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Índice PARTE I – A REVOLUÇÃO .................................. 11 Capítulo 1 – A Revolução da Invenção ........................ 13 Capítulo 2 – A Nova Revolução Industrial ...................... 27 Capítulo 3 – A História do Futuro ............................ 43 Capítulo 4 – Hoje Somos Todos Designers ...................... 63 Capítulo 5 – A Cauda Longa das Coisas ....................... 71 PARTE II – O FUTURO ..................................... 91 Capítulo 6 – As Ferramentas da Transformação .................. 93 Quatro Fábricas de Desktop ............................... 94 Capítulo 7 – O Hardware Aberto ............................ 113 Capítulo 8 – Reinventar as Maiores Fábricas ................... 135 Capítulo 9 – A Organização Aberta .......................... 159 Capítulo 10 – Financiar o Movimento Maker .................. 181 Capítulo 11 – Empresas Maker ............................. 201 Capítulo 12 – A Fábrica na Nuvem .......................... 221 Capítulo 13 – Biologia DIY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235 Epílogo – O Novo Modelo do Mundo Industrial ................ 243 Anexo – A Oficina do Século XXI ............................ 249 Iniciação ao CAD ...................................... 250 Iniciação à impressão em 3D ............................. 252

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Índice

PARTE I – A REVOLUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Capítulo 1 – A Revolução da Invenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Capítulo 2 – A Nova Revolução Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27Capítulo 3 – A História do Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Capítulo 4 – Hoje Somos Todos Designers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63Capítulo 5 – A Cauda Longa das Coisas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

PARTE II – O FUTURO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Capítulo 6 – As Ferramentas da Transformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93Quatro Fábricas de Desktop . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

Capítulo 7 – O Hardware Aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113Capítulo 8 – Reinventar as Maiores Fábricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135Capítulo 9 – A Organização Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159Capítulo 10 – Financiar o Movimento Maker . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181Capítulo 11 – Empresas Maker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201Capítulo 12 – A Fábrica na Nuvem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221Capítulo 13 – Biologia DIY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235

Epílogo – O Novo Modelo do Mundo Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . 243

Anexo – A Oficina do Século XXI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249Iniciação ao CAD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250Iniciação à impressão em 3D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252

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Iniciação à digitalização em 3D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253Iniciação ao corte a laser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254Iniciação às máquinas CNC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255Iniciação à eletrónica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259

Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261

Índice Remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265

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Parte I

a reVOLUÇÃO

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Capítulo 1

A Revolução da Invenção

Fred Hauser, o meu avô materno, emigrou de Berna, na Suíça, para Los Angeles em 1926. Ele tinha formação de mecânico e, como talvez fosse de esperar para todos os mecânicos suíços, havia nele também uma costela de relojoeiro. Por sorte, naquela altura a jovem Hollywood tinha também qualquer coisa de indústria mecânica, com as suas câmaras mecânicas, sistemas de projeção e a nova tecnologia das fitas magnéticas áudio. Hauser arranjou um emprego nos estúdios da MGM a trabalhar com tecnologia de gravação, casou -se, teve uma filha (a minha mãe), e instalou -se num bangaló de estilo mediterrânico numa rua lateral em Westwood onde todas as casas tinham um relvado luxuriante à frente e uma garagem atrás.

Mas Hauser era mais do que um engenheiro numa empresa. À noite era também inventor. Idealizava máquinas, fazia esboços e depois dese-nhos mecânicos delas, e construía protótipos. Converteu a sua garagem numa oficina e aos poucos equipou -a com as ferramentas da criação: uma perfuradora, uma serra de fita, uma serra de recortes, amoladoras e, a mais importante, um torno de metal: um aparelho miraculoso que, nas mãos de um operador habilidoso, consegue transformar blocos de aço ou alumínio em esculturas mecânicas com grande precisão, desde árvores de cames a válvulas.

No início, as suas invenções eram inspiradas pelo seu emprego de dia, e envolviam vários tipos de mecanismos de transporte de fitas. Mas com o tempo a sua atenção voltou -se para o relvado da frente. O sol quente da Califórnia e a obsessão local com os relvados perfeitos levaram à expansão de uma indústria de sistemas de rega por aspersão

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e à medida que a região se tornava mais próspera, os jardins iam sendo esventrados para se instalarem sistemas de rega. Os orgulhosos proprie-tários chegavam a casa do trabalho, ligavam as válvulas e admiravam a magia movida a energia hidráulica de rotores telescópicos, bicos de fluxo variável e cabeças de aspersor de impacto a espalharem airosa-mente a água pelos seus relvados. Impressionante, tirando o facto de todos exigirem alguma intervenção manual, quanto mais não fosse para ligar as válvulas. E se estas pudessem também ser acionadas por uma espécie mecanismo de relojoaria?

A patente n.º 2311108 para a «Operação Sequencial de Válvulas de Serviço», requerida em 1943, foi a resposta de Hauser. A patente era para um sistema automático de rega por aspersão, que na prática con-sistia num relógio elétrico que ligava e desligava as válvulas hidráulicas. A parte inteligente, da qual podemos ainda encontrar vestígios atual-mente em temporizadores para lâmpadas e termostatos, é o método de programação: o mostrador do «relógio» é perfurado com anéis de ori-fícios ao longo da orla a cada intervalo de cinco minutos. Uma cavilha colocada em qualquer orifício faz disparar um disjuntor elétrico cha-mado solenoide, que liga e desliga uma válvula hidráulica para controlar essa parte do sistema de rega por aspersão. Cada anel representava

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um ramo diferente do sistema de rega. Em conjunto podiam regar um quintal da frente, o das traseiras, o pátio e a zona de estacionamento.

Depois de construir o protótipo e de o testar no seu jardim, Hauser requereu o registo da sua patente. Com a patente pendente, tentou fazer chegar o seu produto ao mercado. E foi aqui que se revelaram os limites do modelo industrial do século XX.

Antigamente era mais difícil mudar o mundo apenas com uma ideia. Podíamos inventar uma ratoeira mais eficaz, mas se não conse-guíssemos produzi -la aos milhões, o mundo não correria a fazer fila à nossa porta. Como disse Marx, o poder pertence aos que controlam os meios de produção. Na sua oficina, o meu avô podia inventar o sistema automático de rega por aspersão, mas não podia construir uma fábrica. Para chegar ao mercado, tinha de convencer um fabricante a licenciar a sua invenção. E isso não só é difícil como implica também que o inventor perca o controlo da sua invenção. Os donos dos meios de produção decidem o que é produzido.

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No fim de contas, o meu avô teve sorte – até certo ponto. O Sul da Califórnia era o centro de uma nova indústria de sistemas de rega caseira e após muitas tentativas uma empresa chamada Moody con-cordou em licenciar o sistema automático de rega por aspersão do meu avô. Em 1950 chegou ao mercado como o Moody Rainmaster, com a promessa de libertar os donos das casas para que estes pudessem ir à praia no fim de semana enquanto os seus jardins se regavam sozinhos. Vendeu bem, e seguiram -se designs cada vez mais sofisticados, pelos quais o meu avô recebeu direitos até a última das suas patentes para aspersores automáticos expirar nos anos 70.

Esta foi uma história de sucesso em mil; a maioria dos invento-res trabalha duramente na sua oficina e nunca chega ao mercado. Apesar de pelo menos 26 outras patentes para outros tantos apa-relhos, o meu avô nunca teve outro êxito comercial. Pelos meus cálculos, quando morreu em 1988 tinha recebido ao todo apenas algumas centenas de milhares de dólares em direitos. Nos anos 70, quando eu era miúdo, lembro -me de visitar com ele a empresa que mais tarde comprou a Moody, a Hydro -Rain, e de ver o seu último modelo de sistema de rega por aspersão a ser fabricado. As pessoas tratavam o meu avô com respeito e chamavam -lhe «Sr. Hauser», mas era evidente que não sabiam porque estava ele ali. Depois de licenciar as patentes, a empresa desenvolvia os seus próprios siste-mas de rega por aspersão: fabricáveis, económicos e atraentes aos olhos do comprador. Eram tão diferentes dos protótipos do meu avô como estes dos primeiros esboços que ele traçava na sua secretária.

Era assim que as coisas funcionavam; a Hydro -Rain era uma empresa que fabricava muitas dezenas de milhares de unidades de um produto num mercado competitivo ditado por preços e marketing. Hauser, por outro lado, era um velho imigrante suíço com uma patente de invenção prestes a expirar e que trabalhava numa garagem conver-tida em oficina. Ele não fazia parte da fábrica, e eles não precisavam dele. Lembro -me de uns hippies num Volkswagen lhe terem gritado por ele conduzir demasiado devagar na autoestrada quando regressá-vamos da fábrica. Eu tinha doze anos e senti -me envergonhado. Se o meu avô era um herói do capitalismo do século XX, certamente não parecia. Parecia apenas um construtor amador, perdido no mundo real.

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No entanto, a história de Hauser não é uma tragédia; na verdade, foi uma rara história de sucesso daquela época. O meu avô era feliz, tanto quanto que lembro (ou fui capaz de perceber; ele enquadrava -se na caricatura do engenheiro suíço, mais à vontade com um lápis de desenho do que com a conversa), e vivia luxuosamente, para os seus padrões. Desconfio que tenha sido razoavelmente recompensado pela sua patente, embora a minha avó madrasta (a minha avó morreu cedo) se queixasse dos pagamentos dos direitos e da falta de agressividade do meu avô ao negociá -los. Ele foi, por qualquer padrão, um inventor de sucesso. Mas depois de ele morrer, quando examinei os seus muitos registos de patentes, incluindo um relógio/temporizador para fogões e um gravador parecido com o Dictaphone, não pude deixar de notar que das suas muitas ideias, apenas os aspersores conseguiram efetivamente chegar ao mercado.

Porquê? Porque ele era um inventor, não um empresário. E é nessa distinção que reside o tema central deste livro.

Antigamente era difícil ser empresário. Os grandes inventores/homens de negócios da Primeira Revolução Industrial, como James Watt e Matthew Boulton, os fabricantes da máquina a vapor, eram não só inteligentes mas também privilegiados. A maioria pertencia à classe dirigente ou tinha a sorte de ser aprendiz de alguém da elite. Desde então, o empreendedorismo tem significado sobretudo abrir uma mercearia de esquina ou outro tipo de negócio local modesto ou, mais raramente, uma aposta completamente irrealista numa ideia com mais probabilidades de trazer a ruína do que a riqueza.

Hoje em dia estamos mal habituados às facilidades da web. Qual-quer miúdo com uma ideia e um computador portátil pode dar origem a uma empresa que mudará o mundo – vejam o exemplo de Mark Zuckerberg com o Facebook ou de qualquer uma das milhares de outras startups na web que esperam seguir -lhe os passos. É evidente que podem não singrar, mas o custo é avaliado em pagamentos de cartão de crédito em atraso e não na desonra eterna ou na prisão de devedores.

A beleza da web é que democratizou as ferramentas da invenção e da produção. Qualquer pessoa com uma ideia para um serviço pode transformá -la num produto com um código de software (hoje isso nem sequer exige grande perícia de programação, e o que precisamos de saber podemos aprender online) – sem necessidade de uma patente.

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Depois, com um clique do rato, pode «expedi -lo» para um mercado global de milhares de milhões de pessoas.

Talvez muitas pessoas reparem nele e gostem dele, ou talvez não. Talvez resulte num modelo empresarial, ou talvez não. A fortuna talvez esteja ao fundo desse arco -íris, ou talvez não. Mas o facto é que o passo de «inventor» para «empresário» é tão reduzido que já quase não existe.

Na realidade, as fábricas startup (*) atuais, como a Y Combinator, criam empresários primeiro e ideias depois. As suas «escolas startups» aceitam jovens inteligentes com base em pouco mais do que uma apresen-tação em powerpoint. Uma vez aceites, os aspirantes a empresários rece-bem dinheiro para gastos pessoais, quadros brancos e espaço de secretária e ordens para inventar algo que valha a pena financiar em três semanas.

A maioria consegue fazê -lo, o que diz muito tanto das baixas bar-reiras ao acesso da web como do génio dos participantes. Nos últimos seis anos, a Y Combinator financiou trezentas dessas empresas, com nomes como Loopt, Wufoo, Xobni, Heroku, Heyzap e Bump. Incri-velmente, algumas (como a DropBox e a Airbnb) valem hoje milhares de milhões de dólares. Com efeito, a empresa para a qual trabalho, a Condé Nast, comprou uma delas, a Reddit, que hoje consegue mais de 2 mil milhões de visualizações de página por mês. Já vai na sua terceira equipa de gestores com vinte e poucos anos; para alguns, esse é o seu primeiro emprego, e nunca conheceram outra coisa senão o sucesso profissional estratosférico.

Mas esse é o mundo dos bits, essas unidades elementares do mundo digital. A Era da web libertou os bits; são criados a baixo custo e viajam também a baixo custo. Isso é fantástico; a economia desmaterializada dos bits reconfigurou tudo, da cultura à economia. É provavelmente a característica definidora do século XXI (também já escrevi alguns livros sobre isso). Os bits mudaram o mundo.

No entanto, nós vivemos sobretudo num mundo de átomos, tam-bém conhecido por o Mundo Real de Lugares e Objetos. Por maiores que se tenham tornado as indústrias da informação, estas continuam a representar um segmento menor na economia mundial. Em núme-ros aproximados, a economia digital, definida em termos amplos,

(*) Empresas em fase de arranque (N. T.)

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representa 20 biliões de dólares de receitas, segundo o Citibank e a Oxford Economics (1). A economia além da web, segundo os mesmos cálculos, representa cerca de 130 biliões. Em suma, o mundo dos áto-mos é pelo menos cinco vezes maior do que o mundo dos bits.

Já vimos como o modelo da inovação democratizada da web contri-buiu para estimular o empreendedorismo e o crescimento económico. Imaginem só o que um modelo semelhante poderia fazer na economia maior das Coisas Reais. Na verdade, não é preciso imaginar – já está a acontecer. É sobre isso que fala este livro. Atualmente, milhares de empresários emergentes no Movimento Maker estão a industrializar o espírito «faça -você -mesmo» (DIY) (*). Penso que o meu avô, por mais estupefacto que pudesse ficar com o «código aberto» (**) e a «cocriação» online dos dias de hoje, identificar -se -ia com o Movi-mento Maker. Na verdade, acredito que poderia sentir -se orgulhoso.

A Formação de um Maker

Nos anos 70, passei alguns dos verãos mais felizes da minha infância com o meu avô, deixando a minha casa na Costa Leste e aprendendo a

(*) Do-It-Yourself (N. T.)(**) Open source (N. T.)

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trabalhar com as mãos na oficina dele em Los Angeles. Numa prima-vera, ele disse-me que iríamos fazer um motor a gasolina a quatro tem-pos e que tinha encomendado um kit que podíamos construir juntos. Quando cheguei a Los Angeles naquele verão, a caixa estava à minha espera. Eu já tinha construído alguns modelos, e abri a caixa, à espera das habituais peças numeradas e instruções de montagem. Em vez disso, havia três grandes blocos de metal e uma cobertura de motor tosca. E um grande esquema técnico numa folha única dobrada várias vezes.

«Onde estão as peças?» perguntei. «Estão ali», respondeu o meu avô, apontando para os blocos de metal. «O nosso trabalho é extraí--las dali». E foi o que fizemos naquele verão. Usando o esquema como guia, cortámos, perfurámos, moemos e torneámos aqueles blocos de metal, extraindo uma cambota, um êmbolo, uma biela, rolamentos e válvulas a partir de latão e aço sólidos, tal como um artista extrai uma escultura de um bloco de mármore. À medida que o monte de espirais do aço que se vergava no torno crescia à minha volta, maravilhava -me com o poder das ferramentas e de mãos hábeis (as do meu avô, não as minhas). Como por magia, tínhamos feito uma máquina de precisão a partir de uma massa informe de metal. Éramos uma minifábrica e podíamos fabricar qualquer coisa.