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MÓDULO III
3 INTRODUÇÃO
3.1 PERÍCIA AMBIENTAL
Como já vimos anteriormente, a Perícia Ambiental é um instrumento
muito importante para a proteção do meio ambiente, pois se destina
principalmente à avaliação dos danos ambientais, causados por ação de pessoa,
seja ela física ou jurídica, de direito público ou privado, que venham a resultar na
degradação da qualidade ambiental.
Segundo Almeida (2006), a Perícia Ambiental compreende os seguintes
objetivos:
• Dano (ameaça ou ocorrido): caracterizar, mensurar, valorar;
• Atividade lesiva: caracterizar, verificar enquadramento legal;
• Nexo causal: identificar se existe lógica entre o dano e a atividade do réu.
A figura 23 abaixo demonstra a essência de um problema: é a diferença
entre a situação atual e a situação desejada. Essa definição é muito importante, pois
podemos simplificar a Perícia Ambiental como um procedimento que visa
identificar e esclarecer “qual é o problema do caso”. Por exemplo, ocorre uma
mortandade de peixes em um reservatório de abastecimento de água. Esta não é
uma situação desejada, assim é necessário identificar qual foi o problema que
causou a condição atual.
Um perito é então chamado e por meio de levantamentos do histórico do
caso, e de uma amostragem e análise da qualidade da água do reservatório,
ele conclui que houve um despejo irregular de efluente com alta carga orgânica e
identifica a atividade vizinha ao corpo d’água que possui um efluente com esta
característica, no caso, um laticínio.
FIGURA 23 – O PROBLEMA CONSISTE NA DIFERENÇA ENTRE A SITUAÇÃO
ATUAL E A SITUAÇÃO DESEJADA
O dano ambiental produzido pelas atividades antrópicas, isto é, pelas
atividades do homem, atinge não só a natureza, mas a sociedade como um
todo, como podemos observar na figura 24 (na próxima página). Assim, cabe à
sociedade e ao governo exigir dos agentes causadores que estes danos
ambientais sejam reparados. No entanto, para reparar uma degradação
ambiental, primeiro é preciso diagnosticá-la e mensurá-la, mas como fazer isso?
A resposta é por meio de uma Perícia Ambiental.
Verificamos, então, que é imprescindível que a Perícia Ambiental seja
realizada visando identificar o problema e fazer a avaliação dos danos
ambientais da forma mais correta e próxima da verdade possível, pois a
necessidade ou não de reparação dos mesmos irá depender do seu resultado. Em
geral, o campo de trabalho para as perícias ambientais está nos principais problemas
ambientais que afetam o Brasil. Listamos os mais críticos:
1. Desmatamento, que acarreta perda de biodiversidade;
2. Erosão devido a desmatamento e manejo inadequado do solo na
agricultura e pecuária;
3. Poluição das águas e solos devido à falta de saneamento básico nas áreas
urbanas e rurais;
4. Falta de políticas de gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas urbanas,
gerando “lixões” e depósitos irregulares de lixos;
5. Poluição industrial.
FIGURA 24 - MEIO AMBIENTE EXTERNO À ORGANIZAÇÃO
Fonte: Fiesp, 2007.
FIGURAS 25 E 26 – EXEMPLOS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
3.2 O PERITO AMBIENTAL
A definição de perito ambiental deve estar sempre bem clara: “é o
profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista na área, convocado
para realizar uma perícia acerca de um caso do seu domínio de conhecimento, ou
seja, da área ambiental”. Como já vimos anteriormente, o perito ambiental trabalha
em inúmeros órgãos públicos, e também no ramo jurídico, pois pode ser chamado
pela justiça, por meio de nomeação formal por um juiz, para executar perícias
e fornecer laudos técnicos em processos judiciais que envolvam fatos da área de
meio ambiente. O perito ambiental pode trabalhar também para a iniciativa privada
como assistente técnico.
3.2.1 Como se Tornar um Perito Ambiental?
O primeiro passo é a formação técnica: para ser um Perito Ambiental é
necessária uma formação que atribua ao profissional competências técnicas
relacionadas à gestão e tecnologias ambientais.
No entanto, as questões ambientais envolvem várias áreas do
conhecimento humano, assim profissionais formados em outras disciplinas como
administração, química, geologia, biologia e em engenharias podem realizar
especializações e mestrado na área de gestão e tecnologias ambientais, com
enfoque para a prática de perícias ambientais e, muitas vezes, principalmente
dependendo do caso a ser periciado, estarem mais aptos a realizar uma perícia
do que um engenheiro ambiental.
O segundo passo é a qualificação: o perito ambiental precisa se qualificar
por meio de cursos específicos e da leitura das legislações pertinentes e
metodologias existentes para a execução de perícias ambientais.
3.2.2 Procedimentos Técnicos do Perito Ambiental
Quando o perito ambiental é chamado para fazer uma perícia, ele deve seguir
alguns procedimentos técnicos na sua execução:
1. Levantamentos preliminares, englobando:
a. Levantar legislação ambiental específica sobre o caso;
b. Levantar informações sobre parâmetros ambientais que devem ser
cumpridos para o caso;
c. Preparar fichas de campo para auxiliar na vistoria do local.
Observação: As fichas de campo são um roteiro básico das informações a
serem levantadas na vistoria ao local, exemplo, data e hora da vistoria, material e
técnicas utilizados, pessoas que acompanharam, constatações, depoimentos,
informações adicionais, etc.
2. Vistoria no local, englobando:
a. Localização e descrição física do local, caracterização da área do
entorno;
b. Verificação do horário em que as atividades são desenvolvidas e
número de funcionários. Descrição das atividades desenvolvidas, apontando
constatações;
c. Estimativas do número de pessoas direta e indiretamente atingidas pelo
acontecimento;
d. Medições e coleta de amostras para análise (se necessário);
e. Registro fotográfico;
f. Confecção de croquis.
3. Confeccionar o laudo pericial, que deverá englobar:
a. Identificação do local e dos envolvidos no caso;
b. Histórico do caso;
c. Relatório da vistoria: descrições gerais e da vistoria;
d. Parecer conclusivo com fundamentação técnica baseado na análise dos
dados coletados no local, nos resultados das medições e amostragens, e na
correlação com a legislação específica.
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS POR TIPOLOGIA
DE ATIVIDADE
No próximo módulo veremos os métodos e técnicas aplicáveis para
avaliar impactos, danos e passivos ambientais e alguns estudos de caso, no entanto,
primeiro é fundamental que o perito ambiental conheça os aspectos e impactos
ambientais, importantes de cada tipo de atividade, principalmente das que têm alto
potencial poluidor.
A figura da próxima página resume os principais procedimentos técnicos
de um perito ambiental na realização de uma Perícia Ambiental Judicial. No
entanto, ela visa exemplificar os procedimentos técnicos gerais de um profissional
na execução de uma perícia, pois os mesmos são sempre parecidos,
independentemente se é uma perícia judicial ou de outro tipo.
FIGURA 27 - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE UM PERITO
AMBIENTAL NA REALIZAÇÃO DE UMA PERÍCIA AMBIENTAL JUDICIAL
Fonte: Arquivo pessoal.
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS POR TIPOLOGIA
DE ATIVIDADE
No próximo módulo veremos os métodos e técnicas aplicáveis para
avaliar impactos, danos e passivos ambientais e alguns estudos de caso, no entanto,
primeiro é fundamental que o perito ambiental conheça os aspectos e impactos
ambientais, importantes de cada tipo de atividade, principalmente das que têm alto
potencial poluidor.
FIGURA 28 – EXEMPLIFICAÇÃO DE COMO SÃO GERADOS OS IMPACTOS
AMBIENTAIS: POR MEIO DA INTERAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES HUMANAS E O
SISTEMA NATURAL
Fonte: Baseado em Apostila AIA - Prof. Dr. Júlio César Gonçalves – DHT/UFMS, 2007.
Em geral, o perito aprende a identificar os principais aspectos e impactos
ambientais das atividades na sua formação técnica. No entanto, quando chamado
para realizar uma perícia sobre um caso em que tenha pouca experiência é
interessante que o perito estude mais sobre aquela atividade, visando também
auxiliá-lo na elaboração das Fichas de Campo, para que a vistoria ao local seja a mais
completa e detalhada possível.
Impactos ambientais de algumas atividades genéricas:
Desmatamento: Alterações climáticas; Danos à flora e fauna;
Empobrecimento e erosão do solo (desertificação); Assoreamento dos recursos
hídricos; Aumento do escoamento da água; Redução da infiltração da água;
Deslizamento de encostas; Inundações (prejuízos econômicos e sociais).
Movimentos de terra: Alterações na drenagem das águas; Erosão do solo;
Assoreamento dos recursos hídricos; Proliferação de insetos (transmissão de
doenças) ; Desfiguração da paisagem.
Impermeabilização do solo: Aumento do escoamento da água; Redução da
infiltração da água; Inundações (danos materiais e sociais) ; Problemas de
drenagem; Menor recarga dos aquíferos; Redução da evapotranspiração
(alterações no clima local).
Aterramento de rios, riachos, lagoas, etc. : Cheias (danos materiais e
sociais) ; Inundação permanente de áreas de valor econômico, histórico, cultural
e ecológico; Problemas de drenagem; Assoreamento; Prejuízos econômicos e sociais
da população afetada; Impactos nos meios social, econômico e cultural; Impactos no
meio biótico (fauna e flora aquática).
Destruição de ecossistemas: Danos à fauna e flora; Desfiguração da paisagem
(desequilíbrios ecológicos) ; Problemas ecológicos; Prejuízos às atividades do
homem; Danos sociais e econômicos; Alterações no ciclo hidrológico.
Disposição inadequada de resíduos sólidos (lixo) e efluentes líquidos
(esgoto) e geração de emissões gasosas (poluição do ar: Poluição ambiental: a)
Prejuízos à saúde do homem; b) Danos à fauna e flora; c) Danos econômicos e
sociais; d) Desvalorização de áreas; e) Desfiguração da paisagem; f) Prejuízos às
atividades sociais, econômicas e culturais.
Modificações de caráter Global (Emissão de CO 2, CFCs e outros gases):
Efeito estufa (maior temperatura, elevação do nível dos oceanos, alterações na
precipitação, desaparecimento de espécies animais e vegetais); Destruição da
camada de ozônio (aumento da radiação UV, riscos à diversidade genética, câncer
de pele); Chuvas ácidas (contaminação do solo, ar, água, vegetação e animais).
Nas próximas páginas estão algumas das principais atividades e os seus
aspectos e impactos ambientais.
3.3.1 Agropecuária
O principal aspecto ambiental da atividade agropecuária é a modificação
da forma de uso e ocupação do solo. As atividades agropecuárias são muito
importantes para a humanidade, pois estão diretamente relacionadas à produção
de alimentos, assim, são geradoras de inúmeros impactos ambientais positivos,
como, por exemplo, desenvolvimento regional. No entanto, existem impactos
ambientais negativos decorrentes destas atividades, como a contaminação química
por defensivos agrícolas, desmatamento, perda de biodiversidade, etc.
Contudo, um dos impactos ambientais negativos mais relevantes, não só da
pecuária, como também da agricultura, é a perda de solo, por meio da erosão. O
processo erosivo provoca a degradação do solo, principalmente da sua camada
orgânica, que também é a sua camada fértil, aumentando a necessidade de
fertilização, o que pode acarretar em poluição dos lençóis freáticos. Segundo
Almeida (2006), a contaminação por agroquímicos é uma constante nas
propriedades agrícolas e produz impactos sobre a saúde humana, poluindo as
águas, o solo e o ar, prejudicando a flora e a fauna.
A degradação dos solos pode ser considerada um dos mais importantes
problemas ambientais das atividades agropecuárias nos dias atuais, resultando
principalmente de práticas inadequadas de manejo agrícola e da pecuária. De
acordo com Ferreira (1984), do ponto de vista agrícola, a erosão é o
arrastamento das partes constituintes do solo, por intermédio da ação da água
ou do vento, colocando a terra transportada em locais onde não pode ser
aproveitada pela agricultura.
Pela erosão o solo perde não só elementos nutritivos que possui como
também os constituintes do seu corpo, logo um terreno fértil em que a erosão atuar
acentuadamente se tornará pobre e apresentará baixa produção agrícola. Os
processos erosivos podem atingir tamanhas proporções que podem gerar terríveis
consequências econômicas e sociais, como a destruição de patrimônios naturais,
passivos ambientais e enormes prejuízos econômicos aos cidadãos, à administração
pública e às atividades privadas.
O controle da erosão do solo deve ser feito quando se objetiva a
manutenção ou o aumento da produtividade agrícola e a conservação
ambiental, favorecendo a sustentabilidade de agroecossistemas. Segundo
Panachuki et al. (2005), o sucesso de uma exploração agropecuária equilibrada
depende, em grande parte, da investigação e controle dos aspectos referentes aos
agentes causadores da erosão, como as chuvas e certos atributos do solo que, pela
ação antrópica, podem favorecer ou dificultar o processo erosivo, já que as
atividades humanas se constituem como principais agentes catalisadores desses
processos.
É um fato claro que na agropecuária intensiva ocorre a substituição da
cobertura de vegetação natural de grandes áreas e, muitas vezes, é feito o uso e o
manejo inadequados do solo destas áreas antropizadas, e disso usualmente se
origina o processo de degradação do solo e consequentemente dos recursos
hídricos.
Segundo Almeida (2006), dentre os principais impactos ambientais
negativos da pecuária, pode-se destacar:
• A eliminação e/ou redução da fauna e flora nativas, como
consequência do desmatamento de áreas para o cultivo de pastagens;
• O aumento da degradação e perdas de nutrientes dos solos, em especial
devido ao pisoteio intensivo e à utilização do fogo;
• A contaminação dos produtos de origem animal, devido ao uso
inadequado de produtos veterinários para o tratamento de enfermidades dos
animais e de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas pastagens;
• A redução na capacidade de infiltração da água no solo devido à
compactação;
• A degradação da vegetação e compactação dos solos, especialmente
expressiva no caso de super-pastoreio; e
• A contaminação das fontes d’água e assoreamento dos recursos hídricos.
É consenso geral que o controle da erosão na agropecuária pode ser feito por
meio de um planejamento rural consciente. Ou seja, não é necessário parar a
produção, apenas racionalizar o uso da terra segundo as suas características e
aptidões. O planejamento rural pode trazer uma série de benefícios econômicos
ao produtor, por exemplo, a diminuição dos custos com fertilizantes e reformas de
terra, a não geração de um passivo ambiental que seria oneroso para remediar, etc.,
ou seja, a produção pode ficar mais fácil e mais barata.
3.3.2 Agroindústria
A agroindústria é o setor responsável pelo processamento do produto
agropecuário em subprodutos, que podem ser bens de consumo ou insumos para
outros processos produtivos. Exemplos de agroindústrias: laticínios,
processamento de cereais, frigoríficos, usina de álcool e açúcar, fábrica de
óleos vegetais, entre outros.
Segundo Almeida (2006), os principais impactos ambientais que podem ser
gerados pelas agroindústrias são os seguintes:
• Contaminação das águas superficiais e subterrâneas em função do
lançamento de efluentes sem tratamento ou com tratamento parcial.
• Contaminação do solo devido à disposição incorreta de resíduos sólidos.
• Incômodos à vizinhança pela geração de odores desagradáveis, devido à
deterioração de resíduos e dos efluentes.
• Contaminação da atmosfera em função do lançamento de material
particulado, especialmente nas unidades que possuem caldeira para a produção
de calor e vapor d’água.
• Poluição sonora gerando incômodos à vizinhança;
• Proliferação de vetores de doenças devido à incorreta disposição de
resíduos e ao lançamento de efluentes.
3.3.3 Indústria do Couro
A indústria do processamento de couro, também conhecida como
curtume, possui alto potencial poluidor devido ao grande volume de efluentes
líquidos, resíduos sólidos e maus odores gerados na atividade. A combinação dos
impactos ambientais negativos deste tipo de indústria e da grande necessidade
de área para o tratamento dos esgotos (efluentes líquidos) gera extremo incômodo
à sua vizinhança, motivo pelo qual os curtumes devem estar localizados distantes de
áreas habitacionais.
O efluente líquido de um curtume possui alto potencial poluidor e não pode
ser despejado sem tratamento em um corpo d’água sob o risco de desastre
ecológico. Segundo Almeida (2006), as principais características dos efluentes
líquidos de curtume são:
• Elevado pH;
• Presença de cal e sulfetos livres;
• Presença de cromo potencialmente tóxico;
• Grande quantidade de matéria orgânica (elevada DBO e DQO);
• Elevado teor de sólidos em suspensão (pelos, fibras, sujeira);
• Coloração leitosa devido à cal, verde-castanho ou azul, devido à
curtição e cores variadas do tingimento;
• Elevada salinidade (sólidos dissolvidos totais).
No tratamento de efluentes de curtume é gerado o lodo de esgoto, que
também é classificado como resíduo sólido, e possui alto teor de toxicidade
devido à presença de cromo. Os lodos de curtume constituem-se no principal
passivo ambiental deste tipo de indústria.
3.3.4 Indústria Química
Exemplos de indústrias químicas: indústrias de produtos de limpeza,
indústrias do ramo farmacêutico, petroquímicas, produção de fertilizantes, etc. As
indústrias químicas têm como insumos uma série de produtos químicos
perigosos que necessitam ser transportados de forma adequada, assim, desde então
existe o perigo de acidentes que podem ocasionar o derramamento deste
material e consequentemente danos ambientais.
O principal impacto ambiental das indústrias químicas são os efluentes
líquidos e resíduos sólidos gerados, pois em geral a composição dos mesmos é
estranha ao ambiente natural, e os mesmos são formados por compostos de difícil
degradação natural e ainda passíveis de serem tóxicos para algumas espécies
de fauna e flora da região.
3.3.5 Mineração
A mineração é um ramo de atividade muito amplo, que envolve desde a
extração até o beneficiamento do minério. No entanto, os impactos ambientais
desta cadeia produtiva são muito parecidos, assim, para destacar os principais
impactos ambientais decorrentes da atividade de mineração usaremos o
exemplo de uma empresa beneficiadora de granito.
Exemplo de caracterização ambiental de uma Empresa Beneficiadora de
Granito:
Etapa 1: Extração da rocha granítica
O processo de extração de granito começa nas pedreiras, onde essa rocha é
encontrada na sua forma natural. O granito pode ser extraído de várias
maneiras, sendo uma das principais técnicas a baseada na perfuração e
explosivo associado ao maçarico (flame-jet), a qual vem sendo substituída pela
combinação de fio diamantado e massa expansiva, que, por si só, garante a
preservação das características geológicas e tecnológicas da rocha e volume de
produção.
Etapa 2: Armazenamento e transporte interno de granito bruto Depois de
extraídas, as rochas graníticas em forma de matacões são transportadas para
as serrarias para serem serradas em cubos menores e posteriormente
armazenadas ou processadas logo em seguida.
Etapa 3: Corte do granito
Processo de transformação dos blocos em chapas ou placas semiacabadas, de
espessuras que variam de um a três centímetros, utilizando máquinas
denominadas de teares. As mais comuns empregam lamas abrasivas, que tem como
principais objetivos: lubrificar e resfriar as lâminas, evitar a oxidação das chapas,
servir de veículo ao abrasivo (granalha) e limpar os canais entre as chapas.
Composta por água, granalha, cal e rocha moída a lama abrasiva é distribuída
por chuveiros sobre o bloco por meio de bombeamento. (SILVA, 1998).
Etapa 4: Acabamento do granito
Polimento das chapas ou placas semiacabadas. O polimento tem a função de
dar o acabamento nas peças, acabando com as rugosidades da superfície e
atribuindo brilho à placa.
Etapa 5: Entrega das peças de granito Carregamento e transporte do produto
acabado ao destino final, por meio de caminhões.
Etapa 1: Extração da rocha granítica
Entrada: explosivos, perfuratrizes, outros equipamentos e substâncias
químicas específicas para o processo de extração; óleo diesel para os
caminhões e máquinas específicas de grande porte.
Saída: emissões de material particulado e de sólidos, grosseiros, grossos
e finos, ruídos e produtos da queima do óleo diesel.
Impactos ambientais: poluição sonora e atmosférica; resíduos sólidos inertes;
desfiguração da paisagem.
Etapa 2: Armazenamento e transporte interno
Entrada: pedras de granito, óleo diesel para os caminhões, equipamento para
serragem das pedras e energia elétrica ou óleo diesel para alimentar as serras.
Saída: emissões de material particulado e de sólidos grosseiros, grossos
e finos, resíduo da serragem do granito, ruídos e produtos da queima do
combustível fóssil (óleo diesel).
Impactos ambientais: poluição sonora e atmosférica; resíduos sólidos inertes.
Etapa 3: Corte do granito
Entrada: água, cal, granalha e rocha moída (que também formam a lama
abrasiva), e energia elétrica.
Saída: emissões de material particulado e ruído; sólidos grossos e finos,
efluente líquido.
Impactos ambientais: poluição sonora e atmosférica; resíduos sólidos inertes;
efluente líquido contendo alta turbidez e elevado valor de sólidos suspensos.
Etapa 4: Acabamento do granito
Entrada: energia elétrica, água e politriz.
Saída: emissões de material particulado e ruído, efluente líquido.
Impactos ambientais: poluição sonora e atmosférica; efluente líquido
contendo restos de politriz, alta turbidez e sólidos suspensos.
Etapa 5: Entrega das peças de granito
Entrada: caminhão e óleo diesel.
Saída: emissões de ruído, produtos da queima do combustível fóssil
(óleo diesel) e material particulado (no caso de vias não pavimentadas).
Impactos ambientais: poluição sonora e atmosférica.
• Medidas mitigadoras para os principais impactos ambientais levantados:
• Poluição atmosférica por material particulado: abatimento destes por
aspersão de água e instalação de sistemas exaustores e de filtros coletores de
pós no ambiente interno de produção; enclausuramento das áreas de estocagem
do granito bruto ou acabado; pavimentação e varrição das vias de circulação
de veículos; equipamento de proteção individual para os trabalhadores.
• Poluição Sonora: estabelecimento de barreiras vegetais ao redor da
indústria; sistemas de isolamento acústico; equipamentos de proteção individual
para os trabalhadores.
• Poluição atmosférica pela queima de combustíveis fósseis: utilização de
combustíveis com menor potencial poluidor, realizar manutenção adequada nos
caminhões e manter os motores bem regulados.
• Disposição de efluentes líquidos: construir um sistema de tratamento
intermediário do efluente líquido (tanque de sedimentação) visando reuso da
água no processo e, se necessário, um sistema final de tratamento do efluente
líquido visando despejo em corpo d’água ou infiltração no solo. Os resíduos
sólidos provenientes do tanque de sedimentação, dependendo da sua
composição, terão disposição final em um aterro adequado ou poderão ser
utilizados em outras atividades industriais e humanas.
• Disposição dos resíduos sólidos finos (dimensões inferiores a 0,075 mm):
fornecimento destes como matéria-prima para as indústrias de fabricação de:
cerâmicas (telhas, tijolos, etc.), vidros, argamassa de assentamento e rejunte,
vernizes e tintas, eletrodos para solda, abrasivos leves e próteses dentárias, além
da utilização destes sólidos finos como filler na composição de misturas asfálticas,
também podem ser misturados em areias para fabricação de argamassa;
• Disposição de rejeitos grosseiros: produção de seixos para
ornamentação em jardins.
3.3.6 Obras Rodoviárias
Quando, durante a implantação de uma rodovia, não é feita a
recuperação ambiental dos impactos ambientais gerados, estes evoluem e se
transformam em um conjunto de degradações que compõem o passivo
ambiental do trecho. Atualmente, a existência de passivos ambientais ocorre
principalmente em rodovias antigas, implantadas há mais de 20 anos, quando ainda
não existia a consciência ecológica e as ciências ambientais, como a Engenharia
Ambiental, eram pouco difundidas e possuíam pouca prática nessa área.
Os avanços no tratamento ambiental de rodovias também estão
relacionados à incorporação da variável ambiental na rotina de trabalho dos
órgãos rodoviários, à maior fiscalização dos órgãos ambientais competentes, à
difusão de manuais técnicos contendo instruções ambientais para projetos e
obras rodoviárias, à avaliação econômica das medidas de controle ambiental e
quantificação dos custos ambientais de projetos, da implantação e da
manutenção de rodovias e à progressiva implantação de programas de
recuperação do passivo ambiental em diversas rodovias do país.
Os impactos ambientais cadastrados ao longo do segmento da rodovia
compreendem o seu passivo ambiental, que foi gerado a partir da implantação da
rodovia e de atividades antrópicas danosas à região lindeira. Alguns dos
principais impactos ambientais, tanto positivos, como negativos, decorrentes da
implantação de uma rodovia são:
• No meio socioeconômico: conflito de uso e ocupação do solo;
alterações nas atividades econômicas das regiões por onde a rodovia passa;
mudanças nas condições de emprego e qualidade de vida para as populações;
segurança do tráfego, ruído, vibrações, emissões atmosféricas que podem ter
efeito sobre a saúde humana; desapropriações; riscos ao patrimônio cultural,
histórico e arqueológico; travessias/intrusão urbana, uso indevido da faixa de
domínio da rodovia (construções, escavações e descartes, depósito de lixo orgânico).
• No meio biótico: impedimento dos processos ecológicos de intercâmbio por
corte de áreas; riscos de atropelamento de animais; risco às áreas protegidas e a
biótopos ecológicos importantes; redução da cobertura vegetal; aumento da
pressão sobre ecossistemas terrestres e aquáticos; incêndios nas faixas de
domínio; poluição em ambientes aquáticos e riscos para a vida aquática (o
lixiviado da lavagem das pistas que cai em corpos d’água superficiais pode alterar a
sua qualidade, aumentar seus nutrientes e gerar processos de eutrofização em lagos
e açudes).
• E no meio físico: retirada de solos; indução a processos
erosivos/voçorocas em antigas áreas exploradas e taludes; instabilidade de taludes,
rompimento de fundações; terraplenagem, empréstimos e bota-foras;
degradação de áreas de canteiro de obras, trilhas e caminhos de serviço;
rebaixamento do lençol freático; risco para a qualidade de água superficial
(aumento da turbidez) e subterrânea por concentração de poluentes; assoreamento
de terrenos naturais, bacias de drenagem e cursos d’água; alagamentos,
decorrentes do represamento por obras de arte correntes e sistema de
drenagem (pontes, viadutos) mal posicionados e/ou obstruídos.
Segundo Malafaia (2004):
Um programa de recuperação do passivo ambiental de
rodovias deve compreender as seguintes etapas: conceituação
de passivo ambiental; levantamento e caracterização do
passivo ambiental; avaliação das quantidades e condições desse
passivo; estimativa dos custos de sua recuperação;
programação financeira para a recuperação; plano de
execução da recuperação do passivo ambiental. (MALAFAIA,
2004, p. 81).
3.3.7 Saneamento Ambiental
O saneamento ambiental compreende as seguintes atividades:
• Abastecimento de água;
• Esgotamento sanitário;
• Drenagem pluvial urbana (drenagem da água de chuva);
• Coleta e destinação final dos resíduos sólidos (“lixo”);
• Controle de vetores e de reservatórios de doenças transmissíveis;
• Saneamento da habitação, dos alimentos, dos locais de trabalho e
recreação, no processo de planejamento territorial, em situações de
emergência, etc.;
• Educação em saúde pública e ambiental;
O investimento em saneamento ambiental e infraestrutura na área, como
por exemplo, tratamento de água e de esgoto, traz uma série de impactos
positivos para a população:
• Controla e previne doenças;
• Preserva os recursos hídricos e a sua biodiversidade, por meio da
prevenção da poluição;
• Facilita a limpeza pública;
• Propicia conforto, bem-estar e segurança;
• Aumenta a vida média pela redução da mortalidade;
• Aumenta a vida produtiva do indivíduo, quer pelo aumento da vida média
quer pela redução do tempo perdido com doença;
• Propicia desenvolvimento econômico, facilita a instalação de indústrias,
inclusive a de turismo, e consequentemente o maior progresso das
comunidades;
• Facilita o combate de incêndios.
Por sua vez, a falta de serviços de saneamento básico oferece duas
categorias de riscos à saúde humana:
• Riscos relacionados com a ingestão de água contaminada por agentes
biológicos (bactérias, vírus e parasitos), pelo contato direto, ou por meio de insetos
vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico;
• Riscos derivados de poluentes químicos e radioativos, geralmente
efluentes de esgotos industriais, ou causados por acidentes ambientais.
No entanto, na execução das obras para implantação das infraestruturas
de saneamento podem ocorrer diversos impactos ambientais negativos, tais
como:
• Geração de poeira e resíduos;
• Inundação de grandes áreas para construção de barragens e reservatórios;
• Mudanças na configuração natural do relevo;
• Alteração do fluxo de veículos e tráfego local;
• Extinção de ecossistemas e, consequentemente, perda de biodiversidade;
• Supressão de cobertura vegetal: desmatamento e derrubada de árvores.