MORTES EVITÁVEIS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO...

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JULIANA NATÍVIO PIRACICABA 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA MORTES EVITÁVEIS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS, DE 2010 A 2014, EM CAMPINAS-SP.

Transcript of MORTES EVITÁVEIS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO...

JULIANA NATÍVIO

PIRACICABA

2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

MORTES EVITÁVEIS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO

ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS, DE 2010

A 2014, EM CAMPINAS-SP.

Dissertação de Mestrado Profissional apresentada à

Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Mestra em Odontologia em

Saúde Coletiva.

JULIANA NATÍVIO

MORTES EVITÁVEIS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO

ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS, DE 2010

A 2014, EM CAMPINAS-SP.

PIRACICABA

2016

Orientadora: Profa. Dra. Rosana de Fátima Possobon

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA JULIANA NATÍVIO E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. ROSANA DE FÁTIMA POSSOBON.

DEDICATÓRIA

À minha família:

Meus pais, Augusto (in memorian) e Landa pelo amor,

exemplo e dedicação;

Meu marido Fabiano e minhas filhas Isabela e Rafaela, simplesmente por existirem e

serem minha razão de viver;

Meus irmãos: Sandra, Silvia, José Augusto; meus cunhados: Matias, Hudson, Ana

Cláudia, Nelaine e Nelise; meus sobrinhos: Milena, Rogério, Diego, Claudinha,

Mariana, André, Leandro, Camila, Lucas e Gustavo; meus sobrinhos netos: Julinha,

Pedro e Helena; meus sogros: Fátima e Nelson.

E à Deus...tudo por Ele, nada sem Ele.

AGRADECIMENTOS

Á Faculdade de Odontologia de Piracicaba na pessoa de seu Diretor, Prof. Dr.

Guilherme Elias Pessanha Henriques;

À Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, na pessoa de seu Secretário, Dr

Cármino Antônio de Souza;

À Prof. Dra. Rosana, minha orientadora, pela paciência e experiência que fizeram

com que esta dissertação fosse concluída;

Às minhas queridas Mosqueteiras, Isabella e Ana Carla, que foram as melhoras

companheiras que eu poderia ter tido. Juntas vivemos o real sentido da frase: “Uma

por todas e todas por uma”;

Ao querido casal Luciane e Alexandre, por compartilharem seu conhecimento, bons

conselhos e muitas risadas;

Aos professores do Metrado Profissionalizante e em especial às tutoras do curso

que me ajudaram a desvendar os mistérios da pós-graduação;

Ao colega Emílio, que com toda disponibilidade me ajudou em diversas dúvidas

durante a dissertação;

Aos meus sogros, Fátima e Nelson, que entre as idas e vindas de Campinas a São

Paulo, facilitaram e muito meu trabalho;

Aos meus colegas de trabalho e a principalmente à Deise, pela colaboração e

estímulo durante todo processo;

Aos meus colegas de turma, pela possibilidade de me fazer ter novamente um

coração de estudante e viver momentos deliciosos e inesquecíveis;

À minha família, principalmente às minhas pequenas Isa e Rafa, que muitas vezes

se sentiram abandonadas e me fizeram refletir cada vez que perguntavam o porquê

de tanto estudo;

E principalmente a Deus, que pela Sua infinita Bondade e através de Nossa

Senhora, me colocou nas trilhas da Saúde Pública, e me deu a certeza de que este

era o meu caminho.

“Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para juntar madeira ou

atribua-lhes tarefas e trabalho, mas sim ensine-os a desejar a infinita imensidão do

oceano”.

Antonie Saint-Exupéry

RESUMO

Mortes evitáveis são aquelas que poderiam ter sido evitadas com o

acesso oportuno e cuidados em saúde adequados. O monitoramento desses óbitos

pode ser usado como um indicador de qualidade da Atenção Primária em Saúde,

servindo como evento sentinela, indicando falhas e dificuldades no cuidado ofertado

pelos serviços de saúde. Com o processo de transição epidemiológica nas últimas

décadas, tem havido um aumento expressivo da prevalência de doenças crônicas

não transmissíveis (DCNTs). Isto gerou um grande impacto na morbidade e na

mortalidade da população. Em decorrência, houve um aumento da demanda junto

aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e a consequente necessidade de

criação de estratégias de enfrentamento pela política pública de saúde. A

responsabilidade pela prevenção, promoção e cuidado das DCNTs é da Atenção

Primária em Saúde (APS), garantindo o acesso adequado e a qualidade das ações

destinadas aos pacientes crônicos com tratamento continuado e integral e a

identificação precoce dos pacientes de risco. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

e o Diabetes Mellitus (DM) são doenças que estão diretamente associadas à

ocorrência de morte por doenças cardiovasculares e apresentam uma alta

prevalência na população brasileira. Desta forma, este estudo ecológico teve como

objetivo verificar a prevalência de mortes evitáveis associadas à Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS) e a Diabetes Mellitus (DM) no município de Campinas-SP e verificar

a associação entre as taxas de mortalidade e os estratos socioeconômicos e a

cobertura por equipes de saúde da família. Para tanto, foram utilizadas, como

unidade de análise, os territórios das 62 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do

município, verificando-se a taxa de mortalidade por estas causas para esses

agregados, calculada a partir de dados secundários do Sistema de Informação de

Mortalidade (SIM), no período de 2010 a 2014. As variáveis independentes utilizadas

foram os estratos socioeconômicos dos territórios das UBSs e a cobertura

populacional por Equipe de Saúde da Família (ESF). Foi feita análise descritiva com

relação ao sexo, faixa etária e causa básica de óbito. A análise estatística realizada

foi por modelos mistos e análise bivariada, e considerado intervalo de confiança de

95% e nível de significância de 5%. Os resultados mostraram que as mortes

evitáveis corresponderam a 25,6% das mortes do período. Não houve diferença

significativa entre os anos estudados e nem entre os diferentes níveis de cobertura.

Porém, houve diferença significativa na associação entre estrato socioeconômico e

prevalência de mortes evitáveis, sendo que o estrato baixo (p=0,0419) e médio

(p=0,0326) da população apresentaram mais chance de ter uma alta mortalidade

evitável. Este resultado revela a importância das condições socioeconômicas do

local de residência na determinação da saúde dos indivíduos e a necessidade de

contínuos investimentos, a fim de diminuir as iniquidades em saúde.

Palavras-chave: Mortalidade. Atenção primária à saúde. Doença crônica. Indicador

de qualidade da assistência à saúde

ABSTRACT

Preventable deaths are those that could have been avoided with timely

access and care in appropriate health. The monitoring of these deaths can be used

as an indicator of quality of primary health care, serving as a sentinel event,

indicating failures and difficulties in the care offered by health services. With the

process of epidemiological transition in recent decades, there has been a significant

increase in the prevalence of chronic non-communicable diseases. This generated a

major impact on morbidity and mortality of the population. As a result, there was an

increased demand from the services of the Unified Health System and the

consequent need to create coping strategies for public health policy. The

responsibility for prevention, promotion and care of cronic diseases is of primary

health care ensuring proper access to and quality of actions to chronic patients with

continuous and comprehensive treatment and early identification of patients at risk.

The hypertension and diabetes mellitus are diseases that are directly associated with

the occurrence of death from cardiovascular diseases and have a high prevalence in

Brazil. Thus, this ecological study aimed to determine the prevalence of preventable

deaths associated with hypertension and diabetes mellitus in Campinas-SP and the

association between mortality rates and socioeconomic strata and coverage by family

health teams. Therefore, were used as the unit of analysis, the territories of 62 Basic

Health Units in the city, checking the mortality rate from these causes for these

aggregates, calculated from secondary data from the Mortality Information System, in

the period 2010-2014. The independent variables were socioeconomic stratum of the

territories of basic health units and population coverage of family health team. A

descriptive analysis was analyzed by sex, age and cause of death. The statistical

analysis used analysis of mixed models and bivariate analysis. The results showed

that preventable deaths accounted for 25.6% of deaths period. There was no

significant difference between the years studied or between the different levels of

coverage, however, significant differences in the association between socioeconomic

status and prevalence of preventable deaths, and the lower stratum (p = 0.0419) and

medium (p = 0,0326) of the population were more likely to have a high preventable

mortality. This result shows the importance of the socioeconomic conditions of

residence in determining the health of individuals and the need for continued

investment in order to reduce health inequities.

Key Words: Mortality. Primary health care. Chronic disease. Quality indicators of

health care.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 ARTIGO: “Mortes Evitáveis Associadas à Hipertensão Arterial

Sistêmica e à Diabetes Mellitus em Cidade Paulista de Grande Porte” 19

3 CONCLUSÃO 34

REFERÊNCIAS 35

ANEXOS 39

Anexo 1 – Lista de Causas de Mortes Evitáveis 39

Anexo 2 – Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa 42

Anexo 3 – Comprovante de submissão ao periódico 43

12

1 INTRODUÇÃO

As mortes evitáveis são consideradas como um importante indicador de

qualidade dos serviços de saúde, por revelarem falhas e dificuldades no acesso e no

cuidado em saúde (Malta e Duarte, 2007). Os precursores do conceito de morte

evitável foram Rutstein et al., em 1976, que definiram como “mortes que não

deveriam ter ocorrido com a ação de serviços de saúde efetivos e de qualidade”.

Para estes autores, estas mortes podem servir como “eventos sentinela”, ou seja,

ocorrências indesejáveis que devem servir de sinal de alerta de que algum elo na

cadeia assistencial não está funcionando de maneira adequada.

A metodologia proposta por Rutstein et al. (1976) foi usada em vários

outros estudos, entre estes, destacam-se o estudo de Holland (1988), que resultou

na organização de um “Atlas de causas de morte evitável para a Comunidade

Européia” (European Community Atlas) e que estimularam um grande número de

pesquisas em diversos países e continentes como Europa, Ásia e Oceania (Malta,

2007).

Simonato et al., (1998), analisaram a evolução da mortalidade na Europa,

de 1954 a 1994, e concluíram maior declínio das mortes por causas evitáveis do que

pelas demais causas, relacionando este achado à melhoria na assistência e nos

cuidados médicos e fizeram uma classificação separando as causas em evitáveis

pela atenção primária, secundária e terciária. Tobias e Jackson (2001) atribuíram

pesos por nível de prevenção para cada causa considerada evitável. Andreev et al.

(2004) realizaram estudo comparando as expectativas de vida da Rússia e do Reino

Unido e concluíram que, nas últimas décadas, a expectativa de vida no Reino Unido

aumentou muito mais do que na Rússia e que isto se deu, principalmente, pela

redução das mortes evitáveis no Reino Unido, indicando necessidade de melhoria

no sistema de saúde russo.

Na Austrália, Korda et al. (2007) verificaram que o cuidado em saúde

contribuiu para a queda da mortalidade evitável, porém, de maneira desigual entre

os diferentes níveis socioeconômicos, sendo menor a queda da mortalidade entre os

menos favorecidos. Em estudo mais recente, Gómez-Arias et al. (2009) ampliaram a

participação das doenças crônicas na lista de causas de mortes evitáveis,

acrescentando, também, as medidas associadas para sua redução, em trabalho

conduzido na Colômbia e em países com características semelhantes.

13

As mortes evitáveis fazem parte dos Indicadores de Efetividade

selecionados para o Projeto de Avaliação de Desempenho de Sistemas de Saúde

(PRO-ADESS), cuja metodologia foi formulada por uma rede de pesquisadores

vinculados a sete instituições de pesquisa no campo da saúde coletiva, tendo início

no ano de 2003. Indicadores de Efetividade podem ser definidos como aqueles que

conseguem medir em que grau a assistência, os serviços e as ações atingem os

resultados esperados (Viacava et al., 2012).

A definição das causas de mortes evitáveis deve sofrer modificações ao

longo do tempo, em consonância com o desenvolvimento das novas tecnologias em

saúde e com a melhoria da qualidade de assistência oferecida, bem como para

acompanhar as alterações dos padrões epidemiológicos da população. Existem

listas padronizadas com as causas de mortes que podem ser consideradas

evitáveis, porém, a utilização das mesmas deve levar em conta a finalidade do

estudo e as características do local onde o estudo será realizado (Abreu, 2010).

Em 2007, sob a coordenação da Secretaria de Vigilância em Saúde do

Ministério da Saúde, foi publicada a primeira versão da Lista de Causas de Mortes

Evitáveis (LCME), produto do trabalho de especialistas com o propósito de identificar

as causas preveníveis, total ou parcialmente, por ações efetivas dos serviços de

saúde disponíveis no SUS (Malta et al., 2007). Existem listas propostas para análise

de duas faixas etárias: uma para menores de 5 anos e outra para pessoas de 5 a 74

anos. Em 2010, após análises, discussões e validação, foram realizadas

atualizações nestas listas (Malta et al., 2011). A idade limite da lista brasileira, leva

em conta o crescimento da expectativa de vida da população apresentada nas

últimas décadas e também pelo avanço tecnológico disponível para saúde (Malta e

Duarte, 2007).

Na LBCE destacam-se as causas por Doenças Crônicas Não

Transmissíveis (DCNTs). As doenças crônicas têm como características a longa

duração, a multicausalidade e a perda da capacidade funcional. Apresentam

diversos fatores de risco que podem ser classificados em não modificáveis (sexo,

idade e herança genética) e comportamentais (tabagismo, alimentação, inatividade

física, consumo de álcool e outras drogas). Os fatores de risco comportamentais são

potencializados pelos fatores condicionantes socioeconômicos, culturais e

ambientais (WHO, 2005).

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No Brasil, a partir da década de 60, as doenças crônicas não

transmissíveis (DCNTs) passaram a ocupar o primeiro lugar como causa de

mortalidade geral (OPAS, 2008). A Organização Mundial de Saúde (OMS) define

como doenças crônicas as doenças cerebrovasculares, cardiovasculares, diabetes

mellitus, doenças respiratórias obstrutivas, asma e neoplasias. Este conjunto de

doenças tem em comum diversos fatores de risco, resultando na possibilidade de se

ter uma abordagem comum na sua prevenção (WHO, 2005).

Dentre as DCNTs, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a Diabetes

Mellitus (DM) ganham destaque tanto pela sua prevalência como também por serem

os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Estima-se que, no

Brasil, para pessoas maiores de 40 anos de idade a prevalência da HAS seja de

36% e a de DM de 10%. (Brasil, 2006).

A HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis

elevados e sustentados de pressão arterial (PA) e que causa alterações estruturais e

funcionais em órgãos-base (coração, vasos, encéfalo e rins). A HAS tem como

fatores de risco: idade, etnia, hábitos alimentares inadequados, principalmente

ingestão excessiva de sal e baixo consumo de vegetais, consumo elevado de álcool

e tabagismo, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, genética e baixo nível

socioeconômico. Mais de 1/3 dos portadores de HAS desconhecem ter a doença e

menos de 1/3 dos pacientes que fazem tratamento conseguem manter os níveis

pressóricos em valores aceitáveis (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010).

O DM é um grupo de doenças metabólicas que tem como característica a

hiperglicemia e suas consequências, como disfunção em vários órgãos (rins, olhos,

nervos, coração e vasos sanguíneos). A doença é classificada em: tipo I e II. A DM

tipo I, antigamente conhecida como diabetes juvenil, ocorre quando há uma

deficiência na produção da insulina, predomina em crianças e adolescentes e

corresponde à aproximadamente 10% dos casos de DM. A tipo II, antes chamada de

diabetes de adultos, existe quando há uma resistência à ação da insulina e está

associada, geralmente, ao excesso de peso corpóreo e à gordura localizada na parte

central do corpo (Brasil, 2006). A atual epidemia de obesidade, é considerada como

a principal causa no aumento dos casos de DM principalmente o tipo II (Brasil,

2006).

15

O aumento da prevalência das doenças crônicas é consequência dos

processos de transição demográfica e epidemiológica que vêm ocorrendo no mundo

há décadas. Estas transições não ocorrem igualmente em todos os países,

principalmente quando se comparam os países desenvolvidos com os em

desenvolvimento e subdesenvolvidos (Omran,1971; Lebrão, 2007).

Os conceitos de transição demográfica e transição epidemiológica não

descrevem o mesmo fenômeno, embora haja estreita relação entre eles. A transição

demográfica diz respeito à composição da população e a epidemiológica, aos

padrões de morbimortalidade da população (Lebrão, 2007; Vasconcelos e Gomes,

2012).

A transição demográfica do Brasil e dos países da América Latina é

considerada uma “transição tardia”, tendo se evidenciado apenas na metade do

século XX, quando houve uma expressiva queda na fecundidade e consequente

diminuição da natalidade, além da diminuição da mortalidade, principalmente a

infantil, devido a doenças infecciosas e parasitárias e à desnutrição. Somado a isto,

tem-se o desenvolvimento tecnológico e a melhoria dos sistemas de saúde,

proporcionando um aumento da expectativa de vida, fazendo aumentar a população

considerada idosa, ou seja, pessoas de 60 anos ou mais, sendo que este rápido

processo de envelhecimento exige um incremento e aprimoramento de políticas

públicas voltadas aos idosos (Lebrão, 2007; Vasconcelos e Gomes, 2012).

O conceito de transição epidemiológica foi proposto por Omran (1971) e

pode ser definido como: “uma complexa mudança dos padrões de saúde e doença e

nas interações entre esses padrões e seus determinantes e consequências”. As

mudanças epidemiológicas são influenciadas pelas mudanças demográficas, sociais

e econômicas. A transição epidemiológica no Brasil não acontece de maneira linear,

sendo chamada de “modelo polarizado prolongado” (Frenk et al., 1991). Este modelo

se caracteriza por sobreposição e pelo prolongamento de etapas, onde as

crescentes taxas de doenças crônicas convivem com doenças infecciosas. Algumas

doenças infecciosas antes controladas ou erradicadas ressurgem e há diferentes

padrões epidemiológicos em uma mesma população (Drumond, 2001). Há de se

salientar, ainda, as desigualdades socioeconômicas que assolam a sociedade

brasileira e que são responsáveis pelo fato de que regiões, estados e grupos sociais

apresentem fases distintas das transições demográfica e epidemiológica,

16

convivendo, ainda hoje, com mazelas geradas pelos estágios tanto atrasados,

quanto avançados das transições (Brito, 2008).

Colaborando para a complexidade destas mudanças, há ainda a

chamada transição nutricional, que se dá pelo aumento progressivo de sobrepeso e

de obesidade em função das mudanças do padrão alimentar e do sedentarismo da

vida moderna (Malta et al., 2006). As alterações nutricionais são consequências

diretas da urbanização do território brasileiro (mais de 80% da população vivendo

em cidades) e da alteração do perfil de ocupações, que passou da predominância

das atividades primárias para o setor secundário e terciário. Estas transformações

foram cruciais no que se refere à geração de renda e estilos de vida, gerando as

atuais demandas nutricionais (Batista e Rissin, 2003) e colaborando para o aumento

de doenças crônicas.

Para reduzir as mortes evitáveis por doenças crônicas são necessárias

adequações do sistema de saúde, pois essas doenças provocam mudanças no

padrão de utilização dos serviços e geram aumento de gastos, considerando a

necessidade de incorporação tecnológica para o seu tratamento. A carga de

morbimortalidade destas doenças é muito alta, bem como os efeitos sociais e

econômicos consequentes, gerando incapacidades, eventos agudos que demandam

hospitalização, invalidez e mortes prematuras e evitáveis (Scharamm et al., 2004;

Mendes, 2011).

Para responder a todos os desafios das DCNTs, faz-se necessária uma

adequação das ofertas de assistência dos sistemas de saúde, com a implantação de

estratégias de enfrentamento destas doenças. Mendes (2011) sugere que os

Sistemas de Atenção à Saúde são “respostas sociais deliberadas às necessidades

de saúde da população. Por consequência, deve haver uma forte sintonia entre a

situação de saúde da população e a forma como se estrutura o sistema de atenção

à saúde (...)”.

Sistemas de saúde orientados pela atenção primária promovem cuidados

mais efetivos, apresentando impactos positivos sobre indicadores de

morbimortalidade, por serem mais efetivos, eficientes e equitativos (Starfield, 2002).

No Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Básica (AB) é considerada como

principal porta de entrada e como orientadora do sistema, e necessita dar respostas

tanto no acesso adequado, quanto na qualidade das ações ofertadas para os

17

pacientes crônicos, buscando identificar precocemente os pacientes em risco e

oferecer tratamento continuado (Brasil, 2014).

A partir de 1994, o SUS, passou a ter, como proposta para a

operacionalização da AB, o Programa Saúde da Família (PSF), que incorporou, ao

seu formato, a experiência anterior do Programa de Agentes Comunitários de Saúde

(PACS). O PSF em 2006, foi ampliado para Estratégia Saúde da Família (ESF) e ao

longo dos anos, aumentou sua cobertura nos municípios no país e o número de

equipes cadastradas por município (Brasil, 2004). O Programa se baseia na atenção

voltada para a família, entendida em seu ambiente (físico e social), de forma que se

tenha uma compreensão ampliada das necessidades de saúde da população. É um

modelo de atenção que centra o cuidado no indivíduo e no seu contexto, evitando o

enfoque na doença e em procedimentos. É importante registrar que a estratégia

Saúde da Família, como política prioritária de atenção básica, em sua conformação

e processo de trabalho, tende a ampliar o acesso e oferecer cuidados

multiprofissionais, que é a abordagem que se mostra mais eficaz para as doenças

crônicas não transmissíveis (Brasil, 2004).

Em agosto de 2011, o governo brasileiro lançou o “Plano de Ações

Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil 2011-2022”, englobando três

eixos fundamentais: a) Vigilância, Informação e Monitoramento; b) Promoção da

Saúde e c) Cuidado Integral, visando preparar o país para enfrentar e deter, nos

próximos dez anos, estas enfermidades (Malta et al., 2011).

Para garantir a efetividade das ações é necessário o uso contínuo das

informações em saúde, no processo de monitoramento e avaliação da situação de

saúde, através de indicadores mensuráveis e específicos (Malta et al., 2011).

Além dos fatores de risco individuais, atualmente os determinantes sociais

têm ocupado destaque na causalidade das doenças crônicas, levando a

Organização Mundial da Saúde a criar, em 2005, a Comissão sobre Determinantes

Sociais da Saúde (Commission on Social Determinants of Health - CSDH) a fim de

aprofundar os estudos para entender melhor a dinâmica das interferências dos

fatores sociais e criar estratégias que diminuam o impacto negativo destes

determinantes nas desigualdades em saúde (WHO, 2008; Schimidt, 2011). No

Brasil, também foi criada a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da

18

Saúde (CNDSS), em 2006, sendo o primeiro país a criar sua própria comissão

(CNDSS, 2008). Os determinantes sociais em saúde podem ser definidos como a

influência causada pelas condições de vida e de trabalho dos indivíduos e de grupos

da população, na sua situação de saúde (Buss e Pellegrini Filho, 2007). Os serviços

de saúde têm a capacidade de diminuir a exposição aos fatores de risco de

indivíduos e grupos, diminuindo, assim, a vulnerabilidade da população (CNDSS,

2008).

Diante deste contexto, o presente estudo teve como objetivo pesquisar a

prevalência destas mortes associadas à Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e à

Diabetes Mellitus (DM) nas unidades de saúde do município de Campinas,

verificando a influência dos estratos socioeconômicos e da cobertura das equipes de

Saúde da Família, no intuito de fornecer informações relevantes para a qualificação

dos serviços ofertados à população.

19

2 ARTIGO: “Mortes Evitáveis Associadas à Hipertensão Arterial Sistêmica e

Diabetes Mellitus em Cidade de Grande Porte, de 2010 a 2014”

Artigo submetido ao periódico Cadernos de Saúde Pública (Anexo 3)

Juliana Natívio, Rosana de Fátima Possobon

Resumo

Trata-se de estudo ecológico que teve como objetivo verificar a

prevalência de mortes evitáveis associadas à Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e

a Diabetes Mellitus (DM) no município de Campinas-SP, de 2010 a 2014, e verificar

a associação entre as taxas de mortalidade e os estratos socioeconômicos e a

cobertura por equipes de saúde da família. Para tanto, foram utilizados, como

unidade de análise, os territórios das 62 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do

município, verificando a taxa de mortalidade por estas causas, calculada a partir de

dados secundários do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). As variáveis

independentes foram os estratos socioeconômicos dos territórios das UBSs e a

cobertura populacional por Equipe de Saúde da Família (ESF). Foi feita análise

descritiva com relação ao sexo, faixa etária e causa básica de óbito. A análise

estatística foi realizada por modelos mistos e análise bivariada, considerado intervalo

de confiança de 95% e nível de significância de 5%. Os resultados mostraram que

as mortes evitáveis corresponderam a 25,6% das mortes do período. Não houve

diferença significativa entre os anos estudados e nem entre os diferentes níveis de

cobertura. Porém, houve diferença significativa na associação entre estrato

socioeconômico e prevalência de mortes evitáveis, sendo que o estrato baixo (p=

0,0419) e médio (p=0,0326) da população apresentaram mais chance de ter uma

alta mortalidade evitável quando comparados com o estrato alto. Este resultado

revela a importância das condições socioeconômicas do local de residência na

determinação da saúde dos indivíduos e a necessidade de contínuos investimentos,

a fim de diminuir as iniquidades em saúde.

Palavras-chave: Mortalidade. Atenção Primária à saúde. Doença Crônica.

Indicador de Qualidade da Assistência à Saúde

20

Introdução

As mortes evitáveis são consideradas um importante indicador de

qualidade dos serviços de saúde por revelarem falhas e dificuldades no acesso e no

cuidado em saúde (Malta e Duarte, 2007). Mortes evitáveis são aquelas que

poderiam ter sido evitadas pela ação de serviços de saúde efetivos e de qualidade

(Rutstein et al., 1976). A ocorrência destas mortes causa enormes custos sociais e

econômicos para as famílias, comunidades e sociedade em geral, aumentando as

iniquidades e a pobreza (Brasil, 2011).

As causas de mortes consideradas evitáveis sofrem alterações com o

desenvolvimento de novas tecnologias em saúde, com a melhoria na qualidade da

assistência oferecida e em consonância com as alterações dos padrões

epidemiológicos da população (Malta e Duarte, 2007). A Lista de Causas de Mortes

Evitáveis foi publicada em 2007 e atualizada em 2010 e apresenta as causas

preveníveis, total ou parcialmente, por ações efetivas dos serviços de saúde

disponíveis no Sistema Único de Saúde (Malta et al., 2007; 2011).

Dentre as mortes evitáveis destacam-se as doenças associadas à

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e à Diabetes Mellitus (DM), que são os

principais fatores de risco para as doenças do aparelho circulatório. Estas doenças

são a principal causa de morte na população adulta e, devido à alta morbidade

associada, geram custos cada vez maiores em internações e procedimentos de alta

tecnologia, além de custos sociais, como a perda de capacidade funcional e

invalidez, comprometendo a produtividade e a qualidade de vida (OPAS, 2008).

No Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Básica é responsável pelas

estratégias de promoção de saúde e prevenção dos fatores de risco associados a

estas doenças, garantindo o acesso a qualidade das ações destinadas aos

pacientes crônicos com tratamento continuado e integral e a identificação precoce

dos pacientes de risco. A Estratégia da Saúde da Família é a política prioritária da

Atenção Básica e pela sua conformação e processo de trabalho, tende a ampliar o

acesso e oferecer cuidados multiprofissionais, cuja abordagem se mostra mais

eficaz para as doenças crônicas não transmissíveis (Brasil, 2004).

Para garantir a efetividade destas ações, é necessário contínuo processo

de monitoramento e avaliação da situação de saúde, através de indicadores

21

mensuráveis e específicos (Malta et al., 2011). Um destes indicadores é a taxa de

mortes evitáveis, que ocorrem numa população num determinado período de tempo.

Este estudo teve por objetivo analisar as mortes evitáveis associadas à

HAS e DM, ocorridas entre 2010 e 2014, na população de 20 a 74 anos, em

Campinas, uma cidade de grande porte do interior do estado de São Paulo e

verificar a associação entre estas mortes e condições socioeconômicas e de

cobertura pelas equipes de Saúde da Família.

Metodologia

O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Odontologia de Piracicaba - Unicamp, conforme resolução 466/2012

do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, sob o número de protocolo

nº 151/2014.

Trata-se de um estudo ecológico, cujas unidades de análise foram os

territórios das 62 Unidades Básicas de Saúde (UBS) existentes no município de

Campinas, no período de 2010 a 2014. O ano de 2014 foi o último considerado por

ter os dados mais atuais, à época do estudo, disponíveis para análise.

A população deste município foi estimada em 1.134.546 de habitantes,

sendo a terceira mais populosa do estado, com um índice de urbanização de 98,3%

e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 0,805, considerado elevado pelo

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Tem taxa de analfabetismo

de 3,3% da população e 14,36% dos domicílios tem renda menor do que meio

salário mínimo (Fundação Seade, 2015). O município possui uma complexa rede de

serviços de saúde composta por unidades de saúde próprias, conveniadas e

contratadas, abrangendo a Atenção Básica, Média e Alta Complexidade. Atualmente,

possui 63 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que são responsáveis pela atenção

primária à saúde (neste estudo foram consideradas 62 unidades existentes no

período da coleta de dados). Todas as UBSs atuam no modelo da Estratégia de

Saúde da Família, com territórios bem definidos, adscrição de clientela e equipes

multiprofissionais. A complexidade do sistema de saúde levou à formação de 5

Distritos de Saúde: Leste, Norte, Noroeste, Sudoeste e Sul, que são os responsáveis

regionais pela gestão e organização dos serviços e pelo cuidado em saúde. Entre as

22

cinco regiões há evidências de distinção de perfil epidemiológico e da realidade

socioeconômica da população (Campinas, 2014).

As informações sobre a população residente, classificadas por sexo e

faixa etária, foram obtidas por meio de consulta à página eletrônica da Secretária

Municipal de Saúde, através do Tabnet/Campinas, que disponibiliza os dados

populacionais do censo de 2010 e suas projeções para os outros anos, usando os

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A faixa etária selecionada para o estudo foi de 20 a 74 anos, ou seja,

envolvendo adultos e idosos, com base na Organização Mundial de Saúde (OMS)

que considera adulto o indivíduo a partir dos 20 anos de idade e na Lista de Causas

de Mortes Evitáveis (Malta, 2007), que designa a idade limite de 74 anos para a

classificação das mortes evitáveis.

As variáveis dependentes do estudo foram as taxas de mortalidade

associadas à Hipertensão Arterial Sistêmica e à Diabetes Mellitus, calculadas para

cada território das UBSs. Para o cálculo da taxa de mortalidade foram utilizadas as

bases de dados de óbitos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

Foram calculadas as taxas de mortalidade por cada ano do estudo: número de

óbitos pelas causas selecionadas no ano / população da faixa etária no ano

multiplicada por 100.000 habitantes. Foi calculada também, a taxa de mortalidade do

período (2010 a 2014) da seguinte forma: o numerador foi a média dos óbitos

ocorridos no período e o denominador a população do ano do meio do período (ano

de 2012) multiplicado por 100.000 habitantes.

A seleção de causas de morte consideradas evitáveis foi realizada

utilizando a Lista de Causas de Mortes Evitáveis (Malta et al., 2007). Os códigos

selecionados foram: Diabetes mellitus (E10 a E14), Doenças hipertensivas, exceto

hipertensão secundária (I10 a I13), Doenças isquêmicas do coração (I20 a I25),

Insuficiência cardíaca (I50), Doenças cerebrovasculares (I60 a I69), Aterosclerose

(I70).

Os óbitos analisados tiveram como causa básica os códigos citados,

segundo a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde,10a Revisão (CID-10). Incluiu-se no estudo apenas os óbitos de pessoas que

apresentavam o município como local de residência no atestado de óbito. No

23

período estudado, houve um total de 4521 óbitos, que atendiam aos critérios.

As variáveis independentes analisadas foram: estrato socioeconômico do

território de abrangência da Unidade Básica de Saúde de referência e cobertura

populacional por equipe de ESF.

A divisão de estratos socioeconômicos usados foi a mesma empregada

oficialmente nos dados de mortalidade emitidos pela Secretária de Saúde (SMS,

2011). A estratificação socioeconômica foi construída usando um conjunto de

informações do Censo Demográfico de 2000, as quais foram reorganizados, pela

Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por áreas de abrangência dos Centros de

Saúde. As variáveis selecionadas para realizar a estratificação socioeconômica da

população de cada área de abrangência dos Centros de Saúde foram renda e

escolaridade do responsável pelo domicílio. A escolaridade foi analisada a partir de

duas categorias: percentual de responsáveis pelo domicílio com menos de 1 ano e

com mais de 10 anos de estudo. Para o rendimento mensal, foram analisados:

percentual de responsáveis pelo domicílio que recebiam menos de 2 ou 10 salários-

mínimos ou mais. As áreas dos Centros de Saúde foram ordenadas segundo a

porcentagem que tiveram em cada indicador e classificadas hierarquicamente em

relação às condições socioeconômicas em três estratos socioeconômicos (alto,

médio e baixo, sendo que a divisão das áreas garantiu um terço da população do

município em cada estrato. Cada área socioeconômica foi considerada homogênea

(Lima, 2011).

Para estabelecer o índice de cobertura da população por equipe de Saúde

da Família, foi realizado o cálculo de divisão da população de cada Unidade pelo

número de equipes cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde (CNES) e feita a seguinte classificação: equipes responsáveis por até 4000

pessoas (limite considerado como aceitável, pelo Ministério da Saúde, para um bom

desempenho das equipes) e equipes responsáveis por mais de 4000 pessoas.

As análises descritivas foram feitas utilizando as taxas de mortalidade e

sua distribuição segundo sexo, idade e grupos de causas.

A análise estatística, foi realizada por meio de modelos mistos para

medidas repetidas, pelo procedimento PROC Mixed do programa SAS (Institute Inc.,

Cary, NC, USA, Release 9.2, 2010), usando a média das taxas de mortalidade. Em

24

seguida, as taxas de mortalidade do período foram classificadas em alta ou baixa

pela mediana (119,5) e analisadas as associações com estrato socioeconômico e

cobertura, pelo teste Exato de Fisher, estimando-se o odds ratio com os respectivos

intervalos de 95% de confiança. Em todos os testes foi considerado o nível de

significância de 5%.

Resultados

No período de 2010 a 2014, neste município, ocorreram 17677 óbitos,

sendo que 64% foram de indivíduos do sexo masculino. As causas circulatórias

foram a principal causa de óbito nos homens (27,5%) e, nas mulheres foram as

doenças neoplásicas (29,9%).

Do total de óbitos para a faixa etária, 4521 (25,6%) foram considerados

como mortes evitáveis por causas associadas à hipertensão e à diabetes.

A taxa de mortalidade pelas causas evitáveis foi maior em todos os anos

para o sexo masculino, sendo que os óbitos em homens corresponderam a 63,2 %

do total. No período a taxa de mortalidade foi de 155,6 para o sexo masculino e 83,0

para o feminino. Para ambos os sexos, houve uma queda da taxa ao longo dos

anos, com exceção do ano de 2011 para o sexo feminino, em que houve um

aumento (Figura 1).

25

180,4

151,8

82,878,1

125,5

113,3

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

2010 2011 2012 2013 2014

Masculino Feminino Total

Figura 1: Taxa de Mortalidade Evitável (aparelho circulatório e diabetes), segundo sexo, na faixa

etária de 20 a 74 anos, Campinas, 2010-2014.

A figura 2, mostra a distribuição dos óbitos de acordo com as causas

básicas. As mortes por Doenças Isquêmicas do Coração foram as mais prevalentes

(53,7%), seguido pelas Doenças Cerebrovasculares (25,7%).

10%

6%

54%

4%

26%

Diabetes Mellitus Doenças Hipertensivas Doenças Isquêmicas do Coração

Aterosclerose Doencas Cerebrovasculares

Figura 2: Distribuição de óbitos evitáveis de acordo com a causa básica, Campinas, 2010-2014

26

A frequência de mortes evitáveis aumentou com a idade, com uma taxa

de 2,0 na faixa etária de 20-24 anos e de 872,7 (por 100000 habitantes) dos 71-74

anos (Figura 3). A distribuição destas mortes, segundo o ciclo de vida de acordo com

a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostra que 40,3 dos óbitos

ocorreram na população adulta e 59,7 na população idosa.

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

900,0

1000,0

20-24 25-30 31-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 71-74

TM

Figura 3: Taxa de mortalidade evitável associada à HAS e DM por faixa etária

Na tabela 1 são apresentadas as médias e desvios padrão das Taxas de

Mortalidade Evitável em função do ano, da cobertura, e do estrato socioeconômico.

Não houve interação significativa entre os fatores, uma vez que a análise não

mostrou diferença significativa entre os anos (p=0,4114), nem entre estratos

(p=0,1138) e cobertura (p= 0,4608).

27

Tabela 1. Média e desvio padrão da Taxa de mortalidade evitável em função da

cobertura, estrato e ano avaliado.

Cobertura Ano Estrato

Baixo Médio Alto

N Média(dp) N Média(dp) N Média(dp)

Até 4000

2010 19 125,5 (39,3) 6 124,9 (53,1) 2 92,0 (76,6)

pessoas 2011 19 137,6 (57,4) 6 119,7 (42,0) 2 65,6 (12,2)

2012 19 129,2 (32,2) 6 100,1 (55,2) 2 73,4 (52,7)

2013 19 116,4 (41,3) 6 162,2 (36,3) 2 129,8 (83,2)

2014 19 150,1 (90,1) 6 142,9 (47,5) 2 126,0 (66,7)

> 4000 2010 11 94,8 (50,6) 14 124,8 (47,5) 10 112,3 (29,0)

pessoas 2011 11 116,0 (58,6) 14 122,4 (50,9) 10 112,4 (32,8)

2012 11 116,5 (52,8) 14 122,7 (42,7) 10 109,7 (43,2)

2013 11 117,7 (38,2) 14 139,4 (44,8) 10 88,5 (31,6)

2014 11 83,7 (36,1) 14 129,0 (37,4) 10 101,8 (47,2)

Quando as taxas de mortalidade foram classificadas em baixa e alta pela

mediana (tabela 2), observou-se associação significativa entre a taxa de mortalidade

evitável e o estrato socioeconômico, sendo que as Unidades Básicas de Saúde

cujos territórios são classificados nos estratos socioeconômicos médio e baixo têm,

respectivamente, 9,28 (IC95%: 1,57-54,80) e 5,71 (IC95%: 1,07-30,62) vezes mais

chance de apresentar alta taxa de mortalidade evitável do que as de estrato alto.

Tabela 2. Análises bivariadas das associações do estrato socioeconômico, cobertura e a taxa de

mortalidade evitável

Variável Nível Taxa de mortalidade *OR (#IC95%) p-valor

N(%$) Baixa Alta

N(%&) N(%&)

Estrato Baixo 30 (48,4) 14

(46,7)

16 (53,3) 5,71 (1,07-30,62) 0,0419

Médio 20 (32,3) 7

(35,0)

13 (65,0) 9,28 (1,57-54,80) 0,0326

Alto 12 (19,4) 10

(83,3)

2 (16,7) Ref

Cobertura Até 4000

pessoas

27 (43,6) 12

(44,4)

15 (55,6) 1,48 (0,54-4,07) 0,4430

>4000 35 (56,4) 19

(54,3)

16 (45,7) Ref $Porcentagem em relação ao total; &Porcentagem na linha; * Odds ratio; #Intervalo de 95% de confiança

28

Discussão

O uso das mortes evitáveis como indicador de qualidade da atenção não

é muito comum no Brasil, porém contribui na identificação de fatores associados à

mortalidade, bem como ser usado como indicador da qualidade dos serviços de

saúde (Abreu, 2007). O presente estudo utilizou a taxa de morte evitável para

verificar a distribuição das mortes em um município de grande porte e analisou a

influência dos fatores socioeconômicos e de cobertura das equipes de Saúde da

Família na mortalidade causada por doenças cardiovasculares.

Do total de óbitos do período, pouco mais de um quarto foram por mortes

evitáveis associadas à hipertensão ou à diabetes. Por serem consideradas evitáveis,

estas mortes indicam haver falhas no acesso e no cuidado, e poderiam ter suas

taxas reduzidas se os elos da linha de cuidado estivessem funcionando de maneira

adequada, diminuindo o impacto econômico e social causado por estas mortes

(Malta et al., 2007).

A taxa de mortalidade no sexo masculino foi superior à do sexo feminino,

corroborando outros estudos que verificaram que as mulheres, geralmente, têm um

estilo de vida mais saudável, com menor prevalência de tabagismo e alcoolismo.

Além disso, tradicionalmente as mulheres buscam mais os cuidados em saúde do

que os homens, tanto em ações preventivas quanto no acompanhamento de

tratamentos (Laurenti, 2005; Abreu, 2007; Abreu, 2009).

A maior taxa de mortalidade pelas causas selecionadas ocorreu entre

pessoas com mais de 60 anos, o que reflete o aumento do risco de morte na medida

em que a população envelhece. Nesta faixa etária, a própria idade passa ser o

principal fator de risco, pois as alterações morfológicas e funcionais próprias do

envelhecimento e a presença de comorbidades aumentam os riscos de doenças

cardiovasculares (Miranda et al., 2002). Entretanto, aproximadamente 40% das

mortes ocorreram em adultos, que ainda teriam, potencialmente, muitos anos de

vida. Este achado ressalta a importância da implantação de estratégias que

permitam a prevenção destas mortes precoces, as quais trazem graves

consequências socioeconômicas e propagam a pobreza (Bassanelli et al., 2008).

As doenças isquêmicas do coração e as cerebrovasculares são as

principais causas de óbitos por doenças cardiovasculares em todo o mundo

29

somando 12 milhões de óbitos anuais (OPAS, 2003). Neste estudo, a taxa de

mortalidade por doenças isquêmicas do coração (I20 a I25) foi a maior entre as

causas selecionadas, ultrapassando as taxas por causas cerebrovasculares (I60 a

I69). Em estudo que comparou a mortalidade por causas cardiovasculares do Brasil

e da região metropolitana de São Paulo, as doenças isquêmicas tiveram maiores

taxas, semelhante ao que acontece na Europa Ocidental e Estados Unidos, ou seja,

um padrão mais próximo ao dos países desenvolvidos (Mansur e Favarato, 2012).

Miller et al., em 2012, ao analisar duas séries históricas no Estado do Paraná,

também encontraram os mesmos resultados.

A associação significativa entre a mortalidade e os estratos

socioeconômicos verificada neste estudo, demonstra que em locais com piores

condições de vida, o índice de mortalidade é maior, resultado também encontrado

em outros estudos (Ishitani et al., 2006; Bassanelli et al., 2008; Nogueira et al, 2009).

Indicadores socioeconômicos (renda e escolaridade) da área de residência têm

muita importância na determinação da saúde das pessoas, não sobrepujando os

fatores individuais que predispõem a doenças, mas somando-se a eles. Isto implica,

tanto na disponibilidade e acesso aos serviços de saúde, como em ofertas de outras

políticas públicas como educação, saneamento e lazer (Diez Roux, 2007). A

influência do território na determinação da saúde também inclui o acesso às

informações de saúde, disponibilidade de uma alimentação saudável, estímulo aos

hábitos de não fumar e beber e orientação quanto à atividade física. A falta de

infraestrutura comunitária influencia a saúde de toda a população daquela área, e

não apenas a das famílias em situação mais precária. Assim, o espaço socialmente

construído pode ser entendido como um mediador entre as condições de vida e as

condições de saúde de uma população (Barata, 2006).

Com relação a verificação de alta taxa de mortalidade entre pessoas do

estrato socioeconômico médio, este estudo não pode responder com rigor esta

questão. Uma hipótese que pode ser levantada e investigada posteriormente, é que

a composição etária do estrato médio pode ter influenciado este achado.

Outro dado interessante deste estudo foi a não associação entre a

mortalidade e a cobertura pelas ESF. Equipes com cobertura adequadas, devem ser

capazes de dar melhores respostas no enfrentamento às condições crônicas da

população, oferecendo um acesso oportuno e ações de cuidado integral, porém,

30

este estudo não conseguiu confirmar tal associação. Um estudo que comparou a

cobertura de PSF da população com a morbidade por insuficiência cardíaca e

acidente vascular cerebral das cidades do estado de São Paulo, também não

conseguiu verificar associação entre estes fatores (Lourenço, 2013). Possivelmente

outros delineamentos de estudo e uso de outras variáveis sejam mais eficazes para

fazer a associação da cobertura das ESF com a saúde da população.

O uso de dados secundários, como neste estudo, pode ocasionar

algumas limitações, tais como o preenchimento incorreto da causa do óbito,

codificação incorreta, sub registro, perdas no fluxo de informações desde o

preenchimento do atestado até a disponibilização das informações, entre outras.

Porém, o município pesquisado, neste período do estudo, apresentou apenas 2% de

declarações de óbito preenchidas como “causas mal definidas”, o que indica

fidedignidade no registro dos dados (Laurenti, 2004).

Diante da possibilidade de diminuir o número de óbitos evitáveis através de

maior acesso à atenção em saúde e de um cuidado integral e contínuo, fica clara a

importância deste estudo, pois ao se analisar a influência dos fatores

socioeconômicos nesta mortalidade, pode-se implementar ações, recursos e

esforços nas regiões mais precárias. Importante lembrar que para que esta redução

seja concretizada, são necessários também, investimentos em outras políticas

públicas, que sejam capazes de diminuir as desigualdades em saúde.

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Disponível em http://2009.campinas.sp.gov.br/saude/.

11 Malta DC, Duarte EC. Causas de morte evitáveis por ações efetivas dos serviços

32

de saúde: uma revisão da literatura. Ciência e Saúde Coletiva. 2007; v. 12, n. 3,

p.765-776.

12 Organização Mundial da Saúde. Classificação Estatística Internacional de

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2004; 9(4): 909-920.

34

3 CONCLUSÃO

Conclui-se que o Município de Campinas apresentou, no período de 2010 a

2014, 4521 mortes evitáveis associadas à Hipertensão Arterial Sistêmica e à

Diabetes Mellitus (25,6%), significativamente associadas aos estratos

socioeconômicos, sendo que as taxas de mortalidade foram mais altas nos estratos

médio e baixo, confirmando a influência dos fatores socioeconômicos. As mortes

evitáveis são um grave problema de saúde pública, gerando consequências sociais

e econômicas, e podem ter sua ocorrência diminuída pela ação efetiva dos serviços

de saúde.

35

REFERÊNCIAS*

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39

ANEXO 1 – Lista de Causas de Mortes Evitáveis

40

41

42

ANEXO 2 – Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa

43

ANEXO 3 – Submissão do artigo ao periódico