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Editor: Instituto Politécnico de Santarém Coordenação: Gabinete coordenador do projecto Ano 5; N.º 197; Periodicidade média semanal; ISSN:2182-5297; [N.23] FOLHA INFORMATIVA Nº30-2012 Notas sobre a Preservação e Valorização das Embarcações Tradicionais do Estuário do Tejo André FERNANDES Instituto de Dinâmica do Espaço Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa Av. de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa E-mail: [email protected] Mário PINTO Associação Naval Sarilhense Rua de S. Domingos – Alto do Moinho, 2860-633 Sarilhos Pequenos E-mail: [email protected] 1. Nota Introdutória As embarcações tradicionais de carga do Estuário do Tejo desempenharam, até meados do século XX, uma função de relevo no transporte de mercadorias entre as duas margens do Tejo (e.g. desde as matérias-primas até aos produtos acabados, incluindo o fornecimento de frescos e de cereais e lenha para os fornos de pão de Lisboa, transporte de sal e vinho, areia ou cortiça, e inclusive transporte do lixo produzido na capital do País). Nesta função destacava-se o abastecimento da cidade de Lisboa, as operações de carga e descarga dos navios de grande porte fundeados junto ao Porto de Lisboa e o transporte entre as margens do Tejo. Desta forma, foi possível alimentar o desenvolvimento de uma frota fluvial que chegou a atingir as várias centenas de embarcações tradicionais (nas quais se incluíam Fragatas, Varinos, Cangueiros, Botes, Botes-de-Fragata, Botes do Pinho, Faluas, Barcos de Água Acima, Canoas e Catraios).

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Editor: Instituto Politécnico de Santarém

Coordenação: Gabinete coordenador do projecto

Ano 5; N.º 197; Periodicidade média semanal; ISSN:2182-5297; [N.23]

FOLHA INFORMATIVA Nº30-2012

Notas sobre a Preservação e Valorização das Embarcações Tradicionais do Estuário do Tejo

André FERNANDES

Instituto de Dinâmica do Espaço Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa

Av. de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa E-mail: [email protected]

Mário PINTO Associação Naval Sarilhense

Rua de S. Domingos – Alto do Moinho, 2860-633 Sarilhos Pequenos E-mail: [email protected]

1. Nota Introdutória

As embarcações tradicionais de carga do Estuário do Tejo desempenharam, até meados do

século XX, uma função de relevo no transporte de mercadorias entre as duas margens do Tejo

(e.g. desde as matérias-primas até aos produtos acabados, incluindo o fornecimento de frescos

e de cereais e lenha para os fornos de pão de Lisboa, transporte de sal e vinho, areia ou

cortiça, e inclusive transporte do lixo produzido na capital do País). Nesta função destacava-se

o abastecimento da cidade de Lisboa, as operações de carga e descarga dos navios de grande

porte fundeados junto ao Porto de Lisboa e o transporte entre as margens do Tejo. Desta

forma, foi possível alimentar o desenvolvimento de uma frota fluvial que chegou a atingir as

várias centenas de embarcações tradicionais (nas quais se incluíam Fragatas, Varinos,

Cangueiros, Botes, Botes-de-Fragata, Botes do Pinho, Faluas, Barcos de Água Acima, Canoas e

Catraios).

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Até à década de 1960, a conservação de uma boa

parte destas embarcações resultou da sua

utilidade prática como modo de transporte.

Contudo, vários factores acabaram por

determinar o seu declínio. A progressiva

introdução de embarcações motorizadas,

incluindo o recurso a barcaças (com maior

capacidade operacional e de transporte e,

subsequentemente, mais eficientes do ponto de

vista económico), actuou precisamente neste

sentido.

Também a modernização do sistema regional de

transportes contribuiu, de forma determinante, para obsolescência funcional das embarcações

tradicionais do Estuário do Tejo. Concretizando, o desenvolvimento da rede rodoviária

regional, em particular o estabelecimento de ligações rodoviárias entre as duas margens do rio

(com a construção da Ponte Marechal Carmona em Vila Franca de Xira no ano de 1951 – a

cerca de 25 km da cidade de Lisboa –, e da Ponte Salazar (actual Ponte 25 de Abril) entre

Lisboa e Almada no ano de 1966), conjugado com o gradual desenvolvimento da camionagem,

incentivaram a transferência modal no transporte de mercadorias a favor do modo rodoviário.

Face à perda de utilidade prática destas embarcações, assistiu-se, num primeiro momento, ao

seu abandono nas margens do estuário. Todavia, o reconhecimento das embarcações

tradicionais do Estuário Tejo como objectos materiais que constituem elementos patrimoniais

simbolicamente representativos de uma cultura ribeirinha (que inclui os modos de vida que lhe

estão associados – património imaterial), resultou na assunção social e institucional destes

elementos culturais como elementos constitutivos da identidade local dos territórios

ribeirinhos.

Neste contexto, considera-se que a valorização cultural das embarcações tradicionais do Tejo

face à sua obsolescência funcional, ocorreu de acordo com uma dupla perspectiva:

patrimonialista e, num momento mais recente, produtivista. A primeira remete para a

recuperação destas embarcações como atributos de uma cultura e de antigos modos de vida,

em que estes elementos patrimoniais adquirem valor simbólico e também educacional (a

recuperação e conservação de embarcações tradicionais por parte Câmaras Municipais, de

Associações Navais e de particulares, para fins de recreio e lazer, insere-se nesta abordagem).

A segunda abordagem relaciona-se com a sua recente valorização como recurso cultural para o

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desenvolvimento de actividades económicas, designadamente para actividades marítimo-

turísticas.

Aborda-se, nesta Nota, o trabalho desenvolvido pela Associação Naval Sarilhense (ANS) –

Sarilhos Pequenos, Moita – na preservação e valorização das embarcações tradicionais do

Estuário do Tejo, enquadrado na perspectiva patrimonialista.

Localização da Associação Naval Sarilhense (Sarilhos Pequenos, Moita)

Fonte: Elaboração própria.

2. O Papel da ANS na Preservação e Valorização das Embarcações Tradicionais

O trabalho desenvolvido pelo movimento associativo náutico na preservação e valorização das

embarcações tradicionais do Estuário do Tejo foi iniciado após o declínio da actividade de

transporte assegurada por estas embarcações, um fenómeno que teve início no decorrer da

década de 1960.

Note-se, a este respeito, que as associações mais representativas (pelo número de

embarcações associadas e actividades desenvolvidas) – Centro Náutico Moitense, Associação

Naval Sarilhense e Associação de Desportos Náuticos Alhosvedrense “Amigos do Mar” –

surgem, todas elas, no decorrer da década de 1980 (respectivamente 1980, 1987 e 1988).

Relativamente ao contributo da ANS para a preservação e valorização das embarcações

tradicionais do Estuário do Tejo, este brota do reconhecimento das mesmas como elementos

simbólicos de uma profunda ligação cultural e social ao rio. Conforme referido nos seus

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estatutos, esta associação “tem por fins promover, fomentar e desenvolver a prática de

actividades desportivas, culturais, recreativas e a defesa ambiental e da navegabilidade da

zona ribeirinha de Sarilhos Pequenos, em todas as suas formas que se relacionam com as

embarcações tradicionais do Tejo”.

Naturalmente multifacetado, o trabalho da ANS na preservação das embarcações tradicionais

e na defesa e divulgação do património marítimo-fluvial do Estuário do Tejo e da cultura

ribeirinha que lhes está associada, é de seguida apresentado:

Recuperação e preservação directa de embarcações tradicionais

A ANS elege a preservação e protecção das embarcações tradicionais do Estuário do Tejo e a

salvaguarda da cultura ribeirinha associada como objectivos centrais da sua actividade. É no

âmbito destes objectivos que deve ser enquadrada a aquisição das 4 embarcações tradicionais

de que esta associação é proprietária (2 Canoas – “Ponta da Marinha” e “Senhora da Graça” –

e 2 Catraios – “Vela Latina” e “Ó Papagaio”). A ANS é mesmo a única associação náutica do

Estuário do Tejo proprietária de uma frota de embarcações tradicionais.

Frota de Embarcações Tradicionais do Estuário do Tejo propriedade da ANS

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Vários).

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Com estas embarcações, a ANS tem vindo a fazer-se representar directamente em diversos

eventos – participação em regatas e desfiles de embarcações tradicionais, participação em

exposições e certames (quer no Estuário do Tejo, quer a nível nacional e internacional) –, assim

como a apoiar a prática desportiva da vela por parte dos seus associados habilitados para o

efeito (isto através da disponibilização gratuita das referidas embarcações).

Apoio à manutenção de embarcações

A ANS apoia a manutenção das embarcações dos seus associados, através da disponibilização

das suas instalações e de equipamento de apoio para a realização anual destes trabalhos. A

este nível é ainda de salientar a política de taxas que tem vindo a ser aplicada por esta

associação, nomeadamente no que se refere à não taxação do parqueamento de embarcações

tradicionais.

Pintura da Canoa “Senhora da Graça” pelo Mestre Eduardo Rodrigues (Junho de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Miguel Carregosa).

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Trabalhos de Manutenção do Catraio “Ó Papagaio”, propriedade da ANS (Abril de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: André Fernandes).

Promoção do acesso físico à água

O fácil acesso à água por parte de embarcações e de tripulantes é uma condição essencial na

promoção e desenvolvimento das actividades desportivas e recreativas ligadas ao rio. Neste

sentido, a ANS possui uma rampa de varadouro (construída em finais da década de 1980), que

disponibiliza a sócios e não-sócios. Foram ainda elaborados os projectos de ampliação das

instalações da ANS (que contempla uma oficina de restauro, uma nova rampa de acesso à

água, espaços sociais e de comércio) e de construção de uma ponte-cais (equipamento este

que tem como objectivo a facilitação do acesso às embarcações por parte de tripulantes e

passageiros).

Desenvolvimento e promoção de desportos náuticos

Disponibilizando aos seus associados um conjunto de embarcações de iniciação à vela

(optimists e vaurien), tem sido possível desenvolver conhecimentos e técnicas básicas de

navegação, incutir o gosto pela vela e o interesse pela navegação em embarcações tradicionais

a jovens e adultos.

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Iniciativas na área da educação e sensibilização patrimonial

Neste âmbito, conta-se a co-organização regular de visitas de estudo ao Estuário do Tejo e

comunicações/palestras sobre o tema das embarcações tradicionais. Sobre a primeira

vertente, destaca-se a organização de visitas de estudo com o Grupo de Ambiente e alunos do

Departamento de Geografia e Planeamento Regional da Faculdade de Ciências Sociais e

Humanas da Universidade Nova de Lisboa. No que se refere à segunda vertente, são

recorrentemente realizadas comunicações e proferidas palestras sobre as embarcações

tradicionais do Estuário do Tejo em todo o país1.

Visita de estudo a bordo do Varino “O Boa Viagem” (propriedade do Município da Moita)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: André Fernandes).

1 Como exemplo, refira-se a palestra “Boas Práticas na Preservação e Promoção do Património Fluvial do Estuário do Tejo: o caso da ANS” realizada por ocasião da Mesa Redonda “As Boas Práticas das Associações/Entidades na Preservação do Património Náutico” (organizada pela Câmara Municipal de Aveiro e Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro, no Museu da Cidade de Aveiro – 1 de Julho de 2011), a comunicação “As Associações Náuticas e a Preservação do Património Marítimo-Fluvial do Estuário do Tejo” realizada no Workshop “Desafios à Sustentabilidade do Património Marítimo-Fluvial do Estuário do Tejo” (organizado pelo Instituto de Dinâmica do Espaço e ANS, na Gare Marítima de Alcântara – 2 de Novembro de 2011) e a comunicação “Embarcações Tradicionais do Estuário do Tejo: de modos de transporte a Construtos Culturais” realizada no I Fórum Ibérico do Tejo (organizado pelo Instituto Politécnico de Santarém e pelo Projecto “Cultura Avieira” – 8 de Junho de 2012).

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Divulgação do património marítimo-fluvial e da cultura ribeirinha

O trabalho de divulgação e promoção do património marítimo-fluvial e cultura ribeirinha do

Estuário do Tejo, desenvolvido pela ANS, envolve a organização regular de exposições

temáticas sobre este património. São exemplo maior desta promoção as participações na

“Exponor” (2003), na “EXPO’98” (1998) e no “Festival dos Oceanos” (1999), e nos Festivais

Internacionais de Brest (2000) e de Loire (2009).

Foram ainda recentemente realizadas duas importantes exposições: “Exposição de Miniaturas

de Embarcações Tradicionais, Fotografias e Artefactos Náuticos” (Cineteatro Municipal de

Aveiro, 1 a 3 de Julho de 2011), “Embarcações Tradicionais do Estuário do Tejo: história,

memórias, vivências” (Gare Marítima de Alcântara, 3 a 13 de Novembro de 2011) e as

exposições dedicadas às embarcações tradicionais do Estuário do Tejo integradas nos dias

temáticos “Tardes Oceânicas” (3 de Março e 14-15 de Abril), promovidos pelo Pavilhão do

Conhecimento – Ciência Viva no âmbito da Exposição “O mar é fixe mas não é só peixe”.

Já em Junho de 2012, a ANS co-organizou uma Regata de Embarcações Tradicionais no âmbito

da “Volvo Ocean Race – Lisbon Stopover” (com 6 embarcações tradicionais, que

representaram cada uma das equipas em prova neste evento, tendo os membros das

tripulações da VOR integrado as tripulações das embarcações tradicionais). Ainda no âmbito

deste evento a ANS organizou uma exposição sobre embarcações tradicionais do Estuário do

Tejo, que esteve patente no Espaço VIP da Race Village.

Participação da ANS no “Festival Internacional de Brest 2000” (Brest, França)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Mário Pinto).

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Embarcações tradicionais do Estuário do Tejo durante o “Festival de Loire 2009” (Orléans,

França)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: André Fernandes).

Exposição de Miniaturas de Embarcações Tradicionais, Fotografias e Artefactos Náuticos, no

Cineteatro Municipal de Aveiro (Julho de 2011)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

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Exposição “Embarcações Tradicionais do Estuário do Tejo: história, memórias, vivências”, na

Gare Marítima de Alcântara (Novembro de 2011)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: André Fernandes).

Participação na Volvo Ocean Race, Doca de Pedrouços (Junho de 2012)

Fonte: Pedro MF Mestre / AMMA Magazine

No âmbito desta orientação de divulgação do património marítimo-fluvial e da cultura

ribeirinha do Estuário do Tejo a ANS publicou recentemente o Livro “Embarcações Tradicionais

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do Estuário do Tejo. Contributos para a compreensão da sua evolução funcional”, da autoria

de André Fernandes e Mário Pinto. Uma edição comemorativa do 25.º Aniversário desta

associação, que sintetiza um trabalho de investigação desenvolvido ao abrigo do Protocolo de

Parceria entre a Associação Naval Sarilhense e o Instituto de Dinâmica do Espaço da Faculdade

de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Trata-se de uma publicação que análise o importante papel desempenhado pelas embarcações

tradicionais do Estuário do Tejo no transporte fluvial de mercadorias, procurando ainda

esboçar uma síntese interpretativa do processo de formulação destas embarcações como

construtos culturais, na sequência da obsolescência funcional das mesmas. Uma perda de

funcionalidade ocorrida em resultado da modernização do sistema de transportes da Região

de Lisboa e das evoluções técnicas e tecnológicas nos transportes, em particular das

embarcações utilizadas para o transporte fluvial de mercadorias (tráfego local) no Estuário do

Tejo.

Capa do Livro “Embarcações Tradicionais do Estuário do Tejo: Contributos para a

Compreensão da sua Evolução Funcional”

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense

Papel activo na defesa do património

A ANS tem tido um papel activo na defesa de um quadro legal que reconheça a especificidade

das embarcações tradicionais e que seja mais favorável às embarcações tradicionais do

Estuário do Tejo. Neste âmbito é de salientar a entrega de uma petição na Assembleia da

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República, no ano 1996, com vista (i) ao reconhecimento destas embarcações como

embarcações históricas, (ii) à adopção de medidas legislativas para protecção das

características das suas características e (iii) à isenção das taxas e emolumentos que incidem

sobre as mesmas. Destaca-se ainda o papel da ANS na defesa das condições de navegabilidade

do Estuário do Tejo.

Organização e promoção de eventos náuticos

A ANS organiza (e co-organiza) anualmente várias regatas de embarcações tradicionais e

promove a participação dos seus associados em regatas e encontros (nacionais e

internacionais) organizados por outras entidades.

Precisamente no âmbito das Comemorações do 25.º Aniversário da ANS foi organizada no

passado dia 18 de Agosto, na zona ribeirinha de Sarilhos Pequenos, uma Regata evocativa

desta efeméride, que pretendeu homenagear os 25 de anos de trabalho realizado em prol da

preservação, valorização e promoção do património marítimo-fluvial do Estuário do Tejo, e das

suas embarcações tradicionais em particular.

Este evento contou com a participação de 23 embarcações tradicionais do Estuário do Tejo (10

Canoas e 13 Catraios) e cerca de 100 tripulantes. Uma participação assinalável, que fez desta

prova uma das mais participadas da presente época de Regatas. Os resultados foram os

seguintes:

Classe Catraios até 5,5m: 1.º Idalina; 2.º Mariana; 3.º Baguinho.

Classe Catraios de 5,5m até 6,5m: 1.º Senhor dos Aflitos; 2.º Pardal; 3.º Ó Papagaio.

Classe Canoas de 6,5m até 7,5m: 1.º Janecas; 2.º Senhora da Graça; 3.º Aldeia Galega.

Classe Canoas com mais de 7,5m: 1.º Alma do Tejo; 2.º Lusitana; 3.º Princesa do Tejo.

O evento constituiu um sucesso organizativo, só foi possível com o envolvimento e

participação dos proprietários de embarcações tradicionais de Sarilhos Pequenos, Moita e

Montijo; com o apoio das várias entidades parceiras da ANS neste evento: a Câmara Municipal

da Moita, a Administração do Porto de Lisboa, a Associação Bandeira Azul da Europa, a Junta

de Freguesia de Sarilhos Pequenos e o Clube Naval de Sesimbra; mas também, com o esforço e

dedicação de três dezenas de dirigentes, colaboradores e amigos da ANS que asseguraram

toda a logística de preparação do evento e a sua realização sem qualquer falha a assinalar,

destacando-se as 3 embarcações com as equipas de balizadores (que fiscalizaram a prova), 1

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embarcação com o Júri da Regata e as 4 tripulações que asseguraram a participação da frota

de embarcações tradicionais da ANS.

Regata do 25.º Aniversário da ANS – Canoa “Princesa do Tejo” (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

Regata do 25.º Aniversário da ANS – Canoa “Bombaça” (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

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Regata do 25.º Aniversário da ANS – Canoa “Alma do Tejo” (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Lina Gomes).

Regata do 25.º Aniversário da ANS – Canoa “Lusitana” (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Lina Gomes).

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Regata do 25.º Aniversário da ANS – Canoa “Janecas” (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente)

Regata do 25.º Aniversário da ANS – Preparação para a Largada (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

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Regata do 25.º Aniversário da ANS – Largada da Classe Canoas (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

Regata do 25.º Aniversário da ANS – Chegada das Canoas “Ponta da Marinha” e “Senhora da

Graça” (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

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Regata do 25.º Aniversário da ANS – Últimos Preparativos dos Catraios (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

Regata do 25.º Aniversário da ANS – Preparativos para a Largada dos Catraios (Agosto de

2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).

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Regata do 25.º Aniversário da ANS – Troféus da Regata (Agosto de 2012)

Fonte: Arquivo Histórico da Associação Naval Sarilhense (Autoria: Tânia Vicente).