Monografia entregue

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Mara Cecília Maciel Cavalcante O HOMEM E A CIBERCULTURA

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Mara Cecília Maciel Cavalcante

O HOMEM E A CIBERCULTURA

Rio de Janeiro

2009

Mara Cecília Maciel Cavalcante

O HOMEM E A CIBERCULTURA

Monografia para o curso de Jornalismo da

Faculdade de Comunicação Social, das

Faculdades Integradas Hélio Alonso, como

requisito para obtenção do título de Bacharel

em Jornalismo e que pretende estudar os

impactos do avanço tecnológico na

comunicação e na cultura pós-moderna

Orientador: Professor Doutor Aristides Alonso

Para minhas filhas

Camila e Joana

Resumo

Estudo das transformações que a Cibercultura pode causar na comunicação dos

diversos grupos sociais e como modificou as relações humanas sejam elas de ordem política,

econômica ou social. As mídias diversificam-se e proliferam-se em uma velocidade

inimaginável desde a antiguidade. O homem descobre que “ano-luz” é muito tempo para ele

conseguir dominar o espaço-sideral, que a vida é tênue e finita e, fazendo uma busca pela

história percebemos que as novas tecnologias são nossas velhas conhecidas. Estaria nascendo

uma nova “cultura” a partir de uma sociedade digital?

Palavras-chave : Cibercultura – comunicação – digital - sociedade

SUMÁRIO

Introdução......................................................................................................................................6

1 A fundamentação histórica......................................................................................................... 81.1 Calculando a máquina...........................................................................................................101.2 Século começando.................................................................................................................111.3 Partindo do digital.................................................................................................................13

2 O desenvolvimento das tecnologias digitais e do ciberespaço ................................................ 152.1 Vamos ao espaço...................................................................................................................162.2.A formação do ciberespaço...................................................................................................182.3.A Internet ..............................................................................................................................19

3 A Cibercultura......................................................................................................................... 223.1 O Virtual................................................................................................................................25

3.2 Hipertexto e Hipermídia........................................................................................................26

3.3 O e-mail................................................................................................................................. 273.4 Os sites de relacionamento ou redes sociais..........................................................................283.5 A notícia e a informação....................................................................................................... 293.6 O celular............................................................................................................................. 30

Conclusão.................................................................................................................................... 32Agradecimentos...........................................................................................................................34

Bibliografia..................................................................................................................................35

Introdução

Minha descoberta da utilização das máquinas começara em 1978, em Manaus,

quando fiz um curso para programação RPG II, na IBM. Lá eu tive noções precisas de

programação, na época ainda em tabelas escritas à mão que eram repassadas para cartões

perfurados, que continham todos os dados programados e que eram arquivados em caixas

avulsas. Os dados eram passados para as máquinas, de porte tão grande que um computador

ocupava toda uma sala do pequeno prédio. O programa que tomei conhecimento em algumas

aulas, era direcionado para empresas que organizavam planilhas: o RPG II. Funcionava muito

bem para dados sobre pessoal. Era possível organizar com muita facilidade o pagamento de

salários de uma fábrica de jóias, por exemplo, as despesas com impostos, as férias, tudo que

estivesse relacionado ao Departamento Pessoal daquela empresa. Existam outras linguagens

de programação como a FORTRAN, BASIC e COBOL que incorporavam mais detalhes para

a organização empresarial. Nesta época ainda não existia a Internet e o computador pessoal

ainda não era acessível a maioria da população, principalmente no Brasil.

Lembro quando comprei meu primeiro computador, em 1999. Era uma

ferramenta mais importante que o fogão. O meu PC era todo montado com peças usadas. Eu

precisava de uma “máquina de escrever” que me conectasse e que coubesse no meu

orçamento. Lembro perfeitamente do ruído emitido pelo fax modem quando procurava se

conectar a uma rede telefônica. Para quem vive nos grandes centros isso até parece pré-

histórico mas em muitas localidades onde a “rede” ainda não chega por fibra ótica ou satélite,

são as redes telefônicas que levam o ciberespaço ao homem. Aquele barulhinho indicava que

eu estava entrando em um espaço incomum, diferente, virtual. Percebi que além de uma

“máquina de escrever” era uma máquina de me comunicar. As planilhas estavam muito longe

no tempo e eu nem imaginava que forma de programar era utilizada para me fazer estar ali na

minha sala e no Louvre ao mesmo tempo. Passei a me comunicar com o mundo.

9

Minha formação acadêmica me impulsionou para entender minimamente que

mecanismos de comunicação poderiam ainda ser desenvolvidos pelo homem e me deparei

com este formato que tenta universalizar a informação, a comunicação, os dados e o

relacionamento humano. A Cibercultura está longe de ser uma ciência do futuro. Ela é uma

realidade incontestável. Os mecanismos sociais e de conexão entre os humanos estão se

aperfeiçoando de tal maneira que podemos nos comunicar com Tóquio, Manaus ou

Bangladesh ao mesmo tempo mesmo falando apenas nossa língua natal.

Desde que decidi estudar e formular a respeito de Cibercultura para a

monografia de final de curso, estou pesquisando e tentado entender o que seja este universo

absolutamente fascinante e novo. Para falar de Cibercultura é preciso identificar aquilo que

recebeu esta denominação porque o homem precisa se apoiar no que ele chama cultura. Para

Aristides Alonso “a Cibercultura vai detonar a cultura... O homem precisa socialmente sentir-

se parte de uma cultura... Ao ver-se de fora, cria um nome para nomear, comungar, aprovar

uma prótese: a cultura”.

A Cibercultura nasce a partir da criação e desenvolvimento do ciberespaço que

vem modificar o relacionamento com o saber, a economia e a política. Trata-se de uma nova

filosofia, uma “socialidade” que transforma as características da comunicação com o mundo

real. Pode ser tão forte quanto os adventos da passagem da sociedade oral para a sociedade

escrita. A sociedade, hoje além do que chamamos de pós-moderna, vem enfrentando diversos

desafios na área do saber e sofrendo mudanças formais na prática entre humanos com o

avanço rápido das tecnologias. Os estudos que levaram a criação de máquinas ou processos

que hoje fazem o homem repensar teorias sobre a vida e a morte, por exemplo, nos levam a

perceber que está se formando em todos os âmbitos um novo estilo de comportamento.

Da Internet aos novos equipamentos que aumentam a velocidade da

transmissão de dados, desde a telefonia móvel à imagem digital, com alta definição e a

possibilidade de a engenharia genética chegar a conclusões cada vez mais rápidas de como

aumentar a sobrevida humana, todo este aparato tem causado níveis de discussões bem

diferentes daqueles dos séculos passados. Se considerarmos os avanços já atingidos por

alguns países nos estudos e práticas de desenvolvimento das novas tecnologias, sejam elas de

comunicação ou científicas, podemos concluir que se trata de uma reciclagem constante e

desejo enorme de mudança que passa, como em toda sua trajetória, a humanidade.

10

Este trabalho tem o desejo de estudar o impacto que as tecnologias aliadas à

realidade premente de uma modificação radical na forma do homem se comunicar e

desenvolver relações sociais, políticas e econômicas pode causar ao pensamento e ao

relacionamento humano.

Capítulo I

A fundamentação histórica

O Homem vem desenvolvendo métodos de sobrevivência social e coletiva ao

longo de sua trajetória e os avanços destes métodos foram conquistados a cada necessidade

sentida de aperfeiçoar a interconexão de relacionamento entre os diversos grupos espalhados

pelo planeta. A civilização pós-moderna veio procurar novos caminhos para diminuir a

distância entre grupos sociais e culturais. A partir de estudos de engenharia, física e

tecnologia o homem chegou ao evento da criação das formas mecânicas e eletrônicas para

armazenar informação.

Se lembrarmos que a humanidade passou por grandes transformações desde a

revolução do Neolítico (entre 8000 e 5.000 A.C) 1 quando se organiza, comunica e age

submetida a uma sociedade onde a oralidade é o meio pelo qual pode passar informação,

perceberemos que desde então a memória sempre foi fundamental para a humanidade.

Determinado pelo ambiente sócio-cultural, cada grupo criava seus símbolos,

suas regras, leis. A tecnologia usada era a palavra, o método, a repetição.2

O armazenamento era feito pela memória humana. Neste momento o homem já

vivia em sociedade tribal, mas nômade. Seus costumes eram memorizados e transmitidos de

geração em geração de forma que os mais velhos tinham a responsabilidade de passar as

informações que lhes pareciam pertinentes aos mais jovens, sempre repetindo palavras,

1 Lemos, André – “Cibercultura – Tecnologia e Vida social na cultura contemporânea” – 2004 pag 40

2 http://www.netkids.com.br/ ( Netkids- Educação com Tecnologia ) – coluna de Lucio FonsecaConsultor Educacional, especialista em Tecnologia Aplicada à Educação e palestrante em Congressos e Seminários realizados no Brasil e no exterior

11

rituais, contando histórias, levando seu grupo a vivenciar oral e fisicamente os ensinamentos.

A memória já estava virtualizada. Memorizar era fundamental.

Com o surgimento da escrita (3.500 A.C.), o homem passa a documentar seus

conhecimentos e a palavra continua fazendo o mesmo papel de transferir dados, informação,

porém agora escrita, transmitida por símbolos escritos em palavras que dão sentido ao real, de

forma que a memória mítica passa a ter menos possibilidade de se perder. Não é necessário

que o interlocutor esteja no mesmo espaço e tempo em que a mensagem é produzida. É

através da escrita que tomamos conhecimento do mundo da filosofia, dos dogmas. É quando

são formulados os primeiros contratos e o início do armazenamento da memória social. A

documentação passa a existir em grande escala.

Gutenberg, no século XV, 3 nos apresenta a imprensa, ainda na forma de tipos

de chumbo, e esta é considerada uma revolução para a comunicação e transferência de dados.

Agora o homem pode reproduzir em larga escala sua documentação para que vários grupos

sociais passem a tomar conhecimento dos pensamentos, teorias, leis e toda uma gama de

informações de forma impressa facilitando a reprodução cultural de diversos grupos. Começa

a era da reprodução gráfica

Mais a diante o homem cria meios de locomoção mais modernos como a

locomotiva a vapor, resultado da criação da máquina a vapor, principal símbolo da Revolução

Industrial encabeçada pela Inglaterra, na metade do século XVIII.4

A era industrial começa e o avanço das tecnologias modernas desponta de

forma preponderante. Os meios de produção modificam a forma do homem viver em

sociedade. A sociedade burguesa domina e subjuga a maioria da população, como detentora

dos meios de produção. A manufatura é substituída pela produção industrial que passa a ser

ganho para a burguesia que detinha o capital e explorava a força de trabalho humano. O

desenvolvimento tecnológico é usado pela burguesia para subjugar o trabalhador. Mas o

homem não se intimida. O Marxismo surge no séc. XIX e vai tratar das questões do capital e

da mais-valia.

No final do séc. XIX, Sigmund Freud, ao aprofundar seus estudos sobre o

inconsciente dá partida ao surgimento de uma nova ciência: a Psicanálise. Deste modo

estamos mais uma vez propondo que a memória é fundamental e Freud comprova com sua

3 História da Imprensa – http://pt.wikipedia.org4 Pazzinato, Alceu L. & Senise, Maria Helena V. – “História Moderna e Contemporânea” – 2004 – p184;185

12

teoria que está tudo armazenado no inconsciente. Agora vamos mais longe: memória

armazenada dentro do próprio homem. Fatos, situações, cheiros, sensações armazenados por

décadas pelo inconsciente, podem gerar uma infinidade de resultados no comportamento

humano e é utilizando este armazenamento inconsciente que o homem avança e pesquisa,

desenvolve novos mecanismos para modificar no presente seu relacionamento com o mundo.

Voltando ao mundo material, em 1860, Étienne Lenoir monta o primeiro motor

de combustão interno, o motor que impulsiona o carro.5

No final do séc. XIX, precisamente em 1896, a feira Russa de Nizhi-Novorod

exibiu a mais recente novidade vinda da França: fotografias em movimento, produzidas e

exibidas pelos irmãos Lumière.6 É a tecnologia mais uma vez a serviço da informação. Agora

a memória além de registrada visualmente pelas artes plásticas ou pela fotografia, pode passar

a ter movimento visual no seu armazenamento.

Já iniciando o séc. XX, Santos Dumont, com seu 14 Bis, no dia 12 de

novembro de 1906 faz o primeiro vôo humano oficialmente homologado7, depois de inventar

o relógio de pulso.

O carro movido à combustão e o avião passam a ser veículos modernos,

capazes de atravessar grandes regiões, levando com mais rapidez o homem e a informação a

povos mais distantes e em um curto espaço de tempo. A memória continua preservada e os

instrumentos de armazenamento, como a escrita impressa, que fica cada vez mais sofisticada e

de possível acesso a maior número de grupos sociais, possibilita um intercâmbio maior entre

culturas. Seguidamente vamos aperfeiçoando as formas de nos comunicar, armazenar,

entender e memorizar . As artes plásticas, a fotografia, o rádio, a imprensa e o cinema vão

transmitindo dados de interesse aos diversos grupos sociais. As tecnologias se aperfeiçoam

de acordo com asnecessidades humanas.

1.1 Calculando a máquina

A primeira máquina de calcular foi digital. Usava o sistema zero e um e se

chamou Ábaco: dispositivo feito de madeira e arame com contas que diferenciavam, unidade,

5 www.automobilistica.hpg.com.br/ 6 Xavier, Ismail – “ O cinema no século” – 1996 – p 217 7 http://www.santos-dumont.net

13

dezena e centena e empregava o sistema de cálculo decimal. Provavelmente inventado na

Mesopotâmia no século V a.c.8

As máquinas de calcular foram se sofisticando até que o homem sentisse

necessidade não mais apenas de calcular dados, mas de programá-los também. Esta

necessidade aparece, no século XVIII, quando da necessidade de programar máquinas de

tecer para produzir padrões de cores diferentes, entre outras. Surgem os primeiros cartões

perfurados manualmente. No início do século no XIX, em 1801, Josef Marie Jacquard,

inventa um tear mecânico com leitora automática de cartões perfurados que representariam

padrões de cores diferentes.9

Em 1837 Charles Babbage começa a dar forma ao computador moderno. O

grande diferencial do sistema de Babbage era o fato que seu dispositivo fora projetado para

ser programável, item imprescindível para qualquer computador moderno. 10

Já no início do século XX surge a memória magnética (1900), desenvolvida

pelo dinamarquês Valdemar Poulsen. A válvula e o interruptor eletrônico são inventados

(1906) pelo americano Lee De Forest.11

1.2 Século começando

Antes da década de 20, “computador” era um termo associado a pessoas que

realizavam cálculos, geralmente liderados por físicos, em sua maioria mulheres. Após esta

8 Aqui as informações sobre a época que o ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à 4.000 AC. ( Uma breve história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador9 Aqui as informações sobre a época que o ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à 4.000 AC. ( Uma breve história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador10 Idem11 Idem

14

década, a expressão “máquina computacional” começou a ser usada para referir-se a qualquer

máquina que realizasse cálculos.12

No final da década de 40 a “máquina computacional” passa a ser o próprio

“computador”, digital e difundido em maior escala. O homem aprimora o uso do radar, do

motor de propulsão e dos sensores.13 A memória já estava magnética e tinha registros

eletrônicos a seu favor.

Se a Primeira Grande Guerra trouxe uma mudança territorial e de costumes

para a humanidade, trouxe também as inovações tecnológicas exigidas para a nova situação.

Pela necessidade de criar máquinas que executassem cálculos balísticos com precisão, foi na

Segunda Grande Guerra que universidades e instituições militares dos governos americanos e

europeus não mediram esforços para desenvolver projetos e aprofundar a busca por mais

tecnologia. Foi quando nasceu o computador atual.14

O alemão Konrad Zuse inventou o primeiro ordenador programável. Em 1936

o matemático e inglês Allan Turing estabeleceu os princípios teóricos do computador. Claude

Shannon demonstra (1938) que conjuntos de interruptores eletrônicos (válvulas) podem

realizar operações lógicas e em 1937 George Stibitz constrói, de forma caseira, um “Somador

Binário".15

O primeiro computador, o Harvard Mark I ocupava 120m2 e já conseguia

processar dados numéricos em segundos. O americano Howard Aiken foi o criador, com a

ajuda da IBM fundada em 1924.A memória do computador passa a ser fundamental para

processar dados. As válvulas eletrônicas revolucionam o processamento de dados e tarefas

que levariam, até um ano para serem concluídas passam a demorar apenas um dia.16

Neste momento a humanidade está à mercê das políticas de destruição e

dominação do homem pelo homem, onde questões políticas levam à briga pelo território, pelo

poder e pela eliminação do seu espelho, da sua memória. Andreas Huyssen , avalia que este

é um momento em que a humanidade sofre um marco fundamental em sua capacidade de

transmitir e armazenar dados e que o resultado é a discussão pós-moderna do que seja

monumental na memória.17 12 Idem13 Aqui as informações sobre a época que o ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à 4.000 AC. ( Uma breve história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador14 Idem15 Idem16 Idem17 Huyssein, Andreas, Seduzidos pela Memória, 2000. p. 112 -113

15

Em 1945 surge o conceito de armazenamento interno, na memória do

computador. Os EUA e a Inglaterra são os pioneiros. Surge o ENIAC "Electronic Numerical

Integrator and Computer" ( 1946).

A era do computador começa, segundo o www.widesoft.com.br , quando

Maurice Wilkes inventa o EDSAC (inglês) ou primeira “Calculadora Automática com

Armazenamento por Retardo Eletrônico”, primeiro computador operacional em grande escala,

capaz de armazenar seus próprios programas. A memória já está armazenando

eletronicamente.

Com a Guerra Fria a informática se aperfeiçoa. As válvulas já foram

substituídas por transistores. Foram as universidades, tanto nos Estados Unidos quanto na

Inglaterra, que desenvolveram os primeiros projetos de computadores. Pierre Lévy identifica

as instituições públicas, principalmente as entidades governamentais e as universidades, como

os grandes desenvolvedores de acesso às novas tecnologias.

No início da década de 50 as válvulas são substituídas pelos transistores que

entram no mercado em 1954 e é nesta década que começa a produção em larga escala de

computador e sistema, para o mercado consumidor. A televisão é um das novidades no

relacionamento humano. Diariamente e ao vivo no ar. Em 1958 nasce o primeiro “chip”: o

circuito integrado.

1.3 Partindo do digital

A linguagem digital existe desde que o homem calcula usando o método zero e

um (binário). Os indianos, no século V a.c. já usavam regras bastante sistemáticas e técnicas

em suas gramáticas, dando seqüência a invenção do Ábaco. É dada a partida para a sociedade

digital.

Avançando pelo desenvolvimento tecnológico, especificamente das “máquinas

de computação” o homem vai desenvolvendo novas características e formatos de se

comunicar. É “na passagem do analógico para o digital, com a conversão de toda informação

em códigos binários” 18 que o século XX destrói as fronteiras da comunicação de massa.

Na década de 70, em plena Guerra Fria, assistimos às mídias passarem por uma

evolução tecnológica e de mercado. “Não existe mais fronteira separando televisão, rádio,

18 Serra, Cristina;Diniz, Gabriela e Maia, Marta Cury – “ Do Analógico ao Digital” –2002 – trabalho de conclusão para facom/Ufba p1 - Texto Inicial

16

cinema,fotografia,imprensa, escrita, informática e telecomunicação”.19 Nesta mesma década a

linguagem LSI (“Large Scale Integration”), desenvolvida para computadores é incorporada a

equipamentos domésticos, como máquinas de lavar, fornos de microondas, televisores, som,

vídeo e automóveis, revolucionando a micro-eletrônica.Começamos a digitalizar nosso dia-a-

dia. É no início da década de 80 que os microcomputadores tornam-se acessíveis ao grande

público. A APPLE lança em 1983 o primeiro computador pessoal com interface gráfica20,

outra revolução: um micro ainda mais fácil de ser utilizado por um leigo. O chip que compõe

o microcomputador, sem dúvida revolucionou o mundo, técnica, e economicamente. O

próprio micro fez revoluções na administração de dados para a sociedade e trouxe para a

modernidade a cultura do digital.

Foi lá na sociedade oral que aprendemos o valor da palavra e de como era

fundamental para a comunicação e perpetuação dos valores da espécie. Na sociedade escrita é

que nos apegamos à noção de cultura, com a pesca, a agricultura, a escrita, a radicalização e

territorialização humana. O homem passa a ter necessidade de limites territoriais e cria

valores que diz fundamentais para seu estabelecimento e auto-reconhecimento. Precisa

política e economicamente estabelecer seus limites de domínio e poder. Valorando a cultura o

homem tornou-se capaz de limitar a si mesmo.

A evolução tecnológica avança sempre apoiada pelas guerras. As grandes

potências econômicas investem belicamente para atacar e tecnologicamente para defender

seus projetos, documentos e estratégias. É nessa atmosfera que vemos nascer o primeiro elo

pós-moderno com a sociedade oral: a Internet, a rede mundial de computadores. O mundo

moderno rende-se a oralidade e passa a desfrutar das benesses da palavra para a comunicação

imediata, rápida, fugaz e de interesse determinado pelo público que a consome. É neste

momento especular que refletimos nosso elo com o passado.

NOTA DA AUTORA

Parte das definições e conceitos deste capítulo foram formulados através de pesquisa pelo

ciberespaço. Todas as mídias contribuíram.

Capítulo 2

19 Idem. ( texto e página)20 http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador

17

O desenvolvimento das tecnologias digitais e do ciberespaço

O desenvolvimento das tecnologias é oriundo da capacidade nata que o homem

tem de aprimorar o relacionamento com o espaço e a Natureza, especialmente quando passou

a viver em sociedade politicamente organizada. A evolução técnica foi aprimorada pelo

homem com a necessidade de mecanismos que o apoiasse em suas conquistas.

As técnicas, de acordo com a época, foram se diversificando e o homem

criando instrumentos para utilizá-las na lavoura, na pesca, nas guerras em defesa do território

por ele estabelecido, em sua proteção pessoal, seu vestuário e higiene. Estes procedimentos

vão implicar nas relações sociais. O homem opera os instrumentos que cria seguindo uma

lógica própria de aprimoramento técnico ou de aperfeiçoamento da “tékhné” destes

instrumentos.

Com o nascimento da filosofia o homem ocidental vem desclassificar a técnica

do fazer. Para Platão as Idéias, que eram o mundo inatingível e perfeito que o homem deveria

alcançar, faziam parte de um universo que a mediocridade terrena não conseguiria

compreender. Esta corrente de pensamento é a base do pensamento ocidental. É neste

contexto que temos o impacto das definições do que seria “cópia” ou “original” e a

importância destas. Para Platão tudo que o homem produzia não passava de cópia e nada

poderia se igualar ao que estava no mundo das Idéias. Platão já nos colocava diante do

paradigma virtual/real. Como nos lembra Pierre Lévy, “a árvore está virtualmente presente no

grão”.21

Sem dúvida alguma podemos relacionar o desenvolvimento das tecnologias a

esta necessidade de superação humana. Durante toda a história vemos o pensamento e a

técnica caminharem paralelamente. Na Idade Média as técnicas evoluem e tem incentivo

religioso.São usadas também como instrumento de tortura. No século XVIII elas transformam

a relação social e econômica entre os homens e, unidas à ciência conduzem a humanidade ao

que denominamos progresso. No século XX começam a inverter a relação técnico-social com

o avanço das tecnologias digitais. Para Andréas Huyssen “a partir da década de 1980 o foco

21 Lévy,Peierre – “Cibercultura” 1999 –p 4718

parece ter-se deslocado dos futuros presentes para os passados presentes” 22, principalmente se

pensando em memória, armazenada pelas técnicas.

2.1 Vamos ao espaço

O desenvolvimento das tecnologias espaciais, que levaram o homem ao espaço

sideral e ao solo lunar, fezendo-o tocar (explorar minimamente) o mundo extraterrestre se dá

mais uma vez por questões bélicas. Em 1958 como resultado da Guerra fria o Russo Yuri

Gagari, do espaço sideral, e em comunicação direta com a Terra afirma: “A Terra é azul.” 23

Em 1968 o homem vai à lua, único satélite natural que órbita a terra. É a necessidade de

explorar muito além dos seus limites.

. Relacionamos estes passos ao momento que o mundo vivia partido em dois,

numa guerra muda e surda. A Guerra Fria trouxe aos países do bloco capitalista, e aos do

bloco socialista, uma corrida veloz pelo desenvolvimento de tecnologias e mecanismos para a

exploração espacial com a intenção de destruir um ao outro através do espaço. André Lemos

lembra que é a física moderna que prepara o terreno para o surgimento da tecnologia

moderna, lá no século XVII e, no século XIX “é o sistema técnico baseado na eletricidade, no

petróleo, no motor a explosão e nas indústrias de síntese química” que proporcionam uma

nova revolução industrial. 24 É esta uma das responsáveis por levar o homem à lua. A ciência é

revestida de técnica e é desta junção que surge a tecnociência. 25

No século XX nascem as grandes cadeias jornalísticas e editoriais no mundo; o

rádio e a TV impõem-se como meios de comunicação de massa; os satélites permitem a

agilização das comunicações mundiais. “As telecomunicações são de fato responsáveis por

estender de uma ponta à outra do mundo as possibilidades de contato amigável, de transações

contratuais, de transmissões de saber, de trocas de conhecimentos, de descoberta pacífica das

diferenças.” 26

Pierre Lévy sustenta ainda que “o ciberespaço surge como a ferramenta de

organização de comunidades de todos os tipos e de todos os tamanhos em coletivos

inteligentes, mas também como o instrumento que permite aos coletivos inteligentes

22 Huyssen, Adreas – “ Seduzidos pela Memória” –2000 – p 923 Idem24 Lemos, André – “Cibercultura – Tecnologia e vida social na cultura contemporânea”- 2004 - p4725 Idem - p 5126 Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999 – p 14

19

articularem-se entre si.”27. Aqui podemos fazer alguma relação entre as sociedades orais e de

como nos identificamos hoje com estas, formulando, trocando, criando enviando mensagens

e recebendo de volta a co-presença das mensagens em seu contexto28.

O ciberespaço tem origem na confluência de toda tecnologia que o homem

desenvolveu ao longo de sua trajetória. Lembremos que a tekhné vem do grego e que

filosoficamente descreve as artes práticas, o saber fazer humano. 29

Os Maias, uma das mais antigas civilizações pré-colombianas, habitantes da

Mesoamérica (1000 a.C.) tinham um profundo conhecimento dos astros, mesmo sem

conhecer um telescópio. Construíram calendários que eram perfeitas pirâmides. Criaram

relógios que orientavam os agricultores de acordo com a mudança das estações e tinham o Sol

como ponteiro.A sociedade Maia existiu ao mesmo tempo em que a sociedade Grega estava

em seu apogeu. A sociedade grega, assim com a egípcia, fundamentaou a civilização

ocidental. Esta foi desenvolvendo, como vimos, mecanismos tecnológicos e, tomando como

exemplo o relógio, Paula Sibilia faz uma “re-memorização” da história da tecnologia,

lembrando aquela maquininha que regula o tempo dos homens e seus compromissos: “Esse

aparelhinho singelo e precioso, cuja única função consiste em marcar mecanicamente a

passagem do tempo, simboliza como nenhum outro as transformações ocorridas na sociedade

ocidental em sua árdua transição para o industrialismo e a lógica disciplinar.”30

Sejam elas filosóficas, políticas, sociais ou tecnológicas, as buscas do homem

parecem longe de chegar a alguma definitiva conclusão. Podemos afirmar que as guerras são

o motor principal para o avanço tecnológico da humanidade. A luta é o motor humano.

A guerra digital durante as décadas de 50 e 60 faz o homem decidir pelas

próteses como base para suas múltiplas idéias.Com o avanço da tecnologia aeroespacial e o

mundo despencando alguns de seus muros políticos,vemos preservada a abundância de

conhecimentos e interesse pelas “próteses” que o homem precisa utilizar para habitar o mundo

moderno.

2.2 - A formação do ciberespaço

27 Idem – p 13328 “Cibercultura” –pierre Lévy – 1999 – P1529 Lemos, André – “Cibercultura – Tecnologia e vida social na cultura contemporânea”- 2004 p 2630 Sibilia, Paula – “ O Homem Pós-Orgânico – Corpo, subjetividade e tecnologias digitais” –2003 p24

20

O ciberespaço se desenvolve, assim, diante desta necessidade premente.

Foi buscando as novas formas de se relacionar que o homem identificou a

diversidade que existe entre ele e o todo, o universo. Ao aprimorar as tecnologias, aprofundou

a forma de observar menos preconceituosamente o desconhecido. Percebeu que no inabitável,

habita-se.

O “nó” a que Pierre Lévy se refere diante da conjunção de informações que o

ciberespaço proporciona, é a partícula, talvez a célula que fundamenta um organismo

ciberespacial. É neste contexto que a tecnologia moderna é definida: algo comparável a um

projétil e a cultura seria o alvo.

O mundo digital vai se modernizando. Empresas que desenvolvem projetos

tecnológicos vão pulverizando o mercado. Aquelas mais conservadoras, como a IBM, vão

perdendo terreno para àquelas que surgem com novas técnicas para equipamentos, digitais

e/ou eletrônicos, 31 desenvolvidos especialmente para que o homem possa se comunicar

independente do território político, social ou cultural a qual ele pertença.

Na década de 60 já estava o homem entendendo que era previsível o aumento

do desempenho do hardware, de forma contínua.32 Os computadores ainda eram enormes

máquinas de calcular que desempenhavam tarefas restritas ao mundo dos cálculos e das

metas. Os dados eram alimentados com cartões perfurados e, depois de lidos e processados

pela memória mínima diante daquela máquina monumental na ocupação de espaço e tempo

dos cientistas e imprimiam relatórios extensos e quase de impossível entendimento.33 A

informática, ciência que se solidificava através de instituições militares dos Estados Unidos e

da Inglaterra, resumia-se a criar programas e processar dados. A memória ainda era

lentamente processada.

Nos anos 70 o microcomputador passa a ser comercializado em grande escala,

após o surgimento do microprocessador, aquele que poderia exercer as mesmas funções com

mais rapidez e ocupando menos espaço físico. Começa então a estruturar-se o ciberespaço.

Com o avanço nas pesquisas fomos aperfeiçoando digitalmente o que seria

memorável e hoje o virtual nos mostra que a condição humana não nos permite dar conta de

tudo que o ciberespaço nos proporciona. As informações crescem aos borbotões e temos então

a possibilidade de escolher em que universo queremos estar presente. A desterritorialização,

31 http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2) 32 Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999 – p3133 http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2)

21

como defende Pierre Lévy em “Cibercultura”, é a principal característica deste movimento

sócio-cultural para a comunicação através do mundo digital.34

Com a criação do computador pessoal o uso das máquinas digitais passa a ter

um papel diferente daquele de calcular e fazer planilhas. Ainda movimentadas por interesses

militares e científicos as universidades vão ampliando suas pesquisas e transformando o PC

em um instrumento de comunicação integrada, em rede, entre grupos de estudo e pesquisa. É

no início da década de 80 que surge a Internet como um sistema de interligação de máquinas,

“uma rede de nós” que conecta pessoas em diversos lugares e com interesses diferentes. O

computador passa então a ser um instrumento de criação, de organização, de simulação e de

alguma diversão para alguns grupos de pesquisadores que estavam em países desenvolvidos e

ainda restritos ao âmbito científico ou estatal.35

2.3. A Internet

Para entender o conceito de Internet, a rede mundial de computadores, deve-se

regressar às décadas de 1960 e 1970 e perceber como ela se tornou um dos meios de

comunicação mais populares. Tudo surgiu no período em que a Guerra Fria pairava no ar

entre as duas maiores potências da época, os Estados Unidos e a ex-União Soviética. O

governo norte-americano queria desenvolver um sistema para que seus computadores

militares trocassem informações entre si, de uma base militar para outra e que mesmo em caso

de ataque nuclear os dados fossem preservados. Seria uma tecnologia de resistência. Foi assim

que surgiu então a ARPANET, o antecessor da Internet, criada em 1969 pela ARPA, sigla

para Advanced Research Projects Agency, ou Agência de Pesquisa de Projetos Avançados,

um projeto ou subdivisão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que realizou então,

a interconexão de computadores através de um sistema conhecido como chaveamento de

pacotes. Ela foi criada para a guerra, pois com essa rede promissora, os dados valiosos do

governo daquele país estariam espalhados em vários lugares, ao invés de centralizados em

apenas um servidor.36

34 “ VI – Universal sem totalidade, essência da cibercultura” em “Cibercultura – Pierre Lévy – 1999 –Ps 111 à 122”35 II – A infra-estrutura técnica do virtual” em “Cibercultura” – Pierre Lévy –1999 P 31 à 44

36 http://www.aisa.com.br - História da Internet.htm22

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América autorizou a

ARPANET para uso em rede de pesquisa, e os primeiros quatro “nós” tornam operacionais

em UCLA, UC Santa Bárbara, SRI, e University of Utah; 37

A linguagem Lego é desenvolvida em 1970 por Seymour Papert. É uma

ferramenta de ensino que leva Alan Kay a criar um grupo com o objetivo de integrar usuários

diversos como crianças, músicos,médicos e arquitetos, no laboratório PARC da Xerox.38

Então, decidem desenvolver o computador pessoal, o ALTO, funcionando entre redes locais.

A década de 70 foi poderosa para o desenvolvimento das tecnologias em todas as áreas do

conhecimento. A ciência avança em seus mecanismos tecnológicos investigando biológica,

social e tecnologicamente a cada vez maior gama de informação conectada e distribuída pelo

espaço virtual e também pelos equipamentos que ajudam a ciência a comprovar suas teorias.

O primeiro microcomputador foi o ALTAIR, que nasceu em Albuquerque, no

Novo México, em 1975. O ALTAIR era um processador que já aceitava monitor, discos e

impressoras com preço elevadíssimo ( US$ 5.000) para o kit. 39Em 1977, Steve Jobs e Steve

Wozniak criam informalmente a Apple II e Bill Gates e Paul Allen fundam a Microsoft. Em

81 a IBM lança o primeiro “personal computer” (PC) e, em 84, o Apple Macintosh é lançado

mudando os paradigmas existentes: é o primeiro computador interativo, convival e

democrático, segundo nos informa André Lemos em “ Cibercultura”. Até então a IBM

dominava o mercado com suas máquinas gigantescas desenvolvidas para pesquisa militar.

Em 1991, durante a Guerra do Golfo, certificou-se que o sistema de

chaveamento de pacotes realmente funcionava, devido à dificuldade dos Estados Unidos para

derrubar a rede de comando do Iraque, que usava o mesmo sistema.40 “Não só os

pesquisadores como também seus alunos e os alunos de seus amigos, tiveram acesso aos

estudos já empreendidos” 41 e somaram esforços para aperfeiçoá-los.

A mesma lógica se deu com a Internet no início da década de 80. Jovens da

contracultura, ideologicamente engajados ou não em uma utopia de difusão da informação,

contribuíram decisivamente para a formação da Internet como hoje é conhecida. Um esquema

técnico denominado Protocolo de Internet (Internet Protocol) permitia que o tráfego de

37 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE COMPUTAÇÃO RESUMO SOBRE A HISTÓRIA DA COMPUTAÇÃO. Prof. Dr. José Hiroki Saito – publicada na Internet38 Lemos, André – “Cibercultura –tecnologia e vida social na cultura contemporânea” p 10439 Idem – pag 10440 idem41 Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999

23

informações fosse encaminhado de uma rede para outra. Contudo a Internet como hoje

conhecemos, com sua interatividade, como arcabouço de redes interligadas de computadores e

seus conteúdos multimídia, tornou-se possível pela contribuição de cientistas como Tim

Berners-Lee e ao CERN, Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire - Centro Europeu de

Pesquisas Nucleares, que criaram a World Wide Web, inicialmente interligando sistemas de

pesquisa científicas, e mais tarde acadêmicas, à universidades.42 A rede coletiva ganhou uma

maior divulgação pública a partir dos anos 90 quando os computadores pessoais chegaram

mais facilmente aos usuários.

A Internet inicia uma mudança radical na forma do homem relacionar-se e cria

novas possibilidades de comunicação, educação e cultura. Nós hoje somos fruto dasta

sociotecnologia. Estabelece-se assim, mais uma das bases para a Cibercultura. A comunicação

e a informação começam a ter um novo formato. Sociedades são desenvolvidas do

ciberespaço para o ciberespaço, do espaco virtual para o mundo real e vice-e-versa,

derrubando fronteiras antes determinantes de tempo e espaço para a comunicação. Hoje nos

comunicamos com os mais diversos povos em qualquer parte do planeta, instantaneamente

através da Internet. Esta propiciou a criação de espaços públicos de discussão, pesquisa,

relacionamento, jogos, diversão, criação e logísticas antes inexistentes. O acesso a distância

aos diversos recursos que um computador pode oferecer e a transferência de dados (imagens,

sons, textos, vídeos) se estabelece facilmente.

É nesta atmosfera que vemos nascer uma gama variada de instrumentos que

dão formato ao ciberespaço. Linhas de interfaces são desenvolvidas para dar suporte ao novo

espaço de comunicação que surge. Os jogos eletrônicos, a digitalização do som, a telefonia

celular, digitalização da imagem, os hipertextos as inovações constantes nas plataformas de

utilização e transmissão de informação criam uma nova interação cultural. A tecnociência

evoluiu para biotecnologia e a genética hoje pesquisa de forma árdua a possibilidade de

aumentar a sobrevida humana.

Capítulo 3

A Cibercultura

42 http://www.aisa.com.br - História da Internet.htm

24

O ciberespaço começa a ser configurando.

Sem ter muito claro o que isso significaria o homem segue desenvolvendo

novas tecnologias para otimizar seu tempo e aperfeiçoar técnicas de pesquisa e observação. A

disseminação do uso dos computadores proporciona os primeiros passos para a virtualização

da informação e da comunicação.

A partir da década de 70, com a comercialização em larga escala do

microcomputador a sociedade em geral começa a transformar seu dia-a-dia. O computador, de

possível acesso agora para qualquer mortal com capacidade financeira de compra, passa a ser

um instrumento de criação, organização, simulação e divertimento.43 A informação vai sendo

processada e armazenada em grande escala criando um banco de dados, memória virtual,

digital. Na década de 80 a informática começa a fundir-se com as telecomunicações, a

editoração, o cinema e a televisão. A produção e gravação musical são as primeiras a serem

digitalizadas44 e a digitalização passa a ser o modo que a sociedade vai descobrindo para

armazenar e produzir memória. A interatividade surge e movimenta as normas de relacionar,

criar e comunicar, transferir informações entre os mais diversos grupos sociais. Informar e

comunicar são mais importantes que armazenar.

Cientistas foram aperfeiçoando pesquisas para o desenvolvimento de

experiências de toda ordem. Segundo Pierre Lévy “as tecnologias digitais surgiram, então,

como a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de

organização e de transação” 45 o que fez surgir um novo mercado de informação e

conhecimento. Nasce a informática, ciência que vem produzir, armazenar, distribuir de forma

automática a informação. André Lemos situa o nascimento da Cibercultura na década de 70,

com o surgimento a microinformática46.

Voltando um pouco atrás, entre 1940 e 1960 são dados os primeiros passos

para o tratamento automático da informação. A cibernética, que vem do grego Κυβερνήτης

(kybernetiké) , que significa condutor, governador, piloto47 surgiu em 1948. Palavra cunhada

por Norbert Wiener (1894-1964), “como o nome de uma nova ciência que visava à

compreensão dos fenômenos naturais e artificiais através do estudo dos processos de

comunicação e controle nos seres vivos, nas máquinas e nos processos sociais.”48 “Wiener foi 43 Lévy, Pierre – “ Cibercultura” –1999 – p 3244 idem pg 3245 idem – pg 3246 Lemos, André – Cibercultura –tecnologia e vida social na cultura contemporânea . p 10147 “Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cibern%C3%A9tica,48 http://www.das.ufsc.br/gia/computer/node7.html

25

(...) um dos primeiros a se interrogar sobre os desafios éticos e os usos sociais”49 dos novos

domínios que aparecem com a microinformática. Ele pretende estabelecer uma relação entre a

individualidade humana e as trocas de informações, que vão estabelecer e determinar a

evolução e sobrevivência humana. Define também que “toda sociedade deve ser analisada a

partir de trocas de informação, porque toda a vida é estruturada a partir de processos de

comunicação”.50

Lá nos anos 60, a “contracultura”se rebelou contra a dominação militar sobre

as tecnologias que se desenvolviam rapidamente. Na Califórnia surgiu o principal movimento

para acabar com a hegemonia militar sobre as novas tecnologias: a miniaturizacão de

componenetes tecnológicos que permitiu o aumento da memória eletrônica e da velocidade no

processamento de informacão, desenvolvendo assim em grande escala as tecnologias digitais,

criando máquinas mais potentes e acessíveis uniu-se à efervescência socio-cultural que lançou

bases nas nossas sociedades contemporâneas digitais. A microinformática baseou-se na

miniaturizacão. Mérito para os Californianos.

Sendo assim, já nos fins dos anos 70, Gilber Hottois, professor belga da

Universidade Livre de Bruxelas, cria o conceito de Tecnociência para designar o conceito

social e tecnológico da ciência51 e distingüir a diferença entre ciência, que consiste num

conjunto de verdades logicamente encadeadas entre si, e tecnologia, que aplica e elabora os

conceitos científicos52. Concluímos que ciência e tecnologia caminham juntas, apesar das

diferenças. Uma completa a outra e devem ser tratadas como uma unidade.

Como nos ensinou Norbert Wiener a informação é a chave mais importante

para definir o ser humano. Também na década de 70 a biotecnologia dita os primeiros passos

para Engenharia Genética embrenhar-se pelas pesquisas sobre a sobrevida humana.

Voltando ao ciberespaço um dos responsáveis por esta movimentação

científica e ideológica é o aumento constante do desempenho do hardware. Ainda neste

momento estes estudos eram desenvolvidos por militares e ninguém podia imaginar os efeitos

sociais que poderiam causar. A virtualização da informação e da comunicação era

impensável. A comercialização do microprocessador proporciona processos econômicos e

sociais até então inexistentes. Neste período Doug Engelbart inventa a interface, ambiente de

resposta, o processador de texto, o “mouse” e as janelas com os menus.

49 Lemos, André – “Cibercultura –tecnologia e vida social na cultura contemporânea” p 10350 idem p 10251 http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnoci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnoci%C3%AAncia 52 Idem

26

Na Inglaterra dos anos 80 surge o movimento punk: movimento radical de

contestação anarquista que ajuda na nova lógica das tecnologias digitais em expansão. Para

este pensamento a informação deve ser descentralizada, ampla e acessada por todos, onde

quer que estejam, sem limite de território ou político. Simultaneamente aos californianos que

pretendiam acabar com a centralização e a posse da informação pelos militares, cientistas

espalhados pelo mundo fomentam o ideário da microinformática para democratizar o acesso à

informação e principiar a Cibercultura. Diz André Lemos: “O radicalismo californiano, que

deu origem a essa nova configuração sóciotécnica, era então uma mistura de esoterismo Zen,

ecologia e ficção-científica”, 53 e completa afirmando que a microinformática além de ser a

base para a Cibercultura é fruto de uma apropriação social.54

É na emergência das modificações sociais causadas pelo processo de

desenvolvimento das tecnologias digitais e todo o fértil momento social que surge a Internet,

hoje rede mundial que interliga computadores em toda parte do mundo com acesso a uma rede

de comunicação digital. A World Wide Web (também conhecida como W.W.W ) é um

sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet .

O desenvolvimento das tecnologias digitais só avança e em velocidade

imprevista. Esta atmosfera ajuda a confirmar mais parâmetros para a Cibercultura se

concretizar como uma realidade, uma nova forma do homem desenvolver relações com o

mundo. Pierre Lévy analisa que “longe de ser uma subcultura dos fanáticos pela rede, a

Cibercultura expressa uma mutação da própria essência da cultura”.55

3.1 – O Virtual

Podemos relacionar a Platão as primeiras noções ocidentais de virtual. É no

pensamento platônico que encontramos a definição do Mundo das Idéias, que segundo ele é o

pensamento quando liberto do Mundo Sensível, do tátil, ou seja, para Platão o real é apenas

uma cópia pálida das Idéias, onde residiria o Verdadeiro.

“A palavra virtual surge no princípio do século XVIII no campo da óptica para

descrever a imagem refratada ou refletida de um objeto (...) e na informática, a palavra virtual

aprece nos anos 70 quando a IBM lança um produto-conceito chamado de memória virtual”.56

53 idem p 10554 idem p 10655 “Cibercultura”- Lévy, Pierre –1999 - p 24756 Lemos, André – Cibercultura - 2004 – p.159

27

O desenvolvimento dos mundos artificiais formados por imagens de síntese nos revela a idéia

de realidade virtual, ou seja, um ambiente simulado que permite interação com o usuário que

recebe etímulos corporais. “O corpo real migra para um mundo de pura informação” 57.

O que seria o virtual na Cibercultura? Este é um conceito que tem trazido

questões relacionadas a “desrealização da experiência” e medo da perda de contatato com o

real. O que nos interessa pensar é que o conceito de virtual está correlato com o de atualizar.

Atualização e virtualização são sinônimos segundo André Lemos e Pierre Lévy, portanto a

dicotomia entre real e virtual inexiste.

Como Platão nos mostrou que no mundo das idéias está a representação

primeira do real, podemos fazer uma analogia e dizer que no mundo virtual está a primeira

idéia do real. Portanto o real seria uma representação do virtual, ou seja, o que está no âmbito

do virtual, se atualizado, transformar-se-ia em real. “A realidade é um consenso mais ou

menos estável, produto de virtualizações e atualizações sucessivas” 58. André Lemos,

basenado em Pierri Lévy e J. Larnier, entre outros, nos faz pensar numa crítica pertinente,

diante do preconceito com o virtual e diz : “ o verdadeiro problema não é dizer que tudo será

virtualizado e que, por isso, vamos perder o senso da realidade , mas apontar com um dedo

arrogante o que é , ou o que deve ser A realidade .”59. Não seria totalitarismo?

57 Idem - p. 15558 Lemos, André – Cibercultura – 2004 – p. 16059 Idem - p 160

28

3.2 - O Hipertexto e a Hipermídia

A imagem mais simples para descrever um Hipertexto, em oposição ao texto

linear seria pensá-lo como um texto estruturado em rede: é constituído por elementos de

informação, imagens, seqüências, músicas, links, “botões” que ligam um “nó” ao outro

dentro do ciberespaço.60A velocidade, a precisão, o dinamismo a interatividade e a não

linearidade ao acessar um Hipertexto, são características básicas.

A enciclopédia é, talvez, o primeiro exemplo de Hipertexto, onde os diversos

assuntos eram acessados através de um índice que remetia às definições, imagens impressas e

ao resultado de pesquisa sobre determinado assunto. No ciberespaço ele nos leva a direções

diversas. É o resultado primeiro numa pesquisa em uma Hipermídia, por exemplo.

Tim Baerners-Lee, ao propor a WWW como conceito e ferramenta de

interligação de computadores ao redor do mundo61, materializou o que Ted Nelson previu com

seu projeto Xanadu , em 1960, quando propunha ligar documentos visuais e textuais em

sistemas informacionais62, surgindo assim as primeiras noçãoes de Hipermídia. Uma forma

bastante comum disto é o Hipertexto. Segundo alguns autores a Hipermídea é uma extenção

do Hipertexto. Quando se busca por um determinado assunto, invariavelmente acaba-se

navegando por diversos outros. A Hipermídia trás em si diversos Hiperdocumentos (um DVD

é um Hiperdocumento, assim como um CD-ROM). A internet é o mais conhecido suporte de

Hipermídia, porém se considerarmos uma FILE (Festival Internacional de Arte Eletrônica que

em agosto de 2009 aconteceu na sede Fiesp, em São Paulo), poderemos afirmar que a

Hipermídia pode estar representada por outras plataformas além da rede e das citadas acima.

A FILE trouxe, e trás desde 2005 ao Brasil, expositores de várias partes do

mundo com diversas formas e manifestações artísticas, eletrônicas, científicas, digitais,

visuais, entre outros, de interação tátil, auditiva e sensorial que provoca ao visitante da feira,

uma reflexão sobre o que a tecnologia está propondo ao homem moderno enquanto ser social

e cultural.

60 Lévy, Pierre –“Cibercultura”- 199961 http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperm%C3%ADdia62 http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperm%C3%ADdia

29

Entre o Hipertexto e a Hipermídia a diferença pode estar na contextualização

da plataforma. Na medida que atualizamos as tecnologias, as definições vão tembém sendo

atualizadas de tal maneira que conceitos podem se fundir. Este pode ser um exemplo.

3.3 - O e-mail

Ou correio eletrônico, como foi denominado no início do acesso popular à

Internet. A troca de informação por este instrumento permite o envio de mensagens escritas,

imagens, sons, softwares de acordo com a velocidade que fornece o provedor (fornecedor de

acesso à internet). As mensagens são de toda ordem: pessoais, empresariais, científicas e mais

uma gama de inutilidades como “correntes”, spans, spawers e o que mais vier. O e-mail é um

dispositivo tecnosocial e foi o primeiro a ser usado em grande escala por usuários da rede.

Atualmente a troca de informação se dá de forma mais presencial.

Quase a totalidade de quem tem acesso à “rede” tem um endereço eletrônico. O

@ passou a ser uma extensão, um “sobrenome” que identifica o caminho que a mensagem

deve percorrer para encontrar o destinatário. A grande vantagem, além da velocidade com que

os interlocutores podem trocar mensagens, é a de não haver mais a necessidade da impressão,

da escrita e o tempo é mínimo para que a “carta” chegue ao seu destino. O que levaria

dias,demora segundos para chegar a qualquer região do planeta que haja conexão com a rede

e pode ser enviada instantaneamente a um ou diversos destinatários sem prejuízo no conteúdo,

nos alertava Pierre Lévy, em 1999 63. Hoje boa parte da população conectada usa outros

mecanismos para enviar e receber mensagens instantâneas, como as salas de discursão, os

blogs, os mensgeiros eletrônicos ou principalmente os sites ou redes de relacionementos. Em

São Paulo, dia 24 de setembro de 2008, o 17º Congresso Nacional de Auditoria de Sistemas,

Segurança da Informação e Governança (CNSAI), ouviu de Cezar Taurion, gerente de novas

tecnologias aplicadas da IBM Brasil, que o e-mail já é uma ferramenta praticamente

ultrapassada e que até 2015 estará extinto. Porém a utilização desta ferramenta ainda é

fiundamantal para aqueles que utilizam o ciberespaço. Posso citar uma experiêncioa pessoal

que tive por ocasião da elaboração dete trabalho: ouvindo a rádio CBN, descobri uma coluna

sobre tecnologia. Acessei a rádio pela Internet e descobri a colunista e editora Daniela Braun.

Enviei um e-mail à procura de dados e ela, desde então passou a ser colaboradora neste

63 “Cibercultura”- Lévy, Pierre –1999 -p 9530

trabalho.Trocamos várias mensagens e os links indicados por ela me levaram a vários

assuntos de meu interesse.

3.4 - Os sites de relacionamento ou redes sociais

Grupos de todas as partes do mundo e de “tribos” das mais distintas se

encontram “conectadas” a sites de relacionamantos pela Internet.Comunidades científicas,

esotéricas, ecológicas, sexuais, filosóficas, políticas religiosas e mais uma infinidade de

agrupamentos sociais produzem conferências eletrônicas sobre temas de seus interesses.

Fóruns de discussão (papos de toda orde, útil ou inútil) são criados em torno de determinado

assunto a todo minuto pelo mundo. Para os fóruns de discussão, quase sempre existem

mediadores que dispõem do direito de avaliar se o teor das mensagens postadas pelos

membros do grupo é do interesse e vinculadas ao tema proposto. Nos sites de relacionamentos

temos um exemplo maior do que Pierre Lévy propôs em 1999, em Cibercultura, como

“universal” (“apresença virtual da humanidade para si mesma”) 64.

Quando se deu início as conferências on-line, centenas de pessoas podiam

fazer parte de uma mesma conferência e as mensagens eram dirigidas não à uma pessoa mas

ao tema. Os participantes respondiam às considerações propostas, entre si, por mensagens

assinadas. Muitas vezes os temas passavam a ser de interesse de uma parte de grupo que

seguia discutindo o assunto. Os outros membros apenas observarvam ou bloqueavam se não

lhes interessva.

Algumas empresas possuem suas Intranets (rede particular de transferência de

informação). Universidades, centros de pesquisa, instituições governamentais também usam

deste mecanismo. Muitos substituiram seus jornais internos pela Intranet

Hoje as redes sociais e sites de relacionamento se proliferam e se multiplicam

diariamante pela Internt otimizando estas conferências. Não se fala mais em conferências mas

em grupos, comunidades que se organizam virtualmente e estão passando a ser uma das

representações real das conseqüências da Cibercultura. Exite uma disputa entre as empresas

donas de portais para abrigar o maior numero de usuários em seus sites de relacionamnto. A

comercialização de espaço para publicidade nas páginas destes sites move milhões de dólares

ou euros. A idéia de desterritorialização através da Cibercultura, defendida por Pierre Lévy,

também se materializou nestes sites.

64 Lévy, Pierre –“Cibercultura”- 1999 – pg 24731

No mundo há bilhões de pessoas conectadas e alguns milhares estão ligadas a

algum ou vários destes sites. May Spayce, Facebook, Twitter, são os mais acessados. No

Brasil e na Índia o Orkut tem a preferência dos usuários. Atualmente o Facebook tem mais de

250 milhões de usuários, segundo Daniela Braun, editora da revista eletrônica IDG NOW!65

Em maio de 2009 o My Space tinha 115.2734 millhões66. O Orkut já contabilizava no início

deste ano, 24 milhões de usúários dos cerca de 69 milhões de braseileiros conectados,

segundo o Ibop Nielsen Online, e devemos ultrapassar este número no segundo semestre de

2009 67 . O Orkut é o site de relacionamento que os brasileiros mais procuram.

3.5 - A notícia e a informação

Os principais provedores de Internet estão de alguma forma ligados à grandes

grupos de comunicação. No Brasil, www.uol.com.br é ligada ao grupo Folha de São Paulo,

www.tera.com.br é ligado ao grupo Abril e www.globo.com às Organizações Globo, para

citarmos alguns exemplos. A notícia e a informação estão “editadas” em toda página principal

de um provedor, em um blog, em um fotolog.

Redes de notícias ou empresas de comunicação pelo mundo todo atualizam

minuto a minuto seus sites. As Agências de Notícias estão on-line permanentemente e seus

usuários conectados com a notícia pelo mundo todo. Organizações de comunicação como Le

Monde, Le Fígaro, L'Express ( francesas) CNN, The New York Times, Washington Post,

Newsweek ( americanas) Estadão, Globo; Folha de São Paulo, Tv Brasil, ( brasileiras) El

Mundo, La Vanguardia ( espanholas) BBC, The Times (inglesas), entre várias outras, tem

seus endereços eletrônicos de fácil acesso para quem navega pelo ciberespaço. A notícia é

mais rápida e superficial se obtida pela Iternet. O texto é curto e perde a atualidade

rapidamente porénm está ligada a diversos, quase infitinos links que acabam por mermitir o

aprofundamanto da matéria em pauta. Este foi a connclusão que cheguei ao acessar os Lilnks

sugeridos pele editora Dailea Braun, por e-mail, que acabaram me levando a uma infinidade

de outros links com informações esclarecedoras sobre usuários da Internet no Brasil e no

mundo. Podemos concluir também que um jornal impresso, de certa forma é desatualizado

diante da velocidade que as informações circulam pelo ciberespaço.

65 http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/08/31/o-facebook-e-uma-ameaca-a-supremacia-do-orkut-no-brasil/66 http://idgnow.uol.com.br/internet/2008/06/16/facebook-ultrapassa-myspace-e-se-torna-rede-social-mais-popular-do-mundo/67 Dados fornecidos pela editora do Naw! Digital Business Daniela Brau, por e-mail

32

Os blogues ( blogs) ou weblogs são “um sistema de publicação na web

destinado a divulgar informação por ordem cronológica, à semelhança de um diário...

permitem que utilizadores com poucos conhecimentos técnicos de Informática publiquem

facilmente conteúdos na web.” 68. Jornalistas, artistas, políticos, cientistas, escritores, pessoas

comuns em diversos grupos sociais possuem blogs que são alimentados rapidamente via

servidor com as informações que o “blogueiro” quer postar . E esta circula livremente pela

Internet.

3.6 – O celular

Várias outras possibilidades de comunicação o mundo “ciber” oferece. A

mobilidade, ou seja, a tecnologia móvel (celulares, Internet sem fio, palms) reforça a

informalidade na distribuição de informação e mensagens neste mundo desterritorializado que

é o ciberespaço. André Lemos e Lorena Novas, em artigo científico, publicado pela Faculdade

de Comunicação da UFBA,69 fundamentam de forma brilhante como as tecnologias móveis

ajudaram a informar ao mundo e aos habitantes dos países atingidos pela catástrofe que

assolou a Ásia em 30 de dezembro de 2004. Foi graças ao alcance destas ferramentas,

especialmente o celular, que as notícias correram mundo através de mensagens de texto e

fotos que distribuíam informações quase instantâneas, já que todas as redes convencionais de

comunicação estavam fora do ar naquela região. Foram os blogs que permitiram ao mundo

obter imagens da catástrofe quase instantaneamente. Familiares “conectaram-se” por

celulares, especialmente os estrangeiros, que em grande número passavam férias e o feriado

de final de ano na região atingida.

As tecnologias digitais móveis avançam de forma assustadora. As operadoras

não cansam de jogar no mercado aparelhos novos com mais recursos diariamente. Hoje se

grava áudio e imagem, fotografa-se, ouve-se música e rádio e se recebe sinais de tv facilmente

em um aparelho celular. É possível acessar a Internet, ler e enviar e-mails, corrigir textos,

publicar textos e imagens, armazenar dados além de vários outros serviços que as operadoras

e os fabricantes de aparelhos oferecem. A concorrência é forte para alcansar os interesses dos

usuários. As tecnologias para transmissão de dados também se aprimoram velozmente. Os

68 http://visibilidade.net/tutorial/glossario-informatica.html .69 Lemos, Andre e Novas, Lorena. Cibercultura e Tsunamis – Tecnologias de Comunicação Móvel, Blogs e Mobilização Social”, Revista Nova, nº 26, de abril de 2005.

33

governos têm interferência forte neste setor. Hoje no Brasil se pratica a tecnologia 3G para

transferência de dados móveis, ainda engatinhando. Em alguns países da Europa e Ásia já é

possível utilizar a 4G, que oferece ao usuário uma maior velocidade e mais recursos na

transmissão de dados.

CONCLUSÃO

34

Com este trabalho podemos concluir que a Cibercultura ainda está

engatinhando. Independente de toda exposição, que nos levou há 5.000 ac . ou de toda

formulação teórica que possa existir sobre o assunto, ou que esteja em andamento com mais

adeptos desta forma de pensar o relacionamento e a comunicação humana, ainda estamos

começando a vislumbrar os caminhos que a humanidade poderá trilhar modificando, talvez

radicalmente, as regras de comportamento utilizadas hoje em contraste com o que seria

natural ao homem. Mais ainda, seguindo nesta premissa talvez a Cibercultura venha ser o

diferencial, o ponto de ligação para as novas premissas que se colocam na transformação

social do terceiro milênio. Fazemos parte de uma geração que participou do último dia do

segundo milênio e do primeiro do terceiro. As implicações sociais que permeiam esta

passagem são imprevisíveis.

Ao homem é inferida uma responsabilidade da mudança e da permanência da

evolução, seja ela tecnológica ou social e por questões óbvias teremos que arcar com estas

determinações que nos impusemos.

As tecnologias foram, como vimos, criadas e aperfeiçoadas pelo homem ao

longo da sua história. Na verdade o que chamamos hoje de novas tecnologias são apenas

aperfeiçoamento e adaptação das necessidades do homem ao meio social que ele foi

modificando. Percebemos que desde os primórdios do que conhecemos como cultura, foi o

aperfeiçoamento dos objetos e do entorno que trouxe ao homem um certo domínio de espaço,

de pensamento, de território e é o que move a tecnologia. Todo o aparato que o homem se

cercou para estar aqui em 2009, começando o terceiro milênio faz parte da incessante busca

pelo que não saberemos nunca onde chegará a sociabilidade e a forma de viver no planeta

Terra.

Já estamos completamente envolvidos com as chamadas novas tecnologias. As

crianças começam a andar e ao mesmo tempo a dedilhar em teclados, que em breve serão

substituídos por outra prótese. Não sabem utilizar o relógio com ponteiros. Nas escolas,

apesar da resistência de um modelo falido de educação, as máquinas de calcular são material

escolar. O celular reinventa a forma de drible que os jovens sempre ajustam, para dizer “não”

às regras impostas pelo sistema educacional e é o segundo colocado na hierarquia dos

mecanismos da Cibercultura que interligam a rede de comunicação. Na verdade, nos países

em desenvolvimento, mais do que nos países de primeiro mundo, o celular é o maior

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representante das interferências da Cibercultura no comportamento humano. Foram as

telecomunicações que proporcionaram a intercomunicação pública entre computadores, lá na

no início da década de 90 e hoje se traduz em “rede móvel”.

Grupos e redes sociais são a confirmação do encontro do homem no

ciberespaço. André Lemos em “Cibercultura- Tecnologia e vida social na cultura

contemporânea”, quando se refere ao hacking ético, relembra o CCC (Caos Computer Club),

de Hamburgo, que iniciou sua atividade em 1984 com ataques ao sistema TELEBOX e ao

sistema de BTX. Eles desviaram 135.000 DM da Caixa Econômica de Hamburgo e no dia

seguinte procuraram o Banco para devolver o dinheiro. Este grupo, segundo Lemos reclamava

“o reconhecimento de um novo direito do homem, o direito de uma comunicação livre, sem

entrave e sem controle, através do mundo inteiro, entre todos os homens dotados de

inteligência , sem exceção”70. Usaram o Ciberespeço.

Estamos formalizando a destruição dos territórios, dos guetos culturais

deixando aparente a destruição das barreiras que separam os povos e continentes. As guerras

são acessadas “on-line” desde a Guerra do Golfo. A História é contada instantaneamente e

pode passar a ser deletada se não nos propusermos, como nas sociedades orais a armazenar e

difundir a memória social. As mídias digitais, especialmente as online, nos proporcionam o

formato interativo de comunicação. Hoje podemos falar e ver instantaneamente o outro lado

do mundo. Comunicamo-nos e interferimos online, conectados, em assuntos dos interesses

mais diversos: compramos, vendemos, opinamos, elegemos, adicionamos informação,

destruímos interesses. Como exemplificam muito bem André Lemos e Pierre Lévy, podemos

destruir e construir numa velocidade online. Esta nova forma de agregação determina que não

há espaço impossível para o homem e que este pode ser um dos momentos preciosos da

história da humanidade.

06 de setembro de 2009

70 Lemos, André – “Cibercultura ...” 2004 – p. 21036

Agradecimentos

“Maria Helena Silveira”

“Eduardo Santoro”

“Hélène”

“Elizabete Lamosa”

“Daneila Braun”

“ Prof. Aristides Alonso”

E a todos meus amigos que tiveram paciência e acreditaram que eu terminaria este

trabalho.

37

Bibliografia:

Seduzidos pela Memória: Arquitetura, monumentos, mídia - Andréas Huyssen

– Rio de Janeiro – Aeroplano Editora - 2000

Cibercultura – Pierre Lévy – Editora 34 -1999

O Homem Pós-Orgânico : corpo, subjetividade e tecnologias digitais -Paula

Sibilia – rio de janeiro – Editora Relume-Dumará - 2002

Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea”– André

Lemos – Editora Sulina - 2004

O cinema do século –Ismail Xavier- Imago Editora – Rio de Janeiro - 1996

História moderna e contemporânea – Alceu L. Pazzinato & maria Helena V.

Senise – Editora ática – São Pailo 2004

A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço.Lévy, Pierre -

São Paulo: Loyola. 1998

Centro de Estudos Peirceanos – Comunicação e Semiótica - PUCSP -

http://www.pucsp.br/pos/cos/cepe/index.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Semiótica

http://pt.wikipedia.org/wiki/Servidores

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, CENTRO DE CIÊNCIAS

EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE COMPUTAÇÃO RESUMO

SOBRE A HISTÓRIA DA COMPUTAÇÃO. Prof. Dr. José Hiroki Saito – publicada na

Internet

http://www.freewebs.com/tecnociencia/cinciafilosofia.htm

http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm

http://www.das.ufsc.br/gia/computer/node7.html

Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cibern%C3%A9tica http://www.aisa.com.br - História da Internet.htm http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm(História do Computador - parte1 e parte2) “ VI – Universal sem totalidade,

essência da Cibercultura” em “Cibercultura – Pierre Lévy – 1999 –PS 111 à 122”

38

http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm (História do Computador - parte1 e http://w.w.w.historiadomundo.com.br/maia/maias Serra, Cristina;Diniz, Gabriela e Maia, Marta Cury

7 http://www.santos-dumont.net Aqui as informações sobre a época que o

ábaco foi inventado são imprecisas mas variam de 5.500 AC. à 4.000 AC. ( Uma breve história da Informática) & http://w.w.w.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do Computador - parte1 e parte2) & http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador

História da Imprensa – http://pt.wikipedia.org

www.automobilistica.hpg.com.br/ http://www.netkids.com.br/ (Netkids- Educação com

Tecnologia Rua Dona Alexandrina, 366 - Centro 13560-290 - São Carlos- SP Tel.: 16 3371-

6796) – coluna de Lucio Fonseca Consultor Educacional, especialista em Tecnologia

Aplicada à Educação e palestrante em Congressos e Seminários realizados no Brasil e no

exterior -

TEXTOS

Ciber-Sociedade Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea, André

Lemos

Dogmas da Inclusão Digital – André lemos

Olhares sobre a Cibercultura – André Lemos e Paulo Cunha

“Representação e memória no ciberespaço” - Silvana Drumond Monteiro, Ana

Esmeralda Carelli, Maria Elisa Valentim Pickler – artigo publicado pela revista Ciência da

Informação, n° 35, vol 3 – 2006 , do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Tecnologia –

e publicado no http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/704

– “ Do Analógico ao Digital” –2002 – trabalho de conclusão para facom/Ufba p1 - Texto Inicial

Textos publicados na revista Comum n 28 :

Revista Micro Sistemas – 1995

http://www.automobilistica.hpg.ig.com.br/historia.htm http://www.santos-

dumont.net

www.aisa.com.br/historia

http://ftp.mma.com.br/materias/historia2.htm ( uma breve história da

Informática)

39

http://www.widesoft.com.br/users/virtual/parte2.htm ( História do computador

- parte2)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador

http://ftp.mma.com.br/materias/historia3.htm

http://www.historiadomundo.com.br/maia/maias

Vídeo exibido em 14/05/2008 pela UTV, produzido pela PUC-RJ –cientistas

falam sobre as evoluções das tenologias espaciais. – Anexado em DVD

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