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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA MICHELE CHAGAS DA CONCEIÇÃO ACESSIBILIDADE E ACESSO DO HOMEM NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E AUTOCUIDADO NITERÓI 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

MICHELE CHAGAS DA CONCEIÇÃO

ACESSIBILIDADE E ACESSO DO HOMEM NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E AUTOCUIDADO

NITERÓI

2016

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MICHELE CHAGAS DA CONCEIÇÃO

ACESSIBILIDADE E ACESSO DO HOMEM NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E AUTOCUIDADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do título de enfermeiro e licenciado em enfermagem.

Orientadora: Profa. Dra. Donizete Vago Daher

NITERÓI- RJ

2016

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C 744 Conceição, Michele Chagas da. Acessibilidade e acesso do homem na atenção básica de

saúde e suas percepções sobre saúde e autocuidado/ Michele Chagas da Conceição. – Niterói: [s.n.], 2016.

63 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2016. Orientador: Profª. Donizete Vago Daher.

1. Saúde do Homem. 2. Enfermagem. 3. Atenção

Primária à Saúde. 4. Acesso aos Serviços de Saúde. I. Título. CDD 614

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MICHELE CHAGAS DA CONCEIÇÃO

ACESSIBILIDADE E ACESSO DO HOMEM NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E AUTOCUIDADO: um viver saudável

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do título de enfermeiro e licenciado em enfermagem.

Defesa em 14 de dezembro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________________ PROFª. DRª. DONIZETE VAGO DAHER

Orientadora – EEAAC / UFF

___________________________________________________________________________ ENFª MESTRE MARJA FERREIRA SOARES

1º examinador - EEAAC/ UFF

___________________________________________________________________________ ENFª MESTRE FABIANA KOOPMANS

2º examinador - EEAAC/ UFF

NITERÓI 2016

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DEDICATÓRIA

A Deus por me manter firme nos meus propósitos, e não ter desistido perante as dificuldades.

À minha mãe, pelo apoio e motivação em toda minha trajetória acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar ao meu lado, me ajudando a enfrentar todos os momentos difíceis da minha

vida, que por vezes me desmotivou durante a faculdade. E digo, com toda certeza, sem ele não

conseguiria chegar até aqui.

Minha mãe, que sempre me mostrou a importância do estudo para minha vida, me incentivou

e me apoiou em tudo. Obrigada por ser meu maior exemplo, de força e persistência. Através

você eu entendi o que é resiliência.

Aos meus amigos que construí ao longo da faculdade: Bruna Lima, Clarice Frontelmo,

Marlon Deleon, Caroline Marques, Luciana Lima. Sem dúvida, foram presentes de Deus, para

que essa caminhada se tornasse menos pesada. Além de parceiros acadêmicos, se tornaram

parceiros de vida. Vocês são muito importantes para mim.

Ao meu noivo Raphael, pela eterna paciência, nos meus momentos de crise existencial, de

estresse e mal humor. Obrigada pela companhia nas noites viradas, em que ficava desesperada

escrevendo o TCC. Esses anos me mostraram o quanto sou privilegiada em te ter ao meu lado.

Te amo.

Aos docentes me proporcionaram o conhecimento técnico-científico ao longo da graduação,

em especial, minha querida orientadora Dra. Donizete, pelo carinho, pelo incentivo à pesquisa

recebido, através do PIBIC e por ter estado sempre presente, mesmo nos momentos que teve

que estar longe, me deixando mais segura com meu TCC.

Às Enfermeiras Mestres Marja Ferreira e Fabiana Koopmans, por aceitarem ser integrantes da

minha banca examinadora e pelas contribuições para o aprimoramento da pesquisa.

Aos excelentes profissionais do Hospital Federal de Bonsucesso, que pude conhecer ao longo

do acadêmico bolsista. Obrigada pelos ensinamentos e pela receptividade.

Quero agradecer também aos vários pacientes que pude conhecer e prestar assistência como acadêmica. Foram essenciais para meu desenvolvimento e crescimento profissional e, principalmente, pessoal.

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RESUMO A acessibilidade, o acesso e as percepções dos homens sobre saúde e autocuidado foi o objeto de investigação desta pesquisa, com o objetivo de descrever as formas de acesso e a acessibilidade do homem na Atenção Básica de Saúde e suas percepções sobre saúde e autocuidado. Para alcançar os objetivos propostos optou-se pela pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa. O cenário foi a Policlínica do Largo da Batalha, no município de Niterói. Os participantes foram 15 homens, na faixa etária entre 20 e 59 anos, que esperavam por atendimento ou estavam como acompanhante. A coleta de dados se deu por entrevista semiestruturada e observação simples realizada no mês outubro de 2016. As falas dos participantes foram transcritas na íntegra e analisadas através da análise temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com o número do parecer: 1.139.834. Os resultados da pesquisa apontaram que a maioria dos homens que acessam a Unidade Básica de saúde, possuem entre 50 a 59 anos, casados, 1° grau completo e aposentados. Também apontam que os homens acessam o serviço de saúde quando apresentam alguma sintomatologia, e adentram prioritariamente pela atenção especializada e urgência e emergência. Conclui-se que há a necessidade dos profissionais de saúde buscarem capacitação e criarem um movimento de sensibilização desse segmento populacional de homens para a utilização dos serviços de atenção básica como porta de entrada no Sistema Único de Saúde. Descritores: Saúde do homem, Enfermagem, autocuidado, Atenção Básica.

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ABSTRACT

Accessibility, access and perceptions of men on health and self - care were the object of research in this research, with the purpose of describing the ways of access and accessibility of men in Primary Health Care and their perceptions about health and self care. To achieve the proposed objectives, a descriptive and exploratory research with a qualitative approach was chosen. The scenario was the Polyclinic of Largo da Batalha, in the municipality of Niterói. The participants were 15 men, aged between 25 and 59 years, who waited for care or were as an escort. Data collection was done through a semistructured interview and simple observation conducted in October 2016. Participants' statements were transcribed in full and analyzed through the thematic analysis. The research was approved by the Research Ethics Committee, with opinion number: 1,139,834. The results of the research indicated that the majority of men who access the Basic Health Unit are between 50 and 59 years old, married, 1 st complete and retired. They also point out that men access the health service when they present some symptomatology, and they enter as a priority the specialized attention and urgency and emergency. It is concluded that there is a need for health professionals to create a movement to raise awareness of this segment of men's population for the use of basic care services as a gateway to the Unified Health System. Keywords: Men's health, Nursing, self-care, Basic Care

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO, p. 11

1.1 OBJETO DE ESTUDO, p. 15

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA, p. 15

1.3 OBJETIVO GERAL, p. 15

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 15

1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA, p. 16

2 REVISÃO DE LITERATURA, p.17

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM, p.17

2.2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA, p.18

2.3 ACESSIBILIDADE E ACESSO DO HOMEM A ESTES SERVIÇOS: desafio a ser

vencido, p.19

2.4 O CONTEXTO DO CUIDADO E DO AUTOCUIDADO EM SAÚDE, p.22

3 METODOLOGIA, p.24

3.1 DESENHO DE PESQUISA, p.24

3.2 CENÁRIO DO ESTUDO, p.25

3.3 PARTICIPANTES, p.25

3.4 COLETA DE DADOS, p.26

3.5 ANÁLISE DE DADOS, p.26

3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS, p.27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p.28 4.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO DEMOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES, p.28

4.2 ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS E AS CATEGORIAS GERADAS, p.30

4.2.1 CATEGORIA 1 – O ACESSO SE EFETIVA SOMENTE NA NECESSIDADE DE

SAÚDE JÁ INSTALADA, p.30

4.2.2 CATEGORIA 2 – AO ACESSAR O SERVIÇO DE SAÚDE A RESOLUTIVIDADE

DOS PROBLEMAS PREVALECE, p.32

4.2.3 CATEGORIA 3 – AVALIAÇÃO POSITIVA DO ATENDIMENTO OFERTADO, p.34

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4.2.4 CATEGORIA 4: BEM ESTAR COMO CONCEITO DE SAÚDE, p.36 4.2.5 CATEGORIA 5: A AUSÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES DE

PROMOÇÃO DA SAÚDE, p.38

4.2.6 CATEGORIA 6: O TEMPO COMO LIMITADOR DO ACESSO, p.39

4.2.7 CATEGORIA 7: PLURALIDADE DE MODOS DE CUIDAR DA SAÚDE, p.43

4.2.8 CATEGORIA 8: A BUSCA POR ATENDIMENTO ESPECIALIZADO É PRIORIDADE, p.46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS, p.49

REFERÊNCIAS, p. 52

APÊNDICES, p.59

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, p.59

ROTEIRO DE INTREVISTA, p.60

ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO, p.61

ANEXO, p.62

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1 INTRODUÇÃO

A motivação para refletir sobre aspectos relacionados a saúde do homem, com foco na

acessibilidade destes sujeitos aos espaços de Atenção Básica de Saúde, partiu da minha pouca

informação sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH),

criada pelo governo brasileiro em 2009, e a curiosidade acerca das concepções destes

indivíduos sobre saúde e autocuidado.

Desde o meu ingresso no Curso de Graduação em Enfermagem da EEAAC/UFF, em

2012, venho observando que esse tema aparece nos cenários de assistência, mas não tem tido

um espaço para discussão dentro das disciplinas obrigatórias do Curso, exceto em disciplinas

optativas. Nas demais disciplinas o sujeito masculino é visto dentro do grupo dos adultos e

analisado de forma genérica, não se levando em consideração suas singularidades. Em

contraponto, são ofertadas disciplinas, como saúde da mulher, da criança, saúde mental e

outras que possuem abordagens específicas para cada grupo destes sujeitos. Foram estas

minhas observações e as leituras realizadas que aumentaram esse meu interesse sobre o tema.

Assim, busquei participações em projetos que analisassem ações que acontecem na ABS,

específicamente em relação a saúde do homem. Isto se concretizou com o ingresso como

bolsista em Projeto de Iniciação Científica, em 2015.

Tanto no ensino teórico-prático, quando a atuação é em Unidades de Atenção Básica

de Saúde, como nas atividades do projeto de iniciação científica, durante a pesquisa de campo,

comprovei que no contexto da Atenção Básica a acessibilidade masculina é bem menor se

comparada à feminina. Devido a isso constatei a dinâmica e a realidade que motivaram, no

Brasil, a necessidade da criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem

(PNAISH).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de

população residente no Brasil, em 2010, segundo sexo era de 190.755.799, sendo 51,1% de

mulheres (97.368.809) e 48,9% eram de homens (93.406.990). Quanto à faixa etária

preconizada pela PNAISH (20 a 59 anos), os homens representam 22,7% (43.695.239) da

população do sexo masculino.

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Em Niterói - Rio de Janeiro - município onde foi realizada a pesquisa de campo, residem 225.838 homens, que representam 46,3% do total da população deste município (IBGE, 2010).

Quadro 1: População de homens de 20 a 59 anos no Brasil e no município de

Niterói/RJ

Fonte: IBGE, 2010 O Ministério da Saúde (MS), ao longo dos anos, formulou Programas de ações de

saúde específicas a diferentes grupos populacionais, como saúde da mulher, da criança e

adolescente, idosos, dentre outros. Até então a população masculina não representava um

grupo de interesse ou de preocupação, e permanecia fora das discussões e prioridades das

agendas das autoridades de saúde, e até mesmo da sociedade.

Em 2007 o Ministério da Saúde cria, então, a área técnica de saúde do homem. Neste

momento, ocorreu um trajeto ascendente da discussão deste tema no Brasil. Em 2008, são

publicados os princípios e diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Homem e, em 2009, a política é oficialmente publicada e instituída no âmbito do Sistema

Único de Saúde (FIGUEIREDO, 2012).

A proposta de criação PNAISH se deu, principalmente, porque estudos mostraram que

os homens adentram no Sistema Único de Saúde, através da atenção especializada ou das

A população de homens na

faixa etária de 20 a 59 anos

representa 60% do total

desta população no

município de Niterói.

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emergências, e isso acarreta um percentual significativo de perfis de morbimortalidade e um

custo maior para o SUS (BRASIL, 2008). Esta Política tem como objetivo compreender a

singularidade masculina nos seus diversos contextos socioculturais, possibilitar o aumento da

expectativa e qualidade de vida, diminuindo o índice de morbimortalidade por doenças e

causa que podem ser prevenidas, e qualificar a saúde da população masculina na perspectiva

de linhas de cuidado que resguardem a integralidade da atenção (BRASIL, 2009).

A PNAISH, para cumprir os princípios de humanização e da qualidade da atenção

integral, deve considerar alguns elementos, a destacar: o acesso da população masculina aos

serviços de saúde hierarquizados nos diferentes níveis de atenção e organizados em rede,

possibilitando melhoria do grau de resolutividade dos problemas e acompanhamento do

usuário pela equipe de saúde. E também a captação precoce da população masculina, nas

atividades de prevenção primária relativas a doenças cardiovasculares e cânceres, entre outros

agravos recorrentes. Busca estimular o autocuidado e, principalmente, reconhecer que a saúde

é um direito de cidadania de todos os indivíduos do gênero masculino. Tais objetivos podem

significar o aumento da expectativa de vida e a redução dos índices de morbimortalidade por

causas preveníveis e evitáveis neste grupo populacional, por meio de ações que compreendam

a realidade masculina em sua singularidade, nos seus diversos contextos socioculturais,

políticos e econômicos (BRASIL, 2008).

Quando a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem foi criada, eixos

metodológicos, conceituais e práticos orientaram a formulação de estratégias e ações. Dentre

esses eixos, estabelece um entrelace entre a PNAISH e a Política Nacional de Atenção Básica

(PNAB) (BRASIL,2009).

A PNAB determina que a Atenção Primária tenha o Programa de Saúde da Família

(PSF) como estratégia prioritária para sua organização (CAMPANUCCI, 2011). A Atenção

Básica é, assim, compreendida como a principal porta de entrada e o centro da interação entre

as diferentes frentes que compõe a Rede de Atenção à Saúde (RAS) (BRASIL, 2014). Sua

principal atividade é atuar no âmbito coletivo e individual, abrangendo a promoção e a

proteção da saúde, prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a

redução de danos e a manutenção da saúde, objetivando desenvolver atenção integral que

impacte na situação de saúde, na autonomia das pessoas, bem como nos determinantes e

condicionantes de saúde da coletividade (BRASIL,2012).

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De acordo com Dicionário Houaiss da Língua portuguesa, acesso vem do latim

accessus, e significa: “ato de ingressar, entrada, ingresso; possibilidade de chegar a,

aproximação, chegada; possibilidade de alcançar algo”. Acesso é um conceito complexo,

muitas vezes empregado de forma imprecisa, e pouco claro na sua relação com o uso de

serviços de saúde (TRAVASSOS,2004). Ao estabelecer uma relação desta definição com os

serviços de saúde, pode ser entendida como “porta de entrada”, como o local de acolhimento

do usuário no momento de expressão de sua necessidade e, de certa forma, os caminhos

percorridos por ele no sistema na busca da resolução dessa necessidade.

Para Assis (2010), na definição do uso de serviços de saúde, e suas formas de

utilização, o acesso é mediado por três fatores individuais: fatores predisponentes,

capacitantes e de necessidades de saúde. Os fatores predisponentes são aqueles que existem

previamente ao surgimento do problema de saúde e afetam a predisposição das pessoas para

usar serviços de saúde como variáveis sociodemográficas (idade, gênero, raça, hábitos, entre

outros). Os fatores capacitantes são condicionados pela renda, cobertura securitária pública ou

privada, e pela oferta de serviços, ou seja, o meio disponível para as pessoas usarem os

serviços. Os fatores determinantes referem-se às necessidades de saúde que podem ser

explicadas pelas condições diagnosticadas por profissionais ou pela autopercepção.

A acessibilidade, conceituada pela Lei 10.098 como sendo a possibilidade e condição

de alcance para a utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e

equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de

comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, refere-se a

dois aspectos, que embora tenham características distintas, estão sujeitos a problemas

semelhantes, no que diz respeito à existência de barreiras que são interpostas às pessoas com

necessidades especiais: o espaço físico e o espaço digital (BRASIL, 2000).

No contexto da saúde o conceito de acessibilidade refere-se à facilidade com que as

pessoas obtêm assistência à saúde (VIEGAS,2015). A acessibilidade, está relacionado à

localização da oferta e dos usuários, levando em conta os recursos para transporte, o tempo de

viagem, a distância e os custos (ASSIS,2010).

O acesso aos cenários de Atenção Básica de Saúde por parte dos homens, foi e se

mantém baixo e evasivo. Gomes, Nascimento e Araújo (2007) ao analisarem os porquês de os

homens acessarem menos os serviços de saúde, utilizam vários autores para reforçar que este

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fato pode estar associado à própria socialização dos homens, em que o cuidado não é visto

socialmente como uma prática masculina.

O homem tem a dificuldade de reconhecer e aceitar suas fragilidades, por isso acessa o

serviço de saúde esporadicamente, quando o sintoma ou o problema de saúde já se

estabeleceu. Essa negação pela busca precoce é uma fragilidade e pode estar associada à

estrutura ideológica da sociedade brasileira, no qual o homem é visto como o patriarca,

legitimando a sua “superioridade”. Dificultando, deste modo, a adoção de práticas de

autocuidado (PEREIRA,2015).

Na literatura específica sobre o assunto, também há diferentes estudos que apontam a

necessidade de se refletir sobre o acesso, a acessibilidade e a percepção de saúde e

autocuidado masculino para assim se ter uma melhor compreensão dos comprometimentos da

saúde do homem.

Cabe aqui apresentar a definição de autocuidado. Orem apud Nicoli (2015) define

autocuidado como a prática de atividades que as pessoas realizam em seu próprio benefício,

com o objetivo de manter a vida, a saúde e o bem-estar. Tem como propósito, a efetivação de

ações, que, seguindo um modelo, contribui de maneira específica, na integridade, nas funções

e no desenvolvimento humano.

1.1 OBJETO DE ESTUDO

Acessibilidade e acesso do homem na Atenção Básica de Saúde no município de

Niterói e suas percepções sobre saúde e autocuidado.

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA

Como o homem que acessa a ABS do município de Niterói descreve a

acessibilidade neste cenário?

Qual a compreensão do homem que acessa a ABS/Niterói sobre saúde e

autocuidado?

1.3 OBJETIVO GERAL

Conhecer as formas de acesso e a acessibilidade do homem na ABS e suas

percepções sobre saúde e autocuidado.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar a acessibilidade e as formas de acesso do homem aos serviços de

Atenção Básica de Saúde do município de Niterói;

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Descrever as concepções sobre saúde e autocuidado dos homens que acessam

esse serviço de saúde;

Compreender as estratégias utilizadas pelos homens para a promoção do

autocuidado.

1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

O presente estudo justifica-se por trazer à reflexão a Política Nacional de Atenção

Integral à Saúde do Homem, por ser tema ainda pouco analisado e que passou a ser objeto de

estudos muito recentemente, e sua implantação. Assim, há uma grande lacuna na produção do

conhecimento sobre esta temática. Para Schwarz e colaboradores (2012), por exemplo, a

saúde da população masculina passa a ocupar notoriedade e espaço nos últimos 6 anos, devido

a maior divulgação e exploração dos dados dos sistemas de informações epidemiológicas e da

produção científica.

O aumento da morbidade e mortalidade da população masculina é considerado um

problema de saúde pública em todo o mundo, pois gera um impacto forte no âmbito social e

econômico para o homem, para o governo e para o Serviço Único de Saúde. Em virtude disso,

apoiado a um pensamento de reflexão, necessita-se conhecer o perfil da demanda desses

homens, para adequar o cenário de assistência às práticas em saúde, realizando programas e

atividades educativas e assistenciais que incluam, de fato, os homens assistidos nas unidades

básicas de saúde. A Lei 1944 que institui a PNAISH no SUS, cita em seu Art.3° inciso V:

“Reorganização das ações de saúde, por meio de uma proposta inclusiva, na qual os homens

considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos, e por sua vez, os serviços

de saúde reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados” (BRASIL,2009)

O baixo índice de acesso da população masculina à Atenção Básica de Saúde,

determina posteriormente, a procura pelo serviço especializado, demandando maior custo para

o SUS e morbidade para o homem.

O reconhecimento de que os homens adentram o SUS por meio da atenção

especializada tem como consequência o agravo de morbidade pelo retardamento na atenção e

maior custo para o SUS. É necessário, assim, fortalecer e qualificar a ABS com recursos e

capacitações dos profissionais garantindo a promoção da saúde e a prevenção aos agravos

evitáveis. (BRASIL,2008).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM

(PNAISH)

Ao considerar os indicadores e os dados básicos sobre os homens brasileiros, foi

comprovado que os índices de morbidade e o coeficiente de mortalidade, estavam

consideravelmente superiores ao feminino, o que veio configurar-se uma problemática

emergente para a saúde pública. O Conselho Nacional de Saúde (CNS), juntamente com a

Comissão Intergestores Tripartite (CTT), aprovou em 2009, a instituição no âmbito do

Sistema Único de Saúde, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, criada

por José Gomes Temporão (PNAISH), que foi desenvolvida em parceria entre gestores do

SUS, sociedades científicas, sociedade civil organizada, pesquisadores acadêmicos e agências

de cooperação internacional (BRASIL, 2009).

Em todo território brasileiro a mortalidade da população masculina entre 20 e 59 anos,

é determinada por seis principais causas de óbitos em todo território brasileiro, sendo elas:

causas externas de morbidade e mortalidade; doenças do aparelho circulatório; tumores

(neoplasias); doenças do aparelho digestivo; sintomas, sinais e achados anormais de exames

clínicos e laboratoriais; e algumas doenças parasitárias e infecciosas (SCHWARZ e

colaboradores,2012).

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, regida pelos princípios de

universalidade e equidade; humanização e qualificação; corresponsabilidade e orientação à

população está voltada, sobretudo, para o desenvolvimento de estratégias e ações que

contribuam para o acesso, acolhimento e adesão dos usuários homens ao serviço (BRASIL,

2009).

Segundo Chakora (2014), O SUS abarca mais de 93 milhões de homens no Brasil,

dentre esses, cerca de 52 milhões estão entre a faixa etária de 20 a 59 anos, no qual representa

o principal público da PNAISH.

Em linhas gerais, o objetivo principal da criação desta política consiste em realizar

uma mudança de paradigma tanto da percepção da população masculina em relação ao

cuidado com sua saúde, quanto ao modelo de qualificação e capacitação dos profissionais da

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Atenção Básica à Saúde (ABS), assim esta rede tende a fortalecer, facilitar e garantir o acesso

e qualidade para atender a população de homens (BRASIL, 2009).

A Política de Ação Nacional, marca o início efetivamente, da implementação da

PNAISH, pois é através dela que vem as orientações para a formulação dos Planos de Ação

(PA), nas esferas Estaduais e Municipais. Eles orientam gestores no planejamento local de

ações a partir do enunciado de metas, ações e estratégias para que os serviços de saúde

acolham homens de 20 a 59 anos, elencando em cada eixo “ ações prioritárias” (LEAL e

colaboradores, 2012).

Em relação ao compromisso político, o atributo fundamental relaciona-se à disposição

dos gestores em promover a implantação, implementação e o acompanhamento da Política

Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem para estimular o conhecimento e

sensibilizar a população, por meio de serviços de atenção básica, com a organização de uma

rede integralizada à saúde para a assistência à saúde dos homens (RAMALHO, 2014). Logo

cabe aos gestores e aos profissionais de saúde conhecer os fatores que podem dificultar a

efetiva implantação da PNAISH.

Contudo, de acordo com Leal e colaboradores (2012), em uma busca para determinar o

percurso da PNAISH desde sua formulação até sua implementação nos serviços públicos

locais de atenção básica, cuja observação foi realizada em cinco casos de cada macrorregião

do país, teve como achado importante a ausência de mapeamento, pelos Planos de Ação (PA)

e gestores, da realidade onde a política seria implementada, tampouco se acionou o

mapeamento territorial das equipes das Estratégias de Saúde da Família, logo havia um

desconhecimento dos serviços, entidades e organizações, públicas ou sociedade civil, que

tinham a possibilidade de concretizar parcerias com o setor saúde. Constatou-se que os

profissionais que conheciam a PNAISH, das cinco macrorregiões, enfatizaram que a política

preconiza a atenção à saúde do homem, porém não cria mecanismos necessários para efetuá-la

na prática.

2.2 A POLITICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB).

A Política Nacional de Atenção Básica foi aprovada em 21 de outubro 2011, através da

Portaria n° 2.488, no qual ficou estabelecido a revisão de diretrizes e normas para a

organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de

Agentes Comunitários de Saúde (PACS) (BRASIL,2012).

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Já a lei 8.080, chamada de Lei Orgânica da Saúde, sancionada em setembro de 1990,

estabelece a saúde como um direito fundamental do ser humano, devendo o estado prover as

condições indispensáveis ao exercício pleno. Contendo a universalidade de acesso aos

serviços de saúde como um dos oito princípios (BRASIL,1990).

Mesmo após sua sanção, é evidente ainda hoje ações de não cumprimento pleno dos

princípios e diretrizes, e assim, estabelece-se uma realidade desigual e excludente entre os

usuários. Segundo Assis (2012, p.25), “ não se cria igualdade por lei, ainda que não se

consolide a igualdade sem a lei”.

A Atenção Básica de Saúde (ABS), conhecida internacionalmente como Atenção

Primária de Saúde, é considerada como espaço ou porta de entrada dos usuários ao serviço de

saúde do Brasil e, também, o centro de comunicação com toda a rede de atenção à saúde,

funcionando de forma descentralizada. Caracterizada como um conjunto de ações de saúde, a

nível individual e coletivo, a ABS abarca as ações de promoção, proteção da saúde, prevenção

de agravos, diagnóstico e tratamento até a reabilitação e a manutenção da saúde, orientando-se

pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado,

da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e participação

social (BRASIL, 2012). Campos e colaboradores (2014) , afirmam que a ABS atua no

sistema de saúde ofertando serviços próximos da moradia da população, facilitando o acesso,

o vínculo e a atenção continuada centrada não somente na doença, mas também na pessoa.

2.3 ACESSIBILIDADE E ACESSO DO HOMEM AO SERVIÇO DE SAÚDE

O acesso refere-se a um conceito complexo e que varia entre os autores, e que muda ao

longo do tempo e conforme o contexto. Segundo Donabedian apud Travassos (2004), o termo

acessibilidade, é entendido como aquele com caráter ou qualidade do que é acessível. Ele a

define como um dos aspectos da oferta de serviços relativo à capacidade de produzir serviços

e de responder às necessidades de saúde de uma determinada população, referindo-se às

características dos serviços e dos recursos de saúde que facilitam ou limitam seu uso por

potenciais usuários. Acessibilidade não se restringe apenas ao uso ou não de serviços de

saúde, mas inclui a adequação dos profissionais e dos recursos tecnológicos utilizados às

necessidades de saúde dos pacientes.

Sobre a acessibilidade, Correa (2009) destaca ser um atributo essencial que garante

que todas as pessoas tenham acesso a todas as áreas de seu convívio.

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Acessibilidade não é uma etapa simples para ser implementada. Tal constitui-se como

um ideal e uma utopia, uma vez que diversos obstáculos e problemas se interpõe à realidade

de um Sistema Único de Saúde prometido pela constituição de 1988 (ANDRADE,2012).

O acesso aos serviços de saúde tem relação com as condições de vida, a nutrição, a

habitação, o poder aquisitivo e a educação, extrapola a dimensão geográfica e abrange o

aspecto econômico relativo ao gasto do usuário com saúde, o aspecto cultural envolvendo

normas, técnicas adequadas aos hábitos da população e o aspecto funcional que responde pela

adequação da oferta de serviços e sua qualidade às pessoas que recorrem ao sistema (ASSIS,

2012).

Em relação ao sujeito homem, vários estudos apontam que tem tido baixo índice de

acesso e adesão ao serviço de ABS, tornando-os mais expostos ou vulneráveis à doenças,

principalmente, enfermidades graves e crônicas. Na literatura são encontradas diferentes

suposições e/ou justificativas.

A resistência dos homens em se cuidarem estão associados a variáveis culturais,

relacionadas ao estereótipo de gênero, arraigado na cultura patriarcal (CUNHA,2012), que

reforçam práticas baseadas em crenças e valores do que é ser masculino, e que compreendem

a doença como sinal de fragilidade, e não reconhece como inerente sua condição biológica,

que é a possibilidade de adoecer (BRASIL,2009).

Uma questão comumente apontada pelo homem e que tem relação com acessibilidade,

diz respeito ao horário de funcionamento dos serviços de saúde. Este coincide com a carga

horária de trabalho destes sujeitos, que por uma questão cultural prioriza o trabalho laboral em

detrimento do seu cuidado. Já que o papel de provedor da família permanece enraizado como

papel primordial do homem, como exposto pela PNAISH.

Também Brasil (2009) reforça que não se pode negar que a preocupação masculina

com a atividade laboral tem um lugar destacado, sobretudo em pessoas de baixa condição

social o que reforça o papel historicamente atribuído ao homem de ser responsável pelo

sustento da família.

Por um lado, associam a ausência do homem nos serviços de saúde ou seu pouco valor

em relação ao cuidado de si, a uma característica da identidade masculina relacionada ou

processo de socialização. Nesse caso, a identificação do homem estaria associada à

desvalorização do autocuidado e à preocupação incipiente com a saúde. No entanto, por outro

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lado, na verdade, o homem prefere utilizar outros serviços de saúde, como farmácias ou

pronto socorros, por responderem mais objetivamente às demandas. Nesses lugares os homens

seriam atendidos mais rapidamente e conseguiriam expor seus problemas com mais facilidade

(FIGUEIREDO, 2004).

Neste caso, os homens sentiriam mais dificuldades para serem atendidos, devido ao

“tempo perdido” na espera do atendimento (FIGUEIREDO, 2004) seja por achar a UBS um

ambiente de predominância feminina, frequentado, principalmente, por mulheres, e composto

por uma equipe de profissionais, em sua maioria, também de mulheres. Tal situação

provocaria nos homens a sensação de não pertencerem àquele ambiente. Argumentam

também, que os homens não procuram as Unidades de Saúde, porque estes serviços não

disponibilizam programas ou atividades voltadas para a população masculina.

Enfim todos estes fatores indicam que parece existir limitações de interação entre as

necessidades de saúde do homem e a organização das práticas de cuidado em saúde a eles

ofertadas. Este estudo pretende desvendar estas questões.

A compreensão dessas barreiras é importante para a formulação de estratégias e

reorganização dos serviços de saúde para que venham a promover o acesso dos homens aos

serviços de atenção básica mantendo-os aderidos antes que os agravos requeiram a atenção

especializada. Há necessidade de admitir que a constatação da ausência dos indivíduos não

deve ser pensada exclusivamente como uma falta de responsabilidade dos homens com sua

saúde, e nem especificamente como falha na organização dos modelos de atenção primária.

Figueiredo (2012, p.106) reforça esta questão ao afirmar que:

A ideia é compreender o problema no contexto de uma complexa teia que envolve três dimensões que interagem entre si: 1)Homem na qualidade de sujeito confrontado com dimensões diferentes da vida; 2) Serviços na maneira como se organizam para atender ao usuário, considerando suas particularidades; 3)Vínculos estabelecidos entre o homem e o serviço de saúde.

2.4 CONTEXTO DO CUIDADO E DO AUTOCUIDADO EM SAÚDE

O cuidado sob o ponto de vista filosófico, é entendido como um modo de ser. Sem o

cuidado deixa-se de ser humano. Assim, a afirmação de que o cuidado é o que confere a

condição de humanidade às pessoas é uma afirmação lógica, considerando os pressupostos

heideggerianos. Segundo a visão filosófica, o ser humano vive o significado de sua própria

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vida por meio do cuidado. É atestado ser o cuidado o ethos do humano - é um modo de ser

essencial; ele se encontra na raiz primeira do ser humano (WALDOW, 2011).

Autocuidado é a atividade que os indivíduos praticam em seu benefício para manter a

vida, a saúde e o bem-estar. Ação de autocuidado é a capacidade do homem de se engajar no

autocuidado. São considerados requisitos de autocuidado: manutenção e ingesta suficiente de

ar, água e alimento; a provisão de cuidados com eliminação e excreção; manutenção de um

equilíbrio entre atividade e descanso, entre solidão e interação social; a prevenção de riscos à

vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano (DIÓGENES, 2003).

Na sociedade ocidental moderna, como a do Brasil, o senso comum exige condutas do

ser masculino de modo que, comporte-se integralmente com atitudes que os diferem do

feminino. Ser homem é um aprendizado contínuo de negação, onde se nega atributos ditos

femininos, como por exemplo o cuidado em saúde, para este tipo de sociedade o ideal de

homem hígido, forte, provedor e saudável é construído ao longo da vida (GOMES,2008).

Em relação ao autocuidado, os homens preferem retardar ao máximo a busca por

assistência e só o fazem quando não conseguem mais lidar sozinhos com seus sintomas

(SCHRAIBER,2010). A ausência de um sintoma ou sinal específico é referido por Albano e

colaboradores (2011), como fator que promove baixa procura pelos serviços de atenção

primária à saúde por parte dos homens.

A resistência dos homens em se cuidar decorre das variáveis culturais ligadas aos

estereótipos de gênero que permanecem na nossa cultura (CUNHA, 2012). Em outra pesquisa

de Cunha e colaboradores (2012), com objetivo de determinar o que pensam os homens sobre

sexualidade e autocuidado, apontou que eles reconhecem que ainda falta algo que faça

diferença para que o hábito de se cuidar possa ser incorporado e se tornar uma cultura

masculina.

Comportamentos de autocuidado é compreendido por Borges (2012) como sendo

cuidados mantidos no esforço de melhorar ou manter a saúde. Em pesquisa com homens

categorizou, através das referências, categorias que atuam como obstáculos para a emissão de

comportamentos de autocuidado, foram: barreiras econômicas e do cotidiano, barreiras do

sistema de saúde, barreiras intrapessoais e barreiras socioculturais. Reitera que homens

revelam o sentimento de arrependimento é revelado por homens que reconhecem seu atual

comportamento.

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Ação em saúde, tendo o conceito de cuidado como pano de fundo, possibilita

desenvolver encontros entre o profissional de saúde e o sujeito/pessoa, sempre apoiados nos

saberes estruturados, mas sem colocar um ponto final ou de diferenciação. Deve tornar o mais

simétrico possível a relação entre o usuário e o profissional, possibilitando ações terapêuticas

horizontalizadas, mais compartilhadas, gerando também autonomia e responsabilização do

usuário no que diz respeito ao seu modo de levar a vida. Ter o conceito de cuidado como

balizador das práticas de saúde e colocando a pessoa como centro da atenção, implica na

incorporação de outros saberes para além dos típicos da saúde (GARIGLIO, 2012).

Schraiber e colaboradores (2010) pontuam também que os profissionais da saúde

reconhecem que os homens apresentam necessidades diferenciadas, no entanto referem que

tem-se abordado estes sujeitos somente em condição curativa, dor aguda ou doença instalada.

Albano e colaboradores (2010) enfatizam também neste mesmo sentido, a necessidade de

diferenciar a assistência e sugerem que os profissionais da saúde utilizem abordagens

convidativas, com intuito de ampliar o acesso dessa ação, tornando-a rotineira.

Discussões que contextualizem a saúde do homem são indispensáveis para um

diferencial na abordagem. Segundo Albano e colaboradores (2010). Neste sentido a

desmistificação de invulnerabilidade masculina é um desafio tanto quanto incluir o próprio

sujeito do estudo, o homem, nos serviços de Atenção Primária à Saúde.

Assim para Oliveira e colaboradores (2013) o desafio que se coloca para os

pesquisadores brasileiros no que se refere à saúde do homem, é rever a compreensão da hoje

visão fragmentada do processo do adoecimento e cuidado. Existem dois paradoxos colocados

nessas agendas: como o homem lida com a sua própria saúde e cuida de si e de que maneira as

políticas públicas e o sistema de saúde se organizam e compreendem a realidade masculina.

Portanto, a política da saúde do homem consiste em importante estratégia de promoção da

saúde para lidar com a singularidade masculina e suas vulnerabilidades no cotidiano dos

serviços de Atenção Básica Saúde.

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3 METODOLOGIA

3.1 DESENHO DE PESQUISA

Esta pesquisa é um desdobramento de um projeto mais amplo intitulado “A SAÚDE

DO HOMEM E O PROGRAMA DE TABAGISMO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO E

DO CUIDADO EM SAÚDE” foi aprovado, em 2015, pelo CEP/HUAP/UFF. Para alcançar os

objetivos desta presente pesquisa, optou-se por um estudo descritivo e exploratório, com

abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade

numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma

organização, etc. (KAUARK,2011).

Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das

coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas

simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos

(suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens (GERHARDT, 2009).

Para Minayo (2011), a pesquisa qualitativa baseia-se principalmente pela

compreensão, no exercício de colocar-se no lugar do outro. Para isso, é necessário entender

que o indivíduo é singular, mas que sua história ocorre no meio coletivo, envolvendo a cultura

da sociedade em que ele está inserido.

Kauark (2011), ainda ressalta que a pesquisa descritiva visa descrever as características

de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação

sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.

Segundo Santos (2015), o objetivo da pesquisa exploratória é familiarizar-se com um

assunto ainda pouco conhecido, pouco explorado. Ao final de uma pesquisa exploratória, você

conhecerá mais sobre aquele assunto, e estará apto a construir hipóteses. Como qualquer

pesquisa, ela depende também de uma pesquisa bibliográfica, pois mesmo que exista poucas

referências sobre o assunto pesquisado, nenhuma pesquisa hoje começa totalmente do zero.

Haverá sempre alguma obra, ou entrevista com pessoas que tiveram experiências práticas com

problemas semelhantes ou análise de exemplos análogos que podem estimular a compreensão.

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3.2 CENÁRIO DO ESTUDO

O estudo teve como cenário uma Unidade Básica de Saúde, a Policlínica do Largo da

Batalha, pertencente ao município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Cuja a

acessibilidade de usuários homens é limitada, há oferta diária de atividades como grupos

educativos, consultas médicas e de enfermagem, vacinações, e Visitas Domiciliárias. A

probabilidade de captação do usuário homem para ser participante destas ações poderia ser

maior. O desafio é captar esses homens, tomando como base sua compreensão sobre saúde e

autocuidado.

Este cenário foi escolhido pela familiaridade da pesquisadora com o mesmo, pois ali

desenvolveu meses de estágio e pode reconhecer a realidade local, e também por ter uma

grande demanda de usuários ao serviço.

Com a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Antônio

Pedro já disponível, a autora deu início à pesquisa de campo junto à unidade escolhida, como

cenário, tendo se apresentado aos gestores e equipes, explicando os objetivos e

operacionalização da pesquisa.

3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Os participantes foram homens cadastrados na unidade de saúde selecionada para o

estudo e também aqueles que acessam as unidades por demanda espontânea em busca de

cuidado e que se encontram na faixa etária de 20 a 59 anos. Esse recorte temporal se dá pela

faixa etária alvo da PNAISH. O número de participantes foi definido no transcorrer do

trabalho de campo, pois com a inserção da pesquisadora no cenário, as entrevistas foram

realizadas e geraram um conjunto de depoimentos que expressem as percepções destes

homens. O encerramento da coleta de depoimentos se deu quando a pesquisadora comprovou

a saturação de dados.

O critério de inclusão foi ser homem na faixa etária referida na PNAISH (20 a 59

anos), que estivessem presente na Unidade Básica de Saúde, aguardando atendimento ou em

acompanhamento e que tenham assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O

critério de exclusão foi possuir comprometimento psíquico ou comportamental que o

impossibilitasse de participar da entrevista e a discordância em assinar o TCLE.

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3.4 COLETA DE DADOS

Por meio de desenvolvimento de um trabalho de campo, foram duas as formas de

coleta de dados: A observação simples e a entrevista semi-estruturada.

A observação simples contribuiu para apreender o movimento do homem ao chegar ao

serviço e seu processo de atendimento. Assim questões como: como chega? Com quem

chega? Qual o motivo do acesso? Qual a sua expressão ao aguardar o atendimento? Como

deixou o serviço? Foi o mesmo referenciado? Para que cenário? Todas essas observações

foram anotadas em um diário de campo para posterior transcrição em texto.

A observação é um método etnográfico por meio do qual se pode chegar a respostas

subjacentes ao discurso e ao comportamento dos indivíduos em determinados contexto

(ROCHA, 2013).

Para Fernandes (2013) a observação é, também, entendida como um trabalho de campo

no seu conjunto, desde a chegada do investigador ao campo de pesquisa, quando inicia

negociações para conseguir acesso a este e se continua numa visita prévia, com o

reconhecimento do espaço ou campo de observação. Podemos considerar que a observação

constitui uma técnica de investigação, que usualmente se complementa com a entrevista

semiestruturada ou livre, embora também com outras técnicas como análise documental.

Foram realizadas entrevistas semi-estruturada com gravação do áudio, com os homens

que acessarem os serviços e após assinatura do TCLE. Essa entrevista foi composta por duas

partes: a primeira contendo dados específicos de caracterização do sujeito – idade, estado

civil, escolaridade, ocupação, entre outros. A segunda parte será composta por perguntas

abertas que contemplem o objeto e os objetivos do estudo.

A entrevista para Britto (2013) é uma das técnicas de coleta de dados considerada

como forma racional de conduta do pesquisador, previamente estabelecida, para dirigir com

eficácia um conteúdo sistemático de conhecimentos, de maneira mais completa possível, com

o mínimo de esforço de tempo. E permite ao pesquisador extrair uma quantidade muito grande

de dados e informações que possibilitam um trabalho bastante rico.

3.5 ANÁLISE DE DADOS

Os dados coletados no trabalho de campo, (durante as observações e nas entrevistas),

foram transcritos na íntegra. Esses dados passaram por análise temática conforme Minayo

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(2012). Com as sucessivas leituras e aproximações do que foi comum aos depoimentos, foram

construídas categorias de análise, que representaram o pensamento dos usuários sobre

acessibilidade, saúde e autocuidado. A análise dos dados se estruturou, assim, pela

organização das informações de acordo com características comuns, expostas ou que se

relacionam entre si, e fundamentadas por meio de referencial teórico pertinente a pesquisa.

3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS

A pesquisa segue as determinações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de

Saúde (CNS), que orienta todas as pesquisas que envolvem seres humanos, de forma direta ou

indireta, em sua totalidade ou parte dele, incluindo o manejo de informações. Todas devem,

portanto, assegurar e respeitar os direitos dos participantes. E o projeto foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Antônio Pedro, com o seguinte

número do parecer: 1.139.834.

Nesse sentido, os participantes da pesquisa assinaram duas cópias do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE): uma delas ficou com o pesquisador e outra com o

participante. No TCLE constaram informações como título da pesquisa, identificação dos

responsáveis pelo projeto, objetivo, procedimentos necessários à realização, riscos e

benefícios obtidos. Foi garantido o anonimato dos participantes através da utilização da letra

“E”, seguida do número da entrevista realizada.

Todo o conjunto de depoimentos e observações obtidos através da produção de dados,

como gravação de voz e transcrição das falas, serão armazenados pelo pesquisador no período

de 5 (cinco) anos e, posteriormente, serão destruídos.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo está estruturado em duas partes: a primeira consta da caracterização

sócio demográfica dos participantes e sua análise. A segunda, tomando como base os

depoimentos, apresenta as categorias de análise geradas dos discursos e a posterior

confrontação com o referencial bibliográfico sobre o tema em estudo.

4.1- TABELA 1: CARACTERÍSTICAS SÓCIO DEMOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES

IDENTIFICAÇÃO IDADE ESTADO CIVIL Nº FILHOS ESCOLARIDADE

(GRAU DE ESTUDO)

PROFISSÃO / OCUPAÇÃO

Entrevistado 1 59 Solteiro 2 2° completo Aposentado Entrevistado 2 57 Casado 1 1° completo Pedreiro Entrevistado 3 55 Casado 1 2° completo Eletricista Entrevistado 4 26 Solteiro 0 2° completo Vendedor Entrevistado 5 58 Casado 4 1° completo Autônomo Entrevistado 6 58 Casado 2 2° completo Aposentado Entrevistado 7 37 Casado 2 1°completo Balconista Entrevistado 8 38 Casado 2 2°completo Motorista Entrevistado 9 59 Casado 2 2° completo Aposentado Entrevistado 10 45 Casado 0 1° completo Cozinheiro/pedreiro Entrevistado 11 33 Solteiro 0 1° completo Instalador de cortina Entrevistado 12 42 Casado 4 1° completo Pedreiro Entrevistado 13 38 Casado 2 1° completo Pedreiro Entrevistado 14 43 Solteiro 0 1° completo Eletricista Entrevistado 15 27 Solteiro 0 2° completo Vigilante

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Sumarizando os dados da tabela 1: IDADE ESTADO

CIVIL Nº FILHOS ESCOLARIDADE

PROFISSÃO

20 - 29 a = 2 30 - 39 a= 4 40 - 49 a= 3 50 - 59 a= 6

Solteiro = 5 Casado= 10

Solteiros = 2 Casados= 20

1º Grau = 10 2º Grau = 5

Aposentado = 4 Pedreiro = 4 Eletricista= 1 Vendedor= 1 Balconista= 1 Motorista= 1 Vigilante= 1 Instalador cortina= 1 Autônomo = 1

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

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Após o levantamento das informações referentes à idade, escolaridade, nº de filhos e

estado civil, constatou-se que os homens que acessam a Atenção Básica, em sua maioria são

casados, possuem de 0 a 4 filhos e a escolaridade predominante é 1° grau completo. Tem em

média 45 anos, sendo maior parte adultos, na faixa etária de 40 a 59 anos (60%), e adultos

jovens (20 e 39 anos), representando 40%. Em relação à atividade laboral, 4 encontram-se

aposentados, os demais estão inseridos de maneira formal e informal no mercado de trabalho.

Dentre as atividades profissionais, destaca-se: pedreiro, eletricista, balconista, motorista,

vigilante, colocador de cortina e autônomo.

Santiago e colaboradores (2015), afirmam que a maioria dos homens que acessam os

serviços de Atenção Primária a Saúde do Brasil são de baixa escolaridade e condição

socioeconômica, corroborando com os achados deste estudo.

Daher (2015) em seu estudo sobre o acesso dos homens na atenção básica, mostra que

em relação ao perfil desta população a média de idade dos homens que procuraram

atendimento na unidade de saúde (41 anos) foi maior do que aqueles que não procuraram (38

anos). Quanto à escolaridade, aqueles que têm de 0 a 8 anos de estudo mostraram maior

frequência na procura por atendimento do que aqueles com mais de 12 anos de estudo. As

seguintes características não apresentaram associação estatística com a busca por atendimento:

raça/cor, situação conjugal e distância da residência.

De acordo com o estudo de Knauth (2012), que analisou a percepção dos profissionais

da Atenção Básica de Saúde sobre o acesso de homens aos serviços, a população masculina

representa no máximo entre 30% e 40% da demanda. Reconhecem, contudo, que esta situação

está se modificando rapidamente, visto que na atualidade o número de homens que acessam a

ABS já é superior ao observado há alguns anos. Os homens identificados pelos profissionais

da saúde como frequentadores dos serviços são divididos em duas categorias: trabalhadores e

idosos. O primeiro grupo, minoritário, é formado por homens entre 30 e 50 anos e se

caracteriza por estar exercendo atividade remunerada, ser trabalhador e ter pouco tempo

disponível para acessar o serviço de saúde, já que estes serviços apenas estão disponíveis no

mesmo horário laboral dos trabalhadores. Já o segundo grupo, que contempla a maior parte

dos homens, frequenta a unidade de saúde em razão de alguma doença crônica como por

exemplo a hipertensão arterial e ou diabetes mellitus – para consulta de rotina, busca de

receita ou de um medicamento.

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4.2 ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS E AS CATEGORIAS GERADAS

4.2.1 CATEGORIA 1 – O ACESSO SE EFETIVA SOMENTE NA NECESSIDADE DE

SAÚDE JÁ INSTALADA

Apresentamos a seguir os quadros que demonstram a relação entre os discursos e a categoria surgida dos mesmos. Em seguida passamos a analisá-los.

QUESTÃO

ORIENTADORA FRAGMENTOS DO

DISCURSO CATEGORIA

1ª QUESTÃO

Quando o senhor acha necessário procurar o serviço de

saúde?

É necessário sempre para saber como como anda a saúde da gente. Vai esperar para ficar doente para poder procurar a saúde. Eu infelizmente não procurava a saúde porque era motorista de ônibus, trabalhava o dia todo e não tinha tempo. Agora eu tô aposentado. E1 O ideal seria para precaução, mas normalmente a gente procura quando precisa. E2 Quando eu preciso, quando tô doente. E3. Quando eu tenho alguma emergência. E4. O certo é a gente fazer exame periodicamente, mas nem sempre é assim. Eu só procuro quando sinto alguma coisa. Eu nunca liguei pra minha saúde, eu fumava, bebia, usava drogas, ficava noites sem dormir, agora que eu estou começando a me tratar. E5 Toda vez que tem necessidade da pessoa, uma doença. E6 Normalmente a gente procura quando está passando mal ne, quando a situação aperta mesmo, não tem jeito. E7 Quanto tô mal. E8 Se sentir qualquer coisinha até o frio no pescoço já é para procurar. E9 Quando a gente está trabalhando dificilmente a gente procura, porque a gente tem medo de faltar o trabalho e ser mandado embora. E10 Sempre. Anualmente. E11 Na maioria das vezes eu procuro quando estou me sentindo mal, ai começo a tomar minhas providências, a procura um médico... só quando estou mal, ai procuro, e já faço um check-up, faço exame de sangue, radiografia. E12 Eu procuro quando estou precisando, quando estou sentindo alguma dor, passando mal, normalmente é assim. E13 Só quando precisa. E14 Quando estou me sentindo mal. E15.

O acesso se efetiva

somente na

necessidade de saúde já

instalada

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Assim, ao serem questionados sobre quando é necessário procurar o serviço básico de

saúde, assim se expressaram os participantes:

Quando eu preciso, apenas quando tô doente. (E3) Quando eu tenho alguma emergência. (E4) O certo é a gente fazer exame periodicamente, mas nem sempre é assim. Eu só procuro quando sinto alguma coisa. Eu nunca liguei pra minha saúde, eu fumava, bebia, usava drogas, ficava noites sem dormir, agora que eu estou começando a me tratar. (E5).

A busca ao serviço se dá quando já há uma morbidade perceptível da doença,

ocasionando malefícios para si e um maior custo para o sistema de saúde. Isto porque quando

buscam o serviço, geralmente optam ou, de fato, necessitam de uma assistência de

complexidade secundária e terciária, distanciando-se da assistência primária (SCHWARZ e

colaboradores., 2012).

Quando o homem busca os serviços de saúde para atendimento, apresenta um

determinado grau de gravidade e complexidade que dificulta ou interfere na terapêutica

(ALMEIDA, 2014).

Em um estudo realizado sobre a busca dos homens por atendimento na atenção básica,

mostra que a procura por serviços de saúde, ainda se apresentam conectada a algum problema,

seja agudo ou crônico (DAHER,2015).

Os homens brasileiros, ao contrário das mulheres, procuram diminutamente os serviços

de Atenção Primária à Saúde. Por outro lado, nos setores emergenciais a presença masculina é

mais comum, em decorrência, sobretudo, dos motivos de sua entrada no serviço – causas

externas e agudização de condições crônicas sensíveis à atenção primária e pela necessidade

que eles demonstram de rápida resolução de seus problemas de saúde (ARRUDA,2015).

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4.2.2 CATEGORIA 2 – AO ACESSAR O SERVIÇO DE SAÚDE A RESOLUTIVIDADE

DOS PROBLEMAS PREVALECE.

QUESTÃO

ORIENTADORA FRAGMENTOS DO

DISCURSO CATEGORIA

2ª QUESTÃO

Quando procura o posto de saúde seus problemas são

resolvidos ?

Sim. Sempre. E1 Sempre foram. Sempre me consulto aqui. E2 São. E3 Sim. E4 Nem sempre. As vezes nem é culpa deles, na correria do dia a dia nós esquecemos das consultas, de se cuidar. E5 Nem sempre. Hoje por exemplo, eu ia procurar um neurologista, para mostrar os exames que ficaram prontos, mas ele já foi embora. Eles atendem uma quantidade de pessoas e vão embora. E6. São. Aqui as poucas vezes que fui atendido, não tive problemas não. E7. Sim. Até porque não tenho muitos problemas graves de saúde não. E8 Sim, sim. São muito envolvidos no trabalho, tentam te ajudar da forma que podem. E9 São. E10 São. E11 São sim. Eu moro aqui ao lado, e toda vez que eu venho aqui, é muito difícil eu vim aqui, mas quando eu venho é satisfatório. Não tenho do que reclamar não. E12. Razoável, não totalmente. Demora muito. Por isso, que algumas pessoas não vem, principalmente os homens, não tem atendimento. Por exemplo, só consegue marcar para daqui a dois meses, demora muito pra consulta. E13. Nem sempre. Olha quanto tempo eu estou esperando para pegar o meu remédio. E14. Sim. E15.

Ao acessar o

serviço de saúde a

resolutividade

dos problemas prevalece.

A visão do usuário sobre determinado serviço de saúde é particular, é singular, ou seja,

cada um deles tem uma visão diferenciada do atendimento realizado. E parece que este fato

está ligado diretamente ao profissional de saúde que realizou o atendimento. Quando o

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profissional acolhe, criando vínculos e buscando resolver as demandas trazidas, os usuários

dizem-se satisfeitos. No entanto, todos disseram desconhecer os critérios que se utiliza para

definir a qualidade do serviço. Também é difícil identificar o que significa para ele um serviço

ser capaz de resolver seu problema de saúde. Ao analisar as respostas referentes a

resolutividade dos problemas após o atendimento, constatou-se que 80% dos entrevistados,

afirmaram que os problemas foram solucionados, como mostram alguns depoimentos abaixo:

Sim. Sempre. (E1) Sempre foram. Sempre me consulto aqui.( E2) São. Aqui as poucas vezes que fui atendido, não tive problemas não. (E 7).

A resolutividade na atenção primária à saúde está associada ao recurso instrumental e

ao conhecimento técnico dos profissionais, como também à ação acolhedora, ao vínculo que

se estabelece com o usuário, ao significado que se dá na relação profissional/usuário, que

sugere o encontro de sujeitos com o sentido de atuar sobre o campo da saúde e proporcionar

satisfação ao usuário (PELEGRINI, 2011).

Bezerra (2014) considera-se resolutividade a resposta satisfatória que o serviço fornece

ao usuário quando busca atendimento a alguma necessidade de saúde. Essa resposta não

compreende, exclusivamente, a cura de doenças, mas, também, o alívio ou a minimização do

sofrimento, a promoção e a manutenção da saúde. Por sua vez, a resolutividade pode ser

avaliada em dois aspectos: no próprio serviço, quanto à capacidade de atender à sua demanda

e no encaminhamento dos casos que necessitam de atendimentos mais especializados dentro

do sistema de saúde, que se estendem desde a consulta inicial, os exames e o tratamento do

usuário no serviço de Atenção Primária à Saúde (APS) até a solução de seu problema em

outros níveis de atenção.

De acordo com Marzari (2011), a resolutividade dos problemas de saúde envolve

aspectos inerentes à demanda, à satisfação do cliente, às tecnologias dos serviços de saúde, à

existência de um sistema de referência preestabelecido, à acessibilidade dos serviços, à

formação dos recursos humanos, às necessidades de saúde da população, à adesão ao

tratamento, aos aspectos culturais e socioeconômicos da clientela, entre outros.

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4.2.3 CATEGORIA 3 – AVALIAÇÃO POSITIVA DO ATENDIMENTO OFERTADO

QUESTÃO

ORIENTADORA FRAGMENTOS DO

DISCURSO CATEGORIA

3ª QUESTÃO

Como o senhor avalia os

cuidados à saúde

realizados pelos

profissionais da Unidade

de saúde?

- Eles são muito cuidadosos, só quando eles não podem fazer, eles ficam até chateados, mas sempre sou bem atendido, não tenho o que reclamar deles. E1 - São bem atenciosos e procuram fazer o máximo que eles podem, para satisfazer o á paciente. Todas as vezes que eu e minha família estivemos aqui, o atendimento foi ótimo. E2 - Bom. E3. - Depende do horário que eu vou ao médico, se eu for no horário de pico de atendimento eles muito mal vão me olhar, vão me receitar alguma coisa que talvez nem pro problema que eu tenho. Se for no horário mais tranquilo, que pelo que ouvi falar, é no horário da madrugada e da manhã, os profissionais prestam mais atenção. E4. - Eles fazem o que podem. A situação da saúde no geral está difícil, os profissionais recebem baixo salário, trabalham em lugares diferentes. Mas no serviço público tem que ter muita paciência, tem dia que não dá nem para entrar aqui. As vezes você chega cedo para consulta, e depois de ficar esperando recebe a notícia de que o médico não veio ou não vai vir, a tem que remarcar pra depois de 15 dias ou 1 mês. O tempo que eu tô esperando entre os exames ficarem pronto pra trazer pra consulta foi de 3 meses ou mais, Ai eu vim pra trazer os resultados o médico tinha faltado. Ai remarcaram pra 15 dias depois, no caso hoje. E5 - De modo geral aqui é bom. Só tem esses imprevistos com o especialista, nem sempre você consegue. E6 - Tem profissionais que são ótimos ne, tem uns que são mais ignorantes e arrogantes. Aqui, graças a Deus eu fui atendido com profissionalismo. E7. - Bom, nas condições em que eles trabalham, ta bom. E8 - Acho um dos melhores E9. - Eu tenho problema e procuro o ortopedista, para mim tem sido mais ou menos. Os outros (especialidades) tem sido bom. E 10 - Boa. O atendimento demora, mas quando acontece, ele é bom. E11. - Varia de profissional pra profissional, nunca são iguais ao outro, uns são delicados, atenciosos, outros mais fechados. E12. - É bom, não é ruim não. Eles atendem bem, mas demora, só isso. E13. - Não é todos que são iguais não. Uns se preocupam em te ajudar, resolver seu caso. Outros fazem você esperar, te atendem de qualquer jeito. E14. - Bom atendimento. Atencioso e rapidez. E15

Avaliação positiva do atendimento ofertado

Os homens, em sua maioria, expressaram satisfação em relação ao atendimento ofertado pelos profissionais, destacando as características pessoais que os agradaram:

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São bem atenciosos e procuram fazer o máximo que eles podem, para satisfazer o paciente. Todas as vezes que eu e minha família estivemos aqui, o atendimento foi ótimo. (E2)

Eles são muito cuidadosos, só quando eles não podem fazer, eles ficam até chateados, mas sempre sou bem atendido, não tenho o que reclamar deles. (E 1) Bom atendimento. Atencioso e rapidez. (E5).

Para Martha (2012) é necessário ampliar e promover a participação social dos usuários

com a busca de maior co-responsabilização na gestão e controle do programa. Esta ampliação

da participação se consolida na medida em que se viabiliza a capacidade de grupos de

interesse em influenciar, direta ou indiretamente, a formulação de gestão de políticas públicas.

Cabral e Vasconcelos apud Dias e colaboradores (2012) enfatizam que, considerando o

nível de satisfação do usuário, a avaliação da qualidade de assistência à saúde deve aferir o

ajuste do serviço à demanda e ser capaz de detectar em que medida esse serviço atende ou não

às expectativas. Esta avaliação é de suma importância para orientar os gestores.

A atuação de profissionais sensibilizados com o cuidado, torna possível o

compartilhamento de saberes e troca de experiência, efetivando o estabelecimento de vínculo

usuário/profissional/serviço que auxiliará no controle da doença. O cliente estando satisfeito

com a assistência, como foi o caso da maioria nesse estudo, externa a boa relação com a

equipe de saúde e uma maior frequência nas consultas. Por outro lado, vale destacar que nem

sempre a satisfação se remete a qualidade da assistência, e sim, ao fato de se ter acesso aos

serviços: médicos, enfermagem, medicação, dentre outros (LUCENA e colaboradores,2015).

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4.2.4 CATEGORIA 4: BEM ESTAR COMO CONCEITO DE SAÚDE QUESTÃO

ORIENTADORA FRAGMENTOS DO

DISCURSO CATEGORIA

4° QUESTÃO

O que é saúde para o senhor?

- Saúde é estar bem com a vida, feliz. Sem saúde a gente não tem felicidade. E1 - A princípio estar bem consigo mesmo, sem dores. A gente entende que pra ter uma saúde física boa, tem que ter uma saúde espiritual boa também. E2 - A saúde é fundamental, sem saúde não somos ninguém. E3 Está se sentindo bem, estar com disposição para desenvolver atividades. E4 - Saúde é quando você está se sentindo bem, com disposição, sem dores. E5 - É o principal na vida do homem. Ele tendo saúde, tudo resolvido, as coisas são executadas, a partir do momento que se tem saúde e disposição de viver, o resto você resolve. Sem saúde não tem como fazer nada. E6 - É tudo ne, é prevenção. E7 - A saúde eu entendo como corpo físico bom, em pleno funcionamento E8. - Eu entendo saúde como estar bem, sem sentir nada E9 - A saúde pra mim é tudo. Só que é como falei pra você, eu estava no trabalho, e me botaram como invalidez, agora estou tentando reverter isso. E10 - É estar vivo, bem consigo mesmo. E11 - É tudo, se cuidar, estar sempre se cuidando, principalmente o homem E12. - Bem estar da pessoa, estar se sentindo bem. Se você não estiver se sentindo bem, você deve buscar ajuda, fazer um acompanhamento. E13 - É tudo, a gente sem saúde não é nada. E14 - Bem-estar, estar bem consigo mesmo. E15

Bem estar como conceito de saúde

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Os homens, predominantemente, associaram o termo saúde a bem-estar e ausência de

sintomatologia dolorosa. É possível perceber que a saúde representa algo importante na vida

dos entrevistados e principalmente necessário para sentir-se bem. Como observado a seguir:

A princípio estar bem consigo mesmo, sem dores. A gente entende que pra ter uma saúde física boa, tem que ter uma saúde espiritual boa também. (E2) Saúde é quando você está se sentindo bem, com disposição, sem dores. (E5) Eu entendo saúde como estar bem, sem sentir nada. (E9).

Araújo (2014) em sua revisão bibliográfica aponta que de acordo com a Organização

Mundial de Saúde (OMS), organismo sanitário internacional integrante da Organização das

Nações Unidas (ONU), fundada em 1948, define saúde como o estado do mais completo

bemestar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença.

Para Damolin e colaboradores (2011, p.71), o entendimento de que o conceito de saúde

está associado apenas à ausência de doença é um enfoque reducionista, pois, o processo de

viver com ou sem saúde não pode ser reduzido a uma dimensão unicamente orgânica e

objetiva, precisa levar em conta a individualidade e características socioculturais de cada

indivíduo.

O homem, de maneira geral, é educado para ser uma pessoa forte e que protege o

grupo familiar. Adoecer, nessa situação, significa reconhecer uma limitação, se configura

como um sinal de fraqueza. O homem associa o conceito de saúde à ausência de doença, pois,

estar enfermo é carecer de cuidados, depender de alguém e mostrar-se frágil, o que não

corresponde a figura do masculino construída histórica e culturalmente (SCHNEIDER, 2014,

p. 83).

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4.2.5 CATEGORIA 5: A AUSÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

QUESTÃO

ORIENTADORA FRAGMENTOS DO

DISCURSO CATEGORIA

5° QUESTÃO

O senhor participa de alguma atividade realizada aqui no

posto para os doentes?

Não. E1 Não. E2 Não. E3 Não. E4 Não. E5 Não. E6 Não. E7 Não. E8 Não. E9. Não. E10 Não. E11 Não. E12 Não. E13 Não. E14 Não. E15

A ausência de participação em atividades de promoção da

saúde

Os entrevistados em sua totalidade (100%), afirmaram não participar das atividades de promoção à saúde, oferecidas pela Unidade de Atenção Básica.

Em seu estudo, Nunes (2014), constata que nos serviços de atenção primária à saúde,

não existem programas específicos que contemplem os homens, estando eles inseridos em

meio a outros programas, como os voltados para a atenção de idosos, hipertensos e diabéticos.

Isso dificulta aproximação dos homens com os serviços básicos de saúde, uma vez que

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percebem que este espaço não lhes pertence. Nunes ainda firma que, há duas grandes barreiras

institucionais, uma delas é a barreira institucional, o qual os serviços privilegiam ações

voltadas para a saúde da criança, do adolescente, da mulher e dos idosos.

Fortunato e colaboradores (2014) acreditam que da mesma maneira que os homens não

costumam acessar os serviços de saúde por diversos motivos ligados à construção da

masculinidade, estes também durante o seu processo de envelhecimento não buscam participar

de projetos sistematizados de atividade educacional. Assim, entende-se que a mesma

percepção de que os serviços de saúde não condizem com o estereótipo da figura masculina,

os programas de atividades educacionais não se caracterizam como ambientes voltados ao

masculino.

Em vista dessa ausência dos homens nos grupos educacionais, Neto (2015) conclui que

há necessidade da implementação sistemática e contínua de ações que auxiliem na mudança

do comportamento masculino em relação ao cuidado em saúde, de modo a desconstruir

padrões culturais instituídos ao longo das gerações, reconstruindo-os de forma salutar.

4.2.6 CATEGORIA 6: O TEMPO COMO LIMITADOR DA ACESSIBILIDADE

QUESTÃO

ORIENTADORA FRAGMENTOS DO DISCURSO

CATEGORIA

6° QUESTÃO

O que o senhor acha que ajuda e o que dificulta a

sua procura pelo posto de saúde?

- Agora não tenho dificuldade, tô sempre procurando. Tô fazendo tratamento, já operei a próstata, no hospital Lourenço de Freitas e fui muito bem atendido. Atendimento lá é nota 1000. E1 - A demora quando vai marcar as consultas, o prazo se torna muito longo. Demora muito ser atendido. E2. - A gente não pode vir direto, precisa do encaminhamento médico. E isso eu acho bem demorado. E3. - Eu acho que o tempo de espera que leva da marcação até a consulta. Demora meses as vezes. Então acabo desistindo de procurar o serviço. E4. - Desanima quando vê a dificuldade que é para conseguir o tratamento. O tempo de espera para

O tempo como limitador do acesso.

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ser atendido. E5

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Demora demais para ser atendido. Principalmente as especialidades, tem que esperar marcar, as vezes demora 3,6 meses e o médico nem atende. Então tem que marcar com antecedência. E tem vezes que você consegue atendimento pelo encaixe. O número de médicos especialistas é pouco: Urologista só tem 1, neurologia só tem 1. Se tivesse mais médicos, talvez o atendimento fosse mais rápido. E6. - A preguiça. O homem é meio preguiçoso quando se trata da saúde. O homem não gosta de esperar muito. E7 - O tempo. Disponibilidade do próprio posto. É difícil, chega aqui, tem que passar o dia aqui. Eu por exemplo sei que vou passar a tarde toda aqui, cheguei às 7h da manhã e vou saír daqui umas 17, 18 h, pois é encaixe. Porque pra marcar não consigo. E8. - Vergonha. O homem sempre tem um pouco de vergonha para fazer um exame ou qualquer outra coisa, por exemplo, o exame de próstata e por ai a fora. Mas não é o meu caso, faço sem problema algum. E9. - Se eu estiver trabalhando fica difícil, mas se eu estiver desempregado eu procuro. Como agora, agora eu tô parado. E10. - Eu acho que é por causa do corrupção em que estamos vivendo. Porque a gente procura a policlínica e não tem médico, o aparelho de eletrocardiograma, Raio X estão quebrados ou então demora o atendimento. E11. - Eu acho que é próprio do homem mesmo, a gente não tem muito tempo e passa tão rápido, quando a gente se dá conta, já está cheio de problemas. Ai quando eu vejo que estou com problemas, eu paro e vou me consultar. E12. - O que dificulta e ajuda ao mesmo tempo: O acesso. O acesso é rápido, o que dificulta, mas é a demora do atendimento. Às vezes eu marco a consulta, e é numa data tão distante que eu até esqueço e passa da data. E13. - O tempo pra ser atendido, até uma coisa que deverias ser rápida, como a retirada de uma medicação, é complicada. E14. - Nada dificulta. Procuro quando estou doente. Se não estiver, não procuro. E15.

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Constatou-se pelas horas de observação realizadas em campo que os entrevistados

mostram impaciência durante a espera por atendimento:

A demora quando vai marcar as consultas, o prazo se torna muito longo. Demora muito ser atendido. (E2). Eu acho que o tempo de espera que leva da marcação até a consulta. Demora meses as vezes. Então acabo desistindo de procurar o serviço. (E4)

Demora demais para ser atendido. Principalmente as especialidades, tem que esperar marcar, as vezes demora 3,6 meses e o médico nem atende. Então tem que marcar com antecedência. E tem vezes que você consegue atendimento pelo encaixe. O número de médicos especialistas é pouco: Urologista só tem 1, neurologia só tem 1. Se tivesse mais médicos, talvez o atendimento fosse mais rápido. (E6).

Os homens ainda procuram os serviços emergenciais pela (in)disponibilidade de tempo

ou por considerarem a assistência de melhor qualidade, sobretudo ao tomarem a quantidade de

profissionais como indicador do bom atendimento (ARRUDA, 2015).

Assim, os homens só procuram por serviços de saúde, quando acometidos por alguma

enfermidade, tornando-se desmotivador a busca por serviços de prevenção de doenças,

quando precisam conviver com a longa espera por atendimento, dessa forma gerando a evasão

dos mesmos nesses serviços, bem como, a ausência de retorno dos homens após atendimento,

dificultando cada vez mais a inserção da população masculina nos serviços de saúde primária

(HENRIQUES,2014).

A espera em filas por atendimento nas unidades básicas de saúde é apontada como

fator contribuinte para a pouca frequência com que o público masculino usufrui de tais

serviços. Além disso, os horários de funcionamento destes serviços são incompatíveis com a

jornada de trabalho dos indivíduos inseridos no mercado formal, o que dificulta a

acessibilidade do homem, pois existe o receio em serem prejudicados por se ausentarem do

trabalho para buscar assistência à saúde (MARTINS,2013).

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Foi apontado também nas narrativas a inexistência de tempo para dedicarem-se a sua

saúde, por conta da dinâmica da vida laboral:

Se eu estiver trabalhando fica difícil, mas se eu estiver desempregado eu procuro. Como agora, agora eu tô parado. (E10). Eu acho que é próprio do homem mesmo, a gente não tem muito tempo e passa tão rápido, quando a gente se dá conta, já está cheio de problemas. Ai quando eu vejo que estou com problemas, eu paro e vou me consultar. (E12).

É visto que a maioria da amostragem está inserida no mercado de trabalho, de modo

formal e informal, situação que dificulta a ida destes aos serviços de atenção à saúde, devido à

incompatibilidade entre os horários de funcionamento dos serviços com os da disponibilidade

após suas atividades laborais:

“O fato de parcela importante de a clientela masculina estar inserida no mercado

formal de trabalho é apontado como uma das razões da baixa procura dos serviços

de saúde pelos homens. O receio em ser penalizado no trabalho por se ausentar para

consulta médica, mesmo que ganhem atestado para tal, é um dos motivos que afasta

os homens dos serviços” (KNAUTH,2012, p. 2620)

O homem traz consigo a responsabilidade de provedor, papel esse atribuído a eles

historicamente, tornando-se prioridade para os mesmos, por possibilitar o cumprimento de

suas obrigações. Dessa maneira, demonstram inconveniência em procurar pelo cuidado da sua

saúde, mencionando a falta de tempo relacionado ao trabalho (HENRIQUES,2014).

Knauth (2012) também aponta que além deste fator, os entrevistados sinalizam para o

fato de que muitas empresas e indústrias locais só abonam a falta mediante atestado médico, o

que não é fornecido pelos serviços de saúde no caso de marcação de consulta, participação de

grupos, busca de medicamentos e outras atividades vinculadas à prevenção.

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4.2.7 CATEGORIA 7: PLURALIDADE DE MODOS DE CUIDAR DA SAÚDE

QUESTÃO

ORIENTADORA FRAGMENTOS DO

DISCURSO CATEGORIA

7ª QUESTÃO

E o que faz em casa para cuidar da sua saúde?

Sempre venho no posto, marco as consultas, em casa eu faço meus exercícios: capino, lavo, arranco planta e planto outra, lavo, passo... E1 Manter a paz e a tranquilidade. E2 Faço dieta. E3 Hábitos de higiene. Entrevistado 4 Nada. Não faço atividade física nenhuma, E 5 Me alimento bem. Não fumo, não bebo. E6 No momento nada. E7 Procuro fazer exercícios, porque eu faço fisioterapia e RPG e procuro fazer em casa os exercícios que me passam, para eu melhorar um pouco. A alimentação também, eu procuro não comer tantas besteiras, e sim uma comida mais saudável, sem frituras, frango, folhas, legumes. E8 Eu faço atividade física, eu praticamente moro dentro da academia. E9 Tomar os remédios em dia na hora certa, e alimentação conforme manda o figurino ne. E10. Eu procuro comer arroz, feijão, muito alface, bastante folha, frango, comida saudável, diminui muito carne vermelha. E11. Procuro me alimentar bem, comer bastante fruta, verdura peixe. Eu gosto muito. Mas não fico só nisso, de vez em quando eu extrapolo. Mas procuro evitar. Não bebo refrigerante. E12. Alimentação. Procuro me alimentar melhor, legumes, frutas. E13. Faço nada. Eu fumo o dia todo e bebo o dia todo. E14. Me alimento bem, como comidas menos gordurosas, não como muitas besteiras. Procuro fazer atividades físicas. E15.

Pluralidade de modos de cuidar da saúde.

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Os depoimentos apontam que, para os homens, o método mais utilizado para cuidar da

saúde no seu domicílio é ter uma “boa alimentação”, associada à prática de exercícios, como

destacam abaixo:

Me alimento bem. Não fumo, não bebo (E6).

Procuro fazer exercícios, porque eu faço fisioterapia e RPG e procuro fazer em casa os exercícios que me passam, para eu melhorar um pouco. A alimentação também, eu procuro não comer tantas besteiras, e sim uma comida mais saudável, sem frituras, frango, folhas, legumes (E8)

Eu faço atividade física, eu praticamente moro dentro da academia. (E9)

Uma alimentação saudável, entendida como um direito humano, compreende um

padrão alimentar adequado às necessidades biológicas e sociais dos indivíduos de acordo com

as fases do curso da vida. Além disso, uma alimentação saudável deve ser baseada em práticas

alimentares assumindo os significados socioculturais dos alimentos como fundamento básico

conceitual (BRASIL, 2012).

De acordo com Melo (2011) a alimentação é um objeto histórico e cultural, e desse

modo, passíveis de controle social. As percepções e os conceitos acerca do que é saúde, bem

como do que é alimentação saudável, são mutantes e se reconstroem no cotidiano dos sujeitos

e das coletividades.

O aumento dos níveis de Atividade Física é reconhecido como uma das mais

importantes formas para manter uma vida saudável. Não se trata somente de atividades

sistematizadas, pode ser praticada no lazer, no trabalho, em tarefas domésticas e no

deslocamento, em intensidades moderadas e/ou vigorosas (PELEGRINI,2015).

De acordo com Del Duca (2014), no Brasil, aproximadamente 41,2% dos homens são

ativos, enquanto nas mulheres este número é de 27,4%. Embora essa população apresente

maiores níveis de atividade física em comparação às mulheres, é notável que na maior parte

dos casos, são os homens que apresentam maior incidência de doenças crônicas, e com o

avanço da idade, taxa de mortalidade mais elevada.

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A “alimentação saudável” foi caracterizada em comer frutas, verduras e legumes.

Foram também feitas associações entre comida saudável e a ausência de gorduras e óleo, e a

presença de carnes:

Me alimento bem, como comidas menos gordurosas, não como muitas besteiras. Procuro fazer atividades físicas. (E15). Eu procuro comer arroz, feijão, muito alface, bastante folha, frango, comida saudável, diminui muito carne vermelha. (E11).

No contexto alimentar contemporâneo, a alimentação adequada é um dos hábitos de

um modo de viver saudável que se define na busca pela moderação alimentar, seguindo uma

proposição de alimentação saudável pautada, na maioria das vezes, na dicotomia entre

permitido e proibido (MELO, 2011).

De acordo com os resultados encontrados observa-se que as diferentes medidas de

prevenção em saúde adotadas pelos homens possuem relação com as concepções reproduzidas

sobre o processo de causalidade das doenças como, por exemplo, a influência da dieta

alimentar insalubre. Para os homens, os cuidados com a saúde resultam na manutenção de um

corpo produtivo e livre de doenças, as quais podem expor o corpo masculino à situações de

restrição e de exposição das limitações e fragilidades (MARTINS,2012).

A preservação de boas condições fisiológicas, perpassam as práticas masculinas de

prevenção, uma vez que a procura pelo bem-estar e pela manutenção de um corpo capaz e

eficiente pode ter relação com a necessidade de trabalhar e de não perder seu lugar no espaço

de trabalho, como já relatado na literatura (FIGUEIREDO, 2011).

4.2.8 CATEGORIA 8: A BUSCA POR ATENDIMENTO ESPECIALIZADO É PRIORIDADE.

QUESTÃO ORIENTADORA

FRAGMENTOS DO DISCURSO

CATEGORIA

QUESTÃO

O homem hoje em dia é preconceituoso, tem medo de ir ao médico. Eu não tenho esse negócio. Sempre quando posso vou ao médico. Tô fazendo acompanhamento com o urologista. E1 Procuro um médico. O que eu observo é que eles só procuram quando está sentindo alguma coisa, ele não faz um trabalho de prevenção. Difícil ver alguém que procura para prevenir, quando procura é porque já houve algum problema ou está sentindo algum problema. E2

A busca por atendimento

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O que os homens da sua idade fazem

quando estão com algum problema de

saúde?

Eles devem fazer igual a mim. Procurar o serviço de saúde, o médico, um especialista. E3. Eu acredito que eles esperam pra ver se o problema é sério, se ele achar que aquilo pode atingir ele de um modo mais grave, como levar a morte por exemplo, ele procura o serviço de saúde. Mas se ele achar que é algo que vai melhorar, sozinho, ele não procura. E4 Procuram uma emergência ou um atendimento médico, quando o problema não passa. E5. Inicialmente eles não procuram assistência médica, eles deixam rolar. Só procuram nas últimas consequências. E6. Se assusta, fica preocupado com a morte. E rapidamente começa a correr atrás, se policiar mais na hora de comer, de fazer as coisas. E7. Acho que não fazem nada, continuam levando o sustento pra casa Fazem nada, eles esperam em casa, pela mulher, pela família. De um modo geral é assim. E8. Procuram logo um médico. E9. Eles se recusam. Quando chega nessa idade de 40 para cima, se recusam a fazer exames, como o de próstata. E10. Eles têm preconceito. E11 Eu acho que alguns procuram médico para se tratar, outros tem preguiça, não se incomodam. E12. Procuram se cuidar mais, ajuda médica, mas só quando estão com algum problema de saúde, a maioria é assim. E13. Só procuram o médico quando está brabo, fora isso ele não vai, não. E14. Procura um atendimento médico. E15

especializado é prioridade.

Os depoimentos apontam que a busca por atendimento especializado e de emergência é

a principal escolha, no momento de optar por algum atendimento em saúde:

Procura um médico. O que eu observo é que eles só procuram quando está sentindo alguma coisa, ele não faz um trabalho de prevenção. Difícil ver alguém que procura para prevenir, quando procura é porque já houve algum problema ou está sentindo algum problema. E2. Eles devem fazer igual a mim. Procurar o serviço de saúde, o médico, um especialista. E3. Procuram uma emergência ou um atendimento médico, quando o problema não passar E5.

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A PNAISH ainda afirma que os homens acessam os serviços de saúde, buscando

atenção especializada, através de serviços de média e alta complexidade. (BRASIL, 2008, p.

05).

Knauth (2012), em seu estudo com foco na visão dos trabalhadores, no tocante da

motivação e da busca de assistência à saúde, revela e confirma expressões que opõe o

masculino do feminino, de modo que os homens buscam por mais ações curativas e as

mulheres buscam por atendimentos para prevenção. Os serviços mais procurados ou que tem

maior participação dos homens, são nas atividades/ações voltadas às suas demandas

específicas (problemas urológicos). A saúde do homem estaria sendo reduzida à saúde

urológica e, mais do que isso, a política estaria enfatizando em particular o câncer prostático,

em detrimento de outros problemas que prejudicam a saúde e a qualidade de vida dos homens.

Três dos homens participantes relataram que procuravam atendimento médico, quando

doentes, enfatizaram que o faziam somente em situações extremadas confirmando a

resistência da população masculina em se reconhecer com algum problema de saúde.

Inicialmente eles não procuram assistência médica, eles deixam rolar. Só procuram nas últimas consequências. (E6).

Só procuram o médico quando está brabo, fora isso ele não vai, não. (E13). Procuram uma emergência ou um atendimento médico, quando o problema não passa. (E5).

Culturalmente, tomando como base vários estudos, os homens buscam por serviços de

saúde quando um problema já está instalado, perpetuando a visão curativa do processo

saúdedoença e ignorando as medidas de prevenção e promoção da saúde disponíveis no

âmbito da Atenção Básica de Saúde (CAMPANUCCI,2011).

Amorim e colaboradores (2016) também reforça estes os achados ao salientarem que a

procura por serviços de saúde, no âmbito da população masculina, dá-se principalmente por

serviços emergenciais, como pronto-socorro e farmácias e, nesse último caso, configura-se

para os homens como uma atenção semiprofissional de modo que, sem perda de tempo e

necessidade de marcação de consulta, os homens tendem a solucionar seus problemas de

saúde.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o público masculino aqui pesquisado ainda representa a minoria dos

usuários da Atenção Básica em Saúde, visto que a prioridade de acesso dos mesmos, aos

serviços de saúde são para a atenção especializada e urgência e emergência. Isso é reflexo de

uma construção sócio cultural masculina que se perpetua ao longo da história das sociedades

ocidentais modernas onde, estes sujeitos masculinos são compreendidos e se veem como

autossuficientes e fortes, e assim não se permitem estar no papel de enfermos, considerando

esta, uma forma de fragilidade.

Além disso, foi possível comprovar a dinâmica da rede de saúde como uma barreira,

onde o tempo de espera para o atendimento foi a principal queixa dos homens, fato que os

impediam ou dificultavam de acessar a Unidade de Saúde Básica, principalmente em função

da demanda masculina de objetividade e rapidez. O tempo entre o agendamento e o momento

da execução do procedimento (da consulta por exemplo), pode levar até meses, e isso

desestimula estes homens a acessarem esse tipo de serviço na medida em que afeta e

compromete a atividade laboral, tendo que se ausentar do trabalho e poder sofrer medidas

repressivas como perda de salário ou até mesmo do emprego.

É complicado pelo fato do serviço de saúde não disponibilizar atestado para abono da

falta, e sim uma declaração de comparecimento e isso não atende a necessidade do

trabalhador. Desse modo o conjunto de deficiências da rede de atendimento à saúde do

município pesquisado impacta diretamente sobre a credibilidade do trabalho do profissional e

da unidade de saúde.

É em consequência dessas dificuldades, que a atenção especializada é a mais acessada

e torna-se mais atrativa para os homens, pois nestes cenários o atendimento funciona de forma

mais objetiva, direcionada e resolutiva para a demanda daquele momento.

Neste sentido que a ampliação do horário de funcionamento das unidades básicas de

saúde para um turno noturno é percebida e defendida como uma medida urgente que poderá

rever esta atual situação e deste modo atrair um maior número de usuários homens, trazendo

melhorias na organização das atividades, dentre as quais se destaca a ampliação do acesso e

participação nas atividades de promoção da saúde.

Destaca-se a importância de realização de estudos posteriores com homens que não

frequentam as Unidades de Atenção Básica de Saúde, com a finalidade de conhecer o seu

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perfil epidemiológico, suas demandas e necessidades em saúde de forma que contribua para a

construção de subsídios para ações e políticas de saúde pública que contemplem este

segmento populacional e suas especificidades.

Sobre o conceito de saúde, a população estudada a concebe como sinônimo de bem-

estar, de não estar doente, de ter hábitos e estilo de vida saudáveis, sendo a alimentação e a

atividade física as principais formas de manutenção da saúde citadas.

A alimentação e nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção

da saúde e potencializam o crescimento e desenvolvimento humano com qualidade de vida e

cidadania. Ao considerarem a alimentação saudável, os entrevistados a definem como o

consumo de frutas, legumes e verduras, além do controle da ingestão de gorduras.

A atividade física, combinada com uma alimentação adequada, atua na melhoria do

bem-estar físico, emocional e social discorreram os sujeitos da pesquisa. Este dado indica a

estratégia para as futuras práticas da Enfermagem, do enfermeiro e demais integrantes da

equipe multidisciplinar, que deverão então focar a sua ação e cuidado não apenas na

assistência ao homem portador de um determinado agravo de saúde, mas sim atuar na

promoção e também educação em saúde desses sujeitos, orientando-as quanto aos benefícios

do exercício físico.

Há a necessidade por parte dos profissionais de saúde, de criarem um movimento de

sensibilização desse segmento populacional de homens para a utilização dos serviços de

atenção básica como porta de entrada no Sistema Único de Saúde. As ações de saúde são

fundamentais para resguardar as diferenças nas necessidades de saúde da população de

homens, estimulando a mobilização da população masculina para a luta pela garantia de seu

direito social a saúde.

Sendo assim, apesar da criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Homem (PNAISH), os profissionais da saúde, em especial a enfermagem, devido ao seu

contato direto com o paciente, precisam incorporar um olhar qualificado e direcionado a essa

clientela. Para isso, este assunto deve ser incorporado começando esse processo na graduação,

onde possa ter espaço de discussão sobre a política, e a saúde do homem, o que fará a

assistência à saúde mais eficiente e eficaz, contribuindo para a redução de complicações e

aparecimento de agravos na população masculina.

Por fim foi observado, no cenário pesquisado, a ausência de estratégias específicas

direcionadas aos homens em idade adulta que acessam o serviço, especialmente, no que diz

respeito à prevenção de agravos e à promoção de sua saúde. Para tanto, é primordial e urgente

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capacitações em serviço e sensibilização dos profissionais, especialmente os da enfermagem,

estimulando-os a ouvirem as demandas específicas no intuito de melhor compreendê-los e

atendê-los.

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7 APÊNDICES

7.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Título do Projeto: “A saúde do homem e o programa de tabagismo no contexto da educação e do cuidado em saúde”. Pesquisador Responsável: Profª Dra. Donizete Vago Daher Instituição das Pesquisadoras: Universidade Federal Fluminense Telefones para contato: (21)37350723 – (21) 999565606

Nome do voluntário: ___________________________________________________

Idade: _____ anos R.G. _________________________

O (A) senhor (a) está sendo convidado a participar voluntariamente do projeto de pesquisa

“ACESSIBILIDADE E ACESSO DO HOMEM NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE E SUAS

PERCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E AUTOCUIDADO: enfrentamentos em busca de um viver saudável”,

apresentando-se como um recorte de uma pesquisa maior, intitulada “ A SAÚDE DO HOMEM E O

PROGRAMA DE TABAGISMO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO E DO CUIDADO EM SAÚDE” de

responsabilidade da pesquisadora Profª Drª. Donizete Vago Daher. Os objetivos da pesquisa são: Identificar a

acessibilidade e as formas de acesso do homem aos serviços de atenção básica de saúde do município de Niterói;

Compreender as concepções sobre saúde e autocuidado de homens que acessam estes serviços de saúde;

Analisar as estratégias utilizadas pelos homens para a promoção do autocuidado. Utilizarei nomes fictícios para

preservar sua identidade. Os riscos são de pequeno impacto, podendo existir um desconforto ou constrangimento

durante a resposta de alguma pergunta. Os benefícios são conhecer as concepções de saúde e conhecer as formas

de acesso e acessibilidade dos homens, para adequação da assistência pelos profissionais de saúde na Atenção

Básica de Saúde. Todos os esclarecimentos serão dados à qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos,

benefícios e outros relacionados à pesquisa. Os participantes de pesquisa, e comunidade em geral, poderão entrar

em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina/Hospital Universitário Antônio

Pedro, para obter informações específicas sobre a aprovação deste projeto ou demais informações:

E.mail: [email protected], telefone/fax: (21) 2629-9189. As entrevistas só terão início após a assinatura do Termo

de Consentimento. E você poderá deixar de participar em qualquer momento, sem que isso lhe traga prejuízos no

serviço. Os resultados poderão ser divulgados em congressos e revistas científicas. Será mantido o caráter

confidencial de todas as informações relacionadas à sua privacidade pela qual sou responsável. Este documento

será elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito ou seu representante legal e outra arquivada pelo

pesquisador.

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60 Eu, ____________________________________, RG nº _______________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito.

Niterói, _____ de ____________ de 2016.

_________________________________ ________________________________ Nome ou assinatura do voluntário Responsável por obter o consentimento

7.2 ROTEIRO DE ENTREVISTA

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Data: ___/___/2016 Domicílio: ______________

Unidade de Saúde: ( ) PMF ( ) UBS ( ) Policlínica

Idade: ____ anos

Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado

Escolaridade: ___º grau ( ) completo ( ) incompleto ( ) analfabeto

Profissão: ___________________

1. Quando o senhor acha necessário procurar o serviço de saúde?

2. Quando procura suas necessidades são atendidas?

3. Como o senhor percebe a atenção/cuidado à saúde do homem por parte da Unidade de

saúde?

4. O que você acha que contribui e que dificulta a sua procura pelos serviços de saúde?

5. Você acha importante cuidar da sua saúde? Por quê?

6. O que faz para cuidar da sua saúde?

7. Quais hábitos de vida você acha que influencia em sua saúde?

8. O que os homens em geral fazem quando estão com algum problema de saúde?

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7.3 ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO

Aspectos a serem identificados na observação:

Estrutura física da USB;

Quantidade de homens na USB;

Recepção dos usuários na USB;

Necessidades de saúde expressas pelos homens;

Resolutividade aos problemas/necessidades de saúde dos homens;

Relação entre os usuários do sexo masculino e a equipe de saúde.

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8 ANEXOS

8.1 COMITÊ DE ÉTICA

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