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Minha Cidade ANO II, NÚMERO V, OUTUBRO/2011 Jornal do Campus Quaranta em Xeque Campus João Câmara no pódium No último dia 28 , a greve dos Institutos Federais, que durou exatamente 68 dias, chega ao fim. Servidores decidem aceitar promessa dos 4% de reajuste salarial para 2012. Técnicos administrativos não foram contemplados. Líderes afirmam que o movimento foi positivo e se dispõem a continuar na luta para manter aberto o canal de negociação com o governo. Pág. 8 - 11 JOÃO CÂMARA/ RN ACABA A GREVE NO IFRN No Minha Cidade desta edição, conheça melhor a cidade de João Câmara: religião, cultura, economia. Pág. 3 - 6 O Professor Francisco Quaranta abre o jogo e, nessa edição, conversa com o Jornal do Campus e fala um pouco sobre sua vida pessoal, como chegou ao IFRN, além do seu projeto de xadrez. Pág. 6 - 7 Confira o que aconteceu nos II Jogos Intercampi deste ano e os vários destaques que trouxeram prestígio ao Campus João Câmara. Pág. 11 - 12

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Minha Cidade

ANO II, NÚMERO V, OUTUBRO/2011

Jornal do Campus

Quaranta em XequeCampus João Câmara no pódium

No último dia 28 , a greve dos Institutos Federais, que durou exatamente 68 dias, chega ao fim. Servidores decidem aceitar promessa dos 4% de reajuste salarial para 2012. Técnicos administrativos não foram contemplados. Líderes afirmam que o movimento foi positivo e se dispõem a continuar na luta para manter aberto o canal de negociação com o governo. Pág. 8 - 11

JOÃO CÂMARA/ RN

ACABA A GREVE

NO IFRN

No Minha Cidade desta edição, conheça melhor a cidade de João Câmara: re l ig ião , cu l tu ra , economia. Pág. 3 - 6

O P r o f e s s o r F r a n c i s c o Quaranta abre o jogo e, nessa edição, conversa com o Jornal do Campus e fala um pouco sobre sua vida pessoal, como chegou ao IFRN, além do seu projeto de xadrez. Pág. 6 - 7

Confira o que aconteceu nos II Jogos Intercampi deste ano e os vários destaques que t rouxeram prest íg io ao Campus João Câmara. Pág. 11 - 12

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Opinião

O mês de novembro marca a retomada das atividades acadêmicas no IFRN, após uma greve que durou cerca de 70 dias. Com esse retorno, um questionamento urge nos corredores, ecoando nas vozes dos alunos e servidores: “essa greve valeu a pena? Quais foram os benefícios que ela trouxe? Esses benefícios superam as perdas que toda a comunidade teve com a greve?” Para podermos tirar o saldo dessa conta, faz-se necessária uma análise dos pontos de pauta da categoria e de todo um panorama do movimento grevista.

Para que os servidores do Instituto Federal escolhessem a greve como seu instrumento de luta, primeiro tiveram que receber negativas do governo diante das suas reivindicações, investiram em outras formas de barganhar sua pauta, porém todas elas se tornaram frustradas. O governo já vinha protelando uma efetiva negociação com os servidores da educação, os quais realizaram paradas sinalizando sua indignação com a inércia do governo, até entenderem que o último recurso que os restara era o instrumento da greve.

Em todos os momentos do movimento uma coisa ficou bem clara. O objetivo da categoria era um só, a busca de melhorias para a educação, em todos os seus aspectos: melhor remuneração para os servidores, melhoria nas condições de trabalho, mudanças na gestão das escolas, contratação de mais servidores, tudo isso objetivando um aumento dos investimentos para a educação. Esse era o fim da greve, ela era apenas um meio para a consecução da mencionada pauta. Nunca o movimento paredista constituiu-se em um fim por si mesmo, deixando cair por terra o argumento de muitos que diziam que se tratava de férias para os professores e técnicos, que desejavam a greve.

Com o início do movimento a nível nacional, tivemos a paralisação de mais de 220 campi dos Institutos Federais, representando mais de 70% da categoria. Muito mais do que números que mostram a união do movimento, a adesão a nível nacional demonstrou graves feridas da expansão na rede federal de educação, as quais o governo insistia em esconder. Descobrimos que existem campi do Instituto Federal com Diretor Geral, porém a pedra fundamental do prédio sequer existe; gratificações para pessoas que, na prática, não exercem as funções; campi construídos a torto e a direito sem a devida infraestrutura, como, por exemplo, um Instituto Federal que fica ao lado de um lixão – Campus do IFMA, na cidade de Santa Inês.

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Direção Geral: Sônia Cristina MaiaEditor Geral: Prof. Milson SantosE-mail: [email protected]ão: Maria da Glória e Milson SantosDiagramação: Jonas Elan

JORNAL DO CAMPUSPublicação dos alunos do IFRN - Campus João Câmara.Endereço: BR 406, Perímetro rural do município de João Câmara-RN.Fone: 3262 -2285

EXPEDIENTE

Uma greve cheia de marcos e marcada pelo ineditismo de muitos acontecimentos. A intransigência do governo em não aceitar negociar com servidores em greve foi um grande susto para todos aqueles que entendem que os que hoje estão no poder executivo são aqueles que pugnaram pelo fortalecimento do movimento grevista no Brasil nas décadas de 80/90. Os “criadores” agora negam a criatura. Outra importante nuance foi a qualificação da greve como sendo de forte movimentação social. Foram muitas passeatas, aulas públicas, piquetes, ato-show e todos os tipos de manifestações que pudessem chamar a atenção da população para o descaso do governo com a educação. Tudo isso com o apoio de estudantes, pais e comunidade.

Infelizmente, mesmo diante de toda essa pressão, o governo negou-se a negociar com a categoria, sinalizando prosseguir com essa postura. Após a ameaça do corte de ponto, o desgaste/cansaço do movimento e o esvaziamento dos cofres das seções sindicais, a categoria resolveu voltar às atividades para poder iniciar uma mesa de negociação com o governo.

Os servidores suspendem a greve, porém prometem continuar atentos a todos os atos do governo, manter a mobilização e a luta para que as negociações prosperem e sua pauta seja plenamente contemplada. Mas não saem de greve com as mãos abanando. Os professores receberam um aumento de 4%, os administrativos terão sua jornada de trabalho de 30h regulamentada, o projeto de Lei que cria mais cargos para os Institutos já está em discussão, a luta pela aplicação de 10% do PIB da educação ganhou o país, a gestão dos Institutos está sendo discutida em todo país, o regimento será discutido para que os técnicos possam ser candidatos a reitor, e agora começa a discussão das carreiras, tanto dos docentes quanto dos administrativos.

Vamos fazer uma conta matemática. De todos os pontos da pauta dos grevistas, os únicos que não prosperaram foram os que envo lv iam remuneração. Os demais t i ve ram seu encaminhamento, seguramos uma greve sozinhos enquanto entidade sindical, porém juntos com os alunos e a comunidade, tomamos as ruas de todo o país. Estamos organizados e munidos para continuarmos a batalha, com uma rede de articulação que abrange o Brasil inteiro, prontos para sairmos das trincheiras. Voltamos às salas de aula e aos setores de trabalho com a cabeça ainda erguida e ainda na luta. Mudamos apenas o instrumento desta, o objetivo é um só e continuamos focados. Os alunos terão suas aulas devidamente repostas, ainda que nós trabalhemos no que seriam as férias dentro da “CNTP”. Agora, diante desse quadro, vocês façam as contas e me respondam: é possível afirmar que os prejuízos foram superiores a esses benefícios?

Shilton Roque dos Santos é coordenador de Administração Escolar do IFRN Campus João Câmara e estudante de Direito – UFRN, além de técnico em Segurança do Trabalho.

Greve nos Institutos Federais: a que preço? Qual o valor?

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As várias faces de João CâmaraNem só de tremores de terra vive João Câmara: cidade de economia forte, de um povo de cultura e fé, e de uma história marcada por episódios que

mudaram seus rumos.

A capital do Mato Grande, João Câmara, é uma das cidades de maior influência política, econômica e cultural do estado do Rio Grande do Norte. Sua importância se deve ao fato de ser a cidade mais desenvolvida da região e, assim, acaba sendo quem dita o que se passa no restante das cidades circunvizinhas. Muitos são seus pontos fortes e suas características socioculturais, não esquecendo o povo que, mesmo amedrontado com os abalos que marcaram a história dessa cidade, orgulha-se de pertencer a João Câmara.

Aspectos geraisJoão Câmara está localizada na mesorregião agreste

potiguar, a 74 km de distância da capital do estado, Natal. A proximidade com a capital possibilita um grande fluxo de pessoas que fazem o trecho Natal-João Câmara, por vezes, diariamente.

Possui uma agricultura bastante diversificada, com destaque para a produção de castanha de caju, provavelmente o espécime mais ilustre da dessa “terrinha”. Mas não faz muito que essa é a atividade principal. Durante muito tempo, o produto mais valorizado por aqui foi o algodão, que, dada a sua importância, ficou conhecido como “ouro branco”.

De acordo com o censo de 2010 do IBGE, a população camarense chegou à marca de 32.227 habitantes.

De Matas a João CâmaraO primeiro nome que o atual município de João Câmara

recebeu foi Matas, uma referência bem alusiva ao que era abundante por aqui: uma grande e densa vegetação, com uma fauna diversificada. Até que no dia 12 de outubro de 1910, Matas entrou para o mapa. Foi quando começou a ser construída a estação e a e s t r a d a d e f e r r o , o b r a realizada pela firma Proença & Gouveia.

Depois desse fa to , comerciantes, m o r a d o r e s , pessoas que p o r a q u i p a s s a r a m , t o d o s deixaram suas contribuições p a r a o crescimento local.

O segundo nome dado à localidade, naquela época uma vila um pouco mais desenvolvida do que Matas, foi Baixa Verde, um nome propício para um local que apresenta uma altitude relativamente baixa, e que até então possuía uma vegetação abundante.

O povoado de Matas chegou à condição de município pela lei nº 697, de 29 de outubro de 1928, com o nome de Baixa Verde, quando então foi desmembrado dos municípios de

Touros, Taipu e Lajes. Existem, ainda, muitos moradores que chamam a

cidade de Baixa Verde, seja por hábito ou por acharem que represente bem mais a cidade do que o nome João Câmara.

Uma ideia predominante na cidade é a de que o Sr. João Severiano Câmara foi o verdadeiro fundador da cidade. O nome do município, como é de se imaginar, é uma homenagem póstuma a João Câmara, que foi ainda o primeiro prefeito da cidade. Na realidade, quem é considerado o fundador da cidade é o engenheiro mineiro Antônio Proença, que na condição de sócio da Firma Proença & Gouveia, instalou-se nas imediações da estação para gerenciar as atividades relacionadas a ela, e, assim, deu o pontapé inicial no desenvolvimento da cidade.

João Severiano da Câmara só chegou aqui em 1914, 4 anos depois de Antônio Proença, ao lado de seus irmãos Alexandre e Jerônimo Câmara. O potencial agrícola da região, o algodão, propiciou a construção da Firma João Câmara & Irmãos, que fazia o beneficiamento do algodão, um dos espécimes mais valorizados na época, por ser um dos principais produtos voltados para a exportação. Certamente neste momento estava nascendo um dos setores mais fortes da cidade, o comércio, que já era uma atividade presente há mais tempo, só que em pequena escala, uma vendinha aqui, um armazém ali. Nada com porte comparável à firma, com cerca de 200 funcionários se revezando em turnos de 24 h.

“O emprego na firma era bom, além do mais era um dos únicos da cidade”, afirma o senhor Epitácio da Silva Vilar, ex-trabalhador da empresa, que se apresentou como pioneira

MARIA DA GLÓRIA

Estação Ferroviária de João Câmara. Ao lado e de fundo, O Torreão, serra de pequeno porte, mas um atrativo local.

Acima, Firma João Câmara & Irmãos, que fazia o beneficiamento do algodão, a pleno vapor. Chegou a ser considerada uma das maiores do país. Abaixo, o que restou da memória de período áureo.

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também em outro segmento, segundo nos conta o senhor Epitácio. “Na firma havia turmas formadas por mulheres, o que na época era novidade, já que se pensava que lugar de mulher era em casa, cuidando do marido e dos filhos”, afirma.

EconomiaO setor econômico de maior força, e que mais cresce

na cidade, é, sem dúvidas, o comércio. Como vimos, desde os primórdios de João Câmara ele vem se desenvolvendo, mas nunca a cidade dependeu tanto desse setor como agora. Os artigos disponibilizados são os mais variados possíveis, vendidos em varejo ou atacado, nesse caso mais a área de alimentos. São supermercados, lojas de roupas, calçados, móveis, eletroeletrônicos, material de construção, enfim, uma infinidade de produtos.

Além do comércio, o setor de serviços também tem crescido bastante, desde locais especializados em assistência técnica na área de eletrônica, que inclui a informática, e eletricidade, até a assistência contábil, oferecida por vários escritórios na cidade.

O segmento de pousadas, hotéis e restaurantes também teve um intenso crescimento, principalmente nos últimos dez anos. Isso se deve, em parte, ao número de postos de trabalho que vem sendo gerado na cidade e região. Quanto mais pessoas circulam por um determinado local, maior sua necessidade em criar meios que possibilitem sua permanência nesse local.

Mas é inevitável falar em economia camarense, sem

falar na feira de João Câmara. A maior feira da região se destaca por agrupar em único local, em um dia da semana (sábado), os mais variados produtos - que vão desde gêneros alimentícios a ferramentas - e os mais variados produtores - tanto da cidade como das imediações e municípios vizinhos. Além disso, caravanas de moradores de diversos povoados, vilas e interiores da cidade, vêm fazer suas compras. Ou seja, além de o dinheiro está sendo depositado diretamente nos bolsos de pequenos e médios agricultores, há ainda a parcela que fica nos cofres dos estabelecimentos comerciais da cidade. Sendo assim, a feira impulsiona a economia da cidade como um todo, e isso explica sua importância para os que dependem dela direta ou indiretamente.

“A feira pode não ser mais tão importante quanto há alguns anos, mas continua sendo a única forma de sustento de muitos moradores da cidade, e também de outros municípios da região”, ressalta o historiador Rômulo Jarson.

EducaçãoEm João Câmara, a educação é, sem dúvidas,

posta como uma prioridade, uma vez que no nível de desenvolvimento em que a cidade se encontra, é imprescindível investir em educação, para que se avance ainda mais. Embora ainda haja lacunas a serem preenchidas, e déficits a serem regularizados, a cidade conta com um bom aparato educacional.

A primeira escola do município, Escola Municipal Capitão José da Penha, começou a funcionar ainda na década de 1920 como um grupo escolar de pequeno porte e funciona até hoje com turmas de ensino fundamental. “Coloquei meu filho mais velho na escola José da Penha para que desde pequeno ele pudesse ter contato com as raízes históricas do município”, afirma a moradora Margarida Maria do Nascimento.

E não podemos deixar de mencionar, claro, a chegada do IFRN à cidade. O instituto oferece cursos

Não perca mais tempo nãoVenha logo aproveitarPois nessa mesma feiraSábado eu vou estarPara juntos eu e vocêsA qualidade comprovar.

Existe a feira do peixeCom pescado de tradiçãoTem sardinha e pilatoCamurupim e caçãoDe vez enquando apareceCaranguejo e camarão

A Feira de João Câmara

Quem gosta de forróAxé, funk e baiãoTem o Berg do CDCom animado barracãoE preço como o deleNa há nessa região

Na rua do Troca-trocaTem novo e tem usadoBicicleta e relógioLegítimo e falsificadoNão tem quem possa fazerO produto ser destrocado

Informática e Cooperativismo no nível técnico, e Licenciatura em Física, no nível superior. O instituto conta ainda com um curso de especialização na área de educação. Para o ano de 2012, além desses cursos, há a previsão de serem implantados os cursos de Eletrotécnica para o nível médio, e os superiores de Sistemas de Energias e Gestão de Serviços.

Além disso, a cidade possui ainda escolas particulares em todos os níveis. De alguns anos para cá, em virtude do crescimento no número de pessoas interessadas em prestarem vestibular, foram criados cursinhos na cidade, o que também tem contribuído para o ingresso do povo camarense no ensino superior.

30 de outubro de 1986Assim como é impossível falar de economia camarense

sem mencionar a feira de João Câmara, também é impossível falar de João Câmara sem mencionar os famosos abalos. Certamente, algo que modificou a vida dos moradores desta terra pacata foram os abalos sísmicos do ao de 1986.

Na verdade, a cidade passou várias vezes por tremores de terra, no entanto a sequência registrada nesse ano foi uma das maiores do país. Desse modo, podemos imaginar a repercussão do fato.

Foi na noite do dia 30 de outubro de 1986 que os moradores de João Câmara passaram por alguns dos momentos mais angustiantes dessa sequência de abalos. Na noite, boa parte da população estava em uma festa na ACDB, um antigo clube da cidade. Inesperadamente se ouviu os “estalos” dos

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abalos, e os gritos das pessoas. O pânico foi geral. Quem nunca havia passado por aquilo achava que a cidade fosse afundar.

Além dessa história de que a cidade iria “afundar”, muitas outras surgiram, principalmente mencionando as causas desses abalos. Uma delas é de que por baixo de João Câmara passaria um rio caudaloso. A outra fala da existência de uma cama de baleia embaixo da igreja matriz da cidade. Todas as vezes que a baleia se movimentasse, causaria um abalo. Além dessas, a que mais se difundiu foi a de que a Serra do Torreão era um vulcão adormecido, e que os abalos eram sinais de que em pouco tempo ele entraria em erupção. Tudo fruto do imaginário fértil dessa população que sofreu muito sob a ameaça dos abalos sísmicos que costumam sacudir a cidade.

Passado o medo, e analisadas as consequências e danos ocasionados pelo tremor, restou apenas uma cidade em frangalhos, com um futuro incerto. A maioria das pessoas que viveram esses dias de terror venderam suas casas e suas terras em João Câmara a preço de “banana”, para se mudar para outras cidades. Os que ficaram se aproveitaram dos preços baixos, e começaram a fazer suas vidas no município.

Embora o episódio pudesse ser representativo para arruinar a cidade de uma vez, muitos moradores, remanescentes daquele período, afirmam que os abalos acabaram funcionando como um fator atrativo para a chegada de novos moradores, o que alavancou ainda mais a economia e o desenvolvimento camarense.

Do dia 12 ao dia 24 de outubro, as estações sismológicas instaladas nas proximidades do município voltaram a registrar abalos de pequena e média intensidade. O maior deles ocorreu no dia 24 e atingiu 2,8 graus na escala Richter. A ocorrência desses últimos abalos foi o suficiente para deixar a população e as autoridades em alerta.

ReligiãoA religião é outra característica marcante da cidade

de João Câmara. A população apresenta uma forte ligação com a religião católica, e ainda é muito presente a tradição de frequentar a missa aos domingos, na igreja matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens, padroeira da cidade.

E depois da missa, pessoas das mais diversas idades se reúnem na praça, para conversar, lanchar ou ouvir música.

Uma das figuras mais ilustres da cidade de João Câmara, não só no tocante à religiosidade, mas também enquanto pessoa é o Padre Monsenhor Luís Lucena Dias. Desde a inauguração da igreja matriz da cidade até os dias de hoje, padre Lucena continua celebrando suas missas e se fazendo presente na vida social da cidade de João Câmara. Além disso, desenvolveu diversas atividades de extrema importância para a cidade, como a construção do colégio João XXIII, que, na época em que funcionava, era um dos mais conceituados da cidade. Dada sua importância, Padre Lucena acabou virando tema de um livro de um autor da terra, Antônio Barbosa da Silva. Monsenhor Lucena, o bom pastor

narra em versos a história desse personagem ímpar da história camarense.

Apesar de ser predominante o número de católicos na cidade de João Câmara, é crescente o número de praticantes de religiões protestantes. O número de igrejas evangélicas tem c r e s c i d o consideravelmente nos últimos anos na cidade. Dentre as m a i s a n t i g a s podemos citar a Assemb le ia de D e u s , M i s s ã o Evangélica e Igreja de Cristo no Brasil. Das mais novas podemos citar a Igreja da Graça e a Igreja Mundial do Reino de Deus.

Zona rural camarense: celeiro de cultura e bons frutosAs adjacências da cidade de João Câmara possuem uma

riqueza enorme do ponto econômico, cultural e principalmente humano.

As comunidades do Amarelão, Morada Nova, Assunção, Matão, dentre tantas outras, possuem uma importância significativa para a cidade. Importância essa, por várias vezes, desmerecida, encoberta por estigmas preconceituosos e arcaicos.

A história do surgimento dessas comunidades é bem diferenciada. Algumas são oriundas do povoamento de determinada região como é o caso do Matão dos Nunes, que começou com uma única família, a Nunes.

Estudos feitos por historiadores com alguns moradores do povoado do Amarelão indicam que são descendentes dos índios Tapuias, que habitavam a região de Araruna e Bananeiras no brejo paraibano, deslocando-se em levas durante o período que vai de 1830 a 1870, buscando refúgio depois de terem sido perseguidos por grandes proprietários que “compraram” as terras ao governo, as chamadas sesmarias. Um grupo remanescente de alguma tribo da Paraíba acabou vindo parar aqui, e constituindo o que é hoje uma das maiores comunidades do município.

Quanto à origem do nome, um tanto curioso, o que se pôde apurar a respeito encontra-se em um dos únicos livros que contam a história de João Câmara: Baixa Verde – Origens da nossa terra. Nele, o autor Aldo Torquato menciona o fato de o possível motivo para esta atribuição ter sido um surto de malária que molestou a população desse local logo que a comunidade foi constituída. Como a doença deixa as pessoas com um aspecto um pouco “amarelado”, e como eram muitas pessoas com a doença, se começou a falar do local como “Amarelão”.

Já o povoado de Assunção, assim como o do Amarelão, é mais velho que o próprio município. No entanto, não se tem conhecimento de como tenha se dado sua origem, provavelmente uma família deve ter se instalado no local, constituído sua vida, e

Monsenhor Lucena, o bom pastorSó falei de tudo issoPara você sentir como éO Monsenhor Luiz Lucena DiasHomem de Deus e de Fé.

Presente em todo momento,Seja de alegria ou tristeza, Procurando colaborarCom sabedoria e grandeza

Por isso, leitor amigo,Agradeça a Deus nosso Senhor,Por ter nos enviadoUm homem de Fé e Amor.

Está sempre fazendo o bemComo faz um Bom Pastor,Cuidando do seu rebanho,Evangelizando por amor.

(Antônio Barbosa da Silva)

Monsenhor Lucena, o bom pastor

Padre Monsenhor Lucena durante a celebração de uma missa

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dali em diante a localidade foi crescendo.A principal atividade econômica

dessas comunidades é, certamente, a castanha de caju, beneficiada de modo ainda muito rústico, e que tem causado danos a alguns trabalhadores do ramo. O principal desses danos é a perda das impressões digitais nos dedos, em virtude do constante atrito com a castanha, tanto pra descastanhar o caju, ou seja, tirar a castanha dele, como para retirar a casca após a torragem.

Atualmente, o que tem se buscado nesses povoados, é o resgate de sua cultura, para que a riqueza que eram os costumes desses povos não se percam no tempo. Um exemplar disso é um grupo de dança indígena, organizado por Rozania Barbosa, moradora da comunidade. A iniciativa serve não só como um fator de integração, o que é já é muito vantajoso, mas também como uma forma de repassar a história da origem do local.

É necessário ressaltar ainda que essas comunidades são apenas uma pequena mostra de todas as que compõem as adjacências da cidade de João Câmara.

CulturaApesar de o povo camarense

pensar o contrário, a cidade possui sim manifestações culturais, seja de pequeno ou médio porte. E elas estão aí para manterem acesa a chama cultura local, regional e nacional.

Um exemplar dessa tentativa de manter a cultura viva no município é a Casa da Cultura de João Câmara. Lá, são realizadas exposições de artistas da terra, ensaios e apresentações do grupo de capoeira, além de diversos artistas utilizarem o espaço para ministrarem cursos, como de pintura.

A cidade de João Câmara, no aspecto cultural, conta ainda com uma banda de música, a Filarmônica Municipal Manoel Rafael de Freitas que, atualmente, realiza seus ensaios na Escola Municipal Capitão José da Penha, e se apresenta na maior ia dos eventos munic ipais,

enriquecendo ainda mais a cultura camarense. “A banda de música é mais uma forma de resgate da nossa cultura”, comenta Aldivan Soares, trompetista da filarmônica.

Filarmônica de João Câmara

Quaranta em xeque Francisco Quaranta Neto, professor de Matemática e de Desenho do Campus João Câmara, conversa com o Jornal do Campus, e fala sobre sua vida pessoal e profissional em uma entrevista exclusiva. Fala ainda sobre sua paixão pelos números, sua trajetória acadêmica e como veio parar no Rio Grande do Norte. No Campus João Câmara , t em desenvolvido um projeto de grande destaque, o do Xadrez, que tem rendido vitórias e títulos à equipe do Campus, que, em seu primeiro ano, já foi campeã dos jogos intercampi.

Jornal do Campus: Quem é o professor Quaranta?Quaranta: O professor Francisco Quaranta é um sergipano radicado em Natal – RN, há pouco mais de dois anos. Uma pessoa que gosta do que faz, seja como professor de Matemática, seja como professor de Desenho, nas atividades das olimpíadas e, principalmente, com o ensino do xadrez. Um conjunto de atividades que realmente tem me absorvido e me envolvido muito com o Instituto. Jornal do Campus: O senhor falou que é de Sergipe. Como foi sua infância nesse Estado?Quaranta: Eu morei em Aracaju até meus 17 anos, e a tendência era que estudasse lá, uma vez que meus irmãos mais velhos haviam estudado na capital sergipana. Mas quando eu t i n h a 1 6 a n o s s u r g i u u m a oportunidade de estudar no Rio de Janeiro, e percebi que era uma oportunidade única, uma chance de ampliar minha visão de mundo, e a forma como encarava o que vinha pela frente. Assim, agarrei essa oportunidade com todas as minhas forças.

Jornal do Campus: De que forma o senhor chegou ao Estado do Rio Grande do Norte?Quaranta: No Rio de Janeiro, eu estudei Fís ica e Engenhar ia

Mecânica na UFRJ e, no final do curso, conheci minha atual esposa, Daniele. Após algum tempo de namoro, casamos, logo tivemos um filho e então moramos seis anos no Rio de Janeiro. Como a família dela está toda no Rio Grande do Norte, acabei concordando em vir morar aqui, e encarar essa mudança de cidade e local de trabalho.

Jornal do Campus: Em relação aos estudos, como foi o início de sua vida acadêmica? O senhor sempre foi um bom aluno? Sempre gostou da Matemática?Quaranta: A área das ciências exatas sempre me atraiu, mas eu nunca pensei que eu fosse ter maiores habilidades, pois sempre achei matemática muito difícil. Porém eu me sentia provocado, e essa provocação funcionava, porque eu tratava de “correr atrás”. Com o passar do tempo, veio a carreira de Engenharia, no entanto esta não foi minha profissão. É até curioso, porque os meus pais são professores, e seria até natural considerar que eu seguisse essa carreira, mas não foi isso que ocorreu, pelo menos, no início. Primeiro precisei fazer o mestrado em Engenharia para perceber que ela não me satisfazia, e assim acabei me tornando professor.

Jornal do Campus: Qual foi o fator mais importante que levou o senhor a desistir da Engenharia e passar a lecionar Matemática?Quaranta: Certamente, um desses fatores foi a exigência da prática da Engenharia que eu não possuía e,

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uma escola qualquer. Temos liberdade para trabalhar, interagimos bem com os servidores, são muitas as atividades que podemos realizar, e há uma boa comunicação com os alunos. Temos professores com uma boa formação e alunos mais motivados que a média. Então, essa combinação resulta em uma fermentação muito boa. Outra coisa fantástica é o fato de os professores do Campus não lecionarem apenas. Eles podem fazer pesquisa e extensão dentro de sua carga horária, e isso dá muita vida às aulas, porque nós podemos lecionar e, ao mesmo tempo, estar conectando as aulas com essas atividades que conseguimos realizar em vários segmentos da instituição.

Jornal do Campus: Nos últimos eventos e competições esportivas do IFRN, a equipe de xadrez do Campus João Câmara tem se destacado com várias conquistas e títulos. Como o senhor avalia a equipe de xadrez, que atua sob sua orientação? Quaranta: Eu ensino xadrez, pois acredito que isso pode melhorar o desempenho do aluno, e as últimas participações da equipe nos torneios é mais uma etapa do projeto. Se, além disso, houver alunos que progridam e alcancem um nível competitivo, por que não colocá-los em torneios? O progresso obtido por alguns alunos é bem expressivo. Um bom exemplo disso é Israel Smith, que já chegou ao Campus preparado e ganhando diversos torneios neste ano. Outro exemplo é Antogony Ramon, que foi vice-campeão estadual na categoria sub -16 no torneio organizado pela federação. Já Ramon de Souza se destacou como segundo colocado no campeonato nordestino de menores que aconteceu em Natal. Nossa equipe dos jogos intercampi, ganhou na modalidade masculina. A feminina ficou em segundo lugar, tendo se aproximado das campeãs, Campus Natal Central. Mas insisto: mais importante do que ganhar prêmios A, B ou C é ver a motivação de todos, o quanto o grupo está aprendendo. Ganhando ou perdendo, o importante é o aprendizado, objetivo central do projeto.

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naquela época, as oportunidades de emprego não eram muito grandes. Aquilo me desanimava. Ao mesmo tempo, via essa área um pouco árida, no sentido do fator humano, e eu achava que precisava realmente lidar com pessoas no meu dia a dia. E, além disso, tornar-me professor foi uma forma de enfrentar a timidez, que sempre fez parte da minha personalidade.

Jornal do Campus: O senhor falou que fez Engenharia na UFRJ. E a pós-graduação também foi lá? Quaranta: Após terminar Engenharia Mecânica, comecei o mestrado, nessa mesma área do conhecimento, e na mesma universidade. Durante o mestrado, eu percebi que não queria seguir essa carreira, por isso desisti do curso e decidi entrar na docência. Mas após alguns anos dando aulas particulares de Matemática, Física e Química, percebi que faltava uma formação na área do ensino, então decidi fazer licenciatura em Matemática, na UERJ. Um ano após ter concluído a licenciatura, comecei o mestrado em ensino de Matemática, retornando para a UFRJ.

Jornal do Campus: Como o senhor chegou ao IFRN? E, consequentemente, como se deu a sua vinda para o Campus João Câmara?Quaranta: Foi por um motivo familiar. Minha esposa veio para Natal morar com meu filho e ficou esperando que eu viesse. Então eu combinei com eles que, assim que terminasse o mestrado, eu viria. Dito e feito. No início de 2009, finalizei o mestrado e vim, em uma situação bem difícil porque não tinha emprego nenhum. Por sorte, consegui passar no concurso para uma escola pública de Natal e, mais tarde, consegui chegar ao IFRN - Campus Central - como professor substituto. Três meses depois, houve o concurso para professor efetivo e, dentre os seis campi existentes na época, optei pelo de João Câmara. Consegui ser aprovado e aqui estou.

Jornal do Campus: É notória a sua participação em projetos, como o xadrez e a OBMEP. Sendo assim, como o senhor avalia sua atuação no Instituto?Quaranta: Para mim, seria natural - como a maioria dos professores querem fazer - tentar um remanejamento para Natal, porque minha família está lá, mas o envolvimento com João Câmara é de tal ordem que, neste momento, sair deste campus não é uma ideia que passa pela minha cabeça. Os projetos, principalmente o do xadrez, contribuíram para essa tomada de decisão. Se eu sair, será para fazer meu doutorado e, mesmo assim, voltarei.

Jornal do Campus: Como foi sua experiência com as turmas no ano passado? Quaranta: De uma forma geral, foi muito boa. Com Matemática, eu já tinha mais experiência e foi mais fácil. A disciplina de Desenho surgiu sem estar prevista, mas também não foi muito difícil, pois tem uma ligação muito grande com a Matemática. E foi muito prazeroso, inclusive, este ano, eu estou lecionando mais Desenho do que Matemática. De certa forma é desafiante. Não sei se meus alunos perceberam, mas quando ensino, estou sempre aprendendo com eles. Assim, a aula acaba não se tornando monótona.

Jornal do Campus: O que o senhor acha do funcionamento da instituição como um todo? E como é a sua interação com os alunos e servidores?Quaranta: Trabalhar no Instituto é muito prazeroso, pois não é

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Acaba a greve no IFRNMARIA DA GLÓRIA

68 dias de greve: motivos e resultados de uma das mais longas paralisações do IFRN.

Os professores e técnicos do IFRN, reunidos em assembleia, dia 13 de agosto, decidiram entrar em greve. Os motivos eram muitos, as reivindicações já vinham se arrastando por anos, e depois de várias assembleias e reuniões, ficou decidido que a categoria iria aderir à medida. O Jornal do Campus ouviu alunos, professores, servidores e pais de alunos para saber o que eles pensam a respeito. Além disso, apurou quais os motivos por trás dessa greve, e a forma como o governo se posicionou durante esses 68 dias de paralisação.

A situação dos professores antes da greveComo todas as profissões, a carreira de professor

apresenta suas dificuldades, desvalorização e, em alguns casos, uma carga horária insustentável, má remuneração, falta de incentivo por parte dos setores públicos e privados, principalmente em se tratando de ensino público. No entanto, essas dificuldades tendem a se acentuar quando as autoridades públicas não dão a devida atenção a quesitos que podem ser vitais à boa manutenção da qualidade de ensino, isto é, quando ela existe.

E quando o assunto é educação pública de qualidade, certamente uma das primeiras coisas que vêm à nossa mente são os Institutos e Universidades Federais. Essa referência de qualidade se deve em grande parte à estrutura que essas i n s t i t u i ç õ e s a p r e s e n t a m , a o r g a n i z a ç ã o administrativa e, n ã o p o d e m o s esquecer, o corpo d o c e n t e d e qua l idade , que p r e s t a u m a e d u c a ç ã o d e q u a l i d a d e a o s jovens e adultos que fazem parte dessa rede de ensino.

No caso específico dos professores federais, notamos que o descontentamento com as condições de remuneração e trabalho ocorreram porque estavam prestes a se igualar à de um professor estadual, que muitas vezes precisa se desdobrar para dar aula em mais de uma instituição, algumas vezes com 60 h semanais, para poder se manter. Isso ocasiona uma sobrecarga por parte do professor, que acaba não atendendo a contento à sua função. Isso se reflete no interesse e estímulo dos alunos, que, muitas vezes, têm que se submeter a uma aula desestimulante, o que acaba provocando o desinteresse pelos estudos.

“Quando nos decidimos pela greve, não era apenas uma tentativa de melhorar nossas condições salariais e trabalhistas, mas sim um meio de buscar vantagens também para os alunos, pois essas melhorias iriam refletir diretamente na qualidade de ensino oferecido. Afinal de contas, se um bom profissional, na área de engenharia, por exemplo, tivesse a oportunidade de optar entre trabalhar na Petrobrás, caso fosse aprovado em um concurso, ou como professor, ganhando metade do que ganharia lá, haveria

alguma dúvida na hora da escolha? A resposta é lógica. Nesse caso, quanto mais bem pagos forem os professores, melhores profissionais teremos”, comenta o professor Emanoel Gomes.

E como é do conhecimento de todos, não há uma instituição de ensino perfeita, mas os IFs e as UFs se destacam por vários diferenciais. Um desses é o fato de o professor federal possuir um vínculo exclusivo com a instituição, com 40h semanais de trabalho, com dedicação exclusiva e um salário condizente com sua titulação (graduado, mestre, doutor). Isso possibilita que eles desenvolvam programas e projetos de pesquisa e extensão, que incrementam o conhecimento de docentes e discentes, e que são imprescindíveis ao desenvolvimento científico e tecnológico.

Além disso, uma das questões que técnicos administrativos e professores ressaltaram foi que a greve não era apenas uma forma de reivindicar um salário melhor, as causas da greve também estavam vinculadas à intransigência governamental em não atender e conceder aos professores aquilo que já lhes era um direito assegurado.

Principais reivindicações“Uma das principais reivindicações que estamos

fazendo é a da reestruturação da carreira docente, o que significa dizer que além da reposição inflacionária de anos sem reajustes, buscamos uma melhor elaboração dos critérios que regulamentariam o remanejamento dos professores, por exemplo”, declara o professor Wanderlan Porto, um dos representantes do Campus João Câmara, e que esteve à frente em várias movimentações e assembleias.

Desde o ano de 2010, o salário dos professores federais não sofre reajuste. Como é de conhecimento da maioria da população, a cada ano a inflação sobe, os impostos aumentam e, consequentemente, os preços. Dessa forma, é de se imaginar que chegaria o momento em que os professores estariam gastando mais do que o que estavam recebendo, já que a tendência era a de que os preços subissem, e os salários ficassem congelados por até 2019, pelo projeto de lei 549/09 que tramita no Congresso Nacional. Assim, uma das principais reivindicações trata da reposição inflacionária, integrante da pauta geral de reivindicações dos servidores públicos federais.

A reivindicação era a de que fosse reposta a quantia equivalente a cerca de 14% dessa perda salarial em virtude do aumento inflacionário. O governo, no decorrer da greve, propôs pagar apenas 4% desse valor, só para os professores, sem abranger os técnicos.

Outro ponto questionado pelos servidores é o da disparidade salarial entre os profissionais no mesmo cargo, com uma mesma titulação e com a mesma carga horária de trabalho. O que está acontecendo é que um doutor em determinada área do funcionalismo público

Servidores do IFRN mobilizados após início da greve.

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chega a ganhar quase 150% a mais que um professor de uma universidade federal, segundo dados da ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). E de acordo com o princípio da isonomia salarial, presente no plano de carreiras, cargos e salários dos servidores públicos federais, isso não deveria acontecer. Conforme o artigo 4º, a isonomia salarial será assegurada pela remuneração u n i f o r m e d o trabalho prestado por Professor F e d e r a l d o mesmo n íve l , r e g i m e d e t r a b a l h o e t i tulação, bem c o m o p e l a uniformidade de critérios gerais para progressão e para ingresso, é obrigatoriamente p o r c o n c u r s o público de provas e título, conforme previsto nesta Lei .

“Alguns professores que possuem uma titulação maior, não estão recebendo de acordo com essa titulação, por exemplo: você tem um mestrado ou um doutorado, mas não recebe como mestre ou como doutor”, afirma o professor Wanderlan.

Quando se fala em ganho salarial em relação à titulação, nos referimos ao que se chama de progressão salarial. Esse ponto de pauta também é válido para os técnicos administrativos, que não estavam recebendo de acordo com as suas horas trabalhadas, ou pelos cursos feitos.

Além disso, os técnicos administrativos pleiteavam a mudança do regimento interno para que houvesse a possibilidade deles se candidatarem a cargos como de diretor dos campi ou reitor do IFRN. “Um técnico administrativo, em virtude de conhecer o funcionamento da instituição, estando ligado às finanças, pode ser capaz de gerir muito melhor um Campus do que um professor que, na maioria das vezes, só chega ao cargo por influência política”, comenta o técnico administrativo Shilton Roque. Esse compromisso já foi assegurado pelo governo, cabe agora esperar o cumprimento dele.

As negociações com o governoDurante praticamente toda a greve o governo se

posicionou inegociável. A exigência era a de que os professores saíssem da greve para que pudessem negociar. Em virtude de não possuírem nenhum compromisso por parte do governo quanto ao cumprimento de nenhuma das reivindicações, o SINASEFE (Sindicato Nacional dos Servidores Federais), em acordo com seus afiliados, resolveu manter a greve por tempo indeterminado.

“Basicamente nenhuma das nossas reivindicações foi atendida. O argumento do governo era o de que só haveria negociação se nós saíssemos da greve, sendo que antes mesmo eles não se propuseram a negociar. Além disso, o governo não compareceu à reunião marcada na última semana. Ou seja, saímos da greve para negociar e o governo não comparece? Diante disso se pode ver o descaso do governo com a questão”, esclarece o professor Emanoel Gomes.

As movimentaçõesAs movimentações referentes à greve começaram antes

mesmo de seu início. Antes de ser deflagrada a greve no IFRN, em

Principais reivindicações dos servidores federais (professores e técnicos administrativos)

10% do PIB para a educação. Escolha dos dirigentes pela comunidade acadêmica, podendo qualquer servidor se candidatar em eleições diretas.

14,67% de reposição inflacionária. Veto do projeto de lei 529/09, que congelaria o salário dos professores até 2019.

Garantia do princípio da isonomia salarial entre cargos públicos com funções, titulação e regime de trabalho equivalentes.

Equiparação do auxílio-alimentação ao dos servidores do TCU (Tribunal de Contas da União).

Progressão salarial. Incorporação das gratificações ao salário base da categoria.

Professor Wanderlan Porto em assembleia do SINASEFE Natal.

Charge

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cada Campus, houve uma reunião com toda a comunidade acadêmica para esclarecer os reais motivos que levaram à adoção dessa medida. Outras reuniões com esse mesmo intuito foram realizadas em todos os demais campi.

Dada a intransigência do governo, e os danos sofridos pelos alunos, acabou se formando uma série de manifestações por todo o país, em busca de mostrar para a sociedade a situação, e chamar a atenção do governo para o fato de que os professores unidos p o s s u í a m u m a f o r ç a significativa a ponto de levar a greve à frente por tanto tempo.

U m a d e s s a s movimentações, de grande repercussão, foi o protesto, promovido por estudantes e professores do Campus Natal Central, no cruzamento das avenidas Bernardo Vieira com a Salgado Filho. Os alunos montaram uma verdadeira sala de aula, em pleno cruzamento das avenidas, num ato de solidariedade e apoio aos professores e técnicos em greve.

Além disso, professores, técnicos e alunos paralisaram uma via de acesso ao Congresso Nacional na tentativa de chamar a atenção do governo para a atual situação da educação brasileira. O movimento teve grande repercussão, ganhando destaque, inclusive, na mídia nacional. Mais uma prova de que, embora se viva em um país em que, na maioria das vezes, as pessoas abdicam de seu direito a protestar por melhores condições de vida por medo ou por puro comodismo, ainda existe quem acredite na possibilidade de se mudar muita coisa nesse país com a união das classes trabalhadoras. Não se trata de um pensamento revolucionário retrógrado, mas de uma tentativa de mudança.

Os professores do Campus João Câmara também realizaram um ato público em frente à prefeitura da cidade, a fim de explicar à população camarense os motivos da paralisação no IFRN. ,

Movimentações em frente à prefeitura de João Câmara.

O que a comunidade escolar tem a dizer sobre a greveAs opiniões se dividem quando o assunto é a greve do IFRN. Muitos

consideram que a situação se agrava bem mais, a partir do momento em que foram tantos dias de paralisação para praticamente nenhum ganho, como comenta a professora de Artes do Campus, Rebeka Carozza “Eu me posicionei contra o retorno da greve, porque eu considero que os ganhos que tivemos foram muito poucos, em relação ao que estava sendo reivindicado. E muitas vezes nós ainda temos que escutar: os professores não se importam com os alunos, quando na verdade é o governo que não se importa com os alunos. Para mim, a greve não foi satisfatória. A questão é que o governo não quis negociar antes da greve, não quis negociar durante a greve, será que vai negociar agora?”

Alguns pais de alunos também têm uma opinião similar à que foi apresentada pela professora. “No meu ponto de vista, a greve prejudicou sim os alunos, seja pelo tempo de aula perdido, seja pelo desestímulo e descrença na educação pública”, comenta Margarida Maria, mãe de dois alunos do instituto.

Como era de se imaginar, os alunos também se sentiram prejudicados com a greve, principalmente pelo fato dela interromper uma rotina ou ciclo de

estudos, que nem sempre é fácil de ser adquirida. “A greve foi um movimento prejudicial porque comprometeu o ritmo de estudos dos alunos”, opina Israel Smith, do 1º ano C de Informática.

Os servidores também se posicionam quanto à paralisação. “ Eu não gostei da greve, afinal de contas, a escola ficou vazia, e escola sem aluno não é escola”, comenta Ana Cristina, servidora do Campus João Câmara.

Mas também existem aqueles alunos que enxergam na greve uma possibilidade de melhoria na qualidade da educação oferecida, e também veem nela uma forma de os professores lutarem pelos seus direitos. “A greve foi totalmente correta, porque os professores necessitam dos seus direitos”,

A(des)gosto de greve

Durante a manifestação em

frente à prefeitura de João Câmara, o

professor Milson Santos e aluna Iraciara

Pinheiro leram o cordel A(des)gosto de greve,

escrito pelo aluno Livanildo Oliveira.

Agosto mês de desgosto

Para os alunos o IF

Pois mal voltaram de férias

Deram de cara com a greve

Professores querem mais

O governo dá pra trás

E o aluno padece

Desde 13 de agosto

É triste a situação

Quando no Campus central

Houve uma reunião

Servidores federais

Dizendo queremos mais!

E Dilma disse: dou não!

O Governo Federal

Diz que não é o momento

E invés de dar quatorze

Só quer dar quatro%

Um professor arretado

Gritou bastante irritado

Sou professor, não jumento.

Alunos do IFRN montam sala de aula no cruzamento das avenidas Bernardo Vieira com Salgado Filho.

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afirma o aluno Emerson Renan, do 2º ano A de Cooperativismo.Há também quem veja vantagens a longo prazo com a

paralisação, medida tomada objetivando a garantia dos direitos dos professores. Essa opinião é partilhada entre alguns alunos da Licenciatura que pensam em algum dia seguir a carreira acadêmica. “Como estudante da Licenciatura em Física, visando, de fato, me tornar uma futura professora, eu não acho viável fazer uma graduação em 4 anos, para depois passar mais alguns anos para fazer especialização, mestrado, e, mesmo assim, não ser bem paga. Portanto, acho que a greve realmente foi o único meio de se tentar mudar essa situação”, comenta Fernanda Natália, da Licenciatura em Física.

Um novo calendárioSegundo o professor Wanderlan Porto, ficou acordado

entre os órgãos, instituições e sindicatos que levaram a greve à frente, que o melhor a ser feito com relação ao novo calendário letivo será obtê-lo com a cooperação de representantes de pais, professores e alunos, e ressaltou, ainda, que essa é a primeira vez que isso ocorre. Dessa forma será possível adequar as necessidades de cada estudante, principalmente no que diz respeito a transporte. “Como sabemos, uma grande parte dos alunos do Campus João Câmara, que recebe alunos do interior, necessita do transporte cedido pelas prefeituras de suas cidades, e caso seja necessário levar as aulas até janeiro, como vai ser o caso, é necessário que se veja como vai ficar essa situação”, comenta o professor.

O grande nome do xadrez masculino do IFRN – Campus João Câmara na competição foi Israel Smith, aluno do 1º ano C de Informática, que ganhou todas as 5 partidas que disputou, conquistando, assim, a medalha de ouro. “Eu não esperava, foi emocionante. Havia um jogador do Campus Central extremamente forte, que inclusive ganhou a edição passada, considerado como favorito. Na 4ª rodada, o enfrentei, e consegui ganhar. Então fiquei bastante feliz com o meu desempenho”, afirma Ismael Smith.

O grupo composto por Alysson Souza (1º ano B de Informática), Israel Smitch e Antogony Ramon (2º ano B Cooperativismo) também conquistou ouro no ranking por equipes.

Xadrez feminino A equipe feminina, formada por Rita Andrade, Marília

Aguiar, ambas da licenciatura em Física, e Irene Ginani, do 1º ano C de Informática, conquistou o segundo lugar na competição.

Handball Masculino Com três dos jogadores essenciais desfalcados, o

time de handball masculino começou o c a m p e o n a t o g a n h a n d o d o Campus Apodi por 10 a 1, sendo 5 gols de Manoel Neto (2º ano B Informática), 4 de Cayro Thiago (2º a n o B Cooperativismo) e 1 de Victor Erick (2º a n o A Cooperativismo).

No segundo jogo, o Campus JC não jogou bem, e acabou perdendo para os donos da casa, o Campus Mossoró. O jogo terminou de 20 a 19, sendo 8 gols de Manoel Neto, 2 de Davyson Maximiano (1º ano B de Informática), 5 de Cayro Thiago e 2 de Daniel Franco (1º ano B Cooperativismo). Este jogo foi o mais polêmico, pois houve um suposto descuido por parte da bancada dos árbitros, que teria deixado passar o tempo determinado, prejudicando, assim, o time de JC, uma vez que no momento da expulsão o placar estava 19 x 16 para João Câmara. “O jogo já havia terminado, mas o juiz deixou passar o tempo, ocasionando a expulsão do goleiro e a derrota de João Câmara”, declarou Robson Silva, atleta do Campus de Currais Novos, que viu tudo.

No terceiro jogo, o Campus enfrentou Currais Novos e ganhou por 10 a 6, sendo 5 gols de Manoel Neto e 1 de Cayro Thiago. Já no quarto jogo, o time de João Câmara jogou contra o Campus Central e acabou perdendo por 18 a 13. Ao final da competição, o time de João Câmara conseguiu o 4º lugar.

Handball FemininoNo primeiro jogo, a goleira Gabriela Souza realizou

ótimas defesas, impedindo que o time sofresse gols, e, por conseguinte, ganhasse por 17 a 0 das anfitriãs, o Campus Mossoró. Destaque para Marília Aguiar (Licenciatura em Física), que marcou 6 gols.

No segundo jogo, contra Currais Novos, o IF JC venceu por 11 a 5, sendo 8 gols de Marília, 2 de Dalyane e 1

Suor Transformado em Conquistas

Durante os dias 11 e 14 de agosto, ocorreu, em Mossoró, a II edição dos Jogos Intercampi, que reuniu atletas de todos os Campi do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. O Campus João Câmara levou uma delegação de 51 atletas, que participaram de diversas modalidades esportivas: futsal masculino, handball masculino e feminino, xadrez e natação.

O Campus surpreendeu, alcançando excelentes resultados, principalmente no xadrez e no handball feminino, levando em consideração o fato de ser a segunda participação de João Câmara nessa competição. O apoio técnico por parte dos professores, e até mesmo de alguns alunos que acompanharam a delegação, foi marcante na competição.

Xadrez Masculino A equipe de

xadrez, que completou 1 ano no mês de setembro, destacou-se na competição. Os t r e i n a m e n t o s semanais promovidos p e l o t é c n i c o d a equipe, e também professor do Campus, Francisco Quaranta, su r t i r am g randes resultados, levando a equipe ao lugar mais alto do pódio.

Campus João Câmara se destaca no II Jogos Intercampi

Alguns dos integrantes da equipe de xadrez do Campus João Câmara

Equipe do Handball masculino após o jogo contra Apodi

JONAS ELAN

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de Joyce Daliane (2º ano A Informática). O último jogo, contra o Campus Apodi, foi acirrado. O placar se manteve empatado por quase todo o jogo. N o s e g u n d o tempo, o time de J o ã o C â m a r a virou e ganhou o jogo por 4 a 2, sendo 3 gols de Dalyane e 1 de Jéssica. Todos os jogos do handball, tanto feminino quanto masculino, foram realizados na quadra da UERN.

Futsal O time de Futsal Masculino não repetiu o bom

desempenho que obteve nos JERNS (Jogos Escolares do Rio Grande do Norte), em que ficou na 4º posição. Perdeu o primeiro jogo por 4 a 3 para o Campus Macau e, em seguida, também perdeu para o Campus Central, sendo eliminado no início do campeonato.

“Tínhamos uma ótima equipe, mas o que realmente ocorreu foi que alguns atletas que jogam bem não foram convocados, devido à desorganização dos treinos, que mal ocorriam, e isso acabou prejudicando o desempenho do time”, declarou o aluno Edmilson Filho, que participou da equipe e cursa o 2º ano de Informática no Instituto de João Câmara.

NataçãoOs atletas tiveram apenas duas semanas de treinos

intensos de preparação para a competição, uma vez que o evento coincidiu com o recesso que houve no Campus. Sendo assim, eles aperfeiçoaram os estilos que mais dominavam que, segundo a professora de Educação Física e treinadora da equipe, Elizabete Paiva, foram os estilos crawl, costas e peito.

Com isso, o Campus João Câmara não teve representantes nas provas de média distância, como os 200m livre, os 100m borboleta, os 200m medley, revezamento 4X50m medley e o nado borboleta. “Mesmo com poucos treinos, considero um bom resultado obtido pela equipe de natação nos jogos”, afirma Elizabete. “Esses jogos contribuíram para estimular os atletas a manter uma atividade esportiva no seu cotidiano e foi uma boa experiência para eles”, conclui.

Na maioria dos esportes, o Campus João Câmara perdeu somente para o Campus Central, que está há mais tempo em funcionamento e, portanto, possui um forte esquema de treinamento para esse tipo de competição, além de contar com uma ótima estrutura para treinamento que auxilia o desenvolvimento de seus atletas, enquanto o Campus João Câmara, por ser novo, não possui ainda tal estrutura. “Essa foi a segunda participação do Campus João Câmara nos jogos, mas isso não intimidou os atletas do nosso Instituto, que demonstraram força na competição”, declarou Dalyane Oliveira, que está no 2º ano do curso de Informática, e foi um dos destaques da competição.

Essa carência acabou ocasionando o fim do projeto do basquete, pois o ginásio municipal, onde os alunos treinavam, não possuía as sestas e tabelas.

O time de handball feminino e o masculino foram para a competição sem um treinador. Isso aconteceu por falta de um tutor, levando em consideração que os demais esportes tinham um professor auxiliando, como foi o caso da natação, com a professora Bete, o xadrez com Quaranta, entre outros. “Precisamos de parcerias para que tenhamos técnico para o handball”, declara a Diretora Geral do Campus João Câmara, Sônia Cristina.

Mesmo assim, o handball alcançou vitórias notáveis contra equipes consideradas favoritas. “Nós nos saímos muito bem, levando em consideração o fato de não termos técnico. Durante todos os j o g o s , R e n i e r Cavalcanti, diretor acadêmico, e Albérico Canário, professor de Matemática, deram bastante força a todas as equipes, de modo que ganhássemos a competição”, afirmou Heloyse da Silva Alves, do curso de Cooperativismo.

Não foram somente as vitórias que interessaram à delegação de João Câmara, o conhecimento que os alunos trouxeram da competição foi de suma importância para os próximos campeonatos. “Foi muito boa a participação do Campus João Câmara nos jogos intercampi, não só pelos resultados, mas também pela quantidade de alunos que mobilizamos para participar destas atividades tão importantes na formação do cidadão, que é o esporte”, destaca Renier Cavalcanti, diretor acadêmico.

Equipe de Natação do Campus João Câmara

Modalidade

Atleta ganhador ( a)

Colocação

50m livre

feminino

Maria Beatriz

Terceiro

lugar

50m peito masculino

Pedro Henrique

Terceiro

lugar

50m costas masculino

Dalton

da Silva

Terceiro

lugar

100m peito masculino

Pedro

Henrique

Terceiro

lugar

Revezamento 4x50m feminino

Maria Beatriz, Luzia

Jussi ara, Dandara

de Farias, Hemily

Jadna

Segundo

lugar

Revezamento 4x50m masculino

Pedro Henrique, Dalton da Silva, Jefferson Bruno, Vitor Erick

Segundo lugar

100m livre feminino

e 100m livre masculino

Maria Beatriz

Jefferson

Terceiro

lugar

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Atletas do Handball feminino após a conquista do Intercampi