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REVUE SPIRITE Estilo das Boas Comunicações - Allan Kardec EDITORIAL Nosso Primeiro Número - Redação ESTUDO Ler ou Não Ler? - Ricardo Rodrigues Escodelário RESPONSABILIDADE Simonia e Movimento Espírita - Joseana Hypólito BIOGRAFIA Dr. Wilson Ferreira de Mello - Rubens Toledo ACONTECEU COMIGO Acorda que seu filho está morrendo... Lucilda Ap. M. Domingues MÉTODO Como Analisar Mensagens Psicografadas Daisy J. Machado CAPA Pureza Doutrinária - Therezinha Oliveira LITERATURA O Livro dos Espíritos - USE/SP CURIOSIDADES BÍBLICAS Você Sabia... - Julieta Closer GÊNESE A Gênese Explicada à Luz dos Princípios Espíritas - Herculano Pires RECORDANDO As Obras de Kardec e o Santo Ofício Rogério Gonçalves HAGIOGRAFIA A Mediunidade de Santa Rita de Cássia - Redação CRITÉRIOS Nossos Critérios Editoriais - Redação VINHA DE LUZ Oração e Renovação - Chico Xavier/Emmanuel ESPIRITISMO E CULTURA Dom Quixote Espírita? - Marcus Augusto CIÊNCIA E ESPIRITISMO Esperiências Fora do Corpo Prof. Dr. Nubor Orlando Facure VISÃO ESPÍRITA Falar com os Mortos? - Orson Peter Carrara INFORMAÇÃO Nossa Capa - Equipe Editorial Edição FidelidadESPÍRITA - OUTUBRO DE 2002 Nesta Nesta 03 04 06 07 08 10 12 15 16 18 20 24 25 26 28 30 32 33 34 38 39 HISTÓRIA Espiritismo - Como Tudo Começou -1ª Parte Sandro Cosso ANÁLISE Por que Allan Kardec? - Silvio Seno Chibeni

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REVUE SPIRITEEstilo das Boas Comunicações - Allan Kardec

EDITORIALNosso Primeiro Número - Redação

ESTUDOLer ou Não Ler? - Ricardo Rodrigues Escodelário

RESPONSABILIDADESimonia e Movimento Espírita - Joseana Hypólito

BIOGRAFIADr. Wilson Ferreira de Mello - Rubens Toledo

ACONTECEU COMIGOAcorda que seu filho está morrendo... Lucilda Ap. M. Domingues

MÉTODOComo Analisar Mensagens PsicografadasDaisy J. Machado

CAPAPureza Doutrinária - Therezinha Oliveira

LITERATURAO Livro dos Espíritos - USE/SP

CURIOSIDADES BÍBLICASVocê Sabia... - Julieta Closer

GÊNESE A Gênese Explicada à Luz dos Princípios Espíritas - Herculano Pires

RECORDANDOAs Obras de Kardec e o Santo Ofício Rogério Gonçalves

HAGIOGRAFIAA Mediunidade de Santa Rita de Cássia - Redação

CRITÉRIOSNossos Critérios Editoriais - Redação

VINHA DE LUZOração e Renovação - Chico Xavier/Emmanuel

ESPIRITISMO E CULTURADom Quixote Espírita? - Marcus Augusto

CIÊNCIA E ESPIRITISMOEsperiências Fora do CorpoProf. Dr. Nubor Orlando Facure

VISÃO ESPÍRITAFalar com os Mortos? - Orson Peter Carrara

INFORMAÇÃONossa Capa - Equipe Editorial

Ed i çãoFidelidadESPÍRITA - OUTUBRO DE 2002

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HISTÓRIAEspiritismo - Como Tudo Começou -1ª ParteSandro Cosso

ANÁLISEPor que Allan Kardec? - Silvio Seno Chibeni

Assinaturas

Para o exterior

Correspondência

Internet

EDITORIAL

AnualNúmero Avulso

Anual

R: Dr. Arnaldo de Carvalho, 555 - apto 51

Bonfim - CEP 13070-090

Campinas - SP - Brasil

Fone/Fax (19) 3233.5596

Fidelidade Espírita é uma publicação

do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”.

CNPJ: 01.990.042/0001-80

Inscr. Estadual: Isento

R$ 36,00R$ 3,50

US$ 15,00

E-mail: [email protected]

EDITORIAL

C

Fidelidade = [Do lat. Fidelitate] S.f. 1.Qualidade de fiel;lealdade. 2.Constância, firmeza, nas afeições, nos sentidos.3.Observância rigorosa da verdade; exatidão.

Espírita = [Do fr. Spirite.] Adj. 2 g. 1.Relativo ou perten-cente ao Espiritismo.

aro leitor!

É com sincera emoção que apresentamos o primeiro nú-mero da revista FidelidadESPÍRITA, resultado dos esforços do departamento doutrinário do Centro de Estudos Espíri-tas “Nosso Lar” - Campinas/SP.

Um grupo de idealistas, sob as inspirações do Dr. Wilson Ferreira de Mello (espírito), se reuniu em torno de um nobre ideal: o de divulgar a doutrina codificada por Allan Kardec.

Sistema filosófico de bases científicas e conseqüências morais, o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus.

Converte-se, portanto, no pão espiritual que precisa ser compartilhado com a humanidade. E, à semelhança do pai amoroso que seleciona os melhores víveres para os filhos, esta revista tem como compromisso a fidelidade ao Es-piritismo, uma vez que é um seu veículo de propagação. Dela queremos todos nos alimentar com segurança e de maneira doutrinariamente saudável.

Daí a escolha do nome que na forma revela o fundo, o objetivo das publicações: o de veicular somente o que esteja em absoluto acordo com a Doutrina Espírita a fim de divulgá-la em sua pureza, sem mesclas, enxertos, modis-mos ou deturpações.

A revista FidelidadESPÍRITA assume, desde o seu pri-meiro número, em todos os seus artigos, a observância rigorosa das verdades reveladas pelos Espíritos superiores e

codificadas por Allan Kardec; e se responsabiliza, doutri-

nariamente, pelos textos que publica, bem como pelos conceitos e idéias neles contidos, por entender que expressam os Ensinos Espíritas.

Receba, portanto, amigo leitor, esta revista como alian-ça, um contrato nupcial com o Consolador. E nesta união que ora se dá entre Espiritismo e nós outros, seus divulga-dores, encerramos, junto aos leitores, nossas testemunhas, o compromisso de fidelidade imorredoura aos Postulados Espíritas.

Eff

Diretor Presidente

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Doutrinário

Equipe Editorial

Adriana PersianiJulieta CloserLino BittencourtPaulo RossiRicardo R. EscodelárioRogério Gonçalves Sandro Cosso

Revisão Ortográfica

Rosemary C. Cabral

Jornalista Responsável

Renata LevantesiMtb 28.765

Diagramação e Ilustrações

Alessandra Persiani

Administração

Rogério GonçalvesViviam B. S. Gonçalves

Capa

Fotolito

Octano Design 19 3294.2565

Rip Editores Gráficos Associados

Apoio Cultural

Braga Produtos AdesivosAlvorada Gráfica & Editora

Impressão

Alvorada Gráfica & Editora 19 3227.3493

Tiragem

1.200 exemplares

ESPÍRITAESPÍRITAFidelidadA essência do Espiritismo

FidelidadA essência do Espiritismo

insignificantes ou más, faz-se mais mal do que bem.

Com efeito, desenvolvemos um cri-tério próprio, cujo modelo figura ao lado desta página, a fim de que nossos leitores possam estar tranqüilos quanto ao cuidado na análise dos artigos que nos são enviados. Da mesma maneira, pedimos aos escritores que os textos, a nós endereçados, estejam ri-gorosamente dentro destes critérios.

Talvez que nos perguntem: Não se-rá exagero?

Ao contrário de muitos jornais e re-vistas espíritas que dizem: Não nos respon-sabilizamos pelos artigos assinados; a revis-ta FidelidadESPÍRITA, responsabiliza-se, doutrinariamente, por todos os artigos nela publicados por entender que expressam os postulados espíritas.

Por isso, julgamos que todo cuidado é pouco, por respeito à Doutrina Espírita e ao público ledor.

A seguir, apresentamos aos respeitá-veis leitores e aos lúcidos articulistas Nos-sos Critérios Editoriais:

Nos-sos Critérios Editoriais:

Informe

FidelidadESPÍRITA Outubro 200204

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

Nossos Cr i tér ios

om o propósito de divulgação e de Fi-delidade ao Espiritismo, esta revista Cse preocupa com a qualidade doutri-

nária dos seus artigos. Num período de po-pularização da doutrina, onde uma enxur-rada de idéias antidoutrinárias correm cau-dalosamente em nosso movimento, se faz necessário um critério editorial.

Todavia, recorremos aos textos de Allan Kardec e encontramos na Revista Espí-rita de 1863, maio - as seguintes orienta-ções que fundamentam nosso trabalho:

(...) Uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para dela fazer sua ins-trução pessoal, mas o que deve ser entregue ao público exige condições especiais...

(...) O que dizemos não é para desen-corajar de fazer publicações, longe disso, mas para mostrar a necessidade de uma es-colha rigorosa, condição sine qua non de su-cesso...

Em resumo, publicando-se as comu-nicações dignas de interesse, faz-se uma coi-sa útil; publicando aquelas que são fracas,

entregue ao público exige condições especiais...

rigorosa

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

Da Redação

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 05

Editor ia i sESPÍRITAESPÍRITAFidelidad

A essência do Espiritismo

FidelidadA essência do Espiritismo

Tema Composição Linguagem CoesãoConteúdo

Doutrinário Total

0 - 3 Não publicar.

4 - 5 Não publicar. Fazer correções necessárias, arquivando o material.

6 - 7 Não publicar inicialmente. Corrigir cuidadosamente os erros ortográficos e principalmente os doutriná-

rios. Fazer nova avaliação do texto corrigido, publicando o artigo, com as devidas alterações, somente

na ausência de textos melhores e com muita reserva.

8 - 10 Publicar, priorizando os de notas 10.

Título do Artigo: Avaliação em:Articulista: Por:

Critério para publicação:

Atenção: Na avaliação, assinalar todos os itens que julgar necessários. Ao final, verificar quais quadrados assinalados dispõem de valores na frente. Transcreva os números para os quadrados maiores; some e coloque o resultado no últimoquadrado grande na parte superior direita. Assinalando, a seguir, no local indicado, a nota que possibilitará publicação ou não.

1- Análise textual (2 pontos)a) Quanto ao Tema, o texto: Foge completamente ao tema. Explora o assunto mas aborda superficialmente o tema. Aborda parcialmente o tema. (0,5) Aborda adequadamente o tema.

b) Quanto ao tipo de Composição:Dissertação, poesia, conto, etc... Foge totalmente. Foge parcialmente (mistura modalidades textuais). Atende ao tipo, porém, apresenta falhas de estrutura. Atende ao tipo, mas não utiliza todos os seus recursos. (0,5) Apresenta bom aproveitamento do tipo de compo- sição.

c) Quanto ao nível de Linguagem: Insuficiência vocabular e erros gramaticais. Variedade, entretanto, falha em propriedade vocabular e adequação gramatical. (0,5) Adequação gramatical e vocabular.

d) Quanto à Coesão do texto: É composto de frases soltas. Apresenta falhas de encadeamento (repetição excessiva de itens, frases incompletas ou emendadas).

Falta de adequação ao tema. Falta de coesão entre as idéias. Idéias contraditórias ou ambíguas. (0,5) Coerência absoluta.

2- Análise Doutrinária (8 pontos)

a) Quanto ao Conteúdo Doutrinário: (0,5) Não causa conflito. (0,75) Desperta interesse positivo. (0,5) Cita as fontes corretamente. (1,0) As fontes são de autores doutrinariamente corretos. (1,0) São exatas todas as citações sobre personagens da história, ou referências bíblicas/ evangélicas. (1,25) É útil para a edificação geral. (2.0) Doutrinariamente correto.

b) Quanto às Idéias: Desperta interesse, mas causa conflitos. Tem idéias conflitantes com o Espiritismo. É de interesse privado, particular. É vulgar no estilo e nas idéias. É fútil, pueril, e nada contribui. Inadequado quanto ao fundo. (1,0) Bom quanto ao fundo.

Revue Spirite

Comunicação obtida na Sociedade Espíritade Paris, em 08 de agosto de 1862

- Médium Sr. Leymarie.

Estilo das boas comunicações

“Poucas palavras, muitas coisas”:a marca da superioridade dos Espíritos.

rocurai, na palavra, a sobriamente: poucas palavras, mo os deles, que tomam a lan-sobriedade e a conci- muitas coisas; nada de flores tejoula por ouro fino, e julgam P são ; poucas pa lavras , de retórica, nada de imagens, a beleza de uma mulher pelo

muitas coisas. A linguagem é ma s soment e pens amen to s brilho de seu adorno.como a harmonia: mais se quer grandes e fortes que consolam Desconfiai, pois, dos Es-torná-la sábia e menos ela é me- e fortalecem; é por isso que píritos verbosos, de linguagem lodiosa. A ciência verdadeira é agrada, e ele agrada porque é empolada e deliberadamente sempre aquela que impressio- compreendido facilmente; aí es- ininteligível, que é preciso esca-na, não alguns sibaritas insen- tá uma marca da superioridade var a cabeça para compreen-síveis a tudo, mas a massa inte- dos Espíritos que o ditaram. der; e reconhecei a verdadeira ligente que o afasta há tão mui- superioridade no estilo conci-to tempo do caminho do verda- so, claro e inteligível sem es-deiro belo, que é o da simplici- forço da imaginação; não me-dade. A exemplo de seu Mestre, çais a importância das comuni-os discípulos do Cristo tinham cações pela sua extensão, mas adquirido esse profundo saber pela soma das idéias que elas de dizer bem, sobriamente, bre- encerram sob o menor volume. vemente e seus discursos, como Para ter o tipo da superioridade os seus, eram cheios dessa gra- real, contai as palavras e contai ça delicada, dessa profundida- Por que se encontram as idéias, entendo as idéias jus-de que, em nossos dias, em tantas comunicações vindas de tas, sadias e lógicas; a com-uma época onde tudo mente ao Espíritos supostamente supe- provação vos dará a medida nosso redor, fazem ainda das riores, cheias de insensatez, de exata.grandes vozes do Cristo e dos frases inchadas e floridas: uma apóstolos modelos inimitáveis página para nada dizer? Tende de concisão e de precisão. por certo que esses não são os

Mas a verdade desceu Espíritos superiores, mas falsos do alto; os Espíritos superiores sábios que crêem fazer do efei-vêm, como os apóstolos dos pri- to, substituindo por palavras o meiros dias da era cristã, ensi- vazio das idéias, a profundida-nar e dirigir. O Livro dos Espí- de dos pensamentos pela obs-ritos é todo uma revolução, por- curidade. Eles não podem sedu-que está escrito concisamente, zir senão os cérebros ocos co-

Barbaret (Espírito familiar)

Fonte:

Revista Espírita de 1862 - p. 318/319

tradução: Julio Abreu Filho

editora: EDICEL

“frases inchadas e

floridas:

uma página para

nada dizer...”

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 06

se diga espírita não estará de acordo com o Espiritismo.

Diante disso, é de se la-mentar o número de adeptos que desconhecem as obras bási-cas da Codificação; não leram O Livro dos Espíritos e não aquilataram a preciosidade de suas 1.019 questões; não sa-bem que o termo Espiritismo foi criado por Kardec, sendo o primeiro livro espírita do mun-do, lançado a 18 de abril de 1857, consubstanciando a par-te filosófica da doutrina, abor-dando questões como: Quem somos? - De onde viemos? - O que estamos fazendo aqui? - Para onde vamos após a mor-te?

Ignoram que o Livro dos Médiuns é o manual práti-co para o trato com a mediuni-dade. Muitos equívocos no campo da mediunidade pode-riam ser evitados com a sim-ples leitura deste verdadeiro tra-tado das faculdades psíquicas.

Não valorizam O Evan-

iante da multiplicidade de livros espíritas exis-Dtentes dentro e fora do

nosso movimento, o adepto do Espiritismo se pergunta: Ler ou não ler? Eis a questão!

Isso ocorre porque na atualidade existem muitas obras editadas como sendo espí-ritas mas de conteúdo apócrifo, idéias esdrúxulas e, principal-mente, afirmativas que não condizem com os princípios do Espiritismo.

O que caracteriza um li-vro como Espírita, são exata-mente os conceitos da doutri-na; além disso, a obra Espírita é caracterizada pelo esclareci-mento, consolo e fidelidade à propagação dos ensinos reve-lados pelos espíritos superiores e codificados por Allan Kardec.

Compreende-se, portan-to, que os princípios do Espiri-tismo não poderão ser abala-dos: Deus, Espírito, Imortalida-de da Alma, Reencarnação, Me-diunidade, Evolução dos Espí-ritos, Lei de Causa e Efeito...

Qualquer livro que fira um ou mais desses princípios e

gelho Segundo o Espiritismo co-mo a contribuição Espírita para o entendimento dos ensinos de Jesus.

Desprezam O Céu e o Inferno e deixam de sorver o raciocínio lógico e lúcido do codificador, bem como os tes-temunhos dos espíritos acerca da vida espiritual.

Menoscabam A Gênese e deixam de mergulhar na ori-gem do universo e da criação dos seres à luz do Espiritismo.

Por isso, o adepto deve ler e estudar primeiramente as obras acima elencadas que constituem-se no Pentateuco Espírita.

Conhecendo bem o Es-piritismo, o próprio espírita sa-berá selecionar a leitura, pois terá cabedal suficiente para se-parar o joio do trigo.

Frente ao título de nos-so artigo: “Ler ou não Ler?”, es-clarecidos pelo bom senso fica-mos com Paulo de Tarso: “Dis-cerni tudo e ficai com que é bom”( I Tessalonicenses 5: 21).

Estudo

FidelidadESPÍRITA Outubro 200207

Ricardo Rodrigues Escodelário - Campinas/SP

L e r o u n ã o l e r ?

O Pentateuco Espírita

o sistema de indulgências, ini-ciando a Reforma Protestante.

No século XIX, o Espi-ritismo, como Consolador pro-metido, vem relembrar tudo quanto disse Jesus.

E a instrução “De graça

recebestes de graça dai” (Mat.10:8) necessita ser valo-rizada.

No Espiritismo, portan-to, todas as atividades doutri-nárias e espirituais devem ser absolutamente gratuitas.

As práticas espíritas são simples, sem cultos exteriores, sinceras, buscando sempre a verdade, e objetivando exclu-sivamente o bem.

Daí em nossas Institui-ções atentarmos para man-termos a pureza desses ensi-nos, orientando os médiuns pa-ra a gratuidade da sua tarefa mediúnica.

Pensamos, também, nos

livros e nas editoras que veicu-lam a mensagem Espírita. Cer-tamente, são fonte de renda e manutenção para muitas Insti-tuições, contudo, é preciso cui-dar para que o comércio exa-gerado, com os altos preços das obras, não traga, para os nossos templos, os vendilhões da atualidade.

Rifas e bingos, ofereci-dos ao grande público, em am-bientes que deveriam ser con-sagrados à oração e ao tra-balho fraterno, além de esti-mularem a crença nos jogos de “azar”, desviam o dinheiro do pão, do leite e incitam a com-petição.

Festas juninas com be-bidas alcoólicas, típicas da épo-ca, sob o pretexto de angariar fundos, não nos parecem ade-quadas para uma doutrina que orienta sobre o prejuízo dos ví-cios e a transformação moral.

Simonia e Movimento Espírita Urge atuarmos com ética cristã em tudo o

que fizermos em nome da Doutrina.

Analisando nossa conduta

“Façamos, então,

das nossas

casas templos

dedicados à

edificação humana”

“Quando Simão (o mago) viu que o Espírito era dado pela imposição das mãos aos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: “Dai-me também a mim este poder para que receba o Espírito Santo todo aquele a quem eu impuser as mãos”. Pedro, porém, replicou: “Pereça o teu dinheiro, e tu com ele, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus!” (At: 8:18-21)

Responsabilidade

FidelidadESPÍRITA Outubro 200208

sse episódio deu origem ao termo simonia que li-Eteralmente quer dizer

ato de Simão. E passou para a história como símbolo do co-mércio do sagrado ou das coi-sas espirituais.

Nos séculos XV e XVI, a Igreja Romana vendia indul-gências, isto é, o perdão dos pe-cados; e esse absurdo atingiu tamanhas proporções que na Alemanha corria o seguinte di-tado:

Sobald das Geld im Kasten Klingt

Die Seele aus demFegfeuer springt!

Tradução: Logo que o dinheiro tilinta na cai-xinha, imediatamente a alma (em favor de quem se dá) salta para fora do Purgatório.

E em 1517, protestando contra os abusos da Igreja, Mar-tinho Lutero, um religioso da ordem dos agostinianos, publi-cou na porta da igreja do cas-telo de Wittenberg (Alemanha) as 95 teses formuladas contra

Joseana Hypolito - Jundiaí/SP

Obras assistenciais, ab-sorvendo todo o campo doutri-nário e sob o jugo das necessi-dades a cumprir, fazem cam-panhas em que até o assistido pela fluidoterapia, em sua pri-meira vez no Centro, sai com um carnê de pizza, como se ele, de alguma forma, tivesse de pa-gar “com a caridade” o benefí-cio recebido!

Tudo isso é uma forma de comércio e de simonia! Faça-mos, então, das nossas Casas templos dedicados á edificação humana, lembrando que: “O ob-jetivo do Espiritismo é de tor-nar melhores aqueles que o compreendem”. (R.E. Julho/ 1859 p.183).

Atuemos, portanto, com ética cristã em tudo que fi-zermos em nome da Doutrina, a fim de que o Centro Espírita não se transforme em um co-mércio, onde o interesse pelo lucro esteja acima do próprio Espiritismo.

Para saber mais consulte: 1) A Bíblia de Jerusalém (Atos 8:18-21).2) A Igreja do Renascimento e da Reforma Daniel Rops - cap. V 1962 pág. 325.3) 20 séculos de caminhada da Igreja Luiz Cechinato - pag. 242 - 3º edição.4) Toda a História José J. Arruda/ Nelson Piletti - pag. 167/168.5) Nova Enciclopédia Barsa - vls.7,9,14/2001.6) O Evangelho Segundo o Espíritismo cap. XXVI - Ed. Feb.7) Revista Espírita - Julho de 1859 pág. 183.8) Jogos e rifas, - artigo publicado em O Espírita de janeiro/março de 1996.

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 09

Nasceu em Yorkshire, por volta de 1330. Educado em Oxford, tornou-se mestre do Bal-liol College em 1360, mas em 1361 renunciou ao cargo para exercer a função de vigário de Fillingham.

Precursor da reforma pro-testante e organizador da primeira tradução da Bíblia para o inglês. O Concílio de Constança (1415) condenou oficialmente as idéias do teólogo, cujas cinzas foram atiradas ao Rio Swift em 1428. Suas idéias, no entanto, encontraram continuidade no movimento de Jan Huss.

Nasceu em Husinec, na Boêmia, em 1372 ou 1373. Em 1394 começou a ensinar na uni-versidade e depois aderiu às idéias do reformista inglês John Wyclif-fe, que haviam sido acolhidas pe-los intelectuais boêmios.

Huss recusou-se a aceitar a condenação papal da doutrina de Wycliffe e a defender-se em Roma das acusações que lhe eram impos-

tas. Declarado herege, foi condenado à fogueira. A sen-tença cumpriu-se em Constança, em 6 de julho de 1415.

Pai da Reforma Protestante. Pro-fessor de teologia em Wittenberg (Ale-manha). Em 1517, inconformado com a venda de indulgências, Lutero fixou na porta da catedral de Wittenberg um panfleto com 95 teses, em que denun-ciava os abusos da Igreja e proclamava suas discordân-cias em relação à sua atuação. Recusando-se a se retra-tar, Lutero foi excomungado em 1520. Refugiou-se no castelo de Wartburg, onde escreveu panfletos e tradu-ziu a Bíblia para a língua germânica.

John Wycliffe

Os Precursores da Reforma Protestante

Jan Huss

Martinho Luterno

Reprodução

Reprodução

Reprodução

de também atuou no Centro de Valorização da Vida (CVV), atendendo os casos mais gra-ves de pacientes com idéias de suicídio.

Como espírita e médico,

colaborava em várias casas de Campinas: no Centro Espírita “Allan Kardec”, onde dava seus “plantões” gratuitos de todos os sábados, e no C. E. “Cairbar Schutel”, dirigindo os traba-lhos de desobsessão.

Constituiu uma linda fa-mília ao lado de Sebastiana Mo-raes Mello, a esposa, e os filhos

m 10 de maio de 1992, desencarnava em Cam-Epinas o médico psiquia-

tra Wilson Ferreira de Mello, após uma encarnação intensa de atividades no campo da me-dicina e do Espiritismo.

Nascido em Olím-pia, SP, em 14 de junho de 1910, tem seu nome reconhecido como um dos mais competentes profissionais da chama-da Psiquiatria Moderna.

Dr. Wilson Fer-reira de Mello estudou no Rio de Janeiro, onde se formou com brilhan-tismo e aprendeu a admi-rar espíritas de vulto co-mo Bezerra de Menezes e Francisco de Menezes Di-as da Cruz, que presidi-ram a Federação Espírita Brasileira (FEB). Clinicou e dirigiu vários hospitais espíritas, entre eles a Clí-nica Psiquiátrica Antô-nio Luiz Saião, em Araras, a Clí-nica Francisca Júlia, em São Jo-sé dos Campos, e o Hospital Psi-quiátrico Dr. Bezerra de Mene-zes, em São Bernardo do Cam-po, entre outras. Em Campi-nas, fundou a Casa de Saúde Vista Alegre, no Jardim São Pe-dro, e manteve consultório em São Paulo por longos anos, on-

Marisa, Ricardo, Lígia, Icléia e Paulo, este último desencarna-do em 1998, aos 52 anos.

Preocupado com os seus doentes na Clínica Vista Ale-gre, no Jardim São Pedro, na periferia de Campinas, Wilson começou a acalentar o sonho

de um hospital psiquiá-trico para os carentes. Essa idéia ganhou corpo e, apoiado pela enfer-meira Ana Simonelli, ini-ciou a elaboração dos estatutos da Instituição Assistencial “Dias da Cruz” que, em 15 de no-vembro de 1971, foi efe-tivamente fundada, sen-do sua sede inaugurada em dezembro de 1984, no bairro Jardim Eulina. Dr. Wilson dirigiu a enti-dade até 1990, quando a saúde não mais lhe per-mitiu estar à frente das atividades, mas ainda assim continuou minis-trando suas belas pales-tras até a derradeira ho-

ra.Mas é fora da sua espe-

cialidade médica que ressalta a figura do homem caridoso e es-pírita convicto, orador de qua-lidade, divulgando a mensa-gem consoladora do Espiritis-mo aos quatro cantos do Esta-do, no Sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Escreveu

Biografia

FidelidadESPÍRITA Outubro 200210

Dr. Wilson Ferreira de MelloDr. Wilson Ferreira de MelloDr. Wilson Ferreira de MelloDr. Wilson Ferreira de MelloRubens Toledo - Campinas/SP

Arquivo: Instituição Assistêncial “Dias da Cruz”

avisou os companheiros da Di-retoria do Dias da Cruz que esta-ria “mudando de endereço”. E, como seria de esperar, retomou logo, no mundo espiritual, as atividades beneméritas que exercia na Terra.

O médium Divaldo Pe-reira Franco traz informações que o Dr. Wilson Ferreira de Mello vem junto ao seu amigo Inácio Ferreira (mineiro de Ube-raba) trabalhando no plano es-piritual no tratamento de jo-vens toxicômacos. Tem ainda transmitido em sessões realiza-

De fato, há um forte mo-vimento de renovação na Insti-tuição, comandado pela presi-dente Sylbene Frigéri, que atra-iu novos voluntários e muitos jovens. A Diretoria pensa em construir novo prédio para a Creche Pingo de Luz, criada há seis anos, e que atende hoje 60 crianças de dois a seis anos de idade. O serviço médico conti-nua fiel à tradição da Institui-ção: a clínica Ana Simonelli, que inclui farmácia e gabinete odontológico, atende a comu-nidade carente, sob a respon-sabilidade do dr. Rodolfo Fer-nandes de Oliveira.

A entidade mantém, des-de 1999, um Núcleo Educacio-nal para jovens e adultos, que reserva três salas para os alu-nos da Fundação Municipal de Educação Comunitária (Fumec) e uma sala para os freqüenta-dores do Telecurso 2000, Ensi-

dois livros e deixou um tercei-ro, sobre Eurípedes Barsanulfo, que não chegou a ser publica-do. Em Castália (de 1950), com prefácio de Menotti Del Pic-chia, uma coletânea de poemas sobre a imortalidade da alma, revela sua veia poética cantan-do em versos o Amor, Deus e a beleza do Universo. Em Voz Interior (de 1952) reeditado pe-la Edições Feesp em 1990, re-porta tudo quanto extraiu e ab-sorveu nas experiências ínti-mas.

Na véspera da partida,

Entidade fundada por Wilson Ferreira de Mello, no Jardim Eulina, pretende cons-truir novo prédio para a creche e concluir projetos em área de 20 mil metros quadrados.

Os confrades da Insti-tuição Assistencial “Dias da Cruz” recordam os dez anos de desencarne do seu fundador, o médico psiquiatra Wilson Fer-reira de Mello. Eles não querem transformar a saudade em pie-guismo inútil, mas demonstrar gratidão àquele que tão bons exemplos plantou em nós. Há também outras razões para re-cordar a figura bondosa do dr. Wilson, é uma forma de apre-sentá-lo às novas gerações e aos atuais trabalhadores da Ca-sa, os quais, em grande parte, só o conhecem pelo quadro à entrada do Auditório e pelas histórias contadas pelos mais antigos.

das no Centro Espírita “Allan Kardec”, em Campinas, belas e consoladoras mensagens atra-vés da mediunidade de Ema-nuel Cristiano.

Deixamos, assim, ao Dr. Wilson nossos sinceros agrade-cimentos pela valiosa contri-buição na divulgação da men-sagem espírita, através de seu exemplo, livros e palestras, ro-gando a Deus que o abençoe em suas tarefas na vida espiri-tual.

no Fundamental da 5ª à 8ª sé-rie. Mais de cem alunos já con-cluíram o programa básico da Fumec e 48 alunos concluíram o Ensino Fundamental via Tele-curso 2000, em convênio com o Senai e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Na área doutrinária, os frutos também são importan-tes. Localizado em bairro peri-férico do Jardim Eulina, onde há grande predominância de igrejas evangélicas, o “Dias da Cruz” convive harmoniosa e pa-cificamente com os irmãos evangélicos. Sem discriminar a cor, o credo ou a classe; o ser-viço social, bazar de novos e usados e o programa de cestas básicas aos carentes vêm cum-prindo o lema explícito na fa-chada da Casa: “Fora da cari-dade não há salvação”.

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 11

recorda seu fundadore faz planos para o futuro“ Dias da Cruz”

Esses fenômenos cha-maram tanto a atenção popular que as jovens Fox foram leva-das a fazer demonstrações de mediunidade ante comissões es-peciais, formadas para verificar os fenômenos e, em 1850, já se contavam milhares de norte-americanos (alguns ilustres e re-nomados como o Juiz John W. Edmonds) que acreditavam nos fenômenos, praticando muitos deles esse intercâmbio primiti-vo.

Os fenômenos se difun-diram por toda a Europa evolu-indo para a forma das mesas gi-rantes. Pessoas se reuniam em volta das mesas de três pés, fa-zendo perguntas a que os espí-ritos respondiam com panca-das. Essa prática tornou-se mo-da e alcançou os salões de Paris onde morava o Sr. Hypolite

sistência, as meninas (que eram médiuns sem o saber) convida-ram o manifestante a repetir as batidas que elas dariam com as mãos, no que foram atendidas.

Diziam elas: - Senhor pé rachado, fa-

ça como eu faço.Pé rachado = pé de ca-

bra = diabo. Pensavam assim, pelo seguimento religioso do qual faziam parte, que atribuía toda manifestação supranor-mal ao demônio.

Vieram os vizinhos e constataram os fatos; e combi-naram um modo de comunica-ção bastante primitivo. Seriam lidas, em voz alta, as letras do alfabeto para que ele, o fenô-meno, assinalasse, com uma pancada, a que desejasse para formar as palavras. Dessa for-ma é que descobriram todo o episódio do assassinato do ven-dedor ambulante, compreen-dendo que, de fato, era um espí-rito que os provocava.

o ano de 1843, numa cabana de madeira, na Npequena cidade de

Hydesville, no estado de Nova York, nos Estados Unidos, um vendedor ambulante de nome Charles Bryan Rosma foi hos-pedado e brutalmente assassi-nado pelo casal Bell (cortando-lhe o pescoço com uma faca de açougueiro), proprietários da casa, com o fito de roubo, cerca de 500 dólares.

O crime ficou impune, mas daí a algum tempo come-çaram a ser ouvidos ruídos e pancadas nos objetos e paredes da casa, além de barulho de pas-sos de alguém invisível.

Os proprietários assassi-nos mudaram da casa, agora as-sombrada. Duas outras famílias ali moraram sem que os fenô-menos cessassem e, em 11 de dezembro de 1847, John Fox, um pastor metodista, alugou a casa e nela passou a residir com sua esposa e filhas Marga-rida, de 14 anos e Catarina de 11.

No início, ouviam ape-nas arranhaduras na madeira, mas não deram muita atenção. Só no ano seguinte, os baru-lhos foram mais perturbadores.

Na noite de 31 de março de 1848, quando as pancadas secas se faziam ouvir com in-

História

Espiritismo Espiritismo - - Como tudo começouComo tudo começouFamília Foxante osfenômenos.

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FidelidadESPÍRITA Outubro 200212

1

1ª Parte

Sandro Cosso - Campinas/SP

Léon Denizard Rivail (o futuro Allan Kardec), ilustre educador francês, discípulo de Pestaloz-zi.

Caberia a este pesqui- sador a missão de organizar a 3ª Revelação.

Nascido em 03 de outu-bro de 1804 em Lion, na Fran-ça, há exatos 198 anos, Hip-polyte Léon Denizard Rivail (conforme livro de batismo) era de antiga família lionesa, cató-lica, cujos antepassados se dis-tinguiram na advocacia, na ma-gistratura e no trato dos pro-blemas educacionais.

Ao redor dos 11 anos de idade, seus pais o enviaram pa-ra estudar em Yverdum, na Suí-ça, no Instituto de Educação do célebre pedagogo Pestalozzi.

Bacharel em ciências e letras o, agora, Prof. Rivail, no portão do castelo de Yverdum, despediu-se de Pestalozzi como quem se despede de um pai. Apertou-lhe a mão, abraçou-o e, comovido, beijou-lhe a face.

- Adeus, meu mestre!- Adeus, meu filho!- Prometo enviar notíci-

as, pois é desejo meu criar na França um instituto igual ao seu.

- As crianças francesas, certamente, hão de agradecer-lhe! Que Deus o ampare na vida que vai iniciar, meu filho!

E o jovem pedagogo re-gressou à França em 1824 e conseguiu, em Lion, a isenção do serviço militar.

De 1824 - 1848, além de lecionar, Rivail escreveu inú-meras e importantes obras pe-dagógicas, especialmente sobre aritmética e gramática france-

Rep

roduçã

o

sa, além de tratados sobre edu-cação pública tendo um deles si-do premiado pela Academia Re-al das Ciências de Arrás (1831).

Em 1825 (aos 21 anos) fundou e dirigiu uma escola de primeiro grau que funcionou até 1834 (9 anos) quando foi fe-chada por dificuldades finan-ceiras que um tio seu lhe cau-sara.

Passou, então, alguns anos trabalhando como conta-bilista, dedicando, porém, as noites ao labor na área da edu-cação, a saber:

- elaborando novos li-vros de ensino;

- traduzindo obras lite-rárias ou de estudo (principal-mente do alemão e do inglês, embora também conhecesse ho-landês, grego, latim e outros idi-omas);

- preparando cursos que ministrava em escolas (inclusi-ve sobre lógica e retórica);

- organizando e minis-trando, em sua própria casa,

Estudou com PestalozziEstudou com Pestalozzi

As despedidasAs despedidas

PedagogoPedagogo

As mesas

girantes.

Reprodução

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 13

“Vivi como mendigo, para ensi-nar os mendigos a viverem co-

mo homens.”

“O fim da educação é o de-senvolvimento da nature-za humana.”

“A verdadeira edu-cação conduz por si mesma à totalidade, procura a plenitude das capacidades hu-manas.”

Pestalozzi

tora? Mas, que interessante... E que livros publicou?

- O primeiro foi publi-cado há seis anos, em 1825, e se chama Contos Primaveris; o segundo, Noções de Desenho (eu gosto muito de desenho e pintura) em 1826; e o terceiro, O Essencial em Belas Artes, em 1828.

- É curioso, senhorita Amèlie... Estamos nos conhe-cendo agora, no entanto... te-nho a sensação de que a co-nheço há tanto tempo! É uma sensação muito estranha...

- Bem senhor Rivail... Já que me fez essa confissão... devo lhe dizer que sinto a mes-ma coisa... Passe a me chamar de Gabi... É como os amigos me tratam.

E se casaram...

Continua no próximo número

cursos gratuitos de química, fí-sica, astronomia, fisiologia, anatomia comparada etc... para alunos carentes.

Educador notável, cará-ter ilibado, exemplificava fra-ternidade e amor aos seme-lhantes. Foi homem de grande projeção na França como em outros países da Europa, sendo membro de várias sociedades sábias e tendo recebido muitos títulos e honras.

Em 06 de fevereiro de 1832, casou-se com a Profª. Amélia Gabriele Boudet, que lhe foi companheira dedicada e valiosa colaboradora. Não tive-ram filhos.

Corria o ano de 1831 e o professor deu à publicidade, quase que simultaneamente, três novos trabalhos, que for-maram seu nome na área da Pe-dagogia. O primeiro, Memória sobre a instrução pública, ele enviou à comissão encarregada pelo governo de preparar um projeto de lei so-bre o ensino. O segundo, uma Gramática Fran-cesa clássica, de acordo com um plano novo , em cujas páginas re-velara profundo conhecimento lingüístico. E o terceiro, Qual o sistema de estu-dos mais em har-monia com as ne-

cessidades, enviado à Real Aca-demia de Ciências de Arrás, foi premiado.

Foi neste mesmo ano que o professor Rivail conhe-ceu aquela que seria sua com-panheira. Tinha ela a estatura média, as feições belas, os olhos claros e serenos.

- Meu nome é Amélie.- Amélie?- Amélie Gabrielle Bou-

det. E sou sua admiradora. Li to-dos os seus livros.

- É uma satisfação saber que a senhorita os leu. Por que se interessa tanto pela pedago-

gia?- Como o senhor,

sou, também, pro-fessora...- Ah, sim?- Mas deixei de

lecionar. E escre-vi três livros.- É, também, au-

Seu casamentoSeu casamento

Como se conheceramComo se conheceram

Prof. Rival e sua esposa

Amélie-Gabrielle Boudet

Citação de Arthur Conon Doyle. Ga-briel Delanne fala em Joseph Ryan.Reprodução

Reprodução

Reprodução

Reprodução

FidelidadESPÍRITA Outubro 200214

1 obra Pedagógica

do professor Rivail

Curso de Aritimética

lançado em 1824.

1

oi no ano de 1974, meu se-gundo filho havia acaba-Fdo de nascer. Seis meses

depois, tomado de forte infecção intestinal o levamos para o hos-pital. Desprovidos de muitos re-cursos, procuramos o sistema público de saúde. Informaram-nos que só havia vaga para o be-bê, o sistema não admitia acom-panhantes:

- Mas, eu fico de pé mes-mo. Disse quase chorando!

- Sinto muito, respondeu o recepcionista!

- Eu não posso deixar o menino sozinho!

- Toda mãe deixa, por que a senhora é diferente?

- Não sei dizer, mas não posso deixá-lo!

- Então, queira se retirar!Meu esposo, que não en-

tendeu nada, disse:- Afinal, mulher, você

quer salvar ou matar o menino?!Decidimos pagar um hos-

pital particular, venderíamos tu-do que tínhamos se preciso fos-se. Nosso dinheiro só me permi-tiu uma cadeira ao lado do ber-ço. Durante três noites ele gritou de dor. Na terceira noite, a crian-ça dava sinais de melhora. Exa-usta, adormeci em prece, debru-çada sobre o berço. De madruga-da, alguém se aproximou de mim, senti pegarem nos meus do-is braços e, de maneira forte, me chacoalhar enquanto uma voz di-

zia com energia:- Acorda que seu filho es-

tá morrendo! Acorda que não vai dar tempo! Acorda que o me-nino vai morrer!

Despertei abruptamente, olhei para a porta, estava tran-cada; no quarto não havia nin-guém além de mim e meu filho, dirigi o olhar para o berço de me-tal e este tremia e tilintava.

Meu filho estava tendo uma convulsão!

- Enfermeira ! Enfermei-ra! Rapidamente, uma mu-lher insensível apareceu de pran-cheta na mão dizendo de manei-ra arrogante:

O que é?!- Meu filho morre! - Não posso fazer nada!- Não vê? O menino mor-

re, faça alguma coisa! Implorei aos prantos.

- Deve ser apenas uma reação passageira dos remédios. Disse ela.

Então, como se minha mente fosse invadida por um so-pro divino, gritei sem saber o por-quê:

- É o soro! Retira o soro da criança!

- Só se a senhora assinar um termo de responsabilidade!

Eu assino!O soro foi retirado, veio o

médico e constatou que a enfer-meira havia ministrado o medi-camento incorreto no bebê!

Vinte e oito anos se pas-saram e a cada aniversário dele me recordo daqueles aconteci-mentos. Abraço meu filho com ternura e me recordo de que ha-via um motivo para que eu não o deixasse sozinho! Creio que este deve ser o papel dos pais, nunca os deixar sozinhos; mesmo cri-ando-os para o mundo, devemos estar juntos em pensamento, sus-tentando-os sempre para a exe-cução do bem!Hoje, tenho certeza absoluta de que um bom espírito ligado a nós, veio em nossa ajuda.

Claro que se meu filho de-sencarnasse, pela lei da reencar-nação, haveria novas oportuni-dades, mas por uma razão qual-quer, os bons espíritos julgaram fosse oportuno valorizar aquela oportunidade, o que fortaleceu a minha fé e a confiança absoluta nos desígnios divinos.

Aconteceu Comigo

FidelidadESPÍRITA Outubro 200215

“Acorda que seu filho está morrendo, gritou alguém invisível...”

Lucilda Aparecida Mendes Domingues - Campinas/SP

Encaminhe para a redação fa-tos espíritas como esse, absolutamente verídicos. Envie nome, telefone e ende-reço completos, estando disponível para eventual encontro com a redação. Após análise publicaremos seu caso na colu-na: “Aconteceu Comigo”. Ressaltamos, ainda, que as histórias serão, após doa-ção autoral, de propriedade exclusiva dessa revista.

Nota da redação:O editor garante a veracidade dessa história.

mecânico é uma máquina.Entretanto, toda ação fí-

sica, voluntária ou não, se veri-fica pelo comando do cérebro. Neste caso, a ação se dá (peris-pírito a perispírito) através da região cerebral que impulsiona o movimento de escrever e o conhecimento da comunicação vem depois do ato da escrita.

Médium intuitivoTransmissão do pensa-

mento por meio do espírito do médium. Atua sobre a alma com a qual se identifica. Esta re-cebe o pensamento do espírito e o transmite.

Nessa situação, o mé-dium tem consciência do que escreve, embora não exprima o

Qual foi o tipo da psico-grafia?

É importante considerar se a mensagem foi recebida por psicografia mecânica, semi-mecânica ou intuitiva, para compreender se há maior ou menor possibilidade de interfe-rência do médium na mensa-gem.

Como se verifica em O Livro dos médiuns, cap. XV, te-mos:

Médium passivo ou mecânicoIdéia que muitos fazem

a respeito: Não tem a menor consciência do que escreve. O espírito atua diretamente sobre a mão do médium. O médium

seu próprio pensamento. O mé-dium intuitivo age como o fa-ria um intérprete. O pensamen-to precede o ato.

Médium semi-mecânicoParticipa de ambos os

gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau gra-do seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escre-ve, à medida que as palavras se formam. O pensamento acom-panha o ato da escrita.

Com relação ao conteú-do:

É doutrinariamente co-reta?

Contém um ensinamen-

Método

FidelidadESPÍRITA Outubro 200216

“Os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam

de contínuo que submetamos todas as comunicações ao

crivo da razão e da mais rigososa lógica”, é o que nos

alerta Kardec em O Livro dos Médiuns.Mas quais métodos e critérios devemos utilizar ao

analisar as comunicações obtidas em nossos grupos ou

as que nos chegam vindas de outros núcleos espíritas?Esse roteiro que nos oferece Daisy Jurgensen Ma-

chado é resultado de seus estudos e pesquisas, realiza-

dos no Centro Espírita “Allan Kardec”, de Campinas.

Como Analisar

Mensagens Psicografadas

Como Analisar

Mensagens Psicografadas

1

2a

b

Daisy Jurgensen Machado - Campinas/SP 2

1

J. P. A

ndra

de

sua forma. Deve ter começo, meio e fim, isto é, coerência, correção na apresentação da idéia central da mensagem.

A linguagem deve ser simples, clara, objetiva, conci-sa, elegante, sem vícios. Deve ser, também, gramaticalmente correta (pontuação adequada, concordância de tempos e mo-dos, grafia correta das pala-vras).

A correção ou incorre-ção gramatical da mensagem psicografada pode ter por cau-sa o espírito (seu saber ou igno-rância) ou ser devida à interfe-rência do médium e não invali-da a qualidade do seu conteú-do. Mas se formos publicar essa mensagem, devemos fazer as correções gramaticais necessá-rias.

O aperfeiçoamento do médium na psicografia

É natural que, no início de seu trabalho mediúnico, o médium encontre várias difi-culdades. Ex. Muita interferên-cia do próprio médium na es-crita. É preciso perseverar no treinamento e no estudo da Doutrina para oferecer facili-dades aos comunicantes. Lem-bremos que Chico Xavier e Di-valdo Franco, depois de alguns anos de trabalho na psicogra-fia, foram orientados a inutili-zar o que haviam feito (porque ainda eram exercícios) e reco-meçarem.

Médiuns e dirigentes não devem se entusiasmar de-mais com as primeiras mensa-

to importante?São exatas todas as cita-

ções sobre personagens da his-tória ou referências bíblicas/ evangélicas?

Esta análise deve ser efe-tuada com bom senso e conhe-cimento doutrinário seguro por parte de quem analisa a men-sagem ou do grupo que a rece-be.

Quanto aos objetivos:

A quem é dirigida a mensagem? Com qual inten-ção?

Ao próprio grupo como estímulo, instrução, aconselha-mento, advertência ou apenas uma manifestação de apreço e carinho.

À Casa Espírita como es-tímulo, instrução, comprova-ção de presença dos amigos es-pirituais nas tarefas e na dire-ção da Casa, advertência a to-dos os colaboradores.

Para divulgação geral (por volantes, pela imprensa, li-vros, etc.), quando se tratar de mensagem doutrinária de teor elevado e importante.

A alguém em particu-lar? Quem? Está presente? É co-nhecido? Temos como locali-zar? A mensagem contém ele-mentos de comprovação da identidade, quanto ao espírito que a transmite?

Quanto à forma grama-tical:

A análise da mensagem deve se estender, também, à

gens recebidas em seus traba-lhos. É preciso estudo, perseve-rança e critérios rígidos de aná-lise das mensagens, orientação segura e fraterna aos médiuns, com estímulos para que se sin-tam motivados a continuar trei-nando, aprendendo e, sobretu-do, analisarem com bom senso as mensagens que recebem.Obs.: Cuidado com os nomes que assinam as mensagens. Se forem nomes de espíritos eleva-dos e conhecidos, os cuidados devem ser redobrados.

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 17

Allan Kardec - O Livro dos Médiuns cap. 10 item 136 - Ed. Feb.

A articulista é presidente do Centro Espírita “Allan Kardec” Campinas / SP no qual se dedica há 60 anos de trabalho, quer nas at ividades assistenciais, quer doutrinárias. Possui larga experiência no diálogo com os espíritos e na direção de reuniões de desobsessão. Zelando, durante todos esses anos, pela Fidelidade Espírita. 4

3

c

a

b

c

d

1

2

Para saber mais consulte:

O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap.

10 e 15 - Ed. Feb.

ao futuro, é formulá-la em to-das as suas partes e até nos mais mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que im-possível se torne qualquer in-terpretação divergente”.

Foi o que Kardec se em-penhou em fazer:

- observando os fenô-menos, estudando suas causas e efeitos;

- colocando os ensinos em ordem didática;

- comentando-os e di-fundindo-os oralmente e por es-crito.

“O Espiritismo veio li-bertar definitivamente o ho-mem de todas as estruturas psí-quicas milenares que amor-daçam o espírito (...) deve per-manecer íntegro no estudo, na pregação e na prática (...) caso contrário, o povo não conhece-

Capa

FidelidadESPÍRITA Outubro 200218

Pureza Doutrinária

evelada pelos espíritos superiores e fielmente Rcodificada por Allan

Kardec, a Doutrina Espírita se constitui de princípios que são as mais avançadas informações já recebidas pela Humanidade do plano espiritual sobre as leis divinas que regem o Universo e a vida dos seres.

Kardec se empenhou em divulgar o mais possível essa doutrina, a fim de “revolver e reformar o mundo inteiro”. Mas, avisava, em Obras Póstu-mas (Projeto 1868):

“Um dos maiores obstá-culos capazes de retardar a pro-pagação da Doutrina seria a fal-ta de unidade” e “o único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos quanto

rá a grandeza da Doutrina de Kardec e nem a sublimidade do Evangelho do Cristo”.

Dado a esse caráter pro-gressivo da doutrina, a ela se poderão incorporar novas reve-lações espirituais e novos co-nhecimentos que a ciência ve-nha a alcançar.

Mas não sem que pas-sem, antes, pelo crivo da razão e, quando possível, da experi-mentação.

Além disso, os princípi-os fundamentais da Doutrina Espírita já foram solidamente estabelecidos e não precisam nem devem ser alterados.

Todo espírita precisa estar bem

conscientizado e preparado

para fazer a necessária análise de tudo

e atuar corretamente no Movimento Espírita,

aceitando o que for bom e recusando

o que não for condizente

com a codificação kardequiana.

J. P. A

ndra

de

Importância da Unidade e Integridade

Mas o Espiritismo nãotem caráter progressivo?

Therezinha Oliveira Campinas/SP

1

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 19

ções, ao mágico, sobrenatural, maravilhoso, ou à crença cega, às práticas exteriores mais di-versas e mais estranhas, quem sabe até se retomar o domínio sacerdotal.

Assim, surgiram, no pas-sado, e continuam a surgir na atualidade, desvios ou enxerti-as indesejáveis (tanto de con-ceitos como de práticas).

Por isso, é possível en-contrar centros fazendo um “Espiritismo à moda da casa”:

Apresentando Deus se-gundo as antigas concepções antropomórficas, como se fosse uma pessoa, um ser humano, e dos piores, por ser colérico, vin-gativo, caprichoso e até venal, pois aceitaria ser “comprado” com oferendas materiais.

Falando de Jesus como se ele fosse Deus, quando é cria-tura e não criador.

Não esclarecendo que a Santíssima Trindade é apenas um simbolismo da perfeita inte-gração de Jesus e dos bons espí-ritos com a lei divina, agindo como um só, porque nada fa-zem que não esteja de acordo com a vontade de Deus.

Pregando, ainda, a exis-tência de seres criados diferen-tes da humanidade, como o seri-am os supostos anjos e demô-nios.

Dizendo que há seres que nunca encarnaram; que a reencarnação acontece como um castigo por uma “queda” es-piritual; que um espírito huma-

A obra doutrinária de Kardec não será substituída e, sim, apenas analisada mais pro-fundamente ou complementa-da no decorrer do tempo.

Doutrina Espírita é uma coisa, outra, porém, é o movi-mento espírita, ou seja, o que os espíritas, os adeptos do Espi-ritismo, fazem (realizam) em nome dessa doutrina.

O movimento espírita pode apresentar falhas, detur-pações, acréscimos indevidos, tanto nas idéias como nas prá-ticas espíritas.

Isso porque, quem adere à Doutrina Espírita e entra no seu movimento já traz consigo idéias, costumes, condiciona-mentos da religião anterior (dos quais ainda não se despo-jou) e ainda continua a receber influência de outras obras e mo-vimentos que existem no meio social.

Se não assimilar bem o conteúdo doutrinário espírita, ao começar a exercer ativida-des em nome do Espiritismo po-derá desfigurá-lo, por lhe mes-clar doutrina ou práticas com ensinamentos ou procedimen-tos que não condizem com as suas bases doutrinárias.

Quando isso acontece, perdem-se as diretrizes de ra-ciocínio e bom senso, pode-se voltar às crendices e supersti-

no pode voltar a encarnar co-mo animal; ou que há, para ca-da espírito, um número defini-do de encarnações em cada pla-neta. Todas elas afirmativas er-rôneas, contrárias aos princípi-os doutrinários do Espiritismo quanto à igualdade de origem e destinação dos espíritos rumo ao progresso incessante.

Nesses centros pouco preparados doutrinariamente, poderemos encontrar a tribuna cedida a expositores totalmen-te inexperientes e sem o neces-sário conhecimento espírita. Em sua livraria e biblioteca, po-deremos ver livros doutrinaria-mente incorretos, semeando, ao mesmo tempo, trigo e joio na mente dos leitores.

Há centros que se dei-xam absorver pelo trabalho de assistência material, com pre-juízo da sua atividade espiritu-al.

Sem dúvida, a caridade material é necessária e meritó-ria, mas essencial e primordial para as criaturas é a assistência espiritual, em que a casa espíri-ta é especializada, constituindo o seu fim precípuo.

Outros centros, em vez de entenderem a mediunidade como atividade meio ou auxili-ar que é, fazem dela a atividade principal, empregando-a inde-

Doutrina e Movimento

Por que e como surgem as impurezas doutrinárias?

a) No campo das idéias

b) No campo das práticas

1 - Assistência material

2 - Mediunidade

FidelidadESPÍRITA Outubro 200220

Muitas vezes, o centro espírita mal orientado se dedi-ca quase que inteiramente à ten-tativa das curas físicas pela ação mediúnica, sem conside-rar que:

- as enfermidades não acontecem por acaso, refletem condições espirituais, guardam relação com o estado evolutivo do ser, traduzem carências, le-sões, perturbações espirituais com origem nesta ou em exis-tências anteriores e, portanto, nem todos os doentes poderão ser curados;

- a casa espírita existe não para tratar de corpos mas de almas, porque o Espiritismo cura, sobretudo, os males mo-rais.

Aliás, nessa questão de curas mediúnicas, é necessário lembrar que todo tratamento es-piritual de problemas físicos precisaria de prévia avaliação médica (até mesmo com exa-mes) e acompanhamento da evolução do estado do enfer-mo, feito por profissionais com conhecimento técnico e habili-tação legal, para se chegar a uma conclusão confiável quan-to aos resultados realmente ob-tidos ou não.

No caso das chamadas “cirurgias espirituais” feitas com instrumentos e cortes ma-terialmente, é indispensável analisar (como em todas as ma-nifestações mediúnicas) a natu-reza do espírito que está atuan-do (no caso como médico ci-

vidamente para:

- atender a desejos pes-soais, materiais, imediatistas;

- produzir fenômenos a fim de tentar impressionar e atrair freqüentadores;

- ensejar freqüentes con-sultas aos “guias” sobre os mais comezinhos assuntos, dei-xando as pessoas dependentes desse aconselhamento, sem que haja a certeza da qualidade e validade da orientação que es-tá sendo ministrada.

Em relação à desobses-são, métodos e técnicas im-próprios têm surgido, como por exemplo, o que propõe aten-dimento “voltado para as mul-tidões” ou o que diz empregar apenas o desdobramento de as-sistidos e médiuns, sem fazer o diálogo esclarecedor com os es-píritos obsessores, que seria ne-cessário “para induzi-los ao ar-rependimento e apressar-lhes o progresso”, como recomen-dam os bons espíritos (O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, 254,

a 5 edição.)

Sobre o desenho ou pin-tura mediúnica, indispensável avaliar se o trabalho tem real qualidade artística e não se po-de prescindir da análise da na-tureza do espírito que os pro-duz e dos motivos que o levam a essa atividade. Consideremos ainda se é aconselhável a exi-bição pública da mediunidade e que as obras produzidas se-jam vendidas no local, em lei-lão.

rurgião, utilizando o corpo do médium) e procurar avaliar de seus propósitos, por que e para que ele está agindo assim.

Quanto às terapias al-ternativas (cromoterapia, cris-talterapia, fitoterapia, acupun-tura, do-in, jo-rei, etc.), podem ter alguns pontos concordantes com o conhecimento espírita, mas, se têm ou não algum va-lor como práticas médicas, ca-berá à ciência definir; não são, porém, atividades próprias do centro espírita, porque, além de curar corpos não ser o objetivo primordial do Espiritismo, es-sas terapias requerem profis-sionais habilitados e locais apropriados e, no centro espíri-ta, estariam desviando finali-dades, ocupando tempo, local e trabalhadores, em prejuízo do verdadeiro labor espírita.

Aí estão alguns desa-certos advindos da falta de pu-reza doutrinária no movimento espírita. E, quanto mais se am-plia o movimento, maior o peri-go dessa mescla ocorrer, pela di-ficuldade em se orientar bem a todos.

“(...) Não podemos de forma alguma desfigurar a Dou-trina dos Espíritos, mutilar seus textos, deformar suas leis morais, anular seus princípios, cancelar pontos explicativos, ajeitar interpretações ao agra-do da cultura humana, inven-

A Responsabilidade do Espírita

Curas e Terapias Alternativas

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 21

outras doutrinas. Como conhe-cer sem estudar? Necessário se faz ler, ouvir, trocar idéias.

Zelando (vigiando, to-mando cuidado). Para

não deixar que se infiltrem i-déias errôneas, nem haja de-turpações pela ignorância ou pela má-fé no que estamos di-vulgando, nas práticas que fa-zemos como movimento espíri-ta, em nome do Espiritismo.

Não se trata de descon-fiança nem intransigência, mas zelo. Como o que Jesus tinha pela pureza de sua doutrina (do que pregava, da mensagem que trazia) e do movimento cristão, que começava. É assim que o vemos: (ensinando sobre “o tri-go e o joio”; recomendando aos discípulos se acautelarem quan-to ao “fermento dos fariseus” e aos “falsos profetas”; aconse-lhando “não será assim entre vós”).

Todo espírita precisa es-tar bem conscientizado e pre-parado para fazer a necessária análise de tudo e atuar correta-

tar conceitos estranhos, incor-porar crendices e superstições ou explicar os fundamentos es-píritas aprisionando-os à ópti-ca acanhada da Ciência oficial.

Tudo que se pregue, di-vulgue e pratique contrário aos princípios da Doutrina Espírita, é responsabilidade direta de quem escreve, de quem ensina; de quem dirige casas espíritas; de quem comanda sessões me diúnicas; de quem psicografa; de editoras que investem em obras deficientes ou carregadas de erros doutrinários; de livra-rias que vendem de tudo, preo-cupadas muito mais com o lu-cro fácil; dos jornais espíritas que apreciam mais polemizar, agredir e destruir que instruir e educar, informar e unir”.

Daí se fazer empenho pe-la pureza doutrinária, isto é, de:

- preservar o conteúdo doutrinário e sua divulgação (sem deturpações ou acrésci-mos indevidos);

- manter a prática espí-rita doutrinariamente correta, (isenta de formalidades exteri-ores, objetivos egoístas ou pura-mente materialistas).

Conhecendo e divul-gando corretamente o

Espiritismo. Qual a sua verda-deira doutrina, o que prega, quais os seus princípios funda-mentais para distingui-lo de

mente no movimento espírita, aceitando o que for bom e recu-sando o que não for condizente com a Codificação Kardequia-na.

Perguntemo-nos, finalmente:

Conhecemos bem o Espi-ritismo? Seus princípios funda-mentais?

Estamos fazendo de ca-da Centro Espírita um instru-mento da melhora moral da Hu-manidade?

Que idéias se estão ensi-nando e que práticas se fazem neles, em nome do Espiritismo?

Praticar, viver sua con-vicção espírita, transmitir cor-retamente a doutrina e exem-plificar para que outros tam-bém consigam essa convicção.

É o que se espera do adepto do Espiritismo.

Esforcemo-nos em dar o exemplo, em demonstrar que, para nós, a doutrina não é letra morta.

Como Manter Puraa Doutrina?

Este artigo foi publicado pela autora em

seu livro de nome:

Espiritismo - A Doutrina e o Movimento -

Ed. CEAK.

Walter Barcelos (Em A Base da Pureza Doutrinária, publicado na Revista Informação, de setembro/1997).

Ibid.

1-

2-

2

"Fé inabalável só o é a que encara a razão, face a face, em qualquer época da

Humanidade."

Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. XIX.

1

2

ste é o livro básico da Filosofia Espírita. ENele estão contidos os

princípios fundamentais do Espiritismo, tal como foram transmitidos pelos Espíritos Su-periores a Allan Kardec, atra-vés do concurso de diversos mé-diuns.

Das causas primárias; Do mundo espírita ou dos

espíritos;Das Leis Morais;Das esperanças e consola- ções.

Eis alguns dos assuntos de que trata: provas da exis-tência de Deus, Espírito e Maté-ria, formação dos Mundos e dos seres vivos, povoamento da Terra, pluralidade dos mun-dos, origem e natureza dos espí-ritos, perispírito, objetivos da encarnação, sexo nos espíritos, percepções, sensações e sofri-mentos dos espíritos, aborto, so-no e sonhos, influência dos

2-2-

3-3-4-4-

1-1-

espíritos nos acontecimentos da vida, pres-s en t imen to s , espíritos prote-tores e outros te-mas de real inte-resse ao homem atual.

Na parte relativa às Leis Morais, os te-mas versam so-bre o bem e o mal, a prece, ne-cessidade do tra-balho, casamento, celibato, ne-cessário e supérfluo, pena de morte, influência do Espiritis-mo no progresso da Humani-dade, desigualdades sociais, igualdade dos direitos do ho-mem e da mulher, livre arbítrio e conhecimento de si mesmo.

E, finalmente, na última parte refere-se aos temas: per-das de entes queridos, temor da morte, suicídio, natureza das penas e gozos futuros, paraíso, inferno e purgatório.

É um livro que abre no-vas perspectivas ao homem, pe-la interpretação que dá aos di-versos aspectos da vida, sob o

prisma das Leis Divinas, da existência e sobrevivência do espírito e sua evolução natural e permanente, através de reen-carnações sucessivas.

Seus ensinamentos con-duzem o homem atual à redes-coberta de si mesmo, no campo do espírito, fornecendo-lhe re-cursos para que compreenda, sem mistério, quem é, de onde veio e para onde vai.

Literatura

Fonte:

“Comece pelo começo” USE/SP

O Livro dos Espíritospublicado em 18 de abril de 1857

Seu conteúdo éapresentado em 4 partes:Seu conteúdo éapresentado em 4 partes:

“ Comece pelo começo”

FidelidadESPÍRITA Outubro 200222

Reprodução

Rep

roduçã

o

Curiosidades Bíblicas

Julieta Closer - Campinas/SP

Para saber mais consulte:1) Henri Daniel Rops - A vida Diária nos Tempos de Jesus p. 762) Therezinha Oliveira - Estudos Espíritas do Evangelho 5ª edição p. 13, 100,101 e 159.3) Folha de São Paulo, Nova Enciclopédia Ilustrada. Folha vol. 1- março a dezembro/1996.

V o c ê S a b i a . . .V o c ê S a b i a . . .

ue Cristo não era o sobrenome de Jesus? QOs israelitas não possuíam sobrenome, o menino era chamado “filho de fula-

no”, usavam-se as expressões bem ou bar (bem = filho de, em hebraico), exemplo: João bem Za-carias, isto é, João filho de Zacarias; (bar = filho de, em aramaico), Simão bar Jonas, isto é, Si-mão filho de Jonas.

A palavra Cristo é grega, quer dizer ungido!Sempre que um rei subia ao poder em Israel ele, o monarca, era ungido, envolto, com

óleos e perfumes especiais, para simbolizar que estava envolto de todo poder e glória sobre aquela nação.

Jesus, portanto, sendo Cristo, ungido de Deus, está envolto em autoridade moral sobre toda a Humanidade.

quantos livros a Bíblia tem entre Velho Testamento (VT) e Novo Testamento (NT)? Você já contou?E

Para os Judeus, 39. Eles só aceitam o Velho Testamento Para os Católicos, 46 do VT + 27 do NT, num total de 73 livros. Para os protestantes, 39 do VT + 27 do NT, num total de 66 livros.

esus fez cerca de 50 viagens. Percorreu aproximadamente J25.000 Km, toda a Palestina,

pregando o Evangelho.

FidelidadESPÍRITA Outubro 200223

O peixe é um antigo símbolo religioso. Era utilizado pelos primitivos cristãos pois as letras iniciais gregas de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador” formam a palavra peixe, representando Cristo.

eixe: símbolo do Cristianismo primitivo. Por quê?P

Espiritismo rejeita a con-cepção biblíca da gêne-Ose ou procura explicá-

la? Como temos dito repetindo afirmações de Kardec e Denis, o Espiritismo é grande síntese do conhecimento. Originada pelo desenvolvimento histórico do Cristianismo, essa síntese obe-dece à orientação do Cristo: não vem destruir ou negar, mas confirmar e exemplificar. No caso da criação do mundo e do homem, segundo a Bíblia, ele confirma a realidade na alego-ria e dá a explicação desta. Impossível tomar-se hoje a Bí-blia ao pé da letra. É necessário

penetrar o sentido dos seus sím-bolos, dos seus mitos, das suas alegorias.

No capítulo quarto de A Gênese, Kardec estuda o pro-blema à luz das conquistas cien-tíficas do seu tempo. Mostra que o poema bíblico da Criação é uma explicação figurada, à se-melhança da gênese de todas as religiões antigas, e conclui: “De todas as antigas gêneses, a que mais aproxima dos dados científicos modernos, apesar dos seus erros, hoje evidente-mente demonstrados, é incon-testavelmente a de Moisés”. Alguns dos erros, acrescenta,

são mais aparentes do que re-ais, decorrendo de falsas inter-pretações de palavras nas tra-duções de modificações se-mânticas ao longo dos milêni-os e de se tomar ao pé da letra as suas expressões e formas ale-góricas. O Livro dos Espíritos, no Capítulo terceiro de sua pri-meira parte, traz um estudo inti-tulado Considerações e concor-dâncias bíblicas referentes à Criação, que esclarece bem esse assunto. No capítulo décimo se-gundo de A Gênese (ver quadro ao lado), reproduzindo o texto bíblico, Kardec o estuda em re-lação aos dados científicos, ofe-recendo um quadro comparati-vo da alegoria dos seis dias da criação com os espíritos da for-mação geológica determinados pela ciência. Acentua, porém, que a concordância não é rigo-rosa e não pode ser tomada co-

A GÊNESE explicada

à luz dos princípios

ESPÍRITAS

A comparação do

texto bíblico com

os dados científicos

prova a intuição

da realidade na

alegoria bíblica.

Herculano Pires

Ciência

FidelidadESPÍRITA Outubro 200224

Reprodução

I. PERÍODO ASTRONÔMICO - Aglomeração da matéria cósmica universal, num ponto do espaço, em nebulosa que deu origem, pela condensação da matéria em diversos pontos, às estrelas, ao Sol, à Terra, à Lua e a todos os planetas. Estado primitivo, fluídico e incandescente da Terra. - Atmosfera imensa carregada de toda a água em vapor e de todas as matérias volatili-záveis.

II. PERÍODO PRIMÁRIO. - Endurecimento da superfície da Terra, pelo res-friamento; formação das camadas graníticas. - Atmosfera espessa e arden-te, impenetrável aos raios solares. - Precipitação gradual da água e das ma-térias sólidas volatilizadas no ar. - Ausência completa de vida orgânica.

III. - PERÍODO DE TRANSIÇÃO. - As águas cobrem toda a superfície do glo-bo. - Primeiros depósitos de sedimentos formados pelas águas. - Calor úmi-do. - O Sol começa a atravessar a atmosfera brumosa. - Primeiros seres or-ganizados da mais rudimentar constituição. - Liquens, musgos, fetos, lico-pódios, plantas herbáceas. Vegetação colossal. - Primeiros animais mari-nhos: zoófitos, polipeiros, crustáceos. - Depósitos de hulha.

IV. PERÍODO SECUNDÁRIO. - Superfície da Terra pouco acidentada; águas pouco profundas e paludosas. Temperatura menos ardente; atmosfera mais depurada. Consideráveis depósitos de calcáreos pelas águas. - Vegetação menos colossal; novas espécies; plantas lenhosas; primeiras árvores. - Pei-xes; cetáceos; animais aquáticos e anfíbios.

V. PERÍODO TERCIÁRIO. - Grandes intumescimentos da crosta sólida; for-mação dos continentes. Retirada das águas para os lugares baixos; forma-ção dos mares. - Atmosfera depurada; temperatura atual produzida pelo ca-lor solar. - Gigantescos animais terrestres. Vegetais e animais da atualida-de. Pássaros.

DILÚVIO UNIVERSAL

VI. PERÍODO QUATERNÁRIO OU PÓS-DILUVIANO. - Terrenos de aluvião. - Vegetais e animais da atualidade. - O homem.

mo tal, mas basta para provar a intuição da realidade na alego-ria bíblica.

Kardec conclui o capí-tulo afirmando: “Não rejeita-mos, pois, a gênese bíblica, mas estudemo-la, como estu-damos a história da origem dos povos”. Hoje, os próprios teó-

logos católicos e protestantes estão endossando as explica-ções espíritas. Há uma revolu-ção teológica em marcha, que vem confirmar a legitimidade da interpretação das Escrituras. Só os crentes fanáticos da Bí-blia, os literalistas amarrados ao texto, ainda investem con-

tra o Espiritismo de Bíblia em punho.

O quadro comparativo abaixo, no qual se acham resumidos os fenômenos que caracterizam cada um dos seis períodos, permite se considere o conjunto e se notem as relações e as diferenças que existem entre os referidos períodos e a Gênese bíblica.

GÊNESECIÊNCIA

1º DIA - O Céu e a Terra.- A luz

2º DIA - O Firmamento - Separa-ção das águas que estão acima do Firmamento das que lhe estão de-baixo.

3º DIA - As águas que estão de-baixo do Firmamento se reúnem; aparece o elemento árido. - A ter-ra e os mares. - As plantas.

4° DIA - O Sol, a Lua e as estrelas.

5° DIA - Os peixes e os pássaros.

6º DIA - Os animais terrestres. - O homem.

Fonte:

Visão Espírita da Bíblia - Ed. Correio

Fraterno.

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 25

a aurora do dia 9 de ou-tubro de 1861, na cida-Nde de Barcelona, Espa-

nha, o povo afluía para ver queimar, em praça pública, num auto-de-fé, as obras Espí-ritas condenadas pela Igreja.

Os barcelonenses pre-sentes se dividiam nas opi-niões! Alguns demonstravam estupefação, outros zombarias pronunciando palavras chisto-sas e ditos mordazes, mas, a maioria estava indignada!

10h30 quando a inqui-sitorial cerimônia se efetivou com todo protocolo e ritualísti-ca da Inquisição.

No mesmo local onde, no passado, queimavam-se os “hereges” silenciosa pilha de li-vros fora edificada, contando as seguintes obras francesas: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O que é o Espiritismo, todas de Allan Kardec; cole-ções da Revue Spirite, dirigida e editada por Allan Kardec, e da Revue Spiritualiste, redigida por Piérart; Fragmento de sona-ta, ditado pelo Espírito de Mo-

zart ao médium Sr. Bryon-Dorgeval; Carta de um católico sobre o Espiritismo, pelo Dr. Grand, antigo vice-cônsul de França; História de Joana d'Arc, ditada por ela mesma à Srta. Ermance Dufaux, de 14 anos de idade; e, por fim, A rea-lidade dos Espíritos demons-trada pela escrita direta, do ba-rão de Guldenstubbé.

Um padre envergando trajes sacerdotais presidiu o es-petáculo fanático, tendo em uma das mãos uma cruz e na outra uma tocha. Além de um notário, encarregado de redigir a ata do auto-de-fé; o ajudante do notário; um funcionário su-perior da administração adua-neira; três serventes da Porta-gem, encarregados de atiçar o fogo e um agente da Alfânde-ga, representando o proprietá-rio das publicações que o bispo condenara ao “batismo do fo-go”. Lançaram, então, na ar-dente pira, os trezentos volu-mes Espíritas que Allan Kardec havia enviado ao famoso escri-tor e editor francês Maurice La-châtre, responsável pela auto-ria dos livros: História dos Pa-

pas (10 tomos) e da História da Inquisição, além de ser proprie-tário de uma livraria.

Lachâtre era profundo admirador de Allan Kardec, e a cujos ideais se unira, solicitan-do, assim, certa quantidade de obras espíritas para divulga-ção. A Doutrina Espírita, tal co-mo ressalta das obras de Allan Kardec - declara Lachâtre- “en-cerra em si os elementos de uma transformação geral das idéias, e a transformação nas idéias conduz forçosamente à da sociedade. Assim conside-rando, ela merece a atenção de todos os homens progressistas. Já se estendendo a sua influên-cia a todos os países civiliza-dos, ela dá à personalidade do seu fundador uma importân-cia considerável e tudo faz pre-ver que, em futuro talvez pró-ximo, ele será consagrado co-mo um dos reformadores do sé-culo XIX”.

Kardec tomou o cuidado de cumprir todas as exigências e taxas legais indispensáveis. As duas caixas de livros, envia-das por ele à Espanha, foram inspecionadas pela Alfândega

Recordando

FidelidadESPÍRITA Outubro 200226

As Obras de Kardec e o Santo OfícioAs Obras de Kardec e o Santo Ofício

Auto-de-Fé, de BarcelonaAuto-de-Fé, de Barcelona

09 de outubro de 1861!09 de outubro de 1861!

1

Rogério GonçalvesCampinas/SP

“Espíritas de todos os países! Não vos esqueçais desta data de

09 de outubro de 1861; ela será marcada nos fatos do

Espiritismo; que ela seja para vós um dia de festa e não de luto, porque é a garantia do vosso

próximo triunfo!” 2

de ignomínia sairia um bem para a propagação do Espiritismo.

Quando o fogo termi-nou de consumir os livros e o padre, com seus assis-tentes, se retirava, o povo os envolveu com gritos de protesto:

- Abaixo a Inquisi-ção!

Muitas pessoas re-colhiam das cinzas algu-mas folhas que não foram destruídas com objetivo de conservá-las como tes-temunho da violência cle-rical; entre os que esta-

vam presentes, um certo capi-tão Lagier bradou:

- Eu vos trarei, na pró-xima viagem de Marselha, to-dos os livros que quiserdes.

Dessa forma, muitas obras de Kardec entraram na Espanha.

Vários jornais se pro-nunciaram contra o Auto-de- fé de Barcelona como sendo um ato bárbaro de cego fana-tismo religioso, incompatível com o século XIX.

Com isso, houve grande propagação das idéias Espíritas na Espanha e no mundo. A atenção de muitas pessoas que nunca haviam ouvido falar em Espiritismo convergiu para o as-sunto, principalmente pelo tra-tamento que a igreja dispensou às obras. “Que podiam, pois, conter esses livros, dignos da fogueira?”, era o que se per-guntavam os curiosos, voltan-do seu interesse para as obras da Codificação, fazendo com que o Espiritismo se propagas-se.

Os Espíritos superiores estavam com a razão, foi uma grande propaganda, gratuita, em favor da Doutrina Espírita!

Esse ato fez com que Kardec proclamasse:

cobrando-se do destinatário os direitos alfandegários de praxe.

A autorização para libe-ração das obras estava prestes a ser executada quando uma or-dem superior a sustou com o ar-gumento de que precisaria do consentimento do bispo de Bar-celona, Dom Antonio Palau y Termens.

O bispo, ausente que es-tava da cidade, ao chegar to-mou de um exemplar de cada obra para “análise”. Sua con-clusão foi de que eram livros imorais e precisavam ser quei-mados. Desrespeitando, com isso, as leis do país que pode-riam, no máximo, proibir a cir-culação dos volumes, mas nun-ca destruí-los.

Allan Kardec poderia ter agido por via diplomática soli-citando ao governo espanhol a devolução das obras, todavia, foi orientado pelos Espíritos su-periores a não se envolver nes-sa questão, pois, que desse ato

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 27

Para saber mais consulte:1) Revista Espírita de 1861 - Novembro IDE 1ª edição 1993. pág. 321 -325.2) Obras Póstumas - Auto-de-fé de Barcelona Trad. J.H.Pires. pág. 228/231.3) Allan Kardec - Pesquisa Biobibliográfica e Ensaios de Interpretação vol. II. pág. 293-311 Zeus Wantuil e Francisco Thiesen.

Entenda-se codificador. Nota da revista FidelidadESPÍRITA. Decorridos nove meses, a 9 de julho de 1862, o bispo Dom Antonio Palau y Ter-

mens desencarnou, apresentando-se, dias depois e por via mediúnica, voluntária e inesperadamente à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, respondendo com antecedência a todas as perguntas que desejavam fazer-lhe e antes que fos-sem enunciadas. Afirmou permanecer sob o amparo do chefe espiritual da reu-nião e, esclarecido que estava acerca das realidades espirituais, arrependeu-se. Vide nota bibliográfica nr. 3 pág. 304.

1

2

Gravura da época representando a queima de livros e periódicos espíritas.

REPRO

DU

ÇÃ

O

Os Santos e a Mediunidade

m 1381, no vilarejo de Roc-ca Porena, a cinco quilôme-Etros de Cássia (cidade), re-

gião da Úmbria na Itália, nasceu uma menina de nome Margherita (do latim Margarita, que significa pérola ou pedra preciosa), que foi logo apelidada por um pedacinho do seu nome - Rita. Leão XIII, quando a declarou santa, chamou Rita de “Pérola preciosa da Úmbria”.

Desde sua infância ocor-reram fenômenos estranhos. De presença de abelhas brancas, que lhe depositavam mel na boca sem ferroá-la, até a cura da mão de um camponês. Desde os primeiros anos da juventude cultivava o de-sejo de seguir a vida religiosa, que-ria ser freira, mas os pais conven-ceram-na, amigavelmente, a se ca-sar. Consorciou-se, então, aos qua-torze anos. Seu marido, Paulo di Ferdinando, era criatura feroz, vio-lenta; amado por poucos e odiado por muitos. Tiveram dois filhos, provavelmente gêmeos: João Jáco-mo e Paulo Maria. Numa noite che-gou o noticiador com uma sinistra informação:

- Mataram seu Paulo!A futura santa perdoa o as-

sassino do marido, escondendo-o em sua própria casa, mas os filhos desejam vingar a morte do pai. Foi nesse período que Rita, em pre-ce fervorosa, rogou a Deus:

- Senhor, se eu tiver de ter filhos assassinos rogo-te que os re-

Margherita

tires de mim!Assim, uma terrível febre

os consumiu levando-os à morte do corpo físico.

Viúva e sozinha, ela deci-diu realizar o seu grande sonho: entrar para o convento. Mas a Ma-dre Superiora do “Mosteiro de San-ta Maria Madalena”, consagrado à ordem de Santo Agostinho, não a recebeu alegando que o convento só admitia moças virgens.

De volta para casa, Rita orou com fervor vários dias. Nu-ma noite, quando estava absorta em profundas rogativas, ouviu uma voz lhe chamar:

- Rita! Rita!Receosa, pois a noite ia

avançada, aproximou-se da jane-la mas não viu ninguém. Pensan-do ter se enganado voltou à ora-ção, mas, logo depois, repetiu-se o apelo:

- Rita! Rita!Ela levantou-se, abriu a

porta e foi à rua. Quem seria? De repente, um homem venerável apresentou-se ladeado por dois outros e todos estavam nimbados de luz, fazendo com que a viúva de Paulo di Ferdinando, reconhe-cesse neles a figura de mensagei-ros espirituais. Eram eles: Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, que a con-vidaram para segui-los. Logo esta-vam em Cássia, diante do “Mos-teiro de Santa Maria Madalena”; as religiosas repousavam e a porta

estava trancada. Os seus guias, po-rém, pegaram-na nos braços e num lindo vôo colocaram-na den-tro do mosteiro, no local do coro onde as monjas oravam.

Na manhã seguinte, sur-preendidas pela presença de Rita no convento, chamaram a Madre Superiora que, diante do aconte-cido, ouviu o relato da visitante inesperada e vendo que, de fato, nenhuma porta havia sido arrom-bada, admitiu Rita como membro da comunidade das monjas agos-tinianas em 1407.

Um dia, no mosteiro con-sagrado a Santo Agostinho, Rita pediu em oração, que gostaria de receber no seu corpo os ferimen-tos de Jesus, e porque estivesse diante de uma imagem do Cristo crucificado e sendo intensa a sua prece, um espinho da coroa se des-prendeu atingindo sua testa, cau-sando-lhe uma feia, estranha e do-lorosa ferida. Ao mesmo tempo Ri-ta sentiu, no coração, uma indizí-vel alegria que a levou a prolon-gado êxtase.

Aos sessenta e dois de ida-de, Rita adoeceu. Muitos dos que iam visitá-la no leito ficavam cura-dos.

No dia 22 de maio de 1447 Rita desencarnou e os sinos do convento de Santa Maria Madale-na “misteriosamente” tocaram, sem o concurso de mãos huma-nas, anunciando a morte física da santa e o retorno do seu espírito à

Hagiografia

Da Redação

FidelidadESPÍRITA Outubro 200228

Santa Rita de Cássia a santa das causas impossíveis

Para saber mais consulte:

1) Rita de Cássia, a santa dos casos impos-síveis. Franco Cuomo. Ed. Paulinas.2) Santa Rita de Cássia. L. De Marchi 23ª edição. Ed. Paulus.3) Santa Rita. Pe. Aloísio Teixeira. Ed. San-tuário Aparecida SP.4) O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, Caps. IV, VIII e XVI - 2ª parte. Ed. Feb.5) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Cap. I item 7 - Ed. Feb.

próprios fluidos, permitindo, as-sim, a atuação dos espíritos dire-tamente na matéria densa.

Efeitos inteligentes:Vidência e audição me-

diúnicas: Rita viu, ouviu os espí-ritos e falou com eles desde a in-fância.

A palavra Santo vem do latim sanctu, que quer dizer bom. Na realidade, os chamados Santos são pessoas que, quando encarna-das, através das atitudes cristãs, se santificaram, isto é, se purifica-ram fazendo o bem, suportando e jamais revidando o mal.

Todavia, no Ocidente du-rante a Idade Média, não era per-mitida outra religião que não fos-se a da Igreja Romana com seus dogmas e crendices que eclipsa-vam e deturpavam os ensinos de Jesus; por isso, os bons espíritos quando encarnavam, procuravam fazer o melhor dentro do segui-mento religioso que lhes era im-posto, vivendo o cristianismo com pureza de propósito, até que os ho-mens estivessem suficientemente desenvolvidos no campo da lógi-ca, da razão e das pesquisas cien-tíficas para poderem absorver a es-sência dos ensinamentos espiri-tuais, revelados por Jesus, ado-rando a Deus em Espírito e verda-de. Essa é a proposta do Espiritis-mo. “Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo mas, o de-senvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica”.

Rita de Cássia é conside-rada pela Igreja Romana como a Santa das causas impossíveis, pois seria impossível uma mulher não virgem, viúva, adentrar num con-vento! Contudo, foram os pró-prios Espíritos superiores que vie-

pátria espiritual.

À luz do Espiritismo, não há nada de sobrenatural na vida de Santa Rita de Cássia. Na reali-dade, Rita era apenas médium.

A mediunidade, como fa-culdade humana e natural, não é propriedade do Espiritismo. Acom-panha o Homem desde toda Huma-nidade, por isso é natural encon-trá-la nos mais variados povos, nas mais diversas culturas e nas mais variadas igrejas. A diferença básica entre o Espiritismo e as ou-tras religiões é que a Doutrina Espírita estuda o fenômeno, com-prova-o com metodologia cientí-fica e demonstra uma aplicação útil da mediunidade para o pro-gresso do Homem.

Rita apresentou as seguin-tes faculdades mediúnicas:

Efeitos físicos: - Curas: quando o campo-

nês tem o corte da mão cicatriza-do.

- Translação e Suspensão: a) quando Santo Agosti-

nho, São João Batista e São Nico-lau de Tolentino (espíritos já de-sencarnados) fizeram-na levitar in-troduzindo-a no mosteiro;

b) quando um espinho da coroa da imagem do crucificado lhe caiu sobre a testa, produzindo a dolorosa ferida (certamente sob atuação espiritual).

- Motores: quando, por ocasião da sua morte física, os si-nos do convento badalaram sem o concurso de mãos humanas (pro-vocado pelos espíritos).

A mediunidade de efeitos físicos é caracterizada, na classifi-cação de Allan Kardec, por um fluido animalizado emanado pelo médium de efeitos físicos, que os espíritos combinam com os seus

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 29

ram buscá-la, ensinando que a ver-dadeira pureza é de alma e que a prática cristã santifica todo aquele que desejar servir verdadeiramen-te ao Senhor. E segundo a lei de progresso, através das reencarna-ções, todos, um dia, seremos espí-ritos puros.

A hagiografia é o registro da história dos santos; trouxemos a biografia resumida de Santa Rita de Cássia, como subsídio para uma existência de renúncia, per-dão, trabalho, perseverança e re-signação diante dos acontecimen-tos da vida, bem como para teste-munhar que a mediunidade está espalhada por toda a Terra, não é invenção do Espiritismo e se mani-festa, como em toda parte, tam-bém no seio da própria Igreja. Te-nhamos, portanto, em MargheRita o exemplo claro do intercâmbio com os chamados “mortos”, além, do trabalho e vivência cristãs co-mo mecanismos necessários para atingirmos os objetivos nobres e edificantes que inicialmente nos parecem impossíveis, conduzin-do-nos, através das reencarna-ções, ao progresso intelecto-moral.

hagiografia

Rita

Análise Espírita:

1

22

Conclusão:

3

Próximo número:Santa Teresa D'Ávila, a mística do êxtase!

Ver O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap XVI.

Ver O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. IV e VIII.

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - cap. I item 7 - Ed. Feb.

1

2

3

1

A obra de Allan Kardec, quando analisada inter-namente, revela uma so-

lidez lógica, uma racionalidade, uma limpidez argumentativa, uma coerência de fazerem inve-ja aos mais conceitua-dos tratados filosóficos que a humanidade pos-sui;

Allan Kardec re-velou, em tudo o que fez, uma pru-

dência, um equilíbrio, uma sobriedade, um es-pírito positivo e despre-concebido, um bom sen-so, enfim, que singulari-zam sua figura entre to-dos os expoentes da cul-tura humana;

A obra de Allan Kardec, contra-riamente ao que

em geral acontece com outras que abordam os mesmos assuntos, está firme e amplamente ba-seada em fatos, cuidadosa e mi-nuciosamente examinados à luz dos referidos critérios ra-cionais; não surgiu entre as quatro paredes de um gabinete, mas de uma extensa conver-gência de informações;

Allan Kardec era pos-suidor de uma vasta eru-dição, transitando intei-

ramente à vontade pelos mais variados campos do saber das ciências às artes, das filoso-

fias às religiões o que lhe per-mitiu trazer ao seu domínio de estudo os mais relevantes pro-blemas que interessam ao ho-mem, dentro de uma visão abar-cante e integrada da realida-de;

A obra de Allan Kardec apresenta-se dentro de padrões de clareza e obje-

tividade tais, que não deixa ne-nhuma margem à ambigüidade e mal-entendidos, especial-

mente quanto aos pon-tos fundamentais;

Allan Kardec sou-be ser impessoal, separando com ri-

gor suas opiniões pes-soais e peculiaridades de sua vida privada do co-nhecimento doutrinário, que é independente e ob-jetivo; jamais pretendeu a posse exclusiva e com-pleta da verdade, nun-ca recusou um princípio pelo só fato de ter sido descoberto ou proposto por outrem, nunca hesi-tou em abandonar uma idéia quando provada er-rônea por argumentos insofismáveis;

A obra de Allan Kardec é incom-parável, abran-

gente, ocupando-se desde os fa-tos mais palpáveis, destacada-mente os relativos à sobrevi-vência do ser, até as mais pro-fundas investigações da ética,

Análise

Por queAllan Kardec

Silvio Seno Chibeni - Campinas/SP

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Reprodução

FidelidadESPÍRITA Outubro 200230

sas e calúnias com que em vão tentaram embaraçar-lhe os pas-sos; doou-se por completo à grande obra de educação dos homens que é o Espiritismo: a ela sacrificou o conforto, o re-pouso, os bens materiais, a saú-de e até a própria vida.

Estudemos com serieda-de essa obra. Conheçamos de perto esse autor.

Depois, comparemo-los às obras e autores que os pre-tenderam superar. Quais se po-derão gloriar de fazer-lhes fren-te em apenas algumas das dez características enumeradas (pa-ra não dizer em todas)?

Retornemos, por fim, à questão: Por que Allan Kardec?

Talvez já não seja difícil respondê-la...

passando pelo exame lúcido das grandes questões filosófi-cas que ao longo das eras têm desafiado o raciocínio do ho-mem;

Allan Kardec tem sido confirmado, por fontes independentes e fidedig-

nas, como um grande emissário de Jesus, especialmente esco-lhido por Ele para concretizar na Terra a Sua promessa do en-vio do Consolador , que nada mais é do que o Espiritismo, que veio para nos ensinar todas as coisas (o esclarecimento abundante que traz), para nos fazer lembrar tudo o que Jesus nos disse (a sanção e explica-ção que ele nos dá dos Evange-lhos), e que estará sempre co-nosco (a perenidade do Espiri-tismo);

A obra de Allan Kardec não é uma estrutura está-tica e fechada, mas sim

dinâmica e aberta a comple-mentações futuras, incorpo-rando a característica da pro-gressividade, essencial a todo sistema científico ou filosófico que não pretenda ser sepultado pelas constantes e inevitáveis descobertas de fatos novos e pe-la aplicação geral do conheci-mento humano;

Allan Kardec testemu-nhou em todos os atos de sua vida a condição

de Espírito de escol: jamais pre-judicou alguém; só com o bem retribuiu as ingratidões, ofen-

Fonte:

Mundo Espírita - outubro/1999

Cf. Evangelho de João, cap. 14. Para uma visão precisa, detalhada e com-pleta da personalidade de Allan Kardec, bem como das origens, dimensões e signi-ficado de sua obra, consulte-se o livro Allan Kardec (3 vols.), de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, editado pela Federação Espírita Brasileira em 1979/80. Para uma exposição do caráter legitima-mente científico (à luz da moderna filoso-fia da ciência) do desenvolvimento de uma atividade de pesquisa em torno de um núcleo de princípios básicos (como o Espiritismo o faz em relação aos princípi-os fundamentais da obra de Allan Kar-dec), veja-se o artigo Espiritismo e ciên-cia, em Reformador de maio de 1984. (No-ta do Autor em outubro de 1998: Para o mesmo tema, ver também os artigos A ex-celência metodológica do Espiritismo e O paradigma espírita, publicados na mesma revista, números de novembro e dezem-bro de 1988 e junho de 1994, respectiva-mente).

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FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 31

ESPÍRITAESPÍRITAFidelidadA essência do Espiritismo

FidelidadA essência do Espiritismo

assinaturas

R: Dr. Luiz Silverio, 120

Vila Marieta - CEP 13043-630

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redação

certo que todo trabalho sincero de adoração espiritual nos levanta a alma, elevando-nos os sentimentos.

A súplica, no remorso, traz-nos a bênção das lágrimas con-soladoras. A rogativa na aflição dá-nos a conhecer a deficiência própria, ajudando-nos a descobrir o valor da humildade. A solici-tação na dor revela-nos a fonte sagrada da Inesgotável Misericór-dia.

A oração refrigera, alivia, exalta, esclarece, eleva, mas, so-bretudo, afeiçoa o coração ao serviço divino. Não olvidemos, po-rém, de que os atos íntimos e profundos da fé são necessários e úteis a nós próprios.

Na essência, não é o Senhor quem necessita de nossas mani-festações votivas, mas somos nós mesmos que devemos aprovei-tar a sublime possibilidade da repetição, aprendendo com a sabe-doria da vida.

Jesus espera por nossa renovação espiritual, acima de tudo.Se erraste, é preciso procurar a porta da retificação.Se ofendeste a alguém, corrige-te na devida reconciliação.Se te desviaste da senda reta, volta ao caminho direito.Se te perturbaste, harmoniza-te de novo.Se abrigaste a revolta, recupera a disciplina de ti mesmo.Em qualquer posição de desequilíbrio, lembra-te de que a

prece pode trazer-te sugestões divinas, ampliar-te a visão espiri-tual e proporcionar-te consolações abundantes; todavia, para o Se-nhor não bastam as posições convencionais ou verbalistas.

O Mestre confere-nos a dádiva e pede-nos a iniciativa.Nos teus dias de luta, portanto, faze os votos e promessas

que forem de teu agrado e proveito, mas não te esqueças da ação e da renovação aproveitáveis na obra divina do mundo e sumamen-te agradáveis aos olhos do Senhor.

Emmanuel

Vinha de Luz - psic. Chico Xavier - cap. 21 - 14ª edição, Ed. Feb.

Oração e RenovaçãoVinha de Luz

"Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram." PAULO (HEBREUS, 10:6)

É

FidelidadESPÍRITA Outubro 200232

editora Nova Cultural, lançou, recentemente,a Acoleção: Obras Primas,

contendo os clássicos da litera-tura mundial. O primeiro lan-çamento, em edição luxo, capa dura foi Dom Quixote, o fidalgo espanhol que de tanto ler ro-mances de cavalaria acreditou ser, ele mesmo, um cavaleiro medieval.

Todavia, Sylvio Brito So-ares em sua obra Grandes Vul-tos da Humanidade e o Espiri-tismo, Ed. Feb, traz informa-ções valiosas acerca do autor e sua obra.

Baseando-se em vasta bibliografia, Sylvio Brito afir-ma que Miguel de Cervantes Sa-avedra, tinha pouco ou ne-nhum talento para a literatura. Aproximadamente, quarenta peças escritas por ele fracassa-ram. E diz um de seus biógrafos que ele era “um vulcão de ener-gia em plena erupção. Mas um vulcão que, em vez de lavas, lançava apenas cinzas”. Os dra-mas eram piores que as poesi-as. Tudo indicava que Cervan-tes jamais alcançaria êxito na arte de escrever. Depois de vári-os tumultos na vida pessoal, chegou aos 58 anos, passando

por muitas lutas e reveses!Completamente desilu-

dido, sentiu vontade de escre-ver, mas escrever o quê? Ele não sabia! Obedecendo, porém, a essa vontade tomou do papel e bastante surpreso ouviu uma voz dentro de si que lhe dizia: “És um fracasso em literatura, mas te tornarás célebre com o nosso concurso”. E automati-camente iniciou o seu trabalho para dentro em breve ser publi-cado o Dom Quixote, conside-rado uma das obras primas do engenho humano!

Concluída a primeira parte da obra de Miguel de Cer-vantes, os Espíritos dele se afas-taram e durante dez anos con-secutivos ele escreveu apenas poesias medíocres, inúmeras pe-ças que nunca subiram ao pal-co e uma coleção de contos igualmente medíocres.

Os espíritos voltaram de-pois, escreveram por seu inter-médio, con-cluíram a obra que sur-giu no mer-cado de livros em 1615 e, no ano seguinte, Miguel de Cer-

vantes faleceu, retornando ao plano espiritual!

A obra Dom Quixote, portanto, embora não seja uma obra doutrinária Espírita, com-prova o fenômeno da psicogra-fia bem como o da inspiração, patenteando o interesse dos es-píritos no progresso e na cultu-ra humanas, confirmando, ain-da, O Livro dos Espíritos:

L.E item 462. Os ho-mens de inteligência e de gênio tiram sempre suas idéias de si mesmos?

Algumas vezes as idéias surgem de seu próprio Espírito, mas freqüentemente lhes são su-geridas por outros Espíritos, que os julgam capazes de as compreender e dignos de as transmitir. Quando eles não as encontram em si mesmos, ape-lam para a inspiração; é uma evocação que fazem, sem o sus-peitar.

L.E item 462. Os ho-mens de inteligência e de gênio tiram sempre suas idéias de si mesmos?

Espiritismo e Cultura

Para saber mais, consulte:Dom Quixote, Miguel de Cervantes Saavedra. Ed. Nova Cultural.Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo, Sylvio Brito Soares. Ed. Feb.O Livro dos Espíritos, Allan Kardec itens 459 - 472 Ed. Feb.

Marcus Augusto - Campinas/SP

“És um fracasso em literatura,

mas te tornarás célebre

com o nosso concurso”.

“És um fracasso em literatura,

mas te tornarás célebre

com o nosso concurso”.

Dom Quixote Espírita?Dom Quixote Espírita?

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 33

ma notícia recente nos jornais afirmava que Ucientistas tinham en-

contrado uma determinada área do nosso cérebro, onde, um pequeno choque podia de-sencadear, no paciente, a sen-sação de “estar fora do corpo”.

Desde que surgiu a pos-sibilidade de se examinar o cé-rebro funcionando, através da tomografia por emissão de pó-sitrons, os cientistas estão se especializando em revelar lo-cais inusitados no cérebro pa-

ra compreender onde percebe-mos as cores, os movimentos dos objetos, a recordação de fa-tos antigos ou recentes, a lei-tura de palavras estrangeiras, o cálculo e as sensações psí-quicas relacionadas com afeto, emoção, fome e desejos.

Sinto muita dificuldade em ver reduzida a uma função biológica dos neurônios, aque-la sensação desconfortante que a saudade dos meus netos me provoca. Pior ainda, é achar que aquelas férias que

XPERIÊNCIASXPERIÊNCIASEECiência e Espiritismo

Prof. Dr.º Nubor Orlando Facure - Campinas/SPExclusivo para FidelidadESPÍRITA.

FidelidadESPÍRITA Outubro 200234

“O corpo espiritual se projeta para fora do corpo físico

em situações diferentes, mas revelendo a ocorrência

de um desdobramento produtivo e complexo.”

“O corpo espiritual se projeta para fora do corpo físico

em situações diferentes, mas revelendo a ocorrência

de um desdobramento produtivo e complexo.”

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Reprodução

passei com minha esposa po-dem ser resumidas a peque-nas trocas químicas nos meus hipocampos.

Tanto a literatu-ra leiga quanto traba-lhos sérios de psiquia-tras americanos popula-rizaram os relatos de “ex-periências fora do corpo”. É claro que uma descrição des-se tipo, por não contar com uma comprovação material, ainda deixa em completa des-crença a maioria dos cientis-tas. Algumas descrições são grosseiramente fantasiosas e ri-dículas trazendo mais descon-fiança ainda a um tema tão sé-rio. Outras, no entanto, parti-cularmente as do meio médico especializado, tentam encon-trar, no fenômeno, uma siste-mática de apresentação dos fa-tos, pretendendo desta forma, dar uma feição “científica” ao que forçam nos seus relatos. A presença de túneis, de entida-des luminosas, de jardins imen-sos, de alertas quanto a proce-dimentos futuros, recomenda-ções enfáticas para voltar ao corpo e diálogos reveladores são comuns nessas descrições.

e propositadamente com o títu-lo de Somnium. Ele relata

que estando nas alturas do firmamento pôde compreender os movi-mentos dos planetas que uma hora nos pare-cem ir para frente e ou-

tras vezes parecem cami-nhar para traz. Podemos

questionar se Kepler não te-ria sido levado realmente às imensidões do espaço sideral para ver os planetas de um ponto estratégico que o permi-tisse compreender a grandiosi-dade das leis que estava des-cobrindo.

Goethe, o grande escri-tor alemão, escreveu que em certa ocasião, estando em via-gem para Drusenheim, perce-beu alguém cruzando a estra-da, podendo ver claramente os trajes usados pela imagem que, no primeiro momento, não reconhecia. Cerca de oito anos depois, se surpreendeu passando pelos mesmos luga-res, só que agora, era ele mes-mo quem estava usando os tra-jes que tinha visto.

Mais conhecidas ainda são as descrições de Dante

Numa recordação rápi-da, gostaria de lembrar três re-latos interessantes que podem servir de estudo para quem es-tiver interessado em expandir seu aprendizado sobre o tema. Johannes Kepler, o famoso as-trônomo que nos revelou as leis que governam os movi-mentos dos astros, escreveu um livro autobiográfico onde ele faz relato de sua viagem à Lua. Para fugir da perseguição religiosa ele teve que escrever em forma de romance e fazer suas descrições como se tives-se sido um sonho. Este livro só foi publicado após a sua morte

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 35

FORA DO CORPO FORA DO CORPOAs

experiências

fora do corpo

fazem parte do

cotidiano da vida

de todos

nós.

As

experiências

fora do corpo

fazem parte do

cotidiano da vida

de todos

nós.

Relatos

FidelidadESPÍRITA Outubro 200236

Alighieri, que acompanhado do seu guia, faz relatos im-pressionantes sobre o “céu, o purgatório e o inferno”.

Nesses três casos pode-se perceber que o corpo espiri-tual se projeta para fora do cor-po físico em situações diferen-tes, mas revelando, com certe-za, a ocorrência de um desdo-bramento produtivo e comple-xo, que um simples estímulo cerebral, como aquele peque-no choque que os cientistas produziram, nunca será capaz de reproduzir. Seria muito bom se isto pudesse ocorrer, porque, quem sabe, teríamos encontrado a chave para de-sencadear descobertas cientí-ficas como fez o Kepler ou es-crever obras máximas da lite-ratura como fizeram Goethe e Dante.

No Livro dos Espíritos, Allan Kardec elaborou uma sé-rie de perguntas abordando o tema da “emancipação da al-ma”.

Neste capítulo (Cap. VIII do segundo livro), Kardec aborda o sono e os sonhos, as visitas espíritas entre pessoas vivas, a transmissão oculta do pensamento, as mortes apa-rentes, o sonambulismo, o êx-tase e a dupla vista.

De início, já percebe-mos que Kardec não utilizou o sincretismo cientifico ou a lin-

Análise Espírita

Ilustração contida no livro Perispírito de Zalmino Zimmermann - Ed. CEAK.

Reprodução

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002 37

guagem rebuscada que os ter-mos técnicos de hoje permi-tem.

Sobre o que hoje cha-mamos de “experiência fora do corpo” os instrutores espi-rituais nos esclarecem que :

“O Espírito encarnado as-pira constantemente a

sua libertação e tanto mais de-seja ver-se livre do seu invólu-cro, quanto mais grosseiro é es-te”.

(...) “O Espírito jamais está inativo. Durante o sono,...

ele se lança pelo espaço e en-tra em relação mais direta com os outros Espíritos”.

Quando o corpo repou-sa,...“Tem o Espírito mais

faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do pas-sado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior poten-cialidade e pode pôr-se em co-municação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro”.

Durante o sono, o Espírito tem, portanto, liberdade

parcial que lhe permite exer-cer uma intensa atividade. No entanto, “o corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais”.

O sonambulismo, “é um estado de independência

do Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquire suas faculdades. No sonambulismo

“experiência fora do corpo”

trar influenciados pela sua pró-pria imaginação, Kardec per-gunta se “não seria justo con-cluir-se que nem tudo que o es-tático vê é real?”.

Os Espíritos responde-ram que “o que o estático vê é real para ele, mas como seu Espírito se conserva sempre de-baixo das idéias terrenas, pode acontecer que veja a seu mo-do, ou melhor, que exprima o que vê numa linguagem mol-dada pelos preconceitos e idéi-as que se ache imbuído, ou, en-tão, pelos vossos preconceitos e idéias, a fim de ser mais bem compreendido. Nesse sentido, principalmente, é que lhe suce-de errar”.

Podemos perceber que as experiências fora do corpo fazem parte do cotidiano da vi-da de todos nós. A possibilida-de de retermos todas essas me-mórias no nosso cérebro físico é questão de tempo, que um dia, nossa evolução espiritual vai permitir.

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o Espírito está na posse plena de si mesmo”. Pode se utilizar do seu próprio corpo para rea-lizar uma ação qualquer que esteja preocupado em fazer. Serve-se do seu corpo “como se serve de uma mesa ou de ou-tro objeto material no fenô-meno das manifestações físi-cas, ou mesmo como se utiliza da mão do médium nas comu-nicações escritas”.

Quando Kardec perguntou aos Espíritos porque é que

o sonâmbulo não vê tudo e tan-tas vezes se engana, Eles res-ponderam que “primeiramen-te, aos Espíritos imperfeitos não é dado ver tudo e tudo sa-berem”.

O sonâmbulo, revela, na verdade, as capacidades

da sua alma, ele tanto vê à dis-tância porque para lá se trans-porta sua alma, como vê atra-vés dos corpos opacos; reme-mora o passado de suas exis-tências pretéritas e pode pre-ver acontecimentos do futuro.

O estático é ainda mais in-dependente do que o so-

nâmbulo, o que lhe permite pe-netrar realmente nos mundos superiores. “Vê esses mundos e compreende a felicidade dos que os habitam, donde lhes nasce o desejo de lá permane-cer. Há, porém, mundos ina-cessíveis aos Espíritos que ain-da não estão bastante purifi-cados”.

Preocupado com a fideli-dade das informações dos

estáticos que poderiam se mos-

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O articulista é médico, formado pela Fa-culdade de Medicina do Triângulo Mi-neiro, em Uberaba. Fez especialização em Neurologia e Neurocirurgia no Hos-pital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Lecionou na Faculdade de Medici-na de Campinas UNICAMP - durante 30 anos, onde fez doutorado, livre-docência e tornou-se professor titular. Fundador do Instituto do Cérebro em Campinas, em 1987, tendo ultrapassado a marca de 100.000 pacientes neurológicos registra-dos em sua clínica particular. Além dis-so, é espírita sobejamente conhecido, res-peitado e querido dentro e fora do nosso movimento. Seus artigos guardam, sem-

pre, absoluta FidelidadESPÍRITA.

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ssa é uma das frases mais equivocadas que já Eouvi. Quem são os mor-

tos? Existem realmente? Num dinamismo como vivemos, co-mo pensar em mortos? Não há mortos, apenas homens e mu-lheres que deixaram um corpo enfermo ou impossibilitado de continuar sendo usado.

Ora, o fenômeno cha-mado morte é apenas isto. Uma mudança de estado, permane-cendo, porém, a cons-ciência, a individua-lidade, o progresso, a necessidade de me-lhorar-se e as ativi-dades em outro local ou por aqui mesmo, a depender do estágio do envolvido.

É ilusória a face da mor-te. Enrijece-se o corpo que vai desfazer-se, mas o ser continua vivo e lúcido. Talvez, num pri-meiro momento, sinta-se con-fuso e não entenda a própria si-tuação, mas continua a viver, a relacionar-se com outras pes-soas, quer estejam ainda usan-do um corpo ou mesmo com aqueles que também já parti-ram um dia...

E, por que atribuem a tal frase aos espíritas? Desco-nhecimento absoluto do que se-ja o Espiritismo. Confundem o

Espiritismo com práticas es-drúxulas e distantes da serie-dade e objetivos humanitários da Doutrina Espírita. Breve aná-lise à obra basilar de Allan Kar-dec, O Livro dos Espíritos, mos-trará ao interessado o caráter dessa magnífica obra (foi lan-çada em Paris aos 18 de abril de 1857) que analisada em pro-fundidade deixa claro o sentido da Doutrina. Outro não é o obje-tivo senão promover o progres-

so humano, esclarecendo o ho-mem sobre sua origem, nature-za e destinação. Nesse objetivo, respeita crenças e diferenças in-dividuais e coletivas, sem im-por ou agredir a consciência de quem quer que seja.

O intercâmbio de espíri-tas com aqueles ora habitantes no outro plano de vida é ativi-dade de muita seriedade e rea-lizado com responsabilidade, vi-sando ao aprendizado e ao es-clarecimento de homens e espí-ritos. Ignoram os que criticam e ironizam que os espíritos le-vam consigo suas carências e

aflições, dúvidas e sofrimentos e as reuniões de intercâmbio têm caráter socorrista a pessoas influenciadas e a espíritos em dificuldades, além da oportuni-dade de esclarecimento que es-píritos equilibrados e bondosos transmitem. Ignoram, os que desconhecem os princípios fun-damentais do Espiritismo, que os espíritos convivem com os homens e muito influenciam suas vidas, havendo recíproco

intercâmbio entre as mentes sintonizadas pelos mesmos ideais e pensamentos, aspi-rações e desejos. Isso vale tanto para o bom pensamento co-mo para o pensa-

mento mal intencionado. Por-tanto, há vivos e muito bem vi-vos. São os próprios homens que continuam suas lutas. Aliás, somos todos espíritos. Ora estamos lá, ora cá, mas nos-so caminho prossegue sempre...

Visão Espírita

FidelidadESPÍRITA Outubro 200238

Para saber mais consulte:

O Livro dos Espíritos - caps. III e IX - segundo livro - Ed. Feb.

Orson Peter Carrara - Matão/SP

Falar com os Mortos

“O intercâmbio de espíritas com aqueles ora

habitantes no outro plano de vida é atividade

de muita seriedade e realizado com responsabilidade...”

Ao centro:

Allan Kardec - Codificador da Doutrina Espírita.

Da esquerda para a direita:

Daisy J. Machado - Presidente do Centro Espírita “Allan Kardec” - Campinas/SP. Trabalhadora fiel daquela Casa há 60 anos.Eurípedes Barsanulfo - Médium espírita da cidade de Sacramento no Triângulo Mineiro.Therezinha Oliveira - Vice presidente do Centro Espírita “Allan Kar-dec”- Campinas/SP. Oradora internacional e escritora de várias obras.Julieta Checchia - Diretora do Centro Espírita “Allan Kardec” - Campi-nas/SP. Com várias décadas de dedicação e fidelidade ao Espiritismo. Léon Denis - Filósofo espírita do século XIX.Cairbar Schutel - Bandeirante do Espiritismo no Brasil, escritor e fun-dador do jornal O Clarim e da R.I.E. Revista Internacional de Espiritis-mo.Chico Xavier - Médium mineiro com mais de 400 obras publicadas.Bezerra de Menezes - Foi Presidente da Federação Espírita do Brasil, considerado, pelo seu esforço e fidelidade doutrinária, o “Kardec brasi-leiro”.Divaldo Franco - Médium e um dos maiores expoentes da oratória espí-rita.Herculano Pires - Filósofo espírita com várias obras publicadas e de ex-traordinária contribuição no Movimento Espírita brasileiro.

Allan Kardec

Daisy J. Machado

Eurípedes Barsanulfo

Therezinha Oliveira

Julieta Checchia

Léon DenisCairbar Schutel

Chico XavierBezerra de Menezes

Divaldo Franco

Herculano Pires

sta explicação está no 12º parágrafo Edo Prolegômenos

de O Livro dos Espíritos transmitida pelas entida-des superiores responsáveis pela revelação do Espiritismo aos homens.

Todavia, quando os amigos espirituais so-licitaram a fundação desta revista, de igual ma-neira, orientaram a colocação da parreira, cujo simbolismo está revelado nas palavras acima.

O objetivo claro dos bons espíritos foi o de nortear os confrades responsáveis por este ór-gão de divulgação Espírita, para que permane-cessem fieis às bases fundamentais do Espiritis-mo, uma vez que o objetivo primeiro desta revis-ta é o compromisso com a pureza doutrinária do Espiritismo, para isso ela foi criada. Não se trata, obviamente, de uma revista dogmática, mas de um instrumento que visa à divulgação do Espiri-tismo na sua essência, isto é, na sua pureza.

A logomarca, laureada pela parreira ou cepa, simboliza o objetivo dos seus fundadores que estarão honrando o Espiritismo à medida em que o trabalho sério dos seus editores e a obser-vância rigorosa dos ensinos do Espiritismo nos conduzam, a todos, ao conhecimento da verdade da doutrina e à transformação moral.

Por fim, a revista desejou homenagear, na capa de seu primeiro número, alguns, dentre mui-tos nomes, como símbolo de firmeza doutrinária e de FidelidadESPÍRITA.

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Prolegômenos = do grego prolegomena, de prolegein, dizer antes. Exposição preliminar que serve como introdução ou prefácio a uma ciência, teoria, um escrito, etc, e contém as noções (preliminares) necessárias para o entendimento desse escrito.

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Daisy Jurgensen Machado

Therezinha Oliveira

Julieta Checchia

Diretor Presidente

Nossa Capa “Porás no cabeçalho do livro o ramo de parreira que te dese-nhamos porque é ele o emblema do trabalho do Criador. Todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o Espírito nele se encontram reunidos: o corpo é o ramo; o Espírito é a seiva; a alma ou o espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o Espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o Espírito adquire conhecimentos...”