Nº 5 - Fevereiro de 2009

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Fevereiro de 2009 Edição bimensal Nº 5 “Semana da Inclusão” - Celebra- ção do Dia internacional da Pes- soa com deficiência na ESEPP A profissão: Tradutor/ Interprete de lingua Gestual Portuguesa Projecto ProTimor: Licenciados da ESEPP em Timor! Entrevista À Dra. Elisa Sousa ... pgs. 9 pag. 8 pgs. 6

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Licenciados da ESEPP em Timor “Semana da Inclusão” - Celebração do Dia internacional da Pessoa com defi ciência na ESEPP A profissão: Tradutor/ Interprete de lingua Gestual Portuguesa Projecto ProTimor: Licenciados da ESEPP em Timor! Entrevista à Dra. Elisa Sousa ...

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Fevereiro de 2009Edição bimensal

Nº 5

“Semana da Inclusão” - Celebra-

ção do Dia internacional da Pes-

soa com deficiência na ESEPP

A profissão: Tradutor/ Interprete de

lingua Gestual Portuguesa

Projecto ProTimor:

Licenciados da ESEPP em Timor!

Entrevista À Dra. Elisa Sousa ...

pgs. 9 pag. 8pgs. 6

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EDITORIAL2

por Susana Barbosa

O conteúdo de cada artigo é da responsabilidade dos seus signatários ou responsáveis pelos órgãos.

A publicação Note-se é uma iniciativa do Centro de Recursos em Conhecimento da Escola Superior de Educação do Porto e do Gabinete de Educação para o Desenvolvimento e Cooperação, e conta com o apoio do Conselho Directivo da ESEPP.

Neste tempo frio e incerto de Inverno, tive o privilégio de ser convidada para es-

crever o editorial do jornal Note-se que alberga noticias, entrevistas e fotos que

marcam um tempo, e fazem história.

A ESEP inovou e progrediu, mas apesar disso, a verdade é que há respeito, direi

mesmo fidelidade às tradições. Esta casa que é dos seus utilizadores, dos que ainda

cá estão e dos que nela já viveram momentos de carinho e de afectos, merece ser

olhada, acarinhada e enaltecida por todos nós, pelo valor que encerra.

Comoveu-me, desde a primeira edição do Note-se, ver o nome de todos aqueles

que trabalham para o jornal, humilde gente da ESE que serve a instituição diaria-

mente. Criam notícias, dinamizam eventos, apresentam reportagens, fotografam-nos

nos momentos em que não queremos, abrem portas à participação dos alunos e

nos fornecem informações.

São estes gestos simples, de pessoas humildes que criam um jornal, juntam pessoas,

potenciam as suas capacidades, que devemos valorizar.

Merecem, por tudo quanto nos é dado a ver, neste jornal, todo o nosso apoio e

carinho, os que tornaram possível o Note-se. E se há quem diga que dos “pequenos”

não reza a história, por tudo quanto vi, e porque sei que por cá ainda há pessoas

que têm memória estou convicta que o jornal Note-se, contra alguns ventos e

marés ficará, para orgulho de muitos, na história bonita e positiva da ESEP.

É por isso que hei-de gostar sempre da nossa casa, e mesmo olhando para trás,

com o passar dos anos sorrirei…

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NOTÍCIAS 3

1º Concurso Literário Infanto-juvenil

por Ana Isabel Pinto (Docente da Área de Estudos Portugueses da ESE e membro do NELA)

Da esquerda para a direita: Inês Sofia Martins Jacob (1º prémio do escalão dos 15 aos 17 anos); Pedro Gabriel Reis (1º prémio do escalão dos 18 aos 25 anos);Inês Correia da Silva Mota (1º prémio do escalão dos 9 aos 14 anos)

Ler e escrever são competências essenciais para a vida humana. Através da leitura literária ou da leitura de um texto científico, didáctico ou informativo, testamos as nossas próprias experiências e valores confrontando-os com

os dos outros. E, por isso, saímos de cada leitura mais enriquecidos com novas vivências, mais conhecedores do mundo e com um saber acrescido sobre nós mesmos. A escrita, por seu turno, é um instrumento de comunicação privilegiado e é através dela e da língua falada que expressamos os nossos senti-mentos e ideias, as nossas dúvidas e certezas.Acresce que a palavra escrita, de intenção literária, nos permite construir mundos imaginários, alternativos ao “aqui” e “agora”. Estando o texto escrito omnipresente no exercício profissional da maioria das pessoas, importa, pois, incentivar hábitos de leitura e escrita nos nossos alunos, para que pos-sam ser competentes em tais domínios.Consciente desta realidade, a Escola Superior de Educação (ESE) do Porto, em parceria com o El Corte Inglés, o Jornal de Notícias e a editora Buk distribuição, criou o 1º Concurso Literário Infanto-juvenil, o qual teve início em Janeiro de 2008 e chegou ao fim no passado dia 11 de Dezembro. Tratou-se de uma iniciativa destinada a jovens, residentes em Portugal, com idades compreendidas entre os 9 e os 25 anos, sendo o objectivo do concurso a escrita de um texto literário subordinado ao tema “O futuro ao virar da página”. Das 293 participações registadas, 9 saíram vencedoras. Os contos seleccionados e premiados integram o livro

“O futuro ao virar da página”, à venda no El Corte Inglês, cuja receita da primeira edição reverterá inteiramente a favor da criação de uma Biblioteca, no Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.É de realçar a elevada participação de alunos da nossa Escola na iniciativa. Foi com grande satisfação que se constatou ter sido a ESE do Porto a instituição com mais trabalhos a concurso. No entanto, como membro da organização, a ESE abdicou do prémio a favor da instituição classificada em segundo lugar, o agrupamento vertical de escolas Augusto César Pires de Lima, do Porto. Além de ter sido a escola a concorrer com mais trabalhos, a ESE viu, ainda, alguns dos seus alunos receberem os três prémios atribuídos no escalão C (18 aos 25 anos): Pedro Gabriel Reis participou na iniciativa com o conto “Lixo doirado”, que conquistou o 1.º lugar; Joana Inês Costa obteve o 2º lugar com o texto “As mãos do rapaz amanhã. Um conto com letras de esperança”; e Marta da Silva Ferreira, com “Viagens de 1000 cores”, ficou classificada em 3º lugar. Desde já os nossos parabéns aos alunos pre-miados e a todos quantos participaram nesta actividade, contribuindo assim para dar um pouco mais de esperança e prazer, através da sua escrita, às crianças do IPO.

por Maria de Fátima Lambert – Profª Coordenadora

No âmbito das disciplinas de Políticas Culturais, os alunos do 2º ano de GP (Plano Bolonha) promovem, sob a orientação da docente Mª João Moreira, as 3ªs Jornadas Património ARTErial. Prevista no plano de actividades do NEAP, para o ano lectivo de 2008/2009, esta 3ª edição das Jornadas vem consolidar a implementação do “Registo de Adequação” da licenciatura de Gestão do Património, ao mo- delo Bolonha e, pela primeira vez, a existência do Curso em regime pós-laboral. Durante o 1º semestre realizar-se-ão 3 sessões consignadas às temáticas: > 27 de Novembro – Produção e Programação Cultural - Departamento Municipal de Museus e Património Cultural da Câmara Municipal do Porto

> 13 de Janeiro - Património Musical> 21 de Janeiro – AprESEPPntação da Associa-ção de Gestores do Património

No 2ºsemestre de 2009/2009, dar-se-á continui-dade às Jornadas, pretendendo consolidar uma prática de formação complementar para os Alunos de GP, aberta à comunidade da ESEPP e a todos aqueles que queiram debater, reflectir e gerar um maior, lúcido e actual debate sobre questões pertinentes acerca do Património, da Cultura & Artes.Correspondendo aos princípios subjacentes do NEAP, destaquem-se 3 grandes objectivos que se pretendem cumprir através desta iniciativa: > Implementar actividades de extensão cul-tural; >Estabelecer um estudo sobre as práticas actuais da gestão de património;> DESEPPnvolver actividades de investigação/intervenção em domínios científicos e culturais específicos;>Divulgar o curso de Gestão do Património e seus profissionais no panorama cultural portu-guês e europeu.

Os convites endereçados aos Palestrantes foram recebidos com entusiasmo e disponibili-dade por parte destes, viabilizando-se, assim, a promoção destas Jornadas.Ora, tal receptividade consolida a ligação cons tante, ao longo dos 13 anos do curso, entre Alunos e Docentes da ESEPP, Investigadores de Instituições de Ensino Superior, de Instituições Culturais e demais Especialistas e Agentes Culturais. Este curso sempre procurou a cumplicidade en-tre teoria & prática, entre formação teorizante, fundamentada e relacionada à profissionalidade dos gestores do Património – na vastidão dos territórios em que se podem mover.Docentes e Alunos do Curso, com o incen-tivo e apoio dos órgãos de gestão da ESEPP, acreditam que esta e outras iniciativas serão, também, a antecipação da continuidade de formação científico/profissional de um 2º Ciclo – modelo Bolonha (Mestrado) que se aguarda que seja autorizado pela tutela. Assim, se continuará a solidificar a prESEnça qualificada dos Gestores do Património no panorama profissional e cultural actuais.

w w w . j o r n a d a s p a t r i m o n i o . b l o g s p o t . c o m / [email protected]

A Escola Superior de Educação (ESEPP) do Porto, em parceria com o El Corte In-glés, o Jornal de Notícias e a Editora Buk Distribuição, no 1º Concurso Literário Infanto-juvenil

III Jornadas Património Arterial Património, Cultura e Artes em destaque na ESEPP

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4 NOTÍCIAS

por Francisco Ferreira

por Francisco Ferreira, GRP

Jantar de Natal da ESEPP

“Mais um ano a terminar, com imenso trabalho, mais um ano de sucessos...” foi assim que começou o discurso do Presi-dente do Conselho Directivo, Rui Fer-reira, na celebração do jantar de Natal da ESE, na noite de dia 19 de Dezembro, de novo no Hotel Porto Palácio.

Ao convite respon-deram 85 pessoas, de entre o pessoal docente, não do-cente, e aposenta-dos. Como no ano transacto, o jantar decorreu em sala reservada e com uma ementa muito apreciada.De referir o ex-celente convív io entre todos os pre-sentes, o ambiente

descontraído e natalício, a boa disposição, e a forma exemplar como o Hotel Porto Palácio nos recebeu e a que já estamos habituados.Durante e depois do jantar a música esteve a cargo do arquitecto Rodrigo Patrício que, além de assinar projectos de arquitectura, mostrou

também ter dotes de DJ. Muito apreciadas as memórias musicais de Madalena Iglésias, António Calvário, Artur Garcia, Eduardo Nascimento, entre outros, quer nas versões originais das suas canções, quer em remixs mais contemporâneos.Depois das sobremesas, houve uma demons- tração de Tango argentino pelo par Alcino Vilar e Iracema Clara. Após o Tango e para manter uma tradição muito apreciada e sempre esperada, de-dicamo-nos ao Karaoke que, pela mão do Presidente, animou todos até às 2h30. Tam-bém como sempre, ficamos impressionados com as revelações vocais que surgem nestes momentos mas que, para não ferir suscepti-bilidades, preferimos não revelar. Deixem-nos contudo dizer-vos que há pela ESE professores e funcionários que… A todos os presentes, O CD entregou uma lembrança de Natal.

Entre gestos e expressões, entre sorrisos e olhares, entre músicas e silêncios, o impor-tante é que o encanto e a magia das melodias de Natal chegue até todos nós, de uma forma ou de outra.Os alunos do curso de Tradução e Inter-pretação De Língua Gestual Portuguesa com o apoio da docente Susana Barbosa tomaram a inicitiava de mostrar à comu-nidade académica da ESE uma música de natal traduzida em Língua Gestual Portuguesa.Porque o importante não são as diferenças que nos separam mas sim as semelhanças que nos unem. Porque é na diferença que reside a riqueza da humanidade.Com esta actividade pretendeu-se sensibilizar toda a comunidade académica para o facto de que pessoas com algum tipo de incapaci-dades vivem o Natal da mesma forma que os outros.Teve, ainda, como objectivo mostrar aos ou-vintes que as pessoas surdas também sentem a música à sua maneira.

Músicas no silêncio

por Turma do 2.º ano do curso de Tradução e Interpretação de Língua Gestual Portuguesa

Joseph Moreno na ESEPP

Com organização conjunta da Sociedade Portu-guesa de Psicodrama e a ESEPP, realizou-se na Escola uma oficina destinada a psicoterapeutas, músicos, pedagogos, profissionais da saúde e da educação e público em geral, orientada pelo

Professor Joseph Moreno. Foi nos dias 13, 14 e 15 de Fevereiro e teve como título “Representando a Música Interior: Música em Psicodrama e no processo de Psicoterapia de Grupo”.

O Professor Moreno é professor Jubilado em musicoterapia na Universidade de Maryville, e Direc-tor do Moreno Institute for the Creative Arts Therapies em Santa Fe, New Mexico, USA.É um especialista internacionalmente reconhecido pelo trabalho inovador de integração da música no psicodrama e na psicoterapia, apresentado em muitos países. Tem uma extensa investigação sobre o uso da música no processo de cura nas tradições do mundo indígena. Para mais informação consultar www.morenoinnermusic.com.

Sobre o Workshop: Joseph Moreno abriu o workshop com uma introdução à utilização da música em terapia. Fez uma apresentação visual com suporte musical intitulada “As raízes da Música, da Arte, da Dança e do Drama nas terapias em culturas indígenas”.Nos dias seguintes desenvolveu o trabalho experimental incluindo experiências de música e imagerie, música e psicodrama, música e terapia pela arte, musica e dança terapia, improvisação com uso da música em terapia individual e de grupo, musicoterapia e blues.Os participantes poderão assim acrescentar ao seu trabalho novas dimensões através da aprendizagem da integração da música na prática clínica e no trabalho educativo. Esta oficina teve 15h de duração.

http://www.sociedadeportuguesapsicodrama.com/

Boa disposição marcou presença no Jantar de Natal da Comunidade ESEPP

Oficina: “Representando a Música Interior: Música em Psicodrama e no processo de Psicoterapia de Grupo”

Música de Natal pelas mãos dos aluos de LGP

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5NOTÍCIAS

por Rui Ferreira

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Ao abrigo do protocolo estabele-cido com o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), unidade orgânica do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a ESEPP seleccionou dez licenciados dos cursos de formação de professores, para um programa de trabalho em Timor-Leste, com a duração de 8 meses. Estes docentes irão integrar o Programa de Reintrodução da Língua Portuguesa (PRLP), projecto da cooperação portuguesa, criado para responder ao pedido das autoridades timorenses quando decidiram adoptar a Língua Portuguesa como uma das duas lín-guas oficiais do país. Este projecto tem vindo a crescer e a alargar o seu âmbito de intervenção em Timor-Leste. Além da formação em Portu-guês aos docentes timorenses em exercício no Ensino Básico e Secundário, oferece formação à população em geral, e a sectores específicos como a Justiça e a Administração Pública, co-laborando ainda com a Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL) na “Área da forma-ção dos professores do Ensino Básico” e com o Instituto Nacional de Formação Contínua.

A intervenção do grupo de docentes seleccio-nado pela ESE inscreve-se no quadro da colabo-ração do PRLP com a UNTL e com o Instituto Nacional de Formação Contínua, respondendo à solicitação destas instituições, no sentido de cobrir lacunas na docência de disciplinas do curso da “Área da formação dos professores do Ensino Básico”, nomeadamente, nas áreas de ciências da natureza, matemática, ciências da educação, além da língua portuguesa.No sentido da optimizar o desempenho e mo-bilizar das competências essenciais às funções a desempenhar por aquele grupo de docentes, a

Licenciados pela ESEPP em Timor-Leste através de programa de cooperação – Programa PorTimor

ESEPP organizou e dinamizou um Curso de formação de formadores, com a duração de 80 horas, entre Novembro e Dezembro. Entre outras matérias, salientamos o módulo de “Iniciação ao Tétum”, leccionado por um mestrando timorense, da Universidade do Minho. Este grupo e o projecto, coordena-dos pela docente Maria Elisa Sousa, contarão com a supervisão e o acompanhamento pedagógico de docentes das várias Áreas Científicas da ESEPP. Para tal, serão preparadas sessões em vídeo-conferência e atendi-mento on-line via plataforma Moodle. Ainda no quadro do protocolo inicial-mente referido, a ESEPP organizou, a

pedido do IPAD, o “Módulo de preparação para a docência em Timor-Leste”, destinado aos professores que vão ensinar para Timor-Leste, pela primeira vez. Neste seminário, que decorreu na ESEPP, entre 5 e 9 de Janeiro, es-tiveram presentes os onze docentes recrutados pelo Ministério da Educação, assim como os docentes seleccionados pela ESEPP. Ao longo de toda a semana, o referido seminário contou com a presença e o acompanhamento de duas técnicas do IPAD.

Nos dias 3, 4 e 5 de Dezembro de 2008 a comunidade académica da ESEPP pôde assistir gratuitamente à Extensão do Cinanima 2008.

A Área de Artes e Ofícios organizou e pro-moveu esta exibição dos filmes premiados neste 32º Festival Internacional de Cinema de Animação. Para recordar os participantes e para despertar a curiosidade de quem não esteve presente, fica uma breve referência a cada um dos filmes apresentados: “GANÂNCIA”, A história de um homem ambicioso que não olha a meios para atingir os fins. Realizado por Cláudio Sá “JANUÁRIO E A GUERRA” Duas nações muito pobres entram em guerra para disputar a linha de fronteira. De todas as aldeias são recrutados os varões entre eles Januário, um humilde camponês, a personagem principal. Realizado por André Ruivo“ONDE QUER QUE VÁS, LÁ ES-

TARÁS” Três fases da vida em constante movimento: uma menina, uma senhora e uma velhinha vivem cada uma a sua própria viagem ate que convergem num final único. Realizado por Sara Barbas“A MEIO DA NOITE” No interior de uma casa, um homem prepara-se para sair a meio de uma noite. Consigo leva uma caixa negra na mão e ao caminhar por uma rua escure-cida, dirige-se a uma praça ladeada de casas e iluminada por um pequeno lampião. Aí decide tocar uma ária musical com o seu violoncelo. A praça, ao ecoar a música, vai ganhando vida e aos poucos tudo se transforma à sua volta... Realizado por Fernando Saraiva“A SHEEP ON THE ROOF” Um homem é confrontado com uma mudança na sua rotina diária quando uma ovelha aterra no telhado da casa vizinha… Realizado por Rémy Schaep-man “BBC IPLAYER “PENGUINS” Um filme publicitário de 90 segundos que nos mostra uma colónia invulgar de Pinguins Adélia que voa desde as terras gélidas da Antártida até à Floresta Tropical da Amazónia. Realizado por Vince Squibb/ Darren Walsh (falado em inglês)

“DANCE WITH THE DEVIL” Realizado por Viola Baier (falado ingles)“SKHIZEN” Depois de ter sido atingido por um meteorito de 150 toneladas, Henry é forçado a adaptar-se a viver a precisamente 91 centíme-tros dele próprio. Realizado por Jérémy Clapin (falado francês, legandado em inglês)“BENDITO MACHINE II” Um conto primi-tivo sobre a luz da vida. Realizado por Jossie Malis“OFFICE NOISE” Uma curta-metragem de animação sobre dois colegas muito diferentes e sobre a situação tensa que se cria quando o organizado Galo se sente frustrado por ser exposto aos irritantes hábitos diários do seu desastrado colega, o Elefante. Realizado por Karsten Madsen/ Mads Johansen/ Torben Sot-trup/ Laerke Enemark“MUTO” Animação ambígua pintada nas pare-des públicas. Realizado por Blu“LA MAISON EN PETIT CUBES” Um avô vivia numa velha casa e estava constantemente a construir casas em cima umas das outras, à me-dida que o nível da água subia. Esta é a história das suas memórias com a família. Realizado por kunio Kato

por António Silva

Cinanima na ESEPP

PRLP avança em Timor com presença forte da ESEPP

Exibição de filmes premiados no 32º Festival Internacional de Cinema de Animação

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6 NOTÍCIAS

“Semana da Inclusão”

Nos passados dias 2,3 e 4 de Dezem-bro realizou-se na ESEPP a “Semana da Inclusão”, um iniciativa conjunta do Núcleo de Apoio a Inclusão Digital, Dep .de Ensino Especial, Curso de Tradução e Interpretação em Língua Gestual Portuguesa e GEDC.

A iniciativa inseriu-se nas comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e pretendeu sensibilizar a comunidade escolar para a problemática da deficiên-cia em geral e para as opções que se colocam às pessoas com deficiência para a melhoria da sua qualidade de vida, quer em termos de actividades de realização pessoal, quer em termos de tecnologias e recursos técnicos disponíveis para minimizar as suas incapacidades.

O primeiro dia foi marcado pela iniciativa “O Som do Silêncio”, um evento organizado pelas alunas Cláudia Braga, Filipa Carvalho e Isabel Castro e Silva do 3º Ano do Curso de Licenciatura em Tradução e Interpretação em Língua Gestual Portuguesa e que contou com a apresentação de uma exposição (Labirinto Gestual), a leitura de um Poema em Língua Ges-tual (Diana) e uma sessão de esclarecimento. Na rubrica Grande Reportagem foi possível também apreciar a "História de Vida" de Joana Silveira e a fantástica exibição do Grupo de Hip-Hop “Vibrações” levada a cabo por cinco alunas com deficiência auditiva (Ana Barbosa, Diana, Inês Tomás, Joana Cottim e Joana Sil-

veira) que dançaram ao sabor das... vibrações. A coreografia foi de Filipa Carvalho.

Ao longo do dia houve ainda outras actividades a decorrer pelos espaços da ESEPP, que pas-saram pela experimentação de percursos em condição de mobilidade reduzida (em cadeira de rodas ou com bengalas e vendas...) ou pela experimentação de tecnologias de apoio, numa iniciativa organizada pelo Núcleo de Apoio a Inclusão Digital e que pretendeu dar a conhecer o universo das tecnologias que hoje em dia permitem atenuar, ou mesmo anular, muitas das incapacidades sentidas por pessoas com deficiência ou necessidades especiais.

O segundo dia (dia 3 de Dezembro) foi dedi-cado ao desporto adaptado, com um jogo de Goalball no Ginásio, com as equipas da A.C.D.R. das Termas de Caldelas, Braga - um desporto exigente praticado por cegos e que suscitou o interesse geral pela forma enérgica

como tem de ser jogado, colocando o corpo como barreira segundo a percepção subtil do rumo da bola. Houve também um momento emocionante de dança inclusiva, oferecido pela Secção de Desporto adaptado do Estrela e Vigorosa Sport, da qual faz parte o nosso conhecido colaborador Rui Reisinho, e um Workshop de escrita Braille orientado pelo nosso tiflotécnico Jorge Leite que teve lugar no Auditório, e que contou com a colaboração de um outro cego que nos é muito querido: o Sr. Rui Melo, telefonista desta Escola.

O terceiro dia do evento trouxe-nos uma tertúlia, no bar da ESE, com representantes do Clube de Cães-Guia que apresentaram dois belos exemplares de cães guia e explicaram, a quem se interessou pelo assunto, todas as fases porque passa o processo de formação deste tipo de animais para apoio a cegos, em escolas de treino especializado. Em paralelo houve

sempre muita actividade de experimentação de soluções tecnológicas para a comunicação e para a mobilidade e orientação na deficiên-cia visual, com a intervenção do professor Paulo Magalhães do Centro de Reabilitação da Areosa, perito nestas matérias.

Foram 3 dias intensos em que a Escola teve oportunidade de reflectir sobre muitos aspectos das vivências de pessoas diferentes mas iguais, cada uma com o seu percurso de vida, mas todas com muita vontade de ter uma participação activa na sociedade. Foi também a oportunidade de darmos a con-hecer à comunidade o já extenso espólio de tecnologias de apoio existente no NAID, para que todos possam sentir que dispõem de um espaço e equipamentos ao serviço de TODOS e em especial da comunidade escolar.

Um agradecimento muito especial a todos quantos colaboraram nesta iniciativa, aos alunos, colaboradores do NAID e de outros serviços e docentes que se envolveram e em especial à Teresa Martins e Liliana Lopes do Gabinete de Educação para o Desenvolvimento e Cooperação que foram incansáveis na orga-nização do evento. Estamos certos que esta será apenas a primeira de outras iniciativas que se seguirão para que tenhamos uma Escola e uma sociedade mais inclusiva e solidária .

por Rui Teles

ESEPP celebra o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

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5NOTE-SE7ÁGORA

O Gabinete de Relações Internacionais no inicio do 2º semestre de 2008/2009

por Inês Pinho

(do Lat. agora < Gr. agorá, praça pública)

Em Fevereiro, inicia-se o segundo se-mestre de 2008/2009 e o Gabinete de Relações Internacionais encontra-se a organizar as mobilidades Erasmus de alunos, docentes e pessoal não docente tanto da ESEPP como das universidades estrangeiras nossas parceiras.

Assim, em mobilidade Erasmus de alunos es-trangeiros, o GRI tem já a confirmação de que irá receber, durante o 2º semestre, 8 alunos:

> Kari Hanssen e Kjetil Hagenvold da Bergen University College (Noruega), que serão integrados no curso de Educação Visual e Tecnológica;

> Adrian Alonso, Elena Olalla, Lorena Alonso e Marina Garcia da Universidad de Cantábria (Espanha), que serão integrados no curso de Ciências do Desporto;

>Sofie Dhondt e Sofie Van Royen da Katholieke Hogeschool Sint-Lieven (Bélgica), que serão integrados no curso de Educação Básica.

Em relação aos alunos da ESEPP que irão em mobilidade Erasmus para o estrangeiro, po-demos informar que foram seleccionados os seguintes alunos:

> Rita Sá, Sérgio Ribeiro e Teresa Campos (curso de Educação Básica) para a Hogeschool Van Arnhem en Nijmegen (Holanda);

> Tiago Lopes (curso de Ciências do Desporto) para a Universidad de Málaga (Espanha);

> Márcia Neves, Susana Botelho e Cátia Geri-ante (curso de Educação de Infância) para a

University of Presov (Eslováquia);

> Eva Lopes (curso de Ensino Básico - 1º ciclo) para a Mid-Sweden University (Suécia);

> Diana Gonçalves, Liliana Cunha e Sara Carvalho (curso de Educação Social) para a Universidad de León (Espanha);

> Ernesto Gonçalves, Frederico Mendes e Rui Pereira (curso de Gestão do Património) para a Universitat de València (Espanha) e

>Joana Teixeira (curso de Línguas e Cultu-ras Estrangeiras) para a Universidad de Jaén (Espanha).

Desde já gostaríamos de agradecer toda a colaboração dos tutores Erasmus, tanto dos alunos estrangeiros como dos alunos da ESEPP e toda a sua disponibilidade na organização de todos os procedimentos inerentes a este tipo de mobilidade.

O Gabinete de Relações Internacionais espera, também, receber 4 professores estrangeiros:

>Martina Kohutova, professora a tirar um mestrado na área da Educação, da University of Presov (Eslováquia), que nos visitará entre 16 de Fevereiro e 10 de Abril.

> María Luisa Zagalaz, Javier Marín e Virginia Sánchez Lópe, professores de Educação Musi-cal da Universidad de Jaén (Espanha), que nos visitarão 23 a 27 de Março.

Em relação à mobilidade de docentes da ESEPP, podemos informar que o Instituto Politécnico do Porto aprovou a atribuição de 6 bolsas de mobilidade aos seguintes docentes:

> Dr. António Cardoso, que irá visitar a KPH Edith Stein (Áustria);

> Dra. Carla Serrão, que irá visitar a Sofia Uni-versity "Saint Kilment Ohridski" (Bulgária);

> Doutora Dárida Fernandes, que irá visitar a Sofia University “Saint Kliment Ohridski” (Bulgária);

> Doutora Graça Palheiros, que irá visitar a Uniwersytet Rzeszowski (Polónia);

> Doutora Maria de Fátima Lambert, que irá visitar a Universitat de Valência (Espanha) e

> Dra. Edite Orange, que irá visitar a Private Pädagogische Hochschule der Diözese Linz (Áustria).

Neste momento, aguardamos que o IPP nos comunique a atribuição de bolsas de mobili-dade para Organização de Mobilidades e para Formação de pessoal não docente. Segundo recentes directrizes do IPP, e apesar deste processo se encontrar um pouco atrasado, espera-se que sejam comunicados os resultados até final de Janeiro.

Além de organizar todos os procedimentos que a mobilidade Erasmus envolve, o Gabinete de Relações Internacionais tenta também consoli-dar as relações existentes com outras univer-sidades estrangeiras nossas parceiras, através do incentivo à participação dos docentes da ESEPP em projectos internacionais.Neste sentido, informamos que se irá realizar a segunda reunião internacional do Projecto Comenius “SMILE – Sign, Meaning and Iden-tification: (deaf) Learners in Europe”), no qual a ESEPP é parceira, em finais de Fevereiro, em Córdoba, Espanha. Como representante da Escola, estará presente o Doutor Miguel Santos. Contamos ainda participar na organização e apresentação de uma candidatura ao programa Erasmus Curriculum Development do projecto “EPTE – European Primary Teachers Educa-tion”, em meados de Fevereiro, no qual a ESEPP será parceira, sendo representada pela Doutora Rosário Gambôa e pela Dr.ª Inês Pinho.

Alunos, docentes e pessoal não-docente com cada vez mais oportunidades de participar em projectos de mobilidade.

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por3º Ano do Curso de Tradução e Interpretação de Língua Gestual Portuguesa

ÁGORA

Notem-nos!

por Angela Pinto, 3º ano curso de Tradução e Interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

O que é e o que faz um tradutor/inté-rprete de língua gestual. Algumas e alguns de vocês já nos conhecem, já nos viram na Escola e por vezes até em aulas vossas, quando traduzimos para colegas inseridas nas vossas turmas. Sabemos que a curiosidade é grande, como grande é a nossa vontade de nos darmos a conhecer um pouco mais. Aqui vai uma pequena apresentação. Para que nos Notem.

O que fazemos?Como o próprio nome indica, o tradutor/intérprete é um mediador de informa-ção e de comunicação, que verte língua gestual para língua oral ou escrita e vice-versa. Esta mediação assume um papel e uma importância que excede claramente o plano do entendimento entre indivíduos. Trata-se realmente de estabelecer pontes entre comu-nidades que por vezes se desencontram, e cujo encontro é da responsabilidade de todos(as): a comunidade surda e a comunidade ouvinte. Para bem desempenhar a sua função, o intér-prete deve assegurar as condições do processo de comunicação de acordo com as diferentes situações, traduzindo simultânea e consecu-tivamente e utilizando técnicas de tradução, retroversão e interpretação adequadas. E algu-mas situações são particularmente complexas, obrigando a que o intérprete viva em desafios

pessoais e profissionais permanentes. Veja-se a sua presença (ou a sua falta) em cerimónias religiosas, televisão, consultas médicas, tribunal, formação profissional… enfim, todas as situa-ções em que o cidadão – e o surdo enquanto cidadão – tem ou deveria ter direito a repre-sentação e participação próprias.

O intérprete na escolaA nossa formação canaliza-se predominan-temente para o universo educativo. Dentro da escola, é importante que o intérprete tenha funções definidas, mas também que não limite excessivamente a sua função. O intérprete tem uma responsabilidade social, para lá de um perfil meramente linguístico, já que deve saber comunicar com eficácia e rigor os saberes proporcio-nados pelos restantes agentes educativos. Isto não significa, claro está, que nos substitua-mos ao professor; é aliás um dos pontos bem claros no nosso código deontológico: o nosso papel é traduzir, não é ensinar. Porém, e isto é algo extremamente delicado, para traduzir é sempre necessário um trabalho de interpre-tação, o que faz com que não nos possamos apagar completamente. Somos, é certo, um meio, uma comunicação ou um espaço entre dois continentes – entre surdos e ouvintes – que muitas vezes vivem mais afastados do que é suposto, mas não nos limitamos a ser uma escala rígida, um veículo passivo, já que a nossa presença pessoal e institucional é condição base para que a comunicação seja possível.

A formação do intérpreteTentem fazer entender a outras pessoas algo do qual vocês próprios/as nada entendem.Difícil, não?Ora este é justamente um dos nossos dilemas. Somos inseridas(os) num espaço já de si com-plexo, como é o espaço escolar. A riqueza da educação faz com que nada nela seja simples. Essa complexidade vislumbra-se aliás em todos os cursos da nossa ESE, desde os mais dedi-cados à escola até aos que incidem sobre o que em sentido lato se chama “Educação”. No nosso caso, para além de estarmos mais orien-tados para o espaço escolar, estamos inseridos em turmas onde se dá História, Português, Matemática… disciplinas que traduzimos para melhor inclusão da comunidade surda. Não somos professores nem especialistas destas disciplinas, mas o perfil do intérprete obriga a uma tradução e interpretação eficaz, o que nos obriga a estudar, a aprender permanentemente para que o nosso acto de mediação seja real, e não puramente ornamentativo.Eis pois o nosso curso e o que fazemos, nalguns dos desafios e dilemas que nos afligem. Como podem ver, a nossa aptidão não pode ser puramente técnica, mas complementada com saberes e experiências que nos pos-sibilitem habitar um mundo mais justo – para todos, para todas e para cada um(a).

No passado dia 21 de Janeiro de 2009, foi apresentado um Seminário organizado por alunos do curso de Tradução e Interpretação em Língua Gestual Portuguesa, nesta instituição. O objectivo desse seminário foi a comemo-ração do dia do Intérprete de Língua Gestual Portuguesa e a divulgaçao do curso. Desde logo a organizaçao pode contar com a ajuda

Seminário “O Intérprete de Língua Gestual Portuguesa e o mundo do trabalho”.

Profissão: Tradutor/ Interprete de Língua Gestual Portuguesa

do GEDC assim como com a participação de docentes, alunos e responsáveis desta instituição, para a elaboração do mesmo. Este tipo de opor-tunidades deveríam ser incentivadas a ser feitas pelos alunos, de forma a promover os cursos, e os profissionais das diferentes áreas. Nesse mesmo dia foi apresentado um pequeno filme em Língua Gestual de forma a dar a conhecer a todas

as pessoas esta língua. A adesão a esta iniciativa, foi razoável, tendo em conta que a divulgação foi feita apenas para alunos e docentes desta instituição. Nesta edição do note-se, não quisemos deixar de agradecer a todos os participantes que com a sua presença nos incentivaram a prosseguir com este tipo de iniciativas. Apresentamos algumas fotografias alusivas a esta iniciativa.

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5NOTE-SE9ÁGORA

Dra. Elisa SousaENTREVISTA

Últimas notas antes da partida para Timor Note-se: Pode começar por nos falar sobre a génese do projecto ProTimor e desta par-ceria com a ESEPP?

Elisa Sousa (ES): Este projecto de parceria com

Timor Lorosae no âmbito da Coope ração Portuguesa surge na sequência de várias deslocações mi-nhas a Timor-Lorosae com diferentes funções e em diferentes papéis. Podemos dizer que é uma longa história que se foi construindo no tempo e que fez desenvolver muitos laços. Em 2002 comecei a leccionar na Fundação das Universidades Portuguesas e fui para a Univer-sidade de Timor Lorosae. Fiz parte da equipa portuguesa que elaborou o currículo para o Ensino Primário de Timor Lorosae, cabendo-me a responsabilidade de elaborar o programa da Língua Portuguesa. Nestas minhas viagens por Timor fui esta-belecendo relações estreitas com a Coopera-ção Portuguesa e com os professores que esta-vam lá. Em finais de 2006 é-me feita a proposta de fazer o acompanhamento pedagógico do Projecto de Reintrodução da Língua Portuguesa (PRLP) em Timor. Este é o maior projecto da Cooperação Portuguesa. Apresentei esta proposta à Direcção da ESEPP que a recebeu e apoiou com todo o empenho possível. A colaboração mais formal entre a ESEPP e o PRLP via IPAD aconteceu em Fevereiro de 2007, com a minha primeira missão em Timor para avaliar o projecto e propor medidas. Nessa proposta nós sugerimos uma presença mais forte da ESEPP no terreno. O facto de termos licenciaturas nas várias variantes do Ensino Básico é muito importante porque em Timor Lorosae a formação incide sobretudo no ensino primário, com a duração de 6 anos. Isto faz com que os nossos licenciados tenham um perfil adequado para apoiar este Projecto. Desde o início foi clara a necessidade de fazer formação específica para estas pessoas e deli neamos então um curso de Formação de For-madores, com 80h, em diferentes áreas, sendo uma delas a iniciação ao Tétum. Esta inclusão do Tétum enquadra-se na perspectiva do res-peito pela diversidade linguística, procurando também fornecer instrumentos muito básicos para a comunicação com falantes timorenses que usem a outra língua oficial – o Tétum. A primeira intervenção da ESEPP no terreno ocorreu entre Julho e Setembro de 2008 , quando foram lançados os cursos intensivos em Língua Portuguesa destinados a professores timorenses. Foi uma actividade de assinalável sucesso, sendo este comprovado por uma avaliação feita pelo Banco Mundial, na qual se valorizou a metodologia activa e o empenho dos formandos, bem como a repercussão da formação nas suas práticas. De salientar que esta formação foi toda feita com recurso à vídeo-conferência, tendo para isso a ESEPP adquirido equipamento específico.

A partir deste momento a ESEPP fará o acompa nhamento do programa, elaborará programas de Língua Portuguesa e de outras disciplinas, fazendo formação presencial e à distância. É neste quadro que surge o pedido do IPAD à ESEPP para a elaboração de um módulo espe-cífico de formação para docentes que vão pela primeira vez para Timor Lorosae, recrutados pelo Ministério da Educação. Esta formação decorreu em Janeiro de 2009. Neste programa de formação de 25h procuramos fazer um reforço da formação, procurando-se cruzar os saberes linguísticos, literários, metodológicos e os que dizem respeito à profissionalidade docente.

Note-se: Que significado tem a ida destes licenciados da ESEPP para Timor?

E.S.: A ida de um grupo da ESEPP para Timor reveste-se de grande significado quer pelo em-penho das pessoas que vão, quer dos professores que participaram na sua formação. Para além de que tudo isto é uma oportunidade da ESEPP estar presente de uma forma construtiva e activa em Timor, capitalizando aquilo que são as suas valên-cias, a sua experiência, os seus recursos humanos e materiais, num contexto de emergência que muito necessita de intervenções estruturadas, planeadas, apoiadas e fundamentadas.

Note-se: Perante este projecto, que expec-tativas tem neste momento?

E.S.: Não sou a melhor pessoa para falar das expectativas porque sou uma optimista por opção e convicção e tenho altas expectativas. Acredito muito nas pessoas! Este tem sido um trabalho nem sempre fácil, tem-me ensinado a ul-trapassar muitos obstáculos, mentiria se dissesse o contrário. Mas tem-me também trazido uma gratificação enorme por acreditar que é possível fazer coisas, que é possível mudar, aprendendo que a mudança custa! A primeira grande barreira que nós conseguimos vencer foi exactamente mudar as metodologias na altura dos cursos intensivos. Houve resistência à mudança, mas no final as pessoas conseguiram fazer coisas que nunca antes tinham feito, o que é gratificante. Fico com mais expectativas ainda porque há uma relação de grande confiança entre a ESEPP e a coordenação do PRLP. É de facto um trabalho de grande cooperação e neste momento nós (ESEPP) temos uma imagem muito positiva em Timor. As minhas expectativas são redobradas com a ida destes dez licenciados da ESEPP, tanto pela formação que tiveram, como do ponto de vista humano, pelas qualidades que foram revelando ao longo deste percurso. De facto não posso deixar de registar o grande profissionalismo destas pessoas, na sua maioria acabados de formar. Sei que vão ter dificuldades, mas tenho de facto a noção de que as coisas vão correr muito bem, porque são pessoas en-tusiastas e que perceberam que cooperar é trabalhar com e não trabalhar para. A minha grande expectativa é que consigamos de facto fazer um trabalho em Timor que permita que saíamos de lá o mais depressa possível! O importante é que não precisem de nós, que não

dependam de nós! Só assim é que um povo cresce e é livre. Não gostaria de esconder que há uma grande oposição à língua portu-guesa, não da parte dos timorenses mas das forças internacionais, há muitas resistências, e portanto é preciso vencer isto tudo...Tenho as maiores expectativas, pelo apoio que tem sido dado por todo o grupo envolvido neste processo, desde o Conselho Directivo, os professores que aceitaram colaborar na forma-ção deste grupo, os professores que ajudaram a fazer os programas das várias disciplinas… No fundo este é um projecto que envolve quase toda a ESEPP. É evidente que as minhas inseguranças são também maiores, porque é uma responsabilidade cada vez maior.

Note-se: Todo este processo tem um grande empenho e investimento da Dra. Elisa. O que significa para si em termos de percurso pessoal e/ ou profissional? E.S.: Acho que é visível que para mim isto é muito pessoal, até porque não sei estar em nada se não me sentir pessoalmente empenhada. Neste momento vivo entre Timor e Portugal e estou constantemente em contacto com Timor. Tenho a sorte de fazer o que gosto e de me envolver muitíssimo nas coisas que faço, e de as fazer com muito prazer. Há de facto um grande investimento pessoal e tem sido de grande en-riquecimento para mim, quer do ponto de vista pessoal, quer profissional. Do ponto de vista pessoal pelas razões que enunciei, por todas as pessoas com quem tenho conseguido cooperar de facto, pela possibilidade de me sentir parte, porque somos muito pequenos e só temos alguma importância porque fazemos alguma coisa pelos outros. Tem sido uma lição de humanidade muito grande, tenho visto pessoas que vivem com a maior dificuldade, na maior escassez e que não se deixam de facto abater. Tenho aprendido a considerar que quando se diz que não há condições se calhar não é tão verdade, e que as condições são mui-tas vezes feitas por nós! Tenho aprendido o que é viver e ensinar sem condições, em sítios sem condições. Tenho aprendido também como é que quando vamos para outros sítios levamos tantos defeitos daqui... Profissionalmente também tem sido muito enriquecedor porque tem sido um desafio ab-soluto! Mas este desafio, que tem representado muito para mim, tem que ser repartido com todas as pessoas que me têm apoiado, desde os colegas de todas as áreas cientificas, o apoio constante do Conselho Directivo actual e do anterior que sempre apoiou esta minha “causa timorense”. Tudo isto tem-me obrigado a fazer muitas pontes, a reflectir sobre conceitos que não me eram familiares, a mergulhar em reali-dades que não são as minhas, a fazer muitas reflexões e a ter que me questionar. Tem tido o mérito de me fazer perceber que cada dia eu sei menos coisas, que cada dia eu tenho mais coisas para aprender e menos tempo para aprender...

por Teresa Martins

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Rui Teles e António Guedes em partilha de pontos de vista: Filosofia para crianças e Plataformas Moodle no centro da discussão.

DUAS DE LETRA

Conversas que se perdem nos gabinetes...

Rui Teles (RT): Penso que poderíamos aproveitar este momento para me explicares um pouco o projecto de Filosofia para Cri-anças… António Guedes (AG): Este é um projecto muito interessante que cada vez mais vai gan-hando consistência na nossa escola! Penso que a Filosofia para Crianças tem muito potencial e assume-se como uma metodologia de inegável interesse para o desenvolvimento das crianças. Começaram-se a dar os primeiros passos com a disciplina opcional de Filosofia para Crianças . Temos que ser capazes, enquanto instituição, de dinamizar e produzir investigação e que envolva, não só os docentes da ESE, bem como todos os alunos que tiveram oportunidade de experiemntar esta proposta metodológica. Na ESE foi criado um Núcleo de Filosofia para Cri-anças que naturalmente está a dar os primeiros passos, mas começamos a ver muito entusi-asmo à volta deste projecto. Desenvolvem-se, entre outras, competências ao nível cognitivo, raciocínio matemático, questões de ordem ética e estética, bem como, e para mim talvez o mais significativo, o execício de uma cidada-nia responsável pelo conceito nuclear que é desenvolvido por este programa-comunidade de investigação. Apesar dos primeiros passos que se estão a dar, julgo que é fundamental para o projecto da ESE a disseminação deste programa, visto que temos não só capital hu-mano, na escola, bem como pode e deve ser trabalhado ao nível das instituiuções onde os nossos alunos desenvolvem a sua formação inicial. Uma particularidade do projecto é que pode ser desenvolvido também em contextos de Educação Não-Formal.

“Desenvolvem-se (...) competências ao nível cognitivo, raciocínio matemático, questões de ordem ética e estética, (...) e o execício de uma cidadania responsável...” (A.G.)

RT: Concordo plenamente, mas como vais operacionalizar isso? AG: A operacionalização passa por diversas fases, acho que neste momento temos que ser capazes de dar resposta àqueles que pela primeira vez quiseram fazer esta disciplina op-cional da Escola. A avaliação já foi feita pelos

alunos que tiveram oportunidade de frequentar a disciplina e globalmente as coisas correram muito bem. Destaco a oportunidade que os alu-nos tiveram de experiementar novas estratégias e recursos pedagógicos ao serviço do pensar bem e aprender a pensar, com critérios, porque trabalhar em Filosofia pode e deve iniciar-se o mais cedo possível para que enquanto Educa-dores/ professores possamos continuamente manter a perplexidade e o espanto e o encan-tamento de querer saber mais, tão próprio das crianças. Em vez de termos um sistema edu-cativo que muita das vezes tolhe a criatividade das crianças temos que ser capazes de dotar os agentes educativos de outras ferramentas muito mais consentâneas com as exigências da sociedade actual. Ajudar as crianças a pensar e alimentar este questionamento é tarefa de todos. Agora temos que ser capazes de lhe dar sequência. Para isso é preciso fazer um trabalho de aprofundamento que passa por um estágio monitorizado, a desenvolver quer por institu-ições de cariz Formal e Não -Formal. RT: Estás a pensar mais numa estratégia de dentro para fora ou de chamar as entidades externas a virem cá e a tomarem contacto com o projecto? AG: É uma boa pergunta, porque a Escola de facto tem que pensar que podemos ser nós, a médio prazo, a criar o próprio Centro de Filosofia para Crianças, com sede aqui na nossa escola. E isso seria de facto um palco fantástico porque permitiria não só fazer investigação de facto, que é a essência também da nossa instituição, bem como servir de ligação com a comunidade, via formação inicial. Depois vamos ver como são as dinâmicas do próprio projecto, mas acho que temos muito a ganhar com isto. Poderá existir uma vertente muito interessante a explorar que passa pela criação de cursos de pós-graduação ou apenas, numa fase inicial, de programas de divulgação do programa, aliás já previstas para o presente ano lectivo. A experiência que tivemos este ano demonstra que os nossos alunos, finalistas quer da Educação de Infância, quer do 1º ciclo ficaram muito entusiasmados com o projecto, e naturalmente, se lhes forem dadas possibili-dades, quererão aprofundar esta metodologia em concreto.RT: E qual é a receptividade da tutela em rela-ção à problemática da Filosofia para Crianças? Achas que a nível nacional vai ser bem aceite? Já há iniciativas nesse âmbito? AG: Existem pontualmente formações neste âmbito, mas o facto de tal programa poder ser implementado a partir do Pré-escolar tem motivado o crescente interesse por parte de professores e educadores. Aliás vai iniciar-se em Fevereiro uma oficina de formação des-tinada quer a Educadores de Infância quer a professores do 1º ciclo. O Núcleo tem que ser capaz de divulgar o projecto, e nós temos

que internamente agilizar os mecanismos para que isso aconteça. Mas isso é um passo de um percurso que queremos mais consistente e mais sistematizado. RT: A experiência é inédita em termos nacio-nais ou já existe algo nesta área? AG: Temos a Sociedade Portuguesa de Filo-sofia para Crianças, o Centro de Formação Menon, que também desenvolve trabalho nesta área. Não há muita gente… Que eu tenha con-hecimento, na zona do grande Porto existem duas experiências, na Instituição “A Tangerina” e também na Escola do Jasmim, em Valadares, ainda que exista muito interesse por parte de muitas instituições, públicas e privadas, sobre a aplicação deste programa. RT: Estava aqui a pensar… Há outros projectos cá da escola a funcionar já no terreno, não seria interessante começarem a pôr em prática?AG: Essa é uma questão que temos que pen-sar… Vários colegas cá da Escola estão também neste projecto e neste Núcleo, e temos que ser capazes de hierarquizar as prioridades. Começa a ser altura de definir com algum rigor essas prioridades e é uma questão a colocar-se. Não te sei dizer se neste momento temos braços que nos permitam chegar a muitos lados, até porque falta ainda acontecer a certificação dos nossos alunos que já tiveram esta disciplina. AG: Já falei um pouco sobre o projecto Filo-sofia para crianças, por isso agora gostava que me respondesses tu a uma questão… Na tua perspectiva, particularmente naquilo que é a plataforma Moodlle, os professores têm de fac-to utilizado essa ferramenta, ou pelo contrário sentes que há ainda um trabalho a fazer? RT: Há um crescente interesse dos profes-sores, que estão cada vez mais consciencial-izados da necessidade de utilização destas ferramentas. O que há é nitidamente uma falta de tempo para investirem na formação e na aquisição de competências para rentabilizar as potencialidades que a plataforma oferece. AG: Achas que quem mais utiliza a plataforma são os professores mais novos na escola, os mais antigos, ou estes dois públicos utilizam essa ferramenta com a mesma regularidade? RT: Não, claramente que os professores mais novos têm mais apetência para utilizar a plata-forma, mas existem nesta escola exemplos lou-váveis de pessoas que não se enquadram nesta categoria e que fazem um trabalho exemplar. AG: A utilização desta ferramenta em particu-lar tem revolucionado, de alguma maneira, a forma como os professores encaram a relação pedagógica? RT: Não. AG: Achas que o modelo não foi alterado?RT: Os professores ainda não perceberam bem todas as potencialidades que podem tirar da plataforma. A maior parte das pessoas ainda vê a plataforma como sendo um “saco de recur-sos” onde podem pôr coisas e os alunos podem

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por Teresa Martins

DUAS DE LETRA

Conversas que se perdem nos gabinetes...

ir buscar. Acontece que a plataforma é muito mais do que isso, é um espaço colaborativo, onde pode haver troca de ideias, onde podem promover o debate, podem promover imensas actividades, e ao fim e ao cabo continua ainda a funcionar neste paradigma de repositório. AG: Ou seja, na tua perspectiva estarão a ser utilizadas todas as potencialidades da plataforma?RT: Nem 10%! AG: Nem 10% estão a ser rentabilizadas? RT: Exactamente! E mesmo as que estão a ser utilizadas advêm da crescente exigência dos próprios alunos de terem materiais na plataforma, o que vem reforçar o tal paradigma do repositório. Têm que ser os próprios professores a dinamizar a plataforma. Podem construir textos colaborativos, podem con-struir fóruns de discussão, podem dinamizar os diários de bordo, por exemplo, que é excelente para promover a reflexão dos alunos…

“As pessoas precisam de tempo para se adaptar, e precisam de perce-ber qual é o caminho da mudança.” (R.T.)

AG: Achas que o facto de entrarmos em Bolonha, e de termos Bolonha como um novo paradigma de formação, trouxe mudanças efec-tivas das práticas, ou pelo contrário as coisas se têm mantido um pouco como já estavam? RT: Acho que foi uma mudança um pouco for-çada… As pessoas têm noção de que vai haver uma mudança, mas ainda não se percebem grandes modificações nas metodologias. AG: Ou seja, na tua perspectiva Bolonha basicamente não trouxe, pelo menos para já, uma implicação para a alteração das práticas profissionais?RT: Eu acho que ainda é cedo para estarmos a aferir se realmente essas práticas já estão mes-mo no terreno. As pessoas precisam de tempo para se adaptar, e precisam de perceber qual é o caminho da mudança. Estou convencido que estes instrumentos fazem parte do novo para-digma. É preciso é que os professores tenham consciência disto, invistam na sua utilização e percebam que sem isto vai ser difícil, por ex-emplo, nas tais horas de trabalho autónomo, os professores poderem criar condições para que as pessoas possam ter alguma interacção com o próprio professor. AG: Há uns tempos li que o Século XXI impli-cava repensar o papel do professor por força da importancia, cada vez mais assumida, das novas tecnologias. Como se compatibiliza hoje a nossa actividade docente com a emergência crescente das tecnologias, na escola? Como é que tu vês esta relação? RT: O papel do professor/facilitador não é novo. Mas com a sociedade da informação, com a crescente disponibilização destes meios informáticos, com a crescente capacidade dos alunos para trabalhar com estes, e com a facili-

dade de encontrar informação de uma forma muito rápida, o professor tem que se limitar a ser um apontador de caminhos. O professor cria o cenário e depois…

“Se estruturamos toda a informação que é dada, na prática estamos a ser transmissivos, mas com uma difer-ença, em vez de utilizarmos a palavra, usamos a tecnologia ou as ferramentas mais tecnológicas.” (A.G.)

AG: Utilizando as novas ferramentas o profes-sor estrutura e disponibiliza toda a informação que considera relevante. E aqui é que surge uma questão que eu acho que temos que reflectir um pouco. Se estruturamos toda a informação que é dada, na prática estamos a ser transmis-sivos, mas com uma diferença, em vez de utilizarmos a palavra, usamos a tecnologia ou as ferramentas mais tecnológicas. Tu achas que é por aqui que se pode pensar numa alteração da nossa prática como professores?RT: Estás a esquecer uma coisa muito impor-tante, que é o desenvolvimento do espírito crítico dos alunos, da sua criatividade, que estas ferramentas propiciam. No fundo estás a disponibilizar um conjunto de recursos, mesmo sendo eles electrónicos, mas isso não implica que estejas a fechar aí todo o processo de aprendizagem. Compete-te a ti também desen-volver o espírito crítico e criar condições para que o próprio aluno também desenvolva algum espírito crítico, e na plataforma há bastantes ferramentas para o fazer. AG: Acho que no Ensino Superior a dimen-são crítica tem que ser necessariamente mais trabalhada! É nesta capacidade da ligação dos saberes, nesta interdisciplinaridade, que eu acho que as novas ferramentas, eventualmente, poderiam ajudar. Que trabalho é que tu achas que tem sido feito em prol dessa interdiscipli-naridade? RT: Ainda estamos numa fase muito precoce em que há problemas técnicos que dificultam o desenvolvimento do trabalho criativo. Mas estou convencido que daqui a uns anos vai ser possível criar cenários muito interessantes de participação e de interactividade através de ferramentas tecnológicas. Nesta altura, reco-nheço que a falta de competências técnicas e instrumentais da maior parte dos professores faz com que ainda esteja um panorama muito cinzento e que muitos deles não se atrevam ainda, com medo de explorar e com medo de criar situações menos confortáveis… Mas, e agora fechando o círculo, mesmo em relação à Filosofia para crianças, existem es-tratégias muito interessantes de criação, por exemplo, de espaços de escrita colectiva, de criação de resposta a perguntas polémicas que se podem colocar, entre muitas outras. Os documentos podem estar disponíveis on-line e os alunos participarem quando quiserem, à hora que quiserem, quando lhes apetecer, isso

também é muito importante. Assim podem ter um papel mais activo neste processo. Não precisam de ir à aula das 14h às 16h para po-derem exprimir ali aquilo que pensam, sentem e sabem. Podem fazê-lo à noite, ou de tarde, ou de manhã, quando estão efectivamente a pensar sobre isso. Vão ao fórum, respondem às questões, ou até escrevem qualquer coisa no livro, ou vão ao diário de bordo e fazem uma pequena reflexão. AG: O que estás a dizer é muito interes-sante. A Filosofia para Crianças tem que estar permanentemente atenta às dinamicas de uma sociedade globalizada. E logo agora que tanto se fala do exercício de uma cidadania mais participada, mais implicada, de facto, esta preocupação na desconstrução do discurso e nesta capacidade de aumentarmos os níveis e a qualidade da reflexão por parte dos alunos, deve estar presente nas nossas preocupações como professores. Num mundo cada vez mais globalizado, por via das novas tecnologias, são duas áreas que de facto se podem articular e complementar. RT: Atenção que não estou a dizer que uma coisa substitui a outra… AG: Pois, complementam-se. RT: A participação presencial é importante, mas pode haver uma componente muito impor-tante de reflexão, que através de ferramentas tecnológicas pode ajudar todo o processo. AG: E até estimular…RT: Sim, porque vai acontecer em tempos e espaços privilegiados para a reflexão. Muitas das vezes não é na aula que o aluno vai reflectir. Através da plataforma pode fazê-lo de modo assíncrono … AG: Só para rematar, gostava de dizer que esta reflexão pode ser feita fora, mas devia acontecer essencialmente no espaço aula. Acho que cada vez mais é nesse espaço que deve haver uma optimização do exercício crítico e dessa reflexão. RT: Esta é uma questão complexa e daria muito que discutir, porque há alunos que se dão muito melhor em espaços fora da sala e podes por estas ferramentas chegar até eles e trazer as suas reflexões para o espaço aula. Por isso acredito que ambas as componentes se complementam, e bem articuladas podem ser interessantes para o desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem.

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TEATRO: > 30 De Janeiro a 28 de Fevereiro 2009 – Teatro Carlos Alberto “A cidade dos que partem” (Palmilha Dentada); > 5 A 8 de Março 2009 – Teatro Helena Sá e Costa “Perguntas de um mendigo que lê” (Grupo Cinabel Teatro)

MÚSICA: > 16 De Janeiro a 21 de Março 2009 – Casa da Música “Ciclo de Jazz 2009”; > 25 de Fevereiro a 1 de Março 2009 – Palácio das Artes/ Fundação Eng. António de Almeida “11º Concurso Santa Cecília – Piano, Violino e Guitarra”; > 26 de Março 2009 – Auditório Municipal de Vila do Conde, Concerto “Deolinda – Canção ao lado”

EXPOSIÇÕES: > De 23 de Janeiro a 20 de Fevereiro de 2009 - Arte no Cais “Exposição de Acácio Carvalho”; > 1 de Janeiro a 27 de Fevereiro de 2009 – Casa do Infante “Filmes na Invicta: A militância do cineclube do Porto – a propósito dos 100 anos de Manuel de Oliveira”

CINEMA: > 16 De Fevereiro a 1 de Março de 2009 – Rivoli Teatro Municipal “Fantasporto 2009 – Festival Internacional de Cinema do Porto”

OUTROS: > 8 de Março 2009 – Cine-teatro Constantino Nery – Teatro Municipal de Matosinhos “Mulheres no Palco – Dia Internacional da Mulher”

12 NOTE-SE QUE...

SUGESTÕES

Esperamos pelos contributos

para o próximo número através

do e-mail:[email protected]

Ficha TécnicaRedactoras: Liliana Lopes,Teresa MartinsDesigner gráfico: Rui Reisinho Editores: Todos

Agenda da ESEPP

ÚLTIMA NOTA

JOGOS > As edições anteriores do Note-se estão disponíveis em formato digital em:

www.ese.ipp.pt/info/notese

APONTAMENTOS

> Procuram-se colaboradores para in- tegrar a equipa técnica do Note-se! .. Os interessados podem enviar-nos um ., e-mail para:

[email protected]

Início em Setembro de 2009> Administração de Organizações Educativas> Educação Especial: Multideficiência e Problemas de Cognição (Educadores -. de Infância e Professores do Ensino Básico e Secundário) Candidaturas em Março/ Abril 2009 > Ensino Precoce do Inglês > Ensino Experimental das Ciências no 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico> Supervisão Pedagógica na Educação de Infância e no 1º Ciclo do Ensino .- Básico> Ensino de Inglês e de Francês no Ensino Básico> Didáctica do Português Língua Não-Materna

Mestrados novos na ESEPP

>Encontra-se aberto o período de candidaturas para realizar mobilidade ao abrigo do Protocolo de Cooperação com Universidades do Brasil em 2009/2010, durante o 2º semestre que decorre entre Julho e Dezembro nestas universidades. Os prazos limite de entrega dos documentos variam conforme as universidades. Assim:

Universidade do Sul de Santa Catarina – 30 de Abril; Universidade Federal do Rio de Janeiro – 27 de Fevereiro; Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – 15 de Fevereiro.

> 29-01-2009 a 20-2-2009 - Exposição de Trabalhos - 2º Ano da Licenciatura em Educação Básica

Os trabalhos foram realizados no âmbito da Unidade Curricular de Expressão Plástica do 2º da Licenciatura em Educação Básica. A exposição decorre na Sala de Exposições.

> 18 de Fevereiro de 2009 (Das 9h às 18h) - “Oficina E”, no âmbito da 6ª Edição do Concurso PoliEmpreende

Propriedade: Escola Superior de Educação IPP