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Momentos de Dipolo Magnético e Spin
Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr.
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Consideremos uma carga elétrica (e) que se move numa órbita circular de raio r com
velocidade v, como vemos na figura abaixo.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
A carga gera uma corrente elétrica (I) dada pela seguinte equação,
onde T é o período orbital do elétron cuja a carga vale e em módulo.
𝐼 =𝑒
𝑇
𝑣 𝑟
-e
(Equação 1)
3
Considerando-se o período T e a expressão vista para a corrente elétrica, temos:
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝐼 =𝑒
𝑇
𝑇 =2𝜋𝑟
𝑣
𝐼 =𝑒
𝑇→ 𝐼 =
𝑒𝑣
2𝜋𝑟
𝑣 𝑟
-e
(Equação 2)
4
A corrente I produz um campo magnético equivalente, a grandes distâncias da órbita,
a um campo produzido por um dipolo magnético (𝜇ℓ) localizado em seu centro e
orientado perpendicularmente ao seu plano. Para uma corrente elétrica (I) numa
órbita de área (A) o módulo do momento de dipolo magnético orbital (𝜇ℓ) é dado pela
equação abaixo.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ = 𝐼𝐴
𝐵
𝐵
𝑣 𝑟
𝐿
𝜇ℓ
-e
A direção do momento de dipolo magnético (𝜇ℓ) é perpendicular ao plano da órbita.
(Equação 3)
5
Como a carga do elétron é negativa, seu momento de dipolo magnético (𝜇ℓ ) é
antiparalelo ao seu momento angular, cujo o módulo é dado pela expressão abaixo.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
L = 𝑚𝑣𝑟
𝐵
𝐵
𝑣 𝑟
𝐿
𝜇ℓ
-e
A direção do momento angular é indicada na figura acima.
(Equação 4)
6
Combinando-se as equações 3 e 2, temos os resultados abaixo.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ = 𝐼𝐴
𝐼 =𝑒𝑣
2𝜋𝑟
𝜇ℓ =𝑒𝑣
2𝜋𝑟𝐴 =
𝑒𝑣
2𝜋𝑟𝜋𝑟2 → 𝜇ℓ =
𝑒𝑣
2𝑟 (Equação 5)
7
Considerando-se a expressão do momento angular, temos os resultados abaixo.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ = 𝐼𝐴
L = 𝑚𝑣𝑟
𝐼 =𝑒𝑣
2𝜋𝑟
𝜇ℓ =𝑒𝑣
2𝑟
𝜇ℓ =𝑒𝑣𝑚
2𝑚𝑟 → 𝜇ℓ =
𝑒
2𝑚𝐿
(Equação 6)
8
Abaixo temos a relação entre o módulo do momento de dipolo magnético orbital e
o módulo do momento angular orbital do elétron.
A relação indica uma combinação de constantes universais. Assim podemos colocar a
razão 𝜇ℓ/𝐿 como indicado acima.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ = 𝐼𝐴
L = 𝑚𝑣𝑟
𝐼 =𝑒𝑣
2𝜋𝑟
𝜇ℓ =𝑒𝑣
2𝑟
𝜇ℓ =𝑒𝑣𝑚
2𝑚𝑟 → 𝜇ℓ =
𝑒
2𝑚𝐿
𝜇ℓ𝐿=
𝑒
2𝑚
(Equação 7)
9
Descrevemos a razão 𝜇ℓ/𝐿 como mostrado na equação a seguir.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ𝐿=
𝑒
2𝑚→𝜇ℓ𝐿=𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
onde
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝑔ℓ = 1
Magnéton de Bohr
Fator g orbital
(Equação 8)
10
Na forma vetorial temos a equação abaixo.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ = −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿
onde
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝑔ℓ = 1
Magnéton de Bohr
Fator g orbital
𝐵
𝐵
𝑣 𝑟
𝐿
𝜇ℓ
-e
(Equação 9)
11
Ex. 1. Determine o valor do magnéton de Bohr.
Exemplo 1
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚Magnéton de Bohr
Dados
ℏ = 1,05457168.10−34 𝐽. 𝑠
𝑒 = 1,60217653. 10−19𝐶
𝑚 = 9,1093826. 10−31𝑘𝑔
12
Ex. 1. Determine o valor do magnéton de Bohr.
Exemplo 1 (Solução)
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
=1,60217653. 10−19𝐶. 1,05457168.10−34 𝐽. 𝑠
2.9,1093826. 10−31𝑘𝑔
Dados
ℏ = 1,05457168.10−34 𝐽. 𝑠
𝑒 = 1,60217653. 10−19𝐶
𝑚 = 9,1093826. 10−31𝑘𝑔
13
Ex. 1. Determine o valor do magnéton de Bohr.
Exemplo 1 (Solução)
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚= 0,092740094. 10−22𝐽. 𝑠. 𝐶/𝑘𝑔
Dados
ℏ = 1,05457168.10−34 𝐽. 𝑠
𝑒 = 1,60217653. 10−19𝐶
𝑚 = 9,1093826. 10−31𝑘𝑔
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚= 9,2740094. 10−24𝐽. 𝑠.
𝐶
𝑘𝑔= 9,2740094. 10−24𝐴.𝑚2
14
Ex. 2. Determine o valor do magnéton de Bohr nas seguintes unidades. a) A.m2 b) J/T
c) eV/T.
Exemplo 2
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚Magnéton de Bohr
Dados
ℏ = 1,05457168.10−34 𝐽. 𝑠
𝑒 = 1,60217653. 10−19𝐶
𝑚 = 9,1093826. 10−31𝑘𝑔
15
Ex. 2. Determine o valor do magnéton de Bohr nas seguintes unidades. a) A.m2 b) J/T
c) eV/T.
Exemplo 2 (Solução)
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚= 9,2740094. 10−24𝐽. 𝑠.
𝐶
𝑘𝑔= 9,2740094. 10−24𝐴.𝑚2
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚= 9,2740094. 10−24𝐽/𝑇
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚= 5,79. 10−5𝑒𝑉/𝑇
16
Considerando-se a quantização do momento angular, chegamos às seguintes
equações.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ𝐿=
𝑒
2𝑚𝐿 → 𝜇ℓ=
𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿
onde
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝑔ℓ = 1
Magnéton de Bohr
Fator g orbital
𝐿 = ℓ ℓ + 1 ℏ
𝜇ℓ=𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿 =𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
ℓ ℓ + 1 ℏ = 𝑔ℓ𝜇𝑏 ℓ ℓ + 1
𝜇ℓ= 𝑔ℓ𝜇𝑏 ℓ ℓ + 1
(Equação 10)
17
De forma análoga, considerando-se a projeção ao longo do eixo z, temos a seguinte
equação.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜇ℓ𝐿=
𝑒
2𝑚𝐿 → 𝜇ℓ𝑧= −
𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿𝑧
onde
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝑔ℓ = 1
Magnéton de Bohr
Fator g orbital
𝐿𝑧 = 𝑚ℓℏ
𝜇ℓ𝑧= −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿𝑧 = −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝑚ℓℏ = −𝑚ℓ𝑔ℓ𝜇𝑏
𝜇ℓ𝑧= −𝑚ℓ𝑔ℓ𝜇𝑏
(Equação 11)
18
Do eletromagnetismo clássico, sabemos que para um dipolo magnético ( 𝜇ℓ )
submetido a um campo magnético 𝐵 este ficará submetido a um torque 𝜏, conforme
indicado abaixo.
Momento de Dipolo Magnético Orbital
𝜏 = 𝜇ℓ × 𝐵
O torque tenderá a alinhar o dipolo com o campo. No sistema temos uma energia (E)
potencial de orientação dada pela equação abaixo.
Δ𝐸 = − 𝜇ℓ ∙ 𝐵
(Equação 12)
(Equação 13)
19
Ex. 3. Suponha que um dipolo magnético, de intensidade 𝜇ℓ , está alinhado
paralelamente com um campo magnético B = 1 T. Calcule a energia necessária para
girar o dipolo magnético de modo a colocá-lo antiparalelo ao campo magnético.
Exemplo 3
20
Ex. 3. Suponha que um dipolo magnético, de intensidade 𝜇ℓ , está alinhado
paralelamente com um campo magnético B = 1 T. Calcule a energia necessária para
girar o dipolo magnético de modo a colocá-lo antiparalelo ao campo magnético.
Segundo a equação 13, a energia potencial vale -𝜇ℓ𝐵 , quando o dipolo é paralelo ao
campo magnético e 𝜇ℓ𝐵 quando é antiparalelo ao campo magnético. Assim temos
uma variação de 2𝜇ℓ𝐵. Desenvolvendo-se os cálculos temos os resultados abaixo.
Exemplo 3 (Solução)
2𝜇ℓ𝐵 = 2.9,2740094. 10−24𝐽
2𝜇ℓ𝐵 = 1,85. 10−23𝐽
2𝜇ℓ𝐵 = 1,16. 10−4𝑒𝑉
21
Consideremos um sistema onde não há dissipação de energia. Assim, não teremos a
orientação de 𝜇ℓ na direção do campo magnético 𝐵. Ao invés disso, teremos que 𝜇ℓapresentará movimento de precessão em torno do campo magnético 𝐵, de forma que
o ângulo entre os dois vetores permaneça constante, como indicado na figura abaixo.
Precessão de Larmor
𝜏
𝜇ℓ𝜃
𝜃
22
Um torque aparece quando o momento de dipolo magnético de um átomo 𝜇ℓ interage
com o campo magnético 𝐵. Esse torque dá origem a uma variação 𝑑𝐿 do momento
angular durante um tempo dt. Considerando-se a 2a lei de Newton temos𝑑𝐿
𝑑𝑡= 𝜏. A
variação 𝑑𝐿 faz com que 𝐿 precessione de um ângulo 𝜔𝑑𝑡, onde 𝜔 é a velocidade
angular de precessão.
Precessão de Larmor
𝜏
𝜇ℓ𝜃
𝜃
23
A partir da análise do sistema abaixo, temos o desenvolvimento indicado a seguir.
Precessão de Larmor
𝑑𝐿 = 𝐿 sin 𝜃 𝜔𝑑𝑡 →𝑑𝐿
𝑑𝑡= 𝐿 sin 𝜃 𝜔
𝑑𝐿
𝑑𝑡= 𝜏 = 𝐿 sin 𝜃 𝜔 (Equação 14)
𝜏
𝜇ℓ𝜃
𝜃
24
Vamos considerar as equações 9, 12 e 14.
Precessão de Larmor
𝑑𝐿
𝑑𝑡= 𝜏 = 𝐿 sin 𝜃 𝜔 (Equação 14)
𝜇ℓ = −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿 (Equação 9)
(Equação 12) 𝜏 = 𝜇ℓ × 𝐵
𝜏
𝜇ℓ𝜃
𝜃
𝜏
𝜇ℓ𝜃
𝜃
25
Combinando-se as equações 9 e 12, temos os seguintes resultados.
Precessão de Larmor
𝑑𝐿
𝑑𝑡= 𝜏 = 𝐿 sin 𝜃 𝜔 (Equação 14)
𝜇ℓ = −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿
𝜏 = 𝜇ℓ × 𝐵
𝜏 = −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿 × 𝐵 → 𝜏 =𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿𝐵 sin 𝜃 (Equação 15)
𝜏
𝜇ℓ𝜃
𝜃
26
Comparando-se as equações 14 e 15, chegamos a uma expressão para .
Precessão de Larmor
𝑑𝐿
𝑑𝑡= 𝜏 = 𝐿 sin 𝜃 𝜔 (Equação 14)
𝜇ℓ = −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿
𝜏 = 𝜇ℓ × 𝐵
𝜔 =𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐵 (Equação 16)
(Equação 15) 𝜏 = −𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿 × 𝐵 → 𝜏 =𝑔ℓ𝜇𝑏ℏ
𝐿𝐵 sin 𝜃
27
Se o campo magnético for uniforme espacialmente, não haverá força resultante de
translação agindo sobre o dipolo magnético. Se o campo magnético não for uniforme,
teremos uma força de translação (além do torque).
Precessão de Larmor
𝜏
𝜇ℓ𝜃
𝜃
28
O que ocorre nesse caso aparece ilustrado na figura abaixo. Na figura temos um
elétron descrevendo um órbita circular com velocidade 𝑣, numa região do espaço
onde o campo magnético 𝐵 é convergente. O elétron sofre a ação de uma força
proporcional ao produto vetorial − 𝑣 × 𝐵, força esta que tem sempre uma componente
na direção onde o campo torna-se mais intenso.
Precessão de Larmor
𝑣
𝑣
𝑣
𝑣
𝐵
𝐵 𝐹 ∝ − 𝑣 × 𝐵
29
Numa região onde o campo aplicado 𝐵 converge, um elétron se move numa órbita de
Bohr com velocidade 𝑣, e o campo exerce uma força 𝐹 sobre o elétron. Como a carga
do elétron é negativa, 𝐹 ∝ − 𝑣 × 𝐵. Independente da posição do elétron na órbita, essa
força tem uma componente radial, dirigida para fora, e uma componente na direção
onde 𝐵 é mais intenso. Numa média feita sobre uma órbita, a componente radial se
cancela e a força média tem essa direção para cima.
Precessão de Larmor
𝑣
𝑣
𝑣
𝑣
𝐵
𝐵 𝐹 ∝ − 𝑣 × 𝐵
30
A força média que age sobre um dipolo magnético é dado pela equação abaixo,
Precessão de Larmor
𝑣
𝑣
𝑣
𝑣
𝐵
𝐵 𝐹 ∝ − 𝑣 × 𝐵
onde z é a direção do aumento da intensidade do campo magnético e 𝜕𝐵𝑧
𝜕𝑧é a rapidez
com a qual ele cresce.
𝐹𝑧 =𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝜇ℓ𝑧 (Equação 17)
31
Em resumo, um dipolo magnético num campo não uniforme sofre um torque, que
produz uma precessão, e sofre uma força que produz deslocamento.
Precessão de Larmor
𝑣
𝑣
𝑣
𝑣
𝐵
𝐵 𝐹 ∝ − 𝑣 × 𝐵
32
A previsão da mecânica quântica é que a componente do momento magnético ao
longo do eixo z ( 𝜇ℓ𝑧) só poderá ter os valores indicados abaixo (equação 11).
Experiência de Stern-Gerlach
𝜇ℓ𝑧= −𝑚ℓ𝑔ℓ𝜇𝑏
𝑚ℓ = −ℓ,−ℓ + 1,−ℓ + 2,… , 0, … , ℓ − 2, ℓ − 1, ℓ
33
A partir dos resultados da experiência de Stern-Gerlach, teve-se evidência do
momento de dipolo magnético intrínseco do elétron (s), consequência da
existência de um momento angular intrínseco S, denominado spin. Esses
momentos apresentam condições de quantização análogas ao momento angular
orbital do elétron (L e Lz). Assim temos a intensidade S e a componente Sz do
momento angular de spin que estão associadas aos números quânticos s e ms
através das seguintes condições de quantização.
𝑆 = 𝑠 𝑠 + 1 ℏ
𝑆𝑧 = 𝑚𝑧ℏ
(Momento angular de spin)
Spin do Elétron
(Equação 18)
(Equação 19)
34
Vamos admitir que a relação entre o momento de dipolo magnético de spin e o
momento angular de spin tem a mesma forma no caso orbital, como mostrado abaixo.
𝜇𝑠 = −𝑔𝑠𝜇𝑏ℏ
𝑆
𝜇𝑠𝑧 = −𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠
(Momento dipolo magnético de spin)
onde
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝑔𝑠
Magnéton de Bohr
Fator g de spin
Spin do Elétron
(Equação 20)
(Equação 21)
35
Da observação experimental que o feixe de átomos de hidrogênio se separa em duas
componentes defletidas simetricamente, é claro que 𝜇𝑠𝑧 só pode admitir dois valores.
Iguais em valor absoluto e de sinais opostos. Fazendo a suposição final de que os
valores possíveis de ms diferem de uma unidade e variam entre –s a +s, como ocorre
com números quânticos 𝑚ℓ e ℓ do momento angular orbital, podemos concluir que os
dois valores possíveis de ms são os seguintes.
Spin do Elétron
onde
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝑔𝑠 = 2
Magnéton de Bohr
Fator g de spin
𝑚𝑠 = −1
2, +
1
2
𝑠 =1
2
(Equação 22)
(Equação 23)
36
Devido ao spin do elétron, mesmo o estado fundamental apresenta desdobramento,
devido ao campo magnético aplicado. Esse desdobramento do nível de energia reflete
os dois valores possíveis para a energia potencial orientacional, como segue.
Spin do Elétron
onde
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝑔𝑠 = 2
Magnéton de Bohr
Fator g de spin
Δ𝐸 = − 𝜇𝑠 ∙ 𝐵 = −𝜇𝑠𝑧𝐵
Δ𝐸 = 𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠𝐵
Δ𝐸 = ±𝑔𝑠𝜇𝑏𝐵/2
𝑚𝑠 = −1
2,+
1
2
(Equação 24)
(Equação 25)
(Equação 26)
37
Ex. 4. Um feixe de átomos de hidrogênio, emitido por um forno funcionando à
temperatura T = 400 K, é enviado através de um ímã de Stern-Gerlach de
comprimento X = 1 m. Os átomos estão sujeitos a um campo magnético de gradiente
de 10 T/m. Calcule a deflexão transversa de um átomo típico em cada uma das duas
componentes do feixe, devido à força exercida sobre seu momento de dipolo
magnético de spin, no ponto onde o feixe sai do ímã.
Exemplo 4
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
38
Nessa temperatura, os átomos estão no estado fundamental e não têm momento
angular orbital (ℓ = 0) ou momento de dipolo magnético orbital. Eles têm, tipicamente,
energia cinética (3/2)kT, onde k é constante de Boltzmann. Eles são submetidos a
uma força transversa.
Exemplo 4 (Solução)
𝐹𝑧 =𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝜇𝑠𝑧
𝜇𝑠𝑧 = −𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠
𝐹𝑧 = −𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠
39
A velocidade longitudinal (𝑣𝑥) pode ser determinada como indicado abaixo.
Exemplo 4 (Solução)
1
2𝑀𝑣𝑥
2 =3
2𝑘𝑇 → 𝑣𝑥 =
3𝑘𝑇
𝑀
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
40
O tempo t durante o qual o átomo está sujeito à força transversa ao atravessar o imã
de comprimento X será dado pela expressão abaixo.
Exemplo 4 (Solução)
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
𝑡 =𝑋
𝑣𝑥
𝑣𝑥 =3𝑘𝑇
𝑀
𝑡 =𝑋
3𝑘𝑇𝑀
→ 𝑡 = 𝑋𝑀
3𝑘𝑇
41
Devido à força os átomos adquirem uma aceleração transversal az = Fz/M e sofrem
portanto uma deflexão Z, como indicado abaixo.
Exemplo 4 (Solução)
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
𝑍 =1
2𝑎𝑧𝑡
2
𝑡 = 𝑋𝑀
3𝑘𝑇
𝑍 =1
2𝑎𝑧𝑋
2𝑀
3𝑘𝑇=1
2
𝐹𝑧𝑀𝑋2
𝑀
3𝑘𝑇→ 𝑍 =
𝐹𝑧𝑋2
6𝑘𝑇
42
Após algumas passagens chegamos à expressão para deflexão Z.
Exemplo 4 (Solução)
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
𝑍 =𝐹𝑧𝑋
2
6𝑘𝑇
𝐹𝑧 = −𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠
𝑍 = −
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠𝑋2
6𝑘𝑇
𝑔𝑠𝑚𝑠 = ±1𝑍 = ±
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝜇𝑏𝑋2
6𝑘𝑇
43
Considerando-se a expressão para o magnéton do Bohr, temos as expressões
abaixo.
Exemplo 4 (Solução)
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
𝑍 = ±
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝜇𝑏𝑋2
6𝑘𝑇
𝜇𝑏 =𝑒ℏ
2𝑚
𝜇𝑏 = 0,927. 10−23.𝐽
𝑇
𝑘 = 1,38. 10−23𝐽
𝐾
Dados:
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
= 10 𝑇/𝑚
44
Após as substituições, temos a deflexão em Z.
Exemplo 4 (Solução)
Átomos de Hidrogênio
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
T = 400 K
Campo magnético de
gradiente de 10 T/m
𝑍 = ±
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝜇𝑏𝑋2
6𝑘𝑇→ 𝑍 = ±
10𝑇𝑚0,927.
10−23𝐽𝑇
. 1𝑚2
6.1,38.10−23𝐽𝐾
. 400𝐾→ 𝑍 = ±2,8. 10−3𝑚
45
Quando uma carga elétrica q move-se no espaço com velocidade 𝑣, ela produz um
campo magnético 𝐵 no espaço dado pela seguinte equação.
Campo Magnético de Carga Puntiforme
𝐵 =𝜇04𝜋
𝑞 𝑣 × 𝑟
𝑟2
Onde:
𝜇0 = 4𝜋.10−7𝑇𝑚
𝐴= 4𝜋. 10−7𝑁/𝐴2
Constante magnética (permeabilidade do espaço livre)
46
Considere um elemento de fio de comprimento de 𝑑ℓ que tem uma corrente elétrica I,
como indicado no sistema abaixo. Temos um campo magnético (𝑑𝐵) gerado pela
corrente que é dado pela seguinte equação.
Lei de Biot-Savart
𝑑𝐵 =𝜇04𝜋
𝐼𝑑ℓ × 𝑟
𝑟2
Onde:
𝜇0 = 4𝜋.10−7𝑇𝑚
𝐴= 4𝜋. 10−7𝑁/𝐴2
Constante magnética (permeabilidade do espaço livre)
47
Calcule o campo magnético produzido por um anel circular de corrente num ponto
situado sobre o eixo de simetria do anel longe deste. Calcule em seguida o campo
magnético produzido no mesmo ponto por um dipolo formado a partir de dois
monopolos magnéticos separados e situados no centro do anel e ao longo do eixo de
simetria deste. Mostre que os campos são os mesmos se a corrente do anel (I) e sua
área (A) estiverem relacionadas ao momento magnético do dipolo () segundo a
seguinte equação:
= IA.
Lista 6 (Exercício 1)
48
Calcule o campo magnético produzido por um anel circular de corrente num ponto
situado sobre o eixo de simetria do anel longe deste. Calcule em seguida o campo
magnético produzido no mesmo ponto por um dipolo formado a partir de dois
monopolos magnéticos separados e situados no centro do anel e ao longo do eixo de
simetria deste. Mostre que os campos são os mesmos se a corrente do anel (I) e sua
área (A) estiverem relacionadas ao momento magnético do dipolo () segundo a
seguinte equação:
= IA.
Lista 6 (Exercício 1)
Estratégia para resolução do problema
1) Calcular o campo de uma espira (Biot-Savart)
2) Calcular o campo de um dipolo magnético
3) Substituir a expressão do momento magnético do dipolo (𝜇 = 𝐼𝐴) no campo
de um dipolo (item 2)
4) Comparar os campos
49
Calcule o campo magnético produzido por um anel circular de corrente num ponto
situado sobre o eixo de simetria do anel longe deste. Calcule em seguida o campo
magnético produzido no mesmo ponto por um dipolo formado a partir de dois
monopolos magnéticos separados e situados no centro do anel e ao longo do eixo de
simetria deste. Mostre que os campos são os mesmos se a corrente do anel (I) e sua
área (A) estiverem relacionadas ao momento magnético do dipolo () segundo a
seguinte equação:
= IA.
Lista 6 (Exercício 1)
Estratégia para resolução do problema
1) Calcular o campo de uma espira (Biot-Savart)
2) Calcular o campo de um dipolo magnético
3) Substituir a expressão do momento magnético do dipolo (𝜇 = 𝐼𝐴) no campo
de um dipolo (item 2)
4) Comparar os campos
𝑑𝐵 =𝜇04𝜋
𝐼𝑑ℓ × 𝑟
𝑟2
𝐵 =𝜇04𝜋
2 𝜇
𝑟3
50
Determine o gradiente de campo de um ímã de Stern-Gerlach (Figura 1) de 50 cm de
comprimento que produzirá uma separação de 1 mm na extremidade do ímã, entre as
duas componentes de um feixe de átomos de prata emitidos com uma energia
cinética típica de um forno a 960oC. O momento de dipolo magnético da prata é
devido a um único elétron ℓ = 0.
Lista 6 (Exercício 2)
Átomos de Prata
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
de 960oC
Figura 1. Diagrama esquemático de um dispositivo de Stern-Gerlach.
51
Sabemos que a deflexão em Z é expressa em função do gradiente do campo
magnético, como indicado abaixo.
Lista 6 (Exercício 2)(Solução)
𝑍 = ±
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝜇𝑏𝑋2
6𝑘𝑇
Átomos de Prata
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
de 960oC
Figura 1. Diagrama esquemático de um dispositivo de Stern-Gerlach.
52
Isolando-se o gradiente, temos a seguinte expressão.
Lista 6 (Exercício 2)(Solução)
𝑍 = ±
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
𝜇𝑏𝑋2
6𝑘𝑇→𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
= ±6𝑘𝑇𝑍
𝜇𝑏𝑋2
Átomos de Prata
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
de 960oC
Figura 1. Diagrama esquemático de um dispositivo de Stern-Gerlach.
53
Fazendo-se as substituições, chegamos ao gradiente.
Lista 6 (Exercício 2)(Solução)
𝜕𝐵𝑧𝜕𝑧
= ±6𝑘𝑇𝑍
𝜇𝑏𝑋2= ±
6.1,3810−23𝐽𝐾
. 960 + 273.15 𝐾. 10−3𝑚
9,27410−24𝐽/𝑇 0,5𝑚 2= ±44,0𝑇/𝑚
Átomos de Prata
x
z
Forno
funcionando
à temperatura
de 960oC
Figura 1. Diagrama esquemático de um dispositivo de Stern-Gerlach.
54
Se um átomo de hidrogênio for colocado num campo magnético muito forte
comparado com seu campo interno, seus momentos de dipolo magnéticos de spin e
orbital precessionarão independentemente em torno do campo externo e sua energia
dependerá dos números quânticos 𝑚ℓ e 𝑚𝑠 que especificam suas componentes ao
longo da direção do campo externo. (a) Determine o desdobramento dos níveis de
energia segundo os valores de 𝑚ℓ e 𝑚𝑠. (b) Desenhe a configuração dos níveis
desdobrados provenientes do nível n = 2, explicitando os número quânticos de cada
componente da configuração. (c) Calcule a intensidade do campo magnético externo
que produziria uma diferença de energia entre os níveis mais separados provenientes
do nível n = 2 que seria igual à diferença entre os níveis n = 1 e n = 2 na ausência de
campo.
Lista 6 (Exercício 3)
55
Consideremos o desdobramento dos níveis de energia segundo os valores de 𝑚ℓ e
𝑚𝑠 como resultado da soma dos termos dos momentos angular e de spin, como
indicado abaixo.
Lista 6 (Exercício 3(a)) (Solução)
Δ𝐸 = −𝜇𝑠𝑧𝐵𝑧 −𝜇ℓ𝑧 𝐵𝑧
𝜇𝑠𝑧 = −𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠 Δ𝐸 = 𝑔𝑠𝜇𝑏𝑚𝑠𝐵𝑧 + 𝑔ℓ𝜇𝑏𝑚ℓ𝐵𝑧
Δ𝐸 = − 𝜇𝑠 ∙ 𝐵 − 𝜇ℓ ∙ 𝐵
𝜇ℓ𝑧 = −𝑔ℓ𝜇𝑏𝑚ℓ𝑔𝑠 = 2 𝑔ℓ = 1
Δ𝐸 = 𝜇𝑏𝐵𝑧 2𝑚𝑠 +𝑚ℓ
56
b) Desenhe a configuração dos níveis desdobrados provenientes do nível n = 2,
explicitando os número quânticos de cada componente da configuração.
Lista 6 (Exercício 3(b)) (Solução)
𝑛 = 2; ℓ = 0, 1
ℓ = 0 → 𝑚ℓ = 0; 𝑚𝑠 = ±1/2
ℓ = 1 → 𝑚ℓ = −1,0,1; 𝑚𝑠 = ±1/2
𝑛 = 2
ℓ = 1
ℓ = 0
𝑚ℓ = 1
𝑚ℓ = 0
𝑚ℓ = −1
𝑚𝑠 = +1/2𝑚𝑠 = −1/2𝑚𝑠 = +1/2𝑚𝑠 = −1/2𝑚𝑠 = +1/2𝑚𝑠 = −1/2
𝑚𝑠 = +1/2𝑚𝑠 = −1/2
𝑚ℓ = 0
57
(c) Calcule a intensidade do campo magnético externo que produziria uma diferença
de energia entre os níveis mais separados provenientes do nível n = 2 que seria igual
à diferença entre os níveis n = 1 e n = 2 na ausência de campo.
Lista 6 (Exercício 3(c)) (Solução)
Δ𝐸 = −10,2 𝑒𝑉
Δ𝐸 = 𝜇𝑏𝐵𝑧 2𝑚𝑠 +𝑚ℓ → 𝐵𝑧 =Δ𝐸
𝜇𝑏 2𝑚𝑠 +𝑚ℓ
𝑚𝑠 = 1/2
𝑚ℓ = 1
58
(c) Calcule a intensidade do campo magnético externo que produziria uma diferença
de energia entre os níveis mais separados provenientes do nível n = 2 que seria igual
à diferença entre os níveis n = 1 e n = 2 na ausência de campo.
Lista 6 (Exercício 3(c)) (Solução)
Δ𝐸 = 10,2 𝑒𝑉
𝐵𝑧 =Δ𝐸
𝜇𝑏 2𝑚𝑠 +𝑚ℓ=
10,2𝑒𝑉
5,788. 10−5𝑒𝑉/𝑇 2.1/2 + 1= 0,88. 105𝑇
𝑚𝑠 = +1/2𝑚𝑠 = −1/2 𝐵𝑧 = 0,44. 105𝑇
EISBERG, R., RESNICK, R. Física Quântica: átomos, moléculas, sólidos, núcleos e
partículas. 4ª ed. ou anteriores. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
GRIFFITHS, David - Mecânica Quântica. 2ª. ed. São Paulo: Pearson Education.
2011. ebook
59
Referências Bibliográficas