Nova Farmácia Saúde · zona residencial de comércio tradicional e restauração, de fácil...

132
Nova Farmácia Saúde Ivan Miranda Ramos

Transcript of Nova Farmácia Saúde · zona residencial de comércio tradicional e restauração, de fácil...

  • Nova Farmácia Saúde

    Ivan Miranda Ramos

  • Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

    Relatório de Estágio Profissionalizante

    Nova Farmácia Saúde

    fevereiro de 2016 a julho de 2016

    Ivan Miranda Ramos

    Orientador: Dr.ª Mª Rita de Azevedo Menezes de Araújo Monteiro Osório

    Leite

    _____________________________________________________

    Tutor FFUP: Susana Isabel Pereira Casal Vicente

    _____________________________________________________

    setembro de 2016 ii

  • Declaração de Integridade

    Eu, Ivan Miranda Ramos, abaixo assinado, nº 110601161, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento. Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

    Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

    Assinatura: ______________________________________

    iii

  • Agradecimentos

    Terminado o meu estágio curricular em farmácia comunitária, o único sentimento que possuo é de enorme gratidão por toda a equipa da Nova Farmácia Saúde, por toda a ajuda prestada nos quatro meses de caminhada na respetiva farmácia. Sem dúvida foram estas pessoas, a Dr.ª Alexandra Gonçal-ves, a Dr.ª Tânia Mateus, a Fátima Lopes e a Sofia Frazão que fizeram este difícil e sinuoso percurso, uma experiência única de vida, que certamente me permitirá possuir bases de conhecimento científico e de relacionamento interpessoal, que me serão bastante úteis na minha vida pessoal e profissional. O início de uma experiência como um estágio curricular, é algo complicado de entrar no ritmo, dado que a mentalidade de um estudante intrinsecamente é distinta de um estagiário, daí que denoto um enorme crescimento nesse âmbito. Felizmente, sempre tive um forte apoio desde família a amigos, não esquecendo todos os colaboradores da farmácia, que sempre confiaram na minha personalidade e acreditaram nas minhas capacidades. Tentei sempre ser um bom ouvinte, aprender com quem sabia mais do que eu, mas sempre tentando manifestar a minha opinião e as minhas ideias, sempre na busca da melhoria dia após dia, sempre com a intenção de melhor servir a população, dado é para isso que somos farmacêuticos, e é nisso que devemos ter orgulho. Também não posso deixar de agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a todos os seus professores, pelos ensinamentos partilhados durante estes últimos cinco anos. À Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por todo o em-penho e dedicação na elaboração e organização dos estágios curriculares, e em especial à Professora Susana Casal, minha tutora de estágio, pelo incansável apoio e ajuda neste período. A todos os que contribuíram para que o meu estágio fosse melhor, o meu especial obrigado.

    iv

  • Resumo

    O farmacêutico comunitário, sendo um profissional de saúde, e dada a sua relação direta com a comunidade com a qual está inserido, possui uma enorme relevância no bem-estar do utente que se dirige à farmácia em busca de aconselhamento e ajuda. Deve possuir não só uma componente ética bastante acentuada, mas também um elevado profissionalismo e competência. O estágio em farmácia comunitária possui como grande objetivo o colocar em prática diaria-mente os conhecimentos científicos adquiridos durante os vários anos de ensino universitário, daí ser apelidado de estágio profissionalizante. Este estágio é a rampa de lançamento de um jovem estagiário para o mercado de trabalho, aumentando a sua credibilidade como profissional e incutindo no mesmo rotinas e responsabilidades, que façam do mesmo um farmacêutico do século XXI, dinâmico, conhe-cedor e empreendedor. Nesta minha passagem pela Nova Farmácia Saúde, de estágio curricular, senti-me perfeita-mente integrado na equipa, executando desde uma fase inicial do meu estágio as mais diversas funções realizadas por um farmacêutico comunitário. Contribui ativamente para a dinâmica diária da farmácia, realizando a receção de encomendas, o armazenamento das mesmas, realizei controlo de stock dos produtos e prazos de validade, verifiquei receitas médicas (no decorrer do meu estágio em menor nú-mero, devido à utilização de receitas eletrónicas) e realizei atendimentos ao balcão, sempre tendo em vista o melhor aconselhamento farmacêutico possível. Durante o aconselhamento, numa fase inicial do meu estágio, pude observar como se procedia, sendo que rapidamente me deram autonomia e confian-ça para realizar esta complicada mas motivadora tarefa, sendo que sempre que possuí alguma dúvida tentei esclarecê-la junto dos farmacêuticos, para melhor ajudar o utente. Estes quatro meses de estágio foram sem dúvida os mais desafiantes e recompensadores. Cresci muito a nível pessoal, mas sobretudo a nível de conhecimento científico. As diversas situações com as quais tive de lidar, todas elas inesperadas, tornaram-me sem dúvida um profissional de saúde pronto para o mercado de trabalho e preparado para todo e qualquer desafio que surja, independente da área que prossiga. Decidi que a minha passagem por esta farmácia, e por esta comunidade, tinha de ser profícua não só para mim, mas também para os utentes, daí que tenha desenvolvido alguns projetos, sempre tendo em vista a melhoria da farmácia e das condições e serviços prestados por esta aos utentes. Posto isto, foi um enorme prazer realizar estes projetos, que irei descrever mais adiante, sendo que o feed-back recolhido da equipa e da população não poderia ter sido melhor.

    v

  • Índice

    Declaração de integridade iii Agradecimentos v Resumo v Índice vi Lista de abreviaturas ix

    Parte 1 - Apresentação da Nova Farmácia Saúde 1 1.1- Organização física e funcional da farmácia 1 1.1.1- Localização, horário de funcionamento e perfil dos utentes 1 1.1.2- Espaço físico exterior e interior 2 1.1.3- Recursos humanos 6 1.2- Comunicação interna 6 1.3- Comunicação externa 6 1.4- Fontes bibliográficas e de informação 7 1.5- Gestão de stock, encomendas e aprovisionamento 7 1.5.1- Sistema informático 7 1.5.2- Gestão de stock 8 1.5.3- Realização de encomendas 9 1.5.4- Receção de encomendas 10 1.5.5- Armazenamento 11 1.5.6- Gestão dos prazos de validade e devolução de produtos 11 1.6- Dispensa de medicamentos e produtos de saúde 12 1.6.1- Medicamentos sujeitos a receita médica 13 1.6.1.1- Receita médica 13 1.6.1.2- Validação da prescrição e dispensa de medicamentos 14 1.6.1.3- Comparticipação de medicamentos 16 1.6.1.4- Conferência de receituário 17 1.6.1.5- Avaliação farmacêutica e aconselhamento 17 1.6.1.6- Informações a prestar ao utente 18 1.6.1.7- Medicamentos genéricos e sistemas de preços de referência 18 1.6.2- Medicamentos não sujeitos a receita médica 19 1.6.3- Medicamentos manipulados 20 1.6.4- Produtos fitoterápicos 20 1.6.5- Produtos homeopático 21 1.6.6- Produtos destinados a uma alimentação especial e produtos dietéticos 21 1.6.7- Dispositivos médicos 22

    vi

  • 1.6.8- Produtos de cosmética e higiene corporal 23 1.6.9- Medicamentos de uso veterinário 23 1.7- Serviços farmacêuticos prestados 23 1.8- Marketing da farmácia 25 1.9- Formação complementar 26 1.10- Cronograma de atividade 26

    Parte 2: Projetos desenvolvidos na Nova Farmácia Saúde 28 Projeto I: A intervenção do farmacêutico no cancro colorretal 28 a) Contextualização 28 b) Sintomatologia 28 c) Fatores de risco 28 d) Métodos de rastreio e diagnóstico 29 d1) Pesquisa de sangue oculto nas fezes 30 d2) Exames imagiológicos 30 e) Papel do farmacêutico comunitário 31 Projeto II: Alteração da área dos produtos de uso animal na farmácia 33 Projeto III: Introdução do serviço de podologia na farmácia 34 Projeto IV: Utilização do método SCORE para calcular o risco de desenvolver doenças cardio-vasculares 35 a) As doenças cardiovasculares em Portugal 35 b) A importância da prevenção 36 c) Risco cardiovascular 36 d) Importância e limitações das ferramentas de cálculo do risco cardiovascular 37 e) Ferramentas de cálculo do risco cardiovascular: um pouco de história 38 f) Método SCORE 39 g) Rastreio cardiovascular: as vantagens e a utilização do SCORE 39 Conclusão 41 Bibliografia 42 Anexos 45

    Anexo 1- Espaço exterior da farmácia 45 Anexo 2- Balcão de atendimento 46 Anexo 3- Gôndola central e lineares de exposição presentes na área de atendimento ao públi-co 47 Anexo 4- Gabinete de atendimento personalizado 48 Anexo 5- Frigorífico para armazenar medicamentos e produtos que necessitam de refrigera-ção 49 Anexo 6- Área de receção de encomendas 50

    vii

  • Anexo 7- Gavetas deslizantes e estantes para medicamentos 51 Anexo 8- Armazém 52 Anexo 9- Gabinete da direção técnica 53 Anexo 10- Sala utilizada nas consultas de nutrição 54 Anexo 11- Caixa plástica que transporta os medicamentos e produtos para a farmácias 55 Anexo 12- Caixa plástica que transporta produtos especiais 56 Anexo 13- Contentor VALORMED 57 Anexo 14- Planificação do rastreio do Cancro Colorretal 58 Anexo 15- Panfleto de divulgação do rastreio do Cancro Colorretal 59 Anexo 16- Critérios de inclusão dos utentes no rastreio do Cancro Colorretal 60 Anexo 17- Indicações a cumprir na preparação para exames laboratoriais 61 Anexo 18- Intervenção farmacêutica no rastreio do Cancro Colorretal 62 Anexo 19- Expositores de balcão dos Produtos Uso Veterinário 63 Anexo 20- Reestruturação dos Produtos de Uso Veterinário 64 Anexo 21-Material de divulgação dos Produtos de Uso Veterinário 65 Anexo 22- Inquérito de satisfação: alteração do local dos produtos de uso veterinário e perce-ção do consumidor 66 Anexo 23-Instalações do serviço de podologia na farmácia 67 Anexo 24- Taxa de mortalidade padronizada para acidentes vasculares cerebrais por 100.000 habitantes em Portugal continental (2008-2012) 68 Anexo 25- Taxa de mortalidade padronizada para enfarte agudo de miocárdio, por 100.000 habitantes, em Portugal Continental (2008-2012) 69 Anexo 26- Contextualização do Risco Cardiovascular 70 Anexo 27- Tabela SCORE em populações com alto risco cardiovascular 71 Anexo 28- Tabela SCORE em populações com baixo risco cardiovascular 72 Anexo 29- Resultados relativos ao Rastreio Cardiovascular 73 Anexo 30- Resultados relativos ao Rastreio Cardiovascular (continuação) 74

    viii

  • Lista de abreviaturas

    ANF- Associação Nacional das Farmácias BPF- Boas Práticas da Farmácia CC- Colonoscopia CNP- Código Nacional Português CU- Colite Ulcerosa CRC- Cancro Colorretal DC- Doença de Crohn DCI- Denominação Comum Internacional DM- Dispositivo Médico DML- Diabetes Mellitus DL- Decreto Lei DT- Diretor Técnico FAP- Polipose Adenomatosa Familiar FEFO- First Expired, First Out Glintt- Global Intelligent Technologies IMC- Índice de Massa Corporal INFARMED- Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. MNSRM- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica MUV- Medicamentos Uso Veterinário NFS- Nova Farmácia Saúde PCHC- Produtos de Cosmética e Higiene Corporal PIC- Preço Impresso na Cartonagem PNV- Plano Nacional de Vacinação PVF- Preço Venda à Farmácia PVP-Preço Venda Público PSOF- Pesquisa Sangue Oculto nas Fezes RCM- Resumos de Características do Medicamento RM- Receita Médica RE- Receita Eletrónica SNS- Serviço Nacional de Saúde SL- Síndrome de Lynch VALORMED- Sociedade responsável pela gestão dos resíduos e embalagens e medicamentos fora de uso

    ix

  • Parte 1: Apresentação da Nova Farmácia Saúde 
1.1 – Organização física e funcional da farmácia 
 1.1.1 – Localização, horário de funcionamento e perfil dos utentes

    A Nova Farmácia Saúde (NFS) está localizada na Rua Hintze Ribeiro, número 292/296, códi-

    go postal 4450-690, na freguesia de Leça da Palmeira, conselho de Matosinhos, no distrito do Porto. Localiza-se perto da orla marítima, a 5 minutos da zona centro de Leça da Palmeira, sendo que é uma zona residencial de comércio tradicional e restauração, de fácil acessibilidade para viaturas privadas e transportes público. Relativamente a acessos, não existe metro nem comboio, sendo que o principal meio de transporte é o autocarro, posicionando-se uma distância relativamente curta de escolas e do edifício da Junta de Freguesia. Encontra-se a 400 metros de distância em linha reta da farmácia mais próxima em conformidade com o disposto na Portaria n.º 352/2012 [1], de 30 de outubro, relativa às normas para concurso de abertura de farmácias. O horário de atendimento ao público da NFS efetua-se de segunda-feira a sexta-feira entre as 9:00h e as 19h:30min, e aos sábados com um horário matinal entre as 9:00h e as 13:00h, sendo que aos domingos e feriados encontra-se encerrada. A farmácia cumpre a legislação em vigor relativamen-te ao horário de funcionamento das farmácias de oficina e do período mínimo de funcionamento das mesmas, regulada e definida Decreto de Lei (DL) n.º 53/2007, de 8 de março, alterado pelo DL n.º 7/2011, de 10 de janeiro, procedido de uma segunda alteração pelo DL n.º 172/2012, de 1 de agosto [2], que eliminou os turnos de reforço, alterou os prazos para comunicação das alterações aos períodos de funcionamento e modificou a capitação para a exigência das farmácias de turno permanente, com o objetivo de equilibrar as obrigações públicas de serviço com as necessidades de acesso da população a medicamentos. Relativamente aos turnos de serviço permanente, as associações representativas das farmácias, nomeadamente, a Associação Nacional das Farmácias propõe à Administração Regional de Saúde, até ao dia 30 de setembro, as escalas de turnos de serviço permanente e de regime de disponibilidade para o ano seguinte. Durante este turno, a farmácia encontra-se em funcionamento ininterruptamente desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte. O atendimento em dias de serviço per-manente é realizado na entrada da farmácia por um postigo de atendimento. Os utentes da NFS pertencem maioritariamente à classe média/baixa, sendo maioritariamente idosos, doentes crónicos e polimedicados que vivem nas redondezas. O fácil acesso à farmácia aliado ao ambiente familiar, de elevada cumplicidade e empatia criado com o farmacêutico torna-os frequen-tadores assíduos da mesma.

    1

  • 1.1.2 – Espaço físico exterior e interior

    O espaço exterior da farmácia apresenta-se apelativo, sendo que possui uma porta automática e duas montras que ocupam a maior parte do espaço (Anexo 1). Ambas as montras possuem uma rota-ção frequente da sua decoração de acordo com a sazonalidade ou apresentação de novos produtos e também determinadas placas de informação, tais como o horário de funcionamento da farmácia e as farmácias de serviço. Apresenta ainda dísticos de colaborações com entidades como por exemplo com a VALORMED e também de acessibilidade facilitada a pessoas com deficiência. Todas estas particula-ridades cumprem as obrigações dispostas no artigo 28º do DL n.º 307/2007 [3]. Relativamente ao espaço físico externo, de acordo com as Boas Práticas da Farmácia (BPF)[4] a NFS detém uma fachada em vidro com aspeto profissional e agradável. Sobre a sua fachada encon-tra-se o nome da farmácia e ainda a “cruz verde” luminosa identificativa de farmácia, como estipulado no artigo 28º do DL n.º 307/2007, de 31 de agosto [3]. No portal de entrada encontram-se afixado o horário de funcionamento da NFS, o nome do Diretor Técnico (DT), o postigo reservado aos serviços permanentes da farmácia, o calendário de serviços permanentes e ainda o símbolo indicativo de como a NFS pertence ao grupo Farmácias Portuguesas (cruz com inscrição Farmácias Portuguesas, confor-me aprovado pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P (INFARMED)) se-gundo a Deliberação n.º 414/ CDE/2007, de 29 de outubro [5]. O acesso externo à farmácia está facili-tado por esta se encontrar em pequena praça ampla sem degraus, como consta das Boas Práticas Far-macêuticas (BPF). O espaço físico interior da NFS compreende apenas um piso composto com um acesso para o público em geral e outro acesso para colaboradores e para as entregas realizadas na farmácia, consti-tuído por diferentes divisões em harmonia com as Normas de Instalação de Farmácia no que compre-ende as áreas obrigatórias. Existem três divisões com maior relevância e impacto no funcionamento da farmácia:

    -Área de atendimento ao público O ambiente físico do espaço da farmácia apresenta-se adequado para o armazenamento de medicamentos, dispositivos médicos e outros à temperatura ambiente, sempre que não necessitem de um armazenamento em regime de frio, garantido por um sistema de ar condicionado, onde a tempera-tura e a humidade são controladas através de um plano de monitorização e medicação. Existe também um frigorífico que possibilita a existência de um ambiente frio, para produtos que necessitem do ar-mazenamento no frio, como por exemplo vacinas, insulinas, entre outros, controlado pelo plano de monitorização e medição. A farmácia opera em condições atmosféricas, de luminosidade e de níveis de

    ruído adequados à execução das suas atividades e ao bem-estar dos seus utentes e dos seus colabora-

    2

  • dores. As condições de higiene e limpeza são asseguradas através de procedimentos de limpeza e de-sinfeção periódicos (três vezes por semana), que incluem ainda um circuito de eliminação de resíduos. A área de atendimento ao público em geral, possui cerca de 100 m2, sendo que é um espaço amplo e bem organizado, facilitando a livre circulação de clientes pela farmácia (Anexo 2). Existem lineares e gôndolas dispostas com o intuito de aumentar a capacidade e a eficiência do espaço (Anexo 3), sem diminuir ou dificultar o acesso dos utentes com ou sem limitações locomotoras e ainda, com-preende três postos de atendimento ao público individualizado. Os três postos de atendimento existen-tes estão equipados com o sistema informático Sifarma 2000® e respetivo hardware necessário ao normal funcionamento da farmácia (computador, impressora, leitor ótico de códigos de barras e termi-nal de multibanco). Sobre o balcão encontram-se ainda expositores de produtos de venda livre, nor-malmente produtos sazonais, cosméticos ou de dermofarmácia. O espaço atrás do balcão é ocupado por gavetas contendo produtos com elevada rotatividade para mais fácil acesso ao farmacêutico e ain-da lineares com produtos de venda livre maioritariamente sazonais, de modo a captar a atenção do utente aquando do atendimento. Num passado recente foi utilizado um sistema de senhas (somente com uma designação), ana-lisou-se e decidiu-se que não era necessário esta faceta, pois os utentes de forma civilizada colocam-se em fila e respeitando esta ordem não existe confusões (os colaboradores da farmácia quando estão no balcão de atendimento, também visualizam o que está a ocorrer e intervêm quando necessário). Se o volume de vendas da farmácia compreendesse uma separação de áreas de atendimento (ex. cosmética, puericultura, medicamentos de uso veterinário, etc.) justificar-se-ia a utilização das senhas, sendo que não é o caso. Nos lineares que se encontram atrás dos postos de atendimento pode-se encontrar essen-cialmente medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), enquanto noutros lineares mais dis-persos pela farmácia se pode encontrar desde cosmética, a puericultura, passando pelos medicamentos de uso veterinário. Fora da área dos postos de atendimento, os produtos encontram-se cuidadosamente organizados, sendo repostos com frequência. Existe ainda uma disposição rotativa das gôndolas que está dependente da altura do ano, por exemplo na altura pré-verão e verão, os produtos dispostos na gôndola principal e com melhor localização da farmácia, foram os protetores solares, bem como pós-solares e produtos para escaldões, demonstrando assim uma boa organização e estudo adequado às necessidades dos utentes em cada época do ano. Pela área de atendimento estão dispostos vários flyers informativos quer sobre os serviços for-necidos pela farmácia, quer de alertas para determinadas doenças e a promoção de produtos. Existe também uma balança que realiza a medição de peso, altura, índice de massa corporal (IMC).

    3

  • - Gabinete de atendimento personalizado O gabinete de atendimento personalizado compreende um espectro variado de atividades que necessitam de uma maior privacidade e de um local que permita ao utente sentir-se calmo e em segu-

    rança, sem as constantes interrupções que existem nos postos de atendimento (Anexo 4). Estas ativi-dades incluem: determinação de parâmetros bioquímicos (colesterol, triglicerídeos, glicemia), fisioló-gicos (pressão arterial), servindo também como local para a resolução de qualquer emergência que ocorra e que haja a necessidade da atuação dos colaboradores da farmácia. Este gabinete também se destina à limpeza e curativos de ferimentos ligeiros. A sua utilização, por vezes é direcionada para pa-lestras de intervenção na comunidade, bem como palestras para os colaboradores da NFS, ou ações de formação com os comerciais.

    - Área de apoio ao atendimento ao público / Área de gestão de encomendas Este espaço localizado numa zona central no interior da NFS permitindo um trabalho com-plementar ao do serviço no balcão. É uma das zonas nevrálgicas do local, dado que sem uma organi-zação interna eficiente, o armazenamento dos produtos vai ser ineficiente o que levará a uma desorga-nização durante o atendimento ao público. Este espaço está equipado com dois computadores (os dois possuem ligação à internet e ambos podem ser usados no controlo de receituário), três impressoras (sendo que duas destas também são fotocopiadoras) e três telefones que auxiliam os colaboradores no desenvolvimento da sua prestação de serviços e na resolução dos mais variados problemas, sendo que possui todo o hardware necessário para a gestão de todas as encomendas de produtos, nomeadamente um terminal informático com leitor ótico de código de barras, uma impressora de etiquetas para a mar-cação dos produtos de venda livre e uma impressora. Neste espaço estão também presentes livros obrigatórios, impressos variados, folhetos informativos e ainda outros documentos relevantes. Um fri-

    gorífico (Anexo 5) de armazenamento de produtos de frio (2ºC- 8ºC) também está presente nesta área. Esta divisão, assim como o armazém e o atendimento, possuem um termohigrómetro que regista e memoriza diariamente os valores de temperatura e humidade, de forma a controlar as condições de

    armazenamento impostas pelo DL n.º 176/2006, de 30 de agosto [6].

    Esta área destina-se em parte à receção de encomendas (Anexo 6), devoluções, atualizações de stocks, etiquetagem, entre outros procedimentos que necessitem de privacidade e não devem ser realizados na área de atendimento. Nesta divisão são também armazenados grande parte dos medica-mentos e outros produtos não medicamentosos (como dispositivos médicos) em gavetas deslizantes

    (Anexo 7) dispostas ao longo de uma parede, segundo a forma farmacêutica, ordem alfabética e fi-nalmente a dosagem. Todos os produtos são armazenados segundo o modelo FEFO (First Expired, First Out) a fim de garantir um stock de produtos com prazos de validade confortáveis e seguros para

    a sua dispensa.

    4

  • Existem outras divisões no espaço interior da farmácia que são relevantes para a harmonia e eficiência da mesma:

    - Armazém Este espaço está anexo à área de receção de encomendas e permite o armazenamento de todo o stock de medicamentos e outros produtos que não possuam lugar na área de atendimento (lineares e ou/gavetas), por se encontrarem em maiores quantidades (Anexo 8). Normalmente, estes são produtos sazonais ou de maior rotatividade. A organização deste local está efetuada de acordo com a tipologia do produto, isto é: medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) por ordem alfabética de A-Z e os restantes produtos. Dado que a NFS não possui sala de arrumos, este local tem também essa função, em que todos os caixotes que possam ter utilidade são aqui colocados, o VALORMED encontra-se aqui e também todos os expositores e gôndolas que não estão a ser utilizados e podem vir a sê-lo. É também o local onde ocorre o primeiro contacto entre os produtos que chegam diariamente dos arma-zenistas e a farmácia, sendo que permanecem temporariamente aqui antes da sua receção.

    - Escritório e instalações sanitárias É no escritório que a DT desenvolve o seu trabalho de organização e gestão da farmácia e re-cebe os delegados de informação médica ou os representantes de entidades, entre outros (Anexo 9). Este gabinete possui também a função de armazenamento de dossiers com toda a contabilidade e se-cretariado da NFS. Os lavabos são destinados a toda a equipa e encontram-se adjacentemente ao escri-tório, com todas as condições necessárias.

    - Sala de separação de receituário/consultas de nutrição/administração de vacinas/quarto para as noites de serviço Neste espaço realizam-se atividades muito distintas, desde separação de receituário a consultas de nutrição (Anexo 10). É fundamental a organização efetuada do receituário neste local, devido ao elevado número de receitas que são aviadas mensalmente na farmácia (a partir de agora com as recei-tas eletrónicas este número irá tendencialmente diminuir, dado que não é necessário esta mesma corre-ção). As consultas de nutrição têm lugar quinzenalmente das 14h as 18h às 6as feiras, sendo que são realizadas por marcação prévia. Estas têm de ocorrer neste local, dado que possibilita a existência da privacidade desejada para este tipo de atividade, porque em mais nenhum local da farmácia tal podia acontecer. Também aqui ocorre a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vaci-nação (PNV) por um farmacêutico qualificado, de acordo com a Portaria n.º 1429/2007, de 2 de no-vembro [7]. Nesta divisão existe uma cama embutida no armário, onde fica o colaborador a descansar nas noites de atendimento permanente.

    5

  • 1.1.3 – Recursos humanos

    Atualmente os Recursos Humanos da NFS são compostos por uma equipa cinco elementos, de acordo com o estipulado no DL n.º 307/2007, de 31 de agosto [3], e subsequentes alterações relativas ao regime jurídico de farmácias de oficina. O Quadro de farmacêuticos é constituído pela Dr.ª Maria Rita Osório Leite (Diretora Técnica), pela Dr.ª Alexandra Gonçalves (Farmacêutica Adjunta) e pela Dr.ª Tânia Mateus (Farmacêutica Substituta). Já o Quadro não-farmacêutico é composto pela Fátima Lopes (responsável pelo armazenamento e pelo atendimento ao publico) e pela Sofia Frazão (respon-sável por encomendas e gestão de stocks). Cada função apresenta uma série de responsabilidades, e além disso cada pessoa acumula também responsabilidades mais específicas que poderão ser partilhadas em caso de necessidade, como por exemplo: controlo de validades e stocks, receção de encomendas e devoluções, reposição de stocks, gestão de encomendas, gestão da verificação do receituário, decoração e disposição dos produ-tos na farmácia (ex: montras, gôndolas e lineares), entre outras.

    1.2- Comunicação interna A comunicação interna na NFS realiza-se de diversas formas. É possível encontrar um quadro com toda a informação localizado junto ao escritório, sendo que desde o começo do meu estágio o número de reuniões internas aumentou de forma gradual, promove-se também a circulação de docu-mentos, para uma atualização do conhecimento por parte de todos os colaboradores. Esta comunicação interna é imprescindível para o desenvolvimento das atividades na farmácia, independentemente da função de cada colaborador. Por haver horários bastante diferentes faz com que muitos colaboradores não tenham a possibilidade de estar pessoalmente uns com os outros, fazendo com que a comunicação interna seja ainda mais importante nesta equipa.

    1.3- Comunicação externa A NFS preza pela sua comunicação externa, sendo que a atividade demonstrada a este nível é de assinalar. Os meios de comunicação usados são os mais variados, em que o meio de comunicação de eleição é o website, dado que qualquer alteração na farmácia é de imediato atualizada, podendo este ser consultado através de http://farmacia-saude.pt/pt. Nesta plataforma é possível encontrar informa-ção bastante completa sobre a farmácia (e sua história), os seus serviços, as suas campanhas, e não mais importantes os seus contactos e horários de funcionamento. Além da página de internet, o meio mais utilizado é o Facebook. Este apresenta cerca de mil e quinhentos seguidores, o que é um valor considerável tendo em consideração que a maioria dos utentes que frequenta a farmácia nem sequer possui internet, muito menos uma conta numa rede social. Outra forma de comunicação utilizada são as mensagens de texto (através de uma plataforma online chamada de iCLIENT) direcionadas a

    6

    http://farmacia-saude.pt/pt

  • um perfil específico de clientes, de acordo com o motivo da comunicação. Em casos especiais, como por exemplo no Rastreio Cardiovascular realizado durante o meu estágio, existe também uma comuni-cação feita através de panfletos e pósteres. A forma privilegiada para a transmissão de informação no contexto da NFS é a “comunicação boca-a-boca” uma vez que a farmácia é de bairro, o público-alvo pertence maioritariamente à terceira idade e a forma mais usada de captar a sua atenção é através de uma aposta num grande número cam-panhas, rastreios e outras atividades. A comunicação externa é também realizada através da decoração da montra, sempre bastante dinâmica e apelativa e com informação relevante, nomeadamente sobre as campanhas em vigor, como por exemplo numa campanha de uma marca de cosméticos, em que se o cliente comprasse dois protetores solares teria uma terceira unidade gratuita.

    1.4- Fontes bibliográficas e de informação A biblioteca e as fontes de informação presentes na NFS proporcionam aos colaboradores uma aprendizagem contínua nas mais diversas áreas, como por exemplo na área da farmacologia. Em con-formidade com o DL n.º 307/2007, de 31 de Agosto [3], e a Deliberação do INFARMED n.º 414/CD/2007, de 29 de outubro [5], a NFS possui as fontes de informação de acesso obrigatório na área de apoio ao atendimento ao público, nomeadamente a última edição do Prontuário Terapêutico e a Far-macopeia Portuguesa. Outras fontes bibliográficas podem ser aí encontradas, como o Índice Nacional Terapêutico, o Simpósio Terapêutico, o Manual de Medicamentos Não Prescritos, o Simpósio Veteri-nário, o Formulário Galénico Português e publicações periódicas, como as revistas Farmácia Distri-buição, Farmácia Portuguesa, e Farmácia + Saúde. Durante o estágio recorri a estas fontes de informa-ção, bem como à pesquisa em plataformas digitais, nomeadamente à procura de Resumos de Caracte-rísticas do Medicamento (RCM) no website do INFARMED [8]. Existem ainda outras entidades que podem fornecer informações importantes, como por exemplo o Centro de Informação Antivenenos, o Centro de Informação do Medicamento da Ordem dos Farmacêuticos, Centro de Documentação e In-formação de Medicamentos e o Laboratório de Estudos Farmacêuticos. Estas fontes bibliográficas re-velaram-se de elevada utilidade durante o meu estágio curricular.

    1.5 – Gestão de stock, encomendas e aprovisionamento 1.5.1 – Sistema informático O sistema informático utilizado na NFS, em todos os postos de atendimento e no servidor da sala de apoio ao atendimento ao público, é o Sifarma 2000®, da Global Intelligent Technologies (Glintt), reconhecido pelo INFARMED. Fruto da cooperação do setor farmacêutico com a empresa Glintt, o sistema engloba os processos do funcionamento normal da farmácia e monitoriza todos os movimentos dos medicamentos e produtos entre a farmácia e o exterior (fluxo bidirecional). Cada usuário deste sistema dentro da NFS possui um perfil (inclusive os estagiários) e um código de acesso, desta forma é possível controlar as tarefas efetuadas dentro do sistema e identificar o seu responsável.

    7

  • Este é o sistema mais utilizado pelas farmácias de todo o país. Além de ser o sistema utilizado no atendimento ao público, tem muitas outras funções que auxiliam no quotidiano da farmácia: gestão da venda de medicamentos, fornecendo informação científica importante para um melhor aconselha-mento ao utente, organizando automaticamente as receitas em lotes e criando fichas de cliente com toda a sua informação pessoal e suas compras efetuadas; informatização do stock de produtos na far-mácia e gestão do mesmo, por quantidade, caducidade e conforme os dados estatísticos das suas ven-das; criação, envio e receção de encomendas após gestão dos valores mínimos e máximos necessários em stock; pesquisa de medicamentos por Denominação Comum Internacional (DCI) ou por grupos terapêuticos e sua respetiva informação científica. No que se refere ao atendimento, este sistema revela-se uma ferramenta de grande utilidade pois permite uma série de atividades, nomeadamente consulta de vendas, fichas de utente, informação científica sobre o medicamento, informação sobre o produto (localização, vendas, compras, etc.), entre muitas outras. Apesar de a sua utilização não ser intuitiva, após aprendizagem permite um grande con-forto ao seu utilizador e é sem dúvida uma mais-valia para o funcionamento da farmácia. O sistema possui funcionalidades de acompanhamento a utentes, contudo, devido ao elevado número de atendi-mentos da NFS não é possível fazer este acompanhamento aos utentes. Existem também algumas par-ticularidades que não estão abrangidas pelo sistema, como por exemplo uma funcionalidade que per-mitisse a distinção de produtos reservados a utentes, facilitando o processo de reservados. Contudo, acredito que existem algumas falhas no sistema, entre elas o facto de possuir certas funcionalidades que se apresentam muito lentas e não facilitam o atendimento em tempo útil, sendo que o cliente pode por vezes ficar a aguardar algum tempo e até ir embora.

    1.5.2 – Gestão de stock A gestão de stock tem um papel muito importante no bom funcionamento da farmácia, pois atividades como a qualidade do serviço, ganhos comerciais e financeiros estão dependentes disso. É importante existir uma boa relação entre o número de produtos dispensados e o número de produtos em stock, de forma que nem o utente fique prejudicado por não levar o produto ou ter que regressar mais tarde, nem a farmácia fique com produtos sem saída acumulados até estes passarem o prazo de validade. Dado que o Sifarma 2000® regista todas as movimentações de produtos entre a farmácia e o exterior, este possui os valores precisos de stock atual, tornando-o uma ferramenta imprescindível para uma gestão racional e precisa das quantidades de produtos existentes na farmácia. Após avaliação do perfil de vendas de um medicamento ou produto (diariamente, mensalmente ou até anualmente), cabe ao farmacêutico responsável definir e programar informaticamente um valor mínimo e máximo de quantidade desse produto na farmácia, o que levará a que o programa elabore automaticamente uma proposta de encomenda diária com todos os produtos cujo valor em stock seja em inferior ao valor estabelecido – Ponto de Encomenda. Esta proposta de encomenda é revista e aprovada pelo farmacêu-tico responsável antes de proceder ao seu envio por via informática, sendo passível de ser ajustada 8

  • quanto à necessidade da farmácia relativamente a algum produto ou grupo de produto. O papel do farmacêutico é extremamente importante para a gestão do stock, uma vez que assim é evitada a imobi-lização de capital na farmácia e a falta de um produto quando este é necessário para um utente, com risco de descredibilização da farmácia, o que poderá levar à perda de clientes se esta gestão não for realizada de uma forma rigorosa. Na NFS, esta gestão é feita de forma muito cuidadosa, tendo em consideração as vendas dos meses anteriores, bem como a sazonalidade dos produtos (nunca esque-cendo as realidades vividas nos anos passados, usados como termos de comparação). É desejável man-ter um stock altamente rotativo, de forma a não existirem produtos que se aproximem do fim do prazo de validade. No caso dos MNSRM, a NFS faz uma campanha especial com desconto nos produtos cujo prazo de validade está a terminar, tendo o cuidado de informar o utente sobre o prazo de validade. Pessoalmente, tive a oportunidade de acompanhar a gestão do stock de alguns produtos na farmácia aquando da necessidade de aumentar ou diminuir a sua quantidade em armazém, não tendo participado na aprovação da proposta diária de encomenda por ser uma tarefa tratada fora do meu horário na NFS.

    1.5.3 – Realização de encomendas Diariamente, na NFS são realizadas duas encomendas, com os produtos que atingiram o Ponto de Encomenda e que passam automaticamente para a proposta de encomenda. Uma no final da tarde, até às 19h para ser entregue no dia seguinte de manhã e outra até às 13h para ser entregue durante a tarde. Apesar da encomenda diária colmatar as falhas no stock geradas pelas vendas efetuadas, há necessidade de realizar encomendas adicionais de medicamentos ou produtos a fim de satisfazer a pro-cura dos utentes da farmácia (no caso da farmácia não possuir em stock o produto pretendido pelo utente, por exemplo). As encomendas de produtos de venda pouco habitual ou produtos em falha no stock são feitas através do sistema informático dos armazenistas que estão presentes em todos os com-putadores da farmácia, mas especificamente através do “carrinho de compras”. Através desta ferra-menta sabe-se de imediato se está disponível nos armazenistas, e a sua hora de chegada à farmácia, caso não seja possível liga-se diretamente ao armazenista para averiguar a disponibilidade do respetivo produto para entrega. Uma vez que existem vários horários de entrega de encomendas pelas distribui-doras, o produto requerido pode ser normalmente armazenado e/ou dispensado no próprio dia, sendo entregue no máximo no dia seguinte se a encomenda for enviada numa hora que não permita o seu envio na última distribuição do dia. As encomendas são feitas na sua maior parte aos armazenistas, por vezes são encomendadas diretamente ao laboratório do produto. A escolha do armazenista, normalmente depende da rapidez e frequência da entrega, da quantidade de produto quem possuem em stock, dos preços que pratica, da flexibilidade de pagamento. Para as suas encomendas, a NFS utiliza como principais armazenistas a Cooprofar e a OCP, e como armazenista secundário a Empifarma.

    Na minha passagem na NFS pude realizar várias encomendas instantâneas e por via telefónica,

    9

  • atendendo sempre às necessidades presentes de valor de stock dos produtos ou às necessidades do utente que recorre à farmácia.

    1.5.4. Receção de encomendas As encomendas dão entrada na NFS em contentores específicos de cada armazenista (distin-guidos pelas suas respetivas cores) (Anexo 11), e quando o terminal informático se encontra livre (existindo disponibilidade por parte do colaborador responsável), estas são levadas para este local e são rececionadas. Por vezes, as encomendas fazem-se acompanhar de contentores térmicos, sendo que são logo encaminhadas para o frigorífico (depois a receção proporciona-se da mesma forma). Todas as encomendas encontram-se acompanhadas de uma nota de encomenda ou de uma fatura identificativa do fornecedor, o destinatário, os produtos encomendados, a quantidade pedida, a quantidade efetiva-mente entregue, o Preço de Venda à Farmácia (PVF), o Imposto de Valor Acrescentado (IVA), e quan-do aplicável, ainda o Preço de Venda ao Público (PVP) e o Código Nacional Português (CNP). Caso a encomenda em questão inclua psicotrópicos e estupefacientes, a requisição destes acompanha a enco-menda (Anexo 12). Estes últimos, juntamente com os produtos de armazenamento a frio são imedia-tamente retirados da encomenda, uma vez verificada e armazenados nos locais respetivos. No sistema operativo Sifarma 2000® existe um separador denominado “Receção de enco-mendas” que possui listadas todas a encomendas efetuadas e pendentes com seus respetivos códigos identificativos. Apenas as encomendas realizadas por “carrinho de compras” e através da via telefónica não se apresentam neste separador, tendo que ser criadas informaticamente no separador “Gestão de encomendas” com os produtos pedidos nas quantidades encomendadas. Após a seleção da encomenda que queremos rececionar, toda a identificação dos produtos e sua entrada no stock informático ocorre com recurso ao leitor ótico que identifica os seus códigos de barras. Durante este processo são verifi-cados os prazos de validade dos produtos, devendo ser sempre alterados caso o stock esteja a zero ou o novo produto caduque primeiro que um semelhante já existente na farmácia. Após a informatização de todos os produtos da encomenda, procede-se à verificação dos valores de PVF e de PVP, em que o somatório final dos PVF no terminal informático deve igualar o valor presente na guia. A encomenda é finalmente encerrada e um comprovativo da sua receção é impresso. Para todos os produtos que não possuam Preço Impresso na Cartonagem (PIC) são geradas automaticamente etiquetas com o PVP e o respetivo código de barras identificativo. Em caso de falha no envio de algum produto ou algum destes seja recebido sem ser encomendado, o farmacêutico responsável contacta o armazenista a fim de es-clarecer a situação, sendo os produtos em falta enviados numa seguinte distribuição e os produtos em excesso recolhidos. As faturas impressas são arquivadas juntamente com os duplicados das guias de transporte para futura revisão contabilística, uma cópia extra é emitida quando as faturas contêm pro-dutos estupefacientes e psicotrópicos. Após o término aparece a hipótese de impressão de etiquetas, dando-se de seguida a etiquetagem. Seguidamente, é verificado o arquivo

    10

  • dos medicamentos pedidos, para que se possa fazer a separação dos mesmos. Se existir alguma incon-formidade, esta deve ser dada a conhecer ao fornecedor o mais cedo possível. Tive a oportunidade de realizar diversas vezes o processo de receção de encomendas, encon-trando-me familiarizado com o sistema informático e com as diferentes etapas acopladas a este proces-so. Todo o processo revelou-se de uma tremenda importância numa fase inicial do meu estágio, pois permitiu-me me conhecer os fármacos e os demais produtos comercializados na farmácia e seu local de armazenamento, otimizando a eficácia dos meus atendimentos futuros. 1.5.5. Armazenamento Finalizada a receção da encomenda procede-se ao armazenamento de todos os produtos rece-cionados. Este processo é condicionante de um bom funcionamento do atendimento ao público, tendo de ser executado de forma rápida e cuidada. Para tal, os produtos farmacêuticos são colocados na respetiva gaveta/prateleira tendo em con-ta a forma farmacêutica, a ordem alfabética da sua denominação e finalmente a dosagem. Alguns estão divididos em grupos consoante as formas farmacêuticas, mas algumas delas são específicas para uma só classe de produtos, como é o caso dos produtos de uso veterinário. As gavetas deslizantes, na área de apoio ao atendimento externo são constituídas essencialmente por comprimidos, colírios e poma-das. Nos armários adjacentes encontram-se os pós para inalação, saquetas, xaropes e também produtos de higiene íntima e numa zona mais afastada os psicotrópicos e estupefacientes. Os produtos que ne-cessitem de ser conservados a baixa temperatura são colocados no frigorífico e no armazém os produ-tos em excesso que têm um armazenamento específico noutro local. O armazenamento é feito de acordo com o método FEFO, aplicado no armazenamento de to-dos os produtos a fim de garantir um stock com prazos de validade confortáveis e seguros de serem dispensados, garantido através do apoio dos colaboradores. Os produtos são organizados por ordem de prazo de validade, sendo que os com menor prazo de validade são dispensados em primeiro lugar, o que leva à diminuição das devoluções por término do prazo de validade e a uma gestão económica mais rentável para a farmácia. Estes encontram-se armazenados de forma controlada a uma temperatu-ra ambiente de 25ºC (+/-1ºC) e a uma humidade de 60%. O processo de armazenamento é de extrema importância para uma boa gestão económica da farmácia, sendo parte integrada do meu estágio curricular. Esta tarefa facilitou-me o acesso aos produ-tos e medicamentos durante os atendimentos.

    1.5.6 – Gestão dos prazos de validade e devoluções de produtos Mensalmente, a equipa da NFS emite listas que permitem o controlo dos produtos, tanto em prazo de validade como em número físico, procedendo a este ato de uma forma rigorosa. Quando se dá entrada dos produtos, estes permanecem com o prazo de validade do exemplar de menor prazo de va-lidade, e nos casos em que não há esvaziamento de stock, o prazo de validade mantém-se porque pos-sivelmente correspondente ao menor prazo de validade dos produtos em stock. 11

  • Após verificação dos prazos de validade reais dos produtos armazenados e correção no Sifar-ma 2000® caso existam produtos com maior validade que a descrita na listagem, são retirados do stock todos os produtos a caducar e colocados em contentor próprio para serem devolvidos ao armaze-nista. Este processo difere no que toca aos Medicamentos de Uso Veterinário (MUV) e aos produtos incluídos no Protocolo de Diabetes Mellitus (DML), sendo devolvidos seis meses e cinco meses antes de o prazo de validade expirar, respetivamente (os outros produtos são cerca de 60 dias antes do tér-mino do prazo de validade). Após o controlo efetuado, dá-se a atualização de prazos de validade e a contagem física, em que é efetuada a devolução dos produtos com prazo de validade próximo do fim que possam ser devolvidos. O perigo que um produto farmacêutico caducado pode representar para a saúde de um utente justifica a rigidez deste controlo, assim como a antecipação da desvalorização de um produto que não poderá ser devolvido. Existem várias situações que podem justificar uma devolução de um produto, estas são: prazo de validade próximo do fim, inconformidade do produto, encomenda por engano ou produto não en-comendado, pedido de recolha pelo INFARMED e ainda revisão anual de preços. Estas devoluções são auxiliadas pelo sistema informático (Sifarma 2000®) é emitida uma Nota de Devolução em tripli-cado, em que deverão conter os produtos devolvidos, a sua quantidade, o motivo da devolução, a iden-tificação do fornecedor, a referência da fatura da respetiva encomenda e quando aplicável o CNP. Após assinados e carimbados pelo farmacêutico responsável, um dos exemplares (triplicado) permanece na farmácia e os restantes (original e duplicado) são incluídos no contentor. Depois de recebida a devolu-ção pelo fornecedor, este pode aceitar ou não. Caso haja aceitação da devolução por parte do armaze-nista, este pode emitir uma Nota de Crédito para a farmácia ou trocar os produtos por iguais com mai-or caducidade.

    1.6 – Dispensa de medicamentos e produtos de saúde A atividade farmacêutica é abrangida por um inúmero leque de ações e serviços dentro da ci-ência do medicamento e da saúde, contudo a dispensa de medicamentos é considerada a função pri-mordial. Como tal, é necessário que esta obedeça a um molde devidamente regulamentado e eticamen-te aceite, visando sempre uma maior eficácia e segurança no tratamento do utente, a maior adesão à terapêutica e também a sustentabilidade económica da farmácia. Nos dias que correm, inúmeros utentes recorrem às farmácias mesmo antes de se dirigirem a um médico, fruto da confiança ganha ao longo dos anos nos serviços prestados pelos farmacêuticos. É do maior interesse para o farmacêutico manter elevada esta confiança, assegurando sempre o melhor interesse do utente e a comunicação médico-utente-farmacêutico.

    12

  • Desde o início do meu estágio, em fevereiro, foi possível entrar em contacto com os produtos existentes na farmácia de diversas formas, quando estava mais presente na zona do armazém, na área de receção de encomendas e também quando guardava os produtos, isto fez-me possuir uma imagem que não tinha da maior parte dos produtos (independentemente da sua classe).

    1.6.1 – Medicamentos sujeitos a receita médica A definição de um MSRM é todo o medicamento que apenas pode ser dispensado numa far-mácia mediante a apresentação por parte do utente de uma receita médica prescrita por um profissional de saúde habilitado. De acordo com a legislação portuguesa (DL n.º 176/2006, de 30 de Agosto [6]), são considerados MSRM os medicamentos que encaixem numa das seguintes categorias: constituem um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica; constituem um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes da-quele a que destinam; contenham na sua constituição substâncias, ou preparações à base dessas subs-tâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar (devem ser revistas e apro-fundadas pelo profissional de saúde); se destinam a ser administrados por via parentérica (injetável). Pertencente ao grupo dos MSRM existem alguns subgrupos: medicamentos sujeitos a receita médica renovável; medicamentos sujeitos a receita médica especial; medicamentos sujeitos a receita médica. Os medicamentos sujeitos a receita médica especial estão incluídos estupefacientes e psicotrópicos, nos termos do DL n.º 15/93, de 22 de janeiro [9], que possam originar abuso medicamentoso ou ainda substâncias que se considerem de precaução por serem novidade ou pelas suas propriedades. Medica-mentos sujeitos a receita médica restrita são aqueles que por exemplo se destinam ao uso exclusivo hospitalar, ou a tratamento em ambulatório, entre outras razões.

    1.6.1.1 – Receita médica No decorrer do meu estágio pude entrar em contacto com 3 modelos diferentes de Receita Médica (RM): o modelo de receita médica materializada, que apresenta uma validade de 30 dias após o momento da prescrição; o modelo de receita médica materializada renovável, que apresenta uma validade de 6 meses a partir do momento da prescrição, podendo apresentar 3 vias; e ainda o modelo de receita médica pré impressa, que exige o preenchimento manual e no qual se tem que especificar a exceção legal que obrigou a utilizar este modelo (falência informática, inadaptação do prescritor, pres-crição ao domicílio e máximo de 40 receitas por mês). Durante o meu estágio tive também a oportuni-dade de trabalhar com o sistema de Receita Eletrónica (RE), que se apresenta como uma medida de racionalização do acesso ao medicamento, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este sis-tema foi estabelecido sob o princípio da obrigatoriedade de prescrição eletrónica para que seja obtida comparticipação dos medicamentos e com o objetivo final da completa desmaterialização da receita, sendo que esta já está a ser enviada por meios eletrónicos do local de prescrição para a farmácia. Os utentes têm de apresentar apenas a guia de tratamento, uma vez que é esta que apresenta os 13

  • códigos de acesso e pin, que permitem a dispensa eletrónica de medicamentos. A maioria das RM são denominadas RE, uma vez que são emitidas recorrendo a aplicações tecnológicas de informação e co-municação aprovadas pelas entidades competentes, mas ainda são admitidas as receitas manuscritas denominadas Receitas Manuais (em número bastante reduzido), emitidas e justificadas caso sejam efetuadas no domicílio, caso ocorra falência no sistema eletrónico, se o profissional tiver um volume de prescrição mensal inferior a 40 receitas ou em caso de outro tipo de condição excecional. A emissão destas RM obedece a um modelo definido que possui um prazo de validade de 30 dias após a data de emissão, variando este modelo nas RM renováveis que são impressas eletronicamente em três vias distintas com 6 meses de validade cada. A emissão diferencial destas receitas é justificada pela exis-tência de tratamentos posológicos de longa duração, como tratamentos tiroideos, hipertensão arterial e hipercolesterolemia. Atualmente, o modelo de RM utilizado consta da atualização descrita no Despa-cho n.º 15700/2012 [10]. É importante referir como regras da emissão de RM a prescrição de um má-ximo de quatro embalagens por receita de medicamentos distintos e que apenas podem ser prescritas um máximo de duas embalagens de um mesmo medicamento, excetuando-se os casos em que o medi-camento se apresente em forma unitária (prescrição máxima de quatro embalagens nessas situações). Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos requerem o preenchimento de um formulário emitido automaticamente pelo sistema operativo, com dados referentes ao médico prescritor da medi-cação, doente a que a medicação se destina e utente que adquire a medicação na farmácia com apre-sentação do respetivo cartão de cidadão.

    1.6.1.2 – Validação da prescrição e dispensa de medicamentos Exige a legislação em vigor que a prescrição seja efetuada por DCI da substância ativa e ainda que a mesma apresente a forma farmacêutica, dosagem e apresentação, devendo também ser indicada a posologia. Apenas em alguns casos é possível a prescrição por nome comercial, por exemplo quando não existam medicamentos comparticipados dentro do mesmo grupo homogéneo do prescrito, ou ain-da devido a uma das seguintes exceções justificadas pelo médico: a) medicamentos com margem ou índice terapêutico estreitos; b) quando há suspeita, devidamente reportada ao INFARMED, de intole-rância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa; e c) quando o medicamen-to é destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias. O ato de dispensa de medicação acarreta uma enorme responsabilidade por parte do farmacêu-tico, quanto à validação da prescrição médica e dispensa da medicação adequada, sempre com o intui-to de uma maior eficácia e segurança da mesma para o utente. Mas também é importante a verificação da conformidade da RM, a fim de não ser futuramente devolvida e gerar prejuízo económico para a farmácia, nem causar nenhum tipo de prejuízo para o utente. Antes de recolher a prescrição, o farmacêutico deve avaliar se a RM se encontra bem prescri-ta, verificando se as regras de prescrição anteriormente citadas são cumpridas e tendo especial atenção 14

  • ao verificar o número da receita e sua representação em código de barras, a identificação do médico prescritor e respetivo código de barras ou vinheta identificativa (no caso das receitas manuais), o nome e o número do utente, entidade financeira responsável pela comparticipação (caso aplicável), se possui regime especial de comparticipação (verificando presença de respectivo despacho), o prazo de valida-de da RM e se está assinada pelo médico prescritor. Em caso de falha de alguma desta informação, cabe ao farmacêutico averiguar se é possível ou não realizar a dispensa, contornando alguma falha na informação da forma mais adequada e correta possível (ex. dispensa de medicamento com a menor dosagem com menor número de unidades na embalagem quando ambas as informações não são apre-sentadas). Caso não haja o cumprimento destes elementos, a receita não poderá ser validada e não é aceite pela farmácia. Na NFS as situações mais frequentes do incumprimento dos requisitos legais são a falta de assinatura do médico, bem como a apresentação de receitas fora do prazo de validade. Validada a RM, o farmacêutico deve proceder a uma avaliação da adequação da prescrição, enquadrando o contexto clínico do paciente e intervindo ativamente em caso de deteção de contra-in-dicação ou interação. Na recolha da prescrição e apresentação desta ao utente, o farmacêutico deve sempre verificar se a mesma corresponde à medicação habitualmente tomada ou se é uma nova poso-logia, procedendo com o aconselhamento necessário consoante os medicamentos em causa e garantin-do que o utente fica esclarecido quanto às características do que adquiriu e como deve ser a sua toma. Caso seja um medicamento novo e passível de escolha por parte do utente, o farmacêutico deve infor-mar a existência de genéricos similares ao prescrito, comparticipados pelo SNS, e qual o mais barato. Com as RE, caso as RM preencham os requisitos necessários para que se possa utilizar o soft-ware de leitura de receitas eletrónicas, a venda dos medicamentos é iniciada pela leitura ótica do nú-mero da receita ou do cartão de cidadão do utente a quem esta pertence seguido da leitura do código de acesso presente na guia da RM. Isto fará com que toda a medicação presente na RM passe automa-ticamente para o menu de dispensa de MSRM do Sifarma 2000® já com as devidas comparticipações, tendo apenas o farmacêutico que definir o medicamento a dispensar (caso pertença a um grupo homo-géneo de medicamentos à escolha do utente), retirar algum medicamento do menu, caso o utente não o queira levar, verificar se os PVP dispostos correspondem aos PIC e acrescentar à comparticipação uma complementaridade caso seja aplicável. Após validação deste processo, um menu de verificação é aberto automaticamente e o farmacêutico verifica se todos os produtos que previamente recolheu são os corretos (de forma a evitar erros na dispensa), fazendo uma leitura ótica dos seus códigos de barras. Uma vez que, este processo é maioritariamente automatizado e a verificação final confirma a correta dispensa de medicação (desde dosagem a número de embalagens), este processo revela-se extrema-mente vantajoso e redutor de erros associados. Caso a RM não preencha os requisitos necessários para utilização desse novo software ou tenham sido prescritas manualmente, a inserção dos medicamentos no menu de dispensa assim como a definição do organismo de comparticipação e possíveis comple-mentaridades e exceções são levadas a cabo manualmente pelo farmacêutico, procedendo igualmente a uma verificação final similar. Nas duas situações as vendas são fechadas com o preenchi- 15

  • mento dos dados do utente (nome e número de identificação fiscal - caso o utente deseje), e a impres-são do documento de faturação no verso da RM só acontece caso seja uma RM (que deve ser assinado pelo utente declarando que recebeu a medicação descrita e o devido aconselhamento farmacêutico, exercendo ou não poder de escolha dependendo da presença ou ausência de exceções na RM), sendo que nas RE este procedimento não existe, no final existe a emissão de uma fatura a carimbar e entregar ao utente. Na eventualidade do utente não querer aviar toda a RM de uma só vez, a NFS dá a oportuni-dade de se fazer venda suspensa com comparticipação dos produtos a levar no momento, anexando o recibo da venda à RM e guardando ambos em arquivo específico para que no futuro se proceda à fatu-ração total da RM, na aquisição dos restantes produtos pelo utente. No caso das RE, este procedimento não ocorre, no caso de o utente não querer aviar a totalidade da receita, sendo que das vantagens que a RE apresenta é a possibilidade de o utente apenas aviar os medicamentos que desejar e a quantidade que pretende, de forma oposta às receitas manuais, caso vá buscar um medicamento a uma farmácia não necessita de no futuro dirigir-se à mesma. Sem dúvida que o atendimento ao público e o ato de dispensa de medicamentos foi o mais desafiante deste meu estágio, mas também o que mais gostei de fazer. Todos os dias me deparei com situações distintas, evoluindo no meu processo de aprendizagem. Pude atravessar todas as etapas ante-riormente descritas, aprendendo e aperfeiçoando o meu atendimento de modo didático e bastante au-tónomo.

    1.6.1.3 – Comparticipação de medicamentos Grande parte dos MSRM são alvo de comparticipação por parte do SNS ou de outras entida-des financeiras no custo efetivo destes para o utente. Posto isto, o utente paga uma fração do custo dos medicamentos e a restante fração é assumida pela farmácia (montante que depois lhe é devolvido pelo estado). A comparticipação depende da entidade financiadora a que o utente pertence ou com a qual estabeleceu algum tipo de acordo, havendo variação na percentagem de comparticipação, quer por grupo de medicamentos, quer por organismos de comparticipação. O SNS é o organismo maioritário na comparticipação do custo de medicamentos, tendo diferentes escalões estabelecidos no DL n.º 48-A/2010, de 13 de maio [11], alterado pelo DL n.º 106-A/ 2010, de 1 de outubro [12]. O regime principal de comparticipação é feito com o SNS e encontra-se dividido em escalões de for-ma a beneficiar os utentes com mais necessidades. A comparticipação está dividida em 4 escalões em que o SNS comparticipa uma determinada percentagem do PVP do medicamento: escalão A (90%); escalão B (69%); escalão C (37%); e escalão D (15%). Os beneficiários do regime especial são pensi-onistas, cujo rendimento total anual não exceda a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapas-sar aquele montante. Neste caso, a comparticipação do estado no preço dos medicamentos é acrescida de 5% para o escalão A e de 15% para os escalões B, C e D. Relativamente aos regimes especiais de comparticipação, estes devem constar nas receitas médicas e comportam 2 tipos de comparticipação: 16

  • em função dos beneficiários e em função das patologias ou de grupos especiais de utentes. Os portado-res de determinadas doenças podem usufruir de um regime especial e nesse caso a receita deve conter o respetivo despacho, como é exemplo o caso de dor crónica, para medicamentos opióides para dor crónica não oncológica, e a comparticipação equivalente a 95%. Durante o meu estágio foi possível entrar em contacto com entidades com as quais existem acordos, por exemplo a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, SA e o Ser-viço de Assistência Médica Social (do Norte, Quadros, entre outros), entre outros. Nestes casos é ne-cessário enviar para a respetiva entidade uma fotocópia da receita validada. Uma das minhas grandes dificuldades consistiu em distinguir os diferentes organismos quando queria fazer a respetiva compar-ticipação no sistema informático.

    1.6.1.4 – Conferência de receituário Após a dispensa de MSRM é necessário confirmar e corrigir o que consta do impresso no ver-so das RM. Cabe ao farmacêutico, verificar primordialmente toda a informação após a dispensa, sendo as RM ainda verificadas por outros farmacêuticos até serem agrupadas segundo lotes, a fim de mini-mizar erros. Todos os meses os lotes de receitas são organizados e enviados às entidades competentes, fa-zendo-se acompanhar do respetivo Verbete de Identificação do Lote, do Resumo de Lotes e da Fatura Mensal do Organismo. Os lotes de receitas pertencentes ao SNS são assim enviados para a Adminis-tração Central do Sistema de Saúde – Centro de Conferência de Faturas e as restantes para a ANF, in-termediário com os restantes organismos. Estes organismos podem rejeitar as RM devido a alguma irregularidade, sendo as receitas reenviadas para a farmácia com o intuito de se averiguar e tentar so-lucionar a situação em causa. Hoje em dia, as RM estão em número reduzido em comparação com as RE, sendo que esta função que é realizada na NFS por parte da Farmacêutica Adjunta e da Farmacêutica Substituta está esporadicamente a diminuir, pois as RM são cada vez menos. Acompanhei de perto a conferência de receituário na minha passagem pela NFS, sendo sempre um farmacêutico responsável que conferia e agrupava os lotes.

    1.6.1.5 - Avaliação farmacêutica e aconselhamento Esta etapa final, resume-se ao conhecimento científico adquirido durante os cinco anos de cur-so, sendo que deve ser posto em prática no caso em questão. O papel do farmacêutico torna-se nesta fase bastante relevante, dado que é necessário compreender se os medicamentos prescritos são indica-dos para o utente em questão, se existe alguma interação com outros medicamentos ou alguma contra-indicação, entre outras questões relevantes. Devemos analisar estas situações da forma mais cuidada possível, uma vez que é preciso assumir que por vezes o que está prescrito não é o mais indicado para o utente, e existem diversas razões para isso, como por exemplo, erros na prescrição, mais que 17

  • um médico a prescrever para o mesmo utente, situações de urgências em que o médico não conhece o historial clínico do utente, entre outras. Sempre que existe alguma dúvida em relação à prescrição, o farmacêutico deverá contactar o prescritor. No caso de MNSRM, dada a quantidade de informação que é divulgada nos meios de comuni-cação social, quer em televisões, jornais, revistas e nas redes sociais, levam a que os utentes cheguem à farmácia com um maior conhecimento ou com a ideia que o possuem. Por vezes, o utente pode pedir um produto específico ou pedir uma sugestão para uma situação específica, nomeadamente no alívio dos sintomas ou tratamento da patologia. Nestas situações, é necessária uma avaliação por parte do farmacêutico (deve ter em consideração os sintomas e preocupações do utente), tendo o farmacêutico de recolher o máximo de informações relevantes, tanto clínicas como não clínicas, para um posterior aconselhamento. Assim, através das informações recolhidas, o farmacêutico deve indicar o MNSRM mais benéfico para o utente, bem como as medidas não farmacológicas necessárias. As situações mais comuns que necessitaram o meu aconselhamento e dispensa de MNSRM, na NFS, foram casos de tos-se e pequenas constipações, algo perfeitamente compreensível dado a estação do ano em que realizei o estágio.

    1.6.1.6 - Informações a prestar ao utente Durante o atendimento, deve existir uma constante comunicação entre o utente e o farmacêuti-co, existindo informações que devem estar sempre presentes. Uma das mais importantes, para o suces-so da terapia é a informação sobre a posologia e o modo de administração, dado que muitas vezes é a primeira vez que o utente vai fazer aquele medicamento ou posologia, ou ainda, mesmo que não seja a primeira vez, é sempre importante relembrar, porque muitos utentes não fazem a toma da medicação de forma adequada. De forma a complementar as informações prestadas, e como garantia que nenhum erro na toma ocorre, pode-se recorrer à transmissão escrita de informação, quer na guia de tratamento (no caso de um MSRM), quer na embalagem do medicamento. Durante o meu estágio curricular, a promoção da adesão à terapêutica foi das temáticas que sempre tive em consideração, pois apercebi-me que muitos dos utentes não completam a medicação ou porque já denotam melhorias ou porque pensam que não está a fazer efeito, acabando por não transmi-tir esta informação ao médico. As medidas não farmacológicas possuem uma função essencial, pois com estas o efeito da medicação pode ser potenciado. Também o estado de conservação dos medica-mentos em casa, é de papel fundamental, porque se as suas condições físico-químicas forem alteradas, o seu efeito será também alterado, devendo-se armazenar determinados medicamentos à temperatura ambiente, ou no caso de antibióticos reconstituídos informar sobre a necessidade de conservar no fri-gorífico.

    1.6.1.7 - Medicamentos genéricos e sistemas de preços de referência Medicamentos genéricos possuem a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem dos medicamentos que lhe serviram de referência, em que a indicação terapêutica para ambos é 18

  • similar. O sistema de preços de referência abrange os medicamentos comparticipados, prescritos no âmbito do SNS, para os quais existem medicamentos genéricos autorizados comercializados e compar-ticipados. Outro dos aspetos relevantes é conseguir compreender o sistema de preços de referência, para explicar o seu funcionamento quando questionado sobre isso. A comparticipação é realizada ten-do em conta a média de PVP dos 5 medicamentos mais baratos, sendo que este valor sofre um ajuste de 3 em 3 meses, daí que se possam verificar alterações no valor pago pelo utente, e também pode acontecer que o medicamento tomado pelo utente pode já não ser um dos 5 medicamentos mais bara-tos, daí que a comparticipação é alterada e o valor a pagar pelo utente é superior. O farmacêutico tem a função de explicar aos utentes da farmácia, da forma mais concreta pos-sível, o sistema de comparticipação dos medicamentos genéricos e preços de referência, matérias que têm gerado alguma controvérsia. Muitas vezes, durante o meu estágio, chegavam muitos utentes à farmácia com a necessidade de perceber esta comparticipação, sempre tentei ser o mais esclarecedor possível, sempre com os mesmos procedimentos e protocolos de explicação. Às queixas explicadas por uma falta de adaptação ao genérico, explicava que a falta de adaptação ao genérico não era sinó-nimo que se adaptassem melhor aos laboratórios de marca, dado que existiam inúmeros laboratórios de genéricos (não esquecendo que podia ser a parte psicológica a funcionar, em que este paradigma não expunha aos utentes dada a sua difícil compreensão). Utilizava também outra vertente, colocava à disposição do utente o medicamento de marca e seu respetivo genérico, e analisava com o mesmo a composição química, mostrava que a substância ativa e a dosagem eram as mesmas, mostrando que a única variação é na composição e na quantidade dos excipientes.

    1.6.2 – Medicamentos não sujeitos a receita médica Dentro desta categoria enquadram-se todos os medicamentos que não preencham os requisitos relativamente aos MSRM, podendo ser adquiridos na farmácia ou em locais de venda autorizados sem necessidade de RM. Os MNSRM são normalmente requeridos e dispensados durante o tratamento de transtornos menores de saúde, como é o caso de cefaleias, dores musculares, distúrbios gastrointestinais e distúr-bios menores do sono, sendo que esta classe de medicamentos tem que conter indicações terapêuticas que se incluam na lista de situações passíveis de automedicação. Estes possuem um valor de PVP su-jeito a um regime de preço livre. O farmacêutico tem o dever de prestar o melhor aconselhamento possível face à situação que lhe é apresentada pelo utente. Para isso, cabe ao farmacêutico enquadrar-se no caso clínico, recolhen-do toda a informação relativa a sintomatologia, duração e recorrência da mesma a fim de apurar um melhor MNSRM na dose mais adequada, atendendo sempre ao seu perfil de interações e contraindica-ções. Cabe também ao farmacêutico informar o utente acerca da posologia e modo como este deve ser administrado, assim como da duração do tratamento e da possibilidade de associação com um trata- 19

  • mento natural. No caso de se tratar de um transtorno de maior severidade, o farmacêutico deve enca-minhar o utente para a consulta médica. A importância do aconselhamento farmacêutico na dispensa de MNSRM torna-se evidente face ao aumento da prática da automedicação. Apesar de se encontrarem devidamente regulamentadas as situações passíveis de serem automedicadas, o maior acesso à informação e o grande apelo do mar-keting (sobretudo através dos meios de comunicação social, mais precisamente nas televisões) leva a que a aquisição e a utilização destes seja feita de forma despreocupada e irracional, sem a devida in-formação e por vezes de forma incorreta, pondo em risco a saúde do consumidor. Durante a minha estadia na NFS, sempre que deparado com uma situação de dispensa de MNSRM que me suscitasse dúvida, pedia auxílio a um dos farmacêuticos da equipa disponíveis no momento, de modo a não cometer nenhum erro na dispensa e assim prestar o melhor serviço possível. Esta foi uma das tarefas mais difíceis que executei durante o estágio, uma vez que falhava em conhe-cimento prático de algumas situações e de alguns produtos, pelo que também foi uma das áreas onde sinto que mais evolui.

    1.6.3 – Medicamentos manipulados Considera-se medicamento/produto manipulado, toda a fórmula magistral e/ou preparado ofi-cinal preparado e dispensado sob a supervisão do farmacêutico. A fórmula magistral é distinguida do preparado oficinal por ser preparada segunda a indicação médica e não segundo protocolos de uma farmacopeia ou formulário [13]. Cabe ao farmacêutico responsável a preparação do produto, garantir a qualidade do mesmo e verificar a sua segurança no que concerne às doses das substâncias ativas e à existência de interações que ponham em causa a ação do medicamento ou a segurança do utente. Devido à baixa procura destes medicamentos, a NFS não prepara nenhum manipulado, não podendo eu intervir nesta vertente. Todos os pedidos de manipulados eram enviados por fax para uma outra farmácia que procedia à sua preparação e envio para posterior venda ao utente.

    1.6.4 – Produtos fitoterápicos Os produtos fitoterápicos são aqueles que são elaborados devido à sua composição, a partir de extratos de plantas medicinais, podendo ser uma combinação de diferentes plantas. Estes produtos en-contram-se regulamentados no Estatuto do Medicamento. Podem apresentar-se como medicamentos, suplementos alimentares ou produtos de consumo cosmético. A classificação da categoria é da compe-tência do seu fabricante, que a deverá propor às entidades competentes antes da sua comercialização. Em Portugal, os medicamentos à base de plantas são aprovados pelo INFARMED e os suplementos alimentares submetidos à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica [14]. Apesar de não serem produtos com elevada rotação na NFS, é de ressalvar a expressão destes produtos para o tratamento de transtornos menores do sono e ansiedade (Valdispert®), distúrbios gas- 20

  • trointestinais (Cholagutt® e Chá Bekunis®), cansaço das pernas (Antistax®) e resolução de hemato-mas (pomadas à base de arnica).

    1.6.5 – Produtos homeopáticos Como consta do Estatuto do Medicamento, os produtos homeopáticos são obtidos a partir de substâncias ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com o processo de fabrico descrito (protoco-lado) na Farmacopeia Europeia ou, em alternativa, numa outra farmacopeia de um Estado Membro da União Europeia [15]. Os medicamentos homeopáticos diferenciam-se dos medicamentos à base de plantas, apesar de poderem ser preparados a partir das mesmas matérias-primas. Esta diferenciação é feita pelos mé-todos de fabrico utilizados na sua preparação e pela forma como são prescritos. A preparação de medi-camentos homeopáticos envolve a utilização de quantidades mínimas das substâncias ativas, obtidas através de diluições e dinamizações sucessivas, com base na doutrina de Samuel Hahnemann, defensor da doutrina do “semelhante cura semelhante” e das altas diluições de compostos como potenciadoras do efeito curativo no paciente [16]. Durante a minha estadia na NFS, a procura destes produtos foi praticamente nula, em que não me foi possível contactar fortemente com esta classe de produtos.

    1.6.6 – Produtos destinados a uma alimentação especial e produtos dietéticos Os produtos destinados a uma alimentação especial adequam-se a um regime nutricional esta-belecido para um determinado utente, variando na sua composição ou processo de fabrico. Desde utentes com condições fisiológicas que necessitam de regime nutritivo especial até lactentes e crianças de 1 a 3 anos de idade, é considerável a saída deste tipo de produtos numa farmácia, estando a NFS equipada com papas, leites adaptados e de transição e ainda suplementos nutricionais [17]. Os suplementos alimentares definem-se como géneros alimentícios compostos por um conjun-to de substâncias de efeitos nutricionais e fisiológicos que se destinam a complementar e/ou suplemen-tar o regime alimentar normal. Uma vez que são vastamente procurados quer por recomendação médi-ca quer pelos meios de comunicação, são produtos com enorme rotação na NFS, tendo contactado e aprofundado o meu conhecimento relativamente a este grupo de produtos durante o meu estágio, a fim de garantir um melhor aconselhamento. Os produtos dietéticos destinam-se a grupos populacionais com necessidades específicas. Usualmente,estes produtos estão isentos de determinados nutrientes, como por exemplo açúcares, ou estão formulados para necessidades nutricionais. Na área da nutrição de adultos, cada vez mais existe mais informação disponibilizada, sendo que muitas vezes esta é sensacionalista e incorreta. Desta forma, cabe à farmácia e ao farmacêutico fornecer informações corretas à comunidade. No caso da dietética infantil, existe uma diversidade de 21

  • leites, fórmulas e papas disponíveis. Estas apresentam diferenças entre si como por exemplo caracte-rísticas anti vómito ou anti-flatulência.

    1.6.7 – Dispositivos médicos De acordo com a legislação em vigor, entende-se como Dispositivo Médico (DM) qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isolado ou em combinação, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imu-nológicos ou metabólicos, utilizado especificamente, para fins de prevenção, diagnóstico ou tratamen-to de uma doença humano. Estão divididos em categorias de acordo com o risco inerente à sua utiliza-ção: I (baixo), II-A (médio-baixo), II-B (médio-alto) e III (alto). Na NFS é possível encontrar uma diversa gama de dispositivos médicos, material de penso e de sutura, seringas, preservativos, testes de gravidez e artigos de puericultura. Esta classe de produtos encontra-se definida e legislada no DL n.º 145/2009, de 17 de junho [18]. Material ortopédico, perten-cente a esta classe, está disponível, tais como: bengalas, colares cervicais, meias elásticas, entre ou-tros. Durante o meu percurso enquanto estudante na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, tive a oportunidade de frequentar a Unidade Curricular de Dispositivos Médicos, estabeleci contacto com diversos tipos de dispositivos durante as aulas, contudo o contacto com profissionais de saúde conhecedores destes produtos revelou-se extremamente vantajoso para a minha aprendizagem e para o meu aconselhamento. Tenho a enfatizar os conhecimentos que pude aprofundar no que toca aos DM durante a minha passagem pela NFS.

    1.6.8 – Produtos de cosmética e higiene corporal Entende-se por produtos cosméticos e higiene corporal (PCHC) qualquer substância ou mistu-ra destinada a ser colocada em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos), ou com os dentes e mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os odores corporais. Tendo em conta a elevada procura destes produtos por parte dos utentes, podendo esta se tratar de uma prescrição médica/dermatológica ou apenas de uma vontade pessoal, a NFS detém no seu stock uma série de marcas e gamas de PCHC disponível à comercialização. Estes, encontram-se regu-lamentados pelo DL n.º 189/2008, de 24 de setembro [19] e subsequentes alterações. É fundamental deter um conhecimento aprofundado acerca deste tipo de produtos, tendo em conta a frequência com que os utentes requerem ou necessitam de um aconselhamento quanto ao produto ideal para a situação que apresentam. A fim de manter os profissionais das farmácias sempre a par de todas as mudanças nas gamas de produtos que comercializam, bem como a assegurar os seus conhecimentos já detidos relativamente a estes, as diferentes marcas de PCHC organizam formações regulares para assegurar o 22

  • melhor aconselhamento na sua venda. Estas formações tendem a ser creditadas pela Ordem dos Far-macêuticos como incentivo à formação contínua dos farmacêuticos.

    1.6.9 – Medicamentos de uso veterinário De acordo com a legislação portuguesa em vigor, um medicamento de uso veterinário é defi-nido como toda a substância ou associação de substâncias, que possuem propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário, entre outras características. Apesar de se-rem uniformizados numa classe individual devidamente regulamentada pelo DL n.º 148/2008, de 29 de julho [20], os MUV são em muito aspetos semelhantes aos medicamentos para uso humano, nome-adamente no que toca à sua produção, distribuição, armazenamento e níveis de eficácia, qualidade e segurança que devem assegura. Na NFS, os MUV se forem sujeitos a receita médica são armazenados numa gaveta específica (diferente dos mais diversos medicamentos) na parte interior da farmácia, caso sejam de venda livre estão na parte exterior da farmácia numa zona de enorme contacto com o público. É de realçar que também medicamentos para uso humano podem ser administrados em animais, desde que cumpram os requisitos quanto à composição e à dosagem e posologia (ex. Lepicortinolo® para afeções dermatoló-gicas), sendo que os antiparasitários são os medicamentos para animais mais vendidos. Uma vez que a temática dos MUV nunca foi abordada durante o meu percurso académico, tive a oportunidade de contactar e aprender mais sobre estes produtos, tendo sempre apoio de um farma-cêutico durante o aconselhamento e dispensa.

    1.7 – Serviços farmacêuticos prestados A determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos é um serviço indispensável que a NFS proporciona à comunidade. Estas determinações rápidas permitem aos utentes uma melhor gestão das suas patologias, bem como a sua prevenção, e ainda a monitorização da terapêutica e a identifica-ção de utentes não diagnosticados. Cada vez mais, as farmácias evoluem a fim de responder às necessidades do seu utente, pro-movendo a sua saúde e o seu bem-estar. O DL n.º 307/2007, de 31 de agosto [3], vem permitir a pres-tação de serviços farmacêuticos nas farmácias comunitárias e a NFS não podia deixar de também o fazer. Os serviços farmacêuticos prestados são os seguintes: - Determinação da Pressão Arterial: deve garantir-se que o utente está sentado, confortável e tran-quilo, sendo que também não deverá ter fumado ou ingerido estimulantes na meia hora anterior (ex: cafeína). De seguida, o utente despe a roupa, para que o braço onde irá ocorrer a medição se encontre livre, e procede-se à medição com o mesmo apoiado corretamente sobre a mesa e com a palma da mão virada para cima, recorrendo a um medidor de braço automático presente na área de atendimento ao público é efetuada a medição da pressão arterial do utente (seguindo as instruções). O utente não 23

  • deve falar durante a medição. No fim de qualquer medição deverá ser anotado o valor obtido num car-tão de registo dado pela farmácia ou do próprio utente, sendo que nesta altura o farmacêutico pode aproveitar para aconselhar o utente, referir medidas não farmacológicas e até indicar a consulta médi-ca. O farmacêutico deve também fazer-se acompanhar dos valores de referência, de forma a fazer uma melhor avaliação do caso. Na NFS os parâmetros de avaliação da pressão arterial utilizados são os descritos pela Direção Geral de Saúde. - Determinação do Índice de Massa Corporal: é efetuado numa balança que fornece o valor do peso em kg e da altura em cm. Este valor é calculado pelo aparelho eletrónico, através da relação das duas variáveis acima descritas. - Determinação de Parâmetros Bioquímicos: a glicemia, o colesterol total e os triglicerídeos são os PB determinados na NFS. Estes realizam-se através do sangue, é necessário fazer uma avaliação das condições de forma a averiguar se a determinação é indicada (exemplo a determinação de colesterol e triglicerídeos são idealmente realizadas de manhã, em jejum). De acordo com a determinação selecio-na-se o equipamento adequado e respetivas tiras de teste e procede-se à determinação, de acordo com as regras de segurança e higiene. A determinação da glicemia é realizada com o intuito de prevenção e controlo de patologias como a DML, em que é para isso usado o sistema FreeStyle Lite®. Já o contro-lo do colesterol total é feito recorrendo ao sistema MultiCarein® e visa a prevenção e o controlo de dislipidemias, impulsionadoras de complicações cardiovasculares a longo prazo. Os triglicerídeos são determinados recorrendo ao Accutrend®. Estas análises são efetuadas no gabinete de atendimento