Negócios à luz do compartilhamento - Jornal SOBPRESSÃO

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Negócios à luz do compartilhamento Imagine várias pessoas com especialidades diferentes em um só espaço. Pense, também, em conseguir informações sobre diversas áreas do conhecimento dentro do seu próprio ambiente de trabalho. Imagine, ainda, um lugar que reúne uma multidisciplinaridade de profissionais trabalhando de maneira compartilhada com foco no crescimento de suas empresas e carreiras. Camila Távora :: Clarissa Silvino :: Isabelle Bedê Os escritórios compartilhados - ou coworkings - têm se tornado cada vez mais frequentes em todo o mundo, pois são ambientes de trabalho que possibili- tam numerosas vantagens, como compar- tilhamento e uso inteligente dos espaços, dinamismo e convivência com pessoas possuidoras de diversas competências, e ainda facilidade na troca de experiências e informações. Todos esses fatos coope- ram na ampliação do networking (rede de conexões profissionais) e das oportu- nidades de negócio. O termo coworking, inventado em 1999 por Bernie De Koven, foi utilizado em 2005 por Brad Neuberg na criação do primeiro escritório colabo- rativo do mundo, o Hat Factory nos Esta- dos Unidos. Segundo Carsten Foertsch, atual- mente, mais de 110 mil pessoas tra- balham espalhadas nos quase 2.500 espaços de coworkings disponíveis no mundo. A pesquisa publicada pelo cientista social alemão na revista on- line - Deskmag - especializada em coworkings, em 2013, evidencia um crescimento de 83% no número de es- critórios compartilhados em compara- ção ao ano anterior, o que confirma a aceitabilidade do modelo por diferentes tipos de profissionais. A ideia foi introduzida no Brasil no ano de 2008 com a Pto de Contato, es- critório compartilhado que funciona até hoje em São Paulo e conta com uma sede no Rio de Janeiro. Segundo dados do Mo- vebla, site que disponibiliza informações sobre espaços públicos de trabalho no Brasil, já existem mais de 100 escritórios deste tipo no País. Já o Ceará conta hoje com cinco empresas de coworking: Se- vana Coworking, Elephant Coworking, For Coworking, HG Office e Fabrika. Ecossistema colaborativo Muito além da divisão de gastos, o compartilhamento traz benefícios que ultrapassam o valor econômico, alcan- çando o intangível. Para o arquiteto e fundador da Elephant Coworking, Igor Juaçaba, a opção de utilizar um espaço compartilhado trouxe, mais que qual- quer outra coisa, “uma enorme carga de conhecimento e aprendizado”. Ain- da segundo ele, a decisão de abrir o coworking “fazia muito sentido”, pois enxergava na reunião de pessoas uma chance de aumentar o networking e po- tencializar os negócios. “Todo tipo de comunidade e de relação econômica no mundo se fez pelo contato de pessoas, colaboração e força de trabalho, desde as primeiras plantações, que foram os motivos de criação das primeiras cida- des”, acrescenta. O prédio onde funciona a Elephant disponibiliza espaços para diferentes ti- pos de contrato, a depender do tempo e das necessidades específicas de cada coworker (indivíduo que trabalha em um coworking). Há a possibilidade de alugar salas exclusivas por tempo de- terminado (normalmente por contratos anuais) e estações de trabalho individu- Saiba mais Era do compartilhamento Em meio ao turbilhão de acontecimentos da vida moderna, uma vez que o bem mais escasso é o tempo, já existem milhões de “loucos chapeleiros” - pessoas completamente ocupadas, mas que, ainda assim, encontram tempo para compartilhar algo com a humanidade. Apesar do avanço da tecnologia possibilitar o compartilhamento por meio de dispositivos móveis (celulares, tablets, laptops, dentre outros), o estar fisicamente perto dividindo ideias ainda é valorizado e é uma realidade - por exemplo, nos coworkings. “O que motiva as pessoas não é o dinheiro ou reconhecimento, mas a sensação de estarem inseridas no mundo, de abandonar a caixinha da mesmice, de se expressar, transformar e trocar ideias que merecem ser espalhadas”, explica Gil Giardelli, autor do livro “Você é o que você compartilha”. Escritório da Fabrika Coworking, um modelo de escritório compartilhado em que amigos se juntaram com o intuito de diminuir custo. Foto: Camila Távora SOB PRESSÃO #38 Fevereiro/Maio de 2014 2

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Matéria sobre Co-Working, Economia Criativa e Start Ups no Ceará, produzida na disciplina Projeto Experimental da Universidade de Fortaleza para o jornal laboratorial SobPressão.

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Negócios à luz do compartilhamento

Imagine várias pessoas com especialidades diferentes em um só espaço. Pense, também, em conseguir informações sobre diversas áreas do conhecimento dentro do seu próprio ambiente de trabalho. Imagine, ainda, um lugar que reúne uma multidisciplinaridade de profissionais trabalhando de maneira compartilhada com foco no crescimento de suas empresas e carreiras.

Camila Távora :: Clarissa Silvino :: Isabelle Bedê

Os escritórios compartilhados - ou coworkings - têm se tornado cada vez mais frequentes em todo o mundo, pois são ambientes de trabalho que possibili-tam numerosas vantagens, como compar-tilhamento e uso inteligente dos espaços, dinamismo e convivência com pessoas possuidoras de diversas competências, e ainda facilidade na troca de experiências e informações. Todos esses fatos coope-ram na ampliação do networking (rede de conexões profissionais) e das oportu-nidades de negócio. O termo coworking, inventado em 1999 por Bernie De Koven, foi utilizado em 2005 por Brad Neuberg na criação do primeiro escritório colabo-rativo do mundo, o Hat Factory nos Esta-dos Unidos.

Segundo Carsten Foertsch, atual-mente, mais de 110 mil pessoas tra-balham espalhadas nos quase 2.500 espaços de coworkings disponíveis no mundo. A pesquisa publicada pelo cientista social alemão na revista on-line - Deskmag - especializada em coworkings, em 2013, evidencia um crescimento de 83% no número de es-critórios compartilhados em compara-ção ao ano anterior, o que confirma a aceitabilidade do modelo por diferentes tipos de profissionais.

A ideia foi introduzida no Brasil no ano de 2008 com a Pto de Contato, es-critório compartilhado que funciona até hoje em São Paulo e conta com uma sede no Rio de Janeiro. Segundo dados do Mo-

vebla, site que disponibiliza informações sobre espaços públicos de trabalho no Brasil, já existem mais de 100 escritórios deste tipo no País. Já o Ceará conta hoje com cinco empresas de coworking: Se-vana Coworking, Elephant Coworking, For Coworking, HG Office e Fabrika.

Ecossistema colaborativo

Muito além da divisão de gastos, o compartilhamento traz benefícios que ultrapassam o valor econômico, alcan-çando o intangível. Para o arquiteto e fundador da Elephant Coworking, Igor Juaçaba, a opção de utilizar um espaço compartilhado trouxe, mais que qual-quer outra coisa, “uma enorme carga de conhecimento e aprendizado”. Ain-da segundo ele, a decisão de abrir o coworking “fazia muito sentido”, pois enxergava na reunião de pessoas uma chance de aumentar o networking e po-tencializar os negócios. “Todo tipo de comunidade e de relação econômica no mundo se fez pelo contato de pessoas, colaboração e força de trabalho, desde as primeiras plantações, que foram os motivos de criação das primeiras cida-des”, acrescenta.

O prédio onde funciona a Elephant disponibiliza espaços para diferentes ti-pos de contrato, a depender do tempo e das necessidades específicas de cada coworker (indivíduo que trabalha em um coworking). Há a possibilidade de alugar salas exclusivas por tempo de-terminado (normalmente por contratos anuais) e estações de trabalho individu-

Saiba mais

Era do compartilhamentoEm meio ao turbilhão de acontecimentos da vida moderna, uma vez que o bem mais escasso é o tempo, já existem milhões de “loucos chapeleiros” - pessoas completamente ocupadas, mas que, ainda assim, encontram tempo para compartilhar algo com a humanidade. Apesar do avanço da tecnologia possibilitar o compartilhamento por meio de dispositivos móveis (celulares, tablets, laptops, dentre outros), o estar fisicamente perto dividindo ideias ainda é valorizado e é uma realidade - por exemplo, nos coworkings. “O que motiva as pessoas não é o dinheiro ou reconhecimento, mas a sensação de estarem inseridas no mundo, de abandonar a caixinha da mesmice, de se expressar, transformar e trocar ideias que merecem ser espalhadas”, explica Gil Giardelli, autor do livro “Você é o que você compartilha”.

Escritório da Fabrika Coworking, um modelo de escritório compartilhado em que amigos se juntaram com o intuito de diminuir custo. Foto: Camila Távora

SOB PRESSÃO #38 • Fevereiro/Maio de 20142

Jovens empreendores partici-pando do 2º Startup Weekend

Fortaleza, que aconteceu na Elephant Coworking

Foto: Evilazio Moreira

ais em salas compartilhadas (que podem ser alugadas por mês, dia e até por ho-ras de uso). Além disso, a empresa ainda conta com salas de reunião, espaço para cursos e palestras - também disponíveis para locação - copa e biblioteca, o que significa dizer que mesmo tendo sido criado com intenção inicial de minimi-zar despesas, o coworking também pode vir a ser um empreendimento. “Ainda é um negócio que parece encantador, mui-ta gente no Brasil inteiro está se aventu-rando. Já passamos por momentos di-fíceis, porque nosso diferencial é nossa dificuldade também. A mobilidade que damos aos clientes - de poder vir um mês e outro não - é bom para eles, mas não para o coworking, que tem aluguel, con-

tas, estrutura, manutenção e colaborado-res fixos, ainda que tenha todos os meses lotados. Apesar disso, 25% dos espaços de coworking no mundo dão resultado financeiro”, explica Igor.

Como uma forma de impulsionar a empresa e fomentar ainda mais a in-teração, a Elephant tenta se reinventar, promovendo eventos como sessões de cinema após o expediente, cafés e ocasi-ões para que todas as novas empresas do grupo se apresentem. Há ainda o “Start up Beer”, voltado para a comunidade de tecnologia, que além de ser um mo-mento de happy hour no qual as pessoas podem conversar informalmente sobre negócios, é também uma oportunidade de abordar temas atuais por meio de de-bates e mini palestras.

Já a Fabrika Coworking tem outro padrão de funcionamento: são cinco amigos, que possuíam empreendimen-tos próprios, mas resolveram sair do home office e alugar uma sala. “A ideia começou nem tanto para trabalho, mas primeiro porque a gente pensou ‘cara, vamos parar de sair todo dia para beber e vamos alugar um local para se reunir e conversar sobre boas ideias’”, con-ta Victor Alves, importador e um dos co-fundadores da Fabrika. Enfatizan-do que a maior vantagem deste tipo de escritório é o networking, os membros da Fabrika criaram uma planilha onli-ne que funciona como banco de fontes. “Cada um descreve o que faz, o que os pais fazem, e como poderia ajudar”, es-clarece Victor.

“Os mercados vão mudando, mas o espaço

continua ali. É um modelo mais

sustentável”Igor JuaçabaFundador da

Elephant Coworking

Salas compartilhadas no andar superior da Elephant, usada para reuniões e minicursos.Foto: Camila Távora

SOB PRESSÃO Fevereiro/Maio de 2014 • #38 3

Perfil dos coworkers

Profissionais de economia criativa - arquitetura, jornalismo, publicidade, moda, gastronomia, software, aplicati-vos, games, audiovisual, design e artes em geral - são os mais receptivos à ideia do trabalho compartilhado. Conse-quentemente, são os que mais procuram esse tipo de ambiente, apesar de não se-rem os únicos. Engenheiros, advogados e outros profissionais liberais também já conseguem visualizar as vantagens de se trabalhar em um ambiente preenchido de pessoas distintas, mas igualmente empreendedoras.

“Às vezes, o diferencial da sua pro-fissão é buscado em outra que não tem nada a ver. Cada pessoa vai buscar o seu potencial em profissões paralelas, isso é pensar fora da caixa”, declara Igor Juaçaba. Isso ratifica o que já era uma suspeita: quem costuma procu-rar escritórios compartilhados tende a ser mais dinâmico e mente aberta com relação a aprender com os contrastes, e tirar provito deles para incrementar seu próprio trabalho.

Entrevista

Primeiro escritório de Coworking do Brasil

Sobpressão - O primeiro coworking do mundo surgiu em meados de 2005, em São Francisco - EUA, mas a ideia de es-critórios compartilhados já existia havia seis anos. Gostaria de saber como você conheceu e se interessou por essa ini-ciativa.Marcus Trugilho - Quem tomou conhe-cimento com o coworking primeiro foi a Fernanda Nudelman, minha esposa e sócia, por meio de uma matéria na in-ternet. Ela trabalhava em uma agência, num regime home office. Ela adorou o conceito e começou a procurar um lu-gar assim para trabalhar porque já es-tava cansada de ficar sozinha em casa. Como não encontrava nenhum espaço no Brasil, conversou com alguns conhe-cidos, fez pesquisa com amigos e con-tatos e decidiu sair da agência e montar o seu próprio espaço. Isso foi em 2008. O Pto de Contato hoje tem 5 anos.

SP - Quantas pessoas estavam envolvi-das na abertura da Pto de Contato? Foi fácil convencer outras pessoas a acredi-tar e investir nessa ideia?MT - As pessoas envolvidas éramos eu e a Fernanda porque ninguém conhecia o conceito e não conseguimos investi-mento externo. Tivemos que recorrer a parentes, vendemos coisas para levan-tar capital e conseguimos um valor ini-cial para montar um espaço pequeno, com 16 posições, em Pinheiros, aqui em São Paulo.

SP - Antes de abrir a Pto de conta-to, você fez algum tipo de pesquisa de aceitação do público?MT - Sim, fizemos pesquisa com alguns conhecidos e amigos que trabalhavam em home office também para ver se te-riam interesse em trabalhar em um lu-gar assim. Quem era mais antenado e já conhecia o conceito do exterior, topou na hora. Quem nunca tinha ouvido falar quis conhecer melhor, mas não foi muito difícil convencê-los também.

SP - Como fizeram a divulgação a fim de atrair o público?MT - Basicamente, comunicação em

nossas redes sociais e, como era um negócio muito novo no país, começa-mos a atrair a atenção da imprensa. Isso ajudou muito a alavancar o conceito e, claro, o Pto de Contato também.

SP - O coworking surge como uma al-ternativa de espaço de trabalho, mas acabou também virando um modelo de negócio para quem oferece esse tipo de serviço. É realmente lucrativo ou a van-tagem é mais ligada à proposta de valor do negócio? Por que é vantajoso para quem oferece e tem um coworking?MT - O resultado do espaço depende de uma série de fatores, como capaci-dade de gestão, custos operacionais sob controle, boa captação de clientes, entre outros. Se souber gerenciar estes fatores, pode ser lucrativo, sim. A van-tagem, além do retorno financeiro, é a possibilidade de se manter atualizado do que acontece de mais inovador no mercado de empreendedorismo e ex-pandir o networking de forma bem am- pla porque são centenas de profissio- nais e empreendedores que passam pelo espaço todos os meses.

SP - Na sua opinião, quais são as maiores vantagens de quem se filia a um coworking? MT - As principais vantagens são a pos-sibilidade de aumentar a sua rede de contatos com pessoas altamente qua- lificadas, poder trabalhar num ambiente

muito inspirador e estimulante e ter a flexibilidade de pagar apenas pelo que vai efetivamente utilizar. Ao contrário de um escritório próprio, por exemplo, onde você fica isolado do mundo, tem que buscar seu próprio estímulo e, uti-lizando ou não, tem que pagar um val-or fixo por mês, num contrato, normal-mente, de longo prazo.

SP - No caso específico da Pto de Con-tato, qual o perfil dos coworkers? MT - Temos diversos tipos de públicos. Profissionais liberais que já têm carrei-ras consolidadas, mas que encontram no coworking a possibilidade de novos contatos e ideias. Startups em início de projeto, que não sabem ainda se o negócio será viável e que podem en-contrar num coworking mentores para ajudá-los a melhor preparar suas em-presas. Empresas que precisam de um escritório temporário pois estão com o escritório próprio em obras, entre outros públicos. É bastante eclético.

SP - Como funciona a estrutura da Pto de contato? MT - Nós temos uma grande sala co-mum, com capacidade para até 50 pes-soas simultaneamente, salas privativas para empresas já mais estruturadas, salas de reunião para grupos até 10 pes-soas e uma sala maior para workshops e reuniões para até 20 ou 30 pessoas, dependendo do formato escolhido.

SP - Você ainda enxerga muita resistên-cia por parte das empresas/empreend-edores brasileiros com relação aos es-critórios compartilhados?MT - Cada vez menos. Aos poucos os profissionais estão conhecendo e en-tendendo o modelo do coworking e seus benefícios. Há gente que não se adapta, como em qualquer tipo de escritório, mas o objetivo do coworking não é o de substituir os modelos mais tradicionais de trabalho ou o home office, mas sim complementá-los com a possibilidade de se trabalhar num ambiente mais profissional, estruturado, onde se pode conhecer muita gente interessante.

Marcus TrugilhoEmpresário

Marcus Trugilho, co-fundador do primeiro escritório de coworking do Brasil - Pto de Contato, na cidade de São Paulo - fala sobre as dificuldades de quando trouxeram a novidade para o Brasil e dá sua opinião sobre as van-tagens e desvantagens dos escritórios compartilhados, além de falar sobre o mercado e o futuro do modelo de negócios.

“Aos poucos os profissionais estão conhecendo e entendendo o modelo do coworking e seus benefícios”

Igor Ary Juaçaba, CEO e fundador da Elephant Coworking. Foto: Clarissa Silvino

SOB PRESSÃO #38 • Fevereiro/Maio de 20144

Os escritórios compartilhados oferecem um ambiente propício para a instalação de um tipo específico de negócio que está em voga atual-mente: as startups. Literalmente, a expressão startup, na língua inglesa, significa o ato de co-meçar logo alguma coisa. Mas, apesar do signi-ficado literal, o termo foi popularizado e atual-mente descreve empresas jovens - muitas vezes em fase embrionária - que procuram promover ideias inovadoras, em especial, unindo cria-tividade à tecnologia. Com a empresa em sua fase inicial, pouco capital para investir e alma criativa, os jovens empreendedores costumam procurar os escritórios de coworking para di-minuir custos, aumentar o networking e pro-curar inspiração em outras profissões.

Pela característica ousada, já que procura trazer inovação, o projeto de uma startup ini-cia-se com alto investimento e por isso envolve muitos riscos. Bruno Bastos, co-fundador do Instakioske - startup cearense pioneira no Bra-sil ao trazer a impressão instântanea de fotos do Instagram por meio de hashtags em eventos sociais, explica que “a startup é algo que você não tem certeza de que vai gerar um lucro pra ti. Tem que ser um negócio inovador e tem que ter grande escalabilidade”. Ou seja, esse mode-lo de empresa tem que trazer algo novo e ter um grande potencial de crescimento.

Com o espírito empreendedor, essas em-presas buscam elaborar um novo um modelo de negócios que reverta em valor não só para o cliente, mas também para a empresa - tanto em relação à dinheiro quanto à escalabilidade e possibilidade de repetição do modelo, fazendo com que a startup atinja um grande número de clientes e lucro, sem que aumente significati-vamente os custos. “Quem entrou com o capi-tal inicial fui eu e o Rafael, basicamente para adquirir produtos. O investimento não foi tão alto e rapidamente tivemos retorno. Em um pouco mais de um mês, já tínhamos um lucro”, relata Bruno.

Bruno iniciou a empresa dentro da Fabri-ka Coworking e atualmente já possuem um escritório próprio, tomada as proporções de crescimento da empresa. Multinacionais como Google e eBay são exemplos famosos de star-tups que deram certo e hoje são referências de grandes empresas mundiais.

Aceleradoras

Em meio à esse universo de startups e coworking, surgem as aceleradoras, um siste-

ma de empresas originado no Vale do Silício para testar modelos de negócios, a fim de aju-dar empreendimentos inovadores e iniciantes. As aceleradoras se propõem a orientar e inves-tir nas empresas e, como recompensa, a em-presa pede uma porcentagem na participação dos lucros (equity, como é chamado no mundo dos negócios). É basicamente uma incubadora, mas de startups. O Ceará recebeu sua primeira aceleradora em março deste ano (2014), inau-gurada dentro da Elephant Coworking e cha-mada de 85labs, em alusão ao código de DDD do Estado.

A aceleradora já lançou o primeiro edital, inicialmente abrindo inscrições para cinco em-presas startups e pede 30% de participação nos lucros. Nos Estados Unidos, costuma-se pedir menor porcentagem no equity, pois os merca-dos já absorvem esse tipo de empreendimento e os investidores existem em maior escala. Igor Juaçaba, dono da Elephant e também sócio da 85labs, explica: “O risco aqui, se vai dar certo ou não, é muito maior, por isso pedimos mais”, e reitera a função e vantagem de uma acelera-dora: “É como se fosse um exército inteiro tra-balhando para um só fim”.

Startups lançam negócios inovadores em ritmo de “aceleração”

Cenário brasileiro de coworkingEm pesquisa nacional realizada pelo site Movebla em parceria com a revista Deskmag, foi apontado que:

trocam home-office pelo coworking

estão lá pela interação com outros profissionais

utilização coworking pela estrutura oferecida

foram atraídos pelas opor-tunidades do espaço

“Startup tem que ser um negócio inovador e tem que ter grande

escalabilidade”Bruno Bastos

Com a crescente popularização do conceito de coworking, percebemos que a ideia de espaço compartilhado é quase intuitiva e que é possível que os espaços sejam melhor aproveitados, não só pelo networking, mas porque profissionais complementares dentro de um mesmo ecossistema possibilitam que as pessoas façam projetos mais compatíveis e mais rápidos. Igor, da Elephant, acredita que outra vantagem é que “o cliente pode fa-zer tudo em um lugar só e os empresá-rios podem compartilhar custo de aces-so a serviços que só médias e grandes empresas poderiam ter, como recepcio-nista, office boy e condomínio”.

Com a quantidade de escritórios compartilhados que passaram a exis-tir em todo o mundo (quatro a cinco coworkings são abertos a cada dia útil, segundo a revista online Deskmag) é conveniente dizer que cada vez mais diferentes perfis de pessoas e profis-sionais passam a escolher esse modelo de ambiente de trabalho. Para o fenô-meno do coworking, quanto mais di-versidade, melhor.

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