Monad Comentario Acçao e Paixao
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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Nos §§ 49 a 52 da Monadologia, Leibniz analisa - no modo lacónico e
dogmático que lhe é tão peculia - o poblema da ela!ão ente acção e paixão" que é
que signi#ica agir sobre e que é que signi#ica padecer ou sofrer a acção de outrem$ %
pimeio ponto que de&e se tido em conta é que a no!ão de acção de que se tata aqui é
aquela que está intinsecamente unida ' de paixão$ (ata-se da ac!ão da subst)ncia *da
criatura+ diz o te,to no sentido em que ela pode não ocoe+ que dize+ no sentido em
que uma subst)ncia pode não se acti&a+ mas sim passi&a$ %a este sentido da no!ão de
ac!ão não é+ como se sabe+ o .nico no ponto de &ista de Leibniz+ pois há um sentido
paa o temo acção que se identi#ica sem mais com o da pópia subst)ncia+ de tal #oma
que+ se não #osse acti&a+ a subst)ncia não seria+ sem mais/$ %u se0a+ hán um sentido de
ac!ão+ de acto+ que é pua e sinplesmente id1ntico a ser e+ paa Leibniz+ ser é ser
substância$ %a não é esta no!ão de ac!ão que está pesente nestes paága#os da
Monadologia" aqui a subst)ncia pode não se acti&a$ (ata-se+ potanto+ de um sentido
muito mais estito$ % sentido de ac!ão que se intoduz no § 49 é+ como se pecebe bem+
o da afecção" como é que um ente pode a#ecta outo+ pode poduzi modi#ica!es nele e
como é que um ente pode se a#ectado po outo e ecebe modi#ica!es dele$ 3o isso+
poque se tata de uma no!ão estita de ac!ão+ passaemos a tata do poblema em
causa nestes §§ como o problema da afecção$
sabido que se tata de um poblema cental no ponto de &ista de Leibniz+ tendo em
conta a desci!ão da subst)ncia como um acontecimento de totalidade que+ po isso+ não
tem potas e 0anelas$ é sabido também que Leibniz se ocupou muitas &ezes com ele+
ao ponto de lhe dedica um op.sculo muito impotante+ o Systeme Nouvea 2$ 6
#omula!ão do poblema é+ aqui+ a da comunicação das substâncias+ que dize+ como é poss7&el que qualque coisa passe de uma subst)ncia paa outa+ se0a o que #o8 %
poblema da comunica!ão das subst)ncias coesponde+ potanto+ e,actamente ao
poblema da afecção" como é poss7&el que uma subst)ncia receba modificações a pati
1 %s te,tos são inumeá&eis$ :#$ p$ e,$+ ;ubstantia est+ quicquid agit+ Demonstratio substantiarum incorporearum+ 6+ 4? ce qui n@agit point+ ne meite le nom desubstance+ ssais de !"#odic#e+ A
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do que ela não é+ de #oa8 stas modi#ica!es incluem também as modi#ica!es que
coespondem ao conhecimento+ pois pensamos que se conhece de&ido a uma
modi#ica!ão que ocoe no su0eito poduzida pela not7cia po&eniente das coisas"
pecebemos as coes dos ob0ectos poque somos a#ectados po eles+ po essa qualidade
conceta que pecebemos$
% poblema da a#ec!ão+ na sua genealidade+ é um poblema e,taodinaiamente
comple,o e+ no que diz espeito ' tentati&a leibniziana de o compende+ muitas &ezes
mal intepetado$ 3aa pode da conta dele+ nem que se0a em esbo!o+ é peciso+ antes de
mais+ pecisa a $ue estatuto coesponde o que se entende po a#ec!ão+ pois é a
di#een!a quanto ' compeensão do estatuto da a#ec!ão que detemina de modo decisi&o
as di#eentes intepeta!es do que se entende po ela$
6ssim+ a escolástica *e e#ee-se aqui a escolástica+ poque Leibniz se en#enta
diectamente com ela quanto a este poblema toma a a#ec!ão como num #enómeno a
que se assiste, no sentido pópio do temo+ que dize+ toma a a#ec!ão como o homem
nonal a considea" nós dizemos que alguém nos tocou+ po e,emplo+ e com isso
estamos a dize que o que sentimos &em de quem nos tocou? nós dizemos &e uma
á&oe e isso signi#ica que há uma á&oe #oa de nós *e o esta #oa de nós é
consideado como exactamente e$uivalente a" existe independentemente de a estamos a
&e que+ de algum modo+ nos en&iou uma noti#ica!ão de que está a7+ lá #oa+ com estas e
aquelas caacte7sticas+ etc$ % que é cental+ tanto paa o ponto de &ista comum como
paa a escolástica+ não é apenas que isto # assim+ mas que nós assistimos a isso *o que
não tinha de se id1ntico$ Due dize+ tanto paa o homem comum como paa o ponto
de &ista da escolástica+ nós sabemos que há comunica!ão de subst)ncias poque
assistimos a essa comunicação$
%a isso signi#ica que+ paa a escolástica+ o poblema+ do ponto de &ista
epistemológico e #omulado em teminologia #ilosó#ica+ pode enuncia-seesumidamente assim" conhecemos coisas que não somos$ %a todo o conhecimento se
dá no su0eito+ que dize+ é uma ac!ão imanente+ pois o su0eito não pode sai de si paa
se intoduzi nas coisas$ :onhece é sempe+ de algum modo+ conhece-se+ e o su0eito
conhece o que não é quando # de alguma maneia isso que diz conhece *que dize+
quando+ de ceta #oma+ é o que não é$ 6ssim+ é necessáio que ha0a uma #oma
qualque de se se o que não se é+ ou se0a+ de assumi a #oma das coisas que se
conhecem+ das coisas que ealmente são di#eentes de nós *de outo modo não ha&eiaconhecimento das coisas que não somos+ mas pua e simples imagina!ão sem qualque
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ob0ecti&idade$ %a dado que o su0eito não conhece as coisas mateiais nas pr%prias
coisas materiais *o que signi#icaia que ele se ealizaia mateialmente nelas+ o que é
absudo+ é necessáio que as conhe!a imateialmente+ que dize+ é necessáio que
aquilo que é mateial nas coisas se0a imateial no su0eito$ 6ssim+ po e,emplo+ quando o
su0eito &1 algo azul ele pecisa de ecebe em si o azul disso sem a mateialidade em
que o azul está constitu7do na coisa azul$ =sso signi#ica que+ de alguma maneia+ o azul
da coisa lhe se0a comunicado sem a sua mateialidade$ 6 escolástica chama a este tipo
de ealidades possu7das pelo su0eito cognoscente enquanto dei&am das coisas *e que
são nele de modo di#eente do modo como são nas coisas esp#cies *omite-se a
e#e1ncia aos &áios tipos de espécies estudados pela escolástica" sens7&eis e
intelig7&eis+ impessas e e,pessas$ stas espécies são semelhan!as das coisas+ e é pela
assun!ão delas que o su0eito as conhece$ % poblema está muito bem descito po (omás
de 6quino" opotet mateialia cognita in cognoscente e,istee non mateialite+ sed
magis immateialite$ t huius atio est+ quia actus cognitionis se e,tendit ad ea quae
sunt e,ta cognoscentem" cognoscimus enim etiam ea quae e,ta nos sunt$ 3e mateiam
autem deteminatu #oma ei ad aliquid unum$ Ende mani#estum est quod atio
cognitionis e, opposito se habet ad ationem mateialitatis$ t ideo quae non ecipiunt
#omas nisi mateialite+ nullo modo sunt cognosciti&a+ sicut plantae *;$ (h$+ =$+ q$ F4+ a$
2+ $ % que implica que+ de algum modo+ o su0eito eceba as #omas conhecidas ou
espécies" pe hunc etiam modum #oma sensibilis alio modo est in e quae est e,ta
animam+ et alio modo in sensu+ qui suscipit #omas sensibilium absque mateia+ sicut
coloem aui sine auo *;$ (h$+ =$+ q$ F4+ a$ /+ $ e&idente que esta concep!ão do
pocesso de conhecimento le&anta poblemas di#7ceis+ como se0am o modo como a co
do ouo é ecebida no su0eito sem o ouo e o modo como+ potanto+ sai dele" e,ige-se
pensa um medium de comunica!ão e uma tansmissão de espécies$ é sabido
também+ que apesa das comple,as análises elaboadas pela escolástica+ todo este pocesso #oi idiculaizado+ em muitos casos in0usti#icadamente+ pelos modenos$
Leibniz limita-se a pG de pate esta possibilidade$ 6ssim+ po e,emplo+ diz na
Monadologia" Les accidens ne sauoient se detache+ nH se pomene hos des
substances+ comme #aisoient autes #ois les especes sensibles des ;cholastiques *A -ICF$ po&á&el que quando+ no Systeme Nouveau+ Leibniz diz que a opinião
&ulga é inconceb7&el *A =
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uma subst)ncia espiitual se0a a#ectada ealmente po outa+ que dize+ econhece que
os #enómenos pópios de uma subst)ncia são somente dela e que não há nenhum modo
intelig7&el de pecebe como é que uma subst)ncia que não Keus age noutra$ Jas isso
implica que os #enómenos de &áias subst)ncias não possuem nenhuma ela!ão ente si+
são completamente autáquicos e #echados+ de tal modo que+ po e,emplo+ quando eu
penso que alguém me toca *isto é+ que há uma ela!ão efectiva e real com outa coisa
que não eu isso não corresponderia a absolutamente nada na realidade$ % que
signi#ica que todo o mundo seia uma enome ilusão$ :omo Jalebanche acha&a que o
mundo não ea uma enome ilusão+ &iu-se obigado a ecoe a Keus" quando eu penso
que alguém me toca+ isso é apenas um #enómeno meu$ Jas Keus poduz nouto su0eito+
um #enómeno+ que é apenas dele+ no qual ele pensa que me está a toca$ m linguagem
mais técnica+ o meu #enómeno+ &i&ido como estando a se a#ectado+ é a ocasião paa que
Keus poduza nouto su0eito um #enómeno &i&ido po ele como estando a a#ecta
alguém$ 6 esta tese se chamou sistema das causas ocasionais *ou ocasionalismo+ que+
paa além de Jalebanche+ inclui outos pensadoes impotantes+ como :odemoH+ e
pincipalmente :laubeg e Auelinc, *de quem aliás+ Leibniz ecebeu a in#eliz metá#oa
dos dois elógios$ % ocasionalismo admite a impossibilidade da a#ec!ão diecta e
a#ima que a ela!ão ente o que se passa ente duas subst)ncias é ealmente nula+ ainda
que ha0a concod)ncia ente elas$ sta concod)ncia dei&a diectamente da ac!ão de
Keus" dada uma deteminada modi#ica!ão numa subst)ncia+ Keus poduz diectamente
nouta uma modi#ica!ão coespondente+ de tal #oma que a pimeia altea!ão nada
diz da outa+ não a po&oca+ não é azão dela+ mas apenas a ocasião da podu!ão
di&ina da segundaB$
%a pode se .til considea+ ainda que de modo muito be&e+ a c7tica de Leibniz ao
ponto de &ista de Jalebanche *tanto mais que+ como se &eá+ em cetos aspectos são
muito semelhantes+ pois essa c7tica abe caminho paa a intepeta!ão leibniziana daa#ec!ão$ ;egundo Leibniz+ na tese de Jalebanche+ a coespond1ncia ente ciatuas
não tem signi#icado nas pr%prias substâncias nem numa lei geral de representação+ o
que ocoe numa não tem nada que &e+ de #acto+ com o que se passa nouta+ de tal modo
3 ;obe o ocasionalismo+ c#$+ a modo de intodu!ão geal+ 5+ pg$ 2>9-292? M%%L%E;+ $+ Leibniz and %ccasionalism+ in M%%L%E;+ $
*ed$+ Metap"ysics and '"ilosop"y of Science in t"e Seventeent" and ig"teent" (enturies+Kodecht+ OluPe+ /9F2+ pag$ /I5-/FB$
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que nada impede que o sentido se tocado po+ po e,emplo+ se0a totalmente &azio$ Na
tese de Jalebanche não ha&eia ra)ão nenhuma+ nas pr%prias substâncias, paa Keus
poduzi uma epesenta!ão em &ez de outa$ Due dize+ Leibniz intepeta o sistema
das causas ocasionais como sendo um sistema em que não se dá ra)ão natural das
altea!es+ e é neste sentido que a#ima que Jalebanche ecoe ao milage+ isto é+ a
algo que não é e,plicá&el pela natueza das coisas4+ ou se0a+ apelando paa causas de que
se econhece o poder + mas de que se desconhece a ra)ão$ =sso signi#ica+ como se diá a
segui+ que+ do ponto de &ista de Leibniz+ Jalebanche não compeendeu a nature)a
fenomenol%gica da a#ec!ão+ o seu estatuto$
3aa se pode intepeta o que está em causa+ tanto na e,clusão da intepeta!ão
escolástica como na c7tica ' hipótese de Jalebanche como+ ainda+ na análise de
Leibniz+ pode se ecua .til um pouco mais e estuda a esposta de Leibniz 's ob0ec!es
que Qouche #ez+ pecisamente a este espeito+ no Systeme Nouveau$ 6 ob0ec!ão de
Qouche é a seguinte" n &eité+ Jonsieu+ ne &oit on pas que ces opinions sont #aites
e,pRs+ et que ces sHstemes &enant apRs coup n@ont esté #abiqués que pou sau&e
cetains pincipes8$ % comentáio de Leibniz é signi#icati&o" (outes les hHpotheses
sont #aites expr*s+ et tous les sHstemes &iennent apr*s coup+ pou sau&e les
phenomenes ou appaences? mais 0e ne &oH pas quels sont les pincipes dont on dit que
0e suis pe&enu+ et que 0e &eu, sau&e5$ 6 ob0ec!ão de Qouche é bem compeens7&el"
Leibniz teá in&entado hipóteses e+ a pati delas+ um sistema+ paa mante a &alidade de
cetos pinc7pios? que dize+ a hipótese leibniziana é abitáia e depende de assun!es
dogmáticas ou de teses de natueza meta#7sica *pinc7pios que não decoem de nada$
%a a esposta de Leibniz diz pecisamente o contáio" as hipóteses e os sistemas t1m
uma oigem não abitáia+ que não depende de pinc7pios+ de teses meta#7sicas ou
dogmáticas+ mas sim da análise da pr%pria estrutura do problema em causa$ Não se
tata+ assim+ de in&enta uma hipótese+ mas de se se conduzido a ela pela pr%pria
forma do poblema$ (udo isto podeá #ica tal&ez um pouco mais clao se se e,amina a
questão que está em debate$
4 ;obe a compeensão leibniziana de milage na c7tica ao ocasionalismo+ c#$ po e,emplo A=< 52C e+ em geal+ todos os te,tos de esclaecimento do Systeme Nouveau
5 claircissement du nouveau systeme de la communication des substances, pour servir dereponse + ce $ui en est dit dans le ournal du -2 Septembre -./0+ A =
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No poblema que está em causa+ o da a#ec!ão+ Leibniz+ como se &iu+ e,cluiu as
hipóteses escolástica e ocasionalista$ %a Leibniz podia muito bem te dito+ sem mais
odeios+ que não há+ de modo nen"um+ sentido paa a no!ão de a#ec!ão+ tendo em conta
que a Jónada é uma subst1ncia+ isto é+ uma totalidade #echada sem potas nem 0anelas$
Leibniz podeia+ potanto+ te conclu7do que não dispomos de qualque agumento a
#a&o da e,ist1ncia da comunica!ão de subst)ncias$ poderia te dito isso+ poque a
comunica!ão de subst)ncias não # um fen%meno" não &emos subst)ncias a comunicaem
ente si+ ente outos moti&os poque+ do seu ponto de &ista+ nem seque vemos
subst)ncias+ po de#ini!ão" todo o &is7&el é #enómeno e as subst)ncias são as
pessuposi!es dos #enómenos *ainda que po&a&elmente não este0amos em condi!es
de elimina essas pessuposi!es+ mas isso não as con&ete em #enómenos$ ste ponto
de&e se &incado+ antes de mais nada" a comunicação de subst)ncias não # um
fen%meno a que assistimos+ se po fen%meno se entende pecisamente qualque coisa a
que se assiste$ Nós temos o #enómeno de , a toca em H e isto+ do ponto de &ista dos
#enómenos+ signi#ica *de modo muito tosco algo como" em mim há a pecep!ão de
natueza &isual de contiguidade de duas supe#7cies$ ;e , *ou H #o eu+ a este #enómeno
acescenta-se outo+ a sabe" uma deteminada pecep!ão de natueza táctil$
acescentam-se outas coisas" que as duas pecep!es estão conectadas e elacionadas
ente si *a &isual e a táctil e que uma dessas supe#7cies é o meu copo$ Jas o su0eito
não assiste a estas duas coisas acescentadas? estes acescentos são teses que
determinam e interpretam os #enómenos a que assistimos$ 6ssim+ dado que não há
fen%meno de comunica!ão de subst)ncias+ Leibniz podeia te dito que apenas se pode+
po e,emplo+ con0ectua+ mas de tal modo que todas as e&entuais con0ectuas e
hipóteses seiam+ de #acto+ abitáias+ poque não possuiiam #undamento naquilo que
apaece$ Neste caso+ só ha&eia luga paa teses dogmáticas sem #undamento$ ;empe se
pode pensa que há algo paa além do que se &1+ mas se+ no $ue se v1+ nada se diz paaalém daquilo que é dado a &e+ as hipóteses sobe o que e,cede o #enómeno seão
e&identemente totalmente abitáias$ %coe que Leibniz não opta po esta solu!ão
completamente negati&a$ le podeia+ de #acto+ te dito" apenas assistimos a isto+ e
tudo o mais é con0ectua sem #undamento$ Jas+ toda&ia+ não é isso que se l1$ Leibniz
tem uma intepeta!ão sobe o que é agi e padece+ apesa de não ha&e assist1ncia
alguma a uma subst)ncia a agi sobe outa$ ste aspecto meece alguma considea!ão
poque é habitualmente pouco tido em conta pelos comentadoes de Leibniz+ desdeQouche até ho0e$ % que paece esta em causa+ na tese de Leibniz+ é o seguinte" fa)em
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parte dos fen%menos também as teses $ue naturalmente admitimos sobre os fen%menos$
(ais teses são também parte do que aparece$ (oda&ia+ Leibniz distingue+ como se &eá+
ente a tese que natualmente admitimos e a interpretação dessa tese *que+
cuiosamente+ também natualmente possu7mos$ ;ão duas coisas bem di#eentes$ á+ de
#acto+ em pimeio luga+ teses que con#omam o mundo$ + em segundo luga+ tais teses
podem se intepetadas de muitos modos$ 6 quem obse&a o que se passa pede-se que
mantenha os #enómenos *com as teses $ue os conformam e pese ou me!a o &alo das
intepeta!es que sobe eles ecaem+ utilizando os citéios da acionalidade$
á+ na &edade+ pressuposições *que dize+ pecisamente teses do nosso modo
de nos encaamos com as coisas+ pessuposi!es que+ em ceto sentido+ #azem pate das
pópias coisas com que nos encaamos+ e de tal #oma que a$uilo $ue aparece não
apareceria como aparece sem essas pressuposições ou teses $ (ais teses não são apenas
os pinc7pios lógicos$ 6ssim+ po e,emplo+ quando dizemos &e um cão estamos a
admiti tacitamente a ontologia categoial que 6istóteles desce&eu+ pois não vemos um
amontoado de posi!es e detemina!es iedut7&eis *a co+ o peso+ a e,tensão+ etc$+
mas uma totalidade ideal que compeende uma plualidade de momentos que são de
#acto iedut7&eis ente si$ Nem mesmo pode7amos &e tal amontoado ou um qualque
dos momentos desse amontoado *po e,emplo+ a co sem tacitamente admitimos a
&elha no!ão platónica de ideia+ pois as coes são uni&esais$ Due dize+ o modo como
natualmente encaamos as coisas e as econhecemos não se eduz a uma assist1ncia
absolutamente passi&a e neuta elati&amente 'quilo que apaece+ como se aquilo que
apaece não esti&esse con#omado po teses+ momentos ideais ou categoiais$ Ke #acto+
se apenas assist3ssemos+ a nada assisti7amos$ Neste sentido+ tais teses são+ de #acto+
#enómenos que con#iguam o pópio mundo a que com tanta #acilidade assistimos$ ;ão
teses que petencem+ de ceta #oma+ ao mundo+ são naturais+ dado que são elas que
constituem a natueza+ as coisas$%a+ ente essas teses inclui-se a da comunica!ão das subst)ncias" quando
tocamos+ pensamos que algo é tocado? quando &emos+ que algo é &isto+ etc$ ;ão
e&identemente teses+ poque @toca@ e @&e@ são #enómenos meus+ altea!es de mim+
que somente falam do 4eu4, e se redu)em a ele$ e&identemente poss7&el que alguém
pense te sido a#ectado e nada o te a#ectado$ é poss7&el que o que acontece num caso
aconte!a em todos os casos$ Jas se se adeisse+ de #acto+ a tal possibilidade+ cai-se-ia
no&amente no nada$
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%a Leibniz aceita as teses natuais do ponto de &ista natual+ o modo como sem
es#o!o nos temos com as coisas$ pecisamente a isso que se e#ee quando #ala em
sauver les p"enomenes ou apparences$ á+ de #acto+ um significado nas teses do
ponto de &ista do homem comum+ tal como há um significado nos #enómenos+ um
signi#icado que se de&e mante$ Na &edade+ se os #enómenos #ossem puas apa1ncias
sem indica!ão de sentido+ nada ha&eia paa guada? e se nada hou&esse de signi#icati&o
nas maneias &ulgaes de #ala + que inteesse ha&eia em pese&á-las8 Due dize" se
as teses que natualmente con#omam o mundo são insigni#icantes+ todo o pensamento
se e&ol&e no &azio do nada$ 6quilo que+ no entanto+ Leibniz não dei,a de indica é que
o ponto de &ista natual cola a essas teses uma deteminada intepeta!ão do seu
signi#icado+ e cola de tal #oma que chega a pensa que ente a tese natural e a
interpretação natural da tese não há qualque di#een!a+ como se se tatasse
pecisamente da mesma coisa$ 6s opiniões vulgares *isto é+ a intepeta!ão natual das
teses de&em se citicadas+ pelos citéios de acionalidade dispon7&eis? e as teses
naturais de&em ecebe o seu sentido dessa c7tica+ de tal modo que se sal&em os
#enómenos e as apa1ncias e se citique+ tanto quanto #o necessáio+ a compeensão
inintelig7&el que lhes é acescentada$ 6ssim+ é pe#eitamente poss7&el que se mantenha
uma tese natual com um sentido completamente in&eso ao sentido natual *que é+ aliás+
o que Leibniz continuamente$
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passivo quando atribui a ra)ão do que se passa nele *e se passa totalmente nele" não há
#enómeno senão de si e das suas modi#ica!es a outo e activo no sentido in&eso$ %u
se0a" se+ po e,emplo+ se considea apenas o aspecto passivo+ po afecção entendemos
habitualmente um #enómeno comple,o" há uma noti#ica!ão de mim numa altea!ão
minha cu0a ra)ão de ser se atibui a outo que não eu" o su0eito a#ima te sido a#ectado
não poque &e0a outo a modi#icá-lo+ mas poque não econhece em si *e di)
econhece nouto a causa do que se passa nele$ Não se tata apenas de não se
econhece a si mesmo como causa do que &ei#ica esta a acontece em si+ pois nesse
caso seia poss7&el não toma tal acontecimento po uma a#ec!ão" podeia+ po e,emplo+
se de&ido a algum pocesso sub0ecti&o oculto ou desconhecido+ como ocoe em
#enómenos de ilusão ou de loucua$ No caso da a#ec!ão+ o su0eito não só não econhece
em si a causaUazão da sua modi#ica!ão mas+ além disso+ atibui a ra)ão de se dela a
outo ente+ ' acti&idade de outo ente sobe ele$ essa atibui!ão *a tese da atibui!ão é
tamb#m um #enómeno do pópio su0eito modi#icado$ clao que se se considea a
a#ec!ão no sentido acti&o+ o #enómeno é id1ntico+ ainda que em sentido in&eso" toma-se
o que se passa em mim como ra)ão do que se passa nouto+ sem que eu tenha qualque
not7cia do que se passa e#ecti&amente em qualque outo *nem seque se "6 outo$ Na
a#ec!ão há+ potanto+ um fen%meno constitu3do sob uma determinada interpretação e
tanto o fen%meno como a interpretação são imanentes ao su7eito$ :omo é poss7&el+
então+ da azão deste acontecimento+ isto é+ como é poss7&el que um su0eito se0a
naturalmente le&ado a ad0udica a azão de uma modi#ica!ão sua a outo ou o contáio8
Ke #acto+ se a modi#ica!ão é minha e me petence completamente+ o simples moti&o de
não econhece a oigem da minha altea!ão é insu#iciente paa a atibui a outo$
(oda&ia+ tal atibui!ão é um #acto e é+ epete-se+ um #acto sub0ecti&o" em mim está a
tese da depend1ncia de outo e está como #undadoa dos sentidos &e+ ou&i+ toca+ etc$
Due dize+ &e+ ou&i+ toca+ não são puros #enómenos+ algo que coespond1nciaa uma pura assist1ncia+ mas estão desde a sua oigem 0á intepetados e categoizados+ e
t1m nessas intepeta!es e categoiza!es a sua pópia condi!ão de possibilidade$
Keste ponto de &ista+ a tese da a#ec!ão con#oma+ na &edade+ o mundo" ecebemos
not7cia e so#emos a ac!ão das coisas e é po isso que dizemos esta ente elas+ com elas$
6 tese de Leibniz é em ta!os *muito lagos a seguinte" paa que em mim
e,ista+ não apenas modi#ica!ão+ mas também o sentido outo como causado dela *ou
como su7eito passivo dela+ no caso de se eu o su0eito acti&o+ é necessáio que talsentido T com todas as suas possibilidades de po&oca a#ec!ão T este0a inclu7do 76 em
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mim+ pois de outa #oma não podeia sugi+ &isto que se e,clu7am as hipóteses
escolástica e ocasionalista *que são as .nicas que Leibniz diz estaem+ o que é
e&identemente muito discut7&el$ Não se tata+ de #acto+ de que o su0eito quando se
econhece alteado *ou a altea outo in&ente a no!ão de a#ec!ão+ poque+ como se
disse+ não há nenhum moti&o obigatóio+ necessáio+ que e,i0a uma in&en!ão desse
tipo" tudo se podeia de&e a causas intenas ao su0eito e desconhecidas dele$ 6 no!ão de
a#ec!ão é+ pelo contáio+ natual+ enquanto tese+ pois é desta #oma que natualmente
intepetamos o que se passa connosco$ =sso signi#ica que está compeendido no su0eito
o sentido possibilidade geal da a#ec!ão+ tomado como" aquilo que se passa em mim
tem oigem nouto e aquilo que se passa nouto tem oigem em mim$ 3aa que tal
ocoa+ é necessáio+ antes de mais+ que o sentido outo este0a inclu7do em mim e
como momento constituti&o de mim+ e isto em todos os casos+ que como momento
acti&o que como momento passi&o$ ;e+ po e,emplo+ quando me sinto a#ectado pelo
tacto+ atibuo a oigem dessa altea!ão ao #acto de te sido tocado pela mão de outem+
eque-se que #a!a pate do meu #enómeno altea!ão táctil actualmente sentida o
sentido mão de outrem a agi de deteminada #oma$ % que implica que a minha
identidade+ enquanto identidade que se compeende a pati do que ela não é *isto é+
enquanto identidade a#ectada se0a de que modo #o+ compeende originalmente a
identidade de todas as coisas que a a#ectam+ isto é+ que dão azão do sentido com que
me compeendo a mim mesmo$ &identemente+ o mesmo se passa em sentido in&eso"
quando me consideo como acti&o+ como estando a agi sobe outos su0eitos+ consideo
também que o outo se considea passi&o *isto é+ #az pate da min"a considea!ão a
consideração do outro como estando a so#e em &itude minha ac!ão$ % que signi#ica
que a ela!ão de considea!es *de mim como acti&oUdo outo como passi&o e &ice-
&esa é e,acta e de esto zeo" sempe que me penso como acti&o penso outo como
passi&o+ e nessa mesma quantidade *ele é tão passi&o $uanto eu sou acti&o$ á+assim+ uma exacta correspond1ncia ente actividade e passividade na a#ec!ão+
coespond1ncia que petence ao sentido+ ao modo como se consideram ou interpretam
os #enómenos" o su0eito é acti&o não quando poduz diectamente nouto uma
modi#ica!ão+ mas quando considea a sua modi#ica!ão como ra)ão da que se passa no
outo+ e &ice-&esa$ tudo se passa no su0eito+ no sistema de teses e #enómenos pópios
do su0eito+ sem qualque contacto ente subst)ncias$
ceto que seia e&entualmente poss7&el pensa um acodo casual e nãoconstituti&o ente os momentos de acti&idade e passi&idade+ o que podeia acontece+
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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po e,emplo+ po sote+ que dize+ quando 0ulgo so#e em azão da ac!ão de outem
sobe mim+ há+ por acaso+ alguém que 0ulga agi sobe mim$ ;eia igualmente poss7&el
pensa um acodo caso a caso+ ' &ez+ isto é+ seia poss7&el pensa+ de #acto+ duas *ou
mais séies de #enómenos *isto é+ subst)ncias totalmente independentes quanto aos
seus sentido e odem que+ num deteminado momento+ se cuzassem de modo a
entaem em coespond1ncia$ seia ainda poss7&el pensa *como Leibniz diz que
Jalebanche pensa&a que Keus estaia sempe a intoduzi altea!es *' pessa numa
subst)ncia a #im de que tal coespond1ncia #osse um #acto>$ m todas estas
possibilidades a séie de #enómenos de um su0eito não teia correspond1ncia intr3nseca
com qualque outa séie de #enómenos de outo su0eito" a coespond1ncia seia um
facto exterior aos #enómenos de cada su0eito e não seia um sentido em nenhum+ nem
podeia poduzi uma tese natual$ (oda&ia+ não é este o modo como pensamos a
a#ec!ão$ Duando sou a#ectado+ #az pate da compeensão que possuo da séie de
#enómenos a que assisto em mim a tese de ha&e nouto uma outa séie de #enómenos
coespondente$ de tal modo que o #acto de ha&e nouto su0eito outa séie de
#enómenos é significativo paa a minha séie de #enómenos+ isto é+ a outra s#rie de
fen%menos *que desconhe!o+ mas pessuponho constitui um momento intr3nseco do
sentido da minha$ ;em essa pesen!a do sentido da outa séie de #enómenos na minha+
a tese da a#ec!ão não sugiia nunca *de onde me sugiia a ideia de depende de outo+
se apenas assisto ao que se passa em mim+ como é+ de #acto+ o caso8$ %a nada de isso
implica que ha0a comunicação directa+ enconto #7sico ou que as subst)ncias se
toquem$ ;igni#ica+ sim+ que o su0eito não pensa os seus #enómenos como
absolutamente privados+ mesmo que eles se0am+ de #acto+ pi&ados *como são" são
meus$ Jas o caácte não absolutamente pi&ado dos #enómenos não implica
e&identemente que os meus #enómenos *pecisamente enquanto são meus se0am
também de outem+ o que não #az sentido? implica+ sim+ que outos su0eitos t1m acessoaos meus #enómenos na medida em que os dele são pecebidos e pensados nele e por
ele como estando em coespond1ncia e,acta com os de outo ente+ neste caso+ com os
meus+ que é o que se passa na a#ec!ão" quando digo que alguém me toca não penso
que ele sente o que eu sinto? penso que aquilo que eu sinto coesponde a algo que ele
sente+ ainda que admita que as sensa!es se0am di#eentes e que ha0a ente ambas as
7 Ke&e te-se em conta+ paa o que segue+ que as subst)ncias-su0eitos são a unidade de séies de
#enómenos+ de tal modo que se #alaá indi#eentemente em subst)ncias e séies de#enómenos$
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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sensa!es uma ela!ão de azão de se$ 8sto # a afecção$ Ke #acto+ a a#ec!ão+ enquanto
#enómeno+ equi&ale a uma séie de #enómenos que se compeende como estando em
coespond1ncia com outa+ numa #oma de coespond1ncia que é consideada como
da azão de+ no sentido acti&o ou passi&o$ %a isso e,ige considea ainda dois
aspectos" a #oma de constitui!ão e o sentido das egas de coespond1ncia ente séies
de #enómenos *ou su0eitos? e o sentido dessa coespond1ncia como da azão de$
% pimeio aspecto a te em conta é de natueza muito geal+ mas não pode se omitido"
paa que possa ha&e sentido na no!ão de a#ec!ão tem de ha&e um sentido na no!ão de
âmbito ou "ori)onte comum de fen%menos de su7eitos diferentes+ que é o que
habitualmente chamamos mundo$ e&idente que a no!ão se a#ec!ão não teia sentido
nenhum se não hou&esse um )mbito de comunidade pé&ia de sentido+ onde a pópia
a#ec!ão pudesse ocoe$ %a o que chamamos mundo não pode coesponde senão ao
sistema geral de correspond1ncias entre as s#ries de fen%menos pr%prias de cada
substância$ Ke #acto+ o mundo é em cada caso o mundo a que assisto e só esse? mas o
mundo a que assisto está a se tomado e intepetado como um aspecto do mundo+ que
dize+ como uma possibilidade de apesenta!ão das coisas ' qual coespondem outas
possibilidades das mesmas coisas+ numa coespond1ncia e,acta$ 6 mesma coisa
*isto é+ a coisa em si é+ enquanto tal+ apenas o pr%prio sistema de regras de
correspond1ncia+ pois ela nunca acede ' pesen!a como tal *como toda a coisa+ na sua
identidade total+ mas sempe como um aspectoF$ neste sentido que os #enómenos são
ao mesmo tempo pi&ados e p.blicos" são pi&ados poque são em cada caso meus *e s%
meus? são p.blicos poque isso que é dado em mim é pass7&el de apesenta!ão nouto+
ainda que nouta #oma+ mas numa outa #oma que tem e,acta coespond1ncia com a
#oma que assume em mim$ á+ pois+ uma comunidade de significação ente fen%menos
que são em su0eitos que não comunicam ealmente ente si$ ;ó po essa azão+ eu
posso pensa que+ 'quilo que se passa em mim+ coesponde algo nouto su0eito+ algoque não é a mesma coisa+ o mesmo #enómeno de modo absoluto+ mas um #enómeno
correspondente+ num sistema e,acto de coespond1ncias$ ssa unidade de signi#ica!ão
é+ pois+ uma comunidade total de sentido+ de que todos os su0eitos paticipam+ e é
e&identemente o #acto de todos &i&eem num mesmo mundo$ 6 no!ão de mesmo
mundo signi#ica+ assim+ que nenhum de nós *pessupe-se &i&e o mundo como
absolutamente privado+ mas como um mundo que é de #acto tão privado como comum+
8 Keste assunto apenas se pode apesenta aqui este be&7ssimo esbo!o+ de&ido ' suacomple,idade$
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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que dize+ o mundo que acontece em cada su0eito é o mundo de um mesmo mundo+ e
não uma séie descone,a e solta de #enómenos+ sem ela!ão com o que se passaá
e&entualmente nos outos$ % que se passa em mim não é um sonho *pessupe-se+ o
que signi#ica que+ de alguma maneia+ é pensado como pass7&el de se &i&ido+ ainda que
de outo modo+ po outo su0eito$ 3ensamos+ assim+ que o que é meu possui uma
ela!ão de sentido com o que é de outos+ de tal #oma que nada é absolutamente
pi&ado+ mas pi&ado enquanto comunicá&el$ ;em isso+ o sentido a#ec!ão seia
imposs7&el$ 6 a#ec!ão pessupe+ na &edade+ um )mbito de encontro+ e ainda que tal
)mbito peten!a a cada um *que dize+ possua natueza #enomenológica e não Gntica+
ele está constitu7do em cada su0eito como estando a se vivido também po outos ao
modo deles$ % mundo em que se &i&e # do su0eito que o &i&e e+ enquanto tal+ pass7&el
de habita!ão po outos su0eitos+ ainda que ' sua maneia$ Leibniz di-lo numa daquelas
suas #ómulas e,actas e pe#eitas" ce qui est paticulie ' l@un+ est public ' tous 9$ %
mundo é pi&ado em cada um e é p.blico paa todos+ o que signi#ica que o sentido
p9blico #az pate do mundo pi&ado$ %a tal sentido signi#ica que não habitamos um
mundo deseto+ mas um mundo onde o que se passa connosco tem ela!ão com o que se
passa noutos+ e uma ela!ão de coespond1ncia que é+ po um lado+ exacta *de outa
#oma o mundo seia dis#ome e mal aan0ado e po outo+ original + poque o mundo
não é o poduto a posteriori da coespond1ncia de séies de #enómenos+ mas a pópia
possibilidade dessa coespond1ncia$ que dize+ é o acontecimento a pioi da
possibilidade de um #enómeno coesponde a outo" é a unidade e mesmidade do
mundo que constitui e é o sentido da coespond1ncia em causa$ Kito de outa #oma" é
o sistema total de coespond1ncias que constitui oiginalmente o sentido de cada séie
de #enómenos *ainda que se0amos natualmente le&ados a pensa que pimeio+ na
odem lógica+ há uma séie de #enómenos e depois+ como se #osse um acescento
posteio+ a sua coespond1ncia com outas séies$ + de #acto+ assim que &i&emos" o pG-do-sol que eu contemplo é absolutamente meu+ mas não o &i&o como se #osse
incomunicá&el a outos? o osto que neste momento contemplo é um #enómeno meu e+
no entanto+ não o &i&o como se não petencesse 'quele que o tanspota$ %u se0a+ paa
da conta do #enómeno da a#ec!ão é necessáio+ antes de mais+ que ha0a uma
comunidade de sentido ente &áias subst)ncias+ ainda que essa comunidade se0a um
sistema ou ega de coespond1ncias$
9 Discours de Metap"ysi$ue+ 6+
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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Não basta+ poém+ essa comunidade de sentido+ pois ela não poduz+ po si mesma+ a
no!ão de da azão de$ peciso+ pois+ que o sistema de egas de coespond1ncia
se0a um sistema de ra)ões+ de odem na constitui!ão de sentido$ % que signi#ica que
cada séie de #enómenos não só se compeende como estando em coespond1ncia com
outas+ mas+ no caso de se compeende como dependendo de uma a#ec!ão+ compeende
essa coespond1ncia como sendo a azão de ser da sua$ Ko ponto de &ista meta#7sico+
isso signi#ica que há odens na sucessão de #enómenos que são como são por$ue há
outas odens que são como são+ que dize+ que as séies de sucessão dos #enómenos em
cada su0eito estão constitu3das tendo em conta as outras s#ries *e não estão constitu7das
cada uma po sua conta+ autónoma ou isoladamente$ Não se tata+ então+ de uma
causalidade #7sica ou diecta+ mas de uma questão de sentido ou azão" quando um
su0eito se sente a#ectado assiste em si mesmo a uma séie de #enómenos? ele
compeende essa séie em coespond1ncia com outa nouto su0eito? e compeende que
a séie a que ele assiste em si possui esta odem poque está constitu7da na depend1ncia
da odem da séie de #enómenos no*s outo*s su0eito*s? ou se0a" quando sou a#ectado
po outem+ eu sinto isto nesta odem de #enómenos não en$uanto o outo sentiá ,
*numa outa odem de sucessão de #enómenos+ mas por$ue o outo sentiá ,$ % que
implica que o que se passa em mim #oi oiginalmente constitu7do em mim em ra)ão do
que se passa nouto *tanto no sentido acti&o ou passi&o+ dependendo da séie de
#enómenos que constitui o da azão de$
m esumo" paa da azão da a#ec!ão+ no seu sentido mais geal T que é o
sentido que eside na no!ão #aze pate de um mundo pi&ado e p.blico T equeem-se
t1s detemina!es" em pimeio luga+ que todas as subst)ncias este0am oiginalmente
constitu7das em coespond1ncia e,acta com todas as subst)ncias? em segundo luga+
que essa coespond1ncia signifi$ue um .nico sistema de fen%menos+ a que chamamos
mundo? em teceio luga+ que o que se passa em cada subst)ncia este0a deteminadooiginalmente pelo que se passa nas outas+ e odenadamente+ de tal #oma que , ocoe
numa subst)ncia por$ue H ocoe nouta$ Due dize" todas as subst)ncias t1m de possui
oiginalmente os mesmos #enómenos *no sentido indicado atás de mesmo #enómeno+
pois só assim ha&eá um mundo+ e o modo original como as subst)ncias possuem os
mesmos #enómenos de&e esta constitu7do de tal #oma que aquilo que ocoe numa
este0a deteminado pelo que acontece nouta$ 6ssim+ ha&eá coespond1ncia de
subst)ncias sem comunica!ão #7sica diecta ou ocasional$ 6 esta dupla detemina!ãochama-se sistema ou+ na linguagem de Leibniz+ "armonia+ "ip%tese dos acordos$ á um
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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.nico sistema de #enómenos? esse .nico sistema compeende-se em cada subst)ncia? e a
compeensão desse .nico sistema em cada subst)ncia está constitu7da tendo em conta a
compeensão desse mesmo sistema em todas as outas$
3ode pescindi-se+ então+ da hipótese de Jalebanche que intoduzia+ ao aepio
dos #enómenos e da intepeta!ão natual que deles temos+ a cone,ão ente as
subst)ncias+ a unidade do mundo e do sistema de #enómenos que ele signi#ica+ de fora+ a
pati+ não das subst)ncias mesmas e do pópio mundo+ mas de Keus$ pode também
pescindi-se do in#lu,o #7sico diecto+ pois tudo se passa como ele acontecesse sem que
de #acto aconte!a$ 6ssim+ é certo que o que se passa em mim tem a sua azão nouto+
pois cada subst)ncia está constitu7da nos seus pr%prios fen%menos em aten!ão a todas as
outas+ de tal #oma que a um deteminado #enómeno de uma coespondeá de facto um
outo #enómeno nouta como azão do pimeio *no caso da pimeia se considea
passi&a e in&esamente no caso de se considea acti&a$ % que signi#ica que a tese da
a#ec!ão mantém-se pe#eitamente" é verdade que a ra)ão do que se passa em mim+
quando penso se passi&o+ se enconta nouto$ % que não é &edade+ diz Leibniz+ é que a
essa azão coesponda uma tansmissão diecta e #7sica de popiedades$ % e#eito é o
mesmo? a intepeta!ão totalmente di#eente$
m esumo" o sentido coespond1ncia de #enómenos *isto é+ o mundo signi#ica
que os #enómenos de uma subst)ncia estão constitu7dos em con#omidade com os
#enómenos de outa subst)ncia$ (al con#omidade não pode se in#lu,o? não pode se
poduto de um aan0o ocasional+ poque isso destuiia o sentido oiginal mundo+ como
uma unidade$ Logo+ a coespond1ncia é a priori+ mas+ insiste-se+ de tal modo que não
se tata apenas de uma mea concomit)ncia de #enómenos *quando acontece V numa
subst)ncia acontece W nouta+ poque isso não daia ra)ão do #enómeno da a#ec!ão$ 6
coespond1ncia é de ra)ão" V ocoe numa subst)ncia por$ue ocoe W nouta *e é
assim que pensamos$ 3aa que tal se0a poss7&el+ é peciso que em cada subst)ncia este0aela mesma e tudo o mais+ po assim dize+ isto é+ a totalidade constitu7da em aan0o
ou con#omidade a priori+ e que o que há nela mesma este0a oiginalmente deteminado
poque tudo o que se passa nas outas$ No pinc7pio+ Keus #ez que o que acontece
numa deteminada subst)ncia e num deteminado momento aconte!a por$ue algo
acontece nesse momento nouta subst)ncia$ estando todas oiginalmente constitu7das
de tal #oma que a coespond1ncia é a priori+ caso a caso e total+ os #enómenos seão+
ao mesmo tempo+ po um lado+ totalmente de cada subst)ncia e+ po outo+ deteminados po todas as outas$ Keus constituiu+ assim+ as subst)ncias de tal #oma que o que se
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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passa em cada uma tem po azão o que se passa nas outas+ e incluiu em cada
substância tamb#m esse sentido+ azão pela qual cada uma se &i&e a si mesma como
petencendo ao mesmo mundo das outas+ pelas quais é a#ectada e as a#ecta$
3aece que tonam deste modo se tonem tal&ez mais claos uma séie de
temos que Leibniz utiliza nestes paága#os da Jonadologia" há in#lu1ncia ente
Jónadas ou subst)ncias+ in#lu1ncia real + mas apenas ideal$ a in#lu1ncia é eal e não
meamente imagináia+ poque o que se passa numa subst)ncia ecebe a sua &edadeia
azão+ a sua azão real + do que se passa nouta$ :om o temo ideal + Leibniz não petende
dize que a in#lu1ncia não é eal+ mas somente que não é #7sica+ o que é completamente
di#eente$ ;e , é azão real do que se passa em H+ isso não tem nada de imagináio+
apesa de não te também nada de #7sico$ é assim que se mantém o sentido
a#ec!ão+ modi#icando totalmente a sua intepeta!ão$
3ecebe-se também poque é que a ac!ão e a pai,ão se coespondem
pe#eitamente *isto é+ são m9tuas5 Kada a unidade do mundo qualque coisa que se
passe numa subst)ncia teá coespond1ncia no que se passa nouta+ não ha&endo
#enómeno nenhum numa subst)ncia que não tenha uma qualque coespond1ncia com
um #enómeno nouta *se tal acontecesse+ esse #enómeno não #aia pate do mundo$
esta esclaece um ponto" poque é que os #enómenos são+ não só pecebidos
como estando em coespond1ncia com outos+ mas+ paa além disso+ são pecebidos
modo di#eente quanto ' azão de se$ Kito de outa #oma" poque é que+ sendo todos os
#enómenos igualmente meus+ eu &i&o uns como azão de se do que se passa nouta
subst)ncia e outos como tendo a sua azão nouta subst)ncia$ Due dize" poque é que
eu me &i&o po &ezes como estando a agir e po &ezes como estando a sofrer a acção de
outem$ 6 esposta de Leibniz paece te o seguinte sentido" agir é &i&ido pelo su0eito
como um pode que lhe coesponde+ como coespondendo a uma detemina!ão algo
que tem em si mesmo o pinc7pio do seu se e+ neste sentido+ a uma pe#ei!ão$ 6subst)ncia é tanto mais activa $uanto mais perfeita for $ Em ente puamente passi&o
*algo impensá&el seia um ente puamente impe#eito$ %a na medida em que na
Jónada apenas há pecep!ão e passagem paa no&as pecep!es+ a pe#ei!ão da
Jónada seá a pe#ei!ão das pecep!es$ Ema subst)ncia é tanto mais pe#eita *e+
potanto+ tanto mais acti&a quanto mais pe#eitas #oem as suas pecep!es$ %a o gau
de pe#ei!ão das pecep!es coesponde+ como se sabe+ ao seu gau de distin!ão$ Kesta
#oma+ o que eu pecebo distintamente em mim é pecebido como o que dá azão doacontece nouto$ Kada a coespond1ncia e,acta ente #enómenos+ o que se passa nouto
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8/15/2019 Monad Comentario Acçao e Paixao
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teá de se nele uma pecep!ão &i&ida como impe#eita+ isto é+ cono con#usa$ Keste
modo+ ac!ão e pai,ão eduzem-se a modos de se das pecep!es imanentes a um
su0eito *isto é+ são &aia!es de modos de considea as suas pecep!es+ mas são
ealmente acção eUou paixão poque são azão de se de nalgo que se passa nouto de
outo modo ou poque tem a sua azão de se de algo que se passa nouto de outo
modo$ tudo no )mbito da &ida pecepti&a da pópia Jónada$
+ de passagem+ Leibniz intoduz uma no&a compeensão da ela!ão ente
espontaneidade e detemina!ão$ :ada subst)ncia é totalmente espontânea+ poque inclui
em si mesma a totalidade do que é+ de tal modo que tudo se passa como se só ela e Keus
e,istissem$ + ao mesmo tempo+ cada subst)ncia é totalmente determinada+ pois tudo o
que se passa nela+ na sua iman1ncia+ depende da ela!ão oiginal e ideal que mantém
com todas as estantes$ % su0eito está realmente isolado de todas as subst)ncias+ o que
assegua a sua independ1ncia e espontaneidade completas$ % su0eito está idealmente e a
priori constitu7do em coespond1ncia com todas as outas subst)ncias+ o que assegua a
comunidade de sentido e a depend1ncia de todas as outas ciatuas+ tal como+ de #acto+
pensamos$ % que signi#ica que+ no pensamento de Leibniz+ a oposi!ão ente
espontaneidade e detemina!ão desapaece como oposição e+ cuiosamente+ os temos
signi#icam precisamente a mesma coisa$
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