notas sobre o simbolismo

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Simbolismo “O homem que acreditava ter acesso aos segredos do universo, via razão e via progresso, vê de repente que tudo não passa de ilusão, que o universo é regido por forças incontroláveis que ele desconhece completamente. Esse sentimento leva-o à descrença, ao desalento e faz com que adote uma postura de desprezo em relação a tudo que lembra o mundo burguês da luta, da operosidade, da conquista. Refletindo o pessimismo do período, surge nessa época um tipo de homem que volta as costas à sociedade materialista e que procura cultivar dentro de si as sensações mais refinadas. Esse homem, conhecido como decadente, fecha-se em sua torre de marfim e só na orgulhosa solidão é que parece encontrar conforto para o sofrimento proveniente do desconforto com o mundo grosseiro e hostil.” Álvaro Cardoso Gomes “O Simbolismo seria a arte baseada na representação das imagens do mundo das idéias. Eles propõem uma expressão, na pintura, que correspondia à usada na linguagem, ou seja, livre para misturar o concreto e o abstrato, o material e o ideal dentro de um todo único.(...) As coisas devem, portanto, ser apresentadas não através de uma nomeação direta e definitiva, mas por meio de símbolos. Pois o símbolo é, em si mesmo, inesgotável.” Arte nos Séculos “Os fundamentos de uma teoria do Simbolismo encontram razão de ser na própria constituição da linguagem, no sentido de que a linguagem é uma estrutura simbólica. Quando a linguagem fica mais próxima da realidade, representando-a metonimicamente, estamos no Realismo literário; e quando se afasta do real sensível e busca ou a realidade psíquica ou a pura abstração, valendo-se para isso preferentemente da metáfora e dos símbolos, temos os períodos românticos e simbolistas das histórias literárias.” Gilberto Mendonça de Teles I. Alguns significados da palavra Símbolo: Aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa; Aquilo que por sua forma ou sua natureza, evoca, representa ou substitui, num determinado contexto, algo abstrato ou ausente: o sol é símbolo da vida; a água é símbolo da purificação; Aquilo que tem valor evocativo, mágico ou místico: a cruz é o símbolo do cristianismo; Sinal que substitui o nome de uma coisa ou de uma ação; (psicologia) idéia consciente que representa e encerra a significação de outra inconsciente. (Fonte: Dicionário Aurélio) As palavras-chaves para entender o estilo simbolista são: representar, evocar, magia, misticismo, inconsciente. II. Os Teóricos: Baudelaire: teoria das correspondências – sinestesia. “A imaginação é a faculdade essencial do artista.” Rimbaud: alquimia verbal – fixação do inexprimível. Verlaine: Música – aliterações, assonâncias, exploração da musicalidade. “(...) nem a idéia clara, nem o sentimento preciso, mas o vago do coração, o claro-escuro das sensações, o indeciso dos estados de alma” Mallarmé: poesia não descritiva, não narrativa: “Poesia é sugestão.” Alan Poe: Mestre do Suspense III. As Características: Retorno ao subjetivismo romântico Retorno à atitude conflitual do Barroco Negação do Positivismo, Cientificismo e Materialismo. Espiritualidade e religiosidade: Misticismo, Ocultismo e Subjetivismo. Criação poética como fruto da associação de idéias e imagens. Comunhão com o Espírito, a Alma, o Infinito, a Essência e o Desconhecido. Poesia como mistério, ilógica e indireta. Maiúsculas alegorizantes e uso de reticências Linguagem nova: neologismo, emprego de termos litúrgicos e inesperadas combinações vocabulares, além do emprego de arcaísmos. Antecipações da Modernidade: Ruptura com o descritivo e linear, fluxo de consciência e linguagem do interior, desarticulação sintática e semântica. Intuição e os Mistérios seduzem os escritores da época Evocação, sugestão e linguagem indireta.

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Simbolismo Ohomemqueacreditavateracessoaossegredosdouniverso,viarazoeviaprogresso,vde repente que tudo no passa de iluso, que o universo regido por foras incontrolveis que ele desconhece completamente.Essesentimentoleva-odescrena,aodesalentoefazcomqueadoteumaposturade desprezo em relao a tudo que lembra o mundo burgus da luta, da operosidade, da conquista. Refletindoopessimismodoperodo,surgenessapocaumtipodehomemquevoltaascostas sociedadematerialistaequeprocuracultivardentrodesiassensaesmaisrefinadas.Essehomem, conhecidocomodecadente,fecha-seemsuatorredemarfimesnaorgulhosasolidoqueparece encontrar conforto para o sofrimento proveniente do desconforto com o mundo grosseiro e hostil. lvaro Cardoso Gomes OSimbolismoseriaaartebaseadanarepresentaodasimagensdomundodasidias.Eles propem uma expresso, na pintura, que correspondia usada na linguagem, ou seja, livre para misturar o concretoeoabstrato,omaterialeoidealdentrodeumtodonico.(...)Ascoisasdevem,portanto,ser apresentadas no atravs de uma nomeao direta e definitiva, mas por meio de smbolos. Pois o smbolo , em si mesmo, inesgotvel.Arte nos Sculos OsfundamentosdeumateoriadoSimbolismoencontramrazodesernaprpriaconstituioda linguagem,nosentidodequealinguagemumaestruturasimblica.Quandoalinguagemficamais prximadarealidade,representando-ametonimicamente,estamosnoRealismoliterrio;equandose afastadorealsensvelebuscaouarealidadepsquicaouapuraabstrao,valendo-separaisso preferentementedametforaedossmbolos,temososperodosromnticosesimbolistasdashistrias literrias. Gilberto Mendona de Teles I. Alguns significados da palavra Smbolo: Aquilo que, por um princpio de analogia, representa ou substitui outra coisa; Aquiloqueporsuaformaousuanatureza,evoca,representaousubstitui,numdeterminado contexto, algo abstrato ou ausente: o sol smbolo da vida; a gua smbolo da purificao; Aquilo que tem valor evocativo, mgico ou mstico: a cruz o smbolo do cristianismo; Sinal que substitui o nome de uma coisa ou de uma ao; (psicologia) idia consciente que representa e encerra a significao de outra inconsciente.(Fonte: Dicionrio Aurlio) Aspalavras-chavesparaentenderoestilosimbolistaso:representar,evocar,magia, misticismo, inconsciente. II. Os Tericos: Baudelaire: teoria das correspondncias sinestesia. A imaginao a faculdade essencial do artista. Rimbaud: alquimia verbal fixao do inexprimvel. Verlaine: Msica aliteraes, assonncias, explorao da musicalidade. (...)nemaidiaclara,nemosentimentopreciso,masovagodocorao,oclaro-escurodas sensaes, o indeciso dos estados de alma Mallarm: poesia no descritiva, no narrativa: Poesia sugesto. Alan Poe: Mestre do Suspense III.As Caractersticas: Retorno ao subjetivismo romntico Retorno atitude conflitual do Barroco Negao do Positivismo, Cientificismo e Materialismo. Espiritualidade e religiosidade: Misticismo, Ocultismo e Subjetivismo. Criao potica como fruto da associao de idias e imagens. Comunho com o Esprito, a Alma, o Infinito, a Essncia e o Desconhecido. Poesia como mistrio, ilgica e indireta. Maisculas alegorizantes e uso de reticncias Linguagemnova:neologismo,empregodetermoslitrgicoseinesperadascombinaes vocabulares, alm do emprego de arcasmos. Antecipaes da Modernidade:Rupturacomodescritivoelinear,fluxodeconscinciaelinguagemdointerior,desarticulao sinttica e semntica. Intuio e os Mistrios seduzem os escritores da poca Evocao, sugesto e linguagem indireta. IV. Cruz e Souza uma poesia que no descreve nem narra, mas sugere.Utilizandofrasesvagas,aparentementedesarticuladas,opoetaremeteoleitorpararegies indefinidas, mundos nem sempre reconhecveis.Muitospoemasconstroem-seatravsdeumaenumeraodediversasfacetasdomesmoobjeto, como se o poeta procurasse explorar todos os ngulos possveis do que descreve.Essamaneiracaleidoscpicadeconhecerarealidaderesponsvelpelaintensaadjetivaoque se observa nos poemas de Cruz e Sousa. Pessimismo e melancolia do o tom da viso de mundo do poeta. Observa-se em geral uma necessidade de transcender o plano material e o desejo de integrar-se ao cosmos. A musicalidade dos poemas de Cruz eSousa no obedece simplesmente necessidade de ritmo, mas visa sobretudo a sugerir determinada atmosfera (iluminada, melanclica, repulsiva...). Muitos poemas so metalingsticos, ou seja, tratam do prprio ato de escrever. O erotismo percorre alguns poemas, principalmente de Broquis. Poemas calcados em episdios autobiogrficos ocorrem no livro Faris. V. Alphonsus de Guimaraens Por ter uma formao mais clssica e uma influncia de cunho medieval, h oemprego constante das redondilhas, alm dos versos alexandrinos e decasslabos, com nfase no soneto.A presena da amada perdida, Constana, est sempre presente, retratada aos moldes medievais: uma divindade intocvel, perfeita, livre de qualquer toque de erotismo e somente acessvel atravs da morte.PorvriasvezeselaconfundidacomaimagempuradaVirgemMaria,dequemopoeta profundamente devoto.Sua obra considerada a mais mstica de nossa literatura. A morte outro fator importante dentro de sua obra, o que o aproxima muito dos poetas romnticos: h a simpatia e o desejo pela morte, j que ela o nico caminho para se chegar amada.Cria-seassimumciclodemisticismo,amoridealizadoeobsessodamorte,ondeamelancolia sempreumfatormarcante,aliadaaossonhosesamarguraspessoaisdopoeta,muitasvezes refletidas pelos traumas do passado.Seussonetossotransbordantesdedevooreligiosa,algunsparecendoverdadeirasoraes versificadas, que conferem ao prprio autor uma espcie de aura santificada. Organizao: Professor Gilmar Ramos de Souza