Notícias Hospitalares Pró-Saúde Pará - Edição 74
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Sonho em construçãoDiretor médico do IECPN, que
homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital
para a neurocirurgia no Brasil
EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | 2º SEMESTRE 2013
G E S T Ã O D A S A Ú D E E M D E B A T E
POR DENTRO DO IECPNCom tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia
PIONEIRISMO E INOVAÇÃO Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS
Dr. Paulo Niemeyer,diretor médico do IECPN
MAIS DE 45 ANOS CUIDANDO DA SAUDE DOS BRASILEIROS
A Pró-Saúde é uma das maiores
entidades de gestão de serviços de
saúde e administração hospitalar do
País. Tem sob sua responsabilidade
mais de 3.500 leitos e o trabalho
de cerca de 20 mil profissionais.
Está presente em todas as regiões
do Brasil, contribuindo para
a humanização do atendimento
hospitalar, em especial do SUS.
Com excelência técnica e credibilidade
nacional, oferece uma gama
de serviços em benefício da vida.
WWW.PROSAUDE.ORG.BR
AcreRondônia
Pará
Tocantins
Bahia
Alagoas
Goiás
Minas Gerais
São Paulo
Paraná
Rio de Janeiro
Maranhão
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MAIS DE 45 ANOS CUIDANDO DA SAUDE DOS BRASILEIROS
A Pró-Saúde é uma das maiores
entidades de gestão de serviços de
saúde e administração hospitalar do
País. Tem sob sua responsabilidade
mais de 3.500 leitos e o trabalho
de cerca de 20 mil profissionais.
Está presente em todas as regiões
do Brasil, contribuindo para
a humanização do atendimento
hospitalar, em especial do SUS.
Com excelência técnica e credibilidade
nacional, oferece uma gama
de serviços em benefício da vida.
WWW.PROSAUDE.ORG.BR
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Expediente Transformação da saúde pública
Revista Notícias Hospitalares
74º edição2º Semestre / 2013CapaDr. Paulo Niemeyer FilhoFoto - Cecilia Acioli
Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar
DIRETORIA ESTATUTÁRIA
PRESIDENTEDom Eurico dos Santos Veloso
Padre Guanair da Silva Santos
Marcio Gonçalves Moreira
Dailton Rodrigues Vieira
DIRETORIA EXECUTIVA
DIRETOR-GERALRonaldo Pasquarelli
DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIROCarlos Alberto Filippelli Giraldes
DIRETOR DE FILANTROPIACarlos José Massarenti
DIRETOR DE OPERAÇÕESDanilo Oliveira da Silva
NOTÍCIAS HOSPITALARES
Diretor ResponsávelCarlos Alberto Filippelli Giraldes
Gerente de ComunicaçãoHelton Zuccon
Produção editorialDoxa Conteúdo & Design
Jornalista responsávelCleide Floresta (MTB 46219)
Direção de arteAdriano Frachetta
Colaboraram nesta ediçãoMariana Botta e Priscilla Murphy
FotografiaCecilia Acioli
ImpressãoHawaii Gráfica e Editora
Tiragem15.000
Dom Eurico dos Santos Veloso, presidenteRonaldo Pasquarelli, diretor-geral
ED
ITO
RIA
L
Assumir a gestão do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer
é uma honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade
para nós da Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência
Social e Hospitalar. É um privilégio, em primeiro lugar, pela confiança
demonstrada em nossa competência administrativa. Em segundo,
por nos permitir proporcionar atendimento de qualidade aos usuá-
rios do SUS (Sistema Único de Saúde). Finalmente, parabenizamos
o Governo do Rio de Janeiro pelo empreendimento. Sentimo-
nos honrados pela oportunidade de operacionalização do IECPN,
através de contrato de gestão, e de ajudar a dar continuidade ao
trabalho de um dos maiores neurocirurgiões brasileiros, o Dr. Paulo
Niemeyer, mantendo vivo seu espírito empreendedor.
Quanto às responsabilidades, sabemos que não são poucas. En-
tretanto, nossos quase 50 anos de experiência na gestão hospitalar
nos levam à certeza de que iremos alcançar o nível mais alto de
excelência para os serviços dos centros de neurocirurgia e de epi-
lepsia, que formam o complexo hospitalar composto por 44 leitos.
A Pró-Saúde é uma das maiores entidades de gestão de serviços
de saúde e administração hospitalar do país, tendo sob sua respon-
sabilidade mais de 3.500 leitos e cerca de 20 mil profissionais.
A humanização do atendimento hospitalar, em especial o do SUS,
é o que norteia nosso trabalho. E no IECPN não vai ser diferente:
estamos a serviço da sociedade e nos comprometemos a atuar
com solidariedade, humanização e profissionalismo na prestação
de serviços, promovendo resultados positivos na vida das pessoas.
Temos certeza de que será um prazer fazer parte desta jornada e
compartilhamos aqui este desafio.
Boa leitura!
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EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | NOV/DEZ 2013
G E S T Ã O D A S A Ú D E E M D E B A T E
Sonho em construçãoDiretor médico do IECPN, que
homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital
para a neurocirurgia no Brasil
EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | 2º SEMESTRE 2013
G E S T Ã O D A S A Ú D E E M D E B A T E
POR DENTRO DO IECCom tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia
PIONEIRISMO E INOVAÇÃO Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS
Dr. Paulo Niemeyer,diretor médico do IECPN
Sonho em construçãoDiretor médico do IECPN, que
homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital
para a neurocirurgia no Brasil
POR DENTRO DO IECPNCom tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia
PIONEIRISMO E INOVAÇÃO Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS
ÍND
ICE
SALA DE ESPERA
ENTREVISTA
HISTÓRIA E CONTRIBUIÇÕES
IECPN
Eventos e pesquisas trazem novas reflexões sobre questões relacionadas ao cérebro humano
Paulo Niemeyer Filho fala sobre o desafio que tem à frente do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, que homenageia seu pai
Conheça a trajetóriade Paulo Niemeyer Soares, pioneiro da neurocirurgia no Brasil e reconhecido mundialmente comoum dos grandes nomes da área
O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é o primeiro centro do país voltado exclusivamente ao tratamento de doenças neurocirúrgicas no SUS
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PESQUISA
ESPECIALIDADES PRÓ-SAÚDE
O IECPN contará com um centro de pesquisa e inovação voltado à produção de conhecimento em sete áreas da neurociência. Conheça todas elas
Saiba como funciona cada uma das áreas do IECPN, que conta com grandes especialistas da neurociência no Brasil
Conheça a história da gestora do IECPN, a Pró-Saúde, uma das maiores entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalar do país
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Rio de Janeiro sedia congresso de neuropatologia - De 14 a 18 de setembro
de 2014 será realizado pela primeira vez na
América Latina o XVIII International Congress of
Neuropathology (ICN 2014), no Sheraton Rio
Hotel & Resort, no Rio de Janeiro. Participam
do congresso especialistas de renome interna-
cional nas áreas de neurologia, neurocirurgia,
oncologia, neurorradiologia, genética e neu-
ropatologia veterinária, entre outras. O evento
vai promover o intercâmbio de conhecimento
da neuropatologia com outros campos da neu-
rociência. Informações: www.icn2014.com.
Feira traz tendências da área hospitalar - A Pró-Saúde estará na
21ª Hospitalar 2014, que reunirá 1.250
expositores de 37 países em São Paulo,
entre 20 e 23 de maio. Maior evento de
saúde das Américas, a feira multissetorial
é voltada à apresentação de produtos e
ao desenvolvimento de negócios.
Simultaneamente, são realizados con-
gressos, jornadas e reuniões setoriais.
A entrada é gratuita, com convite ou
credenciamento antecipado.
Informações: www.hospitalar.com
Pesquisas e eventos discutem o cérebro humanoPela primeira vez, a América Latina recebe evento internacional de neuropatologia; congresso acontece no Rio em setembro de 2014
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Pesquisa mede atividade cerebral em ações cotidianas - Uma nova técnica desenvolvida por
pesquisadores da Universidade Stanford, nos EUA,
mostra ser possível detectar pensamentos que
envolvem valores numéricos. No estudo, três pacien-
tes com epilepsia tiveram eletrodos implantados no
cérebro, e os cientistas conseguiram identificar uma
região do cérebro que, quando ativa, corresponde ao
pensamento em números. A descoberta pode levar a
diversas aplicações no futuro. Fonte: Nature
Communications (http://bit.ly/1bSrFVV)
Proteínas no diagnóstico de Parkinson Baixos níveis de determinadas proteínas no fluido
cerebrospinal podem acusar a presença da doença
de Parkinson mesmo antes dos primeiros sintomas.
É o que mostra uma pesquisa realizada na Universi-
dade da Pensilvânia, nos EUA. Segundo os autores,
a descoberta pode levar a um teste para detectar a
condição do cérebro de forma mais precoce do que
é feito atualmente. Fonte: Jama Neurology
(http://bit.ly/19Af0L0)
Alimentação x AlzheimerUm estudo da universidade austra-
liana Edith Cowan, apresentado na
reunião anual Neuroscience 2013,
em San Diego (EUA), mostra que há
uma relação direta entre os hábitos
alimentares ocidentais e a incidência
da doença de Alzheimer. De acordo
com a pesquisa, aplicada em 527
voluntários, o consumo de carnes
vermelhas e de alimentos industri-
alizados em um período de apenas
três anos pode ser relacionado a um
maior declínio cognitivo entre pes-
soas idosas.
Fonte: http://bit.ly/1bSrLjx
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2º Semestre / 2013
De paipara filho
Assim como o pai, Paulo Niemeyer Filho vem expandindo as fronteiras da neurocirurgia. Na direção médica do IECPN, comanda um projeto inovador que introduz a excelência no serviço público de saúde do Rio
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O álbum de fotos na mesa do
neurocirurgião Paulo Niemeyer
Filho retrata a construção de
um sonho. “Foram tiradas com o celu-
lar,” diz o Dr. Paulo, ao folhear as pági-
nas que remontam as diversas etapas
da construção do Instituto Estadual do
Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN), do
qual é diretor médico.
Foram dois anos de obras sobre a
estrutura do antigo prédio do Instituto
de Traumato-Ortopedia, no centro do
Rio de Janeiro, até a inauguração em
junho de 2013. “O pessoal trabalhava
dia e noite”, diz, apontando uma foto
noturna da obra com luzes acesas.
“Às vezes eu vinha com o então secre-
tário de Saúde Sérgio Côrtes conferir
a obra à meia-noite”, conta.
Tamanha dedicação se justifica. O
hospital que leva o nome de seu pai, o
neurocirurgião Paulo Niemeyer Soares,
morto em 2004, é um projeto desafia-
dor: dar ao sistema público de saúde
do Rio de Janeiro um centro de neuro-
cirurgia com tecnologia de ponta.
É o que ele está conseguindo fazer
graças ao modelo de gestão da Pró-
Saúde, que qualificada como uma
OSS (Organização Social de Saúde)
mantém um contrato de gestão com o
Governo do Estado do Rio. “Foi muito
bonito quando o governador Sérgio
Cabral visitou a obra para dar auto-
rização para a inauguração. Ele reuniu
todos os operários e teve uma conver-
sa com eles. Disse que este hospital
que eles estavam fazendo com tanto
capricho, no qual havia tanto inves-
timento emocional e físico de todos,
não era para quem tinha plano de
saúde. Era para todos os cariocas. E
para eles, inclusive.”
Nesta entrevista, o Dr. Paulo Niemeyer
Filho conta como vem conseguindo, a
exemplo do pai, estender as fronteiras
da neurocirurgia no Brasil.11
2º Semestre / 2013
Qual foi a importância do
seu pai na sua carreira?
Meu pai foi o pioneiro na neu-
rocirurgia. Na época dele
existiam três ou quatro neu-
rocirurgiões no Brasil. Ele foi
o primeiro de todos. Foi o
homem que modernizou a
neurocirurgia brasileira ao in-
troduzir a microcirurgia em
uma época na qual só havia
a neurocirurgia tradicional, a
olho nu. Além disso, em 1954
ele desenvolveu uma técnica
de cirurgia para epilepsia que
é a mais usada no mundo até
hoje. Quando eu era garoto,
não tinha essa dimensão, mas
tinha uma admiração enorme
por ele, porque as pessoas
ligavam no meio da noite e
ele tinha de sair de casa para
atender. Era um mito, um ídolo
dentro de casa. Por isso nunca
tive dúvidas sobre querer fazer
neurocirurgia. Adorava aquilo.
Em que você ampliou o le-
gado dele?
Acho que no ensino, do qual
ele gostava muito. Sou pro-
fessor da Escola Médica de
Pós-Graduação da PUC-RJ,
no curso de especialização
em neurocirurgia. Formamos
muitos neurocirurgiões, gente
do Brasil inteiro. Em uma re-
alidade muito diferente. Meu
pai trabalhava em uma época
em que não existia centro de
terapia intensiva. Então, quan-
do vejo um hospital como o
IECPN, fico imaginando que
ele adoraria ver isso aqui fun-
cionando. Ele trabalhava em
condições precárias e não
poderia imaginar que um dia
existiria um espaço assim.
O que está ocorrendo hoje
em neurociências no Brasil?
A neurociência vem tendo um
desenvolvimento muito grande
no Brasil. Em 2015, o Con-
gresso Mundial de Neurociên-
cias vai ser no Rio. Na verdade,
está forte no mundo todo. O
presidente norte-americano
Barack Obama há pouco tem-
po fez uma doação de US$
100 milhões para a iniciativa
BRAIN, para o mapeamento
das funções cerebrais. É uma
das áreas que mais recebe in-
vestimento para pesquisa atu-
almente. Como um hospital de
neurocirurgia, podemos fazer a
pesquisa aplicada. Já há muita
coisa sendo feita com células-
tronco injetadas na fase aguda
dos acidentes vasculares cere-
brais na tentativa de regenerar
o tecido cerebral, de diminuir
a sequela neurológica. São
pesquisas em andamento que
pretendemos retomar aqui.
Neste cenário, qual é a im-
portância de uma iniciativa
como o IECPN para a saúde
pública?
É muito importante esse tipo
de iniciativa, porque na neu-
rocirurgia, e na neurologia de
uma maneira geral, os casos
podem ter sequelas incapaci-
tantes. O paciente pode ficar
sem falar, sem enxergar, sem
andar. Essas doenças de alta
complexidade cirúrgica de-
vem ser concentradas em
um centro especializado. É
importante que se tenha um
centro de referência gratuito
que possa oferecer à popula-
ção uma tecnologia de ponta,
e profissionais treinados para
esses casos mais complexos.
Por exemplo, teremos aqui um
Gamma Knife. É um aparelho
caríssimo, que é impossível ter
na clínica privada. Só uma ins-
tituição pública pode ter um
aparelho desses, e ele é fun-
damental para os casos mais
graves de lesões cerebrais pro-
fundas nas quais é necessário
Às vezes, você tem um sonho e, quando menos espera, não é mais sonho: por meio da ciência, é possível encontrar o tratamento e a cura
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fazer uma radiocirurgia. Tenho
certeza de que isso vai ser
replicado em outros Estados.
Se temos institutos de cardio-
logia e de ortopedia, devemos
ter um do cérebro, que é uma
especialidade tão importante
quanto as outras.
Na sua opinião, qual o
grande desafio em neuro-
ciência atualmente?
Acho que o mais importante é
o que a gente chama de neuro-
cirurgia reparadora, que usa a
célula-tronco. Tivemos a neu-
rocirurgia convencional, a que
retira os tumores, os aneuris-
mas. Depois tivemos um de-
senvolvimento muito grande,
a neurocirurgia funcional, que
interfere nas funções. Opera-
se um doente para que ele
pare de tremer, por exemplo.
A próxima etapa será dominar
as células-tronco. Atualmente
pode-se injetar a célula-tron-
co, mas não se pode garantir
que ela vai chegar ao cérebro
e ter a função desejada. Este
é o grande desafio, é poder
reparar as sequelas neurológi-
cas de acidentados, de um
paciente que está hemiplégico
[tipo de paralisia que atinge
um dos lados do corpo] por
causa de um acidente vascu-
lar cerebral, ou que não está
enxergando. Esse é o desafio
dos anos que vêm pela frente,
que talvez não sejam tantos.
Às vezes, você tem um sonho
e, quando menos espera, não
é mais sonho: por meio da
ciência, é possível encontrar o
tratamento e a cura. 13
2º Semestre / 2013
“Um mal que trago comigo e que destruiu em mim
o encanto da vida.” Esta foi a definição dada pelo
escritor Mário de Alencar para a enfermidade da
qual era portador, em uma carta enviada ao colega Machado de
Assis, em 1907. Os dois escritores, que fizeram parte do grupo
de fundadores da Academia Brasileira de Letras, compartilhavam
discretamente em suas correspondências o medo, o sofrimento
e o constrangimento de viverem com uma doença carregada de
estigmas e preconceitos na sociedade do final do século XIX e
início do XX: a epilepsia.*
Cinquenta anos os separaram da criação de uma técnica cirúr-
gica revolucionária, que poderia ter mudado suas vidas. Em
1957, Paulo Niemeyer Soares realizou sua primeira amígdalo-
hipocampectomia, procedimento cirúrgico que visa tratar as cri-
ses temporais dos pacientes diagnosticados com epilepsia do
lobo temporal, uma das formas mais frequentes da doença e que
responde pouco ao tratamento medicamentoso.
Por conta desse método, o neurocirurgião brasileiro que dá nome
ao Instituto Estadual do Cérebro do Rio de Janeiro ganhou reco-
nhecimento internacional. “A técnica de ressecção do hipocampo,
criada por Paulo Niemeyer Soares, é conhecida mundialmente e é
usada até hoje. Graças a ele, a produção científica brasileira nesta
área tem destaque internacional”, diz a Dra Magda Lahorgue Nunes,
professora-titular de neurologia da Faculdade de Medicina da Pon-
tifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), que foi presidente da Liga Brasileira de
Epilepsia (LBE) entre 2002 e 2004, instituição da
qual Paulo Niemeyer foi um dos fundadores.
“Quando se fala da cirurgia de epilepsia, sempre
se fala dele, porque a técnica que ele criou na
década de 1950 ainda é uma das melhores do
mundo”, explica o Dr. Jaderson Costa da Costa,
professor-titular de neurologia da Faculdade de
Medicina da PUCRS e diretor do Instituto do
Cérebro da PUCRS. “Tudo começou com o
Dr. Paulo Niemeyer, e todo mérito é de pionei-
ros como ele, que fizeram um grande esforço
inovador em uma época de poucos recursos,
em que não havia a infraestrutura necessária
para descobertas tão significativas”, completa o
neurocirurgião, que presidiu a LBE entre 1992 e
1993. (Leia mais sobre a LBE na pág. 17).
Feitos históricos
Pessoa com características excepcionais, Pau-
lo Niemeyer Soares era precoce, ousado e au-
todidata. Com apenas 16 anos foi aprovado no
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Desbravador dos mistérios do cérebro Pioneiro da neurocirurgia no Brasil e reconhecido mundialmente, Paulo Niemeyer Soares é um dos grandes nomes da neurocirurgia
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vestibular da Faculdade Nacional de Medicina,
no Rio de Janeiro (hoje pertencente à UFRJ).
Aos 24 anos, o então médico já realizava a
primeira transfusão de sangue conservado no
país, em uma época em que a prática corrente
era a transfusão direta.
Incansável, o interesse pela cirurgia do sistema
nervoso foi apurado enquanto fazia residência
em cirurgia-geral em prontos-socorros do Rio
de Janeiro e de Niterói e, ao mesmo tempo,
atuava como monitor e assistente das cadeiras
de técnica operatória e cirurgia experimental, da
Faculdade Nacional de Medicina e da Escola de
Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano
(que faz parte da UFRJ).
Durante essa experiência, desenvolveu diver-
sos trabalhos de pesquisa, entre eles um so-
bre a cirurgia do sistema nervoso simpático e
seu efeito sobre a circulação colateral. A partir
desse estudo, o médico descreveu a técnica de
angiografia da aorta por cateterismo, que era
feita com uma sonda vesical (material disponível
na época), usada para injetar contraste na aor-
ta. Foi por pouco que ele não realizou o primeiro
cateterismo de artérias cerebrais.
Sem medo de inovar, acabou se aprimorando
como neurocirurgião de maneira autodidata.
Em 1942, foi convidado a criar um Departa-
mento de Neurocirurgia na Santa Casa da Mi-
sericórdia e, em 1945, inaugurou o primeiro
serviço de Neurocirurgia da América Latina des-
tinado à traumatologia neurológica, no Hospital
de Pronto Socorro do Rio de Janeiro.
Workaholic assumido, Paulo Niemeyer realizou
mais de 1.500 cirurgias ao longo de quase 70
anos de profissão. Ele sempre afirmava que
seus hobbies eram estudar e trabalhar, espe-
cialmente na sala de cirurgia. Foi nesse ambien-
te que orientou centenas de residentes e con-
tribuiu para a formação de várias gerações de
neurocirurgiões brasileiros –seu maior orgulho.
No dia 10 de março de 2004, estava em seu
consultório, fazendo o que mais gostava, quan-
do foi surpreendido por um rompimento em sua
válvula mitral. Não resistiu e morreu, 30 dias an-
tes de completar 90 anos. Deixou uma contri-
buição indelével para o estudo da neurociência
brasileira que até hoje auxilia muitas pessoas.
Dr. Paulo
Niemeyer Filho,
com o pai, Dr.
Paulo Niemeyer
Soares, na Santa
Casa do Rio
* Fonte: SOUZA,
Samantha
Valério Parente.
“A experiência
da epilepsia na
correspondência
de Machado de
Assis, Mário de
Alencar e Carlos
Magalhães de
Azeredo”. Resumo
de relatório de
pesquisa de
Iniciação Científica.
PUC- Rio/FAPERJ,
2007. Disponível
em: http://bit.
ly/1fpO0y6
Arq
uivo
Pes
soal
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2º Semestre / 2013
Fontes: Epilepsia, Vol. 45, No. 9, 2004, e Arquivos brasileiros de neurocirurgia, Vol. 23, No. 1, 2004. Disponível em: http://bit.ly/1cD5YKs
T R A J E T Ó R I A de Paulo Niemeyer SoaresAos 16 anos, é aprovado no vestibular para a Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, onde forma-se aos 22 anos
Passa a utilizar o microscópio cirúrgico na amígdalo-hipocampectomia e realiza a 1ª cirurgia transesfenoidal da hipófise
Recebe, na Holanda, a medalha de honra da World Federation of Neurosurgical Societies
É eleito membro honorário da Academia Nacional de Medicina
10 de março – sente-se mal em seu consultório e morre no hospital, 30 dias antes de completar 90 anos
Realiza, pela 1º vez na América do Sul, uma cirurgia estereotáxica para o tratamento de Parkinson, o que lhe rendeu citações internacionais
Desenvolve uma nova técnica cirúrgica, chamada de amígdalo-hipocampectomia, que visa tratar as crises temporais nos casos de epilepsia
• Recebe o prêmio Antonio Austregésilo, da Academia Nacional de Medicina, pela publicação do trabalho “Angiografia Cerebral Percutânea”.
• É um dos fundadores da LBE
Cria o Serviço de Neurocirurgia da Casa de Saúde Dr. Eiras, no Rio de Janeiro, que se torna centro de referência nacional de neurocirurgia
14 de abrilNasceu no Rio de Janeiro
Começa a trabalhar como cirurgião-geral residente em prontos-socorros do Rio e de Niterói
Opera casos de neurinomas do acústico, preservando os nervos faciais e acústicos com o uso do microscópio cirúrgico
Cria o primeiro serviço de neurocirurgia da América Latina, no Rio de Janeiro, e começa a se dedicar à neurocirurgia funcional
É o primeiro colocado no concurso público para cirurgião-geral do Hospital de Pronto Socorro do Estado do Rio de Janeiro, que teve 270 candidatos
1914
1939
1943
1949
1955
1974
1997
2004
1981
1957
1950
1945
1930
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LBE busca desmistificar doença
Conhecida desde a Antiguidade, a
epilepsia foi, durante muito tempo,
associada a forças sobrenaturais e à
possessão espiritual ou demoníaca.
Até as primeiras décadas do século
XX, muitos médicos ainda associavam
essa enfermidade à loucura, e os pa-
cientes eram submetidos a tratamen-
tos com anticonvulsivos e sedativos,
ou eram internados em hospitais
psiquiátricos para evitar o constrangi-
mento da família diante das constan-
tes crises e da discriminação.
Por tudo isso, sempre foi um diag-
nóstico de difícil aceitação. Para ten-
tar desmistificar a doença, em 15
de maio de 1949, foi criada a Liga
Brasileira de Epilepsia (LBE), que teve
como primeiro presidente o neuro-
cirurgião Paulo Niemeyer Soares.
Associação civil sem fins lucrativos,
reúne médicos e outros profissionais
dedicados à saúde das pessoas com
epilepsia. Sua missão é promover re-
cursos para o ensino e a pesquisa,
destinados a prevenção, diagnóstico
e tratamento. De acordo com o Dr.
Jaderson Costa da Costa, da PUCRS,
as finalidades da instituição são dar
assistência aos profissionais e me-
lhorar as condições de vida dos paci-
entes com epilepsia, difundindo entre
os leigos mais conhecimento sobre a
doença, contribuindo, assim, para di-
minuir o preconceito.
Entre as atividades da LBE está a pro-
moção de reuniões anuais e, a cada
dois anos, a instituição oferece prê-
mios para os melhores trabalhos de
médicos, pesquisadores e estudantes
participantes dos encontros. Um dos
prêmios, entregue desde 2004, leva o
nome de Paulo Niemeyer e reconhece
o mérito em neurocirurgia. A próxima
edição será em abril de 2014.
Realiza a primeira transfusão de sangue conservado no país –até então, só se fazia transfusão direta
É convidado a criar o Departamento de Neurocirurgia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro
Realiza as primeiras eletrocorticografias, trabalho de grande repercussão internacional na época
Publica os primeiros casos de aneurismas e más formações arteriovenosas cerebrais operados no Brasil, diagnosticados pelo método angiográfico
Depois de fazer um estágio na Suíça, realiza a primeira anastomose extra-intracraniana temporal superficial-cerebral média do Brasil, introduzindo no país a microneurocirurgia
Recebe medalha de honra pela contribuição à neurocirurgia na América Latina, no Congresso Latino- Americano de Neurocirurgia, em Miami
Hospital construído pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro recebe o nome de Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e passa a ser gerido pela Organização Social de Saúde, Pró-Saúde2013
1991
1971
1953
1946
1942
1938
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2º Semestre / 2013
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2º Semestre / 2013
Conheça o primeiro centro do Brasil voltado exclusivamente para o tratamento de doenças neurocirúrgicas que atende apenas pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com técnicas inéditas na rede pública
referência emneurocirurgiano país
IECPN:
Imagine um neurocirurgião poder ter a
certeza, por meio de um exame de alta
precisão, de que retirou todo o tecido
afetado por um tumor cerebral de um paciente
enquanto este ainda está na mesa de cirurgia.
Procedimento que vai diminuir não apenas a
necessidade de sessões posteriores de radio
e/ou quimioterapia como a possibilidade de
novas intervenções. Tudo isso sem custo para
o paciente, em um hospital que atende exclusi-
vamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Isso será realidade na sala híbrida do Instituto
Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, equipada
com uma máquina de ressonância magnética
intraoperatória de 1,5 Tesla -a primeira do
Estado do Rio de Janeiro. E este é apenas um
dos exemplos que confirmam a excelência
da nova unidade de saúde do Estado, aberta
ao público em 24 de junho de 2013 e que
homenageia um neurocirurgião brasileiro
reconhecido mundialmente: o Dr. Paulo Nie-
meyer Soares.
Multiespecializado, o IECPN atende apenas
doenças cerebrais com possibilidade cirúrgica.
Em quatro meses de funcionamento, até 31
de outubro de 2013, já havia realizado 1.487
atendimentos ambulatoriais e 189 cirurgias,
com uma média de seis por dia.
O hospital do Governo do Estado do Rio tem
gestão da Pró-Saúde - Associação Benefi-
cente de Assistência Social e Hospitalar, que
é qualificada como uma Organização Social
de Saúde (OSS). Neste contrato de gestão,
como explica o diretor médico do hospital,
Paulo Niemeyer Filho, é preciso atingir metas,
e a do hospital hoje é realizar seis cirurgias/dia.
“No ano que vem, a OSS pode simplesmente
trocar o corpo médico, assim como o governo
pode trocar a OSS se ela não estiver cumprin-
do as metas com as quais se comprometeu.
Isso só é possível na gestão por organizações
sociais.” E completa: “É uma gestão ágil,
eficaz, motivadora. Se um aparelho quebra,
em menos de 24 horas ele já está funcionando
novamente. Não há aquele espírito que a gente
associa a um hospital público, de lentidão, de
ficar se queixando do governo. A gente aqui
vem com muita motivação e temos metas a 20
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IEC
PN
do Estado em obras e equipa-
mentos de última geração foi
de R$ 80 milhões, e o Minis-
tério da Saúde irá investir
anualmente R$ 45,3 milhões,
valor equivalente a 50% dos
gastos com a manutenção
de leitos, realização de
procedimentos e compra de
medicamentos do chamado
Complexo Hospitalar –do
qual fazem parte o IECPN e
o Hospital Estadual Anchieta.
Uma das salas
cirúrgicas
do IECPN;
no detalhe,
equipamento
de tomografia
computadorizada
cumprir, o que também não
existe na administração direta.
A ideia é que não se formem
filas e que haja um número
mínimo de exames que jus-
tifiquem todo o investimento
que o governo fez”, afirma o
diretor médico, que visitou
hospitais em Baltimore e Nova
York, nos Estados Unidos,
para conhecer o que havia de
mais moderno no setor.
O investimento do Governo 21
2º Semestre / 2013
Salas cirúrgicasinteligentes
• Contam com a tecnologia com-
putacional de neuronavegadores
para a realização de estereotaxia,
uma técnica moderna da neuro-
cirurgia que permite a localização
e o acesso preciso a lesões cere-
brais. Os aparelhos projetam em
3D, nos exames de ressonância
magnética expostos nos monitores
da sala de cirurgia, o local exato
onde se encontra a lesão;
• As salas também são equipadas
com equipamentos de videoconfe-
rência, possibilitando o intercâmbio
de conhecimento com hospitais do
Brasil e de outros países;
• Os médicos contam, ainda, com
três câmeras: uma acoplada a um
microscópio, outra que reproduz
uma imagem geral da sala, e a
terceira fica no foco cirúrgico para
evitar sombras no local que está
sendo operado.
Tecnologia como aliada
RadiocirurgiaGamma Knife
O hospital contará com o aparelho
que possui a mais avançada e
confiável tecnologia disponível hoje
no mundo para a realização de ra-
diocirurgia estereotáxica, indicada
nos casos de lesões cerebrais
profundas. Por meio de exames
de imagem, são localizadas as
lesões do paciente e é feito um
cálculo baseado nas coordenadas
de todos os pontos da cabeça.
Essas coordenadas serão usadas
pela máquina para direcionar
corretamente os feixes de radiação
gama na região a ser tratada.
Sala híbrida
A quarta sala cirúrgica do IECPN
será equipada com aparelho de
ressonância magnética intraope-
ratória de 1,5 Tesla, que possibilita
a realização de exames durante a
cirurgia, com o paciente
ainda no ato operatório. Com ele, o
neurocirurgião pode confirmar se
conseguiu retirar completamente
a lesão cerebral antes de finalizar
o procedimento. São duas salas
contíguas: o equipamento fica em
uma sala ao lado, separado por
uma porta de correr e, quando
necessário, entra na ressonância
magnética por meio de um trilho.
O IECPN conta com um parque tecnológico de última geração
para garantir maior precisão no diagnóstico
e eficácia no tratamento de doenças neurológicas. Conheça
alguns destaques:
IEC
PN
Aparelho de hemodinâmicaArtis Zee
Para o tratamento de doenças vas-
culares, como aneurismas sem a
necessidade de cirurgias, o IECPN
usa o equipamento Artis Zee.
Trata-se de um angiógrafo com
qualidade de imagem superior, que
permite diagnósticos mais preci-
sos, além da possibilidade de gerar
imagens dos vasos sanguíneos em
três dimensões.
Dopplertranscraniano
O IECPN possui dois aparelhos
que permitem uma avaliação cere-
brovascular rápida, segura e não
invasiva. São usados para avaliar
possíveis modificações no fluxo
sanguíneo cerebral.
Microdiálise cerebral
O equipamento de microdiálise
cerebral realiza monitorização
cerebral e possibilita colher e ava-
liar –na beira do leito– substâncias
(neurotransmissores) produzidas
pelas células cerebrais de pacien-
tes com aneurismas, por exemplo,
em estado grave, internados
em centros de terapia intensiva.
Utilizando um cateter específico,
o médico retira uma amostra,
que é analisada imediatamente
no equipamento acoplado ao
leito. A análise das dosagens e as
alterações desses líquidos podem
nortear as intervenções
terapêuticas de forma mais racio-
nal e dirigida.
Tomografiacomputadorizada
Para diagnósticos mais precisos, o
Instituto também conta com o apa-
relho Somatom Emotion 16 canais,
que realiza tomografia computa-
dorizada em espiral para o corpo
inteiro, com um sistema concebido
para gerar ótima qualidade de
imagem com a menor exposição
possível à radiação.
Instalações e pioneirismo
O hospital possui quatro salas
cirúrgicas, com capacidade
para realizar cirurgias neuro-
navegacionais, intervenção
menos invasiva e guiada por
um computador que localiza
lesões profundas no cérebro.
Há, também, estrutura de vi-
deoconferência, possibilitando
o intercâmbio de conheci-
mento com hospitais do Brasil
e de outros países.
Dos 200 leitos previstos, os
44 em funcionamento estão
nas Unidades de Terapia
Intensiva (UTI). Nove salas de
ambulatório –cinco de adultos
e quatro infantis– já estão em
funcionamento, e a previsão é
atender de 100 a 200 pes-
soas por dia, com a realização
de seis cirurgias diárias.
Completando as instalações,
já existe o projeto para a
construção de prédio anexo
que será usado para a amplia-
ção da internação, com área
para pesquisas científicas e
para o treinamento de micro-
cirurgia. O novo edifício tam-
bém vai abrigar uma unidade
de reabilitação, com fisiotera-
pia e treinamento de familiares
e pacientes com sequelas
provisórias e permanentes.
Além da infraestrutura e tec-
nologia de ponta, o Instituto
Estadual do Cérebro Paulo
Niemeyer conta com um time
que é um dos seus grandes
ativos: mais de 470 fun-
cionários e de 100 médicos,
sendo em torno de 30 neuro-
cirurgiões, mais 40 médicos
na UTI, que atuam na parte de
pós-operatório, e 30 no setor
de epilepsia.
O IECPN abriga o primeiro
Centro de Epilepsia do Estado
e tem uma UTI do protocolo
do Acidente Vascular Cerebral
(AVC) do tipo isquêmico, con-
siderado um grave problema
de saúde pública, pois repre-
senta cerca de um terço das
mortes por doenças vascula-
res no Brasil, principalmente
entre as camadas sociais mais
pobres da população e entre
os mais idosos. O problema
atinge cerca de 16 milhões de
pessoas por ano no mundo,
com 6 milhões de vítimas
fatais. Para ser atendido no
IECPN, o paciente deve pro-
curar uma Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) ou Centro
de Saúde e, se tiver diagnósti-
co com indicação neurocirúr-
gica, será encaminhado para
a Secretaria de Estado de
Saúde que, por meio da Cen-
tral Estadual de Regulação,
agendará a consulta. Por se
tratar de uma unidade espe-
cializada de referência, não há
atendimento de emergência.
“O que se encontra aqui não
está reunido em nenhuma
outra unidade de saúde. É
o estado da arte na neu-
rocirurgia. Vamos ter uma
modernidade que no serviço
público praticamente não
existe”, finaliza Dr. Paulo
Niemeyer Filho.
24
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* Dados até 31 de outubro de 2013
** De 1º de agosto a 31 de outubro de 2013
44189
4721487
2º andar: 10 leitos de UPO
3º andar: 4 leitos UTI Pediatria
3º andar: 13 leitos UTI Adulto
4º andar: 17 leitos UTI Adulto
O IECPN em números *
Cirurgias **
Consultas ambulatoriais
Funcionários
Leitos
IEC
PN
TRANSFORMANDO O JEITO DE FAZER
CONTEÚDO, RELACIONAMENTO
E NEGÓCIOS,365 DIAS AO ANO.
Anu Pro Saúde.indd 1 28/01/14 16:35
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res
Uma das principais novidades do
Instituto Estadual do Cérebro Paulo
Niemeyer para 2014 é a inaugu-
ração de uma área reservada a pesquisa e
inovação científica. Criado com o objetivo de
gerar produção científica nacional em neu-
rociências, contará com sete linhas de pes-
quisa, todas relacionadas à neurocirurgia, e
pretende realizar parcerias com instituições
nacionais e internacionais.
A primeira delas foi firmada com a PUC-RJ
para fazer parte da formação dos neurocirur-
giões. “Um instituto como este, que quer
realizar seis cirurgias por dia -um movimento
enorme-, não pode se restringir apenas à
assistência. Temos a obrigação de formar,
transmitir conhecimento e, se possível, de-
senvolver novas técnicas” afirma o Dr. Paulo
Niemeyer Filho, diretor médico do Instituto
Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer.
O objetivo é realizar estudos que possibilitem
ampliar o conhecimento científico em neuro-
ciências e oferecer condições para que
as descobertas possam ser aplicadas
no diagnóstico e no tratamento dos
pacientes. Para a Dra. Mônica Gadelha,
coordenadora do setor de neuroendo-
crinologia, como o IECPN conta com
uma equipe altamente especializada e
com experiência em pesquisas, há um
enorme potencial para o desenvolvi-
mento de novas tecnologias que poderão
melhorar o tratamento dos pacientes
com patologias cerebrais.
A expectativa do grupo de pesquisa-
dores que se reuniu para planejar o
Centro de Estudos e Pesquisas é de
contribuir não apenas no avanço de seus
respectivos campos de atuação, mas
também ampliar os conhecimentos sobre
o cérebro humano e encontrar novas for-
mas de intervir nas doenças que podem
afetá-lo. “As pesquisas clínicas são de
fundamental importância para o desen-
Conhecimento científico a favor do pacienteCentro de Estudos e Pesquisas, que começa a funcionar no primeiro semestre de 2014, vai contemplar sete áreas da neurociência
CE
NT
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UIS
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27
2º Semestre / 2013
volvimento imediato do nosso
trabalho à beira do leito”,
afirma o Dr. Fabio Guimarães
de Miranda, coordenador
do setor de Medicina Inten-
siva, que já firmou parcerias
com diversas instituições de
pesquisa, tais como Fiocruz,
ID’Or e Instituto Pasteur.
Outras parcerias com universi-
dades nacionais e internacio-
nais também estão em análise
e devem ser confirmadas em
breve. A pesquisa contribui
para o desenvolvimento do
pensamento crítico, ajuda a
desenvolver as competências
necessárias para importantes
tomadas de decisão, e isso
se reflete positivamente no
atendimento aos pacientes.
O Centro de Pesquisa do
As sete linhas de pesquisa
Neurocirurgia: tem como objetivo fornecer dados
epidemiológicos nacionais consistentes acerca das
patologias cerebrovasculares, neuro-oncológicas
e dos distúrbios do movimento. Realizar estudos
clínicos prospectivos randomizados especial-
mente com neoplasias de hipófise, meningiomas,
gliomas, aneurismas cerebrais, más-formações
cavernosas, schwannomas, epilepsia, doença de
Parkinson e distonias.
Neurorradiologia: desenvolver e demonstrar
aplicações clínicas das técnicas convencionais e
avançadas de neuroimagem em pacientes com
lesões intracranianas.
Medicina Intensiva: a linha de pesquisa em
medicina intensiva adulta e pediátrica tem como
objetivo ser um centro de excelência em pesquisa
e ensino em neurointensivismo, contribuindo com
o enriquecimento do conhecimento científico e
com o desenvolvimento da especialidade e da as-
sistência aos pacientes neurológicos e neurocirúr-
gicos agudos.
Neuroendocrinologia: melhorar o manejo clínico
dos pacientes com adenomas hipofisários e o
conhecimento sobre os mecanismos de desen-
volvimento desses tumores, através do estudo
dos mecanismos de tumorigênese hipofisária,
resposta ao tratamento medicamentoso e do cor-
reto manejo peroperatório desses pacientes.
Neuropatologia: tem como objetivo fornecer
indicativos da frequência das doenças, criando
condições de análises epidemiológicas e desen-
volvimento de métodos que permitam avançar no
conhecimento das mesmas.
Neurofisiologia: tem como missão promover
e desenvolver pesquisa clínica e translacional
de ponta e inovadora em todas as áreas do
conhecimento relacionadas com o diagnóstico
e o tratamento das epilepsias, gerando saúde
e qualidade de vida às pessoas com
epilepsia e seus familiares.
Saúde Neurofuncional: desenvolve estudos
relacionados à saúde das pessoas em condição
de neurocirurgia, incluindo a abordagem da
fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, psicologia e
enfermagem, no sentido de facilitar e promover o
bem-estar desses indivíduos.
IECPN vai dar importante
contribuição neste grande
projeto, no sentido de torná-
lo uma referência também na
produção de conhecimento
científico.
Conheça a missão do Centro de Pesquisa
Realizar pesquisas clínicas e
translacionais em neurociên-
cias, de modo a contribuir
com a produção do conheci-
mento científico nas diferentes
áreas, assim como promover
o contínuo aperfeiçoamento
da qualidade assistencial para
a sociedade, por meio da for-
mação e da capacitação dos
profissionais da saúde.
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Cada especialidade do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer responde por um serviço, o que possibilita que as pessoas atendidas pelo SUS tenham acesso ao que há de mais avançado nessas áreas. Nas páginas a seguir, entenda ao que cada uma delas se dedica a fazer
Os mistérios do cérebro por sete áreas
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PRECISÃO E SEGURANÇA NOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
Reunir no mesmo lugar
tecnologia de ponta e
profissionais experientes
e especializados em cada
uma das áreas da medicina
relacionadas à saúde do
cérebro é o grande diferencial
do Instituto Estadual do
Cérebro Paulo Niemeyer para
diminuir os riscos das cirurgias
e garantir a exatidão nos
diagnósticos e no tratamento
dos pacientes.
Prova deste compromisso
Dr. Paulo Niemeyer Filho - diretor médico do IECPN e coordenador do setor de Neurocirurgia - Homenageado como o “Médico
do Ano” pela Sociedade de Medicina e Cirurgia
do Rio de Janeiro, em outubro de 2013, estudou
neurologia na University of London, na Inglaterra,
após formar-se em medicina na Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Fez doutorado na
Escola Paulista de Medicina, em São Paulo.
Além de diretor médico do
Instituto Estadual do Cérebro
Paulo Niemeyer, é chefe de
neurocirurgia da Santa Casa de
Misericórdia do Rio e professor
do curso de pós-graduação
em Neurocirurgia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio
de Janeiro.
é o setor de neurocirurgia,
que conta com os
serviços de especialistas
em neurohemodinâmica,
neuroendocrinologia,
diagnóstico e tratamento
da epilepsia, doença de
Parkinson, distonias e tumores
cerebrais. O centro cirúrgico
é composto por quatro salas
cirúrgicas – uma delas híbrida,
com acesso a um aparelho
de ressonância magnética.
Todas são equipadas com
sistema de neuronavegação,
neuroendoscopia e
neuromonitorização,
microscópios cirúrgicos,
Neurocirurgia
ultrassom percirúrgico, sistema digital com
acesso aos exames de imagem e sistema Full
HD para a gravação e a exibição das cirurgias na
sala de reuniões. Tudo para propiciar precisão e
segurança no procedimento cirúrgico.
Dos 189 procedimentos realizados até outubro
de 2013, os casos de maior impacto foram
relacionados à doença de Parkinson. O primeiro
paciente operado no IECPN, em agosto, sofria
com o mal havia mais de três anos e saiu livre
dos tremores decorrentes da doença. Ele foi
submetido a uma talamotomia estereotáxica,
procedimento inédito nas unidades públicas de
saúde do país. “Queremos operar seis pacientes
por dia, para que não se formem filas. Para
isso, o governo montou um hospital de primeira
qualidade”, afirma Paulo Niemeyer Filho,diretor
médico e coordenador de Neurocirurgia.
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2º Semestre / 2013
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Dr. Elias Tanus - coordenador do setor de Neurointervenção - Formou-se em medicina
em 2000, pela Faculdade de Medicina de
Campos (RJ) e, dois anos depois, já integrava
a equipe do Dr. Paulo Niemeyer Filho na Santa
Casa de Misericórdia, mesmo local em que
fez sua especialização. Entre 2007 e 2008,
fez um curso de aperfeiçoamento no Instituto
Eneri, na Argentina, com o renomado cirurgião
endovascular Pedro Lylyk. “A hemodinâmica
é uma área que, apesar
de consolidada, está em
franca expansão no Brasil,
pois ainda enfrentamos
uma certa dificuldade para
importar os materiais mais
modernos. Esperamos que
os bons resultados do IECPN
nos ajudem a vencer essa
burocracia”, afirma.
Neurointervenção
TODOS OS ESFORÇOS CONTRAOS ANEURISMAS Os aneurismas cerebrais são doenças
muito graves, com taxa de mortalidade
de 50% quando rompem. Além disso,
30% dos pacientes que sobrevivem
a eles acabam com sequelas graves.
Entretanto, se for diagnosticado e
tratado antes de sangrar, o risco de
morte fica entre 2% e 3%.
Esta é apenas uma das doenças das quais
se ocupa o setor de Neurointervenção do
IECPN, coordenado pelo Dr. Elias Tanus.
Subespecialidade que cuida das doenças
circulatórias do sistema nervoso, seu
objetivo é minimizar o trauma cirúrgico,
evitando grandes incisões e cicatrizes.
A equipe da hemodinâmica do Instituto
Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é
composta por 12 pessoas, sendo três
neurocirurgiões. “Contamos com o que
há de mais moderno e, por isso, temos a
oportunidade de atender problemas raros.
Desde que começamos os trabalhos,
já tivemos dois casos de aneurismas
gigantes, que são os mais graves e,
geralmente, atingem os pacientes mais
humildes. Fizemos, com sucesso, um
tipo específico de cirurgia de embolização
de aneurisma, que até então não era
contemplada na rede pública de saúde”,
conta Tanus, satisfeito por poder utilizar
materiais e equipamentos de ponta no
hospital, como o Artis Zee.
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2º Semestre / 2013
PESQUISA E CONTRIBUIÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS
A neuropatologia estuda as alterações
morfológicas de células e tecidos relacionadas
a doenças do sistema nervoso central e
periférico e também de outros órgãos intra-
cranianos, como a hipófise, a pineal e algumas
enfermidades musculares. Trata-se de uma
especialidade que colabora, principalmente,
com outras quatro áreas: a neurologia, a
neurocirurgia, a neuroendocrinologia e a
neurorradiologia. Pois somente pela descrição
das alterações morfológicas observadas nos
tecidos provenientes das cirurgias ou de
autópsias, é possível chegar a um diagnóstico
preciso de algumas doenças, sendo possível
atuar em sua prevenção e no tratamento.
Dentre os casos já atendidos no IECPN, a
coordenadora da área, Dra. Leila Chimelli,
destaca o de uma criança que aparentava
ter um meningioma. “O exame do espécime
cirúrgico não confirmou essa hipótese,
tratando-se de uma lesão pseudo-tumoral [não
neoplásica] raríssima no cérebro, a primeira
vez que vi, razão pela qual apresentei em uma
sessão de casos raros de neuropatologia em
um congresso latino-americano de patologia
pediátrica”, conta.
NeuropatologiaAtualmente ela conta com
a colaboração de outra
patologista e de uma bióloga,
responsável pelo preparo
do material e serviços
administrativos. No primeiro
semestre de 2014, com a
reforma de outra área do
prédio do IECPN, o setor
passará a contar com um
laboratório de neuropatologia
completo. “Teremos uma
área maior, com um espaço
dedicado à pesquisa e todos
os equipamentos necessários
para armazenamento
e preparo dos tecidos
[contêiner de nitrogênio
líquido, freezer, microscópios
de fluorescência] para o
diagnóstico morfológico,
imuno-histoquímico e
molecular, já que o IECPN
contará também com um
laboratório de diagnóstico
molecular com máquinas
de PCR (Polymerase Chain
Reaction), além de outros
equipamentos”, afirma.
Dr. Leila Maria Cardao Chimelli - coordenadora do Laboratório de Neuropatologia
Livre-docente pela
Universidade de
São Paulo (USP),
professora permanente
do Programa de
Pós-Graduação em
Anatomia Patológica da
Universidade Federal
do Rio de Janeiro
(UFRJ) e pesquisadora
do INCA, é doutora
em Neuropatologia
pela University of
London (1982 – 1985),
na Inglaterra, com
pós-doutorado na
Université Paris-Est
Créteil Val-de-Marne,
na França (1989). “A
neuropatologia é uma
área que ainda tem
poucos especialistas
no Brasil, somos 14.
Por isso, em um local
como o IECPN, um
dos nossos maiores
objetivos é formar
mais profissionais
qualificados”, diz.
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SUPORTE TECNOLÓGICO À VIDA
O neurointensivismo é uma subespecialidade
médica que envolve conhecimentos
avançados e integrados nas áreas de terapia
intensiva, neurologia e neurocirurgia. O
responsável por este setor no IECPN é o
Dr. Fabio Guimarães de Miranda.
As instalações sob os cuidados de Miranda
se espalham por três dos quatro andares
do prédio: no segundo, encontra-se o
CTI (Centro de Terapia Intensiva) pós-
operatório, com 10 leitos; no terceiro, ficam
o CTI adulto, com 11 leitos, e o pediátrico,
com 6; e, no quarto, há mais 17 leitos de
CTI adulto. “Todos esses ambientes são
equipados com monitores, respiradores
e aparelhos de última geração, como
os ventiladores mecânicos Servo-i e os
monitores multimodulares”, exemplifica.
Medicina IntensivaEm apenas quatro meses de
funcionamento, cerca de 250
pacientes já passaram pelo
CTI do Instituto. “Apesar de
toda a infraestrutura com a
qual contamos, considero
a qualificação dos nossos
profissionais como o principal
diferencial”, afirma.
Integram o time de Medicina
Intensiva médicos dedicados
ao neurointensivismo e
participantes das principais
sociedades de terapia intensiva
nacionais e internacionais.
Todos com ampla experiência
em pesquisa clínica, além de ter
em seus membros revisores de
diversos periódicos clínicos.
Dr. Fabio Guimarães de Miranda - coordenador de Terapia Intensiva
Clínico e intensivista,
formou-se pela
Universidade Federal
do Rio de Janeiro
em 1980, fez MBA
Executivo em Saúde
na Fundação Getúlio
Vargas e é membro
da European Society
of Intensive Care
Medicine. Segundo
Miranda, no IECPN
existe o desafio de
criar uma formação
especializada. “No
Brasil, ainda não
existem cursos de
pós-graduação nem de
residência específicos
na área. Um dos
nossos desafios no
hospital é justamente
mudar isso.”
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EQUIPE MULTIDISCIPLINAR PARA TRATAMENTO ADEQUADO
A maioria dos atendimentos
realizados no Instituto Estadual
do Cérebro Paulo Niemeyer é
de pacientes com epilepsia, o
distúrbio neurológico crônico
mais comum e que afeta cerca
de 8 milhões de pessoas só
na América Latina. Deste total,
estima-se que 3,5 milhões não
recebem tratamento médico
adequado, segundo dados
da Associação Brasileira de
Epilepsia.
O Centro de Epilepsia é o
primeiro do Estado do Rio de
Janeiro e faz parte do Programa
Nacional de Atenção à Saúde
de Pessoas com Epilepsia,
do Sistema Único de Saúde,
regulado pelo Ministério da
Saúde. Atualmente dispõe de
quatro salas de ambulatório, uma
unidade de videomonitorização,
com duas suítes e mais
um leito de isolamento em
UTI para a investigação
invasiva. “Temos uma equipe
multidisciplinar envolvendo
mais de 40 profissionais de
saúde e atendemos todas as
faixas etárias, exceto neonatos.
Também contamos com uma
estrutura neurocirúrgica de
ponta, com neuronavegação,
estereotaxia, ressonância
magnética intraoperatória,
monitorização neurofisiológica
intraoperatória e, em breve,
teremos mais uma ressonância
e um setor de medicina
nuclear”, diz Eduardo Faveret,
coordenador do Centro de
Epilepsia do IECPN.
Eduardo de Sá Campello Faveret - coordenador do Centro de Epilepsia
Formado em medicina pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), em 1988, realizou intercâmbio
acadêmico na Alemanha, entre 1996
e 1999, no Centro de Epilepsia da
Universidade de Bonn e no Bethel
Epilepsie Zentrum, em Bielefeld.
“A especialização em epilepsia é
complexa, é necessário fazer uma
longa formação em neurologia e
em neurofisiologia, além
de adquirir experiência
nos diversos métodos
diagnósticos por imagem,
em neuropsicologia e em
neurocirurgia. Existe uma
demanda muito grande de
profissionais, pois há em torno
de 30 mil pessoas por ano,
apenas no Estado do Rio, que
precisam de uma cirurgia”,
fala o médico.
Centro de Epilepsia
33
2º Semestre / 2013
CUIDADOS ESPECIAIS COM A HIPÓFISE
A Neuroendocrinologia é a área que se
dedica ao estudo das interações entre os
dois sistemas de integração do organismo,
o sistema nervoso e o sistema endócrino.
“A prevalência de tumores da região selar,
em especial dos adenomas hipofisários,
tem aumentado progressivamente. Eles
podem ocasionar perda visual, cefaleia,
amenorreia, infertilidade, diminuição de
libido, alterações articulares, hipertensão
arterial, diabetes mellitus, complicações
que diminuem a qualidade de vida dos
pacientes e levam a um aumento da
mortalidade”, explica a Dra. Mônica
Dra. Mônica Roberto Gadelha - coordenadora do setor de Neuroendocrinologia
Graduada em medicina pela UFRJ em
1989, fez residência médica nos serviços
de endocrinologia e nutrologia na mesma
instituição. É especialista em endocrinologia
e metabologia pela Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (1992), fez
mestrado (1995) e doutorado (1999) em
endocrinologia pela Faculdade de Medicina da
UFRJ e realizou estágio doutoral na University
of Illinois at Chicago, nos EUA. É membro da
diretoria do Departamento
de Neuroendocrinologia
da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia
e da European Neuroendocrine
Association. É professora-
adjunta do Departamento de
Clínica Médica da Faculdade
de Medicina da UFRJ e
pesquisadora 1D do CNPq,
com extensa produção
científica.
Neuroendocrinologiavasta experiência da equipe
cirúrgica, o que pode ser
encontrado em poucos
serviços, não só no Brasil,
como no mundo”, afirma.
Um dos procedimentos de
maior destaque da área é
o exame de cateterismo
bilateral e simultâneo de seios
petrosos inferiores. “Ele é um
procedimento diagnóstico
essencial em muitos casos
de síndrome de Cushing, que
apresenta disponibilidade
bastante limitada no Brasil”,
diz a médica.
Gadelha, coordenadora de
Neuroendocrinologia.
Ela ressalta que o tratamento
e a redução da morbi-
mortalidade associada a
esses tumores têm grande
importância social, pois os
pacientes com adenomas
hipofisários estão, em sua
maioria, na faixa etária
economicamente ativa.
Uma das principais formas
de tratamento desses tipos
de tumores é a cirurgia.
“No IECPN contamos com
tecnologia de ponta aliada à
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CIA
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Dr. Emerson Leandro Gasparetto - coordenador do setor de RadiologiaGraduado em Medicina pela Universidade
Federal do Paraná (UFPR) em 2001, Emerson
Gasparetto tem três especializações em
neurorradiologia: pelo Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP/2005), pela University of
Pennsylvania, nos Estados Unidos (2006), e
pela Universidade Federal
do Paraná (UFPR / 2006).
Fez mestrado e doutorado
em Medicina (Radiologia)
na Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ / 2004
- 2005) e pós-doutorado
na Universidade Federal do
Paraná (2006).
também é professor-adjunto
de radiologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), os profissionais do
setor são responsáveis pela
realização e interpretação
de exames de raio-X,
tomografia computadorizada
e ressonâncias magnéticas.
“O exame de raio-X foi
descoberto em 1895, e a
ressonância magnética é
usada na medicina há menos
de 35 anos. A neuroimagem
é uma área da qual ainda
sabemos pouco e que
Neuroimagem
NA BUSCA DO DIAGNÓSTICO
A neuroimagem é o ramo
da radiologia que engloba o
conjunto de técnicas voltadas
à obtenção de imagens que
permitem a observação do
sistema nervoso central dos
pacientes, de maneira não
invasiva, com o objetivo de
diagnosticar enfermidades.
Com uma equipe de
30 profissionais sob a
coordenação do Dr. Emerson
Leandro Gasparetto, que
pode evoluir muito. Além disso, ela é
fundamental, porque como o cérebro
não se regenera, o tempo é ainda mais
precioso para quem apresenta um
problema neurológico”, afirma.
Para ele, a criação do Instituto Estadual
do Cérebro Paulo Niemeyer já tem como
resultado a diminuição da fila de espera
para algumas indicações de cirurgias
neurológicas no Rio de Janeiro. “Aqui
temos tudo, a melhor tecnologia, os
melhores profissionais e não há falta
de material, o que é raro na rede
pública. Por isso, estou confiante de
que vamos realizar seis cirurgias por
dia”, finaliza o médico.
35
2º Semestre / 2013
37
2º Semestre / 2013
Pró-Saúde: gestão de excelência
Com experiência de mais de 45 anos na gestão de hospitais, entidade prioriza
humanização, qualidade no atendimento e responsabilidade ambiental
Mais de 600 mil atendimentos por
ano, 5 milhões de exames e quase
3 milhões de consultas. Os números
expressivos revelam a magnitude de uma das
maiores entidades de gestão de serviços de
saúde e administração hospitalar do país, a Pró-
Saúde – Associação Beneficente de Assistência
Social e Hospitalar.
Há quase 50 anos no mercado, a Pró-Saúde
tem sob sua responsabilidade mais de 3.500
leitos e o trabalho de cerca de 20 mil profis-
sionais, entre eles mais de 3.500 médicos. Uma
gestão que se baseia em um atendimento hu-
manizado e de qualidade, capaz de assegurar
aos usuários do Sistema Único de Saúde quali-
dade, conforto e segurança no diagnóstico.
É o que têm visto os usuários do Instituto Es-
O reconhecimento à excelên-
cia dos serviços da Pró-Saúde
vem em forma de prêmios e
certificações nacionais e inter-
nacionais. Um deles é a con-
quista, em 2010, da Acredi-
tação Nível 2 de excelência
da Organização Nacional de
Acreditação (ONA) para os
hospitais Regional Público da
Transamazônica (PA), Munici-
pal de Araucária (PR) e Munici-
pal de Barueri (SP). Em 2013,
o Regional do Baixo Amazo-
nas Dr. Waldemar Penna (PA)
também recebeu o certificado.
A ONA é uma organização que
tadual do Cérebro Paulo Nie-
meyer (IECPN), no Rio de Ja-
neiro, assim como os usuários
de todos os hospitais admi-
nistrados pela Pró-Saúde em
30 municípios de 12 Estados
brasileiros. Além do IECPN, a
instituição administra outros
dois centros de excelência:
o Hospital Metropolitano de
Urgência e Emergência, em
Ananindeua, Pará, que é es-
pecializado nos cuidados aos
queimados, e o Hospital Re-
gional do Baixo Amazonas, em
Santarém, também no Pará,
especializado em oncologia.
PR
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DE
Os resultados alcançados pelas unidades administradas são significativos e impactam diretamente na comunidadeDanilo Oliveira, diretor de Operações
2,7 3,5617 20 12303500
5MAIS DE MAIS DE
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MAIS DEMAIS DE PRESENÇAEM
ESTADOS E
MUNICÍPIOSMÉDICOS
MILPROFISSIONAISSENDO MAIS DE
38
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res
dimento (UPAs). O SAMU de
Mogi das Cruzes, na Grande
São Paulo, administrado pela
Pró-Saúde desde 2012, por
exemplo, transformou-se em
uma referência nacional e rece-
beu o Certificado de Qualidade
em Excelência de Serviço, do
Ministério da Saúde.
Este compromisso com a
qualidade da saúde gera resul-
tados surpreendentes: os pa-
cientes atendidos diariamente
nos hospitais administrados
pela Pró-Saúde passaram de
100 mil, em 2007, para mais
de 600 mil em 2012.
Para Danilo Oliveira, diretor de
Operações da Pró-Saúde, es-
ses números são consequên-
cia de uma atuação que abre
espaço à criatividade e ao
empenho dos colaboradores,
para disseminar novos valores
nas comunidades nas quais a
instituição está inserida.
Um exemplo de gestão com-
prometida é o sucesso obtido
em ações de combate à ma-
lária. Em 2007, quando as-
sumiu a gestão do Hospital
de Porto Trombetas, no Pará,
havia um quadro grave de in-
fecção por esta doença. Por
meio de um modelo de atua-
ção, o índice de contamina-
ções foi reduzido a dois casos
por ano, o que rendeu à insti-
tuição o Prêmio BHP Billiton
em Saúde, Segurança, Meio
Ambiente e Comunidade.
A Pró-Saúde tem ainda uma
forte preocupação com as
questões ambientais, como
afirma Oliveira: “A pauta da
sustentabilidade já está incor-
porada no dia a dia da insti-
tuição, e vai além da adoção
de práticas de reciclagem,
redução no consumo de
energia e água e eliminação
do uso de mercúrio nos hospi-
tais. Os resultados alcançados
pelas unidades administradas
são significativos e impactam
diretamente na comunidade”.
Mais que o cumprimento de
uma obrigação, a Pró-Saúde
demonstra sua vocação para
o engajamento em causas am-
bientais e pode contribuir para
a mudança de paradigma no
setor, capaz de inspirar institu-
ições na permanente luta pela
preservação da vida.
tem por objetivo promover a implanta-
ção de um processo permanente de
avaliação e de certificação da quali-
dade dos serviços de saúde.
Foram classificados Nível 1 de Excelên-
cia pela ONA o hospital Dr. Luiz Camar-
go da Fonseca e Silva (SP). Além disso,
o Hospital e Maternidade São José de
Ribamar (MA), o Hospital Municipal
Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
(PR) e o Hospital Dr. Luiz Camargo
da Fonseca e Silva (SP) foram reco-
nhecidos pela Unicef com o título de
Hospital Amigo da Criança.
A Pró-Saúde também atua com desta-
que no gerenciamento de Unidades
Básicas de Saúde (UBS), do Serviço
de Atendimento Movél de Urgência
(SAMU) e em Unidades de Pronto Aten-
MILHÕES MILHÕESMIL
MILLEITOS
EXAMES: CONSULTAS: PACIENTES/DIA
*Dados de 2012
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MAIS DE 45 ANOS CUIDANDO DA SAÚDE DOS BRASILEIROS
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