NAVE DE PORTAS ABERTAS

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“AQUILO QUE UMA PESSOA SE TORNA AO LONGO DA VIDA DEPENDE FUNDAMENTALMENTE DE DUAS COISAS: DAS OPORTUNIDADES QUE TEVE E DAS ESCOLHAS QUE FEZ.” AMARTYA SEN NAVE DE PORTAS ABERTAS ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL CÍCERO DIAS – RECIFE/PE

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“AQUILO QUE UMA PESSOA SE TORNA AO LONGO DA VIDA DEPENDE FUNDAMENTALMENTE DE DUAS COISAS: DASOPORTUNIDADES QUE TEVE E DAS ESCOLHAS QUE FEZ.”AMARTYA SEN

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NAVE DE PORTAS ABERTASESCOLA TÉCNICA ESTADUAL CÍCERO DIAS – RECIFE/PE

03 Sobre Oi Futuro

04 Sobre o NAVE

Parte I – O NAVE de Portas Abertas

11 Apresentação

12 Prefácio

15 O início de uma aventura

Parte II – Pesquisas docentes

19 1. Didáticas colaborativas

24 2. Ética biofílica

28 3. Protagonismo juvenil

31 4. Ensino Médio integrado

34 5. Gestão escolar

37 6. Mídiaeducação

40 7. Sistema de avaliação

42 Bibliografia

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Sobre o Oi Futuro

Presente em todo o país, o Oi Futuro – instituto de responsabilidade social da Oi – tem a missão de democratizar o acesso ao conhecimento para acelerar e promover o desenvolvimento humano. Os programas do instituto têm como foco principal possibilitar um futuro melhor para as crianças e jovens de todo o Brasil, por meio das tecnologias da informação e da comunicação.

Atualmente, são mais de 4 milhões de pessoas beneficiadas em todo o território nacional, por meio de programas próprios nas áreas de educação, cultura, esportes e social, além do apoio a iniciativas de outras organizações via seleção por edital. Na área cultural, o Oi Futuro mantém dois espaços no Rio de Janeiro (RJ) e outro em Belo Horizonte (MG), e o Museu das Telecomunicações nas duas cidades, além da gestão do Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados. Na área de educação os programas Oi Tonomundo, Oi Kabum! (escolas de arte e tecnologia) e NAVE atendem 600 mil crianças e jovens, desenvolvendo metodologias educacionais inovadoras, promovendo a inclusão digital e fornecendo conteúdo pedagógico para a formação de professores e educadores da rede pública. O Oi Conecta, um programa em parceria com o governo federal, leva banda larga a mais de 40 mil escolas públicas, beneficiando milhões de alunos. O Oi Futuro apoia, ainda, projetos aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte. A Oi foi a primeira companhia de telecomunicações a apostar nos projetos socioeducativos inseridos na nova lei.

www.oifuturo.org.br

Sobre o NAVE

O Núcleo Avançado em Educação (NAVE) é resultado de uma pesquisa do Oi Futuro acerca das relações possíveis entre educação, tecnologia e cultura contemporânea. Inspirado no modelo de instituições como o Instituto do Coração (Incor), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Rede Sarah de Hospitais, entre outros, o NAVE é uma nova forma institucional paracriar novas proposições sobre o Ensino Médio brasileiro.

O Núcleo Avançado em Educação (NAVE) é composto de um centro de pesquisa, uma escola estadual de Ensino Médio integrado e um centro de disseminação, nas unidades do Rio de Janeiro e de Recife. O programa é resultado da parceria do Oi Futuro com as secretarias estaduais de educação do Rio de Janeiro e de Pernambuco.

O NAVE foi estruturado de modo a pensar e desenvolver metodologias replicáveis, a partir do Ensino Médio, que sejam capazes de responder à seguinte questão: “Como a escola pode falar a linguagem do seu tempo e se preparar para formar cidadãos e profissionais do futuro?”

Centro de pesquisa

O centro de pesquisa é orientado em duas linhas ordenadoras. A primeira diz respeito à criação de conteúdos, em nível técnico, para a formação de profissionais no âmbito das novíssimas profissões que, em sua maioria, emergem do ambiente denominado Tecnologias da Informação e Comunicação. Os conteúdos dos cursos técnicos são desenvolvidos em parceria com instituições de pesquisa, a saber:

Narrativas para Mídias Digitais (Planetapontocom) / Rio de Janeiro

Em parceria com a Planetapontocom – importante e pioneira organização não governamental no desenvolvimento de soluções para a área de mídiaeducação -, o curso de Narrativas para Mídias Digitais tem o desafio de produzir a escrita para os artefatos eletrônicos do século XXI. O profissional desse curso estará apto a atuar como desenvolvedor de roteiros e projetos de produção em diferentes mídias digitais, com perspectiva de interatividade e convergência de mídias e linguagens.

Geração de Multimídia (PUC-Rio) / Rio de Janeiro Desenvolvido com o Vision Lab (laboratório de visualização eletrônica) da PUC-Rio, o curso de Multimídia prepara um profissional capaz de atuar, de forma criativa, no desenvolvimento de aplicativos multimídia para diferentes plataformas digitais, como IPTV e TV Digital.

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As duas escolas trabalham com professores do ensino básico no modelo de professores-pesquisadores. Isto é, além do tempo de regência, esses profissionais – todos oriundos da rede pública – realizam pesquisas orientadas sobre as questões que envolvem o trabalho com os alunos e o ambiente tecnológico oferecido. Utilizam para isso, como base, os princípios da educação interdimensional

Escola Técnica Estadual Cícero Dias – Recife

A Cícero Dias, localizada em Boa Viagem na cidade do Recife, foi criada especialmente pela Secretaria de Estado de Educação de Pernambuco para compor o Nave. Inaugurada em março de 2006, a escola hoje conta com 433 alunos. Em 2009, a Escola Técnica Estadual Cícero Dias passou a adotar o modelo de Ensino Médio integrado, oferecendo os cursos de Programação de Jogos e Arte para Jogos. Desde 2007, no entanto, a escola foi pioneira no Brasil em oferecer, em sistema concomitante, o curso de Programação de Jogos para o Ensino Médio. O ambiente da Cícero Dias conta com um estúdio de produção para mídiaeducação, laboratórios de informática e auditório.

Colégio Estadual José Leite Lopes – Rio de Janeiro

Assim como em Recife, o Colégio Estadual José Leite Lopes foi criado pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro para compor o Núcleo Avançado em Educação em maio de 2008. O prédio localizado na Tijuca, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, abriga no momento 398 alunos em uma antiga estação telefônica da Oi. A área do prédio dedicada ao funcionamento do NAVE foi doada em comodato à SEE-RJ e foi reformada pelo Oi Futuro. O ambiente do Colégio Estadual José Leite Lopes conta com um estúdio de produção para mídiaeducação, laboratórios de informática, auditório e área de exposição.

Centro de disseminação

O centro de disseminação é o espaço para a sistematização e avaliação dos processos e metodologias do NAVE com vistas ao compartilhamento gratuito com as demais escolas da rede pública. Estão disponíveis para disseminação no NAVE o modelo de Ensino Médio integrado, o resultado das pesquisas docentes, o conteúdo dos cursos técnicos, todo o resultado do centro de pesquisas, e o mobiliário criado para as salas de aula.

Programação de Jogos (CESAR) / Rio de Janeiro e Recife

O curso de Programação de Jogos foi idealizado em parceria com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR). O curso tem por objetivo formar um profissional técnico para atuar como programador de jogos digitais, responsável pelo desenvolvimento de código de jogos e subprodutos relacionados, utilizando padrões, metodologias, tecnologias, linguagens e ferramentas de programação adequadas.

Arte para Jogos (CESAR) / Recife

Em parceria com o CESAR, o curso de Arte para Jogos trata dos aspectos concernentes à interface de jogos eletrônicos. O profissional técnico estará apto a apoiar o projeto de componentes como vídeo, áudio, física, mecânica (gameplay), inteligência artificial (IA), Graphical User Interface (GUI), a modelar classes, “algoritimizar” soluções. Além disso, esse profissional estará apto a apoiar a produção de elementos gráficos dos jogos, como personagens, cenários e objetos de cena.

O centro de pesquisa, além da criação dos cursos de nível técnico, também investiga o que denominamos como a segunda linha ordenadora de pesquisa. Os pesquisadores do NAVE dedicam-se a compreender como os meios eletrônicos (lousas digitais, computadores, DVDs, aparelhos de MP3, aparelhos de telefonia celular, pen-drives, entre outros) e seus conteúdos (jogos, redes sociais, filmes, etc.) podem ser absorvidos no cotidiano da escola, de modo a modificar a relação ensino-aprendizagem nos espaços pedagógicos que compõem a escola.

As investigações e os resultados do centro de pesquisa têm como destino a produção de metodologias que possam ser replicadas gratuitamente na rede pública de ensino, por meio de residências pedagógicas, publicações, sites e capacitações.

Unidades escolares

As escolas que formam as unidades escolares do NAVE adotam a modalidade de Ensino Médio integrado à educação profissional de horário integral. Nesse modelo, as disciplinas da educação básica e as da educação profissional têm os seus currículos integrados, de modo a criar relações contíguas entre o que é apresentado nas diversas disciplinas presentes na formação do jovem.

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Porque ensino médio integrado

Conforme aponta a Professora Maria Ceseste Muraro, que prestou consultoria sobre educação para o MEC, a sociedade brasileira sinaliza para a necessidade de elevação do nível educacional da população, incluindo-se a educação profissional como fator importante no processo de desenvolvimento que se pretende para o país. Nesse sentido, as escolas de Ensino Médio integrado têm obtido como resultado um currículo mais agradável para os alunos e mais satisfação para os educadores.1

Tem-se, no entanto, clareza de que a oferta de educação profissional é uma atividade complexa, sobretudo quando se consideram as demandas advindas de um mundo competitivo em uma sociedade profundamente desigual.

Aliado a isso, o mundo do trabalho mudou. Mudaram a organização dos empreendimentos produtivos, as tecnologias, as formas de gerenciamento da produção, as relações que se processam na realização das atividades, a organização espacial dos empregos. Aumentaram o desemprego e a informalidade. Mudaram, assim, os requisitos exigidos aos cidadãos produtivos – empreendedores e trabalhadores.

No que se refere à educação profissional, esse processo é ainda mais complexo porque exige que se passe de uma realidade dada como conhecida e certa para o desconhecido, para o imprevisível. Pressupõe, portanto, a substituição da concepção de educação referenciada como produto acabado e finito por um processo contínuo, orientado por outros paradigmas, principalmente pelos paradigmas tecnológicos.

Para atender às cadeias produtivas das tecnologias da comunicação e da informação, a formação profissional precisa deslocar-se da durabilidade para a fluidez; da permanência para a fugacidade; da rigidez para a flexibilidade; da estabilidade para a instabilidade; da memorização para a compreensão analítica e crítica.

Assim, faz-se necessário identificar o conjunto de condições, de fatores heterogêneos existentes que precisam ser mobilizados na perspectiva de transformação da realidade atual. Essa identificação entre a educação para o Ensino Médio e a educação profissional deve pautar-se:

• em exigências do mundo atual;

• em aspectos legais que podem assegurar e/ou restringir ações necessárias;

• na natureza dinâmica e fluida dos conteúdos científicos e tecnológicos, assim como a articulação existente entre eles;

O emprego de tecnologias, cada vez mais complexas, agregadas à produção e à prestação de serviços, passou a exigir um novo perfil educacional do jovem e do trabalhador. A educação profissional passa a incluir a compreensão do processo produtivo, a apreensão do saber

tecnológico, o domínio operacional de um “determinado fazer”, a valorização da cultura do trabalho, o desenvolvimento de habilidades, informações e atitudes necessárias à mobilização dos valores pertinentes ao desempenho de uma profissão de forma competente e responsável.

A educação do jovem e do profissional deve, portanto, estar atenta à abertura mundial da produção e dos intercâmbios e contribuir para a existência de uma nova forma de mundialização onde o jovem brasileiro possa posicionar-se integralmente como criador e cogestor dessa nova realidade.

No NAVE buscamos promover o encontro do Ensino Médio e a formação nas tecnologias da informação e da comunicação. Como vimos, a sociedade atual desenvolve diferentes processos de intercâmbios econômicos e culturais nessas áreas, e hoje, a ciência e a tecnologia significam forças materiais na produção e organização e funcionamento das comunidades e pressupõem outros tipos de habilidades, de conhecimentos, de avaliação, de competências socioculturais e profissionais.

Projeto pedagógico: educação interdimensional

No NAVE, a construção de um projeto pedagógico é a realização da educação interdimensional, como ampliação das ações educativas para além do cognitivo, abrangendo as dimensões relacionadas à corporeidade, à inteligência emocional e à busca de significado e sentido para a existência (crenças, valores, significados e sentidos). Esse estudo é fruto da pesquisa do professor Antonio Carlos Gomes da Costa.2

O plano pedagógico baseado na educação interdimensional implica três ordens de mudanças:

• mudanças de conteúdo;

• mudanças de método;

• mudanças de gestão.

1 Disponível em: <http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/mercado.asp>. Acesso em 16/10/2011, às 17h.

2 Antonio Carlos Gomes da Costa foi um dos grandes personagens da história da educação brasileira. Pedagogo, escritor e consultor, Costa dedicou sua vida à educação e foi sistematizador de metodologias para um novo paradigma educacional. Deixou grande contribuição para o cenário da promoção dos direitos e deveres da infância e da juventude, quando trabalhou como um dos redatores da Lei no 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Foi secretário de Educação em Belo Horizonte, oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e presidente do Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência (CBIA). Costa conquistou o primeiro lugar no Prêmio Nacional de Direitos Humanos (1998), foi membro do Comitê Internacional dos Direitos da Criança (Genebra) e do Instituto Interamericano da Criança (Montevidéu).

Com todo esse leque de experiências em educação e visionário de um novo ideal formativo, Costa sistematizou a educação interdimensional, uma proposta de pedagogia voltada para a formação humana. O foco central da educação interdimensional está no planejamento de ações educativas que contemplem, além da dimensão do “logos” (razão), outras dimensões do humano como a dimensão do “pathos” (afetividade), do “eros” (corporeidade) e do “mytho” (espiritualidade). No NAVE, as metodologias propostas por Costa ganham um espaço de pesquisa e experimentação que concretizam essas ideias em práticas educativas inovadoras.

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Mudanças de conteúdo: as mudanças de conteúdo visam acrescentar à grade curricular conteúdos norteadores, que deverão diferenciar a escola:

• educação para valores;

• protagonismo juvenil;

• enculturamento digital;

• cultura da trabalhabilidade.

Mudanças de método visando trabalhar com os jovens uma relação diferenciada com o conhecimento, por meio do desenvolvimento da metacognição (aprender o aprender, ensinar o ensinar e conhecer o conhecer):

• aprender o aprender, pelo incentivo à prática do autodidatismo;

• ensinar o ensinar, pelo incentivo à prática do didatismo entre os estudantes, de modo que eles possam ajudar uns aos outros no domínio dos conteúdos (didáticos cooperativos);

• conhecer o conhecer, pelo incentivo à prática de produção sistemática de conhecimento pelos próprios jovens, que deverão iniciar-se na atividade de pensar a vida e viver o pensamento.

Mudanças de Gestão visando levar os jovens a desenvolver atividades de autogestão, cogestão e heterogestão, tornando-os partícipes autênticos na gestão do cotidiano da comunidade educativa.

• Autogestão: o jovem vai aprender a gerir a si mesmo, pela construção de um plano de vida, de um plano de carreira e de um programa de ação (PA), que deverá orientar o seu ano escolar;

• Cogestão: os jovens são preparados, para o trabalho sistemático em equipe, atuando com seus colegas de forma criativa, solidária, complementar e sinérgica, na busca de realização de objetivos compartilhados;

• Heterogestão: o jovem vai aprender, por meio de práticas e vivências (acontecimentos estruturantes) a liderar, coordenar, chefiar, ou seja, a conduzir uma equipe, trabalhando sobre o trabalho de outras pessoas, conduzindo-as ao alcance de um objetivo.

Essas mudanças de gestão refletir-se-ão na estrutura e no funcionamento do NAVE:

• disposição de colocar-se a serviço de uma causa, influenciando outras unidades escolares;

• professores com atribuições ampliadas;

• projeto pedagógico, programa de gestão e estratégia de comunicação integrados e inovadores;

• o fim é público;

• e o espírito é a pesquisa e o desenvolvimento do ensino (marcar diferença, gerar impacto e agregar valor à causa), atuando com base em centros diferenciados de resultados: escola, pesquisa e disseminação.

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PARTE I

O NAVE DE PORTAS ABERTAS

Apresentação

O Oi Futuro aposta na parceria público-privada como uma estratégia importante para contribuir com o desenvolvimento social do país. Nesse formato, o NAVE é um caso de reconhecido sucesso, pois em parceria com as secretarias estaduais de Educação de Pernambuco e do Rio de Janeiro, há cinco anos desenvolvem-se soluções educacionais focadas no que os jovens são hoje e no que podem vir a ser amanhã. O compromisso central do programa consiste em criar metodologias inovadoras de ensino e aprendizagem em diálogo com as tecnologias da informação e da comunicação, com o intuito de trazer o cotidiano para dentro da sala de aula e explorar o que se vê na escola, também fora dela, melhorando significativamente a qualidade da educação.

Mais que uma oportunidade de reflexão sobre as conquistas e desafios desse esforço em conjunto, o NAVE de Portas Abertas é o momento ideal para levarmos o programa além dele mesmo. Nosso objetivo é compartilhar o que temos descoberto e experimentado na trajetória do NAVE, e também dar visibilidade ao trabalho dos educadores que têm se dedicado a pesquisar, implementar e implantar novas práticas de ensino-aprendizagem.

O NAVE possui uma dinâmica própria para criar e validar metodologias de educação. Nascidas no programa, são conceituadas no centro de pesquisa e inovação e, posteriormente, aplicadas nas nossas duas unidades escolares de Ensino Médio (no Rio e Recife). Por fim, o centro de disseminação se encarrega de avaliar, sistematizar e tornar públicos os resultados das pesquisas, com a intenção de tornar acessível a outras escolas e aos educadores o conhecimento produzido pelo NAVE. Com isso, podemos expandir o alcance dos conteúdos e ferramentas que o programa desenvolve e, também, adequar suas metodologias à especificidade de cada contexto em que são implementadas.

O Oi Futuro acredita que uma tecnologia social só ganha, de fato, relevância quando se torna uma experiência compartilhada. Por esse motivo, o NAVE de Portas Abertas é uma ocasião tão especial: o evento marca o início do processo de disseminação das metodologias do programa em Pernambuco, estabelecendo novas possibilidades para as soluções educacionais, elaboradas até aqui. Convidamos todos os educadores presentes e também aqueles que recebem esta publicação a se apropriarem desses espaços e, em parceria com o Oi Futuro e a Secretaria de Estado de Educação, contribuírem para a transformação da realidade dentro e fora da escola.

PAOLA SCAMPINIDiretora de Educação | Oi Futuro

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Prefácio

Você está começando a ler um material que foi escrito por várias mãos e que apresenta um retrato atual das ações e inovações sistematizadas pelo NAVE.

Os trabalhos apresentados aqui surgem a partir de uma pesquisa-ação realizada por educadores públicos. Trata-se de um grupo de profissionais, que dá um passo determinante na missão de inovar e desenvolver metodologias para um novo cenário educacional. Esses educadores estão aprendendo a ir além da educação instrumental e da transmissão de conhecimentos, para dar saltos importantes na direção da formação humana e da coconstrução do conhecimento. Eles estão desenvolvendo seu olhar de pesquisadores para criar e disseminar novas ideias educativas, novas metodologias que sinalizam para a educação que queremos.

Antonio Carlos Gomes da Costa, pensando em um novo ideal formativo, sistematizou a educação interdimensional. Sua proposta pedagógica busca apresentar novas formas de se pensar e praticar a educação, respondendo assim às demandas educacionais do século XXI expressas no relatório “Educação um Tesouro a Descobrir”, nos ideais da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.394/2006 conhecida como LDB) e no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). A educação interdimensional aponta mudanças de conteúdo, de método e de gestão da aprendizagem, visando a um projeto educativo capaz de contemplar de forma equilibrada todas as dimensões coconstitutivas do homem. Enquanto a escola herdada do iluminismo focaliza o “logos”, ou seja, a razão, a escola interdimensional entende que o planejamento das ações educativas deve se estender também às dimensões do “pathos” (afetividade), do “eros” (corporeidade) e do “mytho” (fontes de sentido e significado da existência humana).

O NAVE, por meio de seu centro de pesquisa e disseminação de soluções educativas, tem como causa nobre, a missão de pensar e praticar uma educação voltada para a plena formação do educando, seu preparo para o mundo do trabalho e para a atuação cidadã. Esse ideal de

formação humana nos levará a um ideal de sociedade mais equânime, diversificada, próspera, democrática e sustentável. Porém, a grande novidade desse trabalho não está somente na discussão sobre uma nova educação, mas no espaço aberto para experimentar e praticar ações pedagógicas afinadas com essa demanda.

Com abertura para inovar e condições para sistematizar novas práticas, a Escola Técnica Estadual Cícero Dias (PE) e o Colégio Estadual José Leite Lopes (RJ) estão empreendendo variadas metodologias norteadas pelas concepções sustentadoras da educação interdimensional. Os educadores dessas duas escolas desenvolvem em suas práticas educativas um itinerário formativo que contempla propostas de didáticas e avaliações colaborativas, pedagogia da presença, protagonismo juvenil, educação para valores, cultura da trabalhabilidade, como metodologias que se atrelam e estão a serviço de um modelo de Ensino Médio integrado à educação profissional.

Para o NAVE, o desenvolvimento de uma nova escola deve ser protagonizado pelos educadores, pois é no dia a dia escolar que podemos pesquisar e encontrar melhores formas de ensino-aprendizagem. Dessa pesquisa, partimos para o próximo movimento, a disseminação. O NAVE de Portas Abertas é um primeiro passo nessa direção. Sabemos que toda escola tem seu dinamismo próprio, sua identidade e deve ter autonomia para incorporar novas ideias em sua rotina, por isso mesmo cada relato de experiência encontrado neste documento deve ser compreendido não só como um conhecimento relevante, mas como metodologias adaptáveis a qualquer ambiente educacional.

Formando times de pesquisa em torno de concepções sustentadoras da educação interdimensional, os educadores do NAVE administram, implementam e sistematizam novas ações pedagógicas. A grande novidade desse trabalho, vale frisar, não está somente no discurso, mas no planejamento, na execução e na sistematização de ações educativas afinadas com esse ideal formativo e também na elaboração de planos de cursos profissionalizantes, voltados para um mercado em expansão e fortemente vinculado ao mundo juvenil e tecnológico.

A seguir, você encontrará relatos e registros dos resultados que surgem dessa parceria a favor da qualidade da educação. Os educadores das duas escolas estão organizados em 14 times de pesquisa docente, sete em cada unidade do NAVE (RJ e PE). Nesta publicação, apresentaremos um retrato atual do que vem sendo realizado em Recife. Ainda temos muito a caminhar, mas as iniciativas relatadas pelos educadores já apontam uma virada de paradigma e geram grandes intervenções no fazer pedagógico, que alteram a rotina escolar, a formação do educando e a postura do educador. Esperamos, com as nossas “portas abertas”, apresentar um trabalho relevante e inspirador, que fortaleça o serviço necessário e urgente de renovação da educação brasileira.

LOGOS

ENfOqUE iNTERDiMENSiONAL

ENfOqUE iNTERDiSCiPLiNAR

MYTHUS

EROS

PATHOS

3 “Aventura Pedagógica” é o título de um dos primeiros livros de Antonio Carlos Gomes da Costa.

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Mais do que uma escola pública inovadora, mais do que um centro de pesquisas, mais do que um polo tecnológico, o NAVE é um centro de pensamento da educação brasileira, que está construído sobre três pilares fundamentais: escola pública de Ensino Médio de excelência, centro de pesquisa e inovação em cultura digital e um centro de disseminação de todo o conhecimento produzido pelo programa.

A apresentação dos trabalhos realizados pelos educadores do NAVE é um primeiro passo do centro de disseminação e, ao mesmo tempo, é o que dá sentido e relevância a todo o trabalho de construção objetiva e subjetiva de um novo modelo de educação. Por que disseminar? Uma tecnologia social pode ter mérito ao desenvolver soluções para um grupo restrito de beneficiários. Provavelmente, as condições de desenvolvimento e avaliação serão as melhores possíveis, porque há mais controle do sistema, sobretudo se ele for isolado e asséptico. No entanto, uma tecnologia social só ganha relevância, se, além do mérito, houver o compromisso com a universalização. Sendo assim, está claro tanto para o Oi Futuro quanto para os parceiros que colaboram com o desenvolvimento do NAVE: o Brasil não pode ser um país de projetos isolados. Desenvolver metodologias que visem ao compartilhamento e que demonstrem abertura suficiente para que sejam absorvidas por realidades diferentes – afinal vivemos em um território continental – deve ser o compromisso de qualquer instituição que invista recursos em áreas estratégicas para o país.

As metodologias desenvolvidas no NAVE percorrem o trajeto próprio do programa, quais sejam: conceituação e desenvolvimento no centro de pesquisa e inovação, aplicação ou “pesquisação” nas unidades escolares de Ensino Médio do programa; avaliação, sistematização e publicação no centro de disseminação.

Por ser o NAVE um programa que visa contribuir com a educação pública brasileira, a disseminação das metodologias criadas só é possível a partir da construção e cogestão que exercitamos com as secretarias estaduais de Educação de Pernambuco e do Rio de Janeiro. As “portas abertas” expressam um desejo do NAVE de comunicação e troca com as demais escolas públicas brasileiras. Além de compartilhar as experiências e o conhecimento que estamos adquirindo nessa caminhada, o momento também serve para valorizar e validar o trabalho de educadores que, para além do seu tempo de regência, também se dedicam a investigar e a aplicar metodologias inovadoras. Todo esse esforço tem como objetivo construir uma educação contemporânea, que se comunique com a juventude.

É importante que cada metodologia criada e desenvolvida no centro de pesquisa e inovação do NAVE e aplicado nas escolas, seja factível de ser recebida e aprimorada por todos os educadores que venham a tomar contato com as nossas investigações, pois esse é o caminho que justifica nossa intenção de desenvolver e propor metodologias educacionais inovadoras com destino a políticas públicas.

JúLIO MAGNO HORTACoordenação de Pesquisa Educacional | NAVE

O início de uma aventura

“É o ensino secundário que ocupa agora um caráter de urgência, a nossa

atenção. De fato, é entre a saída do primeiro grau e a entrada na vida

ativa ou, então, o acesso a ensinos superiores, que se joga o destino de

milhões de jovens de ambos os sexos, este é o ponto fraco dos nossos

sistemas educativos (...) Numa idade em que os jovens são confrontados

com os problemas da adolescência, em que, de algum modo, se sentem

já com maturidade, mas sofrendo, de fato, por falta dela, em que estão

descuidados, mas ansiosos quanto ao futuro, é importante proporcionar-lhes

locais propícios à aprendizagem e à descoberta, fornecer-lhes meios para

refletirem e prepararem o futuro (...)” (J. Delors, 2006, p 26)

Uma viagem pela história...

A Escola Técnica Cícero Dias tem o seu nome em homenagem ao pintor modernista, pernambucano, nascido no município de Escada, no Engenho Jundiá em 1907, mudando-se para o Rio de Janeiro aos 13 anos, onde estudou, como interno, no Mosteiro São Bento. Em 1937 já expunha em Paris, onde morreu em 2003. Uma de suas telas mais célebres é o painel de 15 metros “Eu vi o mundo” (1928).

Criada em 2005 pelo Decreto no 28.830 e de um convênio de cooperação técnica e financeira entre os setores privado e público, de Centro Experimental de Boa Viagem passou a ser denominada de Centro de Ensino Experimental Cícero Dias. Em 2008, por meio da Lei Complementar no 125/2008, tornou-se Escola de Referência e, pelo Decreto no 36.121 de 21/02011, Escola Técnica Estadual Cícero Dias. É, portanto, uma escola pública, que atende a 464 educandos, oriundos de escolas públicas e privadas, dos mais diversos bairros do Recife. Jovens de 14 a 17 anos ingressam a partir de uma seleção pública, anual, promovida pela Secretaria de Educação Profissional. O NAVE funciona a partir de uma parceria entre o governo do estado de Pernambuco e o Oi Futuro ao ofertar o Ensino Médio integrado a dois cursos: Programação de Jogos Digitais e Multimídia.

A proposta do NAVE Recife

A Escola Técnica Estadual Cícero Dias ao dialogar com o mundo contemporâneo, por meio de sua proposta pedagógica, se volta para um ensino inovador, em que as modernas tecnologias estão a serviço da aprendizagem acadêmica e do mundo do trabalho. Assim, se firma no tripé da compreensão, aceitação e prática do que preconiza a LDB, o Decreto no 5.154/2004 sobre educação profissional, a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, Jomtien (1990) e todos os pressupostos legais que integram a política educacional vigente. E, de forma especial, os conceitos de educação interdimensional, sistematizados pelo professor Antonio Carlos Gomes da Costa, cuja implementação e vivência fez seu berço em nosso regaço.

Ao pensar uma proposta que pudesse atender aos anseios dos jovens, despertando seus interesses e falando a sua linguagem, fez-se necessário buscar soluções educativas inovadoras com o investimento em uma instituição que, sustentada numa concepção tripartida, também

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fosse uma escola unitária. Assim, surgiu a ideia de se estruturar o NAVE com uma escola, um centro de pesquisa e um centro de disseminação. Assim, considerando a sala de aula e o ambiente escolar o locus privilegiado da experiência, poderíamos desenvolver a pesquisa e disseminá-la na rede pública educacional.

O NAVE de Portas Abertas, foi pensado com o objetivo de começar a divulgar essas experiências, com o intuito de produzir uma teoria, ainda que não acadêmica, porque a escola é um ambiente vivo e dinâmico que sempre nos surpreenderá. Dessa forma, jamais teremos receitas ou lições pedagógicas prontas ou modelares, nosso objetivo, neste primeiro momento, não é provar nada cientificamente. Há muito a percorrer, muita floresta a ser desbravada, como nos alerta Rubem Alves, em seu conto “Boca de forno” (Alves, 1996), em que ele nos lembra aquela brincadeira: “Boca de forno! Forno!” Criada por Christhian Andersen, que simulava uma brincadeira inofensiva e infantil, mas na verdade, satirizava a subserviência do povo alemão no início do século XVII. Da mesma forma, o que não podemos é ficar repetindo, sem refletir, as velhas e novas lições. A floresta é espessa, mas importa que não a temamos, que desafiemos o desconhecido, que nos aventuremos, porque sempre haverão os mistérios e os recônditos nessa imensa floresta que é o conhecimento, através da pesquisa, o que pode nos conduzir a uma escola melhor.

Se a escola pública é nosso chão e fruto de nossa luta, portanto, conquista e território nosso, precisamos, inquietamente, ousar, como nos incita Paulo Freire, para fazê-la cada vez melhor, fazendo a educação possível, já que a ideal é utopia. Mas que seja essa utopia a força mobilizadora da nossa ação pedagógica e ela tem sido. Ela é! Por isso estamos aqui, porque acreditamos nesse sonho.

Esses relatos que compõem a coletânea que chegam às mãos de vocês são o resultado de muitos dias de trabalho incansável, alinhavado a muitos dedos. Foram o produto de muitas horas de experimentos, de reflexão, de discussão, de sentimentos carregados de ansiedade, insegurança, às vezes de solidão, mas nunca de desânimo ou de apatia. A solidariedade, o sentimento de pertença e a resiliência venceram o cansaço. Colocamos nas mãos de todos os interessados, num gesto de partilha.

Nada está pronto. Como dissemos anteriormente, não se trata de receitas ou fórmulas de fazer pedagógico, porque cada instituição tem as suas especificidades e, cada contexto, as suas características. Mas esse trabalho que hoje apresentamos, foi o que conseguimos desenvolver, experimentando em sala de aula, nos times de educadores e de educandos, nas atividades rotineiras da escola, nos processos de gestão, nos laboratórios, na convivência diária com nossos pares, grande parte do teor da proposta de educação interdimensional, criada pelo professor Antonio Carlos. Não chegamos à exaustão de sua densa obra, mas nos debruçamos sobre algumas de suas ferramentas. Porque para ele, só por meio de práticas e vivências, se poderia, de fato, promover uma revolução na educação e, para tanto, sua teoria não poderia se limitar a ser algo repassado, mas algo a ser compreendido e, se aceito, praticado.

E foi isso que fizemos. Com o mesmo despojamento, a mesma simplicidade, a mesma obviedade com que ele falava, fazia e escrevia as coisas, nos propusemos e ousamos repetir essa mesma façanha. E aqui está o resultado: esses relatos de experiência, que antes de serem tomados como produções de cunho científico, nada mais são que uma simples contribuição para a melhoria da prática docente, aberta à recepção de críticas, sugestões e outras espécies de considerações, a partir dessas vivências e práticas no cotidiano de cada educador que se dispuser, como nós, a empreender essa aventura pedagógica, porque ela, certamente, não terá fim.

Então, comecemos nossa viagem: O NAVE abre as portas! SUELY ALMEIDA BARBOSAGestora da Escola Técnica Estadual Cícero Dias | NAVE RECIFE

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1. Didáticas colaborativas

João Bosco Araujo Fernandes (Física) – José Gilberto Silva (Filosofia) – José Jordão de Araujo Gomes (Matemática) – Marcos Antonio de Moraes Filho (Biologia) – Rosangela Mendonça do Nascimento (Artes).

Para pôr em prática uma das ideias mais estruturantes da educação interdimensional, montamos um time de pesquisa docente voltado para o desenvolvimento de processos educativos colaborativos. Assim, nasceu o time das didáticas colaborativas, com cinco educadores responsáveis por planejar e administrar essas concepções, envolvendo toda a comunidade educativa em uma grande missão: a formação de um jovem solidário, capaz de trabalhar de forma colaborativa e com fortes habilidades interpessoais.

Considerando o grande leque de metodologias que poderia ser alvo dessa pesquisa-ação, foi necessário planejar e escolher estratégias possíveis de serem implementadas em toda a escola, visando alterações relevantes na rotina do processo de aprendizagem. Imbuído dessa audaciosa missão, o time das didáticas colaborativas focou no aperfeiçoamento de quatro princípios estratégicos, que foram convertidos em instrumentos e metodologias. Essa intervenção na prática educativa da escola considerou a necessidade de ser objetiva, para que tivéssemos mudanças relevantes, porém, possíveis de serem realizadas e replicadas também em larga escala na rede pública de ensino.

O estudo e a implementação desses instrumentos objetivam a obtenção, a análise e a consideração de informações importantes no âmbito social, pessoal e cognitivo do educando, para que o educador possa planejar e redefinir suas estratégias de aprendizagem. Também é função desse trabalho munir o educador-orientador de informações que o permitam aprimorar sua função de facilitador e mediador dos times de educandos sob sua tutoria.

Abaixo, vamos relatar como se deu todo esse processo, o que foi feito e o que pretendemos para a sequência da nossa pesquisa-ação.

Formação dos times

Começamos com a formação dos times de educandos. Desde 2009, a escola desenvolve o Opinionário, um instrumento voltado para apoiar o educador na tarefa de agrupar seus educandos, considerando variados fatores e estabelecendo relações entre eles. As informações colhidas no Opinionário balizam a constituição dos times, e a compilação das respostas dos educandos é feita por uma interface que reúne as informações e orientam o educador na formação desses times. A experiência piloto realizada na ETE-CD, através do NAVE, demonstrou que a montagem planejada de times pode trazer benefícios para o processo educativo, gerando sinergia positiva e construtiva entre os educandos.4

PARTE II

PESQUISASDOCENTES

4 Para leitura adicional sobre didáticas colaborativas, sugerimos o texto Colaborative Learning. Disponível em: <http://learningcommons.evergreen.edu/pdf/collab.pdf>. Acesso em: 3/10/2011, às 16h.

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O Opinionário

O Opinionário foi estruturado da seguinte forma: três questões relacionadas à liderança e à afinidade entre os educandos; uma questão sobre o domínio das disciplinas por parte deles; duas questões sobre moradia e acesso à internet.

Quando aplicamos o Opinionário nas três séries do Ensino Médio, percebemos a necessidade de desenvolver um mecanismo de entrada mais objetivo para a 1ª série, pois verificamos que as questões sobre liderança e afinidades relacionais tiveram seus resultados seriamente comprometidos. A abordagem sobre o domínio de disciplinas tornou-se muito subjetiva, por serem os educandos originários de escolas de diferentes realidades. Diante dessa observação, estamos estudando a possibilidade do aproveitamento das notas da seleção de entrada como indicador mais objetivo, seguro e eficiente.

Outra aprendizagem foi perceber que a montagem tardia dos times pode criar resistência à formação sugerida pelo Opinionário entre os educandos, pois eles já criam fortes vínculos com seus colegas e não ficam satisfeitos com a alteração de seus grupos. Portanto, os times devem ser compostos no início das aulas, utilizando a interface que agrega os dados do Diagnóstico Sociocultural e a nota do concurso de entrada.

Para as turmas das 2ª e 3ª séries, a aplicação do Opinionário deve ser realizada na primeira semana de aula, utilizando as médias obtidas na série anterior e afinidade por área de conhecimento. No decorrer do ano letivo, algumas situações apontaram a necessidade de uma reorganização dos times que sofreram perdas dos componentes, seja por desistência, transferência e/ou outras situações, validadas legal e institucionalmente. Essa reorganização perpassa a revisita aos dados obtidos inicialmente no Opinionário.

Observamos também que a experiência com os times é capaz de fazer o educando sair do individualismo, promovendo a vivência, a identificação e a incorporação de valores, atitudes e habilidades fundamentais para o aprender a ser e a conviver (ver depoimentos a seguir).

Educador-orientador

Com a formação dos times surge a necessidade do educador-orientador como função estratégica de acompanhamento desses times. Esse acompanhamento favorece a prática da pedagogia da presença, outro eixo estruturador da educação interdimensional.

Sabemos que o educador é permanentemente um facilitador e um mediador da aprendizagem. Ao destacarmos no educador a sua função de orientar, estamos nos referindo ao trabalho com os times. Elaboramos pesquisas junto ao corpo docente e discente para definir o papel e o perfil do educador-orientador e chegamos à conclusão de que ele é um mediador desse processo e tem como objetivo promover a integração entre os componentes dos times; facilitar as relações interpessoais; ajudar na superação dos desafios, visando à coconstrução da aprendizagem e ao desenvolvimento pessoal dos educandos. Para tanto, faz-se necessário que o educador-orientador seja imparcial e empático diante dos conflitos, promova o diálogo entre as partes; incentive as habilidades relacionais e seja, antes de tudo, um bom ouvidor.

O educador-orientador utiliza, em sua prática, os dados obtidos com algumas ferramentas estratégicas desenvolvidas na metodologia NAVE como o Mapeamento Interdimensional e o

Diagnóstico Sociocultural (que ainda vamos descrever neste relato), o Opinionário, além da Avaliação Atitudinal e a Autoavaliação, que são objetos de estudo do time de pesquisa sobre o Sistema de Avaliação NAVE.

Para realizar o monitoramento das ações dos times, o educador-orientador pode utilizar diversos recursos:

• make it new (encontros quinzenais);

• planilha virtual ou em papel;

• diário de bordo virtual ou em papel;

• Google docs;

• e-mail;

• MSN, rede sociais.

Nos estudos realizados sobre essa metodologia, verificou-se a necessidade de implementar a função de um “mentor” para o acompanhamento do serviço feito pelo educador-orientador. Pensamos que essa função pode ser exercida pela figura do coordenador pedagógico/gestor pedagógico, visando apoiar as ações do educador-orientador, monitorando, por meio de reuniões e recursos midiáticos, o desenvolvimento das ações do educador com seus times.

Nosso time de pesquisa está estudando a elaboração, para 2012, de um documento batizado de Guia do educador-orientador, a ser divulgado, onde elencaremos as orientações sobre o perfil e as ferramentas estratégicas aperfeiçoadas e criadas para facilitar a prática do educador-orientador.

Diagnóstico Sociocultural

Esse instrumento está voltado para levantar informações sobre o meio social e cultural do educando, pois é de grande importância, para o planejamento do educador, conhecer o contexto sociocultural no qual o educando está inserido. O Diagnóstico Sociocultural é um dos instrumentos que servem como norteadores para o educador-orientador. O mesmo será aplicado na entrada para os educandos das primeirasséries e revisitado anualmente para atualização dos dados nas 2as e 3as séries.

Nosso time de pesquisa analisou a necessidade de aperfeiçoar uma ferramenta que possibilite o alinhamento entre os documentos de entrada (matrícula) e as informações sobre o contexto sociocultural dos educandos, visando à formação dos times da 1ª série. Essa ideia está sendo estudada para o próximo ano letivo.

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ViSãO DESTEMiDA DO fUTURO

AUTOCONfiANçA

AUTOCONCEiTO

AUTO-ESTiMA

iDENTiDADE

PLENiTiDE HUMANA Encontro do ser com o querer ser

Cada passo dado na direção do seu projeto

Resistir à adversidade é utilizá-la para crescer

Assumir a direção, o controle de sua própria vida

É a linha, a estrada, o caminho que liga o ser ao querer-ser

É querer algo e saber o que é necessário para se chegar lá

Desejar ardentemente ser alguma coisa - sonho

Olhar o futuro sem medo

Confiar em si próprio

Ter uma idéia boa a respeito de si mesmo

Gostar de você mesmo

Compreender-se e aceitar-se

AUTO-REALizAçãO

RESiLiêNCiA

AUTODETERMiNAçãO

SENTiDO DA ViDA

PROJETO DE ViDA

qUERER-SER

A Caminho do Crescimento

Pessoal e SocialProf. Atonio

Carlos Gomes da Costa

QUATRO APRENDIZAGEMQUATRO CONJUNTOS DE COMPETêNCIAS

QUATRO ATITUDES EXEMPLOS DE HABILIDADES

Aprender a ser Competências pessoais Autodesenvolvimento

• Autoconhecimento • Autoconceito • Auto-estima • Autoconfiança • Autonomia • etc

Aprender a conviver Competências relacionais Alterdesenvolvimento Habilidades de relacionamento interpessoal e social: • As várias dimensões do cuidado

Aprender a fazer Competências produtivas

Desenvolvimento das circunstâncias (Voltado

para a realidade econômica, ambiental, social, política

ou cultural)

Trabalhabilidade: • Autogestão • Co-gestão • Heterogestão

Aprender a conhecer Competências cognitivasDesenvolvimento intelectual

(Voltado para a gestão do conhecimento)

Habilidades metacognitivas: • Autodidatismo • Didatismo • Didáticas cooperativas

Fonte: Julio Horta

5 Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127139Porb.pdf>. Acesso em: 29/9/2011, às 15:30h.

Mapeamento Interdimensional

O Mapeamento Interdimensional surge a partir de uma proposta de Antonio Carlos Gomes da Costa, que visa avaliar o desenvolvimento dos educandos nas “mega-aprendizagens”. O instrumento está estruturado nos quatro pilares da educação do Relatório Jacques Delors (Unesco, 1998)5 – aprender a ser, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a conhecer.

A finalidade do Mapeamento Interdimensional é possibilitar a visualização do estágio em que cada educando, time, turma, série ou toda a escola se encontra no início e no final do ano letivo. Os produtos desse processo poderão servir de insumos para o planejamento, execução e avaliação dos planos de curso, unidades, aulas ou atividades, tendo como parâmetro a proposta filosófico-educacional da educação interdimensional.

No processo de pesquisa de 2011, conseguimos criar um modelo virtual que foi aplicado em toda a escola. Ainda estamos analisando as informações e como elas podem servir ao educador-orientador, pois uma das suas finalidades é possibilitar que o mesmo identifique o estágio de desenvolvimento em que os seus times se encontram em termos pessoais, relacionais, produtivos e cognitivos.

Para o aprender a ser, buscamos observar as competências pessoais com o “Caminho do Desenvolvimento Pessoal e Social” (ao lado). Em relação ao aprender a conviver, Costa utiliza os quatro cuidados como forma de observar como o educando se relaciona consigo mesmo, com os outros, com o ambiente e com as fontes de significado da existência humana. Com os “Códigos da Modernidade”, de Bernardo Toro (1998), e as ideias organizadas pelo próprio Costa sobre habilidades básicas, específicas e de gestão, o Mapeamento Interdimensional busca dados sobre o aprender a fazer. E, finalmente, para avaliar o aprender a aprender, observamos a metacognição, que indica o didatismo, o autodidatismo e as didáticas colaborativas como formas de aquisição do conhecimento.

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biofílica. No intuito de desenvolver ações pedagógicas que possam fazer essa nova ética “sair do papel”, incluindo de forma transversal esse conceito nas ações pedagógicas de nossa escola, formamos um time de pesquisa docente para explorar o tema. Nossa intenção é influenciar toda a comunidade escolar para refletir e assumir uma nova postura de cuidado, capaz de contribuir com a construção de uma sociedade mais sustentável em todas as suas dimensões: ambiental, econômica, social, política e cultural.

A ética biofílica, na concepção de Costa, deve se traduzir na comunidade escolar como a vivência de quatro cuidados básicos – autocuidado, altercuidado, ecocuidado e transcuidado. Essa ideia-força está presente em todas as mudanças que uma escola – baseada na educação interdimensional – deve empreender.

“A ética biofílica, portanto, é aquela que coloca a vida e sua dignidade em todas as suas manifestações como o mais amplo, profundo e universal dos valores.”

Antonio Carlos Gomes da Costa

Éticaquando falamos de ética, consideramos as ações humanas do ponto de vista de aprová-las ou censurá-las. A ética examina a ação e não o conhecimento. Ribeiro 2002

BiofílicaBios = vida + philia = amor, amizade• A vida é o mais básico e universal dos valores• Nenhuma vida humana vale mais do que a outra

TRANSCUIDADONa relação com as

fontes de significado e sentido da

existência humana.

QUATRO CUIDADOS

ALTERCUIDADO Nas relações interpessoais

e sociais

AUTOCUIDADO Na relação

consigo mesmo

ECOCUIDADO Nas relações

com o ambiente em que se vive

Depoimentos

Sobre a importância de se trabalhar em time e do educador-orientador.

Time 3 da 1ª série C:

“Quanto ao trabalho em times, é muito bom, pois há ajuda mútua, muito

melhor do que se trabalhar individualmente. Inicialmente foi difícil trabalhar

com o ‘diferente’, separar-se do grupo de amizade; no entanto, com o

decorrer do ano e a intervenção e monitoramento do educador-orientador,

tem sido muito produtivo o trabalho em time.”

Time 3 da 2ª série D:

“É válido. A soma dos esforços geralmente acarreta num produto satisfatório.

É uma experiência gratificante quando se entende que não escolhemos

todo mundo para trabalhar e há uma surpresa agradável na descoberta

de cada um. No entanto, quando não há monitoramento frequente do

educador-orientador do time, a tendência é não haver envolvimento entre as

partes; mesmo que esse monitoramento seja feito através das ferramentas

tecnológicas, há necessidade de presença física mais frequente e regular do

educador-orientador para animar os integrantes.”

Educadora Cristiane Dutra:

“O trabalho em times de educandos é bom, embora tenha muitas

dificuldades. Acho necessário determinar um horário específico (inserir no

calendário da escola) para fazer o acompanhamento dos times e do educador-

orientador pela coordenação pedagógica, para saber o que está acontecendo.

Monitoro os times por meio do diário de bordo e tem dado certo.”

Educador Sebastião Rosimar:

“O trabalho em time é muito interessante e tem efeito positivo, pois se

discute as queixas e soluções, juntos. Monitoro os times presencialmente,

por meio de diálogo.”

2. Ética biofílicaEduardo Aroucha Borges (Educação Física) – José Carlos Pereira dos Santos (Química) – Maruska Lacet dos Santos (Língua Estrangeira - Inglês) – Roberto De Souza Leal (Sociologia) – Sebastião Rosimar De Oliveira (Geografia).

Nos documentos sobre educação interdimensional, Antonio Carlos Gomes da Costa nos coloca uma pergunta central: “Qual deve ser a ética da era pós-industrial?” Para responder a essa questão, Costa resgata um conceito trabalhado por Erich Fromm e nos apresenta a Ética

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Outro fator que demonstrou o envolvimento dos educandos nesse projeto foi a prática, no cotidiano, da manutenção das salas arrumadas e limpas, durante todo o dia e não apenas durante as aulas dos educadores do time de ética biofílica, mas também nas aulas dos demais educadores.

Empreendemos também uma ação com toda a escola, o Vale Tanto. Trata-se de uma proposta mensal, norteada pela escolha de um valor a ser vivenciado por toda a comunidade educativa no dia a dia da escola por meio de palestras, textos, músicas, vivências, entre outras ações educativas com base na ética biofílica. O objetivo central é o desenvolvimento do aprender a conviver. Ainda não conseguimos empreender totalmente a ideia e vimos que se faz necessário trabalhar esses valores primeiramente com o nosso corpo docente, pois, assim, as ações podem chegar mais facilmente aos educandos. Até agora, os temas trabalhados nessa ação foram a gentileza, solidariedade, tolerância, justiça, responsabilidade, resiliência e honestidade.

Concluindo

O propósito desta pesquisa é a formação de cidadãos conscientes e atuantes no processo de desenvolvimento de uma sociedade mais justa, equânime e solidária. Temos muito trabalho pela frente: nosso planejamento para 2012 é compilar a aprendizagem da atual pesquisa piloto para propor uma ação mais estruturada e sistemática com base nos quatro cuidados, capaz de envolver educadores escolares, familiares, comunidades e todos os educandos.

Nosso time de pesquisa defende a ideia do cuidado como um eixo estruturante do aprender a ser e a conviver, dois pilares da educação que podem contribuir com um novo e mais humanista projeto de sociedade. Um grande desafio da educação no século XXI é promover entre as novas gerações as práticas do cuidado, e, por isso mesmo, compreendemos que a escola deve estar atenta para desenvolver com seus educandos, práticas e vivências de cuidado consigo mesmo, cuidado com os outros, cuidado com o meio ambiente e cuidado com as fontes de sentido da existência humana. É pela vivência, muito mais do que do discurso, que o educando pode experimentar, identificar e incorporar valores que contribuirão com o seu desenvolvimento pessoal e social.

Sabemos que a atitude básica do adolescente diante da vida depende de sua educação familiar, escolar e das interações no espaço comunitário, principalmente do relacionamento com os seus pares. E é nesse universo que pretendemos atuar, envolvendo primeiramente os educadores para chegar aos educandos, seus familiares e toda a sociedade.

O que está sendo feito

Nosso projeto de pesquisa ainda está sendo elaborado e iniciamos algumas ações em um modelo piloto, visando à estruturação de um planejamento para 2012 que envolva toda a escola.

Inicialmente, focamos o ecocuidado e a vivência de valores como as duas primeiras estratégias para avançarmos na nossa missão. O planejamento da pesquisa está voltado para o desenvolvimento de ações pedagógicas que promovam a questão dos valores e do ecocuidado com as turmas piloto (2º A e C). Nossa conclusão até agora, observando as atitudes dos educandos, é que geramos mudanças positivas no comportamento dos mesmos. Após a realização de atividades lúdicas orientadas para conscientização e mudanças de postura, percebemos que os educandos assimilaram a ideia de cuidado, aceitaram que o “saber cuidar” pode fazer a diferença e demonstraram atitudes práticas sintonizadas com as ideias trabalhadas.

Outra ação importante para avançar na pesquisa foi a organização de questionários para educandos e, posteriormente, para os educadores, visando analisar a compreensão que eles têm sobre temas relacionados com a ética.

Na sequência, nosso primeiro passo foi estimular os educandos a construírem frases sobre o ecocuidado. Nosso objetivo era abordar a necessidade da limpeza e manutenção do ambiente escolar, conservação e preservação do patrimônio, evitando assim atos de vandalismo e promovendo a atitude de cuidado, que se inicia com o seu entorno.

Após a construção das frases, o segundo passo foi confeccionar banners, que foram afixados nas salas de aula e nos demais espaços da escola, sendo todos direcionados à assimilação dos valores relacionados ao ecocuidado. A ação foi simples, porém relevante. Os educandos demonstraram envolvimento e sentiram satisfação em ver suas frases, o que nos fez observar que eles estavam realmente refletindo e incorporando os valores trabalhados. Uma afirmação de Alfonso Quintás pode jogar luz sobre essa vivência: “O bom educador aproxima as crianças e os jovens da área de irradiação dos valores por meio de experiências adequadas a isso. O restante fazem-no os próprios valores, pois estes não existem, simplesmente: eles se fazem valer”.

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A linha de pesquisa do plano de vida procura desenvolver uma ferramenta capaz de exercitar a habilidade de planejamento dos educandos, mostrando a importância da visão de futuro para a sua vida.

O que foi feito

O primeiro passo dado em relação à pesquisa do plano de vida foi o levantamento de referências bibliográficas, com a finalidade de ter uma base teórica.

Em seguida, tentando compreender como os educandos veem o planejamento de suas vidas, realizamos uma série de entrevistas que envolveu 12 educandos, contemplando as três séries constitutivas do Ensino Médio. Todos os educandos entrevistados fazem parte do corpo discente da Escola Técnica Estadual Cícero Dias. Percebemos que existe um padrão dentro das respostas: os educandos entendem que o planejamento é algo positivo, têm sonhos e vontades e compreendem que o plano de vida pode ajudá-los, mas não conseguem vislumbrar isso em longo prazo.

Levando em consideração o educador como o mediador capaz de despertar no educando um maior senso sobre o seu plano de vida, realizamos uma série de entrevistas com os mesmos. Foram feitas 23 entrevistas com educadores do Ensino Médio de duas instituições públicas (ambas pertencentes à rede estadual do estado de Pernambuco e localizadas em Recife): Escola Técnica Estadual Cícero Dias (com 13 respondentes) e Escola de Referência em Ensino Médio Santos Dumont (com 10 respondentes).

Nossa intenção era levantar qual seria a aceitação de um jogo como ferramenta didática e seus conhecimentos sobre o plano de vida. O resultado obtido foi que a maioria (95,7%) dos entrevistados acredita no potencial do jogo como ferramenta pedagógica e, embora alguns não conheçam o plano de vida, a maioria (69,6%) está ciente de sua existência. Todos os educadores entendem a sua importância e relevância para a formação do educando.

Próximos passos

A próxima etapa será a criação de um protótipo de baixa fidelidade de um jogo que gamifique a lógica de planejamento básica, usada para a construção de um plano de vida. Esse protótipo tem como finalidade testar as mecânicas e a temática do jogo, bem como sua usabilidade, jogabilidade e aceitação dos elementos gráficos. Após avaliar o protótipo, os resultados dos testes serão nossa base para um novo ciclo dentro da metodologia de desenvolvimento de projeto, centrado no usuário, o que prevê uma reelaboração dos pontos problemáticos antes das novas iterações do jogo.

Grêmio estudantil

A palavra grêmio tem origem no latim gremiu, que quer dizer sociedade, associação, ou seja, “estado dos homens que vivem sob leis comuns, corpo social, agremiação”. Entendendo que a gestão democrática é a participação efetiva de toda a comunidade escolar em um projeto educacional, nada mais lógico do que fomentar a atuação do Grêmio Estudantil nas situações que envolvem esse ambiente.

Os nossos questionamentos são: como o Grêmio Estudantil contribui para a vida e cidadania discentes? Qual é a relação que existe entre o Grêmio e a comunidade escolar? Qual papel o

3. Protagonismo juvenilEduardo Gonçalves de Oliveira (Educador de Artes - Curso Técnico) – Maria Betânia Padilha Cursino (Educação Física) – Nilson Valdevino Freitas (Educador de Artes - Curso Técnico) – Verildo Jorge Queiroz Rodrigues (Física) – Vinicius Cavalcanti Fabrino Gomes (Educador de Artes - Curso Técnico).

“A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa

– espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético,

responsabilidade social, espiritualidade. Todo ser humano deve ser preparado

especialmente graças à educação que recebe na juventude, para elaborar

pensamentos autônomos e críticos e para formular seus próprios juízos de

valor, de modo a poder decidir por si mesmo nas diferentes circunstâncias

da vida.” (Delores, Educação: um tesouro a descobrir.)

Visando à formação de um jovem cidadão, autônomo, solidário e competente, preconizada em nossa missão, a Escola Técnica Estadual Cícero Dias, integrante do Núcleo Avançado em Educação (NAVE), toma como imprescindível a criação de espaço e condições que fomentem o desenvolvimento do protagonismo juvenil.

Definido por Costa (2000) como o envolvimento dos jovens “em atividades direcionadas à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso”, e cujo cerne é “a participação ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla”, o protagonismo juvenil é o objeto de estudo desta pesquisa, o qual optamos por explorar em duas vertentes: plano de vida e Grêmio Estudantil.

Motivação

Inicialmente, foram levantadas duas linhas de pesquisa dentro do tema do protagonismo juvenil: plano de vida e grêmio estudantil. Em ambas, temos como intuito levar o educando a assumir o papel principal dentro de sua própria vida, atuando ativamente nas decisões dentro da escola e fora dela.

Plano de vida

Como atestado pela sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (1966), tendemos, em nossa vida cotidiana, a tomar como cerne de nossa realidade o “aqui” de nosso corpo e o “agora” de nosso presente. Necessitamos, portanto, exercer um “esforço deliberado” para ultrapassar o imediatismo de nossa realidade cotidiana.

Com os jovens não é diferente, pois, apesar de construírem a própria realidade de maneira intersubjetiva, acabam por apreender a realidade do outro (o educador, o profissional, o adulto) apenas de maneira vaga, distante do seu “aqui” e de seu “agora”.

Entendemos, então, o plano de vida como um recurso direcionado ao aperfeiçoamento pessoal. Com ele, se possibilita ao educando enxergar não apenas sua realidade imediata, ao contrário, estimula-o a um distanciamento necessário para questionar a realidade em que vive e, assim, o jovem começa a perceber o caminho que percorre, adquirindo a capacidade de moldá-lo e adaptá-lo aos seus anseios.

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Grêmio desempenha para que a gestão democrática seja uma realidade da unidade escolar? Seria o Grêmio, ainda nesse novo século, a forma de representatividade e participação democrática que os jovens anseiam? Ou seja, seria mesmo por meio de um Grêmio que esses jovens queriam ser representados?

Temos como proposta: a) identificar em que grau de participação se encontram os estudantes e suas organizações, no processo de democratização da escola; b) assumir um compromisso de envidamento de esforços e estratégias que, essencialmente, busquem a melhoria desse processo de organização democrática; c) entender como podem os educandos, por meio do Grêmio Estudantil, participar e contribuir decisivamente com a construção de uma nova escola.

O que foi feito

Fizemos um levantamento bibliográfico de textos e artigos referentes à educação interdimensional com foco no protagonismo juvenil, além de um resgate histórico referenciando a evolução do movimento estudantil até os dias atuais.

Realizamos, com um questionário, entrevistas com gestores, educadores e educandos de 10 escolas públicas da região metropolitana do Recife, todas pertencentes à rede estadual de escolas públicas de Pernambuco.

4. Ensino Médio integradoAnderson Paulo da Silva (Educador de Programação - Curso Técnico) – Gutenberg Xavier da Silva Barros (Educador de Artes - Curso Técnico) – Luciene Gonçalves Duarte (Educadora de Apoio) – Tiago Lemos de Araújo Machado (Educador de Programação - Curso Técnico).

Fazer Ensino Médio Integrado, implica garantir o direito de acesso aos

conhecimentos socialmente construídos, tomados em sua historicidade,

sobre uma base unitária que sintetize humanismo e tecnologia. (Ramos, 2009)

Com relativa frequência, observa-se a desmotivação de alguns educandos em atividades na sala de aula. Em muitos desses momentos, essa desmotivação acontece quando a dinâmica da aula torna-se repetitiva. Partindo desse cenário e adotando pontos de uma metodologia da educação interdimensional, que contempla uma formação que vai além de termos apenas cognitivos, pode-se alcançar resultados que apresentam melhoras tanto no déficit de atenção quanto na colaboração dos educandos entre si.

Motivação

Na metodologia aqui apresentada as aulas são baseadas em desafios propostos pelo educador que utiliza seus conhecimentos para orientar os educandos na busca de soluções para problemas baseados no conteúdo programático.

A diferença consiste no caráter prático das aulas, no protagonismo dos educandos e na atuação do educador, que age como guia, coordenando o andamento dos desafios.

Dessa forma, as aulas usam um aprendizado baseado em metas, no qual o desafio proposto deve ser:

1. mensurável – permitindo que o educador possa avaliar o educando e o mesmo se autoavaliar;

2. específico – impossibilitando perda de foco do educando;

3. temporal – para que o educando aprenda a trabalhar no prazo especificado;

4. atingível – para que o educando não se desmotive em algo impossível de ser alcançado ou em algo que seja facilmente atingido;

5. significativo – para que o educando possa ter ânimo e razões suficientes que o levem a encarar o desafio como algo além de uma simples atividade escolar.

O que foi feito?

Para a criação da metodologia utilizada, vários pré-testes foram realizados inicialmente em disciplinas do eixo técnico da Escola Técnica Estadual Cícero Dias, pois nessas disciplinas há um ambiente mais propício para a atividade, uma vez que seguem – desde sua criação – metodologias voltadas ao problem based learning (PBL).6 Os resultados, em cada uma destas

6 “A aprendizagem baseada em problemas (ABP ou PBL) é uma proposta pedagógica que começou a ser desenvolvida no final da década de 60 na McMaster University (Canadá) e posteriormente na Universidade de Maastrich, na Holanda. Essa proposta é centrada no aluno, onde se procura que este aprenda por si próprio; suas características essenciais são a organização temática em torno de problemas, a integração interdisciplinar imbricando componentes teóricos e práticos e a ênfase no desenvolvimento cognitivo.” Fonte: http://nucleotavola.com.br/revista/2011/03/01/aprendizagem-baseada-em-problemas-pbl

Próximos passos

Compilar e tabular os dados dos questionários que nos subsidiarão para “fazer uma radiografia” do perfil de participação dos estudantes no âmbito escolar contemporâneo.

Propor ações e estratégias para um redimensionamento do grêmio e/ou outras organizações estudantis conscientes do papel transformador que possuem, abrindo espaço para que os estudantes possam, de fato e verdadeiramente, discutir, opinar e participar da construção de uma nova escola, sendo sujeitos da construção de sua própria história, como forma de potencializar sua transformação como cidadãos e, consequentemente, do meio em que estiverem inseridos.

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Cooperação das equipes

Entrega dos resultadosCooperação entre os educandos

disciplinas, por seus diferentes contextos de aplicação, áreas (programação de jogos digitais e multimídia) e turmas – dos três anos do Ensino Médio –, contribuíram individualmente com diversos ajustes à ideia central.

Dessa forma, foi escolhida a Matemática como um ponto de partida entre as disciplinas do Ensino Médio. Os experimentos foram testados em uma aula de exercícios de fixação, onde os educandos resolveram exercícios em grupo e verificaram os resultados com o educador. Essa atividade propôs uma competição saudável em equipes contra o relógio.

Os educandos foram divididos em equipes de cinco a seis integrantes, entre os quais apenas um possuía autorização para relatar, ou seja, apenas um integrante poderia escrever e/ou desenhar os cálculos no papel. Esse educando redator foi escolhido pelo educador a partir da dificuldade que os educandos apresentavam na disciplina: aqueles com maior dificuldade foram os escolhidos, embora esse critério jamais tenha sido apresentado aos educandos, para evitar qualquer tipo de constrangimento. Essa medida obrigou os educandos da equipe a compartilharem seus conhecimentos e seus métodos de resolução de problemas, não só entre si, mas principalmente com o integrante redator. Dessa forma, essa atividade colaboraria com o aprendizado coletivo dos educandos, além de proporcionar uma dinâmica de jogo em que eles iriam interagir e compartilhar seus conhecimentos.

As questões propostas possuíam, cada uma, tempo para solução e pontuação. Esses pontos foram utilizados para mensurar o desempenho de cada equipe e seus resultados foram apresentados na forma de um gráfico comparativo das equipes, atualizado após cada solução.

Com esse método, intensificou-se a necessidade de cooperação para vencer o desafio, atingindo a maior quantidade de pontos possível (resolvendo a maior quantidade de questões dentro do jogo).

Como resultado do primeiro teste na sala de aula do modelo criado, percebeu-se uma grande participação dos educandos ao longo de todo o processo. O índice chegou a 97,5% (39 de 40 educandos). Os avisos do tempo restante e a pontuação dos grupos apresentada em gráficos aumentaram a motivação dos educandos.

Algumas mudanças foram requeridas e executadas em pleno processo, para dar conta de situações não previstas e para organizar melhor o decorrer da atividade: 1. a resposta deveria ser apresentada apenas uma vez, o que forçou um maior debate entre os companheiros de grupo; 2. a entrega deveria obedecer uma fila, o que organizou o processo e inibiu a cópia das respostas dos outros grupos; e 3. se nenhum grupo chegasse a uma resposta, o prazo seria ampliado, mas, se apenas um grupo entregasse, este receberia sua pontuação dobrada.

Alguns problemas foram detectados: os educandos não aceitaram pacificamente o fato de que os educandos de rendimento mais deficiente fossem os responsáveis por redigir o documento de entrega. Além disso, a apresentação das questões no quadro atrasou um pouco e permitiu que alguns grupos se privilegiassem frente a outros.

No entanto, outro ponto interessante foi a colaboração entre colegas de grupo na busca de uma solução no menor tempo possível. Os educandos com menor rendimento se motivaram por possuírem uma função específica dentro do grupo – a de redator –, por serem cobrados pelos seus colegas e por estarem aprendendo com eles, já que o processo de redigir não seria possível sem um mínimo de conhecimento por parte do redator.

Ao término da atividade, foi notável a cooperação dos educandos para a conclusão dos desafios. Além disso, houve grande ganho de conhecimento por parte dos educandos redatores, que tiveram como influenciadores do aprendizado os próprios companheiros de sala de aula. Outro ganho com essa atividade foi a modificação da aula, que se tornou bastante dinâmica e produtiva.

Próximos passos

Como recomendações, acreditamos que é preciso uma quantidade maior de testes para aprimorar a metodologia da aula, propor novos modelos de desafios (preferencialmente associados a disciplinas das áreas de ciências humanas) e estudar métodos de avaliação que forneçam resultados sobre o nível de aprendizado dos educandos, considerando tal modelo. Dessa forma, além de tornar o ensino-aprendizagem mais interessante para o educando, consegue-se trabalhar a integração das disciplinas, atingindo, assim, outro objetivo desse grupo.

Exercícios e resultados projetados na aula

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5. Gestão escolarAna Paula Pedrosa Manzi Tenório (História) – Angelo Joaquim da Costa Borba Filho (Geografia) – Henrique Pita Dantas (Língua Estrangeira - Inglês) – José Pedro de Souza (Biologia) – Maria Silvana de Sousa (Química).

Colegiado como modelo de gestão

Para dar conta das novas demandas educacionais do século XXI, as escolas precisam responder às mudanças sociais com novos conteúdos, metodologias e formas de gestão. Diante dessas mudanças, a gestão – como parte fundamental e estruturante da escola – deve buscar novas formas de ação, mais participativas e democráticas, capazes de viabilizar um projeto educativo que consiga cumprir seu papel na elaboração do conhecimento, na aquisição de habilidades e na formação de valores.

Considerando esse novo cenário, nossa pesquisa busca analisar e desenvolver um modelo de gestão democrática em que todos que compõem a comunidade escolar tenham vez, voz e contribuam com responsabilidade na tomada de decisões importantes, que nortearão os trabalhos relativos à proposta pedagógica desenvolvida pela escola.

Apresentaremos a seguir algumas das estratégias utilizadas na ETE-CD para vivenciar um novo modelo de gestão. É importante frisar que nossa orientação está no desenvolvimento de ideias simples que possam gerar mudanças relevantes e possíveis de serem replicadas na rede pública de ensino.

Colegiado

Identificamos no colegiado um modelo participativo centrado no trabalho em equipe e na construção coletiva. A composição do colegiado vivenciado na escola tem a seguinte formação:

1. gestora 2. coordenador pedagógico nave recife3. educadora de apoio4. coordenadores de áreas5. coordenadores de séries6. cogestores7. educadores-orientadores8. grêmio

O papel do colegiado é garantir o cumprimento das decisões firmadas no acordo pedagógico, que é o instrumento de planejamento realizado no início do ano letivo e que conta com a participação de todos os educadores escolares. Nesse acordo são registradas as atividades previstas para o decorrer do ano, momento também em que são indicados e eleitos os coordenadores que farão parte do colegiado.

Cogestão

A cogestão é um modo de administrar que inclui o pensar e o fazer coletivo. Nesse modelo de colegiado, o cogestor tem a função de conduzir a rotina diária da escola para garantir o cumprimento do que foi planejado para o dia. Na metodologia, todos os educadores assumem a função de cogestor, obedecendo a um rodízio que garanta a participação de todos. A escala considera alguns critérios, entre eles observar o dia de menor carga horária do educador que assumirá a função.

Guias

No desempenho de suas competências, o colegiado gestor dispõe de algumas ferramentas, como o Guia de educador familiar, que visa tornar a família corresponsável pelo desenvolvimento integral do educando, colocando os familiares como partícipes do processo.

Outra ferramenta é o Guia de aprendizagem, que tem como objetivo orientar o educando no processo de planejamento e desenvolvimento das atividades. No corpo do guia são trazidas informações importantes para os educandos, como as competências e habilidades, os conteúdos e o cronograma, além das atividades integradas e do processo de avaliação do bimestre.

A gestão colegiada conta também com o Guia de procedimentos socioeducativos – GPS, instrumento disponibilizado aos educandos com o propósito de orientá-los quanto às regras de convivência em consonância com o regimento escolar. Trata-se de um instrumento construído e revisitado coletivamente, no início de cada ano, entre educadores, familiares e escolares e, além disso, está aberto também para considerações do educando. Esse documento se constitui numa espécie de passaporte, uma vez que é por meio dele que também monitoramos o ingresso e a permanência dos educandos na escola.

Disciplina Base

Pensando nas bases fundamentais para a gestão da aprendizagem, consideramos estruturante para esse processo: a) promover a equiparação de conhecimentos fundamentais para o ingresso no Ensino Médio; b) dar sentido ao aprendizado das disciplinas, mostrando sua função social e o uso instrumental da mesma no cotidiano e nas ações produtivas com as quais ela se relaciona. Essa estratégia, que chamamos de Disciplina Base, é vivenciada na escola durante o bimestre inicial.

Nesses dois meses de trabalho com as turmas de primeiro ano, os educadores consideram os conteúdos centrais para estruturarem ações educativas com recursos didáticos que não se limitem à cognição e à docência. O uso de filmes, textos, músicas e vivências são recursos valiosos para fazer o educando elevar o nível de envolvimento com as disciplinas.

DE MÉTODO como ensinar

que ferramentas tenho a serviço da formação plena do indivíduo, do

cidadão, do profissional?

DE GESTãO como conduzir o processo

aprendizagem-ensinoqual estrutura, como funciona?

Como o educando participa?

DE CONTEúDOo que ensinar

que conteúdos? que jovem formar? Para influir na construção

de que mundo?

Uma nova proposta de educação aponta para:MUDANÇAS

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Hoje Tem

O Hoje Tem é o momento em que se inserem todos os projetos e atividades de diferentes disciplinas, de forma convergente e interdisciplinar. Constituindo uma ferramenta planejada e realizada pelos educandos, coadunando um momento de vivência da cultura, ao promover a ludicidade, a criatividade e o prazer, como forma de tornar o ambiente escolar mais vivo, mais festivo, se aproximando melhor da alegria contagiante que caracteriza o mundo juvenil.

HTPC

O Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) é um tempo destinado aos encontros de educadores, de periodicidade quinzenal de duas horas, onde são alinhadas as ações da escola, constantes do calendário e deliberadas novas iniciativas ou demandas de ordem interna ou externa.

HPD

Horário de Pesquisa Docente (HPD) é o tempo definido previamente pela coordenação pedagógica da escola, com base no horário individual e coletivo dos educadores, considerando a carga horária de quatro horas semanais para cada um, como forma de desenvolver as pesquisas, fomentando o centro de pesquisa instituído na proposta da residência pedagógica que, a partir de 2011, começa a se consolidar.

HE

O Horário Especial (HE) é a denominação para o superávit dos tempos reduzidos do período das horas aulas de um dia da semana, 10 minutos, de forma rotativa para que a escola possa deliberar, planejar, implementar e consolidar a sua proposta pedagógica aproveitando estes tempos disponibilizados em três atividades que se sequenciam ao longo do ano letivo: HTCP, Make it new e Hoje Tem.

Considerações sobre a prática do colegiado gestor

O colegiado gestor tem gerado maior comprometimento com o trabalho; os afazeres e decisões são hierarquicamente melhor divididos e o respeito é fator preponderante. Com foco no trabalho em equipe, estamos conseguindo resultados melhores e um clima profissional mais participativo e agradável. A atuação nas atividades de cogestão permite ampliar nossa visão em relação ao papel do educador-gestor. Saímos do âmbito tradicional do educador para vivenciar a coparticipação e o compromisso com o todo, nos comprometendo com a gestão da unidade de ensino de forma integral. Estamos entusiasmados com essa experiência, pois percebemos que os resultados são relevantes e, além disso, a simplicidade das ideias que administramos na escola nos mostra que podemos replicar ações que realmente promovem um modelo de gestão afinada com ideais mais democráticos.

6. MídiaeducaçãoAdilson Barbosa (Língua Portuguesa) – Cristiane Dutra (Língua Portuguesa) – Erick Garcia (Mídiaeducação) –José Agostinho da Silva Filho (História) – Roan Saraiva (Mídiaeducação) – Valéria Fagundes (Mídiaeducação).

Os questionamentos, os anseios e a aplicação das mais variadas metodologias de ensino nas últimas décadas, compõem um cenário complexo na educação e nos fazem repensar acerca das novas possibilidades de aprendizagem e de conhecimento, que fomentarão o senso crítico e contribuirão na formação cidadã do educando no mundo contemporâneo.

Atualmente, os recursos midiáticos disponíveis proporcionam oportunidades de autodidatismo e protagonismo do educando. Cabe ao educador mediar o conhecimento e conceder novos caminhos de mudança no processo da cidadania. Segundo Setton, “a competência do educador deve se deslocar no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento”. Assim, as novas tecnologias devem ser grandes aliadas durante a formação crítica, solidária e autônoma do jovem, levando-o a um aprendizado contínuo de descobrimento.

Ao aliarmos a educação às mídias, promovemos inúmeras possibilidades de socialização das informações, já que essas mídias são vistas como elementos democráticos de participação e integração social. Enfim, na sociedade da informação, as novas mídias são verdadeiras ferramentas na construção do conhecimento disseminador de ideias e de valores.

Motivação

A leitura de algumas obras, dentre elas, Vidas secas (Graciliano Ramos), a crônica O rádio apaixonado (Moacyr Scliar), provocou uma inquietação reflexiva em relação às desigualdades sociais no Brasil e à figura do rádio na sociedade contemporânea. As discussões abordam a problematização do comportamento humano e as questões sociais, que muitas vezes geram mudanças de valores e atitudes. De que forma alinhar a literatura às novas tecnologias e à inquietude crítica do jovem contemporâneo? Nada melhor do que ampliar as potencialidades comunicacionais e romper o isolamento da sala de aula.

Leituras e Discussões Reflexivas

Após a leitura dos textos, os educandos reuniram-se para o planejamento do roteiro e da mídia escolhida como produto da pesquisa. Havia a preocupação de correlacionar as discussões à sociedade moderna e ao seu comportamento, pois o objetivo era ter a ideia principal dos textos como mola propulsora de um questionamento sobre as problemáticas sociais que permeiam o cotidiano dos jovens brasileiros. Na perspectiva do protagonismo juvenil, o jovem é ator principal da sua realidade a partir das percepções das práticas vivenciadas em situações cotidianas. Assim, a proposta da produção de mídia traria a releitura de fatos sociais com uma nova roupagem que viria a contribuir para outras reflexões críticas.

Mídias

Mídia produzida a partir das reflexões sobre o livro Vidas secas, de Graciliano Ramos

Os educandos trouxeram a discussão da migração de nordestinos sertanejos para os grandes centros urbanos, suas dificuldades e desafios. Para esse trabalho, eles escolheram a produção

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de um vídeo gravado no Mercado de São José, reconhecido como o mais antigo edifício pré-fabricado em ferro no Brasil, importado da Europa no final do século XIX. O prédio é considerado como um dos pontos turísticos do Recife, que agrega dezenas de sertanejos comerciantes. Foram gravados depoimentos que sensibilizaram os jovens ao constatarem a “vida severina” de pessoas que conseguiram ser resilientes. A produção desse material aconteceu em dois momentos, pois os educandos perceberam que precisavam refazer o vídeo, já que o áudio não ficou ideal para a divulgação em outras mídias.

Mídia produzida a partir das reflexões sobre a crônica O rádio apaixonado, de Moacyr Scliar

Os educandos envolvidos neste trabalho fizeram um levantamento da história do rádio no Brasil. A partir daí, elaboraram o roteiro para visitar a rádio CBN e a rádio Jornal, onde entrevistaram radialistas e jornalistas. Uma das inquietações dos jovens foi como o rádio consegue disputar concorrência com outras mídias, como a internet. Eles verificaram que a CBN é uma rádio que tem como prioridade a notícia; por outro lado, a rádio Jornal é mais diversificada na programação, com entrevistas, músicas, notícias etc. A terceira rádio visitada foi uma rádio comunitária, na região metropolitana do Recife. A indagação era sobre a estrutura desse tipo de rádio e a programação que se ouvia numa rádio mais popular.

Depoimentos

Depoimento 1: educanda Manuela Katyeli

“Logo no início, o que mais chamou minha atenção foi a ênfase nas

palavras dos sertanejos entrevistados no Mercado de São José, onde muitos

comercializam artesanatos da cultura local. Para mim, as palavras eram as

marcas da realidade vivenciada por eles, isto é, um passado castigado por

seca, fome e carência de assistência social. Eles se sentiam abandonados

pelo Estado. Entretanto, hoje eles deixaram esse passado na lembrança,

pois o homem se supera na arte, criando o novo, transformando, o que

para muitos seria lixo, em arte. Os nordestinos ainda sofrem discriminação,

descaso e abandono, mas são verdadeiros guerreiros na luta pela

sobrevivência.”

Depoimento 2: educando Edson firmino

“A partir das entrevistas, pude sentir o que o homem nordestino passa no

dia a dia. O que mais foi dito pelos entrevistados foi a questão da pobreza,

do modo de vida que eles tinham, da sensação do esquecimento do poder

público. Por isso essa busca por uma vida melhor nos grandes centros

urbanos, saber que podem encontrar novas perspectivas apesar de todas as

adversidades.”

Depoimento 3: educador Agostinho filho

“Ao chegarmos, a ansiedade podia ser percebida e tomava conta dos

educandos. Logo, entramos no ritmo da visitação, conhecemos os estúdios

de gravação dos principais programas locais e dos âncoras de renome.

O jogo de luz, som e o funcionamento das várias câmeras fascinaram os

educandos. Em seguida, os jovens foram levados às rádios e invadiram o

estúdio da rádio Jornal AM, onde estava Geraldo Freire, um dos maiores

radialistas pernambucanos, que respondeu várias perguntas dos educandos.

Depois, todos foram levados à CBN, onde fizeram entrevistas com jornalistas

e apresentadores locais, sendo eles de rádio e TV, bem como diretores.

Isso aconteceu dentro de corredores estreitos, à beira de escadas, com

pessoas indo e vindo. Isso deu autenticidade à coisa. Tudo se deu de forma

espontânea e tranquila.”

Considerações finais

A presença das mídias no ambiente escolar é fato e, independentemente da diversidade midiática, o jovem não deve ser apenas consumidor compulsivo, mas tornar-se um jovem criativo e crítico dessas novas tecnologias, reconhecendo valores para a sua formação cidadã. Reconhecemos a contribuição das mídias não apenas no processo de aprendizagem didática, mas principalmente na formação crítica, autônoma e solidária do jovem, oportunizando a educadores e educandos, entre outros fatores, uma interação democrática.

Nas práticas pedagógicas, as mídias são agentes de socialização e possuem um papel educativo, contribuindo na formação moral, crítica e cognitiva do indivíduo. As mídias contribuem para que o jovem seja protagonista da sua história.

Com o objetivo de promover a construção do senso crítico do educando, a pesquisa visa utilizar as novas tecnologias integradas ao protagonismo juvenil e levar o jovem a reflexões sobre a sua condição como cidadão numa sociedade moderna. Os jovens já estão inseridos nesse mundo midiático, mas geralmente não são bem direcionados a propostas críticas e solidárias. O ambiente escolar é um verdadeiro celeiro para a disseminação e a democratização das mídias.

Os vídeos produzidos retratam a realidade de uma sociedade que vive em conflitos sociais, mas mostram também que é possível fazer mudanças significativas se houver jovens críticos e solidários dispostos a serem éticos e políticos nas suas atitudes cotidianas. A oportunidade de encontrar com pessoas que foram resilientes e conhecer suas histórias de vida, contribui para sensibilizar e humanizar o educando.

A divulgação dos vídeos nas redes sociais promove novas oportunidades de interação e socialização entre os internautas curiosos e sedentos de conhecimento. De fato, as mídias fazem parte do cotidiano das pessoas, principalmente na vida de uma sociedade vanguardista e capitalista.

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7. Sistema de AvaliaçãoDanielle Nathália Gomes da Silva (Educador de Programação - Curso Técnico) – Felipe Silveira Mello Borgiani (Educador de Programação - Curso Técnico) – Francisco Sales da Costa (Matemática) – Mariza Hermes do Carmo (Matemática)

A metodologia NAVE possui como base a educação interdimensional, que tem como missão promover a formação pessoal e social do educando, trabalhando pelo desenvolvimento das suas competências pessoais, relacionais, produtivas e cognitivas. Contemplando esses pilares, o NAVE desenvolve um sistema que se propõe a avaliar o educando além do aspecto cognitivo. O projeto acredita que uma postura colaborativa e de reflexão entre os educandos traz consequências positivas para todos os que estão envolvidos no contexto educacional.

Sistema de avaliação engloba todos os tipos de avaliações presentes na metodologia NAVE e tem como público-alvo educandos e educadores, apresentando-se então como um tema crucial para o funcionamento do projeto.

Como objetivo principal, buscamos estudar, compreender e propor melhorias para cada uma das avaliações presentes na metodologia NAVE e a interação entre elas, e analisar seus impactos no desempenho final do educando.

Motivação

A forma tradicional de avaliar o desempenho dos educandos, como regra geral, ainda resume-se em abordar apenas os aspectos cognitivos, sem levar em consideração outros aspectos que também influenciam o aprendizado do educando. O NAVE se propõe a estudar os sistemas de avaliação com objetivo de ampliar e, dessa forma, melhorar os indicadores de avaliação dos seus educandos.

O que foi feito até agora

Por se tratar de um tema muito extenso, decidimos abordar os objetos de estudo em grupos: um contendo as avaliações cognitiva e cooperativa, e o outro as avaliações atitudinal e autoavaliação. O primeiro grupo de objetos acabou também englobando o estudo da maneira como as notas das avaliações são adaptadas para o modelo da Secretaria de Educação.

O estudo do primeiro grupo de objetos iniciou com a apropriação da proposta de avaliação NAVE e do processo de cálculo para definição da nota do educando. Em seguida, de posse da expressão que determina a nota, procurou-se compreender os termos e como são usados para a geração de cada resultado. Após simulações, percebemos algumas variações e, a partir delas, foram sugeridas modificações em alguns pontos.

Os procedimentos de avaliação empregados pela Secretaria de Educação de Pernambuco definem que a primeira nota é a composição de várias atividades, a segunda é resultante de uma avaliação individual, e a média final é o resultado da média aritmética entre a primeira e a segunda nota.Como em nosso modelo pedagógico são contempladas didáticas diferentes (didatismo, autodidatismo e codidatismo), somos provocados a realizar distintos procedimentos avaliativos que, por isso mesmo, não podem se limitar à avaliação do educando pelo educador.

Sendo assim, também são levadas em conta a avaliação interativa e a autoavaliação. A primeira, encaminhada em times de educandos, por favorecer a experiência de pertencimento, já que envolve a negociação compartilhada de indicadores e instrumentos de avaliação. A segunda, pelo caráter desafiador de o educando realizar sua autoavaliação, ou seja, avaliar sua própria inserção nas atividades desenvolvidas ao longo de todo o processo, em função de critérios previamente acordados.

Acreditamos que a diversidade nas formas de avaliação atua também no desenvolvimento da autonomia, da postura crítica e da ética democrática.

Isso representa que o sistema de avaliação nas escolas do NAVE vai além da cognição. Alinhadas com a proposta de educação interdimensional, as avaliações contemplam a cognição, mas também consideram a colaboração entre os educandos nos seus times. A atitude do educando e seu desenvolvimento nas mega-aprendizagens também será avaliada com uma autoavaliação e uma avaliação atitudinal realizada pelo educador.

Assim, o sistema de avaliação NAVE é composto por: avaliação cognitiva, que é formada pela nota da avaliação didática (60%); a avaliação colaborativa (20%) que é composta pelo desempenho de todos do time; e, finalmente, a autoavaliação do educando (10%) e a avaliação atitudinal realizada pelo educador (10%).

O segundo grupo de objetos iniciou sua fase de trabalho, abordando a autoavaliação, primeiramente estudando como esse tipo de avaliação é realizado em outras instituições. A partir de suas observações, criou-se um formulário on-line que foi utilizado pelos educandos para o preenchimento da avaliação, tomando como base um documento original fornecido pela coordenação pedagógica do projeto.

Em seguida, após um processo de orientação, o segundo grupo decidiu adotar a metodologia de design centrado no usuário, a fim de melhorar o processo geral de pesquisa. A metodologia consiste num processo iterativo composto de quatro fases bem definidas, que são realizadas de maneira cíclica:

1. Pesquisa: nessa fase é feito um processo de pesquisa, basicamente com a finalidade de compreender melhor o cliente, o produto e as tecnologias envolvidas.

2. ideação: tomando como base os resultados da pesquisa realizada, nessa fase são geradas novas ideias de como solucionar o problema em questão.

3. Prototipação: as ideias geradas na fase de ideação são analisadas e compiladas em uma solução única, que é então prototipada de maneira rápida.

4. Avaliação: o protótipo desenvolvido na fase anterior é, então, testado com o cliente, e tem seus resultados avaliados.

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Iniciada a primeira fase da metodologia, elaborou-se um questionário onde esperava-se conhecer melhor o educando (cliente). Foram realizadas entrevistas gravadas em áudio com alguns educandos, seguindo o questionário desenvolvido.

Com os resultados das entrevistas analisados e compilados, iniciou-se então o processo de ideação, onde foram levantados alguns questionamentos a partir dos quais surgiram algumas ideias: modificar o instrumento de autoavaliação de forma a aproximar sua linguagem à do educando, utilizando como exemplos situações citadas pelos educandos entrevistados; alterar a abordagem do texto explicativo do instrumento, de maneira a evitar o uso de expressões com conotação negativa, como “avaliação”; alternar a maneira como as questões são respondidas, buscando evitar a monotonia, utilizando questões em formato de múltipla-escolha, escala, valor, entre outros; separar a lista de nomes dos educandos por turma, de maneira que facilite na escolha do nome na hora do preenchimento, agilizando o processo.

A partir das ideias geradas na fase anterior, foi desenvolvido um novo formulário (protótipo), buscando atender às questões levantadas anteriormente. Por fim, foi convidado um grupo de educandos que testou o protótipo e o avaliou. Com isso, encerrou-se o primeiro ciclo da metodologia.

Os resultados da avaliação realizada pelos educandos foram bastante satisfatórios: todos avaliaram o protótipo como positivo, mencionando que esse era mais claro e direto, em uma linguagem mais próxima à deles. Afirmaram, também, se sentirem mais confortáveis para responder todas as questões. Alguns educandos, curiosamente, comentaram que a quantidade de questões do protótipo era menor em relação ao questionário anterior. Este último resultado foi uma ótima surpresa, visto que a quantidade de questões era exatamente a mesma.

Próximos passos

O tema sistema de avaliação é muito extenso e, sobretudo, complexo. Por isso, seguimos nossa pesquisa, abordando um objeto por vez. A partir da atual situação, seguiremos mudando nosso foco de estudo, partindo primeiramente para a avaliação atitudinal, buscando deixá-la no mesmo nível de evolução que a autoavaliação. Em seguida, partiremos para nos focar nas avaliações cognitiva e cooperativa.

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