Nação - a flor do espírito

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Nação – a flor do espírito nos faz mergulhar de maneira encantadora na história da formação do Brasil – e origens –, desde sua raiz latina, no Império Romano, passando pelas europeias, africanas e indígenas. Em formato de saga, o elo entre as passagens do tempo – ou espírito de época – é um amuleto, o oroboro, símbolo fenício que significa a evolução e o eterno retorno, representado por uma cobra engolindo seu próprio rabo. Ligados por esse objeto, as gerações se sucedem, desde o século II, até o ano de 1998, no Rio de Janeiro, atravessando, assim, significativos períodos da História. Nesta obra, os personagens históricos e fictícios coexistem de forma intrigante, inesquecível e fascinante.

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n a ç ã oa f l o r d o e s p í r i t o

Ricardo Stumpf

São Paulo, 2015

talentoS da liteRatuRa bRaSileiRa

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nação: a flor do espíritoCopyright © 2015 by Ricardo StumpfCopyright © 2015 by novo Século editora ltda.

gerente editorial

lindsay Gois

editorial

João Paulo Putininair FerrazRebeca lacerdaVitor donofrio

gerente de aquisições

Renata de Mello do Vale

assistente de aquisições

acácio alves

auxiliar de produção

luís Pereira

preparação

lótus traduções

diagramação

equipe novo Século

ilustrações

Rinaldo Grilo Filho

revisão

alessandra Miranda de Sá

capa

dimitry uziel

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Stumpf, Ricardonação: a flor do espíritoRicardo Stumpfbarueri, SP: novo Século editora, 2015. (talentos da literatura brasileira)

1. Romance histórico brasileiro i. título. ii. Série.

15-04085 CDD-869.93081

Índice para catálogo sistemático:1. Romance histórico : literatura brasileira 869.93

novo séCulo eDitora ltDa.alameda araguaia, 2190 – bloco a – 11o andar – Conjunto 1111 Cep 06455-000 – alphaville industrial, barueri – sp – brasiltel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323www.novoseculo.com.br | [email protected]

texto de acordo com as normas do novo acordo ortográfico da língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.

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Para adriano araújo.

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“o eterno retorno é a grande prova, o grande teste de vida pelo qual cada homem tem de passar.”

(Friedrich nietzsche)

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a nova Roma será seu inverso: a Roma expiada dos próprios peca-dos; a Roma que não quer conquistar povos, mas uni-los e o inverso de Roma é amor.

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esta é uma obra de ficção em que os personagens criados pelo autor se entrelaçam com personagens reais, mesclando fatos históricos com pura imaginação. as passagens em que os personagens históricos inte-ragem com os fictícios são criação do autor, não tendo vínculos com a realidade objetiva, a não ser pelo sentido de construção da trama. Qual-quer semelhança entre essas passagens fictícias e fatos históricos não mencionados terá sido mera coincidência.

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Sumário

Prefácio

Origens

1. lucius2. Malcom3. o oroboro4. albar5. brian6. a cobra morde seu rabo

naçãO

7. o navegante8. o Maria9. o Pelican10. África11. Ressentimentos12. um golpe de sorte13. Casa da torre14. um ato de desespero15. um recado para Garcia d’Ávila16. Vertigem17. o germinar18. o encontro19. a cidade perdida20. uma velha senhora21. as minas de Moribeca22. a Jornada dos Vassalos23. isabel

a flOr dO espíritO

24. o tropeiro

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25. o emboaba26. elvira27. a mina28. a passarola29. um rei nas minas30. Roque31. um aprendiz32. o sol sempre se levanta33. um vulto na madrugada34. Caminhos sem fim35. de volta ao começo36. acalanto37. ouro em pó38. a prima amélia39. uma ruína40. uma deliciosa moqueca41. notícias de Minas42. a chama não se apaga43. a vida no trapiche44. um símbolo sinistro45. animai-vos, povo bahiense!46. tormenta

sementes da liberdade

47. um novo século48. um povo novo 49. o medo espreita50. uma moça franzina51. enfim, a independência52. a vitória53. liberdade para quem?54. Por trás dos heróis… tragédias55. a roda do tempo56. uma semente poderosa

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57. uma amizade floresce58. despedida59. 188960. Gente interessante61. a “bahiana”62. uma estranha personalidade63. o brasileiro voador64. um homem solitário65. Guerra66. um passeio

gigantes

67. acredite nas suas ideias68. João69. a revolta vermelha70. a volta 71. um brasil desconhecido72. o massacre73. um olhar sobre a ponte74. experiências místicas75. bolívia76. um olhar decidido77. a colônia78. espíritos da floresta79. Malas sem dono80. Primeiro de abril81. anos de chumbo82. a dor83. Visitas aladas84. El cóndor pasa85. Ciclos86. a cerca87. Velhos papeis

Referências bibliográficas

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prefÁCio

Nação – A flor do espírito revela a maestria de Ricardo Stumpf na criação de nítidas conexões entre a ficção e a realidade. trata-se de um ousado e envolvente romance, que remete leitores a uma rede de encon-tros e desencontros épicos e traz à tona diferentes aparições do vivido, do percebido e do concebido, mediante a inserção de personagens em contextos históricos bastante diversificados.

abalizado por criteriosa e extensa pesquisa, com rara sensibilidade, o autor navega livremente pelo tempo: das civilizações antigas às épocas contemporâneas. ultrapassa as fronteiras do linguístico, da intertextuali-dade, da contemporaneidade e dos lugares socialmente marcados, avan-çando em direção ao extralinguístico, à hipertextualidade, à diversidade dos tempos históricos e ao desenho de lugares desejados.

o viés simbólico da obra é o oroboro – fonte de inspiração do romancis-ta e de desenvolvimento do enredo. Representado por uma serpente (ou um dragão) mordendo a própria cauda, o oroboro insinua movimento, continui-dade e eterno retorno. enfim, evoca o círculo da existência, razão pela qual foi utilizado para interligar épocas, lugares e personagens, com clara perspec-tiva de que o regresso ao passado torna-se o caminho pelo qual condições não resolvidas e alternativas ainda não vencedoras podem ser recuperadas.

ao valor literário e informativo da obra, soma-se o valor humano, por sinalizar que, no processo dinâmico e transformador da vida, o fim sempre inaugura um novo começo – o porvir.

odete Veiga, mestre em educação pela uFeS e pesquisadora na área de educação e linguagem

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o r i G e n s

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1lucius

o centurião ordinari lucius Cassius estava atento sobre a muralha. Seus passos seguiam as instruções precisas do superior, o centurião pri-mus pilus, que o orientara a vigiar especialmente o flanco esquerdo, de onde os invasores poderiam surgir a qualquer momento, como costuma-vam fazer nas suas incursões contra a fronteira romana.

na fria madrugada da britânia, lucius mantinha a vigilância, enquan-to pensava em sua esposa, Cômoda, que deixara em olissippo, na lusi-tânia, província mais ocidental do império.

aliada de Roma na luta contra os cartagineses, a antiga cidade fenícia tornara-se um município romano, quando este era um privilégio raramen-te atribuído a lugares fora da itália.

olissipo, cujo nome posteriormente passou a olissipona, no latim vulgar, até que a dinâmica da língua tornou-a lisboa, já era uma cidade com mais de cem mil habitantes. ela negociava com a britânia e o Reno quando Paris e londres ainda eram vilas escassamente povoadas por cin-co a dez mil pessoas.

a cidade romanizada florescera com suas praças, fóruns, edifícios de vários andares, banhos e residências de uma elite sofisticada, que herdara dos gregos a arte que lhes permitia produzir obras literárias, fazer saraus e construir templos. dentre estes, sobressaía o culto ao deus da medicina,

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esculápio, ao qual se faziam oferendas em troca de boas colheitas, ferti-lidade e amor.

a família de lucius tornara-se importante no condado, e ele se or-gulhava de seu posto naquela fronteira avançada do império. Seu pai era agora um coletor de impostos e possuía uma casa com pátio central. eram respeitados por todos, e cabia a ele levar adiante a tradição iniciada pelo seu avô, que lutara ao lado dos romanos na conquista da britânia ainda no tempo de César, quando os povos bárbaros da ilha começaram a ser civilizados.

Mas os bárbaros do norte, especialmente os pictos, insistiam em não ceder. o imperador adriano, interessado em consolidar o território e cessar os gastos com as guerras de conquista, havia demarcado aque-la linha fortificada. Posteriormente, o imperador antonino Pio avançara a fronteira mais para o norte, sobre o território dos pictos, mandando construir outra linha. no entanto, depois de sofrer fortes baixas em seu exército, aureliano, o atual imperador, mandara retroceder e reforçar a antiga muralha de adriano, definindo-a novamente como última fronteira do império.

lucius sabia que Maelchon (pronunciava-se Malcom), o líder dos pic-tos naquela área, não possuía recursos para um ataque às catorze forta-lezas e oitenta torres militares que pontuavam a linha fortificada da fron-teira do extremo norte do império. Por isso, usava o elemento surpresa, escondendo seus homens como vermes nas fendas das rochas e atacando assim que o sol aparecesse.

Mas isso não os fazia menos perigosos. apesar da inferioridade tec-nológica e tática, os pictos resistiam à ocupação romana há quase dois séculos, detendo-os naquela muralha.

algumas décadas antes, a famosa legio iX Hispana (uma legião de elite do exército imperial sediada na cidade de eburacun, e que séculos mais tarde seria chamada de York) havia desaparecido sem deixar vestí-gios numa incursão àquele território. nem mesmo seu estandarte com a mítica águia de ouro fora encontrado. nenhum sobrevivente, dentre os quatro mil legionários que marcharam naquela fatídica manhã voltara para contar a história.

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Sim, naquela noite, quase dois séculos depois que um profeta nasceu na antiga Judeia, fundando uma estranha seita chamada cristianismo, a civilização ainda dependia de lucius e seus companheiros para dormir em paz e seguir seu avanço na conquista de novos benefícios para a espécie humana. a grande civilização romana, que dominara todo o mundo co-nhecido, dependia de sua vigilância para manter os selvagens afastados e preservar a segurança dos cidadãos romanos.

era uma missão importante: salvar a civilização da ruína que se se-guiria a uma invasão dos povos que agiam como animais furtivos – povos que pintavam e tatuavam seus corpos com agulhas (e, por isso, eram cha-mados pelos romanos de pictis), que não conheciam as letras e só viviam de guerrear entre si, que adoravam deuses estranhos e se reuniam à noite em volta de fogueiras para celebrar seus ídolos perversos, às vezes ofere-cendo a eles sacrifícios humanos, e não hesitavam em matar e estuprar mulheres e crianças quando conseguiam romper uma linha, apenas para provar seu valor como guerreiros.

ninguém sabia ao certo a origem daquele povo de cabelos negros e pele um pouco mais escura, como o povo ibérico, de onde lucius viera. alguns diziam que eram íberos como ele, outros que teriam vindo da eu-ropa Central. o certo é que eram diferentes dos celtas, altos e claros, que viviam mais ao norte. os próprios celtas diziam que seus ancestrais, quan-do chegaram à britânia muitos séculos antes, já encontraram os pictos, que pareciam se confundir com a própria natureza daquele país.

e ali, naquela fronteira longínqua do império, a diferença entre civi-lização e barbárie ficava clara. a organização romana, com suas cidades de arquitetura elaborada, suas leis escritas que embasavam uma estrutura política, econômica e militar centralizada sob o poder do imperador, do-minando um vasto território e tantos povos diversos sob a Pax Romana, contrastava com a vida tribal, de pequenos grupos que ainda começavam a dominar as artes do ferro e do comércio.

as relações com os povos bárbaros nas fronteiras se alternavam entre períodos de paz, obtidos através de acordos com seus chefes tribais em troca de algum benefício, e períodos de guerras, que ocorriam quando os chefes eram substituídos. os novos líderes, para provar seu valor, recomeçavam os

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ataques à fronteira daquele império que ali se estabelecera, desafiando seus deuses e impedindo-os de ser livres em sua própria terra.

a substituição dos chefes era comum, dado que tinham vida curta, pois viviam em guerras entre eles mesmos. o último acordo durara mais de cinco anos, quando Roma passara a comprar ursos capturados pelos pictos, usando-os em seus espetáculos circenses. Pagavam em moedas de prata, que eles derretiam para fazer adornos, já que não conheciam a circulação do dinheiro.

Mas, com a morte do último rei em combates com os celtas, o jo-vem e impetuoso Malcom rompera as negociações e tentava novamen-te furar as linhas defensivas do império, procurando provar seu valor como guerreiro.

logo um clarão apareceu a leste, e lucius viu a alvorada de mais um dia se aproximando. no flanco esquerdo, exatamente como seu superior havia previsto, lucius percebeu um pequeno movimento. a princípio, apenas alguns arbustos se moveram entre as pedras. depois, vultos pude-ram ser percebidos na madrugada que findava.

lucius deu o sinal, e logo a centúria se preparou para mais um ataque. eles certamente pretendiam surpreendê-los, mas encontra-riam um exército atento e preparado. embora os espiões a serviço dos romanos não tivessem dado nenhum alerta nas últimas semanas, ele

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sabia que uma das principais leis da guerra era: “não suponha que o inimigo não virá. esteja pronto para recebê-lo e torne-se invencível”. e, naquele ambiente extremo de luta entre civilização e barbárie, esse era um princípio precioso.

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