Movimentodeconsciência negranadécada de 1970formas de identidade negras. O desconhecimento...

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EDUCAÇÃO EM DEBATE Henrique Cunha [uníor ' Movimento de consciência negra na década de 1970 Resumo [ BCH-UFC] Este artigo explora as raízes do movimento negro da década de 1970, aqui denominado ciclo do Movimen- to de Consciência Negra. Advoga que precisamos de uma compreensão mais profunda das sobrevivências das asso- ciações existentes no passado para compreensão de como são gestados os períodos e os grupos mais conhecidos na atualidade. Chama atenção para a continuidade entre os anos de 1937, período da Frente Negra Brasileira, e os anos de 1970, onde o movimento mais conhecido, mas não o maior, e nem mais importante, foi o Movimento Negro Unificado Contra o Racismo, MNU, de 1979. A artigo é baseado no conceito de etnia afrodescendente, em contraposição a idéia de raça social. Considera que a identidade étnica é baseada na história social e na cultura. Define o movimento negro como um movimento complexo e multifacetado, indo além das definições correntes de movimentos sociais. Palavras-chave: Movimento negro, movimento de consciência negra, história do negro no Brasil. Abstract The Movement for Black Consciousness during the 1970s This article analyses the roots of the black movement during the 1970s. The movement is called in this article the Movement of Black Consciousness. It suggests that we need to understand in a more profound manner the efforts to survive of past associations to understand how contemporary groups are governed. One's attentions is called to the continuity between the years 1937 - the Brazilian Black Front - and the 1970s, when the best known, but not the biggest or most important movement was the Unified Black Movement Against Rac- ism - MNU. The article is based on the concept of Afrodescendent ethnicity against the idea of social race. It considers the ethnic identity based on social and cultural history. It defines the Black Movement as a complex and multifaceted one that goes well beyond the current definitions of social movements. Key-words: Black movement, the movement for black consciousness, the black movement history in Brazil 1 Professor Titular da Universidade Federal do Ceará e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros. EDUCAÇÃO EM DEBATE. Ano 25. V 2 - W 46 - 2003 47

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EDUCAÇÃOEM DEBATE

Henrique Cunha [uníor '

Movimento de consciêncianegra na década de 1970

Resumo

[ BCH-UFC]

Este artigo explora as raízes do movimento negro da década de 1970, aqui denominado ciclo do Movimen-to de Consciência Negra. Advoga que precisamos de uma compreensão mais profunda das sobrevivências das asso-ciações existentes no passado para compreensão de como são gestados os períodos e os grupos mais conhecidos naatualidade. Chama atenção para a continuidade entre os anos de 1937, período da Frente Negra Brasileira, e osanos de 1970, onde o movimento mais conhecido, mas não o maior, e nem mais importante, foi o Movimento NegroUnificado Contra o Racismo, MNU, de 1979. A artigo é baseado no conceito de etnia afrodescendente, emcontraposição a idéia de raça social. Considera que a identidade étnica é baseada na história social e na cultura.Define o movimento negro como um movimento complexo e multifacetado, indo além das definições correntes demovimentos sociais.

Palavras-chave: Movimento negro, movimento de consciência negra, história do negro no Brasil.

Abstract

The Movement for Black Consciousness during the 1970s

This article analyses the roots of the black movement during the 1970s. The movement is called inthis article the Movement of Black Consciousness. It suggests that we need to understand in a more profoundmanner the efforts to survive of past associations to understand how contemporary groups are governed. One'sattentions is called to the continuity between the years 1937 - the Brazilian Black Front - and the 1970s, whenthe best known, but not the biggest or most important movement was the Unified Black Movement Against Rac-ism - MNU. The article is based on the concept of Afrodescendent ethnicity against the idea of social race. Itconsiders the ethnic identity based on social and cultural history. It defines the Black Movement as a complexand multifaceted one that goes well beyond the current definitions of social movements.

Key-words: Black movement, the movement for black consciousness, the black movement history in Brazil

1 Professor Titular da Universidade Federal do Ceará e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros.

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Falar de movimento negro no Brasil é falardo mais antigo movimento político do país. Assuas primeiras expressões datam do século XVII,caso da Irmandade do Rosário do Rio de Janeiroe de outras irmandades existentes na Bahia, Per-nambuco, Sergipe, Minas Gerais, Piauí, Maranhão,São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.Essas entidades foram a principal e mais im-portante forma de organização negra no país(SILVA, 2003). No mundo colonial, dominadopela Igreja Católica, não havia espaço para orga-nizações que não fossem aquelas vinculadas aessa instituição. Assim, pelo país afora, funda-ram-se irmandades e foram nelas que muitos ne-gros aprenderam a ler, escrever, realizar traba-lhos artísticos, promover a luta pela libertação epreservar a identidade cultural.

Nas irmandades exercia-se um "catolicismode preto", que já vinha do cristianismo vivenciadoanteriormente em algumas partes da Áfríca.? Essecatolicismo também deu espaço à realização dasdiversas religiões africanas de Candomblés eUmbandas, semelhantes às existentes aqui. Nasirmandades, libertos e escravizados tinham idên-tico tratamento: eram todos tratados apenas comomembros. Elas representavam política e social-mente africanos e afrodescendentes. Ofereciamproteção na velhice e um enterro digno para todosos membros. Eram sepultados em suntuosas tum-bas, dentro da igreja ou no seu quintal, acompa-nhados do longo ritual da morte, em estilo africa-no.' Política e administrativamente, as irmanda-des sempre foram independentes da Igreja Católi-ca, constituindo administração e patrimônio pró-prio. Daí a excessiva pressão, no período republi-cano, exercida por essa Igreja para o fechamentoou incorporação dessas organizações.

Na atualidade, com a sua aparição na mídia,os movimentos negros passaram a ter mais visi-bilidade e a população em geral se deu conta dasua existência. Diversas formas de expressão eatuação atingiam diversos públicos. Tais movi-mentos nem sempre tiveram como principal fi-nalidade o combate ao racismo, em muitos casosa preocupação foi a cultura e a manutenção deformas de identidade negras. O desconhecimento

histórico de alguns setores dominantes da socie-dade sobre a história do Brasil e, principalmente,sobre a história do negro na sociedade brasileiraos leva a dizer verdadeiros absurdos, tais comoque os movimentos negros seriam cópias impor-tadas de idéias e de movimentos americanos ouafricanos (FELINTO, 2001; GIL, 2003). Diferen-temente do que sustentam essas afirmações, te-mos, no Brasil, forte e sólida tradição de pensa-mento negro que alicerça organizações políticase culturais diversas que, no conjunto, denomi-namos de movimentos negros. Ao longo dotempo, estas organizações passaram por crises,modificações e renovações, umas desaparece-ram, outras foram criadas, mas o fato é que nuncadeixou de existir movimento negro no Brasil.Essas organizações são muito diversas e englo-bam muitas finalidades, sendo poucas as que seconcentram apenas na luta política do combateao racismo. Aquelas que fazem apenas o dis-curso político de combate ao racismo são maisfáceis de ser identificadas pelo grande públicocomo parte do movimento negro. Por meio deum conjunto complexo e amplo de entidades,onde a identidade afrodescendente é o princi-pal fator de concentração dos membros, temoso ciclo de pensamento do pós-abolição, que dis-cute a inserção da população negra no mundodo trabalho capitalista (CUNHA Jr. 1992). Nesteciclo de organizações criadas no pós-abolição, oRio Grande do Sul é pioneiro e sediou, em Pelotas,importante organização do movimento negro,constituída pelos membros do jornal Alvorada,entre 1907 e 1957 (Santos, 2000). Este grupoteve forte base operária e grande consciênciacoletiva, criou um eixo de pensamento socialistaque teve reflexo em várias partes do país.

Movimentos semelhantes tiveram origensem diversas partes do Brasil, sendo os mais co-nhecidos os que surgiram em São Paulo, Rio deJaneiro, Pernambuco e Bahia. O jornal negro deSão Paulo, Clarim da Alvorada, que circulou en-tre 1924 e 1937, teve grande importância, poisdaí saíram pessoas e idéias que marcaram todorestante do século. Vicente Ferreira, por exem-plo, foi um dos principais oradores da causa

2 Devemos lembrar que o cristianismo é mais antigo na África que na Europa. Depois ele sofreu modificações fortíssirnas e seeuropeizou, criou uma ideologia de dominação européia, que veio a tornar-se, a partir dos séculos XVIII e XIX, branco e racista(TREVER-RUPER, 1965; Blyden, 1967; Gates, 1999).

3 Na África a morte é urna festa, na qual se contempla a dignidade em ter vivido neste mundo e se terem plantado as sementes dacontinuidade (SANTOS, 1976).

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negra em praça pública, em São Paulo, entre asdécadas de 1920 e 1930. Originário do Rio deJaneiro, onde era ativista do Partido Comunista,rompeu com este partido por nele não encontrarespaço para discutir a especificidade da situaçãodo negro. Transferiu-se para São Paulo e militouativamente no movimento negro até sua morte.Foi personagem importante na formulação de umpensamento negro independente e direcionadopara a realidade dos negros brasileiros, mas den-tro de uma vertente socialista seguida pelos de-mais companheiros de imprensa negra.

O grande conhecedor da história do negro,José Correia Leite, um dos maiores líderes domovimento negro ao longo do século, tambémez parte deste jornal. E também dele participou

o meu pai, Henrique Cunha, o militante negromais velho do Brasil. O jornal Clarim da Alvoradae as demais entidades existentes no meio negroos anos 20 estiveram intimamente ligadas à

Fundaçâo da Frente Negra Brasileira. Esta última- i o principal movimento de massa da comuni-

de negra neste século. Teve sede em vários es-os, conseguiu empolgar e unir um grande con-

- gente de pessoas e tornou-se tão forte que seregistrou, em 1936, como um partido político de

resentação da classe negra.A Frente Negra Brasileira nasce da existên-

de um sem-número de pequenos clubes e or-ganizações espalhados pelo país, que já haviam- rmulado um discurso reivindicatório de respeitomelhoria da condição de vida da população ne-

Também reúne expressões da comunidadeegra de pensamento de direita, grupos ligadospensamento católico conservador e grupos li-dos à maçonaria. Lembre-se, por exemplo, quecontinuadores do grupo de abolicionistas deís Gama eram maçons. Alguns negros ricos eclasse média alta, no início do século XX, eramdos a grupos do pensamento católico conser-ar e a setores militares também conservado-_A organização existiu entre 1931 e 1937 ebém teve opositores dentro da própria cornu-

- de negra, além de divisões internas devidodivergências quanto à linha política da

- emiação, mas com ela conviveram outras ins-ições e grupos do movimento negro. Acabouada por um decreto político da ditaduraas que extinguiu todos os partidos políticos.é uma parte da história do movimento ne-

que tem sido pouco difundida e sobre a qualo se tem refletido.

A transição de 1937 a 1970

Entre o fechamento da Frente Negra Brasi-leira, em 1937, e a abertura de um novo ciclo, odos movimentos de consciência negra, em tornodo ano de 1970, existiu uma seqüência de mui-tos movimentos espalhados por vários estados,gerando perto de uma centena de grupos com fi-nalidades diversas. A literatura sobre movimen-tos negros não tem investigado esses grupos e,de modo geral, deixa a impressão de que houveuma interrupção dos movimentos negros entre1937 e 1978 (FELIX, 1996; SILVA, 2000).

Os anos de 1920 e 1930 se caracterizaram,também, pela consolidação destes grupos cultu-rais negros, como foi o caso das escolas de sambae outros grupos carnavalescos. A nomeação detais grupos como carnavalescos não define em sios objetivos das agremiações. Elas reúnem prin-cipalmente negros, têm atividades contínuas du-rante o ano todo, fazem festas e reuniões diver-sas, mas têm evidência social ampla somentedurante o carnaval. Mas a imprensa somente dánota da existência delas durante o período pré-carnavesco. O fato é que apesar da "invisibilidade"histórica, a rede de atividades de grupos negrosna cultura ou na ação política associativa con-tinua muito intensa entre 1937 e 1970. Ocorre,porém, como procurei mostrar, que este períodofoi pouco noticiado e pesquisado pelos historia-dores dos movimentos negros. Devemos, por-tanto, notar que muitos dos clubes e associaçõesnegras anteriores à Frente egra Brasileira con-tinuaram existindo, realizando as suas atividades,várias delas no campo da cultura e do lazer, daeducação e mesmo do protesto negro. Um dosproblemas para a análise cientifica destes gruposé que falta um instrumental teórico adequado àespecificidade do tema. Parece-me, portanto, in-dispensável a produção desse instrumental paraa compreensão do cotidiano político-cultural daspopulações negras no Brasil. As teorias dos mo-vimentos sociais e políticos têm se mostrado ina-dequadas para a compreensão dos movimentosnegros, dada a informalidade das organizações ea pluralidade de objetivos. Outro fato é que aspopulações negras, em função de serem reprimi-das, cultural e intelectualmente, têm sido leva-das a não valorizar devidamente os seus feitos.Assim, as intensas manifestações políticas e cul-turais por nós realizadas não têm sido suficien-temente valorizadas e passadas para as páginas

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da História do país. Aprendeu-se com o escra-vismo e com o racismo a se desvalorizar as coisasde negros. Por exemplo, a expressão "trabalho denegro" é ainda popularmente usada para se refe-rir a trabalho mal-feito. É provavelmente por es-ses motivos que a imensa produção de poesia eteatro dos movimentos negros das décadas de1940 e 1950 não figuram na história da culturabrasileira. Personalidades como a poetisa Ma-dalena de Souza, que figurava entre os diversospoetas da Associação Cultural do Negro de SãoPaulo (1954 -1965), permanecem desconhecidasdo grande público. Autores de Teatro como DalmoFerreira, também do mesmo período, tiveram omesmo destino da obscuridade. Mesmo intelec-tuais negros reconhecidos no exterior, como Guer-reiro, que deveria ser considerado um dos pais daSociologia moderna no Brasil, também ficam nodesconhecimento (RAMOS, 1996).

São diversos os marcos históricos da tran-sição entre os movimentos de 1937 e os de 1970.Os historiadores guardaram apenas a existênciado teatro experimental do negro do Rio de Ja-neiro, dirigido pelo professor Abdias do Nasci-mento. Mas deixaram de registrar o teatro deSolano Trindade, o teatro também experimentaldo negro de São Paulo e a realização do Congressoda Juventude Negra, de 1949, em que, pela pri-meira vez, se discute o acesso do negro à univer-sidade. Não é de admirar a preocupação com oensino universitário, uma vez que a universida-de no Brasil já nasce com participação de negrosilustres, como é o caso de Teodoro Sampaio, fi-lho de escrava, engenheiro e geógrafo, fundadorda Escola Politécnica da USp, ou Iuliano Moreira,médico psiquiatra e um dos símbolos importan-tes desta área no Brasil. Todas estas palavras paraexplicar que o período de transição, entre 1937 e1970, está registrado de forma precária nos tex-tos sobre história dos movimentos negros. Vá-rios autores (DANTAS, 2001; FELIX, 1996;CORREA, 1999; SILVA, 1991), saltam do pe-ríodo do fechamento da Frente Negra Brasileira,em 1937, para o ato público do Viaduto do Chá,em 1978, sem se perguntar sobre as origens desseato político.

Ao período da história do movimento ne-gro que vai de 1970 a 1990, vamos denominarde "período da luta pela consciência negra". Énesse período que é elaborada uma "cultura deconsciência negra". A definição de "cultura de cons-ciência negra" foi proposta pelo professor Amauri

Mendes Pereira em sua dissertação de mestrado(PEREIRA, 2000). Trata-se de um tempo ondeo traço distintivo dos movimentos negros comrelação aos dos períodos anteriores é o da ênfasena aquisição de uma consciência negra e a pautapolítica e cultural dos grupos era despertar a cons-ciência da importância do negro na sociedadebrasileira.

O movimento tinha como principal carac-terística assumir o ser negro e valorizar a culturanegra, como também, reivindicar a melhoria dasituação socioeconômica dessa população. Umdos propósitos principais do período era a reali-zação de um movimento popular de expressãonegra. Como em todo movimento social, é im-portante reconhecer os seus antecedentes. Defato, a origem deste ciclo está nos movimentosanteriores, naqueles que continuaram depois daFrente Negra Brasileira. A este se somaram pe-quenos grupos de estudantes negros universitá-rios, operários e funcionários públicos que dis-cutiam a relação entre os movimentos políticosde esquerda e o movimento negro. Foi um pe-ríodo em que também tínhamos muita informa-ção das lutas de libertação africanas e isto produ-ziu uma consciência no.va de pertencimento aociclo de lutas do povo africano. A consciêncianegra levou a uma forte valorização de todos oselementos negros presentes na cultura nacional,principalmente a filosofia e a religião africanas.Candomblé e Socialismo eram discutidos em pra-ças públicas, em pequenos grupos, em muitascidades brasileiras (ARAÚJO, 1996). Eu mesmoparticipei de vários desses grupos informais. As-sim chamados, sobretudo, porque era a época darepressão da ditadura militar e a formalizaçãolevava a uma vigilância maior do Estado. Masinformais também porque esta era uma das ca-racterísticas dos movimentos negros. Um destesgrupos políticos, por exemplo, se reunia todosos domingos na Praça da República, em São Paulo,onde havia um grande movimento das artes plás-ticas, que durou de 1968 a início da década de1980, liderado por artistas negros ligados ao mo-vimento popular, com laços com Solano Trindade,e que iam aos domingos vender suas obras.

Junto com artistas plásticos, em sua maio-ria negros, apareceram os escritores e músicos,também negros, e, com estes, o movimento polí-tico informal de consciência negra. Este imensomovimento artístico de maioria negra, talvez pu-desse ser considerado como um dos principais

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movimentos artísticos do país no século passado.No início da década de 1980, o movimento vaise descaracterizando, e vai crescendo a venda deartesanato, doces e produtos semi-industriali-zados. Um outro grupo informal se reunia às sex-tas-feiras no Viaduto do Chá, no centro de SãoPaulo, onde, entre 1953 e 1987, concentrava dedois a três mil negros para troca de informaçõessobre bailes, festas e passeios de fim de semana.Era um movimento de identidade negra espontâ-neo, sem lideranças e sem propósitos definidos.Grupos com este teor informal existiram em todoo país. Lembro-me da existência deles no Rio deJaneiro, em Salvador e em Porto Alegre, na Ruada Praia, às quintas-feiras. Por último, entre 1974e 1978, participei de um grupo que se reunia naUSp, na frente da ECA, de funcionários e estu-dantes da universidade (CUNHA [r., 2002).

No início deste ciclo de movimento deconsciência negra, um grupo de grande impor-tância e determinante para formação das propos-tas do período foi o grupo Palmares, de PortoAlegre, RS. Em 1971, este grupo já propunha acomemoração do 20 de novembro como data deimportância para a comunidade negra em substi-tuição às comemorações do 13 de Maio. No Riode Janeiro formou-se, em 1975, o IPCN, Insti-tuto das Culturas Negras, que, dada a posiçãocultural da cidade, serviu de ponte para váriosmovimentos no resto do Brasil. Em Niterói, ogrupo André Rebouças criou um pioneirismo detrabalho junto às instituições universitárias. EmSão Paulo, um grupo fundado em 1968, o CECAN,Centro de e Arte e Cultura Negra, foi quem co-mandou as ações e contagiou todos os grupospolíticos e de cultura negra do estado de São Paulodurante toda a década de 1970. Mas o grupo maisimportante desse ciclo de consciência negra nas-ceu em Salvador, em 1974, o Ilê Aye (CARDOSODA SILVA, 2001). Este grupo tornou-se impor-tante pela expressão estética criada e pela disse-minação de informações sobre a África e a cultu-ra negra, pelo combate ao racismo e também pelaampla atuação na educação. É um dos grupos quetêm o maior número de membros atuantes.

Uma das principais propostas do ciclo deconsciência negra era atingir a grande popula-ção e construir um movimento negro popular. OIlê Aiye foi um dos poucos grupos em todo opaís a realizá-Ia.

Outra importante característica desse ciclofoi a formação de um número significativo de gru-

pos de teatro e dança (Cunha Jr.,1992), comotambém a procura da afirmação de uma literatu-ra autônoma e de expressão estética negra. O tea-tro alimentou muitas das ações dos movimentosnegros nos diversos estados. Uma personalidadesignificativa desse teatro de consciência negra éa teatróloga, diretora de teatro e professora, Te-resa Santos. Sua contribuição se estendeu a An-gola, onde no início do governo do MovimentoPopular de Libertação de Angola, dirigiu o TeatroNacional daquele país. A imprensa negra do pe-ríodo fez várias tentativas de estabelecimento nosdiferentes estados. O jornal clandestino A Árvoredas Palavras circulou em São Paulo e Rio de Ja-neiro. O jornegro, em São Paulo, ao lado do Simba,do Rio de Janeiro, devem ter sido as principaisrealizações desta década de 1970. Também degrande importância foi o Afro-Latino-América as-sociado ao jornal Versus, sob a direção do jorna-lista Hamilton Cardoso.

A comunicação entre os grupos nos diver-sos estados foi bastante intensa durante toda adécada de 1970. A idéia de dar maior unidade aomovimento negro se iniciou em 1974, entre SãoPaulo e Rio e Janeiro, com visitas à Bahia e aoRio Grande do Sul. Com o objetivo de criar maisunidade, teórica e prática, entre os movimentosnegros, foram organizados, em 19 4 e 19 6, doisencontros entre os diversos grupos dos estadosdo Rio de Janeiro e de São Paulo. A idéia de uni-dade dos movimentos era uma nece sidade polí-tica da época, sobretudo, para fazer frente à di-tadura militar. Todos os movimentos, operário,sindical e estudantil, discutiam a po ibilidadeda unidade e isto se refletiu também DO movi-mento negro. Por outro lado, também o paísesafricanos discutiam a sua unidade em face dasindependências. Como vemos, estava na pautapolítica a unidade dos movimentos libertários dediferentes gêneros e dimensões políticas. o es-tado de São Paulo, esta unidade dos movimen-tos negros é dada pela criação, em 1976, de umaFederação das Entidades Afro-Brasileiras do Es-tado de São Paulo - FEABESP. Esta reunia esco-las de samba, clubes recreativos, grupos de tea-tro e grupos do movimento negro. Mas a princi-pal tentativa de unidade nacional dos movimen-tos negros só surge dois anos depois, em 1978,depois do ato público de protesto no Viaduto doChá. Esta manifestação foi articulada em virtudedo assassinato do operário negro Robson Silveirada Luz pela policia e pela discriminação pratica-

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da pelo clube Tietê, de São Paulo, contra atletasnegros. O ato foi realizado em 7 de julho de1978. A proposta, em caráter amplo, de um mo-vimento unificado contra a discriminação racialsurge nas reuniões que se seguiram à realizaçãodo ato e redunda na formação do MovimentoUnificado Contra a Discriminação Racial. Mas aunidade pretendida fracassa. De um lado os gru-pos negros conservadores, denominados gruposde direita, que participaram do ato público deprotesto, não aderem ao movimento em funçãoda sua linguagem marxista popular. De outro, osgrupos negros de esquerda mais radicais tambémnão aderem ao nascente movimento unificado emvirtude da ausência da palavra "negro" na sigla etambém da participação da Convergência Socia-lista. Os grupos artístico-culturais tiveram difi-culdade em se inserir neste novo movimento de-vido às criticas a eles feitas durante o processode discussão. Havia, então, uma dicotomia decompreensão do cultural e do político, o que pro-vocou a saída parcial dos grupos de teatro negro.

Como dissemos, o emergente movimentounificado de 1978 não continha na sua sigla apalavra "negro", porque o seu propósito era ocombate ao racismo por intermédio de uma frentepolítica ampla que reunia grupos de esquerdaexternos aos movimentos negros, dentre eles aConvergência Socialista. Na visão dos grupos ra-dicais, a Convergência Socialista era um grupode universitários brancos, de classe média, preo-cupados com a teoria marxista e sem uma realconexão com os ideais dos movimentos negros.

Mesmo sem a unidade pretendida, o mo-vimento formado recebeu a designação de unifi-cado, e tornou-se importante por ter - com gran-de habilidade - sintetizado os marcos teóricosdas propostas da década de 1970 com relação aocombate ao racismo. Embora nunca tenha con-seguido aglutinar um número significativo de par-ticipantes, este movimento se reproduziu emvários estados e realizou uma ação política ex-pressiva na área dos sindicatos e dos partidospolíticos de esquerda. Deste movimento inicialde 1978 é que surge, no ano seguinte, 1979, oMovimento Negro Unificado Contra o Racismo,MNU. Mesmo com a alteração da sigla e o afasta-mento da Convergência Socialista, o movimentonão conseguiu a unidade entre o conjunto dosprincipais grupos políticos negros do país.

A história do ato de protesto em frente aoTeatro Municipal de São Paulo, ao lado do Via-

duto do Chá, em 1978, representa uma sínteseimportante dos movimentos da década de 1970.Reuniu-se, na oportunidade, representações dosmovimentos e entidades negras tidos como dedireita e de esquerda, além de vários outros gru-pos externos ao movimento negro.

Dentre os diversos grupos participantes domovimento negro, alguns eram denominados dedireita por dois motivos. Em algumas entidadesas suas lideranças eram filiadas à ARENA, parti-do político da ditadura militar. Noutros casos,membros desses grupos haviam cursado a EscolaSuperior de Guerra, o que também era entendidocomo designação de direita. Havia ainda outrosgrupos sem apelo popular, como era o caso doGTPLUN, Grupo de Trabalho de ProfissionaisLiberais e Universitários Negros. Além de con-gregar universitários negros em São Paulo, estaentidade produzia anualmente um concorridobaile de universitários calouros negros, denomi-nado baile do Burro Negro, e introduziu, comgrande pioneirismo para a discussão e ações domovimento negro, alguns temas como os do es-tudo da história africana e da anemia faIciforme.

Outro grupo desta ala dos núcleos de poucoapelo popular era o Clube Aristocrata de SãoPaulo, que reunia negros da classe média alta.No Rio de Janeiro, nesta mesma década de 1970,formou-se o Clube Renascença, com propósitossemelhantes aos do Aristocrata de São Paulo.Citar a presença destes grupos é importante paramostrar a complexidade do movimento negro eda organização do ato público. Numa das reu-niões de organização do ato de protesto, nós,estudantes negros universitários, acostumados apasseatas do movimento estudantil, temíamospela repressão. Nesta reunião, um dos membros,de um dos grupos de direita, disse textualmenteque não nos preocupássemos com a repressão,pois com o delegado do DOPS, a polícia política,ele conversava.

No espaço universitário, os negros, reuni-dos na PUC-Sp, também tiveram um papel signi-ficativo. Eles dialogavam com intelectuais de es-querda e traziam alguns diálogos importantespara a formação política dos movimentos negros.A existência do CECAN e da Federação das Enti-dades Afro-Brasileiras do Estado de São Paulo -FEABESp, foi de extrema importância, pois atra-vés desta se fez um arco de conversas rápidas edivulgação das idéias do ato de protesto. A es-colha da sexta-feira no Viaduto do Chá, em São

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Paulo, garantiu parte do público, já acostumadoà distribuição de jornais, anúncio de palestras,apresentação de grupos de teatro e de grupos dediscussão sobre racismo e cultura negra.

A convocação da concentração na frente doTeatro Municipal foi facilitada pelos motivosapresentados. Na hora do ato, parte do públicofoi garantida também pela propaganda que nós,estudantes, fizemos ao longo dos dois quilôme-tros da rua Direita e viaduto do Chá, onde cos-tumavam se reunir de dois a três mil negros to-das as sextas-feiras.

O ano de 1978 foi muito profícuo para todomovimento negro sintetizando muitos dos es-forços e conquistas de toda a década. Nesse ano,temos o primeiro número dos Cadernos Negrosconsolidando a existência de uma literatura deexpressão negra. Essa publicação sobrevive atéhoje e o seu lançamento é sempre ocasião paragrandes manifestações.

Também tivemos, em novembro de 1978,em Araraquara, interior paulista, a realização doprimeiro FECONEZUN, Festival ComunitárioNegro Zumbi, organizado pela FEABESp, que reu-niu mais de mil pessoas, oito grupos de teatro eoutros tantos de dança, por três dias. O festivalfoi uma grande síntese dos grupos de arte negrada década. Este evento continua se repetindonestes anos todos, sendo eleita a cada ano umacidade do estado de São Paulo como sede.

Dentre as diversas propostas, amparadasem todos os setores do movimento negro, umamerece destaque em virtude da sua aceitação pe-los diversos setores da sociedade, a criação doDia Nacional da Consciência Negra, 20 de No-vembro (BOULOS, 1997). Antes da década de1970, Palmares e Zumbi eram pouco divulgados.Os movimentos da década de 1920, em SãoPaulo, começaram a despertar para a questão. Omesmo ocorreu em 1935, em Pernambuco, e nadécada de 1940, na Bahia. Mas essas iniciativastiveram pouca repercussão no conjunto da po-pulação. O ressurgimento de trabalhos sobrePalmares e a idéia do 20 de Novembro vêm deum grupo de militantes de Porto Alegre, do qualparticipou o poeta e escritor Oliveira Silveira, nosanos de 1970 e 1971. O grupo se chamava Pai-mares e, entre outras atividades, era bastanteenvolvido com teatro. Em 1972, em visita a PortoAlegre, me apresentaram a idéia do 20 de no-vembro. Achei uma excelente idéia e, logo emseguida, passei para um pequeno grupo paulista,

Grupo Decisão, que passou a organizar a come-moração do 20 de Novembro também em SãoPaulo. O Palmares também se comunicou com oRio de janeiro, que imediatamente também ade-riu à realização da comemoração. Foi uma tarefamuito difícil a de instituir o 20 de Novembro comoDia Nacional da Consciência Negra.

Até o inicio da década de 1970, a grandecomemoração cívica, em todas as associações egrupos das comunidades negras, era a do 13 deMaio. Principalmente as Irmandades e grupos"católicos de preto" tinham fortíssima convicçãona comemoração do 13 de Maio e realizavammissas e procissões nesta data.

Criticar a comemoração do 13 de Maio nointerior da comunidade negra parecia, à época,uma tarefa inglória. Propor uma alternativa seriaainda mais iconoclasta. Os meios oficiais, princi-palmente os conservadores, faziam apologia àprincesa Isabel, encobrindo a amplitude da lutatravada pela população negra pela Abolição daescravidão criminosa. A midia fazia matérias quereforçavam as visões conservadoras sobre o 13de Maio. Embora seja importante destacar quenem todas as comemorações tinham o mesmosentido e ênfase. Os clubes de nome José doPatro-cinio tinham diferenças em relação aos Luiz Gama.As alas católicas também apresentavam enormediversidade. Entretanto, algumas das comemo-rações eram de exaltação à luta travada pela po-pulação negra para a abolição da escravidão. Masa maioria não, a maioria ainda homenageava aprincesa Isabel, denominada de a "Redentora".Até hoje, os textos escolares tratam o 13 de Maiode maneira acrítica e destacam a princesa Isabel"como a libertadora dos escravos".

Em São Paulo, numa das primeiras come-morações do 20 de Novembro, havia no Teatrodo Bairro da Lapa, apenas seis pessoas na pla-téia, um verdadeiro fracasso. A divulgação haviasido feita apenas por meio de pequenos impres-sos porque malograram todas as tentativas dedivulgação pelas rádios e jornais da grande im-prensa. Até meados da década de 1980, os meiosde comunicação - rádio, jornal e televisão - evi-tavam a divulgação sobre peças de teatro e pa-lestras de grupos negros. As informações e ma-térias sobre relações étnicas eram muito censu-radas na mídia nacional pelos próprios jornalis-tas. Dentro dos movimentos negros sempre foimotivo de ironia dizer que a imprensa no Brasilé livre de censura, visto as manifestações dos mo-

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Page 8: Movimentodeconsciência negranadécada de 1970formas de identidade negras. O desconhecimento histórico de alguns setores dominantes da socie-dade sobre ahistória do Brasil e, principalmente,

vimentos terem sido sempre censuradas. O su-cesso político dos movimentos negros manifesta-se no fato de que, mesmo diante de um terrenoinóspito conseguiram transformar o 20 de No-vembro no Dia Nacional de Consciência Negra,com acolhida relativa em todo o país.

O sucesso político deste ciclo de Consci-ência Negra pode ser constatado pelo númeroconsiderável de organizações negras que são cria-das na primeira metade da década de 1980, emtodo o país (MATOS, 1999). Dois tipos de orga-nizações, entre outros, predominam: os blocosafros e os grupos de capoeira angola.

Conclusão

Este ensaio de fundo histórico faz um pe-queno vôo sobre o movimento negro da décadade 1970, aqui denominado ciclo do Movimentode Consciência Negra, e procura explorar as raizesdeste período, mostrando que precisamos demaior compreensão das associações existentes,das redes de informação e dos pequenos fragmen-tos que gestam os grandes momentos. Assim, fazum esforço de chamar atenção para as sedimen-tações de posturas realizadas pelos grupos passa-dos. Destaca que cada ciclo do movimento negrotem raiz na continuidade de conquistas e traba-lhos militantes anteriores. Chama a atenção paraas características dos movimentos negros: plurali-dade de objetivos, informalidade e ausência deregistro histórico escrito, carecendo de métodosoutros para estudos deste movimentos.

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