Monografia Roberta
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1 INTRODUÇÃO
O mercado apresenta-se como um sistema formado por vários
segmentos, dentre eles encontra o sistema turístico (BENI, 2004). O turismo, por sua
vez, divide-se subsistemas turísticos voltados a suprir as necessidades dos viajantes
que se deslocam buscando atender objetivos diversos, o que podemos chamar de
modalidades de turismo. Essas modalidades são decorrentes das diversas
motivações de viagens, bem como por fatores subjetivos de cada consumidor, como:
educação, status social, faixa etária, sexo, etc. A segmentação visa dividir o
mercado em “pequenas fatias”, auxiliando as empresas a ajustar seus produtos as
necessidades e anseios do público alvo. Surgem então os tipos de turismo dentre os
quais está o turismo de terceira idade ou turismo da melhor idade, que compreende
pessoas com mais de 60 anos, aposentadas, com filhos adultos e condições
financeiras favoráveis para usufruir o tempo livre e investir em melhoria de vida
(MOLETTA, 1999).
Atualmente, com o avanço da tecnologia, da ciência e da medicina a
população idosa está vivendo mais e melhor. O crescimento desse grupo significa
que existem milhões de consumidores que estão à disposição do mercado turístico,
em busca de novos conhecimentos, culturas, integração com o meio ambiente,
lazer, saúde, etc.
De acordo com FREIRE (1997, p.63), “dentre as atividades de lazer a de
turismo é considerada uma das mais completas”. Essa afirmação permite descrever
a importância do turismo para o grupo de terceira idade, no qual é oferecido ao
idoso: sociabilidade, o conhecimento e alteridade. Ou seja, o turismo propiciará a
terceira idade diversão e conhecimento como também interações sociais e novas
experiências, conseqüentemente, melhoraram a qualidade de vida desses
indivíduos.
Entretanto, para atender esta demanda, é necessário que o trade turístico
ofereça serviços e produtos compatíveis com a necessidade do público idoso. O
setor de hospedagem, por sua vez, deve oferecer dispositivos hoteleiros adequados
que visem o conforto, a comodidade e segurança do cliente, além de proporcionar
atendimento especial e preferencial. É necessário ressaltar que o setor hoteleiro
juntamente com os demais setores turísticos – agências, restaurantes, companhias
12
aéreas, etc – devem trabalhar em sociedade para garantir a satisfação dessa
clientela.
Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo principal o estudo
sobre as adaptações do HOTEL SESC OLHO D’ÁGUA e a verificação das
condições necessárias para agregar o turismo da melhor idade como forma de
incremento durante a baixa estação. Especificamente, apresentaremos a demanda
do segmento de terceira idade; descreveremos a estrutura física e organizacional do
hotel, identificando as adaptações existentes para receber o público de terceira
idade e verificando se os produtos e serviços oferecidos estão compatíveis para
esse tipo de demanda turística. Essa delimitação do objetivo está voltada para a
seguinte questão. O hotel SESC Olho D’Água tem condições física e organizacional
de agregar o turismo da melhor idade e incrementá-lo como solução alternativa
durante a baixa estação?
Dado o exposto cabe afirmar que a importância deste estudo reside na
possibilidade de verificar se o estabelecimento possui serviços e produtos
compatíveis para atender este tipo de segmento, que pode vir a se tornar uma
solução viável para aumentar a taxa de ocupação durante a baixa estação,
diminuindo os efeitos da sazonalidade no empreendimento.
Vale apontar que sua metodologia deu-se através de uma pesquisa
aplicada e descritiva, sendo sua abordagem de natureza quantiqualitativa. Sobre a
coleta e analise de dados, utilizou-se a investigação bibliográfica, documental e de
campo, onde foram observadas as condições físicas e organizacionais do
estabelecimento.
O presente estudo encontra-se dividido em oito capítulos: segmento de
mercado: o produto turístico para um público específico; compreendendo a terceira
idade; acessibilidade, o setor hoteleiro e adequação dos meios de hospedagem,
apresentação do Hotel SESC Olho D’Água, metodologia do estudo, análise dos
dados e discussões e as considerações finais do trabalho.
Inicialmente, o segundo capítulo propõe descrever o que seja a
segmentação, por que as empresas escolhem segmentar seus produtos e os
benefícios que tal estratégia propicia tanto para a empresa quanto para os
consumidores. Também, é possível assinalar a segmentação turística e suas
especificidades comparadas com os demais produtos do mercado, as motivações
13
que levam as pessoas a escolha de tal produto e a importância do marketing para a
divulgação do produto turístico, inclusive para o produto hoteleiro.
Quanto ao terceiro capitulo, será salientado o público da terceira idade,
suas especificidades, bem como as motivações que o leva a procura dos produtos
turísticos ou atrativos diferenciados, onde será confrontada a importância do turismo
para a terceira e vice-versa.
O quarto capítulo fala sobre o conceito de acessibilidade, suas origens e
aplicações. Apresenta também as leis e normas criadas que vigoram no Brasil e
garantem os direitos das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
O quinto capítulo faz uma breve descrição da hotelaria e as suas
ramificações, possibilitando um melhor entendimento desse campo. Além disso,
serão apresentadas algumas normas e leis vigentes no país direcionados aos
equipamentos turísticos e meios de hospedagens que garantem acessibilidade
àqueles que possuem alguma restrição locomotora ou deficiência, focando
primordialmente nas adequações necessárias para atender o público da melhor
idade.
No sexto capitulo descreve-se o objeto do estudo. Apresenta-se um breve
histórico do surgimento e atuação do SESC no Brasil , bem como sua presença no
maranhão. Faz-se também uma descrição do Hotel SESC Olho D’Água, objeto deste
estudo.
O sétimo capitulo aborda a metodologia utilizada para o desenvolvimento
deste trabalho.
No oitavo capítulo refere-se às análises dos dados de pesquisa e
discussão dos resultados, onde será verificado as informações obtidas com relação
ao Hotel Sesc Olho D’Água: capacidade estrutural e organizacional, bem como os
equipamentos que o mesmo possui para receber tal grupo.
No nono e conclusivo capítulo, pode-se observar a importância desse
estudo para o HOTEL SESC OLHO D’ÁGUA e sua colaboração efetiva capaz de
reduzir as lacunas provocadas pela sazonalidade, indicando novas possibilidades de
atendimento e receptividade de um público tão seletivo que é a terceira idade.
14
2 SEGMENTO DO MERCADO: O PRODUTO TURÍSTICO PARA O PÚBLICO
ESPECÍFICO
Atualmente, com a expansão da globalização e o surgimento de novas
tecnologias, o mercado tornou-se competitivo e acirrado. A busca por produtos e
serviços de qualidade e com preços acessíveis fizeram com que as empresas
adotassem uma nova estratégia de marketing: a segmentação de mercado. Tal
estratégia visa a procura de um público especifico ou grupo de clientes que
apresente determinadas características, preferências e objetivos similares.
Wanderley (2004) detalha de forma mais ampla as peculiaridades dos
consumidores comparadas com os produtos oferecidos:
A existência de diferenças significativas entre os consumidores em termos de gostos, desejos, necessidades, personalidade, comportamento, características geográficas e socioeconômicas, determinam diferentes sistemas de consumo, levando as pessoas a desenvolverem atitudes distintas em relação aos produtos que lhes são ofertados (WANDERLEY, 2004, p. 14).
Conhecendo tais particularidades, as empresas buscam satisfazer os
desejos dos consumidores, nivelando os serviços e produtos de acordo com as suas
necessidades e conseqüentemente garantindo a fidelização para com a empresa. A
empresa, por sua vez, usa como estratégia de marketing os benefícios que tal
produto ou serviço possa oferecer ao comprador, de forma que chamem a atenção
pela diferenciação, diversificação, preço e promoções.
A estratégia de marketing envolve elementos essenciais nos quais
auxiliam na escolha de segmentação do produto e, por conseguinte, no seu
sucesso, como análise de mercado: a descoberta daquilo que o consumidor deseja;
o planejamento do produto: o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos serviços; a
publicidade e propaganda; informações aos consumidores sobre o produto que
deseja comprar; canais de distribuição: orientações sobre onde e como comprar o
produto; e preço: valores atribuídos à venda do produto, de forma que a empresa
alcance o objetivo principal, o lucro.
Dessa forma, observa-se que no setor turístico essa concepção não é
diferente. O que irá determinar o tipo de produto ou serviço prestado pela empresa
turística será a demanda do público especifico. Logo, as necessidades e anseios
que levam a escolha do produto turístico - busca de status, fuga do cotidiano,
descanso, conhecimento de novas culturas, etc. - orientará uma demanda que
15
procura de certa forma um objetivo em comum, algo mais personalizado e
direcionado que vai ao encontro de suas expectativas.
Beni (2003) define e avalia a importância da segmentação para o
mercado de turismo como:
[...] a técnica estatística que permite decompor a população em grupos homogêneos, e também a política de marketing que divide o mercado em partes homogêneas, cada uma com seus próprios canais de distribuição, motivações diferentes e outros fatores. Essa segmentação possibilita o conhecimento dos principais destinos geográficos e tipos de transporte, da composição demográfica dos turistas, como faixa etária e ciclo de vida, nível econômico ou de renda, incluindo a elasticidade-preço da oferta e da demanda, e da sua situação social, como escolaridade, ocupação, estado civil e estilo de vida (BENI, 2003, p. 153).
Surgem então os chamados “novos segmentos de mercado” ou “nichos
de mercado”, que constituem vários benefícios empresa x cliente como: ampliação
da oferta de produtos específicos, maior proximidade entre estes e consumidores,
satisfação com os produtos oferecidos, aumento da concorrência no mercado,
empresas deixam de trabalhar em um mercado geral e passam a melhor direcionar
seus recursos e produtos, criam-se novas formas de publicidade e políticas de
preços. Com o aparecimento desses novos nichos torna-se possível adotar vários
critérios de classificação de acordo com as características do produto a ser ofertado.
Aliando esses critérios às estratégias de marketing estudadas pelo mercado, é
provável conhecer as destinações do cliente e o seu o perfil (idade, capacidade de
compra, motivações, status social, etc.). Ao mesmo tempo, pode-se estabelecer o
ciclo de vida do produto e o preço da oferta e demanda.
Assim, dentro da segmentação, cabe atender a um conjunto homogêneo,
o qual se chama mercado-alvo ou demanda especifica. Saber qual será demanda
real auxilia a empresa a definir quais produtos serão ofertados. A demanda é
definida como “a quantidade de um produto ou serviço que as pessoas estão
dispostas a comprar por cada preço deste produto ou serviço. Existe, portanto, uma
relação entre preço de mercado e quantidade demandada (IGNARRA, 2003, p.26)”.
a demanda turística pode ser segmentada a partir de vários critérios, tais como: a
idade, tipos de acompanhamento, nível de renda, âmbito geográfico, duração da
viagem, motivação da viagem, local de pratica do turismo e os meios de transporte.
Cobra (1992) também aponta alguns requisitos devem ser levados em
consideração no momento em que a empresa segmentar seu produto: deve-se definir quem
está dentro ou fora do segmento; um segmento precisa evidenciar um potencial atual ou uma
16
necessidade potencial; ser economicamente acessível; reagir aos esforços de marketing e ser
estável; segmentos que surgem e desaparecem não são interessantes. Uma boa segmentação
envolve a divisão do mercado por uma sucessão de variáveis. Ainda, o autor apresenta as
bases mais conhecidas para a segmentação de um mercado, conforme quadro 1:
Quadro 1: bases para segmentação do mercado.
Localização geográfica Cidades, regiões, estados, países, etc.
Características demográficas Idade, sexo, sub-cultura, estado cível,
raça, religião, etc.
Características socioeconômicas Renda familiar, profissão, educação, etc.
Características psicológicas Personalidade, atitudes, estilo de vida.
Características relativas ao tipo de
produto
Durabilidade, benefícios, configuração.
Comportamento consumidor Motivo de compra, influencias, taxa de
uso do produto, como a compra é feita,
etc.
Fonte: Cobra, 1997, p. 74
Além disso, Cobra (1997) enfatiza que o conhecimento e identificação de
um determinado grupo de clientes demandam uma pesquisa profunda do mercado
através das bases para segmentação. São estas que buscam identificar grupo de
pessoas com características e comportamentos razoavelmente similares para efeito
de compra, e que permite adequar os produtos de acordo com as exigências e
necessidades dos compradores.
Todos os critérios podem ser combinados entre si de inúmeras formas, ou
seja, quando uma empresa turística decide segmentar seu produto, ela não usa
exclusivamente uma forma de segmentação, ela apenas foca mais em um
determinado segmento sem deixar de lado os demais já trabalhados. Por exemplo,
uma pousada rural - situada perto de rios, cachoeiras, fauna e flora diversificadas -
pode agregar além do turismo rural, outros segmentos como turismo de lazer, de
descanso, de aventura, ecológico, etc. O que vai decidir tal segmentação utilizada
por uma empresa será o foco na demanda e suas principais motivações e
conseqüentemente no produto que ela irá comercializar.
2.1 O Produto Turístico
17
O produto turístico nada mais é que o conjunto de serviços, atrativos,
infra-estrutura, atividades, transportes, hotelaria, restaurantes e equipamentos
devidamente organizados e oferecidos por uma localidade turística que visa atrair o
público visitante durante um período determinado tempo.
Ignarra (2003) define cada componente do produto turístico, onde os
quais isoladamente não possuem valor, mas quando agrupados formam o produto.
Na figura 1 é possível observar, segundo a definição de Ignarra (2003) o produto
turístico e seus componentes.
O consumidor vai de encontro as suas necessidades, buscando satisfazer
suas necessidades através dos produtos apresentados pelo mercado turístico,
sendo a sua motivação o principal fator determinante das características do produto.
Pimenta e Richers (1991) destacam um quadro de comparações entre
produto turístico e produto industrial, onde são determinadas características do
produto:
Quadro 2: comparações entre produto turístico e produto industrial.
Bens e produtos Produto turístico
18
Fonte: IGNARRA, 2003, p. 50.Figura 1: O produto turístico e seus componentes.
São materiais, tangíveis e podem ser
avaliados previamente por uma amostra.
É matéria e intangível, podendo ser visto
antes da compra por meio de sua
viagem.
A produção ocorre, em geral,
anteriormente ao consumo e em local
distinto.
A produção e o consumo ocorrem no
mesmo lugar.
Em geral, podem ser transportados. É necessário que o turista se desloque
até o produto, que não pode
transportado.
Podem ser estocados e vendidos a
posteriori.
Não pode ser estocado. Se não for
vendido, é perdido.
Passiveis de controle de qualidade Dificilmente sua qualidade pode ser
controlada.
Não há, necessariamente, uma relação
de complementaridade entre os
produtos.
Existe complementaridade entre os
elementos que compõem o produto
turístico.
Demonstram ocorrência menos de
sazonalidade.
É mais suscetível à sazonalidade.
São mais fáceis de serem adaptados às
alterações do publico consumidor.
É estático, ou seja, é impossível mudar
sua localização, e é difícil alterar suas
características.
São passiveis a transferência por venda
ou doação a outro consumidor.
Uma vez adquirido, não pode ser
vendido novamente pelo turista.
Passam a ser uma propriedade do
consumidor.
Não passa a ser propriedade do
consumidor pela compra. O turista, por
exemplo, não leva consigo o hotel, mas
sim fotos e recordações.
Fonte: PIMENTA E RICHERS, 1991, p.18
Ambos os autores destacam bem as características dos produtos
turísticos e os comparam com os demais produtos, sempre levando em
consideração as exclusividades e especificidades de cada produto. Dessa forma, o
trade turístico de uma localidade pode se adequar de acordo com a clientela, pois
19
conhecendo o tipo de segmentação ou o mercado potencial, a empresa conseguirá
atingir sucesso, lucratividade e conquistará uma fatia do mercado. Logo, o produto
ou serviço oferecido deve garantir a satisfação dos consumidores, onde
conseqüentemente haverá fidelização e uma boa propaganda por parte deles.
Entretanto, para isso, é imprescindível entender o motivo que leva uma
pessoa a se deslocar de sua cidade, a fazer turismo, bem como a identificação do
tipo de turismo que as pessoas desejam fazer, são fundamentais para o sucesso e
desenvolvimento dos produtos turísticos. É importante compreender que a
motivação é uma força que impulsiona a pessoa a optar por quais caminhos seguir
em busca de suas metas. O impulso é que leva as pessoas à escolha de tal produto,
e podem ser motivados por diversos fatores. Esses fatores são que as direcionam a
satisfazer suas necessidades. Por sua vez, as necessidades variam de acordo com
os níveis hierárquicos das motivações.
Beni (2004) faz uma comparação entre a teoria da motivação de Abraham
Maslow (apud Beni, 2004), enfatizando o que motiva uma pessoa a viajar, a procurar
tal atrativo:
“Necessidades fisiológicas: sol, praia, ar puro, alimentação, sexo e outras; necessidades de proteção: segurança, estabilidade, ordem; necessidades de amor: identificação, afeto por amigos e familiares; e necessidades de auto-estima: prestígio, êxito, respeito e outras” (MASLOW, 1943, p.50 apud BENI, 2004, pág. 252).
A necessidade humana nada mais é que um estado de privação de
alguma satisfação básica. As pessoas precisam de alimentação, moradia,
vestuários, segurança, etc. Essas necessidades não podem ser criadas por
empresas, elas são inerentes das condições humanas, partindo do interior para
exterior. Na teoria motivacional de Maslow (apud Beni, 2004), as necessidades são
agrupadas de acordo com o grau de importância, onde se classificam das mais
urgentes para as menos urgentes. À medida que cada necessidade é saciada, a
necessidade seguinte mais importante ocorrerá. Ou seja, quando as necessidades
fisiológicas começam a ser satisfeitas passa a existir a necessidade de segurança e
assim consecutivamente até a última escala hierárquica de Maslow. Na figura 2 fica
explicito os cinco níveis hierárquicos.
20
Kotler (1998, p. 173) afirma que “A teoria de Maslow ajuda [...] a entender
como vários produtos se ajustam aos planos, metas e vidas de consumidores
potenciais”. Na verdade, são as características dos consumidores que determinam o
tipo de produto a ser comercializado, as empresas vão à procura dessas
características, ajustando-se de acordo com as necessidades e anseios.
Para que um segmento turístico seja específico e se converta em unidade
de atuação para as estratégias de marketing, o mesmo deve reunir uma serie de
requisitos: homogeneidade em agrupar seus compradores, ser substancialmente
rentável, acessível, adequação e quantificação em relação ao que se é ofertado e
capacidade de resposta.
A empresa que decide atuar em um mercado específico, principalmente
direcionado a terceira idade, necessita entender e compreender tal segmento, quem
são estes turistas? Quais as motivações que os levam a escolha do produto
turístico? Quais as opções para atendimento a essas motivações?
2.2 O hotel como produto turístico.
21
Fonte: adaptação de MASLOW, 1943, p.50 apud BENI, 2004, p. 252.
Figura 2: Hierarquia das necessidades de Maslow.
A hotelaria, espinha dorsal do turismo (ANDRADE, 2004) tem como
principal função acomodar as pessoas e oferece-lhes condições básicas que
atendam suas necessidades e expectativas.
Torre (2001, p. 29) define o meio de hospedagem como “uma instituição
de caráter público que oferece ao viajante alojamento, alimentação e bebida, bem
como entretenimento e que opera com a finalidade de obter lucro”.
A indústria hoteleira não visa apenas atender as necessidades básicas do
hóspede (alimentação alojamento), também procura encantá-lo, apresentando
serviços de qualidade e com excelência.
Segundo Castelli (2003, p. 24) o hotel tem como objetivo comum oferecer
o melhor para hóspede: “o melhor serviço, o melhor atendimento, melhor preço, a
melhor satisfação. O hóspede procura os serviços hoteleiros em busca de conforto,
segurança, entretenimento, alimentação, descanso, etc”.
Por conseguinte, o principal produto a ser comercializado dentro de um
hotel é a acomodação e junto a ela estão atrelados diversos outros produtos e
serviços que são oferecidos no decorrer da estada do hóspede. A forma como é
ofertada esses produtos e serviços ao cliente é que irá definir o apelo da empresa,
ou seja, será a diferenciação destes que distinguirá um hotel de outro.
Estes produtos estão intrinsecamente ligados a prestação de serviços de
um hotel, onde todas as atividades executadas estão vinculadas ao propósito em
comum: a satisfação do cliente. Dentre as atividades pode-se citar: serviços de
quarto, lavanderia, eventos, frigobar, transfer, restaurante, cafeteria, etc.
O produto hoteleiro, por ter algumas características que lhe são próprias,
está exposto a diversas variáveis, principalmente a sazonalidade. Ela pode ser
representada pela baixa e alta temporada, em que se diferenciam por férias
escolares ou de trabalho, estações do ano, fins de semana, etc.
A sazonalidade gera diversas distorções no produto hoteleiro, o que
acarreta certos prejuízos a empresa, sobretudo nas diárias. O hotel passa a oferecer
tarifas de alta e baixa estação para conseguir atingir a meta financeira. Entretanto,
com os preços das diárias inferiores, o hotel corre o risco de baixar o nível de sua
clientela e consequentemente o nível do próprio estabelecimento. Para amenizar
esta situação, o hotel deve analisar o mercado, oferecendo promoções de diárias e
serviços no decorrer do ano, levando em consideração os momentos de menor e
maior fluxo de clientes. Vale lembrar que o objetivo do hotel é elevar a taxa de
22
ocupação, especialmente na baixa temporada, buscando atingir novos públicos e
aumentando o rendimento financeiro.
Assim, definir qual público o meio de hospedagem deseja alcançar,
requer um estudo sobre qual segmento deve atingir e para isto é necessário planejar
estratégias que se enquadram na preferência do público almejado.
No caso da terceira idade, é perceptível que quanto mais essas pessoas
apresentam preferências, hábitos e restrições, maiores se tornam a procura por
atrativos específicos, conseqüentemente, maior será a diversificação dos serviços e
produtos oferecidos pela hotelaria.
Segmentar na hotelaria, inclusive para o público em questão – terceira
idade – requer dos estabelecimentos uma preparação em conformidade ajustando
excelência, qualificação e oferta, de forma que propicie ao hóspede espaços de fácil
acesso e ambientes seguros e confortáveis.
A terceira idade, quando resolve escolher visita uma localidade turística,
propicia inúmeros benefícios, inclusive a redução da sazonalidade. A maioria do
público de terceira idade gosta mais de viajar no período de baixa estação, uma vez
que busca por locais sossegados, com boa estrutura, preços menores e uma gama
de promoções que as empresas turísticas oferecem nessa época, melhorando
assim, a oferta dos equipamentos turísticos nas baixas temporadas e diminuindo os
impactos econômicos negativos da sazonalidade.
Equivale destacar que a terceira idade ainda ajuda a diminuir os preços
das tarifas de hotéis, companhias aéreas, locadoras de carros e outros, gerando
descontos e promoções em certas épocas do ano.
3 COMPREENDENDO A TERCEIRA IDADE
23
Este capítulo tem por finalidade uma aproximação com o tema objeto
deste estudo, onde serão apresentados subsídios que permitam entender a terceira
idade e seus conceitos iniciais, bem como contextualizar o turismo para esta
segmentação e as motivações que os levam a praticar o turismo. Assim, serão
abordados aspectos inerentes ao processo de envelhecimento e ao turismo para a
melhor idade, as motivações turísticas e as principais dificuldades encontradas pelo
turismo para atender este segmento.
3.1 A terceira idade e suas especificidades
Inicialmente convém apresentar os inúmeros termos encontrados na
língua portuguesa que estão relacionados ao processo de envelhecimento: velhice,
velho ancião, idoso, decrépito, de terceira idade, de melhor idade, senil, dentre
outros. Contudo, se torna difícil definir e determinar quando uma pessoa pode ser
considerada idosa.
Araújo (2004, p. 98) enfatiza citações de diversos especialistas sobre o
conceito da velhice e, sobretudo de que “não é possível estabelecer definições e
terminologia universalmente aceitáveis, ou que encaixem perfeitamente em
situações, lugares e épocas distintas”. Logo, é possível observar que as questões
referentes ao idoso não são recentes e que decorrem de um longo processo
histórico - cultural e social. Todavia, cabe indagar a raiz histórica desse processo e o
que levou a sociedade a visualizar com mais seriedade a terceira idade.
Tal preocupação passou a ser considerada quando os idosos começaram
a ser inseridos no contexto social a partir da mudança de pensamento da população,
da valorização do idoso e da importância de seu papel na sociedade. Entretanto,
essa valorização – que havia sido esquecida por alguns anos – é notória desde a
Antiguidade, quando as pessoas mais velhas eram vistas como fonte de sabedoria e
conhecimento, eram consideradas guardiãs da cultura de sua tribo. Ainda, no
Império Romano o homem mais velho de um grupo familiar, por ocupar posição de
maior destaque, era o que tinha o poder decisório sobre as demais pessoas da
família. Apesar do valor ao mais velho, até o século XIX não existia diferenciação
alguma entre as faixas etárias. Até a idade moderna a criança era vista como um
pequeno adulto, sem quaisquer disparidades de tratamentos. É a partir da
classificação da infância que surgem as primeiras discussões sobre o ser humano
24
agrupado por categorias etárias. Esta, por sua vez, nada mais é que uma forma de
classificar as modificações ocorridas em uma sociedade (ZIMERMAN, 2000, p. 17-
39).
Daí surge à fase da velhice e a preocupação com este grupo social. Alem
disso, observar-se que as pessoas passaram a viver mais, havendo um aumento
expressivo na expectativa de vida e diminuição taxa de natalidade.
Diante desses fatos históricos, pode-se dizer que a terceira idade - ou
melhor idade como prefere ser chamados aqueles com mais de 65 anos - tinham
suas características ligadas a fragilidade, falta de saúde, limitações e acúmulo de
doenças. Tradicionalmente, eram atribuídas a essas pessoas atividades passivas
como assistir TV, tricotar, ajudar a cuidar dos netos, leitura, etc. Entretanto, esta
concepção vem mudando. Com o progresso da ciência e a mudança de costumes
que aumentam a expectativa de vida, o cenário se transformou. Análises
demonstram que atualmente o processo natural de envelhecimento não é um fator
impeditivo para a maioria das atividades cotidianas de um adulto de qualquer outra
idade. Mas como saber que uma pessoa encontra-se na terceira idade? Quais os
critérios necessários para determinar isto?
Salgado (1982) expõe que a velhice é uma etapa da vida onde em
decorrência da alta idade cronológica, ocorrem modificações de ordem
biopsicossocial que afetam a relação do indivíduo com o meio. Ou seja, o idoso
sofre alterações tanto biológicas – mutações do organismo, desgastes físicos e
psicológicos – quanto sociais - perda do papel profissional, exclusão familiar, crise
de identidade, diminuição do contato social, etc.
Na visão de Costa (1998) existem três critérios básicos no
estabelecimento da idade das pessoas, que implicarão na definição de velhice:
cronológico, biológico e pessoal. A idade cronológica (real) é obtida pela subtração
da data de nascimento com a data atual, sendo o desenvolvimento humano aferido
ao decurso do tempo. A idade biológica (etapa vital) é aquela estabelecida pelas
condições e modificações do organismo e suas funções. É a etapa que traz certas
limitações, da mesma maneira que as demais etapas da vida de um ser humano. A
idade pessoal (existencial) é aquela que a própria pessoa determina, é o que seu
“espírito sente”, é a sensação de estar com a idade respectiva.
A idade existencial também está relacionada ao somatório de
experiências pessoais acumuladas no decorrer dos anos. Já a idade cronológica
25
fora criada apenas para suprir as questões burocráticas, sendo considerada a mais
objetiva, já que independente de situações sócio – psicológicos. Além disso, a idade
cronológica torna-se abstrata, pois um grupo de pessoas com a mesma idade pode
apresentar características diferentes, aspectos funcionais, emocionais e psicológicos
variados.
Apesar de a idade cronológica ser a mais considerada, é importante frisar
que existem outros fatores que devem ser observados para definir uma pessoa
como idosa. Fatores estes que variam de acordo com a pessoa (biológicos,
psicológicos, mentais) e outros variantes do meio em que vive (sociais, econômicos
e culturais).
Acredita-se que por meio do conhecimento do processo de envelhecimento, será possível a sociedade olhar para idosos como pessoas tais quais as demais, apresentando especificidades próprias, apenas por estarem em diferente estágio de ciclo de vida (ARAÚJO, 2004, p. 27).
Assim, compreendendo a terceira idade e suas especificidades,
valorizando e respeitando o idoso como cidadão é possível inserir o turismo como
atividade que ampliará as possibilidades de aliar o lazer ao desenvolvimento
pessoal, criando assim produtos turísticos que atendam as suas necessidades e
anseios.
3.2 Turismo para melhor idade
O mercado turístico encontra-se dividido em vários segmentos, dentre ele
destaca-se o turismo direcionado para a terceira idade. Este tipo de turismo está
orientado para pessoas com mais de 60 anos, que apresentam condições
financeiras estáveis e dispõem de tempo livre (MOLETTA, 1999).
Já se foi à época em que essas pessoas eram consideradas sedentárias
e inativas, com inúmeros problemas de saúde e algumas limitações de
deslocamento. Hoje em dia, há uma preocupação maior com a importância da
atividade física e lazer, em que as pessoas estão estimuladas a valorização de
hábitos saudáveis, ao contato com a natureza e busca de novas culturas.
Pesquisas apontam que hoje em dia a taxa de mortalidade vem
diminuindo gradativamente, ou seja, a população está vivendo mais na terceira
idade. Tal crescimento constitui a existência de milhões de consumidores com mais
de 60 anos de idade a disposição do mercado, que procuram no turismo uma forma
26
de aliar o lazer à ocupação do tempo disponível para conhecer novos lugares e fazer
novas amizades.
Esse fator está explicito em censos estatísticos extraídos do IBGE (2000)
que demonstram o processo de envelhecimento da população e que isto vem
acontecendo de maneira acelerada e irreversível. No quadro 3 pode ser observado
características sócio – demográficas divididas pelas regiões Norte, Sul, Nordeste,
Sudeste e Centro-Oeste. Nestas características esta apontada a população idosa do
país com 14.621.060 habitantes, sendo que para cada região existe um percentual
equivalente. Assim, Região Norte detém 5,40% (789537,2 hab.); a Região Nordeste
com 27,50% (4020792 hab.); Região Centro-Oeste com maior percentual 46,00%
(6725688 hab.); Região Sudeste com 15,80% (2310127 hab.); e Região Sul com a
menor quantidade de pessoas idosas 5,30% (774916,2 hab.).
Vale ressaltar que o mito de que o Brasil é um país de jovens está sendo
quebrado. O Brasil deixa de ser um país predominantemente de jovens, estendendo-
se a uma faixa etária mais concentrada, a terceira idade. Tal acréscimo populacional
é decorrente da diminuição da fecundidade e da elevada taxa de crescimento
vegetativo no decorrer dos anos.
O IBGE (2000) ainda estima para o Brasil em 2050 terá mais de 56
milhões de pessoas com 60 anos ou mais; o que equivalerá a 28% da população
brasileira comparados com os 8,5% registrados em 2000, conforme demonstra a
figura 3 abaixo.
27
Quadro 3: Distribuição regional quanto as caracteristicas da população
brasileira.
Também
nota-se que
atualmente uma em cada dez pessoas tem sessenta anos ou mais. Já as projeções
para
2050
destacam que uma em cada cinco estará com sessenta anos ou mais. Assim, pela
primeira vez na história da humanidade, a quantidade de pessoas dessa faixa etária
será maior que a população infantil e jovem (IBGE, 2000). Em termos relativos,
observa-se o aumento da expectativa de vida da população idosa foi maior do que a
da população como um todo.
28
Figura 3: Pirâmide populacional do Brasil em 2000 com estimativas para 2025 e 2050.
A prática da atividade turística é significante para o bem-estar daqueles
que se encontram na terceira idade, trazendo diversos benefícios para esta
segmentação turística (MOLETTA, 1999), tais como:
Conhecimento: as pessoas nesta faixa etária estão mais
preparadas para absorver novas culturas. Por estarem desobrigadas de
compromissos sociais e familiares, elas investem na realização de seus
sonhos e na busca de experiências novas que possuam de alguma forma
significado para elas;
Alteridade: o contato com diversas pessoas de idades diferentes
propicia ao idoso a melhoria da auto-estima com a reconstrução da própria
imagem;
Sociabilidade: cada vez mais as pessoas estão à procura do
convívio social, do contato com novas pessoas de varias faixas etárias. O
turismo facilita a inclusão social do idoso na sociedade e elevando sua auto-
estima.
Por sua vez, a terceira idade apresentar ao turismo várias melhorias,
como:
Diminuição da sazonalidade: ocupação dos meios de
hospedagem e destinos turísticos na baixa estação. A maioria do público da
melhor idade procura lugares relativamente mais calmos, aliados as
promoções e preços mais acessíveis ofertados pelas empresas que
trabalham com atividade turística. Assim, o turismo pra melhor idade diminui
os impactos econômicos negativos provocados pela sazonalidade e melhora
a oferta dos produtos e serviços oferecidos na baixa temporada.
Melhoria e expansão dos meios de hospedagem: cada vez mais
se observa a ampliação da cadeia hoteleira nas localidades turísticas.
Surgem novos modelos de hotéis direcionados a atender esta segmentação
turística, como hotéis de lazer, spas, casas de saúde, pousadas, etc.
Qualificação da mão-de-obra local: para receber este público é
imprescindível uma gama de profissionais capacitados, com treinamento
especializado não só na área turística - garçons, arrumadeiras, cozinheiros,
etc. -, como também na área da saúde - médicos, enfermeiros, massagistas,
nutricionistas, etc.
29
Melhoria da infra-estrutura da cidade receptora: por ser um
turista extremamente exigente, o idoso observa as condições físicas da
localidade como saneamento básico e trade turístico (hotéis, restaurantes,
bares, atrativos, equipamentos, etc). A cidade então investe em melhoria dos
seus atrativos, na modernização da infra-estrutura, bem como na orientação
dos investidores do setor turístico e na própria comunidade, gerando novos
empregos.
Esta comparação - entre a importância do turismo para terceira idade e a
importância da terceira idade para o turismo - determina o quanto é viável investir
em uma localidade para atender um segmento como este. Bem como a facilidade de
se trabalhar com um público que sempre estar motivado a descobrir fatos novos,
outras culturas e lugares diferentes, ao contato com diversas pessoas, natureza,
religiosidade, etc.
A motivação, por sua vez, é uma das ferramentas imprescindíveis para a
determinação de localidade receptora, ou seja, é ela que impulsiona um turista a
visitar um determinado lugar. O turismo através das diversas segmentações que o
constitui, procura apresentar ao turista um leque de alternativas que vão de encontro
as suas necessidades e que o motiva a viajar. Mas o que leva um turista a escolher
e viajar para tal localidade?
Segundo Vaz (1999, p. 41), “é uma sensação ou circunstância de pressão
sobre o indivíduo, que o leva a viajar. Essa pressão pode ser analisada sob três
aspectos: Fonte Motivadora, Grau de Escolha e Natureza da Pressão.”.
Fonte Motivadora: Divide-se em pressão pessoal (vontade de
conhecer uma determinada localidade ou de viajar por problemas de saúde);
familiar (visitas a parentes, casamentos, aniversários); social (participação em
grupos comunitários, esportivos, associativos em geral) e organizacional
(viagens por obrigações profissionais).
Grau de Escolha: A necessidade de viajar surge desde a livre
escolha, quando não existe nenhum fator condicionante exterior, passando
por diversas etapas intermediárias de opções de negociação, até a completa
incerteza que uma obrigatoriedade impõe.
Natureza da Pressão: Está relacionada diretamente às
necessidades e aos desejos que definem os motivos. Maslow definiu as
diversas necessidades que as pessoas apresentam em cinco categorias
30
dentro de uma visão hierárquica: necessidades fisiológicas (fome, sono, sexo
e assim por diante); necessidades de segurança (estabilidade, ordem);
necessidades de amor e pertinência (família, amizade); necessidades de
estima (auto-respeito, aprovação); necessidades de auto-atualização
(desenvolvimento de capacidades).
Observa-se que existe inúmeros fatores determinantes para
complexidade da motivação de um turista em escolher uma localidade, ficando
explicito que o turismo depende das motivações das pessoas, bem como de suas
necessidades e anseios que as levam a visitar tal ambiente.
Para o público de terceira esta concepção não fica tão obstante. Os
idosos buscam atrativos bem específicos, geralmente direcionados a saúde, lazer,
recreação, cultura, ecologia e eventos.
Segundo Moletta (1999) os atrativos mais visitados por esse segmento
são:
Atrativos relacionados a saúde: atrativos que garantem uma
melhoria na qualidade de vida. Termalismo e balneários hidroterápicos –
banhos diversos, como o de lama e areia, saunas, duchas, piscinas. Também
existem casas de spas, hospitais geriátricos, etc.
Atrativos culturais: as pessoas viajam a fim de conhecer novas
culturas e trocar experiências. Visitam atrações ligadas ao patrimônio cultural
como museus, monumentos e prédios históricos. A gastronomia local também
é apreciada por turistas que desejam degustar a culinária e conhecer
profundamente suas raízes.
Atrativos naturais ou ecológicos: o contato direto com a
natureza, a fauna e flora de uma região. Valoriza os hábitos saudáveis das
pessoas.
Atrativos de recreação: são os mais procurados por esta
categoria. As danças e as artes são ótimas distrações para este publico.
Além dessas, existem várias outras formas de turismo que pode ser
praticado pelo público de terceira idade, como: turismo de aventura, religioso,
turismo de aventura (aventura especial), de pesca esportiva, rural, de cinema,
náutico, de sol e praia, negócios e eventos, etc.
Vale lembrar que uma localidade que visa o turismo como fator
econômico, gerador de renda e empregos, tem por necessidade apresentar um trade
31
turístico adequado e planejado, com produto turístico apropriado a atender a
demanda almejada: serviços de qualidade, atrativos, infra-estrutura, equipamentos
conservados, etc. A terceira idade, por ser um público bastante exigente, observa
todos os aspectos concernentes ao produto turístico da localidade e
conseqüentemente verificam se estes estão correspondendo as suas necessidades
e anseios.
Levando em consideração que o turismo é uma forma de promover o bem
estar social, onde não se deve impedir ou limitar o acesso aos equipamentos,
serviços e produtos turísticos, é necessário adotar práticas que garanta aos idosos
igualdade de direitos, preferência e tratamento adequado.
4 ACESSIBILIDADE: CONCEITOS E CARACTERISTICAS
Atualmente, o tema sobre lugares acessíveis e de fácil acesso às pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida vem sendo bastante discutido.
32
A preocupação sobre o assunto aumentou após a Segunda Guerra Mundial, onde o
número de pessoas com deficiência de locomoção, de audição e de visão cresceu.
Em suas origens, a acessibilidade tradicional preocupava-se com a facilidade de
quem se acede e interage com o ambiente. Com a evolução da sociedade, a
definição de acessibilidade também evoluiu (REGO, 2006).
Acessibilidade constitui a utilização com segurança e autonomia, total ou
assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e
informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (MANUAL DE
ORIENTAÇÃO, 2006).
Logo, o termo acessibilidade atinge todos os aspectos referentes a
eliminação das barreiras arquitetônicas urbanísticas, do transporte e da
comunicação, ou seja, torna-se imprescindível no cotidiano de uma sociedade a
inclusão na arquitetura, na sinalização e na informação.
Um ambiente com acessibilidade atende, diferentemente, uma variedade
de necessidades dos usuários, tornando possível uma maior autonomia e
independência. Entendendo autonomia como a capacidade do indivíduo de desfrutar
dos espaços e elementos espontaneamente, segundo sua vontade. E independência
como a capacidade de usufruir os ambientes, sem precisar de ajuda (GUIMARÃES,
2002).
A pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida está sujeita à
diversas barreiras, conforme O Manual de Orientações (2006), estas barreiras
podem ser classificadas como:
Barreiras Físicas: são as que impedem fisicamente a pessoa com deficiência de acessar, sair e permanecer em determinado local como escada, portas estreitas que impedem a circulação de cadeira de rodas, elevadores sem controles em Braille, portas automáticas sem sinalização visual para deficientes auditivos. Podem ainda se dividir em barreiras arquitetônicas, urbanísticas de transporte e comunicação.Barreiras Sistêmicas: relacionadas a políticas formais e informais. Por exemplo: escolas que não oferecem apoio em sala de aula para alunos com deficiência, bancos que não possuem tratamento adequado para pessoas com deficiência.Barreiras Atitudinais: preconceitos, estigmas e estereótipos sobre pessoas com deficiência, como, por exemplo, achar que a deficiência é contagiosa, discriminar com base na condição física, mental ou sensorial etc. (Manual de Orientações, 2006, p. 12).
A complexidade de compreender essas barreiras encontradas na
sociedade e os inúmeros atos necessários para eliminá-las, permitiu a inclusão de
33
diferentes ações sobre a questão de acessibilidade universal. Inicialmente, devem-
se desenvolver trabalhos ligados à acessibilidade arquitetônica, onde só após a
eliminação das barreiras arquitetônicas é que a sociedade poderá identificar as
demais barreiras existentes e excluí-las.
De acordo com o censo do IBGE 2000, No Brasil 14,5% da população
possui algum tipo de deficiência, ou seja, aproximadamente 24,5 milhões de
pessoas são portadores de alguma deficiência. Diante disso, foram criadas várias
leis que regulamentam as necessidades das pessoas por lugares acessíveis. Graças
a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil vem adotando estas comumente de
forma a promover os direitos das pessoas com deficiência e com mobilidade
reduzida. Além disso, há normas criadas pela ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas que definem padrões e critérios de acesso a locais turísticos em
geral. Destacam-se algumas delas:
Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003 - Dispõe sobre o Estatuto do
Idoso- O estatuto do idoso fora criado para garantir os direitos e estipular os deveres
para a melhoria de vida das pessoas com mais de 60 anos no país. O código
também regulamenta os direitos dessas pessoas, determinando obrigações que as
entidades e intuições devem exercer, assim como as penalidades que as mesmas
sofrem quando desrespeitam um idoso. O idoso passa a ter descontos de 50% em
atividades culturais, de lazer e esportiva, como academias, teatro e cinema, e há ter
gratuidade em transportes coletivos públicos (ANEXO 1);
Lei nº. 10.098, de 19 de dezembro de 2000 - constituem normas e
critérios fundamentais para a promoção do acesso as pessoas com deficiência ou
com mobilidade reduzida;
Lei nº. 11.126, de 27 de junho de 2005 - Dispõe sobre o direito da
pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso
coletivo acompanhado de cão-guia
Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005 - Regulamenta a Lei nº
10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -
Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006 - Regulamenta a Lei nº
11.126, de 27 de junho de 2005, que dispõe sobre o direito da pessoa com
deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo
acompanhada de cão-guia e dá outras providências.
34
Decreto nº. 5.296, de 02 de dezembro de 2004 - Regulamenta a Lei nº
10.048/2000 e a Lei nº 10.098/2000, que dá prioridade e atendimento às pessoas
com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo acessibilidade;
NBR 9050:2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos;
NBR 14022:1998 - Acessibilidade à pessoa com deficiência em ônibus,
para atendimento urbano e intermunicipal;
NBR 14273:1999 - Acessibilidade da pessoa com deficiência no
transporte aéreo comercial;
NBR 13994:2000 - Elevadores para transporte de pessoa com
deficiência;
NBR 15320:2005 - Acessibilidade à pessoa com deficiência no
transporte rodoviário;
NBR 14021:2005 - Acessibilidade no sistema de trem urbano e
metropolitano;
NBR 15250:2005 - Acessibilidade em caixa de auto-atendimento
bancário.
NBR 15290:2005 - Acessibilidade em comunicação na televisão
5 O SETOR HOTELEIRO E A ADEQUAÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM
Percebe-se que a atividade hoteleira possui papel de destaque para a
viabilização do turismo em uma localidade, cujo se torna indispensável em qualquer
segmento turístico, como turismo de aventura, de lazer, de negócios, etc. O setor
35
hoteleiro em resposta a diversidade de demandas turísticas, assim como a
competição com outros estabelecimentos e perante a captação de hóspedes fez
surgir ao longo dos anos muitos tipos de hotel, com características próprias em
função da sua localização e do segmento de mercado ao qual está voltado,
conseqüentemente, surgem novas segmentações de produtos e serviços na
hotelaria, como hotéis de fazenda, hotéis de negócios, hotéis de lazer, etc.
Lemos e Erdmann (1984) relatam que a segmentação hoteleira tem como objetivos
Facilitar a identificação do mercado lucrativo, criar projetos de produtos que atendam ás necessidades dos hospedes, estabelecer melhor forma de fazer promoções, escolher a melhor mídia para divulgar o estabelecimento hoteleiro e otimizar os recursos para alcançar os melhores resultado (LEMOS E ERDMANN, 1998, pág.4).
O hotel seja qual for seu porte, deve apresentar subsídios que favoreça a
acessibilidade de qualquer hóspede, inclusive os que pertencem ao grupo da
terceira idade. As leis de acessibilidade auxiliam os empreendimentos hoteleiros a
se adequarem conforme o exigido por lei, promovendo assim o lazer de forma
igualitária independente de raça, idade, etnia e restrições. Deve-se também definir
procedimentos e capacitar os colaboradores para atendimento prioritário a essas
pessoas, bem como o cumprimento da legislação e normas técnicas de edificação.
Vale ratificar que as pessoas idosas, de um modo geral, acarretam algumas
necessidades especiais, visto que seu organismo degrada com a idade, levando a
pessoa a surdez, cegueira, redução de movimentos. Assim, qualquer pessoa, seja
qual for a idade ou a limitação física pode usufruir de componentes que lhe propicie
acesso com conforto e segurança.
Em suma, a legislação brasileira orienta hotéis a terem alguns
apartamentos adaptados para pessoas com algum grau de deficiência, bem como
suas instalações e equipamentos devem ser de fácil acesso e transitável.
O Manual da EMBRATUR (2006), criado a partir das normativas
supracitadas, demonstra de forma mais minuciosa o emprego destas em relação aos
meios de hospedagem, entre outros equipamentos, estabelecendo padrões
arquitetônicos e dimensionamento das dependências, sugerindo adaptações a estes
e proporcionado condições adequadas e seguras ao segmento de pessoas
portadoras de alguma deficiência. Segundo o Manual (2006) as adaptações
previstas abrangem áreas, dependências e equipamentos dentro e fora do hotel.
36
Vale ressaltar que neste segmento, encontram-se os idosos que também
necessitam de condições favoráveis. Incluem nelas:
Pisos antiderrapantes, com superfície regular;
Em caso do uso de carpetes deve-se embuti-los no piso de forma que
não fique acentuado e evite acidentes;
As áreas de circulação, como hall e corredores não devem oferecer
barreiras e obstáculos;
As rampas devem obedecer aos limites de inclinação e de largura
estabelecidos pela norma, pisos ásperos, proteções laterais;
As escadas não podem ser vazadas ou com piso saliente,
principalmente nas áreas de grande fluxo;
É obrigatório o uso de corrimão nos dois lados de rampas e escadas,
onde devem estar fixados nas paredes laterais e ter suas extremidades com
acabamentos encurvados;
Elevadores devem atender a norma especifica da ABNT (NBR
13994/97);
As portas devem possuir maçanetas tipo alavanca na altura de uma
pessoa sentada, com revestimento resistente a impactos onde se pode utilizar
cartões magnéticos para abertura automática;
A recepção e portaria devem possuir balcão de atendimento rebaixado;
As UHS devem ser confortáveis e amplas, sem obstáculos e desníveis;
Todos os controles, tomadas e interruptores devem estar a altura de
acessibilidade das pessoas;
As camas, cadeiras e poltronas devem prover de encostos e ter altura
um pouco menor que o assento de uma cadeira de rodas;
Os armários e gavetas devem ser instalados distante do chão de modo
que propicie uma aproximação frontal em caso de cadeirantes.
Os sanitários devem estar bem sinalizados e ter vasos adaptados,
barra de apoio, torneiras acionados a partir de dispositivos sensoriais;
Os banheiros devem ter chuveiros e duchas que acionam a partir de
comandos ou dispositivos sensoriais.
Essas normas equivalem não só ao público da terceira idade, mas
aqueles que possuem alguma restrição ou habilidade locomotora reduzida e
garantem os direitos previstos por lei: colocar o lazer no mesmo patamar.
37
Observa-se que a hotelaria atual procura se adequar as necessidades de
seus clientes de forma que venha proporcionar atendimento com mais excelência e
segurança. O público de terceira idade, por ser bastante exigente, aprecia este tipo
de atendimento, com estruturas adequadas que viabilize o acesso, a circulação e a
comunicação durante a estada. É por isso que se deve ter bastante atenção no
momento de planejar um estabelecimento voltado às pessoas com alguma restrição
locomotora, inclusive as pessoas idosas. A forma mais adequada, seja ela estrutural
ou organizacional remete um complemento de sucesso para o estabelecimento,
propiciando ao mesmo crescimento financeiro e boa propaganda, pois o hóspede
quando bem tratado, atinge suas expectativas e considera perfeito o local visitado.
Além disso, atender a esse grupo que possui uma renda definida e
estável agrupado com o tempo livre em qualquer época do ano. É assim que a
hotelaria deve se comportar diante de seus consumidores, oferecendo serviços e
produtos flexíveis de modo a proporcionar o bem-estar daqueles que deixam seus
lares em busca de novos horizontes.
6 SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO - O SESC
Durante a década de 40 o Brasil passava por diversas transformações. O
país crescia e democratizava, porem o panorama apresentava um país carente,
atrasado e com graves conflitos sociais.
38
Diante deste cenário, o empresariado percebeu que a solução exigia
novos procedimentos nas relações entre capital e trabalho. Somente através de uma
relação harmoniosa entre as forças produtivas daria ao país condições de superar
os graves problemas com que se defrontava.
Essas soluções foram expostas na reunião de lideranças empresariais do
comércio, indústria e agricultura, organizada na cidade de Teresópolis na Primeira
Conferência das Classes Produtoras – I Conclap. A partir daí, após a aprovação da
CARTA DA PAZ SOCIAL, surgiu o conceito e a filosofia de serviço social promovido
pelo empresariado, começava assim uma iniciativa inédita em todo o mundo e na
história da relação entre capital e trabalho.
A proposta contida na CARTA DA PAZ SOCIAL foi submetida ao Governo Federal. E, naquele mesmo ano de 1946, no dia 13 de Setembro, o Presidente Eurico Gaspar Dutra assinava o Decreto-Lei n° 9.853 que autorizava a Confederação Nacional do Comércio a criar o Serviço Social do Comércio – SESC (DEPARTAMENTO NACIONAL SESC, 2001p. 17).
Através desse Decreto, sob a liderança de João Daudt d’Oliveira em
conjunto com empresários e organizações sindicais, o SESC – Serviço Social do
Comércio - iniciou as suas atividades no Brasil, prestando serviços assistenciais ao
servidor do comércio de bens e serviços.
O SESC tinha como finalidade melhorar as condições de vida dos comerciários e suas famílias, bem como promover o aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade. Na execução desses objetivos, a entidade deveria levar em conta, sobretudo, assistência em relação aos problemas de âmbito doméstico (nutrição, habitação, vestuário, saúde, educação e transporte), a defesa do salário real dos comerciários, incentivo a atividade produtiva, a promoção de praticas educativas e culturais visando a valorização do homem e de pesquisas econômicas e sociais. (DEPARTAMENTO NACIONAL SESC, 2001, p. 19-20).
Dessa forma, levando em consideração a origem, história, princípios fundamentais e o ambiente em que atua, o SESC reafirma as finalidades que lhe deram origem, que são:
Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores no comércio e de seus dependentes; Contribuir, no âmbito de suas áreas de ação, para o desenvolvimento econômico e social, participando do esforço coletivo para assegurar qualidade de vida para todos (D I R E T R I Z E S G E R A I S D E A Ç Ã O D O S E S C , 2 0 0 6 , p . 7 ) ..
Vale ressaltar que esta qualidade de vida está voltada para as condições
materiais e imateriais da existência do trabalhador e de sua família, bem como as
condições de emprego e de salário que garantem o estado físico, psíquico e social
dos componentes do grupo familiar.
39
Durante todos esses anos, o SESC se expandiu por todas as regiões do
país, prestando serviços de qualidade aos usuários em geral, englobando assim
campos de educação, lazer e entretenimento, saúde, cultura e assistência.
De acordo com dados extraídos do site oficial do SESC, em 2006, cerca
de 4,9 milhões de pessoas beneficiaram-se da ação social do SESC. A grande
maioria dos beneficiários são trabalhadores do comércio de bens e serviços, seus
familiares e dependentes. Mas o SESC abrange também as populações da periferia
das cidades, que são assistidas pela entidade através de parcerias com o poder
público, empresas privadas, sindicatos e associações de moradores.
No campo turístico, o SESC desenvolve programas de turismo social cujo
objetivo é atender as camadas menos favorecidas, de baixo poder aquisitivo,
oportunizando-as o direito ao lazer, a cultura e a convivência social. Vale ressaltar
que o SESC oferece passeios, excursões, viagens e hospedagens próprias e com
preços acessíveis. Apresenta-se em 20 estados brasileiros com 38 unidades
voltadas para o lazer e entretenimento. Considerando que os 38 centros juntos
somam 13.552 leitos e 3968 Unidades habitacionais espalhados no país, sendo que
87% deles são empreendimentos de pequeno e médio porte (DEPARTAMENTO
NACIONAL SESC, 2004). Os freqüentadores mais assíduos dessas unidades são os
grupos de terceira idade que procuram o estabelecimento principalmente nos
períodos de baixa estação.
De acordo com dados extraídos do Departamento Nacional do Sesc
(2004) a rede hoteleira do Sesc aumentou 19,39% de 1994 a 2002, com média
permanente de hóspedes de 1 a 3 dias, ou seja, a procura pelos centros de lazer e
turismo social do SESC aumentou consideravelmente.
6.1 Sesc Maranhão
Atualmente, no Maranhão existem seis unidades: quatro em São Luis,
uma em Caxias e outra em Itapecuru – Mirim. Em São Luis os quatros
40
estabelecimentos – SESC ADMINISTRAÇÃO, SESC DEODORO, SESC SAÚDE E
SESC TURISMO oferecem diversos serviços e organizam vários projetos
direcionados a comunidade, em busca da inserção no contexto social como central
de matrículas, galeria de arte, biblioteca, inclusão social para melhor idade, espaços
para educação, cultura, esporte e lazer, dentre outros.
O SESC é uma das instituições pioneiras em atender o púbico da terceira
idade. Desde 1989, a empresa compreendeu a necessidade que o idoso tinha em
ocupar o seu tempo tirando da ociosidade e do isolamento. Recentemente existem
grupos de convivência do Sesc São Luis e Caxias que desenvolvem trabalhos e
projetos voltados para a melhoria de qualidade de vida dos idosos.
O SESC Turismo, complexo turístico, esportivo e hoteleiro fica localizado
na Praia do Olho D’Água, acerca de duzentos metros da praia. Combinando o
conforto urbano com o exotismo de uma paisagem praiana, o complexo apresenta
uma gama de opções de entretenimento e serviços qualificados. Dispõe dos
seguintes ambientes e atrativos:
Sala de Leitura com 20 lugares.
Sala de jogos – tênis de mesa, bilhar, xadrez, damas, etc.
Piscina para adultos e crianças
Jardins amplos
Academia de ginástica com instrutores especializados
Sala de Internet para hóspedes.
Restaurante. Café da manhã, almoço e jantar, apresentando cardápio
de comida regional.
Estacionamento
Lanchonete com serviço de drinks e conveniências.
Sauna masculina e feminina.
Quadras de esportes.
Loja de souvenier.
Lavanderia. Atende as demais unidades do SESC de São Luis.
Serviço de táxi permanente
Traslado, excursões e passeios na agência de turismo do hotel.
Hotel com 53 unidades habitacionais – UH’s
A empresa divide-se em Hotel e área de entretenimento. Todos que
trabalham no comércio têm direito de desfrutar do complexo. Apesar de ser voltado
41
para o comerciário, o SESC Turismo atende a todo o público maranhense e até de
outras regiões.
6.2 Organização do Hotel Sesc Olho D’Água.
O hotel fica localizado nas dependências do complexo, com uma
arquitetura bem arrojada e cores vibrantes. Na entrada é possível ver uma varanda
com cadeiras confortáveis e TV de plasma. A recepção conta com um design
versátil, hall amplo e bem arejado (Foto 1).
Os quartos são decorados, com ar-condicionado, armários, camas de
casal e solteiro, iluminação natural e artificial e escritório para executivos. No total,
existem 53 apartamentos e suítes, sendo subdivididos em apartamentos simples,
dublo, triplo, suíte petit e executiva. Cada quarto possui uma TV, cofre, frigobar, ar
condicionado, telefone e varanda privativa com uma bela vista para o mar.
O Hotel oferece desconto para categoria de comerciário; também podem
se hospedar pessoas conveniadas e usuários, porém pagam sem desconto. As
diárias são estabelecidas conforme o tipo de apartamento (suíte petit e executiva-
(foto 2), apartamentos dublo e triplo – (foto 3), sendo que pode adicionar uma cama
extra) e a categoria do hóspede (usuário, conveniado e comerciário).
42
Fonte: acervo da autora
Foto 1 – Recepção e hall do hotel
A estrutura organizacional do Hotel é do tipo funcional simples conforme
figura 4, totalizando 29 funcionários, entre gerente, camareiras, governanta,
recepcionistas, mensageiros, etc.
43
Fonte: acervo da autoraFoto 2: Suíte petit.
Fonte: acervo da autoraFoto 3: Apartamento duplo.
Esse meio de hospedagem possui cadastro na Embratur e Associação
Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) desde o ano de 2001. o que garante ao
Hotel credibilidade diante dos demais hotéis de lazer.
As diárias dos apartamentos são baseadas de acordo com a categoria do hóspede
(quadro 4):
Quadro 4: Preço das Tarifas
Comerciário
Apartamento Solteiro - SGL – R$ 60,00
Apartamento Duplo - DBL- camas solteiro – R$ 60,00
Apartamento Triplo - TPL – R$ 75,00
Suíte Petit (até 4 pessoas - cama casal) – R$ 96,00
Conveniado
Apartamento Solteiro - SGL – R$ 64,00
Apartamento Duplo - DBL – camas solteiro - R$ 77,00
Apartamento Triplo- TPL – R$ 93,00
Suíte Petit (até 4 pessoas – cama casal) R$ 120,00
44
Fonte: elaboração própria através de dados da pesquisaFigura 4: Organograma de funcionários do hotel.
Usuário
Apartamento Solteiro - SGL – R$ 80,00
Apartamento Duplo - DBL - camas solteiro – R$ 96,00
Apartamento Triplo- TPL – R$ 116,00
Suíte Petit (até 4 pessoas - cama casal) R$ 150,00
Fonte: http://www.sescma.com.br
Os descontos sobre as tarifas são oferecidos apenas para categoria de
usuário, com desconto de 10% e autorizado pela gerência de hospedagem. Na
recepção pode-se observar os preços das diárias, os horários das diárias (com inicio
ao meio-dia) e a inclusão do café da manhã nas diárias.
Verificou-se também o período de baixa e alta estação. O primeiro,
acontece no período onde o fluxo de turistas é considerável: meses de férias
(dezembro, janeiro, julho), Festas Juninas (junho) e feriados. O segundo, refere-se
ao período onde é menor a entrada de hospedes no hotel: março, agosto, setembro
e novembro.
7 METODOLOGIA DO ESTUDO
45
7.1 Técnica do estudo de caso
O estudo aborda pesquisas descritiva, exploratória e de campo com variáveis
quantitativas e qualitativas, sendo voltada para o tema adaptações hoteleiras para
terceira idade com enforque no Hotel Sesc Olho D’Água.
A pesquisa bibliográfica foi contemplada pela revisão da literatura sobre o
tema, descritiva porque relata com precisão a realidade de um fato ou
acontecimento, neste caso os serviços e equipamentos do Hotel voltados ao público
de terceira idade. Descritiva, pois relata de forma exata os fatos de um determinado
acontecido, neste caso, as adaptações do Hotel Sesc Olho D’Água para atender o
público da terceira idade. A pesquisa de campo refere-se a investigação das
adaptações no hotel em questão, bem como a demanda do público de terceira idade
existente no hotel.
7.2 Objeto da pesquisa
O objeto de pesquisa a ser analisado parte do pressuposto de que o público
da terceira idade pode representar um fator positivo para aumentar a taxa de
ocupação na baixa estação no Hotel Sesc Olho D’Água. A seleção do Hotel Sesc
Olho D’Água se enquadra na averiguação da estrutura física e organizacional em
atender esta demanda turística. Portanto, busca-se identificar as adaptações
necessárias para atender este público e verificar se elas estão presentes no Hotel
Sesc Olho D’Água. Para isto foi realizada entrevista com a gerente de hospedagem,
em que as questões eram mistas com questões fechadas e abertas. A coleta de
dados foi realizada entre os meses de outubro de 2008 a março de 2009, com
verificação in loco das condições estruturais do Hotel.
8 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES
46
O presente estudo foi baseado a partir da análise dos ambientes dentro
do hotel, assim cada tópico a seguir tratará das observações de forma analítica,
visando as adequações existentes na estrutura física e organizacional do Hotel
SESC Olho D’Água. Vale ressaltar que as adaptações observadas no Hotel tende a
atender as necessidades das pessoas idosas, levando em consideração as
restrições motoras que elas apresentam. Em certos casos a dificuldade de
mobilidade dos idosos leva ao uso de andadores, bengalas ou cadeira de rodas,
resultando assim que o hotel se adapte oferecendo equipamentos turísticos mais
seguros e bem planejados. Os idosos em geral são portadores de necessidades
especiais, pois seu organismo desgasta com a idade. Deficiências auditivas e
visuais, assim como redução dos movimentos por falta de exercícios com as
articulações, são alguns dos casos mais freqüentes.
O público de terceira idade, segundo entrevista realizada com a gerente
geral, corresponde a 40% dos hóspedes que se hospedam no hotel durante a baixa
estação. São poucos os hóspedes de terceira que chegam sozinhos, a maioria
pertence a grupos ou excursões que o próprio Sesc de outros organizam.
Destaca-se também que o hotel segue algumas normas relacionadas a
acessibilidade, sendo que são poucas as informações que os profissionais do hotel
tem sobre o assunto. Vale ressaltar que o hotel não tem serviço preferencial quanto
aos setores de recepção e governança. Apenas o setor de reservas trabalha com o
Programa Viaja Mais Melhor Idade, criado pelo Ministério do Turismo.
Serão destacados ainda os principais problemas referentes a
acessibilidade de equipamentos e serviços utilizados pelos idosos no hotel,
correlacionando assim, a literatura pesquisada e as informações da autora.
8.1 Estacionamento do hotel.
Existe um amplo estacionamento para carros tanto na frente quanto na
lateral do hotel (fotos 4 e 5). Entretanto, o hotel não oferece vagas preferenciais de
estacionamento para cadeirantes com sinalizações previstas pela legislação.
47
Segundo o Manual de Acessibilidade (2006) as vagas para
estacionamento de veículos às pessoas portadoras de dificuldade motora devem
obrigatoriamente possuir sinalizador com o selo internacional de acesso, ter as
vagas para veículos dimensionadas conforme a legislação nacional de trânsito e
possuir rebaixamento de guias e rampas de passeios, livres de barreiras e
obstáculos (figura 5).
48
Fonte: acervo da autoraFoto 5: Estacionamento lateral.
Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 5: Dimensionamento de vagas.
Fonte: acervo da autoraFoto 4: Estacionamento frontal
O acesso de veículos dirigidos por pessoas portadoras de deficiência ambulatória deve ser sinalizado com o Símbolo Internacional de Acesso, acompanhado, quando necessário, de seta indicativa do sentido de deslocamento, bem como deve estar de acordo com a Legislação Nacional de Trânsito. As vagas para estacionamento de veículos dirigidos por pessoas portadoras de deficiência ambulatória devem ser identificadas de forma que sejam visíveis a distância. As vagas devem ser demarcadas com linha contínua na cor branca sobre o pavimento e ter o Símbolo Internacional de Acesso pintado no piso (MANUAL DE ACESSIBILIDADE, 2006, p.55).
As vagas de estacionamento reservadas para uma pessoa portadora de
deficiência física ou que tenha alguma restrição locomotora não são feitas por
conveniência e sim por necessidade, visto que o espaço exibe certas alterações
quando comparadas com as vagas usuais como, lugar mais largo e próximo a
entrada do estabelecimento, permitindo assim o fácil acesso. Dessa forma, o hotel
deve apresentar pelo menos uma vaga preferencial a essas pessoas, com
sinalizações adequadas e próximas da entrada do hotel.
8.2 Áreas de acesso e circulação do hotel.
Ao acesso a entrada se dá tanto por intermédio de rampas quanto por
escadas. O acesso pelas escadas impede as pessoas com restrição de usá-la, pois
não oferece nenhum corrimão lateral ou intermediário (foto 6).
49
Fonte: acervo da autoraFoto 6: Entrada por intermédio de escadas.
Além disso, o acesso secundário por meio da rampa também impede
aqueles que dependem de cadeiras de roda, visto que a rampa é muito íngreme e o
piso não é antiderrapante e o corrimão está presente apenas em um dos lados. O
acesso pela rampa feita por cadeirantes depende do auxilio de outras pessoas, ou
seja, apenas com a ajuda das pessoas é possível chegar efetivamente a recepção
do hotel (foto 7).
O manual de acessibilidade enfatiza que o uso de corrimão é obrigatório
nos dois lados das rampas e escadas, onde devem ser fixados às paredes laterais e
suas extremidades ter acabamento recurvado de modo que ofereça condições
seguras para sua utilização (figura 6).
50
Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 6: Uso de corrimão lateral.
Fonte: acervo da autoraFoto 7: Entrada por mediação de rampa.
Ainda, devem-se observar os limites de inclinação das rampas, levando
em consideração a inclinação máxima de 2% e largura entre 1,20m e 1,50m para
rampas transversais, conforme quadro 5 abaixo e figura 8.
Com relação ao piso utilizado para revestir a escadas e a rampa, o
indicado seria de texturas antiderrapantes, evitando-se cerâmicas com espaçamento
que propiciam acidentes.
O hotel ainda apresenta carpetes em sua entrada de modo que o uso
destes inviabiliza a segurança de idosos que utilizam bengalas, andadores e
cadeiras de rodas (foto 8).
51
Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Quadro 5 : Dimensionamento de rampas.
Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 7: Inclinação de rampas transversais.
Fonte: acervo da autoraFoto 8: Utilização de carpetes.
O uso de carpetes também deve ser evitado na entrada do hotel ou
embutidos no piso e nivelado de modo que estejam firmemente fixados ao piso e
não exceda 1,5cm de elevação (figura 8).
8.3 Recepção do hotel.
A recepção possui cores fortes que estimulam a percepção das pessoas,
bem como iluminação uniforme, decoração proporcional ao tipo de hotel, ambiente
espaçoso, livre de obstáculos. Todavia, percebe-se a dificuldade dos idosos
cadeirantes quanto à altura do balcão (foto 9).
52
Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 8:Utilização de carpetes.
Fonte: Acervo da autoraFoto 9: Balcão da recepção.
Segundo O Manual de Acessibilidade (2006) para o atendimento
adequado, a recepção deve
Possuir balcões de atendimento automáticos ou prever o rebaixamento de uma parte do balcão a uma altura livre mínima de 0,70m do piso, que permita a aproximação frontal de pelo menos uma cadeira de rodas, possibilitando, ainda, o atendimento a pessoas idosas, gestantes e de baixa estatura, que precisam sentar para preencher fichas e cheques. Esse trecho deve ser sinalizado com o Símbolo Internacional de Acesso e deve dispor sempre de uma cadeira próxima para
utilização das pessoas anteriormente referidas (Manual de Acessibilidade, 2006, p. 12). .
O hotel, ainda, dispõe cadeira de rodas, embora a mesma não esteja em
perfeita condições (foto 10).
8.4 Áreas internas do hotel.
No que diz respeito aos banheiros sociais encontrados perto da recepção,
estes não possuem adaptação que facilite o acesso, ou seja, não apresentam os
dispositivos necessários, conforme o estabelecido pelo regulamento. Ainda, os
banheiros sociais oferecem espaços reduzidos, restringindo os idosos que
dependem de cadeiras de rodas (foto 11).
53
Fonte: acervo da autoraFoto 10: Condições da cadeira de rodas do hotel.
Com relação aos banheiros sociais, o Manual de Acessibilidade enfatiza que
Devem situar-se em locais acessíveis, próximos à circulação principal, devidamente sinalizado, com, no mínimo, 5% do total de cada peça adequado ao uso de portador de deficiência ambulatória ou, em caso de sanitários menores, com uma unidade de cada peça adequada a esse fim. Essas disposições aplicam-se tanto ao sanitário masculino quanto ao feminino.
Os acessórios e registros dos banheiros sociais devem fornecer
localização de acordo com o que às normas apresentadas, permitindo o fácil uso. A
utilização de barras de apoio, a altura da peça sanitária e lavatório, a localização dos
dispositivos e a área do ambiente simplificam os usuários que necessitam dessa
prioridade (figura 9)
54
Fonte: Acervo da autoraFoto 11: Banheiros sociais do hotel.
As providências que devem ser consideradas em relação ao hotel são: a
troca do piso utilizado no banheiro, a instalação de barras de apoio laterais, de
torneiras mono-comando, de vaso adaptado, maior espaço interno suficiente para
manobrar uma cadeira de rodas ou que garanta a circulação de pelo menos duas
pessoas e a porta deve ser aberta para fora e não para dentro.
Em consideração as demais dependências, o hotel oferece elevador com
localização privilegiada, garantindo acessibilidade aos apartamentos para todas as
pessoas, inclusive cadeirantes. As escadas de acesso aos andares possuem
corrimão lateral de ambos os lados e não tem degraus vazados, ou seja, não existe
um vão entre cada degrau (foto 12).
55
Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 9: Acessórios sanitários de banheiros sociais do hotel.
Fonte: acervo da autoraFoto 12: Escadas de acesso aos andares
8.5 Unidades habitacionais - dormitórios
O hotel apesar de não fornecer nenhuma informação referente a
acessibilidade, dispõe de um quarto universal. Destaca-se neste a aplicação de
algumas normas: espaço suficiente para manobras de cadeira de rodas ao lado das
camas, mobiliário e equipamentos de fácil acesso, porta disposta com abertura para
fora e localização adequada de dispositivos de acionamento de sistemas como
interruptores, tomadas, maçanetas de portas, dentre outros (foto 13).
Não obstante, é observado um ponto negativo quanto à altura excessiva
do armário e cabideiro. As gavetas e prateiras são as únicas partes que podem ser
utilizada dentro do armário (foto 14).
56
Fonte: acervo da autoraFoto 13: Disposição do quarto adaptado
Os demais apartamentos oferecem condições de fácil acesso para os
idosos que possuem restrição motora, mas que independem de cadeira de rodas.
As unidades habitacionais de cada andar são diferenciadas pelas cores, o que
também facilita a pessoa distinguir o apartamento que está hospedado.
8.6 Banheiros privados.
De acordo com o Manual de Acessibilidade (2006) a aplicação das
normas em banheiros privados deve seguir os seguintes padrões, conforme a figura
10.
57
Fonte: acervo da autoraFoto 14: Armários dos quartos adaptados
No banheiro do apartamento universal do hotel observam-se vários
pontos positivos como: barra de apoio firmemente instalado próximo ao vaso
acoplado, altura do vaso adequada, chuveiro, ducha em forma de telefone, torneiras
acionadas por alavancas, barras vertical e horizontal no boxe, acessórios sanitários
devidamente localizados (saboneteira, cabide, papeleira, válvula de descarga).
Quanto aos pontos negativos: dimensões do boxe inferiores ao previsto
pela norma (0,80m x 1,10m), porta do banheiro com abertura para lado interno, falta
do banco tipo basculante ou cadeira de banho, espelho sem inclinação, altura da pia
inadequada (fotos 15 e 16).
58
Fonte: Manual de acessibilidade (2006)Figura 10: Perspectiva de banheiro privado.
59
Fonte: acervo da autoraFoto 14: Instalação do boxe-banheiro adaptado.
Fonte: acervo da autoraFoto 15: instalações de equipamentos e acessórios - banheiro adaptado.
Fonte: acervo da autoraFoto 16: Instalação do boxe-banheiro adaptado.
Nota-se que o hotel apresenta subsídios básicos de infra-estrutura para
atender o público de terceira de idade, embora destaque-se a falta de mais
investimentos quanto à infra-estrutura dos apartamentos, o que diminui a
acessibilidade do hotel.
O hotel, para se tornar acessível ao público de terceira idade, deve investir
não apenas em infra-estrutura, como em treinamento da equipe envolvida no
empreendimento turístico, desde ao porteiro ao gerente geral, pois todos, de certa
forma, estarão em contato com as pessoas de terceira idade. Vale lembrar que o
Hotel Sesc Olho d’Água encontra-se em um complexo turístico formado por outros
equipamentos, o que facilita a viabilidade do turismo de terceira, inclusive quando o
hotel estiver na baixa estação.
8.7 Programa Viaja Mais Melhor Idade - Hospedagem
Esse programa fora criado em 26 de novembro de 2007 pelo ministério do
turismo em parceria com a Federação Nacional de Hotéis, Bares, Restaurantes e
Similares, o Instituto Marca Brasil, a Confederação Nacional do Comércio, o Fórum
de Operadores Hoteleiros do Brasil, a Associação Brasileira de Resorts e a
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.
É uma iniciativa do Ministério do Turismo com diversos parceiros para promover a inclusão social dos idosos, aposentados e pensionistas proporcionando-lhes oportunidades de viajar e de usufruir dos benefícios da atividade turística, ao mesmo tempo que fortalece o turismo interno regionalizado. São parceiros deste projeto: Associação Brasileira das Operadoras de Turismo BRAZTOA, Projeto Vai Brasil, Associação Brasileira de Agências de Turismo - ABAV, Ministério da Previdência Social, Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Ministério do Trabalho, Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade – ABCMI, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Serviço Social do Comércio – SESC e Órgãos Oficiais de Turismo das Unidades da Federação (VIAJA BRASIL, 2007).
Os meios de hospedagem que participam do programa estão sujeitos ao
cumprimento de certas condições durante a prestação de serviços, tais como:
Desconto de 50% (cinqüenta por cento) em hotéis cadastrados no programa para o
público de terceira idade durante períodos de baixa estação; Publicação no site do
portal de hospedagem como forma de comprovação do tarifário; O desconto também
inclui 1(um) acompanhante, desde que ocupe a mesma acomodação; O desconto
será direcionado ao público da melhor idade através de comprovação de
60
documentos; e Serão aceitas somente as reservas que tiverem sido feitas com
7(sete) dias de antecedência.
O Hotel Sesc Olho D’Água participa deste programa há quase dois anos,
onde capta os hóspedes da terceira idade através do portal de hospedagem ao qual
é cadastrado. A reserva é feita de forma fácil e rápida, o que facilita o próprio idoso a
fazê-la, além disso, o setor de reservas tem a preocupação reservar os andares do
térreo para o público em questão, de modo que não seja preciso a utilização de
escadas e elevador.
Após o cadastro no programa Viaja Mais Melhor Idade percebe-se que o
hotel aumentou a taxa de ocupação durante os períodos sazonais, o que leva a crer
o percentual de pessoas idosas cresceu mais na baixa estação. Vale ressaltar que a
captação dos hóspedes da terceira idade desses não se dá somente pelo programa,
eles chegam ao hotel em grupos e excursões feitos pelo próprio SES.
61
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que o público de terceira demonstra ser um segmento
promissor para o turismo, pois a concepção de que o idoso é frágil, com saúde
debilitada e certas limitações por acúmulo de doenças, já fora superada. O idoso,
apesar de certas limitações por causa da idade, busca no turismo diversos
benefícios a sua saúde e ao bem-estar, visando novos conhecimentos e outras
experiências.
O interesse deste estudo é analisar as adaptações física e organizacional
do hotel para agregar o público de terceira idade e diminuir a sazonalidade do hotel.
Entretanto, com o decorrer da pesquisa, pode-se observar que o hotel apresenta
certos obstáculos de acessibilidade para este segmento, como também oferece
alguns equipamentos e serviços que interferem no uso adequado dos mesmos.
O objetivo da análise aqui apresentada, não é a de criticar as adaptações
existentes no hotel, mas, destacar a intenção da empresa em possuir um produto
adequado ao público potencial. É interessante ressaltar que é mais fácil construir
corretamente do que reformar o que está errado. Por isso, é importante que a os
responsáveis pela construção tenha uma visão holística em seus futuros projetos e
que o exemplo da correta aplicação da Lei venha dos órgãos que a implementaram.
Infelizmente, observa-se que o hotel não possui total conhecimento sobre
as normas que garante acessibilidade as pessoas com restrição motora. Na análise
dos dados da pesquisa no hotel Sesc olho D’Àgua detectou-se que, apesar de
possuir boa estrutura com uma gama de variedades em equipamentos e serviços
turísticos, é necessário alguns ajustes e adaptações que podem amenizar a até
resolver problemas referentes a acessibilidade de idosos no hotel. Modificação do
guarda-roupa encontrado no quarto universal; mudanças ou novas alternativas que
facilite a entrada do idoso até a recepção: colocação de barras de apoio em ambos
os lados da rampa de acesso, troca do piso da rampa e escadas, retirada de tapetes
da entrada do hotel; banheiros sociais adaptados e de fácil localização,
estacionamentos preferenciais são algumas das providencias que o hotel deve
tomar como soluções parciais.
Ainda, A pesquisa apontou que as barreiras físicas do hotel não são as
únicas enfrentadas pelos hóspedes com mobilidade reduzida. Existem as barreiras
relacionadas à atitude das pessoas que os atendem, decorrentes muitas vezes da
62
falta de conhecimento, ou melhor, por desconhecimento das necessidades
específicas do cliente em questão.
O público da terceira idade zela por lugares planejados e com
atendimento a sua altura, onde a estrutura turística se torna fator determinante na
escolha do hotel. Logo, o hotel deve levar em consideração algumas adaptações
quanto a infra-estrutura básica, o fácil acesso, alojamento amplo e confortável,
equipamentos especializados e equipe qualificada.
Sendo assim, é sempre importante que o meio de hospedagem esteja
preparado para atender aos casos de necessidades especiais e adotar práticas que
garantam aos idosos e às pessoas com deficiência igualdade de direitos, já que o
turismo é uma forma de promoção de bem estar social, que não se deve impedir
negar ou limitar o fácil acesso.
63
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