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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PROCESSOS - PEP MONITORAMENTO DE PROCESSOS EM TEMPO REAL VIA ESPECTROFOTOMETRIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO Autor: Augusto Maynard Araujo Orientadores: Prof. Alexandre Ferreira Santos, D.Sc. Profª. Montserrat Fortuny Heredia, D.Sc. ARACAJU, SE - BRASIL. MARÇO DE 2007

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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PROCESSOS - PEP

MONITORAMENTO DE PROCESSOS EM TEMPO REAL VIA ESPECTROFOTOMETRIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO

Autor: Augusto Maynard Araujo

Orientadores: Prof. Alexandre Ferreira Santos, D.Sc.

Profª. Montserrat Fortuny Heredia, D.Sc.

ARACAJU, SE - BRASIL.

MARÇO DE 2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

A663m Araujo, Augusto Maynard.

Monitoramento de processos em tempo real via espectrofotometria no infravermelho

próximo / Augusto Maynard Araujo ; orientadores Alexandre Ferreira Santos, Montserrat

Fortuny Heredia. – Aracaju, 2007.

89 p.: il.

Inclui bibliografia.

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Processos) – Universidade Tiradentes (SE),

2007.

1. Petróleo. 2. Monitoramento de processos – Engenharia. 3. Espectrofotometria

no infravermelho próximo (NIR). I. Santos, Alexandre Ferreira (orient.). II. Heredia,

Montserrat Fortuny (orient.). III. Universidade Tiradentes. Programa de Pós-graduação em

Engenharia de Processos. IV. Título.

CDU: 665.622.4

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Dedicatória

Dedico esta dissertação aos meus pais Josilávio de Almeida Araujo e

Jussara Maynard Araujo, pelo apoio e compreensão que sempre depositaram em mim.

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Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos aos meus orientadores Alexandre e Montse,

que acreditaram em mim a responsabilidade de desenvolver este belo trabalho.

Agradeço a minha família que sempre unida criou um ambiente agradável e

propício ao desenvolvimento humano e social que me fez o que hoje sou.

Agradeço aos meus avós Welington Maynard Gomes (in memorian), José

Rosa de Araujo (in memorian), Zilda Araujo e Terezinha Sobral Maynard por sempre

estarem ao meu lado.

Ao meu amigo e companheiro Agnaldo Cardozo Filho como colega deste

mestrado, sempre me auxiliando e fazendo companhia no laboratório.

Aos meus amigos do CMA, pelas horas de lazer que compartilhamos.

Aos meus primos, tios, sobrinhos e a minha afilhada Sophia que veio

complementar a nossa família.

A CAPES, ao ITP e a Petrobrás, pelo apoio à realização da pesquisa.

Agradeço em especial a minha amada Francielle que divide comigo todos os

momentos bons e ruins da minha vida.

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Resumo da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de

Processos da Universidade Tiradentes como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Processos.

MONITORAMENTO DE PROCESSOS EM TEMPO REAL VIA

ESPECTROFOTOMETRIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO

Augusto Maynard Araujo

A operação de desemulsificação constitui um processo chave para remover a água

do óleo cru nas plataformas de produção e na refinaria. Em particular, estágios de

desemulsificação são requeridos nas plantas de dessalgação geralmente encontradas nas

refinarias com a finalidade de remover os sais diluídos na água contida no óleo cru. Na

maioria dos processos, a informação sobre a evolução da desemulsificação é encontrada

essencialmente através das medidas off-line da distribuição de tamanhos de gota e do teor

de água das amostras. Pouco se sabe sobre o avanço da quebra da emulsão antes da

finalização do processo de desemulsificação ou até que o laboratório forneça um resultado,

normalmente com um atraso que pode alcançar algumas horas. Conseqüentemente,

desenvolver técnicas para avaliar o teor de água e a distribuição de tamanho de gota em

emulsões é de elevada importância prática. Aplicações bem sucedidas da

espectrofotometria de infravermelho próximo (NIR) foram relatadas na literatura, não

somente para predizer composição química, mas também para a determinação de tamanho

de materiais particulados. O objetivo principal deste trabalho é avaliar a influência do teor

de água e do tamanho médio de gota sobre os espectros NIR coletados durante operações

de síntese de emulsões água/óleo cru, observando se a técnica de espectrofotometria NIR

pode ser usada para predizer estas propriedades simultaneamente. Este trabalho demonstra

como os espectros de NIR são sensíveis às mudanças do tamanho médio da gota, e que

modelos empíricos típicos (PLS – Mínimos Quadrados Parciais) podem ser construídos

para correlacionar o tamanho da gota e a absorbância média da luz em determinados

comprimentos de onda. Finalmente, demonstra-se que estes modelos permitem a avaliação

on-line do tamanho médio de gota em emulsões água/óleo, mesmo para sistemas com

teores de água muito baixos (<5% v/v).

Palavras-chave: Petróleo, Monitoramento de Processos, On-line, Infravermelho Próximo.

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Abstract of Dissertation presented to the Process Engineering Graduate Program of

Universidade Tiradentes as a partial fulfillment of the requirements for the degree of

Master of Science (M.Sc.)

REAL-TIME MONITORING OF PROCESSES USING NEAR INFRARED

SPECTROSCOPY

Augusto Maynard Araujo

The demulsification operation constitutes a key-process for removing water from

the crude oil in the production platforms and in the refinery. In particular, demulsification

stages are required at the desalting plants generally found in the refineries in order to

remove water-soluble salts from the crude oil. In most processes, information on

demulsification evolution is found essentially through off-line measurements of droplet

size distribution and water content of samples taken from the vessels. Very little is usually

known about the emulsion resolution until the demulsification run is finished or the lab

provides a result, with delays that may reach some hours. Therefore, developing techniques

for evaluating water content and droplet size distribution is of practical importance.

Successful applications of near infrared (NIR) spectroscopy have been reported in

literature, not only for predicting chemical compositions but also for size determination of

particulate materials. The main objective of this work is to evaluate the influence of water

content and average droplet size upon the NIR spectra collected during water-in-crude oil

emulsions synthesis and observing whether NIR spectroscopy may be used for predicting

these properties simultaneously. It is shown that NIR spectra are sensitive to changes of the

average droplet size, and that standard empirical models (PLS - Partial Least Squares) may

be built to correlate average droplet size and light absorbance at certain wavelengths fairly

well. Finally, it is shown that these models allow the on-line evaluation of average droplet

size in water-in-crude oil emulsions with NIR spectroscopy, even when very low water

contents (<5% v/v) are employed.

Keywords: Crude Oil, Process Monitoring, On-Line, Near Infrared.

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Sumário 1. Introdução................................................................................................................11 2. Revisão Bibliográfica...............................................................................................13 2.1. Espectrofotometria NIR........................................................................................13 2.1.1. Fundamentos ....................................................................................................13 2.1.2. Tipos de Instrumentos ......................................................................................17 2.1.2.1. Dispersivo ....................................................................................................18 2.1.2.2. Transformada de Fourier...............................................................................18 2.1.2.3. Outros...........................................................................................................21 2.1.3. Técnicas de Calibração .....................................................................................22 2.1.3.1. PCA..............................................................................................................23 2.1.3.2. PLS ..............................................................................................................25 2.2. Aplicações da Espectrofotometria NIR .................................................................27 2.2.1. Aplicações da Espectrofotometria NIR na Indústria do Petróleo .......................29 2.2.2. Trabalhos do Grupo do Prof. Sjöblom...............................................................32 2.3. Monitoramento de Propriedades ...........................................................................36 2.3.1. BS&W – Basic Sediments and Water ...............................................................38 2.3.1.1. Medidores Capacitivos .................................................................................39 2.3.1.2. Medidores Indutivos .....................................................................................39 2.3.1.3. Medidores Microondas .................................................................................40 2.3.1.4. Medidores por Tubo Vibrante .......................................................................40 2.3.1.5. Medidores Eletromagnéticos.........................................................................41 2.3.1.6. Medidores por Impedância............................................................................41 2.3.2. DTG – Distribuição do Tamanho de Gotas .......................................................42 3. Materiais e Métodos .................................................................................................51 3.1. Materiais ..............................................................................................................51 3.2. Métodos Analíticos ..............................................................................................52 3.3. Procedimentos Experimentais...............................................................................56 3.4. Ensaios de Sensibilidade ......................................................................................57 3.4.1. Espectros dos Componentes Puros....................................................................61 3.4.2. Espectros de Emulsões Água/Óleo....................................................................62 3.4.3. Espectros de Emulsões Diluídas em EMCA......................................................63 3.5. Calibração ............................................................................................................64 3.5.1. Emulsões Água/Óleo ........................................................................................66 3.5.2. Emulsões Água/Óleo Diluídas em EMCA ........................................................67 4. Estratégia de Monitoramento....................................................................................69 4.1. Objetivo ...............................................................................................................69 4.2. Experimentos e Resultados...................................................................................70 4.3. Conclusões ...........................................................................................................80 5. Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros........................................................83

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Lista de Figuras

Figura 1 - NIR no Espectro Eletromagnético....................................................................13 Figura 2 - Vibrações de Estiramento ................................................................................15 Figura 3 - Vibrações de Deformação Angular ..................................................................15 Figura 4 - Diagrama original do Interferômetro de Michelson (Ono, 2004) ......................19 Figura 5 - Espectrofotômetro IR com transformada de Fourier de feixe simples (SKOOG

et. al., 2002) .............................................................................................................21 Figura 6 - Configurações possíveis para o monitoramento on-line de processos via

espectrofotometria NIR (ZILBERMAN et al, 1996). ................................................30 Figura 7 - Modelo de Difração a Lazer.............................................................................43 Figura 8 - Fenômeno de Refração ....................................................................................45 Figura 9 - Volume do Cubo de Emulsão por Gota ............................................................48 Figura 10 - Fibra Óptica e Sonda......................................................................................53 Figura 11 - Extremidade da Sonda de Transflectância. .....................................................54 Figura 12 - FTNIR da ABB modelo FTLA2000. ..............................................................54 Figura 13 - Titulador Potenciométrico Titrano 836...........................................................55 Figura 14 - Ultra Turrax T25 Basic da IKA......................................................................55 Figura 15 - Haste Dispersante modelo S 25 N-25 GM da IKA..........................................56 Figura 16 - Espectro de um Óleo Brasileiro com BS&W inferior a 1%.............................58 Figura 17 - Espectros com Variação do Teor de Água (BS&W): óleo T1. ........................59 Figura 18 - Espectros com variação da mediana D(0,5) de emulsões do óleo T3 com

BS&W=1,0 %. .........................................................................................................59 Figura 19 - Distribuição do Tamanho de Gotas para o Óleo Tipo 5. .................................60 Figura 20 - Espectros NIR para Óleo T5 com BS&W=1%: diluição em EMCA70. ..........61 Figura 21 - Espectros de Componentes Puros...................................................................62 Figura 22 - Variação do BS&W para Óleo T3 Diluído em EMCAplus 70. .......................63 Figura 23 - Espectros de Óleo T3 e Correlações com as Propriedades. .............................65 Figura 24 - Resultado da Calibração do Óleo T3 Apresentado na Figura 23. ....................66 Figura 25 - Resultado das Calibrações do Óleo T1 Apresentado na figura 17. ..................67 Figura 26 - Resultado da Calibração do Óleo T3 Apresentado na Figura 22. ....................68 Figura 27 - Resultado da Calibração dos Experimentos Off-Line do Óleo Tipo T5...........70 Figura 28 - Sistema de Bombeamento dos Experimentos On-line.....................................71 Figura 29 - Resultado para BS&W do Experimento 2 do Óleo T5. ...................................72 Figura 30 - Resultado para D(0,1) do Experimento 2 do Óleo T5. ....................................72 Figura 31 - Resultado para D(0,5) do Experimento 2 do Óleo T5. ....................................73 Figura 32 - Resultado para D(0,9) do Experimento 2 do Óleo T5. ....................................74 Figura 33 - Resultado para D(4,3) do Experimento 2 do Óleo T5. ....................................74 Figura 34 - Resultado para BS&W do Experimento 3 do Óleo T3. ...................................75 Figura 35 - Resultado para os Momentos da DTG do Experimento 3 do Óleo T3. ............75 Figura 36 - Resultado para BS&W do Experimento 4 do Óleo TC. ..................................76 Figura 37 - Resultado para os Momentos da DTG do Experimento 4 do Óleo TC. ...........76 Figura 38 - Resultado para BS&W do Experimento 5 do Óleo T5. ...................................77 Figura 39 - Resultado para D(0,1) do Experimento 5 do Óleo T5. ....................................78 Figura 40 - Resultado para D(0,5) do Experimento 5 do Óleo T5. ....................................78 Figura 41 - Resultado para D(0,9) do Experimento 5 do Óleo T5. ....................................79 Figura 42 - Resultado para D(4,3) do Experimento 5 do Óleo T5. ....................................79 Figura 43 - Etapas da Estratégia de Calibração.................................................................81 Figura 44 - Etapas da Estratégia de Monitoramento..........................................................82

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Parâmetros típicos determinados por espectrofotometria NIR em uma refinaria

(ZILBERMAN et al, 1996).......................................................................................30 Tabela 2 - Característica dos Óleos Utilizados..................................................................51 Tabela 3 - Especificações do EMCAplus 70.....................................................................52 Tabela 4 - Dados da Calibração da Figura 24. ..................................................................65 Tabela 5 - Dados da Calibração da Figura 25. ..................................................................67 Tabela 6 - Dados da Calibração da Figura 26. ..................................................................68 Tabela 7 - Dados da Calibração da Figura 27. ..................................................................70

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Capítulo 1

1. Introdução

A utilização de sistemas de monitoramento de processos na indústria

petrolífera tem sido crescente, sobretudo diante do desenvolvimento de tecnologias aptas

para a predição de propriedades de modo rápido e confiável. Dentre os avanços

tecnológicos recentes no que tange ao monitoramento de processos, destaca-se o uso da

técnica de espectrofotometria de infravermelho próximo, que vem sendo aplicada no

acompanhamento de variáveis de processos de diferentes indústrias. Entretanto, seu uso na

indústria petrolífera ainda está limitado a um pequeno número de aplicações, geralmente

voltadas para a predição de propriedades relacionadas à qualidade de correntes de

derivados do refino do petróleo ou da indústria petroquímica, havendo pouca inserção na

avaliação de petróleos. Assim, uma das motivações deste trabalho é a possibilidade de se

aproveitar o enorme potencial da espectrofotometria de infravermelho próximo como

ferramenta de monitoramento de propriedades relevantes do petróleo durante a produção e

seu processamento.

A espectrofotometria na região do infravermelho próximo (NIR, do inglês

near infrared) tem sido aplicada freqüentemente como um método analítico que fornece

resultados rápidos e satisfatórios, possibilitando a realização de análises não destrutivas, a

obtenção de imensos conjuntos de dados e a aplicação de técnicas de Quimiometria. A

Quimiometria consiste na utilização de métodos estatísticos e álgebra de matrizes para

interpretação e derivação de modelos a partir de medidas obtidas em análises químicas,

com o intuito de mensurar propriedades de substâncias. Além disso, a instrumentação é

relativamente simples, os sistemas ópticos podem ser facilmente adquiridos e quase todos

os compostos orgânicos absorvem nesta região (SIESLER, 1991).

A região do infravermelho próximo consiste na faixa espectral onde as

ligações C-H, O-H e N-H possuem comprimentos de onda de absorção característicos

(SKOOG et. al., 2002). Estas absorções não são muito fortes, e muitas vezes são

sobrepostas, havendo assim a necessidade da aplicação de métodos de calibração

multivariável para as determinações quantitativas. Dentre esses métodos, os mais utilizados

são a Análise de Componentes Principais (PCA, do inglês “Principal Component

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Analysis”) e o método dos Mínimos Quadrados Parciais (PLS, do inglês “Partial Least

Squares”) (HARRIS, 2005; BORIN, 2003).

Tendo sido constatada a possibilidade de se utilizar a região NIR para o

monitoramento em tempo real de propriedades das emulsões de petróleo, este trabalho

busca atingir os seguintes objetivos:

1 – Estabelecer um modelo empírico que correlacione teor de água de

emulsões de petróleo e espectro de absorção na região NIR.

2 – Estabelecer uma estratégia de calibração do espectrofotômetro para

inferência de tamanho de gota de água em emulsões de petróleo a partir de espectros NIR.

3 – Utilizar os modelos empíricos para o monitoramento em tempo real e

simultâneo de teor de água e tamanho de gota em correntes contendo emulsões de petróleo

com concentrações de água abaixo de 10% em volume.

A apresentação do trabalho encontra-se organizada em 5 capítulos. No

Capítulo 2 descreve-se a técnica de espectrofotometria de infravermelho próximo,

revisando-se os trabalhos anteriormente desenvolvidos, considerando sua aplicação nas

áreas de petróleo e processos em geral, apresentando-se também um levantamento das

técnicas existentes para o monitoramento de propriedades de interesse da indústria de

petróleo, tais como teor de água e distribuição de tamanho de gota. O Capítulo 3 trata do

desenvolvimento dos modelos de calibração que relacionam espectro de infravermelho

próximo com teor de água e tamanhos de gota de água na emulsão de petróleo. Os modelos

foram desenvolvidos de maneira empírica, porém, é apresentada uma discussão que visa

justificar a correlação obtida com os fenômenos óticos descritos na literatura da área de

espectroscopia. No Capítulo 4 são realizados experimentos de síntese de emulsões para

simulação da formação e escoamento de emulsões de água em petróleo, utilizando

espectrofotômetro em linha como sensor, mostrando a capacidade do instrumento na

avaliação simultânea de teor de água e diâmetro de gota em correntes envolvendo petróleos

nacionais. No Capítulo 5 são apresentadas conclusões e algumas sugestões para trabalhos

futuros.

Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia de Petróleo -

LEP (antigo LQP I) - e no Laboratório de Sistemas Coloidais e Dispersões - LSCD (antigo

LQP II) - ambos sediados no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP).

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Capítulo 2

2. Revisão Bibliográfica

O objetivo deste capítulo é apresentar uma revisão bibliográfica sobre

espectrofotometria NIR, abordando as principais aplicações e técnicas de calibração,

focalizando trabalhos relacionados com a indústria do petróleo. São revisadas também as

principais técnicas utilizadas na avaliação de teor de água e distribuição de tamanho de

gota de água em emulsões.

2.1. Espectrofotometria NIR

2.1.1. Fundamentos

Dentre os principais equipamentos espectroscópicos disponíveis em

laboratórios, destacam-se os que trabalham com raio-X, UV-visível, infravermelho e

microondas. A Figura 1 apresenta um resumo das principais radiações presentes na

natureza. Tais radiações se diferenciam em termos de energia. Em última instância, as

diferenças se dão em termos de comprimento de onda ou freqüência de vibração.

Figura 1 - NIR no Espectro Eletromagnético

Raios Cósmicos

Raios Y UV

Vis

ível

Infravermelho Ondas de Rádio

Raios X Micro UHF Curta Média Longa

Infravermelho Próximo

Infravermelho Médio Infravermelho Distante

10-7nm 10nm 1015nm

780nm 2500nm 50.000nm 1000.000nm

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Os átomos que compõem as moléculas também apresentam comportamento

vibracional. A depender da massa e das ligações químicas em torno de um átomo, têm-se

efeitos vibracionais distintos na molécula. Devido a este caráter vibracional, as moléculas,

quando submetidas à ação de radiações, estão sujeitas ao desenvolvimento de uma série de

efeitos inerentes às ondas eletromagnéticas, tais como absorção, refração, reflexão e

espalhamento. Tais efeitos são específicos dos átomos presentes na molécula, bem como

da região do espectro envolvida, permitindo a identificação de compostos.

A espectrofotometria de infravermelho está fundamentada na absorção de

radiação por moléculas orgânicas. Tal efeito ocorre quando os conteúdos energéticos da

radiação infravermelha incidente e do campo elétrico gerado pelas ligações químicas são

similares, sendo associado a comprimentos de onda específicos. Porém, há uma

divergência quanto ao início do comprimento de onda do infravermelho na literatura,

sendo que a maioria dos livros disponíveis sobre o assunto descreve o intervalo como

sendo entre 0,8µm e 1000µm. Conforme a Figura 1, podem-se discriminar três regiões

dentro do infravermelho, denominadas de NIR (Infravermelho Próximo) que vai de 0,8µm

a 2,5µm (12500 - 4000 cm-1), MIR (Infravermelho Médio) de 2,5µm a 50µm (4000 - 200

cm-1) e finalmente o FIR (Infravermelho Distante) de 50µm a 1000µm (200 - 10 cm-1)

(MENDHAM et al., 2002). É costume caracterizar as bandas de absorção em unidades de

números de ondas ( ν ) que são expressas em centímetros recíprocos (cm-1) podendo ser

obtido através do inverso do comprimento de onda.

A radiação infravermelha não é energética o suficiente para causar as

transições eletrônicas. Contudo, para absorver esta radiação, a molécula precisa sofrer uma

variação no momento de dipolo como conseqüência do movimento vibracional e

rotacional.

Moléculas homo-nucleares como O2, N2 ou Cl2 não sofrem variações

efetivas no momento de dipolo, conseqüentemente essas substâncias não absorvem na

região do NIR.

Os tipos de vibração são classificados em duas categorias descritas como

estiramentos e deformações angulares. As vibrações de estiramento ou axiais podem ser

assimétricas ou simétricas conforme Figura 2:

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Figura 2 - Vibrações de Estiramento

Já nas vibrações de deformação angular são quatro as possibilidades,

descritas como tesoura (scissoring), balanço (rocking), sacudida (wagging) e torção

(twisting) (SKOOG et. al., 2002), demonstradas na Figura 3:

Figura 3 - Vibrações de Deformação Angular

Além destas duas categorias, podem ocorrer interações ou acoplamentos

entre elas se estas envolvem ligações de um mesmo átomo central. Estas interações

aparecem em menor intensidade quando comparadas com os modos normais de vibração e

são chamadas de “Sobretons” e “Bandas de Combinação”.

Os Sobretons são bandas com valores de freqüência correspondentes a

múltiplos inteiros daqueles das vibrações normais ou fundamentais que ocorrem na região

do infravermelho médio. Por exemplo, seja ν o valor da freqüência de um dado modo

normal de vibração, os sobretons vão aparecer com valores aproximados de 2ν, 3ν, e assim

sucessivamente (LUZ, 2003).

Simétrica Assimétrica

Balanço no Plano Tesoura no Plano Sacudida Fora do Plano

Obs.: + Movimento para fora da página. - Movimento para dentro da página.

Fonte: (SKOOG et. al., 2002)

Torção Fora do Plano

Fonte: (SKOOG et. al., 2002)

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Já as bandas de combinação são combinações lineares das freqüências

normais ou múltiplos inteiros destas. Por exemplo, sejam νa e νb valores de freqüência de

modos normais de vibração, podem ocorrer as bandas de combinação (νa + νb), (νa - νb),

(νa + 2νb) (LUZ, 2003).

Lembrando que a freqüência é inversamente proporcional ao comprimento

de onda e diretamente proporcional ao conteúdo energético, ressalta-se que, a despeito das

bandas NIR ocorrerem em freqüências aproximadamente duas ou três vezes superiores à

freqüência da absorção fundamental correspondente, sendo então mais energéticas, a

probabilidade de ocorrência destas transições é menor que a das fundamentais. Como

conseqüência, as bandas de absorção na região NIR têm menor intensidade.

As aplicações da espectrofotometria NIR se utilizam mais comumente de

dois princípios que são descritos como absorção e refletância. A absorção não é útil para

identificar substâncias onde os limites de detecção são da ordem de 0,1%, mas em

compensação tem excelentes resultados em análises quantitativas de compostos contendo

hidrogênio ligado a carbono, nitrogênio e oxigênio (BORIN, 2003).

Quando a luz é absorvida por uma substância a energia radiante "" 0P do

feixe diminui, com correspondente aumento da energia da própria substância, sendo que o

restante da luz que atravessa essa substância é definido por ""P e a razão entre ""P e "" 0P

é chamada de transmitância ""T , o qual assume valores entre 0 e 1 (MENDHAM et. al.,

2002).

A absorbância de uma substância é definida por:

TP

PA loglog 0 −=

= (1)

E se nenhuma luz é absorvida então:

0PP = (2)

A absorbância é uma propriedade diretamente proporcional à concentração

da substância, que pode ser descrita pela lei de LAMBERT-BEER dada pela Equação 3.

A lei de LAMBERT-BEER é definida por:

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bcA λλ ε= (3)

Onde: λA �Absorbância em um determinado comprimento de onda.

λε �Absortividade molar.

b �Caminho óptico.

c�Concentração da amostra.

Contudo, esta lei é válida apenas para radiação monocromática onde a

espécie absorvente não está participando de um equilíbrio que seja dependente da

concentração (SKOOG et. al., 2002).

A absortividade molar é característica de uma substância e indica a

quantidade de luz que é absorvida num determinado comprimento de onda por um mol de

substância (SKOOG et. al., 2002).

Já o princípio da refletância vem sendo aplicado na quantificação de sólidos

pulverizados onde esta amostra sólida é finalmente moída e irradiada com uma ou mais

bandas estreitas de radiação com comprimento de onda de 1µm a 2,5µm. Nesses sistemas,

ocorre uma refletância difusa na qual a radiação penetra na camada superficial das

partículas excitando-as e se espalhando em todas as direções. As maiores vantagens deste

método são a rapidez e simplicidade na preparação da amostra, bem como a precisão dos

resultados (SKOOG et. al., 2002; HARRIS, 2005).

2.1.2. Tipos de Instrumentos

A espectrofotometria NIR é uma poderosa ferramenta para quantificar

substâncias e tem sido utilizada em escalas cada vez maiores, com instrumentos cada vez

mais sofisticados. Os equipamentos utilizados nesta técnica são geralmente constituídos

por lâmpadas de tungstênio/halogênio com janelas de quartzo que servem como fontes. As

medidas de absorção são feitas normalmente através de células de quartzo ou sílica fundida

e fotocondutores de sulfeto de chumbo são geralmente utilizados na confecção dos

detectores (SKOOG et. al., 2002). Atualmente encontram-se disponíveis duas classes de

instrumentos principais: Dispersivo e o de Transformada de Fourier.

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18

2.1.2.1. Dispersivo

Até o início dos anos 80 a maioria dos instrumentos era do tipo dispersivo

baseados em redes de difração, mas desde então estes instrumentos vêm sendo substituídos

pelos de transformada de Fourier, que fornecem uma escala de número de ondas altamente

reprodutível, com melhor resolução e sensibilidade mais alta do que os instrumentos

dispersivos (MENDHAM et al., 2002).

Os instrumentos do tipo dispersivo têm características peculiares como

registradores de feixe duplo, sendo menos exigente quanto ao desempenho das fontes e

detectores além de se utilizarem de redes de difração para dispersar a radiação (SKOOG et.

al., 2002).

Geralmente o projeto óptico dos instrumentos dispersivos não difere

grandemente dos espectrofotômetros ultravioleta/visível, exceto na disposição da amostra

que neste se localiza entre a fonte e o monocromador (HARRIS, 2005).

Existe um atenuador em forma de pente que serve para controlar a

intensidade do feixe de referência com a finalidade de igualar esta a do feixe que passa

pela amostra. Este pente tem dentes em forma de triangulo que ao ser deslocado obstrui a

passagem do espectro (HARRIS, 2005).

2.1.2.2. Transformada de Fourier

Os instrumentos baseados em transformada de Fourier foram introduzidos

por volta de 1970 (GENDREAU, 1986). Estes instrumentos caracterizam-se por efetuarem

medição do chamado interferograma da amostra, que consiste em um sinal resultante da

superposição de radiações luminosas de igual freqüência, porém defasadas, que produzem

interferências construtivas e destrutivas em sua amplitude. A obtenção de defasagem entre

dois ou mais raios luminosos é geralmente obtida através da divisão de um mesmo raio

seguido da superposição das ondas assim defasadas. O interferômetro de Michelson,

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19

ilustrado na Figura 4, é o dispositivo normalmente utilizado na obtenção deste sinal

luminoso defasado. Este interferômetro caracteriza-se por dividir o feixe de luz em dois

feixes de igual potência através de reflexão parcial para um espelho móvel e em seguida os

reúne de forma a gerar combinações que possam ser medidas em função da diferença do

caminho percorrido pelos dois (ONO, 2004).

As partes que compõem o interferômetro são os dois espelhos polidos 1M e

2M , das duas placas paralelas polidas de vidro 1G e 2G , a fonte de luz S e o observador

E .

Figura 4 - Diagrama original do Interferômetro de Michelson (Ono, 2004)

Na maior parte dos instrumentos baseados em interferogramas, o sinal

luminoso produzido pelo interferômetro atravessa continuamente a amostra, havendo

detecção da radiação transmitida ou refletida por um detector apropriado (ONO, 2004). O

sinal detectado representa a soma de todos os comprimentos de onda da luz emitida pela

fonte luminosa do instrumento, sendo então necessário o tratamento matemático via

transformada de Fourier para ‘decifrar’ as interações ocorridas quando a radiação NIR foi

absorvida pelos componentes da amostra (GENDREAU, 1986). A transformada de Fourier

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20

é realizada sobre o interferograma da amostra através do microcomputador acoplado ao

instrumento, fornecendo a distribuição por comprimento de onda da energia absorvida pela

amostra ou o espectro da amostra (HARRIS, 2005).

Para a análise de Fourier, decompõe-se a intensidade de energia luminosa

do interferograma (y) na soma de funções senos e co-senos da freqüência da radiação

luminosa (x) e do termo de velocidade de movimentação dos espelhos ( ωn ) como

mostrado abaixo (SKOOG et. al., 2002; HARRIS, 2005):

( ) ( ) ( ) ( ) ...110 11 ++++= xcosbxsenaxcosbx0senay 00 ωωωω (4)

( ) ( )[ ]∑∞

=

+=0n

nn xncosbxnsenay ωω (5)

Onde: 12

2

xx −=

πω e 12 xx − é o intervalo do eixo das abscissas.

Geralmente a amostra é colocada entre o interferômetro e o detector, sendo

captado por este o interferograma emanado da amostra. Antes da análise da amostra, é

necessário determinar o interferograma de referência que é obtido através da célula ou

sonda idêntica ao utilizado pela amostra, incluindo ou não o solvente de interesse. O sinal

final é calculado pelo microcomputador após subtração do interferograma da referência

com respeito ao interferograma da amostra. Em seguida, o microcomputador efetua a

transformada de Fourier e utilizando-se da razão entre os espectros transformados,

reconstitui o espectro de transmitância da amostra (SKOOG et. al., 2002; HARRIS, 2005).

Em relação aos instrumentos que se utilizam da técnica de dispersão, o

espectrofotômetro com transformada de Fourier fornece maior precisão nas medidas,

melhor relação sinal/ruído, além de maior agilidade e destreza na aquisição dos dados das

amostras (GENDREAU, 1986; SKOOG et. al., 2002; BORIN, 2003). A Figura 5 apresenta

um esquema do equipamento baseado em transformada de Fourier, que a depender da fonte

de luz, detector, varredura dos espelhos utilizados pode atuar nas diferentes regiões do

infravermelho.

A ótima relação sinal/ruído obtida com este equipamento é devida à

utilização simultânea de toda a faixa do espectro; assim, todos os comprimentos de onda

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21

são avaliados no mesmo instante e não somente uma faixa. Além disso, a utilização de

múltiplas aquisições de dados com passagem contínua da radiação vinda da fonte luminosa

pela amostra também melhoram a relação (GENDREAU, 1986; HARRIS, 2005).

Estas vantagens do espectrofotômetro com transformada de Fourier são tão

aguçadas que nos dias de hoje dificilmente encontra-se no mercado instrumentos de

infravermelho próximo por dispersão ou qualquer outro tipo (SKOOG et. al., 2002;

HARRIS, 2005).

Figura 5 - Espectrofotômetro IR com transformada de Fourier de feixe simples (SKOOG et. al., 2002)

2.1.2.3. Outros

Existem vários tipos de instrumentos que trabalham na região do

Infravermelho. Além dos citados anteriormente, existem também os não-dispersivos, os

fotômetros sem filtros, dentre outros (SKOOG et. al., 2002).

Os instrumentos não-dispersivos ou de filtro único consistem em

equipamentos menos complexos, mais robustos e de custo reduzido. Já os fotômetros sem

filtro não usam qualquer dispositivo de restrição de comprimento de onda e são

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22

amplamente usados no monitoramento de fluxo de gases (SKOOG et. al., 2002). Estes

dispositivos podem ser adaptados para qualquer tipo de gás que absorva no infravermelho.

2.1.3. Técnicas de Calibração

Nos últimos 20 anos, os notáveis avanços da informática em termos de

“Hardware” e “Software” proporcionaram um grande salto na aquisição de dados, tornando

possíveis análises complexas de soluções e substâncias. Este avanço beneficiou fortemente

a quimiometria, que pode ser estendida para aplicações envolvendo análises on-line e in-

line de variáveis de processos que antes dependiam de analises com resposta lenta e

resultados insatisfatórios (FERREIRA et al., 1999).

Com esta evolução, a quantidade de informações também cresceu, gerando

uma massa de dados gigantesca que deve ser tratada, analisada e correlacionada com a

propriedade desejada. Nesse contexto, torna-se necessário investir em técnicas de

calibração capazes de correlacionar de modo robusto os dados obtidos com as propriedades

de interesse.

Existem várias técnicas disponíveis para os tratamentos dos dados

espectrais, sendo impossível definir uma regra universal para qualquer estudo de calibração

envolvendo dados de espectrofotometria NIR. Dentre as técnicas mais conhecidas

destacam-se MLR (Multiple Linear Regression), PCA (Principal Component Analysis),

PCR (Principal Component Regression), CLS (Classic Least Squares), PLS (Partial Least

Squares), dentre outras, mas sem sombra de duvidas a mais atualmente utilizada é a PLS

(GY et al., 1998; FERREIRA et al., 1999; REBOUÇAS e BARROS NETO, 2001;

SANTOS et al., 2005).

Antes de abordar algumas técnicas é preciso entender melhor como são

preparados os dados a serem processados. Para cada amostra é selecionado um espectro

(ou na maioria das vezes a média de vários espectros), o qual é organizado sob a forma de

uma matriz ijM que corresponde ao valor da absorbância da amostra ‘i’ no comprimento

de onda ‘j’. Como por exemplo, para o dado espectral X (que pode ser absorbância,

transmitância, segunda derivada da absorbância, etc) temos:

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23

[ ]jXXXM 11211 ...= (6)

Para duas amostras de X temos:

=

j

j

XXX

XXXM

22221

11211

...

... (7)

E assim sucessivamente. De modo análogo, organiza-se o conjunto de

variáveis desejadas ou analito sob a forma de um conjunto de dados N , que será utilizado

na derivação das equações de correlação com a matriz M . Em particular, os elementos da

matriz N correspondem ao valor da propriedade ‘j’ da amostra ‘i’.

As técnicas de calibração têm como finalidade estabelecer esta relação

matemática entre as duas matrizes, e otimizá-la para obter uma melhor descrição da

variável de interresse, sendo que após a conclusão deve ser possível, através de qualquer

amostra do mesmo composto ou similar, prever os valores para a propriedade calibrada.

As técnicas convencionais CLS e MLR se utilizam de toda a matriz de

dados para modelagem, não tendo qualquer seleção dos mesmos, incluindo ruídos e

informações irrelevantes, o que às vezes provoca erros ou resultados tendenciosos.

A base fundamental para a maioria dos métodos de tratamento multivariável

é o PCA, que numa visão simplificada consiste em manipular os dados das matrizes M e

N com o objetivo de representá-los de forma compacta, tomando-se por base os elementos

que produzem as maiores variações nos conjuntos (WOLD et al., 1987).

2.1.3.1. PCA

Esta é uma técnica de grande importância para a Quimiometria, pois

constitui a base para o entendimento de muitas das técnicas de análise multivariável. Desde

o trabalho pioneiro de WOLD et al. (1987), que tratou de forma sistemática o uso de PCA

para fins quimiométricos, foram publicados numerosos trabalhos sobre o tema.

Recentemente, foram publicadas algumas revisões sobre a técnica com vistas ao

monitoramento de processos (KETTANEH et al., 2005; NELSON et al., 2006;

DASZYKOWSKI et al., 2007).

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24

Em sua definição, a análise em componentes principais consiste em um

método estatístico que busca calcular, a partir do conjunto de dados, um subconjunto que

contenha o máximo de variação dos dados originais. No caso de dados espectrais, o

método PCA busca construir um subconjunto de espectros através da combinação linear

das absorbâncias de todo o espectro ponderadas por pesos adequados, de modo a descrever

a maior parte das variações espectrais observadas. Dá-se o nome de ‘componente

principal’ ou ‘fator’ a esta combinação linear de absorbâncias que resume as principais

variações dos dados originais.

De acordo com a descrição matricial anterior, os dados preparados para a

análise são alocados em uma matriz M . A PCA corresponde à decomposição da matriz de

dimensão ixj no produto de duas matrizes: os escores N e a transposta da matriz dos

pesos TP (RIBEIRO, 2001).

jxjT

ixjixj PNM *= (8)

As linhas de N correspondem às projeções das amostras de M nos novos

eixos formados pelas combinações lineares das variáveis.

Em P , matriz dos pesos, cada coluna corresponde aos pesos que cada

variável possui. Esta matriz possui j linhas que é definida pela quantidade de variáveis, e

j colunas, que é definida pelas componentes geradas.

Cada componente principal gerada descreve uma parte da variância dos

dados, mas não a variância total. Por este motivo vê-se a necessidade da adição da matriz

dos resíduos R , resultando na seguinte equação:

RPNM T += * (9)

Onde:

TPNMR *−= (10)

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25

Antes, o tratamento da matriz de dados necessário à descrição do sistema

correspondia ao numero de colunas. Com a utilização da PCA este valor se dá pelo número

de colunas de TP , que é menor que o número de variáveis originais (WOLD et al., 1987).

Estes cálculos podem ser processados por uma série de algoritmos, sendo

que o mais utilizado é o NIPALS (Nonlinear Interactive Partial Least Squares)

(DASZYKOWSKI et al., 2007).

2.1.3.2. PLS

O método PLS (do inglês, Partial least squares = mínimos quadrados

parciais) é basicamente um algoritmo de regressão multivariável particular capaz de

manipular entradas correlacionadas a dados limitados.

Fundamentado no método PCA, PLS decompõe simultaneamente as

matrizes de espectros ( X ) e de dados de referência (Y ) em componentes principais,

buscando descrever as variações dos espectros com base nas variações dos dados de

referência (SANTOS, 2003). Esta técnica é uma das mais utilizadas para o tratamento de

dados em Quimiometria.

111 EptX += (11)

111 FquY += (12)

Com os vetores de escores t1 e u1 do primeiro fator e os vetores de pesos p1

e q1 também do primeiro fator. Tais equações constituem o “modelo externo”. Relacionam-

se os vetores de escores por um “modelo linear interno” dado pela Equação 13.

111 rtbu += (13)

Onde b1 é um coeficiente determinado pela minimização do resíduo r1.

Todos os vetores de escore e pesos são determinados simultaneamente, tais que as matrizes

de resíduos E1 e F1 sejam minimizadas. Assim, as matrizes residuais são calculadas da

seguinte forma:

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26

tptXE 111−= (14)

tqtbYF 1111−= (15)

Em seguida, o segundo fator é calculado baseado nos resíduos E1 e F1,

seguindo o mesmo procedimento adotado para o primeiro fator. Repete-se o processo até

que o último fator é calculado, o qual deixa quase nenhuma informação nas matrizes

residuais En e Fn (GELADI e KOWALSKI, 1986).

O número de fatores a ser utilizado é, geralmente, determinado pela

validação cruzada. Teoricamente, se mais e mais fatores são usados, atinge-se a solução

dos mínimos quadrados para o treinamento de dados, e o método torna-se idêntico ao

MLR. Entretanto, o objetivo da construção de um modelo PLS é fazer predições com base

em novas observações. Se muitos fatores são usados o modelo ajustará muito bem as

amostras de treinamento, ajustando também os ruídos presentes nos dados. O método da

validação cruzada é usado para evitar um sobreajuste dos dados de treinamento. Uma

maneira típica de fazer validação cruzada é deixar uma ou mais amostras fora do conjunto

de dados de treinamento e então treinar o modelo com os dados remanescentes (SANTOS,

2003). Durante o treinamento calculam-se o erro quadrático de calibração (SEC) e o

coeficiente de correlação (R) de acordo com as Equações (16) e (17), para cada fator

incorporado ao modelo. Após o treinamento, o modelo é testado com amostras excluídas

da modelagem, calculando-se o erro quadrático de predição (SEP) segundo a Equação (18).

Tal procedimento é repetido até que todas as amostras tenham sido excluídas uma vez.

Somando-se todos os erros do teste sobre cada fator, o número ótimo de fatores é escolhido

como o mínimo da soma dos erros de cada teste. Apesar de trabalhoso, o método da

validação cruzada é útil na determinação do número ideal de fatores PLS (QIN e

McAVOY, 1992), além de servir para a identificação de amostras espúrias que devem ser

eliminadas do conjunto de dados de calibração.

( )∑

= −−

−=

n

1j

2

EXP,jNIRS,j

1mn

yySEC (16)

( )

( )∑

=

=

=n

1j

EXP,jEXP,j

n

1j

EXP,jNIRS,j

yy

yy

R (17)

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Onde n representa o número de amostras usadas na calibração; m é o

número de variáveis independentes; yj representa os valores preditos pelo

espectrofotômetro (NIRS) e medidos experimentalmente (EXP) e EXPy é a média de todos

os valores medidos experimentalmente. Os erros SEC e SEP podem ser usados como

critério de diagnóstico da modelagem. Seus valores não devem exceder em muito o desvio-

padrão da técnica experimental utilizada nas medidas de referência.

( )∑

= −

−=

n

1j

2

EXP,jNIRS,j

1n

yySEP (18)

2.2. Aplicações da Espectrofotometria NIR

Nos dias de hoje a utilização da espectrofotometria no infravermelho vem

crescendo na indústria, assumindo a função principal em análises quantitativas e

qualitativas de produtos e processos. Estas análises são possíveis porque a

espectrofotometria no infravermelho tem como resultado espectros que se relacionam com

algumas características das substancias analisadas e do ambiente em que estão inseridas,

podendo assim responder a uma série de variáveis de produto e processo (BORIN, 2003).

Foi na agroindústria que a espectrofotometria NIR conheceu suas primeiras

aplicações, tornando-se bastante difundida nesta área. Basicamente, as aplicações da

técnica se davam na quantificação de substâncias como água, óleo, gorduras e proteínas em

produtos agrícolas (WATSON, 1977). Grande parte destes estudos foi baseada nos

trabalhos da década de 60 do engenheiro agrícola norte-americano Karl Norris, o qual é

geralmente citado na literatura como “o pai” da espectrofotometria NIR moderna. Em

seguida, a técnica se estendeu à química orgânica, indústria de polímeros e indústria

farmacêutica, além de aplicações crescentes nas áreas de petróleo (CRANDALL, 1993;

KIM et al., 2000), biomédica (HOMMA et al., 1996), dentre outras. Em particular, a

técnica foi utilizada recentemente na detecção de defeitos e fungos em grãos de café, em

substituição à técnica visual (PARIZZI et al., 2004), na verificação de propriedades

moleculares (MARTINS et al., 2002), tamanho de partículas (SANTOS et al., 1998; 1999;

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28

2000), processo de reforma catalítica (YUAN et al., 2003) e caracterizações de produtos

farmacêuticos (SCAFI, 2000).

Com o desenvolvimento recente da miniaturização das partes essenciais do

espectrofotômetro NIR, tem sido possível a construção de equipamentos portáteis, ideais

para análises de campo, o que permitirá ampliar ainda mais as aplicações da

espectrofotometria NIR como sensor para os mais diversos fins (DAVIES e

GIANGIACOMO, 2000).

Numerosos trabalhos têm sido desenvolvidos recentemente considerando o

uso da espectrofotometria de infravermelho próximo em processos químicos, seja na

indústria ou em trabalhos acadêmicos. Na maioria dos casos, o espectrofotômetro é

acoplado a um microcomputador que implementa aquisições automáticas e aplica modelos

matemáticos aos espectros coletados. Em geral, o intervalo entre a tomada de um espectro

e o cálculo do componente de interesse se dá em torno de um minuto, ou menos, a

depender da configuração do equipamento e do grau de precisão desejado. Os dados

podem ser transferidos para computadores centrais, permitindo então a tomada de decisão

em tempo real (SANTOS, 2003).

Recentemente, foram publicados alguns trabalhos de revisão dos

fundamentos e aplicações da espectrofotometria NIR. A revisão de WORKMAN JR (1999)

apresenta mais de 400 referências sobre aplicações da espectrofotometria NIR em

processos diversos. O trabalho focaliza estudos publicados entre 1993 e 1999. No

segmento do petróleo, o autor destaca aplicações da técnica NIR no monitoramento de

correntes de unidades de processos de refinarias, bem como na avaliação de propriedades

de lubrificantes e combustíveis.

O trabalho de PASQUINI (2003) relaciona diversos estudos realizados no

Brasil e no exterior sobre a aplicação da técnica para variados fins, enfatizando as

referências nacionais. O autor apresenta uma relação de artigos científicos tratando da

aplicação da espectrofotometria NIR em petróleo, citando trabalhos nos segmentos de

qualidade de combustíveis, processos de produção de combustíveis e caracterização de

petróleos. Entretanto, tais estudos são anteriores a 2001 e a relação não contempla os

trabalhos do grupo do prof. SJÖBLOM, cuja produção científica no tema é de grande

pujança, merecendo então uma seção específica nesta revisão.

O trabalho de SANTOS et al (2005) apresenta uma revisão detalhada sobre

os fundamentos da espectrofotometria NIR e aplicações da técnica em reatores de

polimerização. A revisão destaca as principais técnicas de calibração, tipos de

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equipamentos e sensores utilizados, relacionando esquemas de monitoramento e controle

de processos de polimerização em massa, solução, emulsão e suspensão.

2.2.1. Aplicações da Espectrofotometria NIR na Indústria do Petróleo

Tem sido cada vez maior a presença da espectrofotometria NIR em plantas

petroquímicas (DAVIES e GIANGIACOMO, 2000). O sucesso dos estudos em

laboratórios acadêmicos tem motivado o deslocamento da técnica para a indústria do

petróleo, sobretudo refinarias. Entretanto, por questões de proteção tecnológica e de sigilo

comercial, muito da experiência industrial com a técnica NIR não é divulgada na literatura

científica. Por outro lado, é comum a interação da indústria de petróleo com laboratórios

acadêmicos, através de projetos e contratos de prestação de serviços, visando o

desenvolvimento de aplicações da espectrofotometria NIR para produtos e processos.

CLASSON (1993) apresentou uma série de aplicações da

espectrofotometria NIR como sensor para controle de diversos tipos de processos

industriais. Foram relacionadas aplicações industriais da técnica no controle em malha

fechada de processos de destilação de aromáticos, reforma e craqueamento catalítico,

formulação de gasolinas e determinação do número de octanos. O autor também apresenta

um diagrama representativo de uma refinaria, indicando os principais pontos para eventual

inserção de sensores NIR.

LAMBERT et al. (1995) descrevem sucintamente alguns resultados da

utilização da técnica no monitoramento on-line de diferentes unidades de processos

petroquímicos da companhia BP Chemicals na França. Os autores relatam que os dados

espectrofotométricos têm permitido o monitoramento e controle de unidades correntes nos

processos de FCC, destilação de óleos crus, formulação de gasolinas (Gasoline Blender),

dentre outros, rendendo benefícios anuais da ordem de um milhão de dólares. A estratégia

de controle desenvolvida pelos autores envolve a utilização de um espectrofotômetro NIR

equipado com duas células, sendo uma capaz de monitorar 13 propriedades diferentes da

nafta e, a outra acompanha 16 propriedades da gasolina, gerando resultados em até 1

minuto, permitindo a implementação de esquemas de otimização e controle on-line das

condições da unidade de craqueamento.

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30

ZILBERMAN et al (1996) apresentaram resumidamente uma série de

aplicações tipicamente realizadas em refinarias israelenses, ressaltando o caráter remoto e

multitarefa que a espectrofotometria NIR pode assumir, fruto dos avanços da tecnologia de

comunicação por fibras óticas. A Tabela 1 foi extraída do artigo e relaciona os parâmetros

monitorados pelo grupo israelense em refinarias. A Figura 6 ilustra opções para aplicações

da técnica NIR no monitoramento on-line de processos.

Tabela 1 - Parâmetros típicos determinados por espectrofotometria NIR em uma refinaria (ZILBERMAN et al, 1996).

Figura 6 - Configurações possíveis para o monitoramento on-line de processos via espectrofotometria

NIR (ZILBERMAN et al, 1996).

Em trabalhos mais recentes, a espectrofotometria NIR vem sendo utilizada

na indústria do petróleo para monitoramento de propriedades de misturas aromáticas

(REBOUÇAS e BARROS NETO, 2001), diesel, querosene e/ou gasolina (GY et al., 1998;

CHUNG et al., 1999; KIM et al., 2000), entre outros derivados.

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31

REBOUÇAS e BARROS NETO (2001) utilizaram a técnica em duas faixas

de comprimentos de ondas que se estendem entre 1670-1800nm e 2100-2500nm num

equipamento da marca BOMEM modelo MB160 com resolução ajustada no valor de 2cm-1

e caminho óptico de 0,5mm. O instrumento era utilizado para mensurar propriedades de

misturas contendo Benzeno, Tolueno e hidrocarbonetos lineares envolvendo compostos de

8 a 12 átomos de carbono (C8 ao C12). Para calibração foi utilizada a técnica PLS aplicada

aos espectros e técnicas de referência baseadas nas normas ASTM D4052 (Massa

especifica, teor alcoólico e densidade) e D86 (Destilação) para caracterização de 50

amostras. Destas amostras, 14 foram consideradas espúrias (outliers) e excluídas para obter

melhor resultado do modelo. Após todos os testes os autores concluíram que a

espectrofotometria NIR pode ser utilizada para estimar as propriedades dos compostos em

estudo utilizando a técnica de calibração PLS com 90% de correlação.

No trabalho de GY et al. (1998) é utilizada a técnica de espectrofotometria

NIR através de um equipamento da marca BRAN+LUEBBE modelo Infraprime Lab para a

predição de doze diferentes propriedades da gasolina, tais como teores de benzeno,

enxofre, densidade, além de octanagem do tipo RON (do inglês, Research Octane Number)

e MON (do inglês, Motor Octane Number). A faixa do espectro para estes experimentos

foi de 900 a 1700nm, sendo utilizadas 350 amostras, das quais 80% selecionadas para

calibração e 20% para testes. Utilizando PLS como técnica de calibração o autor concluiu

que a espectrofotometria NIR é equivalente aos métodos convencionais só que com a

vantagem de se obter resultados em menos de 1 minuto.

CHUNG et al. (1999) utilizaram a espectrofotometria NIR, em tempo real,

para classificar derivados de petróleo em um processo industrial. Os derivados foram

calibrados utilizando a técnica PCA para um universo de 372 amostras, sendo que 273

foram selecionadas para a etapa de modelagem e 99 para testes de validação. Foram

considerados os seguintes derivados: diesel, gasolina, querosene, LGO (do inglês, Light

gas oil), LSR (do inglês, Light straight-run) e nafta. Os autores obtiveram estimativas com

precisão de 98,06% para classificação dos derivados de petróleo, atestando a eficiência do

método.

KIM et al (2000) combinaram procedimentos estatísticos com medidas de

espectros na região NIR para o reconhecimento de diferentes componentes da destilação do

petróleo, tais como diesel, gasolina, querosene, dentre outros. O artigo não apresenta

detalhes das instalações nem da modelagem realizada, mas os autores sustentam a idéia de

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32

que a metodologia proposta permite a classificação dos derivados do petróleo em tempo

real.

Segundo BUENO (2004), de todas as técnicas disponíveis atualmente no

mercado, a espectroscopia NIR se destaca pela versatilidade, podendo inclusive substituir

uma série de análises de propriedades físicas e químicas de derivados de petróleo, análises

estas geralmente baseadas em métodos padronizados por normas ASTM. Neste trabalho,

foram apresentados resultados de quantificação on-line de propriedades da gasolina, diesel,

querosene, entre outros (BUENO, 2004). A experiência do autor com o uso da técnica NIR

em uma refinaria brasileira indica que, uma vez instalado o equipamento, os custos de

utilização da espectrofotometria NIR correspondem a apenas cerca de 10% dos custos com

as análises de referência efetivadas via métodos ASTM.

No Brasil essa técnica ainda não pode ser utilizada para certificação de

produtos derivados de petróleo. O motivo para tal problema é o não reconhecimento desta

técnica para fins de certificação pela Agência Nacional do Petróleo (BUENO, 2004),

fazendo com que as empresas sigam utilizando métodos padronizados por normas

brasileiras ou internacionais.

Por fim, ressalta-se que no setor de Petróleo, ocorre uma significativa

predominância de trabalhos sobre o uso da técnica NIR aplicada para a análise de

derivados de petróleo. O fato do petróleo cru ser bastante viscoso e escuro tem restringido

o uso de técnicas ópticas para monitoramento de suas propriedades. Porém, desde o ano

2000, alguns relatos sobre o uso da espectrofotometria NIR para avaliação de propriedades

de petróleos e emulsões têm sido publicados pelo grupo do Prof. Sjöblom, conforme

discussão que se segue.

2.2.2. Análises de emulsões de petróleo via NIR

O uso da espectrofotometria NIR para estudos de propriedades de emulsões

de petróleo é bastante recente, tendo sido impulsionado pelo grupo do Prof. Sjöblom,

Noruega.

De modo geral, os trabalhos de espectrofotometria NIR do grupo do

professor Sjöblom têm sido baseados no uso de um espectrofotômetro Brimrose AOFT

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Luminar 2000, equipado com feixes de fibra ótica e sensor de transflectância

(transmitância e refletância simultaneamente). O modo de operação do equipamento é

normalmente ajustado para fornecer espectros de densidade ótica na região NIR. Tais

espectros consistem na combinação da absorbância com o espalhamento da radiação na

região NIR.

Em sua tese de doutorado, ASKE (2002) efetuou estudos de caracterização

de importantes parâmetros associados à estabilidade de emulsões água-óleo (óleo bruto),

utilizando procedimentos analíticos variados, incluindo medidas de espectros de densidade

ótica na região NIR e ferramentas matemáticas de análise de dados. Através de técnicas

estatísticas baseadas em regressão em componentes principais foram levantados os

parâmetros que mais influenciam na estabilidade das emulsões de petróleos de diferentes

procedências. Os resultados indicavam que a elasticidade interfacial do filme (inferida via

tensiômetro acoplado a uma câmera), teor de asfaltenos (medida via precipitação com

alcanos leves) e estado de agregação de asfaltenos (inferido via espectrofotometria NIR de

alta pressão) constituem os fatores mais significativos sobre a estabilidade das emulsões

analisadas. Tal estabilidade era representada pela medida do ‘campo elétrico crítico’

(Ecritical), que expressa o campo elétrico mínimo que deve ser aplicado na emulsão água-

óleo a fim de causar o rompimento do filme interfacial entre as gotas de água,

desestabilizando a emulsão. Foi demonstrado que os dados espectrais apresentam elevada

correlação com os dados de Ecritical, permitindo a construção de um modelo de predição de

Ecritical a partir da primeira derivada das absorbâncias NIR na faixa de 1300 a 2200 nm,

com R² = 0,95. Além disso, foram realizados estudos de calibração relacionando medidas

espectrais na região NIR com dados de separação das frações de óleo cru via método

padrão (teste de SARA). A idéia era verificar a viabilidade de se estimar concentrações de

componentes do petróleo através de espectrofotometria NIR associada a procedimentos

matemáticos, como método alternativo ao teste de SARA, que consiste em uma tediosa

marcha analítica para separação de saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos, envolvendo

o uso de cromatografia líquida (HPLC). Os resultados mostraram que a metodologia

baseada nos espectros NIR é capaz de estabelecer predições de teores de saturados,

aromáticos e resinas tão boas quanto o método experimental padrão. O autor reconhece que

as predições de teores de asfaltenos não tiveram o mesmo sucesso, devido à distribuição

muito irregular deste componente nas amostras utilizadas, que em sua maioria apresentava

baixos teores de asfaltenos. A metodologia NIR para predição de componentes do teste de

SARA foi comparada com a utilização de um espectrofotômetro na região MIR, gerando

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resultados semelhantes. Por fim, constatou-se que a espectrofotometria NIR pode ser útil

na avaliação da estabilidade de emulsões água-óleo, já que possui como característica

especial a sensibilidade às espécies químicas e também ao estado físico dos asfaltenos.

Visando estimar tamanho de agregados de asfaltenos via espectrofotometria

NIR, ASKE (2002) realizou uma série de testes de precipitação de asfaltenos, com coleta

regular de espectros NIR. Nestes testes, uma solução de asfaltenos em tolueno era titulada

com pentano, de modo a induzir a precipitação dos asfaltenos. Os espectros de densidade

ótica tinham sua intensidade inicialmente reduzida devido à diluição por pentano até que, a

partir da fração mássica de 40% de pentano, a intensidade era aumentada em função do

espalhamento provocado pelos agregados de asfaltenos. Os espectros eram corrigidos

através da subtração do espectro da solução inicial de asfaltenos em tolueno. Fazia-se

também a subtração dos espectros de pentano em solução de tolueno. Assim, os espectros

resultantes estavam praticamente isentos das contribuições do tolueno, pentano e da

absorção dos asfaltenos, restando apenas a contribuição do termo de espalhamento

associado aos agregados de asfaltenos. A partir destes espectros corrigidos, tomava-se a

faixa de 1200 – 1600 nm para ajuste das curvas de densidade ótica através da lei do

espalhamento de luz de Rayleigh:

+

−=

2

2

2

4

6

2

184,13056434,0

n

nrNOD P

(19)

Onde OD é a densidade ótica, Np é o número de partículas, rp é o raio da

partícula, λ é o comprimento de onda da radiação incidente, n é a razão entre os índices de

refração das fases dispersa e contínua. A expressão deduzida por Rayleigh é válida para r/λ

≤ 0,05, sendo esta razão conhecida como Limite de Rayleigh. No estudo apresentado por

ASKE (2002), as curvas espectrais foram ajustadas segundo a expressão de Rayleigh,

através da estimativa de rp (por conseqüência, Np ficava definido). A partir deste ajuste, foi

possível inferir raios de agregados entre 30 -100 nm. Foi demonstrado que a expressão de

Rayleigh não era mais válida para raios superiores a 100 nm. É importante observar que

neste estudo não foi feita uma avaliação de tamanho de agregado através de medidas

independentes.

A pesquisa de tese de ASKE (2002) possibilitou a publicação de alguns

artigos em periódicos internacionais. ASKE et al. (2001) apresentaram os estudos de

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determinação de componentes do teste de SARA via espectrofotometria NIR e MIR. Neste

estudo, o caminho ótico total utilizado foi de 2mm. Os resultados do estudo de estabilidade

de emulsões de petróleo envolvendo a correlação entre o campo elétrico crítico e espectros

NIR foram apresentados no artigo de ASKE et al (2002-a). O artigo enfatiza que a

densidade ótica a 1600 nm está fortemente correlacionada ao espalhamento provocado

pelos agregados de asfaltenos. O estudo de agregação de asfaltenos através de

despressurização de células de alta pressão equipadas com sonda de NIR foi apresentado

por ASKE et al (2002-b). A partir de procedimentos matemáticos, foi possível associar

(durante a despressurização) a elevação da linha de base dos espectros na faixa de 1300-

2150 nm como função do crescimento do tamanho dos agregados de asfaltenos.

Novamente, não foi apresentado qualquer resultado de determinação de tamanho de

agregado de asfaltenos.

Em seu trabalho de tese, AUFLEM (2002) apresenta estudos de separação

de emulsões água-óleo a altas pressões, além de estudos de interação entre asfaltenos e

demais componentes sobre a estabilidade destas emulsões. Foram realizados testes de

adição de componentes químicos em soluções contendo concentrações conhecidas de

asfaltenos, com acompanhamento da densidade ótica manifestada no comprimento de onda

de 1600 nm. Os resultados mostraram reduções cada vez mais aceleradas da densidade

ótica com o aumento da concentração inicial de ácidos naftênicos, indicando que a adição

de ácidos naftênicos à solução produz a dissolução dos agregados de asfaltenos.

Em sua tese de doutorado, HAVRE (2002) efetuou estudos semelhantes ao

de AUFLEM (2002), apresentando resultados similares para o acompanhamento via NIR

da desintegração de agregados de asfaltenos. O autor discute também sobre a utilização dos

espectros NIR no acompanhamento da precipitação de partículas de sais de cálcio obtidos a

partir de ácidos naftênicos. Para tanto, eram preparadas soluções onde os ácidos naftênicos

eram dissolvidos em água sob pH elevado para dissociação do ácido, havendo em seguida

a adição de uma solução de sal de cálcio, para nucleação e crescimento de cristais de sais

de ácido naftênico. Todo o processo era monitorado via espectrofotometria NIR. O autor

ressalta que a precipitação destes sais pode ser claramente monitorada através do

acompanhamento da raiz quadrada da densidade ótica a 1280 nm durante os experimentos.

O autor justifica o princípio baseando-se na Equação (19), a qual pressupõe que a raiz da

densidade ótica é diretamente proporcional ao volume de partícula precipitada.

A revisão de SJÖBLOM et al (2003) apresenta a ampla experiência do seu

grupo com a caracterização de emulsões água-óleo, com especial atenção aos estudos sob

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altas pressões. São revisados estudos de desagregação de asfaltenos utilizando

espectrofotometria NIR, enfatizando que o decréscimo da densidade ótica a 1600 nm é

reflexo da desintegração dos agregados de asfaltenos. Salienta-se também a grande

sensibilidade da espectrofotometria NIR à presença de componentes não detectáveis pelo

teste de SARA, conforme indicado no teste de adição de 15 ppm de desemulsificante a

uma amostra de óleo cru. Neste teste, apesar da adição de uma pequeníssima quantidade de

desemulsificante, os espectros NIR sofrem grande rebaixamento de linha de base,

refletindo as alterações físicas que a amostra sofrera (neste caso, diminuição do tamanho

dos agregados). É feita também uma discussão sobre a viabilidade da utilização do

espectrofotômetro NIR na inferência de tamanho de gotas de água em emulsões água-óleo.

Nestas emulsões, o espalhamento da radiação depende do tamanho das gotas (dependência

análoga à Equação (19) para o raio de gota), ressaltando que duas emulsões com BS&Ws

iguais e distribuições de tamanhos de gota (DTG) diferentes apresentarão espectros

semelhantes, porém deslocados em termos de linha de base (ou intensidade).

Seguindo a linha dos trabalhos deste grupo, destaca-se o trabalho de

COUTINHO (2005), no qual foram utilizados dados NIR em conjunto com técnicas de

PCA para a discriminação de sete petróleos nacionais, ficando constatada a elevada

correlação entre o teor de asfaltenos e a primeira componente principal extraída da análise

de PCA dos espectros.

Por fim, salienta-se que os trabalhos do grupo do Prof. Sjöblom trazem

ampla gama de informações sobre a caracterização de emulsões de petróleo, além do uso

da espectrofotometria NIR como ferramenta de interpretação do comportamento de óleos e

emulsões. Porém, pouca atenção tem sido dada por este grupo à implementação da

espectrofotometria NIR como sensor on-line de processos.

2.3. Monitoramento de Propriedades

Na indústria petrolífera, a exploração do petróleo normalmente ocorre via

injeção de água nos poços, acarretando a formação de emulsões de água em óleo. A

presença de água associada ao petróleo provoca uma série de problemas nas etapas de

produção, transporte e refino. Além de onerarem os custos de produção e transporte de

petróleo, as águas produzidas e oriundas de formações produtoras de hidrocarbonetos

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apresentam sais dissolvidos que provocam corrosão nas linhas de escoamento e queda de

qualidade do óleo produzido.

Para minimizar estes problemas, as unidades de produção, plataformas e

refinarias de petróleo dispõem de equipamentos de desidratação e dessalgação, que visam

remover água e os sais presentes nas emulsões de óleo, através de aplicação de campos

elétricos e adição de produtos químicos. Contudo, as unidades dessalgadoras não possuem

instrumentos confiáveis capazes de fornecer dados sobre o desempenho da dessalgação,

sendo então operadas como “caixa-preta”. Apesar da existência de variações freqüentes na

qualidade do petróleo processado, incluindo BS&W (basic sediments and water, teor de

sedimentos e água), distribuição de tamanho de gotas da água emulsionada, composição do

petróleo e teor de sais, as condições de operação do equipamento são mantidas constantes.

Uma das razões é a falta de conhecimento das ações necessárias para responder às

mudanças de qualidade do petróleo. Esta ausência de um controle “feedback” se deve em

grande parte à falta de instrumentação adequada ao monitoramento da dessalgação. A

conseqüência direta disso é que a dessalgadora opera em condições sub-ótimas na maior

parte do tempo, requerendo então a adição de quantidades excessivas de produtos químicos

para inibição de corrosão e controle de pH, implicando grande geração de efluentes para

tratamento.

Apesar da existência de alguns esforços no desenvolvimento de métodos de

dessalgação alternativos (OLIVEIRA, 2000; COUTINHO, 2005), verifica-se na prática

que o acompanhamento em tempo real de propriedades das emulsões de petróleo constitui

o melhor caminho na busca de maior eficiência ao processo de dessalgação e na

minimização das conseqüências adversas descritas anteriormente. De modo análogo,

muitos benefícios podem ser obtidos na etapa de produção, caso sejam implementadas

estratégias de inferência em tempo real de propriedades de emulsões de petróleo nos

tratadores. Neste contexto, torna-se de grande valia o monitoramento de variáveis como

BS&W e salinidade das emulsões, variáveis estas que estão diretamente relacionadas à

qualidade do óleo produzido e à eficiência dos processos ocorridos nos tratadores e

dessalgadoras. Além disso, o tamanho das gotas de água na emulsão também constitui

variável relevante nas dessalgadoras, já que se relaciona diretamente com a eficiência de

coalescência e, por conseqüência, com a eficiência de separação. Ademais, a distribuição

de tamanhos das gotas pode ser alterada pela manipulação da válvula de mistura instalada

na entrada dos vasos de dessalgação, donde se conclui que a existência de instrumentos

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capazes de inferir em tempo real o tamanho das gotas possibilitaria a elaboração de

estratégias de controle de tamanhos em tempo real.

Nesta seção, é feita uma revisão sobre os poucos trabalhos disponíveis na

literatura que tratam de técnicas de monitoramento de BS&W e distribuição de tamanhos

de gota.

2.3.1. BS&W – Basic Sediments and Water

No processo de produção do petróleo é comum o aparecimento de água e

sedimentos seja devido às características do próprio poço ou como conseqüência do

processo de injeção de água no intuito de auxiliar na extração. As razões entre a água e o

óleo (RAO ou A/O) podem ser de quase zero a valores próximos a 100 % dependendo

somente da viabilidade financeira de se continuar a extração (SOUZA et al., 2004).

O nome BS&W, vem do inglês Basic Sediments and Water e significa a

razão entre a quantidade de sedimentos e água em relação ao volume total do fluido oleoso,

conforme a Equação (20):

)sedimentoságuaóleo(

)sedimentoságua(&

++

+=

devazão

devazãoWBS (20)

As medições para cálculo destes valores podem ser feitas tanto em campos

com medidores específicos como em laboratórios a partir de amostras coletadas em vasos

separadores ou em tanques.

Comumente os valores de sedimentos no processo de extração do petróleo

são baixos, o que leva o BS&W a ser praticamente uma razão entre a água e o volume total

do fluido produzido. No entanto, alguns equipamentos analisadores de BS&W se

aproveitam deste fato e fornecem valores de BS&W somente utilizando a determinação da

água. Por estes fatos é necessária uma análise previa do poço para saber se este tem altos

valores de sedimentos, pois isso pode gerar falsos valores da propriedade (SILVA et al.,

2005-b).

No mercado existem vários tipos de medidores de BS&W com vários

princípios diferentes como medidores capacitivos, indutivos, tubo vibrante, microondas,

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etc. A seguir veremos seus princípios de funcionamento e características para que

possamos entender melhor cada um deles (BURREL, 1992; SILVA et al., 2005-b).

2.3.1.1. Medidores Capacitivos

Amplamente utilizados, os medidores de BS&W que utilizam o principio da

constante dielétricas dos fluidos são instrumentos robustos, mas que tem limitações no que

se refere aos líquidos condutíveis, ou seja, em processos de alto teor de sais este

equipamento seria inadequado, pois seria induzido ao erro (BURREL, 1992; SILVA et al.,

2005-a).

O principio de operação se baseia na medição da capacitância do fluido que

passa pelos eletrodos de um capacitor coaxial. Quando o líquido atravessa os eletrodos a

constante dielétrica se altera, o que é captado e calculado por um microprocessador

transformando esse valor de capacitância em quantidade de água (JAKOBY e

VELLEKOOP, 2004). Neste calculo também e compensado o valor da temperatura que

tem grande influencia da forma que o aumento significa na diminuição da constante

dielétrica. A faixa de operação varia de 0 a 60% de água no óleo e a resolução é de 0,001%

(SILVA et al., 2005-a).

2.3.1.2. Medidores Indutivos

Os medidores de BS&W indutivos utilizam o principio de Faraday que

estabelece que a força eletromotriz (f.e.m.) induzida num circuito é igual a taxa de variação

do fluxo magnético através do circuito. Então, se o material que esta entre o campo for

condutor, uma corrente será gerada, a qual se oporá a variação do campo indutor de acordo

com a lei de Lenz (SILVA et al., 2005-a).

O medidor indutivo mede o water cut (vazão volumétrica de água, relativa à

vazão volumétrica total de líquido (óleo + água)), quando a água é a fase. É constituído de

dois toróides (campo magnético) envolvendo um revestimento não condutor e de dois anéis

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entre os toróides, para possibilitar a medida do diferencial de tensão elétrica devido a uma

corrente elétrica constante no fluido em escoamento. O primeiro toróide gera um campo

magnético variável no escoamento multifásico (óleo+água+gás), com isso uma corrente

elétrica é induzida no meio condutor (água). Esta corrente elétrica gerará um campo

magnético variável que reagirá a variações do campo magnético principal (lei de Lenz)

(SILVA et al., 2005-a).

Esse tipo de princípio tem o problema de que o meio tem que ser de material

condutivo, ou seja, a fase contínua deve ser a fase água e esta deve ter um valor de

condutividade mínima para que o equipamento funcione. Este valor é determinado por

cada fabricante (SILVA et al., 2005-a).

2.3.1.3. Medidores Microondas

A tecnologia de medição utilizando microondas é muito complexa devido

ao fato de necessitar de equipamentos sofisticados para a emissão e detecção do sinal. O

principio do sistema é comparar a energia que deixa o sistema com a energia transmitida

ou refletida no ponto de amostragem (PAL, 1994).

Existem equipamentos com sensibilidade de 0 a 100% e estes podem

trabalhar com salinidade entre 0,5% e 8%. Dentre eles os principais problemas são

dificuldade de manutenção e alto valor de aquisição. Ultimamente vem sendo amplamente

utilizados em correntes com flutuação das características do fluido oleoso, ou seja, o

BS&W varia muito em um curto período como em sistemas móveis de medição de poços.

2.3.1.4. Medidores por Tubo Vibrante

Com as densidades do óleo e da água conhecidas a uma determinada

temperatura e pressão, chega-se ao valor do conteúdo de água no óleo (water cut). Para se

determinar à densidade de um corpo, excita-se o sistema massa-mola com a mesma

freqüência (SILVA et al., 2005-a).

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2.3.1.5. Medidores Eletromagnéticos

O medidor eletromagnético é constituído de uma antena transmissora de

ondas eletromagnéticas e um medidor de temperatura. A potência de radiação de uma

antena depende das propriedades elétricas do meio que a envolve. No caso de uma mistura

óleo-água, vai ser função da variação do water cut. A potência de radiação de uma antena é

igual a integral de superfície do vetor de Poyting médio, sobre toda a superfície que

engloba a antena (SILVA et al., 2005-a).

Como a medida do water cut é feita em um ponto da tubulação, é

fundamental que a mistura óleo-água, em toda a seção transversal, seja homogênea. O

desempenho é fortemente influenciado pelo padrão de escoamento na tubulação (SILVA et

al., 2005-a).

2.3.1.6. Medidores por Impedância

Os medidores por impedância são constituídos de dois eletrodos dispostos

nas paredes internas da seção de tubulação ou carretel por onde o fluido escoa. Os

eletrodos são isolados eletricamente do fluido por meio de revestimentos de Teflon

(SILVA et al., 2005-a).

Se o fluido é uma mistura de óleo-água, em regime de água contínua, o

efeito resistivo é o predominante na impedância elétrica. Se o fluido é uma mistura de

óleo-água, em regime de óleo contínuo, o efeito capacitivo é o predominante na

impedância elétrica (SILVA et al., 2005-a).

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2.3.2. DTG – Distribuição do Tamanho de Gotas

Na indústria do petróleo é comum o aparecimento de emulsões formadas de

água e óleo e estas emulsões em seus valores críticos, ou seja, próximo a 0% ou 100% para

ambos os compostos, são difíceis de separar principalmente quando se trata de DTG’s

(Distribuição do Tamanho de Gotas) de valores muito baixos. Um exemplo prático para

este problema é que para se separar pequena quantidade de água em um grande volume de

óleo seria fácil se todo o volume de água estivessse concentrado em um único ponto e

difícil se este volume estivesse distribuído por todo o óleo e quebrado em minúsculas

partículas de água com tamanhos microscópicos (RAMALHO, 2002).

Geralmente e dependendo do grau de cisalhamento do óleo trabalhado, os

tamanhos das gotas geradas são variados. A amostragem destas emulsões torna-se cada vez

mais complexa, acarretando problemas de dimensionamento de equipamentos que servirão

para separar as duas fases (OLIVEIRA, 1999). O princípio básico destes equipamentos é

dado pela equação de Stokes, que se aplica à velocidade de sedimentação de uma partícula

de água em óleo.

gd

V oa

η

ρρ

18

)(2 −= (21)

Onde:

→V É a velocidade de sedimentação da gota de água (m/s);

→d É o diâmetro da gota de água (m);

→aρ É a massa específica da água (Kg/m3);

→oρ É a massa específica do óleo (Kg/m3);

→η É a viscosidade do óleo (Kg/m.s);

→g É a aceleração da gravidade (m/s2);

De acordo com a equação (21), quanto menor for o diâmetro da partícula de

água menor será sua velocidade de sedimentação, o que traz maior estabilidade a emulsão

(COUTINHO, 2005). Este fato causa aumento de custos para a indústria do petróleo, pois

torna a separação das fases mais difícil na medida em que as gotas vão ficando menores,

requerendo a instalação de equipamentos de grande porte (OLIVEIRA, 1999).

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Pelos motivos acima se vê necessário um estudo aprofundado de técnicas de

determinação da DTG no intuito de conseguir obter valores de forma rápida e eficiente.

Atualmente existem algumas técnicas de determinação da DTG com a

técnica por difração a laser, técnica MDIF (Misturador - Decantador à inversão de Fases),

FTNIR (Em estudo), entre outras.

O modelo de difração a laser utiliza o principio de difração da luz para

determinar a distribuição do tamanho de partícula. Neste principio o feixe de lazer é

enviado em direção à amostra liquida e ao encontrar as partículas parte é difratado e,

subsequentemente, focado, por meios de lentes, no detector. Quanto menor for o tamanho

da partícula, maior será o ângulo de difração, conforme ilustra a Figura 7 (OLIVEIRA,

1999):

Figura 7 - Modelo de Difração a Lazer

Dentre os principais parâmetros estatísticos exibidos no resultado desta

técnica temos:

D(4,3) – Que é o diâmetro médio volumétrico. Corresponde ao diâmetro da

esfera que possui o mesmo volume médio das partículas constituintes do sistema.

D(3,2) – É o diâmetro médio superficial ou diâmetro de Sauter. Corresponde

ao diâmetro da esfera que possui a mesma área superficial média das partículas.

D(0,5) – É o diâmetro da mediana. Valor que divide a distribuição obtida

exatamente na metade, ou seja, 50% do volume total das partículas encontram-se abaixo

deste valor e 50% acima.

D(0,1) – Diâmetro que corta a distribuição em 10% do volume total.

D(0,9) – Diâmetro que corta a distribuição em 90% do volume total.

Feixe de Luz (Lazer)

Partículas

Lentes

Detector

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A técnica combinada (amostragem capilar / sonda fotoelétrica) é uma

tecnologia recente e inovadora desenvolvida pela TU-Clausthal na Alemanha para medida

de gotas ou bolhas milimétricas (PAULO et al., 2003).

O princípio de funcionamento se baseia na comparação entre os índices de

refração das duas fases fluidas presentes no interior do capilar de amostragem. No caso de

gotas, estas são aspiradas para o interior do capilar que deve ter um diâmetro duas vezes

menor que o diâmetro das gotas a medir. Estas gotas sofrem então uma deformação

assumindo a forma de elipsóides. A velocidade e o comprimento destes elipsóides são

medidos por meio de uma sonda fotoelétrica acoplada ao capilar (PAULO et al., 2003).

A sonda se compõe essencialmente de duas células luminosas constituídas

de uma pequena lâmpada e de um fototransistor (RAMALHO, 2002). Quando o trem de

gotas passa diante das células, elas detectam e gravam o início e o fim de cada uma delas.

As duas células são colocadas à uma distância a=2,0 mm uma da outra e posicionadas a

90° uma em relação à outra. Gera-se assim um sinal bruto que é tratado numericamente e

transformado em sinal quadrado. O sistema dispõe de regulagem automática por varredura

para definir a tensão ótima das lâmpadas (PAULO et al., 2003).

Este sistema necessita de calibração prévia e ainda não foi testado com na

indústria do petróleo. Os resultados obtidos são iguais aos apresentados na técnica anterior

porem o tamanho das gotas esta limitado na casa do mm, o que o torna ineficaz em alguns

processos.

A tecnologia de análise por Infravermelho Próximo com Transformada de

Fourier, FTNIR, vem crescendo na indústria inclusive na de petróleo devido a sua

agilidade e eficácia na análise sem a necessidade de adição de compostos ou destruição das

amostras. Em particular, este trabalho se dispõe a utilizar esta técnica para o

monitoramento do teor e do tamanho de gota de água, com vistas ao controle do processo

de dessalgação. Conforme discussão anterior, a eficiência deste processo depende

fortemente do tamanho de partícula da água, já que esta propriedade relaciona-se

diretamente com a velocidade de decantação da partícula no processo de separação óleo /

Água (WAHAB et al., 2006).

Mas para utilizar a técnica FTNIR na análise do tamanho da partícula de

água, é necessário demonstrar matematicamente a influência do tamanho sobre a radiação

NIR. Para isso, define-se como luz espalhada a onda eletromagnética que é refletida ou

refratada pelo composto ou substância que esta incidiu. Pode-se dizer que da luz incidida

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45

que é extinta, obtém-se a seguinte relação (HULST, 1981) (BOHREN e HUFFMAN,

1983):

absorvida luz espalhada luz extinta luz += (22)

O fenômeno de refração se dá quando um feixe passa por dois meios de

densidades diferentes e devido a mudança da velocidade da radiação há uma mudança no

ângulo do mesmo. Quando este passa de um meio menos denso para um mais denso o

desvio ocorre em direção a normal, conforme figura abaixo (HULST, 1981) (BOHREN e

HUFFMAN, 1983):

Figura 8 - Fenômeno de Refração

Temos então:

2

1

1

2

2

1

v

v

Sen

Sen==

Θ

Θ

η

η (23)

Onde:

→1η É o índice de refração do meio 1 para um determinado λ;

→2η É o índice de refração do meio 2 para um determinado λ;

→1v É a velocidade da radiação no meio 1;

→2v É a velocidade da radiação no meio 2;

A reflexão ocorre quando os índices de refração dos meios são diferentes e

quanto maior estes índices, maior a reflexão. Para a reflexão temos (HULST, 1981):

N

M1

M2

Θ1

Θ2

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46

( )( )2

12

212

0 ηη

ηη

+

−=

I

Ir (24)

Onde:

→rI É a intensidade do feixe incidente;

→0I É a intensidade refletida;

Existem varias teorias que definem o espalhamento de luz e a utilização

delas esta diretamente relacionada com o a relação entre o comprimento de onda do feixe e

o tamanho da partícula.

A teoria de RAYLEIGH é válida quando o raio da partícula é muito menor

do que o comprimento de onda. Já a teoria MIE descreve o espalhamento da luz incidente

quando o raio da partícula é igual ou até oito vezes menor que o valor do comprimento de

onda. Para partículas muito maiores que o comprimento de onda da luz incidente o

espalhamento de luz é bem descrito pela teoria de Fraunhofer, que em última análise

consiste em um caso limite da teoria de MIE (HULST, 1981).

No caso particular das emulsões estudadas neste trabalho, os tamanhos de

gota médios (média volumétrica) situam-se entre 3µm - 80 µm, que é uma faixa de

tamanhos de elevado interesse da indústria de petróleo, tendo em vista as dificuldades

geralmente existentes para a separação de fases de emulsões com DTG nesta região. Já os

comprimentos de onda na região NIR situam-se entre 0,8µm - 2,5µm, portanto, as

partículas observadas são muito maiores do que os comprimentos de onda NIR. Porém, a

análise do efeito das gotículas de água sobre o espalhamento de luz no espectro NIR pode

ser estabelecida com base no modelo teórico apresentado por HULST (1981). Este modelo

estabelece a relação linear entre o número de partículas e o coeficiente de extinção da luz

no meio, sendo válido para partículas esféricas dispersas cujas distâncias entre si e cujos

diâmetros sejam maiores que o comprimento de luz incidente. Respeitadas estas condições,

pode-se atribuir a extinção da luz pelo espalhamento causado por estas partículas, para

todo comprimento de onda do espectro eletromagnético, independentemente da absorção

de luz pelas ligações químicas.

Para avaliar se as condições das emulsões estudadas nesta dissertação

seguem as premissas estabelecidas por HULST (1981), é preciso avaliar se a distância

entre as gotas da emulsão é muito maior que o comprimento de luz NIR incidente. Neste

caso, é necessário avaliar se esta distância é superior a 2,2 µm, que corresponde ao limite

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superior de comprimento de onda útil neste trabalho. Para tanto, são listadas a seguir um

certo número de condições para verificação da adequação das emulsões deste trabalho com

as premissas do modelo de HULST (1981):

� Em uma emulsão de petróleo e água em concentrações de 95% e 5%

respectivamente;

� Diâmetro médio volumétrico “D(4,3)” de no mínimo 2,9µm;

� Gota no formato de menor energia, ou seja, em formato esférico;

� A função de amplitude é S(0);

� Comprimento de onda menor que 2,2µm, ou seja, número de onda

maior que 4545cm-1;

� Índice de Refração(m) próximo a 1;

� Distancia entre as partículas é maior que o diâmetro delas;

� As gotas estão espalhadas uniformemente;

Para sabermos a distância entre as gotas em uma determinada mistura

levaremos em consideração uma quantidade de mistura de 100 gramas. Com isso teremos:

agua

agua

aguaD

MV = (25)

Desenvolvendo temos:

351

5cmVagua ==

E para o volume do óleo:

oleo

oleooleo

D

MV = (26)

Após resolução temos:

315,10293,0

95cmVoleo ==

Supondo que o volume médio das gotas é de 2,9µm, o numero de gotas se

dá por:

3

23

4

=

d

VN

agua

π

(27)

E desenvolvendo temos:

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48

34

2

109,2

3

4

5

=

−xN

π

gotasxN 111091,3=

Dividindo a quantidade de gotas pelo volume total temos então a quantidade

por cm3 de mistura:

15,1025

10x91,3N

11

cm3

+=

39 /1065,33 cmgotasxNcm

=

Para descobrirmos o volume de emulsão por gota, fazemos:

9/ 1065,3

1

xV ge =

10/ 1073,2 −= xV ge

Com isso temos o volume do cubo de emulsão por gota, como demonstra a

figura abaixo:

Figura 9 - Volume do Cubo de Emulsão por Gota

Temos também como calcular o diâmetro do cubo que é a raiz cúbica do

geV / , assim temos:

3/ geVa = (28)

41049,6 −= xa

Sabendo o volume da gota, volume do cubo, diâmetro da gota e diâmetro do

cubo, podemos calcular a distância entre as gotas que é de:

a a

a

d y y

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49

2

day

−= (29)

2

10x9,210x49,6y

44 −− −=

41079,1 −= xy

Então temos que a distância média entre as partículas é de:

yd gotasentre *2= (30)

md gotasentre µ59,3=

Assim, conclui-se que a premissa relativa à distância entre partículas aplica-

se ao caso limite das emulsões tipicamente observadas nesta dissertação. Desta forma, o

coeficiente de extinção da luz pode ser vinculado à quantidade de gotas, conforme

apresentado por HULST (1981). Para uma gota, o coeficiente de extinção (Cext) é definido

da seguinte forma (HULST, 1981):

)}0(Re{4

2S

KCext

π= (31)

Onde:

→extC É o coeficiente de extinção de uma única partícula;

→K É o numero de onda;

→)}0(Re{S É a parte real da função de amplitude;

A função de amplitude é S(0), pois o ângulo do receptor é considerado zero

em relação ao emissor do espectro (HULST, 1981).

Então para várias partículas temos:

∑=i

extiext CC , (32)

Conforme demonstração anterior, a distância entre as partículas e o diâmetro

são bem maiores do que o comprimento de onda NIR. Diante deste resultado, pode-se

aplicar o modelo de HULST (1981) para a extinção de luz:

)}0(Re{4 2 SNK −= πγ (33)

extNC=γ

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50

Onde:

→γ É o coeficiente de extinção total;

→N É o numero de gotas na amostra;

Observa-se então que a quantidade de partículas é diretamente proporcional

ao coeficiente de extinção total da amostra (HULST, 1981). Assim, quanto maior o número

de partículas para uma dada concentração de fase dispersa (ex. água), maior será o

coeficiente de extinção total do meio, resultando em maior espalhamento de luz em toda a

faixa NIR. É importante ressaltar que estas considerações não podem ser generalizadas

para outros casos de emulsões, e que para um maior aprofundamento sobre o assunto

recomenda-se consultar as referências bibliográficas citadas ao longo desta seção.

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51

Capítulo 3

3. Materiais e Métodos

Neste capítulo, são apresentados os experimentos realizados visando o uso

da espectrofotometria de infravermelho próximo como ferramenta de monitoramento de

propriedades relevantes do petróleo durante a produção e seu processamento. Em

particular, foram estudados os efeitos que o teor de água e a mediana da distribuição de

tamanhos de gotas de água emulsionadas em petróleo exercem sobre os espectros NIR.

Para tanto, foram realizados alguns experimentos de síntese e caracterização de emulsões

de petróleo. Apresenta-se também uma descrição sobre os procedimentos adotados para

calibração do espectrofotômetro para predição de propriedades.

3.1. Materiais

A matriz de petróleos estudada neste trabalho incluía 5 tipos de óleos de

bacias brasileiras com características distintas em termos de acidez e densidade, conforme

relacionado na Tabela 2. Por comodidade, os óleos utilizados foram denominados T1 (Tipo

1), T3 (Tipo 3), T5 (Tipo 5), TC (Tipo C) e TJ (Tipo J).

Tabela 2 - Característica dos Óleos Utilizados.

TIPO DE ÓLEO

DENSIDADE RELATIVA

DENSIDADE (°API)

ÍNDICE DE ACIDEZ TOTAL

KARL FISCHER (Teor de

água) T1 0,8833 28,7 0,13 0,17% T3 0,9396 19,1 1,25 0,34% T5 0,9340 20,0 1,15 0,26% TC 0,8975 25,5 0,62 0,20% TJ 0,9541 16,8 3,84 11,44%

Na literatura de petróleo, consideram-se petróleos pesados aqueles que

possuem densidade igual ou inferior a 20°API (escala do American Petroleum Institute).

Assim, petróleos como TJ, T3 e T5 são considerados pesados, enquanto petróleos T1 e TC

são considerados leves.

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52

Como diluente foi utilizado o EMCA 70 ou EMCAplus 70 que é um óleo

mineral branco composto por uma mistura complexa de hidrocarbonetos saturados

parafínicos e naftênicos, obtidos a partir da hidrogenação catalítica a alta pressão de

destilados de petróleo. Este óleo é fornecido pela Empresa Carioca de Produtos Químicos

S.A., sediada no Estado da Bahia.

São apresentadas na Tabela 3 as especificações técnicas do diluente bem

como suas características de aparência, odor e sabor. Sua aparência visual incolor e

límpida e sua composição a base de hidrocarbonetos são os principais motivos que nos

levam a utilizar este diluente.

Tabela 3 - Especificações do EMCAplus 70.

TESTES MÉTODOS LIMITES

APARÊNCIA VISUAL LÍMPIDO ODOR E SABOR SENSITIVO AUSENTE COR SAYBOLT ASTM D-156/00 Min. + 30 DENSIDADE A 20 ºC ASTM D-4052/96 0,8320 - 0,8650 VISCOSIDADE, cSt, 100 °F ASTM D-445/01 13,08 - 15,66 SSU, 100 °F ASTM D-2161/99 70,0 - 80,0 mPas, 20 ºC ASTM D-445/01 20,0 - 40,0 cPs, 25 ºC ASTM D-445/01 17,0 - 22,0 SUBSTÂNCIAS CARBONIZÁVEIS USP XXV - NF 20 ≤ PADRÃO COMPOSTOS POLINUCLEARES (260-350nm) USP XXV - NF 20 ≤ 1/3 DO PADRÃO PARAFINA SÓLIDA USP XXV - NF 20 PASSA ABSORÇÃO DE LUMINOSIDADE 275 nm DAB-8 Máx. 0,800 295 nm Máx. 0,400 300 nm Máx. 0,300 ÁGUA, ppm ASTM D-1744/92 Máx. 50 ACIDEZ / NEUTRALIDADE USP XXV - NF 20 NEUTRO FLUORESCÊNCIA VISUAL AUSENTE PONTO DE FULGOR, COC, °C (ºF) ASTM D-92/01 Min. 176 (349)

Como visto acima, os óleos e o dispersante utilizados nos experimentos têm

características peculiares e precisam ser bem armazenados e manuseados com cautela. No

próximo tópico, são descritas todas as técnicas de manuseio e caracterização das emulsões

bem como os equipamentos utilizados para estas tarefas.

3.2. Métodos Analíticos

No processo de caracterização dos óleos foram utilizados equipamentos

específicos para cada propriedade. Dentre todos os equipamentos que serão descritos a

seguir, especial atenção será dada ao Espectrofotômetro de Infravermelho Próximo com

Transformada de Fourier (FTNIR) da ABB modelo FTLA2000 - 160.

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53

O modelo 160 é especificamente desenvolvido para análises de

infravermelho próximo tendo uma precisão e estabilidade superior na faixa espectral que

vai de 14.000 cm-1 a 3.800 cm-1 com resolução menor do que 1 cm-1. Opera pelo princípio

de varredura contínua do interferômetro tipo Michelson, descrito anteriormente. Esta

varredura é processada em menos de 1 segundo, sendo que, para a coleta de 1 espetro são

realizadas 32 varreduras demandando aproximadamente 25 segundos. Esta agilidade na

aquisição dos espectros permite a determinação das propriedades de interesse em tempo

real.

Sua fonte é composta de uma lâmpada halogênica de quartzo e o detector é

do tipo DTGS (do inglês, Deuterated Triglycine Sulfate). A Figura 12 ilustra o

espectrofotômetro estudado nesta dissertação.

A sonda de transflectância utilizada consiste em um conjunto formado pelo

feixe de fibras ópticas e um cilindro de aço que protege as fibras para fins de imersão nas

amostras ou correntes de processo. O feixe de fibras ópticas, mostrado na Figura 10, mede

aproximadamente 5 metros, sendo composto por duas fibras multímodo de diâmetro igual

a 600µm e a faixa espectral é de 500nm a 2500nm. A sonda é fabricada pela Solvias,

modelo Flex Immersion Probe e suporta 40 bar de pressão ou vácuo.

Figura 10 - Fibra Óptica e Sonda

O caminho ótico da sonda pode ser observado na Figura 11, podendo ser

regulado de 0 a 12 mm através de um mecanismo de rotação simples situado na parte

inferior da sonda. Neste tipo de sonda, o sinal detectado é resultado da reflexão de luz pela

amostra e da transmissão com dupla passagem pela amostra, já que o espelho situado na

ponta é capaz de reenviar o sinal luminoso para a fibra óptica de coleta.

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54

Figura 11 - Extremidade da Sonda de Transflectância.

Para as medições on-line, o software utilizado foi o FTSW100 Software

Suíte que tem como principal característica a inserção das variáveis com seus respectivos

arquivos de calibração PLS elaborados no GRAMS. Este software, após captar o espectro

da amostra que circula no sistema, calcula todas as variáveis e apresenta na tela com

limites ajustáveis de condições normais ou alertas.

Figura 12 - FTNIR da ABB modelo FTLA2000.

Para a determinação de água nas amostras utilizou-se o método de titulação

com reagente de Karl Fischer baseado na norma ASTM D1744. Os ensaios foram

realizados via titulador potenciométrico fabricado pela Metrohm, modelo Titrando 836

conforma mostra a figura 13.

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55

Figura 13 - Titulador Potenciométrico Titrando 836

Na caracterização dos momentos da DTG utilizou-se o analisador de

tamanho de partícula da Malvern modelo Mastersizer 2000 que utiliza a técnica de difração

a laser baseada no princípio de espalhamento de luz da teoria MIE para mensurar o

tamanho das gotas de água na emulsão. A faixa de leitura do equipamento é de 0,02 µm a

2000 µm dependendo do material utilizado.

Para a agitação das amostras e quebra das gotas de água durante a síntese de

emulsões, utilizou-se o homogeneizador Ultra Turrax T25 Basic da IKA conforme

ilustrado na Figura 14. Este homogeneizador opera de 11.000 rpm a 24.000 rpm

distribuídos em 5 velocidades selecionáveis.

Figura 14 - Ultra Turrax T25 Basic da IKA.

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Existem vários tipos de hastes dispersantes para materiais e cisalhamentos

distintos, entretanto, no âmbito deste trabalho, foi utilizado o modelo S 25 N–25 GM.

Figura 15 - Haste Dispersante modelo S 25 N-25 GM da IKA.

3.3. Procedimentos Experimentais

Para fins de análise da influência das características de emulsões de petróleo

de interesse industrial sobre espectros NIR, foram sintetizadas emulsões água/óleo as quais

foram caracterizadas em termos de suas propriedades. A principal preocupação com esta

etapa é que os valores obtidos aqui seriam utilizados na etapa de calibração, de modo que

seria necessário desenvolver procedimentos com erro experimental mínimo, de modo a

reduzir as incertezas na fase de validação dos resultados.

O procedimento padrão para a síntese de emulsões consistia no preparo de

amostras contendo 250 ml do tipo de óleo de interesse, o qual era coletado dos vasos de

armazenamento que têm capacidade de 35 litros. Antes desta coleta, os vasos são agitados

por aproximadamente 10 minutos com o intuito de homogeneizar o óleo e a água que tende

a decantar.

Com este procedimento inicial concluído adicionavam-se 165g do óleo que

estava no vaso de 250ml, em um vaso de 1 litro com tampa, seguido da adição intermitente

de 135g de água (em três etapas de aproximadamente 45g), agitando durante um minuto

nos intervalos de cada etapa. Após as adições o vaso era agitado durante 5 min ou até soar

oco. Seguindo este procedimento, resulta ao final uma emulsão com aproximadamente

45% de BS&W.

Com a emulsão sintetizada, efetua-se sua diluição em EMCA70 nas

proporções de 8g de emulsão em 20ml de diluente, de modo a produzir emulsões de

aproximadamente 5% de BS&W diluídas. Esta operação de diluição é realizada em função

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das limitações do equipamento de difração a laser, que não é capaz de proceder análises de

DTG para amostras muito opacas (alta obscurecência).

De posse da amostra devidamente diluída, é necessário efetuar o “teste de

background da amostra”. Este teste consiste em fornecer uma amostra em branco (sem

gotas de água), para fins de elaboração da referência do analisador de difração a laser no

tocante a cor da amostra que será analisada. Neste procedimento, executa-se a circulação

de EMCA70 pelo analisador de difração a laser, e em seguida adiciona-se uma amostra

contendo 200ml de EMCA70 e 5 gotas de óleo, para o qual são realizadas diversas

medidas que são salvas como referência. Em seguida, procede-se a limpeza do circuito

com o mesmo dispersante EMCA70. Se este procedimento não for feito antes da análise o

equipamento identificará a cor do óleo como partícula, o que comprometeria o resultado.

3.4. Ensaios de Sensibilidade

Com base em amostras de emulsões de petróleo preparadas através dos

procedimentos descritos anteriormente, foram realizados ensaios de espectrofotometria

NIR para avaliação da sensibilidade dos espectros às propriedades destas amostras. O

objetivo dos ensaios de sensibilidade era mostrar como se comportam os espectros

adquiridos no FTNIR quando os valores das propriedades de interesse são variados.

A Figura 16 ilustra um espectro de absorbâncias na região NIR típico de um

petróleo nacional com teor de água abaixo de 1%. Nota-se que o espectro apresenta picos

de absorbância em determinados comprimentos de onda. Isso se deve ao princípio da

absortividade molar mostrado no item 2.1.1, onde determinadas ligações atômicas

absorvem energia em certos comprimentos de onda.

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Figura 16 - Espectro de um Óleo Brasileiro com BS&W inferior a 1%.

Quando se coletam espectros de óleos com diferentes teores de água,

observa-se uma pequena mudança de linha base do espectro e crescimento de um pico

próximo a faixa de 5000 cm-1 conforme se observa na figura 17. Este crescimento das

absorbâncias é praticamente linear com a quantidade de água; isso ocorre devido ao

aumento da absortividade molar do meio, quando do aumento na quantidade de água na

amostra.

Quanto aos sinais menores que 5500 cm-1 chamamos parte desprezível ou

não aproveitável do espectro. Esta faixa está fora do limite inferior de detecção do

equipamento, o que gera ruídos. De modo análogo, observam-se sinais ruidosos para

números de onda acima de 7500 cm-1 e absorbâncias acima de 1,8. Isto decorre do limite

de linearidade do detector do equipamento ser da ordem de 1,3 de absorbância. Amostras

altamente absorvedoras como no caso de BS&W acima de 3% causam ruído elevado na

região de altas freqüências, sendo desaconselhável o uso desta região para fins de

calibração. Porém, conforme estabelecido pela lei de Lambert-Beer definida anteriormente,

a atenuação destes ruídos é facilmente conseguida via redução do caminho óptico ou

diluição da amostra em algum dispersante, como no caso da amostra em EMCA70.

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Figura 17 - Espectros com Variação do Teor de Água (BS&W): óleo T1.

No tocante aos momentos da DTG, nota-se na Figura 18 que, apesar de

todas as amostras serem do mesmo óleo (T3) e com BS&W fixado em 1%, ocorre uma

variação na linha base dos espectros. Isso se dá devido à diferença de intensidade no

espalhamento de luz causado pela variação do tamanho de gotas de água na emulsão.

Figura 18 - Espectros com variação da mediana D(0,5) de emulsões do óleo T3 com BS&W=1,0 %.

Assim, quanto maior o tamanho médio das gotas, menor será o

espalhamento de luz e vice-versa, para um mesmo teor de fase dispersa (água). Este

resultado está de acordo com o desenvolvimento teórico apresentado na seção 2.3.2, o qual

estabelece que a ocorrência de espalhamento de luz na região NIR requer que o

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60

espaçamento entre gotas seja superior ao comprimento de onda da radiação. Esta

sensibilidade dos espectros ao tamanho das gotas é essencial para viabilizar o uso da

técnica NIR na avaliação de tamanhos das emulsões de petróleo de interesse industrial.

A partir do óleo T5, foram realizados experimentos de síntese de emulsões

visando a caracterização e coleta de espectros para amostras com BS&W=1,0% e com

diferentes DTG’s. A Figura 19 ilustra a distribuição de tamanho de gotas obtidas por

difração a laser, referente às amostras 3, 7 e 8 do experimento 1 que foi realizado

utilizando o processo off-line de aquisição de espectros. Após análise destas distribuições

conclui-se que é inviável a predição desta apenas por um momento sendo necessário no

mínimo 3 momentos da DTG para inferência da abertura da distribuição.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0,01 0,1 1 10 100 1000 10000

Tamanho de gota (um)

Fre

qüên

cia

(%, v

olum

e)

Óleo 5_exp1_3

Óleo 5_exp1_7

Óleo 5_exp1_8

Figura 19 - Distribuição do Tamanho de Gotas para o Óleo Tipo 5.

Pode-se verificar na Figura 20 os espectros referentes às distribuições

apresentadas na Figura 19, para as amostras 3, 7 e 8 do experimento 1.

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61

Figura 20 - Espectros NIR para Óleo T5 com BS&W=1%: diluição em EMCA70.

Observa-se que os espectros respondem às variações da distribuição de

tamanho de gota. Entretanto, o uso dos espectros para fins de quantificação da DTG

envolve regressões entre matrizes muito grandes (matriz de espectros e matriz de tamanhos

de gota por freqüência), cujos resultados podem ficar abaixo das expectativas. Assim, os

esforços de correlação entre tamanho e espectros NIR têm sido feitos através de valores

médios representativos da distribuição de tamanhos sob estudo (SANTOS et al., 1998).

Como as distribuições de tamanho de gota das emulsões de petróleo

observadas nesta dissertação são bastante irregulares, torna-se necessário avaliar a

correlação dos espectros com dois ou mais momentos da DTG.

3.4.1. Espectros dos Componentes Puros

Com o intuito de melhor entender e distinguir entre um composto e outro,

foram coletados espectros de compostos puros e apresentados sobrepostos para avaliação

das características espectrais dos componentes.

A Figura 21 apresenta os espectros da água pura, do EMCA70 e do ar.

Nota-se que o espectro do EMCA70 é bem parecido com o do petróleo; isso se deve ao

fato desta substância ser derivada de petróleo. Podemos verificar também que as bandas de

absorção da água são diferentes dos demais componentes, o que torna a identificação mais

precisa.

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62

Figura 21 - Espectros de Componentes Puros.

Percebe-se também o espectro do ar que, como o background do sistema é

obtido a partir do caminho óptico isento de amostra (contendo apenas ar), o sinal adquirido

para o ar resulta numa linha reta. À medida que o equipamento vai alterando este espectro

vê-se a necessidade de retirar um novo background no intuito de sempre manter esta linha

reta.

3.4.2. Espectros de Emulsões Água/Óleo

As Figuras 17 e 18 ilustram a variação espectral com o teor de água e o

tamanho das gotas na emulsão. Tais variáveis produzem diferenças de linha base no

espectro. Estas diferenças somadas com as absorbâncias em comprimentos de onda

específicos e calculadas através de um tratamento matemático adequado, reflete em valores

para estas propriedades.

Contudo, existem duas variáveis bastante correlacionadas que

reconhecidamente influenciam os espectros: a quantidade de água (neste trabalho, limitada

em 8% p/p) e a viscosidade que, em casos extremos, dificulta a circulação da amostra no

interior da sonda. Assim, visando reduzir os efeitos da viscosidade e também tornar as

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63

amostras menos obscuras e, portanto, menos absorvedoras, efetuou-se a diluição das

emulsões em dispersante (EMCA70).

3.4.3. Espectros de Emulsões Diluídas em EMCA

Na procura de um melhor resultado a diluição da amostra com EMCA é

vital no processo de análise, pois elimina uma boa parte do ruído e a influência de algumas

propriedades indesejadas como viscosidade.

Pode-se observar comparando a figura 17 com a figura 22 que nesta, a

diluição ajuda a reduzir os ruídos e efeitos indesejados, melhorando o espectro e

consequentemente o resultado.

Com o artifício da diluição a intenção também é diminuir a necessidade de

se utilizar calibrações de óleos específicos e sim uma única calibração serviria para óleos

com características parecidas, como estes utilizados neste trabalho. Este fato geraria uma

calibração universal e aplicável a diferentes óleos com características parecidas.

Figura 22 - Variação do BS&W para Óleo T3 diluído em EMCAplus 70.

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64

3.5. Calibração

A etapa de calibração é, sem dúvida, uma importante etapa deste trabalho,

pois é ela a responsável por interpretar o espectro adquirido e transformá-lo em um valor

que lhe foi ensinado anteriormente.

Para melhor entender este processo, será descrito a seguir o esquema de

calibração utilizado incluindo os softwares e métodos matemáticos.

Primeiramente a calibração nada mais é do que um processo matemático

que referencia um espectro a um valor para uma determinada propriedade através de uma

equação matemática. Existem vários métodos de construir esta referência, dentre eles o

PLS que foi o utilizado neste trabalho. A forma de calibrar se dá inicialmente na coleta dos

espectros, onde estes deverão ser adquiridos de preferência no sistema que será utilizado

para a predição incluindo as características das amostras.

Após a coleta, utiliza-se uma técnica já conhecida para mensurar

determinada propriedade, a fim de associar este valor ao espectro e este processo é

denominado de calibração.

Para coletar os espectros foi utilizado o software da Thermo Scientific

denominado GRAMS Chemometrics e, para efetuar as calibrações utilizou-se o modulo

denominado PLSPlus/IQ, que conforme a denominação, utiliza a técnica PLS.

Dentre as principais configurações feitas no software no início dos

experimentos e utilizadas para todos, temos, a resolução em 8 cm-1 e 16 coletas para

geração de um único espectro.

Quanto à faixa espectral utilizada, foi verificado que a melhor correlação

adquirida se deu entre 4.500 cm-1 e 7.500 cm-1, conforme mostra a Figura 23, e não foi

utilizado qualquer pré-tratamento para os espectros como segunda derivada ou correção de

linha de base, sendo utilizado todos os espectros brutos. Nesta figura, as curvas superiores

horizontais indicam coeficiente de correlação (R) próximo de 1,0 para BS&W e

viscosidade na região selecionada (4.500 cm-1 e 7.500 cm-1). As amostras estudadas

consistiam de emulsões do Óleo T3 diluídas no próprio Óleo 3 (sem EMCA70).

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65

Figura 23 - Espectros do Óleo T3 e espectros de correlações com as propriedades.

Os resultados obtidos após a calibração são apresentados na Figura 24, em

forma gráfica, com os eixos x e y demonstrados por concentrações atuais e preditas,

respectivamente. Podem-se observar os resultados para as três propriedades, sendo elas,

temperatura, viscosidade, BS&W e a mediana da DTG. Os pontos experimentais são

exibidos sob a forma de números indicativos da amostra estudada. Este tipo de

representação é particularmente útil quando se deseja avaliar como uma dada amostra afeta

o valor predito pela técnica de regressão utilizada.

Percebe-se nestes resultados a predição eficaz para os valores de

viscosidade, D(0,5) e BS&W da amostra. Por outro lado, nota-se que a temperatura das

amostras não se correlaciona com os espectros. A Tabela 4 exibe as características dos

modelos de regressão utilizados. Observa-se que 2 fatores são suficientes para a boa

descrição da viscosidade, D(0,5) e BS&W a partir dos espectros NIR.

Tabela 4 - Dados da Calibração da Figura 24.

PROPRIEDADE FATORES R2 Temperatura 2 0,551136160 Viscosidade 2 0,998293157

BS&W 2 0,994470481 D(0,5) 2 0,949029381

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66

Figura 24 - Resultado da Calibração do Óleo T3 Apresentado na Figura 23.

3.5.1. Emulsões Água/Óleo

Na seção anterior foram mostrados os espectros do petróleo tipo T3 e os

resultados da calibração destes. Entretanto o intuito deste item é mostrar que, para os

diferentes tipos trabalhados estes resultados relativos à BS&W continuam satisfatórios. No

tocante ao tamanho de gotas na emulsão, os testes preliminares mostraram que a correlação

foi boa, sendo que, espera-se uma melhora no experimento após a diluição desta emulsão

em EMCA70, pois para mensurar o tamanho das gotas de água, a obscurecência não ideal

da amostra eleva o erro experimental da técnica.

Acredita-se que esta obscurecência será ideal numa proporção de 2,5% de

óleo e 97,5% de EMCA, mas lembramos que uma vez calibrado estas proporções deveram

ser mantidas no processo de predição da propriedade.

Observam-se na figura 17 exibida anteriormente os espectros relativos ao

óleo T1 com variações de BS&W que se elevam de 0% a 3,5%. Os resultados da regressão

destes espectros com as propriedades das amostras são apresentados na figura 25. A Tabela

5 resume as características dos modelos de regressão utilizados na descrição das

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67

propriedades. Estes resultados sugerem elevada correlação do BS&W e da viscosidade

com os espectros nas faixas estudadas.

Figura 25 - Resultado das calibrações do Óleo T1 apresentado na figura 17.

Tabela 5 - Dados da Calibração da Figura 25.

PROPRIEDADE FATORES R2 Temperatura 2 0,566195795 Viscosidade 2 0,984506167

BS&W 2 0,993768703

3.5.2. Emulsões Água/Óleo Diluídas em EMCA

Para exemplificar o comportamento espectral de emulsões diluídas

observam-se os espectros coletados de uma amostra de óleo tipo T3, mostrados na figura

22. Os resultados da regressão destes espectros com as propriedades das amostras são

apresentados na Figura 26 e na Tabela 6. Mais uma vez, observa-se a fraca correlação dos

espectros com a temperatura das amostras. Este resultado já era esperado, já que as

medidas são geralmente efetuadas com baixa variação de temperatura (<2°C). Por outro

lado, viscosidade, BS&W e D(0,5) apresentam elevada correlação com os espectros,

resultando em modelos de regressão com boa capacidade preditiva e com número baixo de

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68

fatores. Tradicionalmente, modelos PLS para problemas envolvendo espalhamento de luz

requerem até 10 fatores (SANTOS, 2003).

É importante salientar a pequena variação da viscosidade para as amostras

sob estudo, em conseqüência do uso de diluente nas análises. Mesmo assim, os espectros

parecem responder adequadamente à viscosidade das emulsões diluídas.

Todos estes resultados indicam a viabilidade de se utilizar emulsões diluídas

em EMCA para a obtenção de modelos de regressão entre as propriedades da emulsão e os

espectros NIR.

Tabela 6 - Dados da Calibração da Figura 26.

PROPRIEDADE FATORES R2 Temperatura 3 0,247323171 Viscosidade 3 0,990271024

BS&W 3 0,997311927 D(0,5) 4 0,988599144

Figura 26 - Resultado da Calibração do Óleo T3 Apresentado na Figura 22.

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69

Capítulo 4

4. Estratégia de Monitoramento

Como visto anteriormente, os procedimentos adotados para as calibrações

foram satisfatórios para experimentos em laboratório, dentro da chamada estratégia off-line

de calibração. Entretanto, do ponto de vista da indústria, os processos são tratados de

forma on-line e esta será abordada mais assiduamente deste ponto em diante, com análises,

calibrações e re-calibrações de novos experimentos.

4.1. Objetivo

O foco dos ensaios experimentais deste capítulo é estabelecer um conjunto

de procedimentos para calibração eficiente do espectrofotômetro, com vistas ao

monitoramento de processos. Para tal, há a necessidade de se executar uma estratégia que

seja reprodutível e simples de se mensurar as propriedades em questão.

Entretanto, a necessidade de monitoramento não se restringe a apenas um

tipo de óleo e sim a emulsões compostas de vários óleos que são misturados a fim de se

obter valores de viscosidade e BS&W aceitáveis para as refinarias.

Os experimentos que serão demonstrados no decorrer deste capítulo foram

elaborados a fim de testar uma seqüência de processos que supostamente servirão como

base para novos estudos bem como validar a técnica de espectrofotometria NIR para

monitorar em tempo real os momentos da DTG em amostras com menos de 10 % de

BS&W.

Além destas abordagens principais, a preocupação em se testar as

calibrações de um determinado óleo em outros não está descartada e será abordada mais

adiante.

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70

4.2. Experimentos e Resultados

Para iniciar foi feita e incluída no software on-line, uma calibração de todos

os espectros obtidos nas análises off-line para o óleo do tipo T5. Esta calibração,

denominada de “Calibração Off-Line”, foi utilizada para mensurar os valores de BS&W,

D(0,1), D(0,5), D(0,9) e D(4,3). A Figura 27 apresenta satisfatoriamente as correlações do

BS&W e dos momentos da DTG. A Tabela 7 resume as características dos modelos de

regressão para cada propriedade, indicando que os modelos demandam um razoável

número de fatores para capturar a informação desejada nos espectros.

Figura 27 - Resultado da Calibração dos Experimentos Off-Line do Óleo Tipo T5.

Tabela 7 - Dados da Calibração da Figura 27.

PROPRIEDADE FATORES R2 BS&W 8 0,959981029 D(0,1) 12 0,600942006 D(0,5) 9 0,751109446 D(0,9) 9 0,779716171 D(4,3) 9 0,769893799

Para o primeiro experimento on-line, a sonda foi inserida em um vaso

plástico com um sistema de bombeamento mecânico de forma que simulasse um processo

de medição on-line de propriedades de emulsões de petróleo, no qual a mistura flui

continuamente pelo vaso de medição através de um sistema de circulação de amostras. O

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71

aparato experimental utilizado caracteriza-se pela simplicidade de manipulação do

conteúdo a ser analisado, requisito importante tendo em vista a necessidade de se alterar as

propriedades em questão através do processo de adição.

A partir destes princípios, o sistema de circulação em questão ficou como

demonstrado na Figura 28, onde as amostras de emulsão obtidas via cisalhamento intenso

(Ultra-turrax) eram inseridas no béquer situado abaixo, e a sonda NIR era submersa no

vaso de medição situado acima. A corrente de emulsão era alinhada com a sonda NIR

sendo forçada a atravessar o caminho óptico da sonda. A vazão do processo era controlada

manualmente por uma válvula situada na entrada do vaso de medição, conforme a

necessidade do sistema.

Figura 28 - Sistema de circulação de amostra para bombeamento e medição dos experimentos on-line.

O tipo de óleo utilizado neste experimento foi o T5 sintetizado conforme

descrito no item 3.3 e diluído em aproximadamente 770g de EMCA70 com adições de

60ml em intervalos gradativos.

Concluído o primeiro experimento, utilizaram-se os resultados para elaborar

uma nova calibração denominada “Calibração On-Line”. Esta calibração será utilizada nos

próximos experimentos on-line para que seja verificada a influência da alteração do meio

no processo de caracterização utilizando a espectrofotometria.

No segundo experimento, utilizaram-se as calibrações off-line e on-line para

a caracterização das amostras referente às propriedades BS&W, D(0,1), D(0,5), D(0,9) e

D(4,3) com o mesmo tipo de óleo do experimento anterior e variando o BS&W de 2% a

6%. Com isso os resultados obtidos foram comprometidos pela obscurecência da amostra e

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72

pela saturação do detector do instrumento. Pode-se ver na Figura 29 que, a partir de 4% os

desvios na predição são amplificados em relação aos valores reais (Karl Fischer). Isso se

dá devido ao fato da curva de calibração ter sido confeccionada com valores abaixo de 6%

e os valores observados ultrapassam este limite.

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2:28

02:3

0:00

Tempo

% B

S&

W

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

Karl Fisher

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Figura 29 - Resultado para BS&W do Experimento 2 do Óleo T5.

No tocante a D(0,1) medido em micra (10-6 m), percebe-se na Figura 30 o

resultado para este experimento e que nitidamente após as 01:25 percebe-se o aumento do

nível de ruído, o que leva a valores incorretos.

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1:28

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4:19

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1:29

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0:05

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4:17

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8:59

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6:09

02:2

3:15

02:3

0:24

Tempo

D(0

,1)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

Malvern

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Figura 30 - Resultado para D(0,1) do Experimento 2 do Óleo T5.

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73

Relativo ao D(0,5), a curva de calibração on-line manteve-se fielmente

sobre os valores mensurados pela técnica de difração a laser e acredita-se que a divergência

em relação a curva off-line se dá em função da obscurecência das amostras de calibração

ser relativamente diferente das obtidas no experimento.

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0:48

Tempo

D(0

,5)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

Malvern

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Figura 31 - Resultado para D(0,5) do Experimento 2 do Óleo T5.

Percebe-se que este fato se dá com todos os gráficos que referenciam os

momentos da DTG e, devido a isto, aconselha-se a utilização de calibrações com espectros

mais parecidos possíveis com o meio que se deseja mensurar. Estes aspectos podem ser

inferidos confrontando-se os resultados da técnica de difração a laser (Malvern) com os da

calibração on-line mostrados nos gráficos das Figuras 30 a 33.

Conclui-se então que este experimento serviu para demonstrar a direta

influência da obscurecência bem como da importância da calibração ser elaborada com

espectros do mesmo meio que será utilizada posteriormente.

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74

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Tempo

D(0

,9)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

Malvern

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Figura 32 - Resultado para D(0,9) do Experimento 2 do Óleo T5.

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8:07

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8:11

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5:45

02:2

3:15

02:3

0:48

Tempo

D(4

,3)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

Malvern

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Figura 33 - Resultado para D(4,3) do Experimento 2 do Óleo T5.

Conforme citado anteriormente, um dos objetivos deste trabalho é verificar

a possibilidade de se trabalhar com diferentes tipos de óleo, aplicando-se uma mesma

calibração. Então para o próximo experimento, as calibrações on-line e off-line obtidas

anteriormente para o óleo T5 foram aplicadas para mensurar as propriedades do óleo T3.

Como demonstra a Figura 34, os modelos de calibração foram bem

sucedidos na predição do BS&W de emulsões do óleo T3. Ligeira vantagem pode ser

atribuída à calibração on-line, devido ao ruído produzido pelo modelo obtido de forma off-

line. Porém, ambas as calibrações fornecem valores satisfatórios para o BS&W entre 0,5%

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75

e 3% levando em consideração que este é um óleo diferente do que foi utilizado na

calibração.

Na Figura 35, apresentam-se os resultados para os momentos da DTG do

experimento 3. Estes resultados são considerados satisfatórios, pois devido à diferença do

tipo de óleo utilizado nas calibrações, os desvios tendem a ser amplificados. Melhores

resultados seriam obtidos se os experimentos com o óleo T3 fossem incluídos no conjunto

de calibração.

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02:0

7:32

Tempo (h)

% B

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W

NIR -CalibraçãoOffLine

NIR -CalibraçãoOnLine

Karl Ficher

Figura 34 - Resultado para BS&W do Experimento 3 do Óleo T3.

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Tempo

Ta

ma

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o d

a G

ota

em

µm

Calibração On-line D(0,1)

Malvern D(0,1)

Calibração On-line D(0,5)

Malvern D(0,5)

Calibração On-line D(0,9)

Malvern D(0,9)

Calibração On-line D(4,3)

Malvern D(4,3)

Figura 35 - Resultado para os Momentos da DTG do Experimento 3 do Óleo T3.

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76

Em um novo ensaio para validação da calibração com óleo T5, foi utilizado

outro tipo de óleo: óleo TC. Neste teste, foi avaliada a curva de calibração off-line para

BS&W. Como demonstra a Figura 36, as predições de BS&W foram excelentes,

demonstrando que a diluição em EMCA permite o isolamento de eventuais efeitos de

matriz.

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1

2

3

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6

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0:36

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Tempo

% B

S&

W

NIR -CalibraçãoOffLine

Karl Ficher

Figura 36 - Resultado para BS&W do Experimento 4 do Óleo TC.

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3:11

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0:26

Tempo

Ta

ma

nh

o d

a G

ota

em

µm

Calibração On-line D(0,1)

Malvern D(0,1)

Calibração On-line D(0,5)

Malvern D(0,5)

Calibração On-line D(0,9)

Malvern D(0,9)

Calibração On-line D(4,3)

Malvern D(4,3)

Figura 37 - Resultados para os Momentos da DTG do Experimento 4 do Óleo TC.

Para os momentos da DTG, utilizou-se a calibração on-line (obtida com

óleo T5). Observa-se na Figura 37 que a partir de 01:00, as predições via NIR são bastante

satisfatórias sobretudo para D(0,1), D(0,5) e D(4,3). Provavelmente, as emulsões de

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77

petróleo neste estágio assumiram uma obscurecência compatível com a utilizada na

calibração, resultando em melhores estimativas para o novo petróleo.

Visando minimizar os efeitos da obscurecência das amostras, buscou-se

executar um novo experimento com características idênticas aos anteriores, porém, com

controle da obscurecência, ou seja, com valores conhecidos de BS&W e uma relação

conhecida de óleo e EMCA70. As emulsões obtidas neste quinto experimento eram obtidas

via óleo T5 e adicionadas no sistema de circulação e medição, com renovação do diluente

entre as adições. Os resultados de monitoramento do BS&W deste experimento são

exibidos na Figura 38. Ao início deste teste, verificou-se certa instabilidade, porém, as

predições foram coerentes. Ao final do experimento, o sistema de circulação recebeu uma

amostra de emulsão que produziu nítida elevação do BS&W, sendo que o

espectrofotômetro NIR foi capaz de acompanhar este incremento da propriedade.

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1

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4:30

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9:29

03:3

6:56

Tempo

% B

S&

W

NIR -CalibraçãoOffLine

NIR -CalibraçãoOnLine

Karl Ficher

Figura 38 - Resultado para BS&W do Experimento 5 do Óleo T5.

O monitoramento dos momentos da DTG foi efetuado com base nas curvas

de calibração on-line e off-line discutidas anteriormente. A Figura 39 exibe os resultados

do monitoramento de D(0,1). Apesar do ruído inicial, observa-se que o espectrofotômetro é

capaz de efetuar predições em boa concordância com os valores determinados por difração

a laser (Malvern), quando utiliza a forma de calibração on-line.

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03:3

7:20

Tempo

D(0

,1)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Malvern

Figura 39 - Resultado para D(0,1) do Experimento 5 do Óleo T5.

De modo análogo, excelentes predições são estabelecidas pelo

espectrofotômetro NIR para os momentos D(0,5), D(0,9) e D(4,3), conforme mostram as

Figuras 40 a 42, quando são utilizadas calibrações do tipo on-line.

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Tempo

D(0

,5)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Malvern

Figura 40 - Resultado para D(0,5) do Experimento 5 do Óleo T5.

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2:06

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Tempo

D(0

,9)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Malvern

Figura 41 - Resultado para D(0,9) do Experimento 5 do Óleo T5.

A resposta em tempo real da mudança de D(4,3) é retratada na Figura 42,

onde os valores preditos via calibração on-line são excepcionalmente próximos aos valores

mensurados pelo equipamento de difração a laser (Malvern). Observa-se também que o

espectrofotômetro NIR apresenta elevada sensibilidade às mudanças de D(4,3) no referido

experimento, demonstrando assim sua utilidade na predição on-line da propriedade.

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7:20

Tempo

D(4

,3)

NIR On-line -CalibraçãoOff-line

NIR On-line -CalibraçãoOn-line

Malvern

Figura 42 - Resultado para D(4,3) do Experimento 5 do Óleo T5.

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4.3. Conclusões

Com os experimentos apresentados anteriormente pode-se concluir que a

técnica de espectrofotometria NIR é excepcionalmente viável para mensurar teores de água

em emulsões de petróleo com menos de 10% bem como a análise dos momentos da DTG,

ambos em tempo real.

Percebeu-se também que os resultados obtidos com as calibrações off-line

são melhores para BS&W do que os resultados das calibrações on-line. Entretanto isso não

ocorre para os momentos da DTG onde os melhores resultados obtidos foram provenientes

das calibrações on-line.

As estratégias de calibração do espectrofotômetro para BS&W e momentos

da DTG desenvolvidas neste trabalho podem ser ilustradas conforme a Figura 43.

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81

Seleção do tipo de

óleo (T) e

Quantidade de

Amostras (N).

DTG?

Síntese da

emulsão

BS&W=45%

Diluição em

EMCA70Não

Ultima

amostra?(N=i)

i=0

Adquiri

espectro NIR

Caracteriza

Karl Ficher

Sim

Não

Descarte da

amostra

Adquiri

espectro NIR

Caracteriza

Karl Ficher

Prepara nova

amostra com

BS&W ≠

Não

Nova Amostra

com DTG ≠?

i=i+1

Sim

Caracteriza

no Malvern

Sim

i=0

Figura 43 - Etapas da Estratégia de Calibração.

O espectrofotômetro NIR devidamente calibrado poderá ser incluído em

uma estratégia de monitoramento e controle de processos envolvendo correntes de

petróleo. Para isso a sonda deverá ser inserida em um circuito de amostragem com adição

de um diluente (Ex: EMCA70) para monitoramento on-line das propriedades. A Figura 44

ilustra a estratégia de monitoramento citada acima.

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82

Figura 44 - Etapas da Estratégia de Monitoramento.

Seguindo esta estratégia, a célula de monitoramento do processo poderá ser

instalada próxima ao processo enquanto o equipamento e todas as suas partes sensíveis

(Fonte de luz, detector, espelhos, etc...) podem ser instalados a uma distância em torno de

150 metros, em abrigo ou qualquer área fora do ambiente do processo, utilizando como

interface feixes de fibras ópticas. Em particular, para distâncias desta ordem utilizam-se

feixes de fibra óptica de quartzo convencionais de baixo custo.

Acredita-se que, para os momentos da DTG, esta técnica é de fundamental

importância para a indústria do petróleo tendo em vista a necessidade e a falta de

instrumentos capazes de propor soluções de forma on-line.

Concluímos também que a utilização da espectrofotometria NIR em

amostras diluídas em EMCA 70 é de grande valia, pois a influência da matriz de óleos

utilizada é reduzida a erros aceitáveis.

Contudo no próximo capítulo dar-se-á o desfecho conclusivo desta técnica e

propostas para trabalhos futuros tendo em vista que o foco deste trabalho considera

principalmente correntes oleosas da indústria de petróleo.

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83

Capítulo 5

5. Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros

Neste trabalho verificou-se a utilização da espectrofotometria NIR no

monitoramento on-line de propriedades de correntes oleosas contendo petróleo em

emulsão. Importantes propriedades das emulsões, tais como BS&W e os momentos da

DTG foram correlacionadas com os espectros NIR, para fins de calibração do

espectrofotômetro NIR. Foi proposto um sistema de diluição e circulação de amostra

dotado de célula de medição contendo sonda NIR foi proposto para fins de avaliação on-

line das propriedades via espectrofotometria NIR. Concluiu-se então que é extremamente

viável a utilização da técnica de espectrofotometria nestes processos de forma simples e

eficaz.

A utilização do EMCA 70 foi de excepcional importância para a diminuição

dos erros de medição causados pela mudança da matriz das emulsões.

Como idéia de trabalhos futuros pode-se enveredar por algumas linhas de

análises experimentais como estudar a técnica proposta neste trabalho em emulsões

formadas pela mistura de óleos diferentes ou pode-se tentar melhorar a estratégia de

monitoramento com o intuito de reduzir os erros nas calibrações referentes aos momentos

da DTG.

Para algo mais audacioso, a mistura de óleos de forma on-line pode ser

tentada, de forma a variar estas emulsões e verificar se o instrumento é capaz de percebê-

las.

Enfim, todo e qualquer esforço que tiver como intuito reduzir os erros e

ampliar as faixas de utilização da espectrofotometria NIR será de grande valia para o

aperfeiçoamento da técnica e suas aplicações na indústria de petróleo.

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