderes expe-rimentados, nem carismáticos. As elites estão ainda paralisadas, ou no exílio, enquan-to o aparelho de estado do antigo partido no poder, RCD, se mantém intacto, apesar de ilegalizado. A nível da justiça, das empre-sas, das polícias secretas, há forças que conspiram para ao regresso de Ben Ali. De resto, a Constituição não foi ainda reformulada. Esta foi ideali-zada á medida das necessi-dades do déspota que fugiu precipitadamente, quando um general, Rachid Anmar, se re-cusou cumprir a sua ordem

de metralhar os compatriotas, mas também não fez nenhum golpe militar.

Assistimos actualmente a um povo que está a reclamar mudanças na rua, com grande participação das mulheres, das polícias e dos soldados, sem slogans religiosos, nem pro-

testos contra os ocidentais, mas que não acredita que o Governo provisório que está instalado, herdeiro do an-tigo regime, seja capaz de as re-alizar, pois não

pensa que os actuais minis-tros, só por rasgarem a carta do antigo do partido do poder, de repente, se transformem em verdadeiros democratas.

Entretanto a Europa pode ser um factor decisivo para o sucesso da Tunísia. Durante muitos anos, particularmente a partir de 1995 fez um acordo

de parceria com aquele país, para onde passou a enviar rios de di-nheiro, fechando os olhos aos des-mandos políticos do governo, e à corrupção rei-nante, a troco da perseguição, implacável, feita

ao islão radical.Agora, é altura da Europa,

começando pela França, se-guida da Espanha, e depois dos outros países da UE da margem Norte do Mediter-râneo, começarem a olhar para o que se está a passar ali. E a despachar para lá fun-cionários e apoios (Sarkozy acaba de prometer auxílio económico para apoiar as

mudanças) que facilitem o câmbio democrático de que tanto nos fazemos arautos, e que é o nosso ex-libris.

É que na actual conjuntura de crise económico-financeira internacional e nacional, não é fácil aos tunisinos realizar de forma segura e com a ra-pidez necessária essa trans-formação.

Isto não é só no interesse

deles, mas é, sobretudo, no nosso. Convém-nos, no flan-co Sul, governos que pro-movam o progresso social e satisfaçam as aspirações populares, particularmen-te da juventude magrebina, que assim deixará de sair dos seus países, à procura de melhor sorte nos estados comunitários, agora a bra-ços com a crise económico

financeira e de emprego. É do maior interesse dos europeus encorajar a democracia laica, e o respeito pelos direitos humanos nestes Estados, para provar que desenvol-vimento, islamismo e o ara-bismo não são incompatíveis com a Democracia.

António SerzedeloDirector

“ Não é fácil fazer rapidamente a mudança de uma ditadura de 23 anos, para um re-gime democrático

PROjECTO DE RESPONSABiLiDADE E CONSCiÊNCiA SOCiALAS EMPRESAS QUE AQUi ANUNCiAM SÃO MECENAS

DA CULTURA. CONSUMA NESTES ESTABELECiMENTOS

CONTACTE ATRAVÉS DE 96 388 31 43.

“ É do maior interesse dos eu-ropeus encorajar a democracia laica, e o respeito pelos direitos humanos

NA

CE

R T

ALE

L

03NA ViGiA NR

12

JAN

20

11

Page 4: NR 12_O SUL_JAN_11

Educação Ambiental e EcopedagogiaNo decorrer de mais uma

visita à Ecoteca da Anta, situada num pequeno Jar-dim colorido pela natureza e plantado no meio da selva de cimento, algures entre a Agualva e Belas, um grupo de crianças de idades compreen-didas entre os 7 e 11 anos reu-nirem-se em círculo enquanto conversam com o monitor. A determinada altura este ques-tiona-os: “…então, se, como vocês dizem, nós também somos da Natureza, quando estamos a fazer mal à Natu-reza estamos a fazer mal a quem?”

Logo a frenética Inês, res-pondona, afirma com pron-tidão: “Estamos a fazer mal a nós!” Gera-se um silêncio no ar, que o monitor respeita e deixa-o instalar-se para dar espaço aos pequenos grandes Seres Humanos ali presen-tes germinarem e assentarem a questão. Passados alguns momentos o Rui rompe o silêncio e, não escondendo a sua total incompreensão, per-gunta com profunda humil-dade: “Porque é eles (falava dos adultos) fazem tanto mal à Natureza com as fábricas, os carros e aquilo tudo?”. De imediato o Aristides, que pre-fere ser chamado Júnior, um jovem de 8 anos de ascendên-cia Cabo Verdiana, amante da Ecoteca e um apaixonado por tudo o que naquele clube de amigos da natureza se faz, res-ponde-lhe: “Olha, porque eles

esqueceram-se que também são Natureza!”

O Júnior tem toda a razão! A esmagadora maioria dos adul-tos esqueceu-se que são parte integrante da Natureza. Pode-mos ver os resultados desta gravíssima falta de consci-ência em todo o nosso redor. Desde a aplicação selvática da ciência à incessante explo-ração dos já quase findados

recursos do planeta, de forma a satisfazer uma economia e sociedade totalmente depen-dente do consumismo, como no completo desrespeito por as múltiplas formas de vida que partilham connosco este planeta e cuja existência é vital para a continuação da espécie Humana.

Pelo mesmo caminho irão a maioria das crianças que não

forem educadas dentro de um contexto Ecopedagógico, em que a consciência diária dos indivíduos esteja impregnada da ligação dos mesmos com todo o mundo envolvente – biológico, económico, social e cultural.

Ecopedagogia engloba a Educação Ambiental, mas vai muito mais além. Os princí-pios da Ecopedagogia são

mais amplos do que a edu-cação ambiental, desde que a sua prática inclua processos de “coeducação”, no marco da cultura de sustentabilidade, dentro e fora das escolas. A sustentabilidade educativa está além das nossas relações com o ambiente – ela tem a sua maior e mais importante materialização no quotidiano da vida, no profundo valor da

PUBLICIDADE

AN

A S

Of

iA V

Az

04 ACTiViSMOSNR

12

JAN

20

11

Page 5: NR 12_O SUL_JAN_11

nossa existência e nos nos-sos projectos de vida no Pla-neta Terra.

A sensação de pertencermos à Terra não se inicia na idade adulta e nem por um acto da razão. Desde a infância, sen-timo-nos liga-dos a algo que é muito maior do que nós. Desde criança sentimo-nos profunda-mente ligados ao Universo e colo-camo-nos diante dele, num misto de deslumbra-mento e de res-peito. A educa-ção pode e deve ter um papel neste processo de se coloca-rem questões filosóficas fun-damentais, mas tem a sua maior razão de existência se - prin-cipalmente - souber trabalhar ao lado do conhecimento, essa nossa capacidade de nos encan-tarmos com o Universo, ou seja, connosco próprios.

Sinteticamente falando, a Ecopedagogia procura mudar as relações Humanas, sociais e ambientais que temos hoje. Torná-las saudáveis e em har-monia com os outros e restante Universo. Isto é feito através do acordar da consciência do indivíduo, para todo o mundo à sua volta e do qual ele faz parte integrante. Daí que não possa ser encarada somente como

Educação Ambiental, é acima de tudo, consciência Pessoal e Universal.

Como pedagogo e Ser Humano, envolvo-me na Ecopedagogia com a sensa-

ção profunda que esta é, na verdade, um tremendo acto de Amor e, como tal, exige muita c o r a g e m , p o i s num mundo em que, desde cedo, somos progra-mados para pen-sarmos acima de tudo em nós pró-prios e competiti-vamente, pensar, falar e agir com a consciência e res-peito pelo Todo, o

mundo envolvente e todas as formas de vida, que na ver-dade não são mais do que uma extensão de nós próprios, é um profundo acto de cora-gem. Esse só pode verdadei-ramente materializar-se atra-vés da aplicação do conheci-mento e criatividade Humana de mãos dadas com uma entrega profunda ao Amor que em nós habita. De outra forma, começamos e termina-mos rapidamente – indepen-dentemente do nosso suposto avançado estado tecnológico e intelectual – como sobrevi-ventes e nada mais.

Carlos FairfieldPedagogo

PUBL

ICID

AD

E

“ pensar, falar e agir com a cons-ciência e respeito pelo Todo, o mun-do envolvente e todas as formas de vida, que na verda-de não são mais do que uma extensão de nós próprios, é um profundo acto de coragem.

PUBLICIDADE

PROMOÇÃONa venda de

50 GR de ouro de 19K

OFERECEMOS UM FIM DE

SEMANA EM HOTEL

para 2 pessoas

Page 6: NR 12_O SUL_JAN_11

Torna-te num Guru da Guitarra!Vem fazer Parte da Elite!

Aulas de Guitarra(Blues/Rock/Metal)

Contacto: Nuno Castelo 963 122 511

O SUL – O Segundo Primeiro Aniversário

BOLSA DE TRABALHO CULTURAL

Consultadoria Arquivística, Biblioteconomia e Genealogia 91 891 01 27

João LinoArtista Plástico

http://joaoalveslino.blogspot.com

L iv ra r ia

Um espaço qUe marca a diferença

rua do concelho, nr 13, setúbal.Junto à câmara municipal de setúbalDe 2ª a 6ª feira das 9h-13h e 14h-19h

www.francisconoa.com

SHIATSU &

REIKI

91 482 37 67

Torna-te num Guru da Guitarra!Vem fazer Parte da Elite!

Aulas de Guitarra(Blues/Rock/Metal)

Contacto: Nuno Castelo 963 122 511

Quero que O SUL se foda!

Luiz Paxeco – artista de variedades

O peido que aquela se-nhora deu, não é dela, é meu!Bocage – poeta sem eira nem beira

Continuo à espera da minha Casa-Museu.Luísa Todi – cantora pimba

Mais do que um jornal cultural O Sul é, para mim, expressão de uma saudável atitude de in-dependência, plurali-dade e inconformismo. Um jornal do seu tem-po que a região merece. Em torno da cultura, múltiplas narrativas e narradores vão cons-truindo um novo sul a cada número que sai. É cultura em acção. Pa-rabéns ao Sul, longa vida para O Sul.

Paulo Cardoso – Docente universitário

Sociais-democratas da merda!Jaime Rebelo – o homem da boca serrada

Aleluia, aleluia, ale-luia!

Mata Cáceres – autarca desempregado

Na endémica medio-cridade Eu gosto muito, mas tenho pena de não ter horóscopo

Prof. Karumba – vidente, astrólogo e outros

Deste azimute de Se-túbal, só se vê o Norte. Até que em fim que apareceu o “SUL”. PA-RABÉNS!!!!!!

Romi Vagos – mamaRosaNo crescente marasmo cultural de Setúbal, O Sul e a Prima Folia, in-sistem e muito bem, em não deixar adormecer as vontades criativas e criadoras que ainda existem na cidade. Bem hajam!

João Oliveira – Passo do Olival

Em meio da escuridão do dia-a-dia, eis que surge uma voz activa para dar um alento e clarear o caminho das pessoas, preenchendo com boa informação, cultura e também um pouco de descontrac-ção. Que este aliado nunca fique mudo e continue a percorrer as grandes distâncias e derrubar barreiras. Pa-rabéns Jornal O Sul

Elisson S. de Jesus ou simplesmente Bob

Para O SUL desejamos muitos anos de boas reportagens, grandes entrevistas, que conti-nuem a divulgar o que de melhor acontece na nossa região, que con-tinuem a ser um grande jornal com temas bas-tante interessantes. Que seja o primeiro de mui-tos aniversários deseja toda a equipa do Café Arco-Íris

Se com outros vocá-bulos, fores tratado da mesma maneira, não te sentes incomodado.

Pitonisa de Delfos – Pitonisa

06 ACTiViSMOSNR

12

JAN

20

11

Page 7: NR 12_O SUL_JAN_11

Ao assinalar o seu primeiro aniversário, o jornal O Sul demons-tra que, não só existe espaço para um projec-to como este na cidade de Setúbal, como tam-bém fazia muita falta. O Sul dá voz não só aos agentes culturais e políticos como aos próprios cidadãos, proporcionando novas ideias, discussões, ex-periências e pontos de vista, numa abordagem plural.Além disso, há que saudar a sua gratui-tidade, especialmente numa altura em que assistimos a mil e um planos de contenção, cortes na despesa e despedimentos colec-tivos em nome da crise financeira.

Pedro Soares – Experi-mentáculo Associação Cultural

O Jornal O Sul é uma alternativa à comuni-cação regular e pouco artística que se faz na região de Setúbal. Foi a minha primeira ex-periência num jornal e sei que me permitiu ga-nhar alguma noção do que é realmente parti-cipar num projecto cul-tural tão interessante. Este primeiro ano foi sem dúvida um suces-so, porque O Sul foi ca-paz de abordar temá-ticas tão interessantes quando criativas, de forma simples, dando voz a quem apenas quer falar e tem boas ideias. Os meus sinceros para-béns e espero que daqui a 50 anos O Sul ainda ande por aí, a agitar opiniões e a obrigar as pessoas a reflectirem, em vez de apenas lerem. É um prazer escrever para O Sul e dar força a este projecto. Obrigado por tudo.

João Miguel Fernandes – ECOS – Movimento Cul-tural Setubalense

Miga, ecá nã sei lerr.Mariana Torres – conser-veira fuzilada

Tendo em linha de con-ta o entediante e aco-modado panorama da Comunicação Social Local, pode dizer-se que “O SUL - Jornal Cultural e de Debates” só vem acrescentar al-gum ar fresco ao meio, acima de tudo “O Sul” é uma aposta diferente para um público dife-rente com uma aborda-gem diferente a formato já gasto.Companheiros, for-mulo desejos de um saudável crescimento e apresento-vos sauda-ções jornalísticas.Luís Mestre – SetubalTV

No meu tempo, por bem menos, já esta-vam presos. Bem sei que quando criei O SUL fiquei a ver o sol aos quadradinhos por quatro meses.

Paulino de Oliveira – Edi-tor da 1.ª série de O SUL

Um órgão de comu-nicação verdadeira-mente independente é hoje, como antes o foi sempre, uma arma vital para o desenvol-vimento civilizacio-nal. O SUL tenta sê-lo e, na nossa humilde opinião não especia-lizada, como com tudo o mais na vida, “tem dias”... Mas conhecen-do o esforço dos vo-luntários (e sublinho “voluntários”) envol-vidos e a sua tenaci-dade, é de louvar a sua persistência findo este primeiro ano de acti-vidade. Trabalhar em Setúbal e para Setúbal em outra actividade que não o assar peixe ou alugar camas (vul-go para definição ofi-cial de “turismo” por quem tem tido “sensi-bilidade” para decidir sobre a matéria) é uma missão ingrata, bem o sabemos. Mas ainda assim o SUL encon-trou o seu equilíbrio, o jornal tem conteúdo, uma boa apresenta-ção, uma voz activa e, o mais importante, es-paço e potencial para crescer. Portanto... PA-RABÉNS CARALHO! (Porque “quando se usam palavrões sem ser com o sentido con-creto que têm é como se estivéssemos a de-sinfecta-los, a torna-los decentes” - Miguel Esteves Cardoso)

António Aleixo – Low Cost Filmes

Comigo quem quiser, contra mim quem puder

Dói Maria – assessora de cabeleireiro

Vivo virado a sul. A sul vejo o rio. A sul vejo os barcos que rasgam o seu próprio destino por entre a ondulação desse rio. A sul vejo os golfinhos-ruazes sel-vagens do Sado. A sul vejo as gaivotas que perseguem as trainei-ras e os pescadores da minha cidade. A sul vejo a península-praia da minha infância. E vivo no sul. No sul da Europa. No sul do meu país. A sul da margem sul. Aqui, neste lugar - que é meu e nosso e de ninguém - leio o sul. O sul do debate de ideias. O sul da parti-lha de experiências. O sul da convergência e da divergência. O sul da análise e do con-traditório. O sul do esforço perseverante de amigos para con-tinuamente fazer (re)nascer a paixão das cumplicidades.

Fernando Casaca – Teatro do Elefante

Esta coisa é um clister em forma de papel.

Braúlio – ele mesmo

2 Supositórios e 1 Ben-U-Ron para escrever isto.Zebelina Pereira – Apoian-te do Aníbal

Putos do carralho, têm a mania que sabem al-guma coisa.

Toino Jorge – vendedor da lota

É demasiado muito sé-rio, peço desculpa.

Ritinha – animadora de espaços sociais

Tenho lido O Sul com um misto de surpresa e receio – respectiva-mente pela qualidade e pela fragilidade que estas coisas têm em sociedades em vias de organização como a do nosso país. Possa a meteorologia com-padecer-se com este fenómeno...António Amorim – Do-cente universitário

Não ponhas Kivi, Kiwi, Kivi, na sangria.Lena Raio Laser – Tran-sexual sem-abrigo

Vamos dar Rock para acordar o menino Jesus.Rodrigo Justo – criança

intelectual sadina, O SUL propôs-se a marcar a diferença pela palavra. Altas ambições, princi-palmente porque não deixa de ser duvidoso que “Setúbal” saiba ler. Ou pensar, como todos os dias os seus agentes se esforçam por nos confirmar. Colocando-se fora desse plano, O SUL arriscou-se a criar um espaço novo e respi-rável. Um espaço onde muitas vozes até então aparentemente inexis-tentes puderam surgir. Um espaço onde, até eu, um escriba vagabun-do, ocasionalmente fui encontrando um lugar. Simplesmente, não era possível pedir mais. Nem mais, nem melhor.

Tiago Apolinário Balta-zar – estudante univer-sitário

A cavalo dado não se olha ao dente.Mourinho – gestor de Re-cursos Humanos

ACTiViSMOS 07 NR

12

JAN

20

11

Page 8: NR 12_O SUL_JAN_11

61

90

1540

6279

1617 42

80

43

19 44 64

20 65

21 46 66 82

22 47 6783

2448

25

84

49

26

6985

5170

GLÓRRIA

86

27

50

68

23

81

45

63

18

41

08 zOiLOS TREMEi! POSTERiDADE, ÉS MiNHA!NR

12

JAN

20

11

ReGRAs do joGo:

5. Tens um númeRo de o suL. AvAnçA ATé à cAsA 18.

9. FosTe Ao FÓRum LuísA TodI. FIcA 10 Anos (joGAdAs) sem AvAnçAR.

14. combInAsTe IR Ao chARLoT pARA veR um FILme. esTá em obRAs. RecuA 5 cAsAs.

18. AssIsTIsTe A umA peçA do TAs. AvAn-çA 5 cAsAs

23. o TeATRo de boLso vAI seR enceR-RAdo pARA obRAs. RecuA à cAsA 14.

27. cAsA dA cuLTuRA. onde? voLTA à cAsA dA pARTIdA.

32. pARTIcIpAsTe nos mAIoRes evenTos cuLTuRAIs dA cIdAde: coRso, mAR-chAs, FeIRA de sAnT’IAGo, FesTA dA sARdInhA e FesTA dA ceRvejA. pARá Ao LonGo de 5 joGAdAs pARA AssImI-LAR o que ApRendesTe.

36. GAnhAsTe um pAsse do FesTRÓIA. joGA duAs vezes.

41. pAssAsTe peLA cAsA de bocAGe. não Aquece nem ARReFece. seGue joGo.

45. pAsseAsTe nos convenTos de s. pAuLo, mAs esTão em RuínAs. FIcA à espeRA senTAdo peLA suA Recupe-RAção Ao LonGo de TRês joGAdAs.

50. vIsITAsTe A FoRTALezA de s. FILIpe, nA espeRAnçA de veR o 2.º FesTIvAL de músIcAs do mundo. não é Ano de eLeIções e A escARpA cedeu. ResvA-LA 5 cAsAs.

Page 9: NR 12_O SUL_JAN_11

229

13

3053

4

31

6557387

7

33567488

834

355775

10

587689

11

37

1238

60

1339

6178

90

40285271

5170

GLÓRRIA

5

325472

86

14

59

77 36

9

zOiLOS TREMEi! POSTERiDADE, ÉS MiNHA! 09 NR

12

JAN

20

11

ReGRAs do joGo:

54. compRAsTe um bILheTe pARA veR A “cARmInA buRAnA”. pARA o FAzeR TIvesTe de IR pARA LIsboA. sAI do joGo.

59. vIsTe um especTácuLo num dos es-pAços nocTuRnos FIxes dA cIdAde. AvAnçA 4 cAsAs.

63. A AsAe Fez umA RusGA. FIcA 2 vezes sem joGAR.

68. pRocuRAsTe peLA cAsA-museu de LuísA TodI, mAs esTá ARRuInAdA. FI-cAs duAs vezes sem joGAR, umA poR cAdA mAndATo em que FoI pRomessA eLeIToRAL.

72. AdeRIsTe à FesTA do TeATRo. AvAnçA 5 cAsAs.

77. FosTe à TouRAdA. TouRAdA não é cuLTuRA. poR desRespeITo Aos dI-ReITos dos AnImAIs voLTAs à cAsA dA pARTIdA.

81. compRAsTe o cARTão-jovem munI-cIpAL, que Te dá desconTos FAnTás-TIcos em especTácuLos. vAI vê-Los à cAsA 9.

86. o museu dA cIdAde ceLebRA 50 Anos, poRém, esTá enceRRAdo, FARá 19 Anos, em FeveReIRo. poR soLIdARIedAde, RecuA 18 cAsAs, umA poR cAdA Ano.

Page 10: NR 12_O SUL_JAN_11

O sonho e a utopia de uma sociedade justa e verdadeiramente democrática

Vivemos tempos em que a descrença e a desilusão reinam entre os cidadãos. Vivemos tempos em que o consumismo, o materialismo, o ter em substituição do ser são os príncipes da sociedade! Estarei a ser demasiado pes-simista? Talvez! Mas é aquilo que eu sinto!

Acredito sinceramente que o ser humano não foi “criado” com o objectivo de viver neste actual estado de coisas. Seja em Portugal, na Europa ou no resto do Mundo. E se nos queixamos da actual situação sócio económica do nosso País (e temos razões para isso), imaginem o que será viver na maioria dos Paí-ses do Continente Africano.

Na nossa condi-ção de ser humano está implícita a capacidade de sermos felizes. E o que significa isto em termos mais “terra a terra”? Significa termos os meios suficientes para garantirmos uma vida digna às nossas famílias. Significa termos um emprego, uma habitação, acesso à saúde, ao ensino, enfim, tudo aquilo que é necessário para que possamos andar de cabeça erguida.

A História tem-nos ensinado que todos os avanços civilizacionais tiveram funda-m e n t a l m e n t e duas causas: a luta dos Ho-mens e as Grandes Guerras.

Obviamente que não de-sejamos mais uma Guerra Mundial, pois com os actuais

avanços tecnológicos ao nível das armas, estaria em causa a sobrevivência do nosso pró-prio Planeta.

Resta-nos, portanto, que o Homem continue a sua luta individual e colectiva pela construção de um Mundo Melhor, onde o fim último de todas as coisas seja a felicida-de do Ser Humano, sempre com total respeito pela nossa Mãe Natureza.

Mas para que esta luta indi-vidual e colectiva se concretize

é fundamental que, primeiro que tudo, haja c o n s c i ê n c i a dessa necessi-dade. Os me-canismos hoje existentes para “adormecer” os Cidadãos evo-luíram de uma forma drástica.

Muitos de nós dizíamos que antes do 25 de Abril o Estado utilizava 3 ferramentas; Os 3 Fs: Fado, Futebol e Fátima. Os mais velhos facilmente com-pararão esses meios utilizados pelos Governos de Salazar e Marcelo Caetano com os

meios actual-mente utilizados através das novas tecnologias de informação pelos grandes Grupos Multinacionais.

Qual é a lógi-ca, por exemplo, de com o actual estado de endi-vidamento das famílias, se con-

tinue a ver na comunicação social anúncios publicitários a empurrar as famílias para o consumismo, com o corres-pondente aumento das suas

dívidas para com terceiros? Dir-me-ão que as famílias

têm que ser responsáveis pe-los seus actos! Mas para que isso aconteça o cidadão tem que estar informado e forma-do. Essa é, sem dúvida, uma obrigação do Estado (porque, em última análise, o Estado somos todos nós). Mas tam-bém é um dever das ONGs, das IPSSs, das Associações Culturais e Desportivas, enfim

de todas as Estruturas criadas por cidadãos e que estão ao serviço dos cidadãos.

É o caso do Jornal O Sul, publicação que em boa hora apareceu, fruto do esforço de um grupo de jovens (e outros menos jovens). E acreditem que manter uma publicação deste tipo em formato papel e digital a sair com uma periodicidade fixa não é uma tarefa fácil.

Meus caros amigos da Pri-

ma Folia e do Jornal O Sul um abraço de parabéns pela vos-sa perseverança e coragem. E continuem, porque desta for-ma também estão a contribuir para um cidadão mais formado e informado e, consequente-mente, mais participativo na vida colectiva e na construção do tal Mundo Melhor!

Carlos de SousaPalmela, 22 de Janeiro de 2011

“ Resta-nos, portanto, que o Homem continue a sua luta individual e colectiva pela construção de um Mundo Melhor

APRESENTA A TUA IDEIA PRIMA FOLIA À MEDIDA DOS TEUS SONHOS

CONTACTA-NOS 96 388 3143

PUBLICIDADE

“ para que esta luta indivi-dual e colectiva se concretize é fundamental que, primeiro que tudo, haja consciência dessa necessidade.

AN

A S

Of

iA V

Az

10 PERifERiASNR

12

JAN

20

11

Page 11: NR 12_O SUL_JAN_11

Oito Notas sobre FátimaEm síntese, a cultura portu-

guesa desenvolveu 10 inter-pretações sobre o fenómeno das “aparições” de Fátima:

1. Fátima-Oficial: corres-ponde à visão da Igreja Cató-lica sobre Fátima, levantada desde a década de 20 pelo cónego Formigão, expressa na literatura oficial do San-tuário, que, em síntese, de-clara ter sido Nossa Senhora, desagradada com as injúrias humanas a Deus, a “aparecer” aos três pastorinhos, exigindo reparação através da oração diária do “terço”. Mais tarde, já na década de 40, por via das Memórias da Irmã Lúcia e da revelação dos dois segredos, Fátima torna-se o centro de uma feroz diabolização do comunismo e da União So-viética como explícitos alvos ideológicos a combater pela Igreja, harmonizando-se as-sim Igreja e Estado Novo nos mesmos objectivos propagan-dísticos;

2. Fátima- Farsa: desenvol-vida pelo republicano maçó-nico Tomas da Fonseca, em Na Cova dos Leões (1957), con-tinuada por João Ilharco, em Fátima Desmascarada (1971), e de certo modo retomada por Mário de Oliveira, em Fátima Nunca Mais (2000), identifica Fátima com uma impostura montada pelos clérigos con-tra o republicanismo, utili-zando jogos de espelhos ou uma imagem da Virgem, para convencer três crianças anal-fabetas da realidade das men-sagens da “Senhora, tentando recuperar a força perdida do catolicismo em Portugal;

3. Fátima-Espírita: defen-dida por Furtado de Men-donça, em Raio de Luz sobre Fátima (1974), esta tese pro-clama o pré-conhecimento

das “aparições” através da revelação feita à comuni-dade espírita de Lisboa e do Porto, que teria publicado anúncios no “Diário de No-tícias” e no “Jornal de Notí-cias” avisando dos fenóme-nos do “além” que se iriam suceder em Portugal em 13 de Maio de 1917. É interpre-tada como anunciando um novo tempo de liberdade, de dignidade e de expansão do espiritismo, finalmen-te aceite como uma teoria verdadeira e rigorosa;

4. Fátima-Extraterrestre: tese defendida por Joaquim Fernandes e Fina d’Armada, em Intervenções Extraterres-tre em Fátima (1982), As Apa-

rições de Fátima e o Fenóme-no Ovni (1995) e Fátima. Nos Bastidores do Segredo (2002), identificando a “Senhora” com um ser extraterrestre e o cora-ção de “Nossa Senhora” com a habitual “bola” produtora de luz e de imagem presente em outros “contactos”;

5. Fátima-Fatimida: tese defendida por Moisés Es-pírito Santo, em Os Mouros Fatimidas e as Aparições de Fátima (1995), declara ter sido a Serra d’Aire ocupada por berberes do Norte de África, das tribos Macemuda e Zenaga, que acreditariam no regresso do Iman Ocul-to Muhamad Al-Muntazar (Mohamed, o Esperado). As

“aparições”, constantes nesta serra desde o século X, seriam, assim, visões, não de “Nossa Senhora”, mas de “Fátima”, a filha do Profeta, prenunciando o regresso definitivo do Iman Oculto.

6. Fátima-Rosacruciana: tese defendida por A. Mon-teiro, em O Que é Fátima? (2000), postula ser Fátima uma “charka” da Terra, onde flui uma corrente de espiritua-lidade, permitindo a transmis-são e comunicação de energia de um corpo para outro e de um mundo para outro. Assim, as visões não seriam de “Nossa Senhora”, mas de uma menina de “grande beleza, de baixa estatura, que viveu naquela

região e que faleceu em plena juventude”, encontrando-se no “1º céu;

7. Fátima-Sentido-do-Século-XX: nova tese, que prolonga e actualiza a tese Fátima-Oficial, defendida por J. César das Neves, em O Século de Fátima (2002), tese como que prenunciada em O Segredo que Conduz o Papa: A Experiência de Fátima no Pontificado de João Paulo II (2000), de Aura Miguel. Es-crito após a revelação do “3º segredo” e já o englobando, interpreta o conteúdo das “aparições” de “Maria” como a revelação à Igreja Católica da sua missão de martírio e pe-nitência ao longo de 100 anos de perseguição e martírio, fin-dados no exacto momento em que Nossa Senhora terá des-viado a bala que assassinaria João Paulo II, não deixando assim cumprir-se a profecia do “Terceiro Segredo”,

8. Fátima-Criação-da-Igreja: Ao contrário das teses historicistas sobre Fátima, que sempre defenderam ter sido esta que se impôs à Igreja, obrigando-a a prestar-lhe reconhecimento oficial, Luís Filipe Torgal publica As “Apa-rições” de Fátima. Imagens e Representações (1917-1939), provando que Fátima é uma “construção” ou uma “criação” da estrutura hierárquica da Igreja a partir de 1920, sob a intervenção empenhada de dois clérigos: D. José Alves Correia da Silva, bispo da então restaurada diocese de Leiria, iniciando desde 1921 o processo de compra dos ter-renos do futuro santuário, e do cónego Formigão;

Miguel RealEscritor

ALUGA-SE ATELIER A ARTISTAS

PUBLICIDADE

CR

EA

TiV

E C

OM

MO

NS

PERifERiAS 11 NR

12

JAN

20

11

Page 12: NR 12_O SUL_JAN_11

Mahatma Gandhi e o Dia Internacional Da Não-Violência (II)

Gandhi, dizia repetidas vezes aos hindus, que deus não era mo-nopólio das castas mais elevadas. Desta forma, as portas de todos os templos hindus, deveriam estar abertas para toda a gente, principalmente para as castas mais baixas. Importa referir que, depois de ter atingido a idade adulta, gandhi nunca entrou em qualquer templo hindu, embora tivesse nascido no seio de uma familia hindu de casta superior, “vanijya”, culta e abastada.

Com o objectivo de se eli-minarem as divisões entre as pessoas que constituem uma sociedade, gandhi defendia que deveriam ser prestados cuida-dos especiais aos pobres e às pessoas das castas mais baixas. Como é do conhecimento co-mum, a india é uma sociedade organizada com base num in-justo sistema de castas, contra o qual o mahatma se revoltou intensamente. A casta de nivel inferior é vulgarmente chama-da “shudras”, ou a casta dos intocáveis. Aos intocáveis, gandhi preferiu chamar “ha-rijan”, que significa “filhos de deus”. Foi também com este nome que gandhi intitulou o seu jornal “harijan”.

Tradicionalmente a india (as outras sociedades não cons-tituem excepção) tratava a mulher, como pertencendo ao segundo sexo, sexo fraco e, neste sentido, era tratada como escrava. A sua obrigação fundamental era a de servir e obedecer ao homem. Gandhi de igual modo se revoltou con-

tra esta condição da mulher.No contexto da sua filosofia e

durante a luta da india pela sua independência, gandhi definiu e difundiu o seu conceito de es-tado ideal: “ o estado ideal será aquele em que, um dia, a chefia do estado da india for exercida por uma mulher harijan. Isto corresponderia á liertação da antiga escravidão de casta e discriminação contra as mu-lheres. Com esta declaração, gandhi provocou uma profunda ruptura no sistema de castas e, por conseguinte, no estatuto de inferioridade da mulher, patente em todas as castas.

Para o mahatma, a mulher e o homem são iguais, declarando mesmo que, em alguns casos, a mulher desempenha funções

mais importantes do que o ho-mem. “A mulher sofre quando dá à luz uma criança. É também ela que a alimenta com o seu próprio sangue durante nove meses, após os quais, continua a alimentá-la com o seu próprio leite.”

Para gandhi, “a mulher faz muito mais sacrifícios do que o homem. É capaz de se mul-tiplicar em diversas funções. Pela sua condição natural, a mulher é a mãe da humani-dade. Primeira educadora e arquitecta da nação, do futuro e de toda a humanidade”.

Desta forma, gandhi ape-la ao homem que aprenda a respeitar a fundadora da humanidade. Quando este-ve na áfrica do sul, em 1913, gandhi encorajou a sua esposa

kastur, a tomar parte activa na luta contra a lei injusta do casamento dos cidadaos não-brancos.

Kastur participou tão acti-vamente, juntando a si cente-nas de mulheres, que acabou por ser feita prisioneira, pelo governo do apartheid da áfrica do sul. Para gandhi, a prisão de kastur significou a sua pró-pria libertação, assim como a libertação de todas as outras mulheres. Mais tarde, quando gandhi regressa á india, orienta um movimento social, fazendo com que milhares de mulheres entrem nas prisões da india, pelo que passaram a ser cha-madas “filhas corajosas”.

De facto, nenhuma nação pode ser perfeita, enquando

as mulheres não participarem activamente em todos os do-mínios da vida pública, como parceiras, colegas e amigas do homem. A natureza não fez a mulher fraca e escrava. Foi o homem que, ao longo dos séculos, lhe atribuiu esta condição. A mulher deverá ser suficientemente corajosa para mudar esta situação e o homem deverá estar a seu lado nesta luta, através da qual também se libertará para que, desta forma, a civilização humana se torne finalmente forte, saudável e feliz. A mulher é, para gandhi, a fonte poderosa para a trans-formação da humanidade.

O seu conceito de liberdade é totalmente abrangente, incluindo cada aspecto da vida humana. Gandhi, quis que a india e que toda a humanidade, se libertas-sem de qualquer forma de domi-nação. A sua noção de liberdade, não está apenas restrita à vida política dos paises. Durante toda a sua vida trabalhou arduamente para reunir pessoas de diferen-tes ideais e ideologias políticas. Sabendo ser um trabalho difícil, continuou-o até ao fim da sua vida. Experimentando com a unanimidade da verdade, al-gumas vezes foi bem sucedido, noutras falhou redondamenente. Mas nunca se tornou um pessi-mista, pois a busca pela verada-de, não o permitia.

(Continua no número se-guinte)

Anil Samarth,Professor - [email protected]

Espirituosas, licorosas, destiladas e encevadas

TRAVESSA DOS GALEÕES, L. 5 C

Solta a franga e arredores

PUBLICIDADE

AGÊNCIA DE VIAGENS

WWW.MILDESTINOS.PTSHOPPING ARANGUÊS LJ 31265 528 346

MiR

iAM

RA

BA

çA

L

12 PERifERiASNR

12

JAN

20

11

Page 13: NR 12_O SUL_JAN_11

Contrastes – parte 1A Índia é como o que vemos

na TV, no cinema, nos roman-ces? Definitivamente não. Não se pode esperar nada da Índia, tudo é possível, tudo acontece simultaneamente. Aqui faz-se devagar mas vive-se caotica-mente. O facto de ter vivido integrada na sociedade como estagiária numa universidade, com responsabilidades peran-te uma hierarquia, vivendo com eles, comendo com eles e utilizando as mesmas infra-estruturas que eles (incluindo as sanitárias), permitiu-me obter uma perspectiva desta cultura diferente da de um turista. A adaptação às condi-ções de higiene e salubridade, completamente deploráveis, foi fácil e rápida; por outro lado, mesmo comunicando na mesma língua, a adaptação à sociedade foi mais demorada devido a convenções sociais e a uma linguagem corporal completamente diferentes. O facto de ser uma mulher ocidental, livre e “dona do pedaço”, não ajudou.

O oriental vive colectiva-mente, por isso cedi o meu espaço privado, tanto físico como social. No autocar-ro carrego ao colo sacos de batatas da velhota do fundo; numa mão tenho o portátil do estudante que vai agarrado à porta e com a outra passo o dinheiro entre o passageiro e o fiscal que se encontram sepa-rados por centenas de pesso-as… e mais tarde o bilhete. No comboio durmo exposta, sem protecção, com as malas perto de mim. Ninguém me rouba, ninguém me viola. Nas cele-brações e rituais religiosos sou convidada a meditar, a cantar, a banhar-me, a cobrir a testa com pó de sândalo e talco. As pessoas ajudam-me e pedem-me ajuda. Não por favor, mas porque a sociedade é colectiva, a acção comunitária é orgânica

e ocorre de uma forma fluida e natural, sem expectativas nem cobranças… excepto quando estou a regatear. Mas não há espaço para o individualismo nem para a minha opinião, te-nho que me sentar onde o fis-cal manda, tomar as decisões dos outros como verdades absolutas sem con-testação, tenho que me vestir de certa forma, e sendo mulher tenho que agir de certa forma. Fumar, beber ou expor as pernas e ombros trazem atritos com a po-lícia, que na verdade dão para escapar agindo como uma tu-rista branca ingénua – leia-se estúpida – ao invés de pagar ao polícia.

As mulheres têm um pa-pel bem definido na socie-dade e um grande objectivo – o casamento. Tal como no ocidente, existem mulheres que não querem “ficar para tias”, vivendo em função de um pacote de características que as tornam mais atractivas.

Os casamentos arranjados são, sem dúvida, a maior expres-são do sistema de castas, sendo também uma das poucas. O arranjo está na compatibi l i-

dade das características dos futuros noivos que incluem o nível de estudos, a religião, a situação económica, a si-tuação astrológica, entre ou-

tros. Os pretendidos podem recusar os pretendentes caso não sejam do seu agrado: uma queimadura na cara cuja ci-catriz protuberante provocou um desvio na simetria natural dos lábios foi motivo suficien-te para a pretendida recusar o pretendente. O arranjo também pode ser proposto pelos noivos: dois estudantes universitários apaixonados casaram-se após concluir o curso, dada a compatibilidade, com permissão dos pais. Desta forma perpetua-se uma ordem social segregativa na tentativa de produzir casamentos ide-ologicamente perfeitos, não havendo espaço para rela-ções entre castas sociais. Há “casais proibidos” que fogem com o objectivo de começar uma vida nova noutra cidade

e são bem sucedidos; outros são perseguidos por familiares de “honra ferida”, por vezes até à morte.

A minha viagem pela Índia, e mais tarde pela Tailândia, revelou-me que, apesar de através de meios diferentes, todos queremos o mesmo fim: uma casa para viver, uma fa-mília para amar, a segurança de que a nossa vida tem um objectivo e é isto que nos tor-na iguais. Impressionou-me como a família pode ser tão respeitada e nutrida, como a cultura pode ter tantas expressões, como a religião pode ser tão racional. Mas não me esqueço do desastre ambiental que testemunhei na Índia…

Miriam Rabaçal

“ As pesso-as ajudam-me e pedem-me ajuda. Não por favor, mas porque a sociedade é colectiva

PUBLICIDADE

MiR

iAM

RA

BA

çA

L

PERifERiAS 13 NR

12

JAN

20

11

Page 14: NR 12_O SUL_JAN_11

Setúbal do ponto de vista de um jovem de 22 anos

Aos meus olhos, Setúbal não é uma cidade assim tão má como por aí opinam. É como um diamante que ain-da não foi laminado, mas que tem imensa qualidade.

Cresci numa altura em que Setúbal foi afectada por deci-sões políticas bastante erradas, o que originou transformações sociais. Primeiro no valor que as pessoas davam à cidade, de-pois destruindo partes impor-tantes do património cultural de Setúbal. Felizmente, nos úl-timos anos esse panorama tem mudado, mas o pessimismo generalizou-se e transpôs-se para a minha geração. É co-mum ouvir-se um jovem de 17 ou 20 anos dizer que “Setúbal não tem nada, não tem sítios para onde sair, não acontece nada”. Esta é uma opinião quase generalizada quando interroga-mos um jovem entre os 16 e os 23 anos. Contudo, é uma ideia completamente errada. Acredito que poderíamos ter muito mais e em maior qua-lidade, porque a cidade tem tudo para ser uma das mais impor-tantes do país a todos os níveis! Infelizmente não temos mais, mas não temos as-sim tão pouco. A nível cultural produzimos bandas e músicos de forma quase instantânea, surtindo efeitos bastante posi-tivos. Para isso basta olharmos aos exemplos de sucesso dos More Than A Thousand, dos The Doups ou até mesmo do Toy. A nível do teatro, da pin-tura, de artistas plásticos, etc, temos uma enorme qualidade e em boa quantidade. Os eventos ocorrem quase todos os dias pela cidade, por vezes vários ao

mesmo tempo, a preços bas-tante baixos, tendo em conta outras cidades com rendimen-tos equiparáveis. Aqui não nos podemos queixar. Se não va-mos a nenhum evento, então não podemos dizer que não há nada. A nível social temos várias sociedades recreativas, alguns bons parques, como do de Algodeia e de Vanicelos (o do Bonfim não é de todo bom exemplo).

Cafés e bares existem, mas aqui é a maior falha. Se cafés existem em excesso e em enor-me qualidade e originalidade (exemplo do Octubrus ou La Bohéme), já bares tendem a ser cópias uns dos outros, oferecen-do pouco de inovador à cidade. Não creio de modo algum que a cidade ofereça pouco a nível cultural. Talvez a nível de entre-tenimento ligado com a noite, ou seja, bares e discotecas, tenha pouca oferta de qualidade.

Nos “adultos” há a “mania” de dizer que “Setúbal é um dormitório, não tem empregos, a baixa está a mor-rer”. Tudo isto é uma verdade, mas também é verdade que para inverter esta situação é preciso que cada um de nós, en-quanto indivíduos, a contribuir posi-tivamente para a

nossa cidade. Não basta ficar sentado no sofá e dizer que Setúbal não tem nada para oferecer. Temos que criar e fazer desenvolver. Para isso basta vontade e esforço. É o mínimo, o resto vai-se con-seguindo aos poucos. O mal de Setúbal não está propria-mente na cidade, mas sim na mentalidade das pessoas. É necessário aproveitar espaços, dinamizar outros, criar mais,

investir, publicitar lá fora, ar-riscar! E para isso temos que sair à rua e ir aos nossos cafés, aos nossos eventos, às nossas sociedades, à nossa baixa. É óbvio que isto não depende tudo apenas das pessoas, a Câmara também tem que

apoiar novos projectos. Mas se têm novos desafios, no-vas ideias, para transformar a baixa da cidade, o comércio, a cultura, porque não tentar ter sucesso? Setúbal é uma potência imensa e tem tudo para explodir positivamente.

Depende de cada um de nós se essa explosão é positiva ou negativa. Por mim será posi-tiva, e para vocês?

João Miguel FernandesEcos – Movimento Cultural

Setubalense

“ Não basta fi-car sentado no sofá e dizer que Setúbal não tem nada para oferecer. Temos que criar e fazer desen-volver.

fiCHA TÉCNiCA:Propriedade e Editor: Prima folia - Cooperativa Cultural, CRL Morada: Rua fran Paxeco nr 176, 2900 - 274 Setúbal Telefone: 96 388 31 43 Nif: 508254418 Director: António Serzedelo Subdirectores: josé Luís Neto Consultor Especial: fernando Dacosta e Raul Tavares Conselho Editorial: Catarina Marcelino, Daniela Silva, Hugo Silva, jaime Pinho, Leonardo da Silva e Maria Madalena fialho Directora de Arte: Rita Oliveira Martins Consultor Artístico: joão Raminhos Morada da redacção: Rua fran Pacheco n.º 176 1.º andar 2900-374 Setúbal E-mail: [email protected] Registo ERC: 125830 Depósito Legal: 305788/10 Periodicidade: Mensal Tiragem: 10.000 exemplares impressão: Tipografia Rápida de Setúbal Morada da tipografia: Travessa Gaspar Agostinho, nr 1 - 2º - 2900-389 Setúbal Telefone: 265 539 690 fax: 265 539 698 E-mail: [email protected]

AN

A S

Of

iA V

Az

CULTURA14NR

12

JAN

20

11

Page 15: NR 12_O SUL_JAN_11

“Gostaria de viver da música, pois dá-me prazer”

O SUL – Qual a tua relação com a música?Gerson Santos – Comecei aos 10 anos, com piano em lições particulares. No Algarve, onde passo as férias com a família, iniciei-me na guitarra, faz dois anos. Fui apren-dendo com os amigos, vendo outros e indo à net. Recebi a minha guitarra no Natal e ago-ra já toco alguma coisa. Desde en-tão pratico uma hora a hora e meia por dia, sendo que nas férias varia muito, mas é tudo muito mais intenso. Por vezes chego a tocar um dia inteiro, mas apesar de ter consciência que é necessário um imenso trabalho e disciplina, não vivo angustiado com isso. Para além disso estudo no conserva-tório, onde aprendo formação musical, coro e piano.

S – Como foi a tua participa-ção no “Ídolos”?GS – As audições foram no fi-nal do Verão. Havia quase 50

000 inscrições pelo que tive-mos de passar por várias au-dições até que, em Novembro, éramos doze. Então, pratica-mente mudei-me para Lisboa. Só vinha a Lisboa no final das noites de domingo e cá ficava

às segundas-feiras. De terça a domin-go vivia vibrante-mente, passando os dias a ensaiar e em workshops. Era tudo muito inten-so. Chegava ao fim do dia estafado. Só parava finalmente para jantar e, logo após, íamos todos

para o hotel cair derreados sobre a cama. Havia discipli-na, mas fomos sempre super bem tratados pela produção. Só tenho que lhes agradecer a simpatia.

S – Imagino que tenham ha-vido alterações na tua vida por teres participado num programa de grande audi-ência. Quais foram?GS – Participar foi engraçado, foi bom. Para se perceber a vi-sibilidade é olhar para coisas

mais simples. Quando entrei no programa tinha mais de uma centena de amigos no facebook. Quando de lá saí tinha 5000 e essa conta rebentou. Havia várias outras contas com o meu nome também, as quais não me pertenciam. Actualmente continuo nessa rede social, mas tenho um número de amigos absolutamente normal. De que serve dizer que tenho muitos amigos virtuais se não conheço nem metade deles?Independentemente disso, só quando retornei a Setúbal tive a noção que, para além de mim e da minha família, também representei, de certa forma, a cidade. Afinal tinha muito mais responsabilidade do que pensava, disse a mim

próprio. No entanto, tudo isso me passou ao lado. Na escola sempre me dei bem. Quan-do lá retornei fui muito bem recebido. A diferença maior está no número de pessoas me conhece. Sabes, sempre me preocupei simplesmente em ser eu próprio.

S – Que planeias fazer?GS – Comecei a tocar em pú-blico na minha escola, num projecto de uns amigos meus. Também no Algarve, pela cum-plicidade que tinha com anima-dores dos “bifes”, fui desafiado a tocar. Toquei e cantei, tanto em português como inglês e aci-ma de tudo diverti-me. Quero investir fortemente na música. Sinceramente gostaria de viver

da música, pois dá-me prazer. Componho músicas, já tenho algumas. Vou fazendo-as na guitarra, porque para mim, o piano é muito mais complexo que a guitarra. Naturalmente é consequência do modo e da idade com que iniciei essa rela-ção. Por enquanto vou terminar o 12.º ano e o conservatório, depois logo verei. Estou en-volvido numa lista candidata à Associação de Estudantes, pois devemos agir onde estamos e no presente. Depois gostaria de prosseguir os estudos, não excluo que o faça em Portugal, mas sonho, e sonhar é bonito, com ir para a London Music School, em Londres.

José Luís Neto

“ só quando retornei a Setúbal tive a noção que, para além de mim e da minha famí-lia, também re-presentei, de certa forma, a cidade

Gerson Santos nasceu em 1993. Começou a ter aulas particulares de piano aos 10 anos de idade. Após uma pausa de um ano, ingressou no Conservatório de Setúbal onde até hoje é dis-cente. Jovem, sentiu o fascínio dos programas televisivos e participou, em 2010, num deles. De cerca de uma vintena de milhar de candidatos, terminou a sua participação entre os dez pri-meiros. Representante de uma nova geração sadina, que brevemente se fará ouvir intensa-mente ou migrará para outras paragens, não se lhe poderá apontar sede de vedetismo, mas antes uma sincera vontade legítima de dar a conhecer o que faz e o que o apaixona, pretendo partilhá-lo sem rodeios. Os preconceitos con-servadores estilhaçam diante um pensamento claro e expurgado dos epítetos qualificativos tradicionais. As mentalidades vão mudando, é parte importante da vida.

diz Gerson Santos a O SUL

PUBLICIDADE

GE

RS

ON

SA

NTO

S

OFicina de máScaraS venezianaS 12 e 19 de FevereiroOrientadora professora paula limaduraçãO 12hOraS. das 10h às 13h e das 14h às 17h.necessário marcação prévia - limite de inscrições (12) . preçO 30 €lOcal: cooperativa cultural prima Folia - rua Fran pacheco 176 Setúbalcontacto, 963883143 para mais informações

CULTURA 15 NR

12

JAN

20

11

Page 16: NR 12_O SUL_JAN_11

Sede: Rua Cabral Adão lote 18 – loja 16 – 2900 – 679 Setúbal Tel. 265 571 316 / Fax 265 548 189 - [email protected]

AMI 2355 APEMIP 947

GRAndE OFERTA 3 ASSOAlhAdAS TOTAlMEnTE REMOdElAdAS

BOAS AREAS, vISTA PAnORâMICA SOBRE O RIO

OFERTA dE ElETROdOMéSTICOS

APEnAS!!! 69.500 €, SE COMPRAR ATé FInAl dE FEvEREIRO dE 2011 uMA OFERTA ESPECIAl quE vAI GOSTAR

MARquE já A SuA vISITA!!!

TEl. 91 91 90 777

ARREndAMEnTOS

T2 - com mobilia e terraço

quatro Caminhos...................................…................................ 400,00 €

T2 - com mobilia, inclui água e luz

quatro Caminhos...................................…................................ 400,00 €

ACADEMIA PROBLEMÁTICA E OBSCURA a questionar desde 1721

RUA FRAN PAXECO NR 178 . http://primafolia.blogspot.com . [email protected] . TEL: 96 388 31 43

04 dE FEvsEX. às 20:00

JAnTAR E DEbATE SObRE O TEmA a imprEnsa rEgional COm RAúL TAVARES E pEDRO bRinCAJAnTAR 10 fOLiAS (8 fOLiO DiVinuS)

03 dE FEvqUi. às 21:30

CinEmA EnTRADA LIvRE!

10 dE FEvqUi. às 21:30

CinEmA EnTRADA LiVRE!

11 dE FEvsEX. às 21:30

pALESTRA a assistência privada Em torno da santa casa dE sEtúbal DE DAniELA SiLVAEnTRADA LiVRE!

12 dE FEvsáb. às 20:00

JAnTAR COm ELíSiO SummAViELLE - SECRETáRiO DE ESTADO DA CuLTuRA E pALESTRA SObRE as políticas do patrimónioJAnTAR 10 fOLiAS (8 fOLiO DiVinuS)

17 dE FEvqUi. às 21:30

CinEmA EnTRADA LiVRE!

18 dE FEvsEX. às 20:00

JAnTAR E DEbATE SObRE O TEmA a imprEnsa altErnativa COmCARLOS CATALãO (O REpóRTER SADinO), LuíS TEixEiRA (muDAR O munDO) E LEOnARDO SiLVA (O SuL) JAnTAR 10 fOLiAS (8 fOLiO DiVinuS)

24 dE FEvqUi. às 21:30

CinEmA EnTRADA LiVRE!