Modelo Dinâmico de Fleuriet

33
Analise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Modelo Dinâmico de Feuriet

Transcript of Modelo Dinâmico de Fleuriet

Page 1: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Analise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Modelo Dinâmico de Feuriet

Page 2: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O modelo dinâmico de análise econômico-financeira ou Modelo Fleuriet, foi desenvolvido pelo Prof. Michael Fleuriet, juntamente com colaboradores brasileiros e o seu principal objetivo era o de elaborar técnicas de gerenciamento financeiro e um modelo de análise que considerasse a realidade econômica brasileira e permitisse uma tomada rápida de decisão, permitindo elaborar o planejamento financeiro a curto e longo prazo.

Modelo Dinâmico de Análise Econômico-Financeira (Modelo Fleuriet)

Page 3: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Este modelo surgiu com o enfoque de mudança na análise das empresas, passando da estática analise dos indicadores de liquidez e capital de giro, para uma base dinâmica, utilizando dados contábeis atualizados, visando enxergar a capacidade de captação de recursos e a sua utilização para a obtenção de retornos maximizados.

Modelo Dinâmico

Page 4: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O modelo dinâmico considera que as contas devem ser classificadas de acordo com o seu ciclo. Desta forma três grupos principais de reclassificação das contas contábeis são definidos por Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003), a saber:

Modelo Dinâmico

Page 5: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Permanente ou Não cíclico: devido a sua lenta movimentação. (Realizável a longo prazo; Investimentos; Reserva de lucros, etc.);

�Contínuo ou cíclico: pois estão relacionadas com o ciclo operacional do negócio. (Estoques, Clientes, Fornecedores, etc.);

�Descontínuo ou errático: onde se abrigam as contas que não estão diretamente relacionadas com a operação da empresa. (Disponível, Títulos negociáveis, Duplicatas descontadas, etc.).

Grupos principais de reclassificação

Page 6: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Fleuriet destaca que a estrutura estática do modelo tradicional de análise das demonstrações financeiras evidencia vários índices, esses indicadores são calculados através dos grupos contábeis e para que uma boa análise seja desenvolvida, esses índices devem ser analisados em conjunto.

Lógica do Modelo

Page 7: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Balanço de Fleuriet

Page 8: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O modelo dinâmico utiliza essencialmente três indicadores: ◦ A Necessidade de Capital de Giro (NCG); ◦ O Capital de Giro (CDG) e; ◦ O Saldo de Tesouraria (T).

Indicadores do Modelo Dinâmico

Page 9: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Devido aos descasamentos entre os pagamentos e recebimentos, isto é, quando as saídas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, cria-se uma necessidade de investimento em capital de giro, que é evidenciada no balanço pela diferença entre o valor das contas cíclicas do ativo e das contas cíclicas do passivo, sendo denominado como necessidade de capital de giro (NCG).

Necessidade de capital de giro (NCG)

Page 10: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Necessidade de capital de giro (NCG)

Page 11: Modelo Dinâmico de Fleuriet

A NCG corresponde a necessidade de investimento permanente de fundos para garantir o giro operacional da empresa, sendo que a mesma pode ser mensurada pela equação abaixo:

NCG = Ativo Cíclico – Passivo Cíclico

Necessidade de capital de giro (NCG)

Page 12: Modelo Dinâmico de Fleuriet

A NCG é diferente do Capital Circulante Líquido (CCL). Na visão clássica, o CCL é mensurado pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante;

A NCG é uma definição econômico-financeira e não uma definição legal;

A NCG é muito sensível às mudanças que ocorrem no ambiente econômico em que a empresa atua, alterações nos estoques, crédito dos fornecedores, inadimplência, etc.,impactam a NCG;

A NCG pode ser negativa. Neste caso, as saídas de caixa ocorrem depois das entradas de caixa;

Se a empresa suspender parte de suas operações ou entrar em falência, a NCG passará a constituir uma fonte de fundos que poderá, por exemplo, ser utilizada pela empresa para pagamento a credores e acionistas.

Observações de Fleuriet quanto à NIG

Page 13: Modelo Dinâmico de Fleuriet

A parte do passivo permanente (contas não cíclicas do passivo) que não esteja financiando o ativo permanente (contas não cíclicas do ativo) compõe o Capital de Giro.

Capital de Giro (CDG)

Page 14: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Capital de Giro (CDG)

Page 15: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O CDG corresponde à disponibilidade de fundos de longo prazo e permanente para financiar o giro das operações da empresa, sendo que esta disponibilidade de capital pode ser mensurada pela diferença entre os saldos de seus passivos e ativos não cíclicos (não circulantes), conforme a equação abaixo:

CDG = Passivo não Circulante – Ativo não Circulante

Capital de Giro (CDG)

Page 16: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O CDG possui o mesmo valor que o CCL, de acordo com a visão clássica da diferença entre o ativo e o passivo circulantes;

O CDG, assim como a NIG, é uma definição econômico-financeira e não uma definição legal;

O CDG apresenta-se razoavelmente estável ao longo do tempo;

O CDG pode ser negativo. Neste caso, a empresa financia parte do seu ativo não circulante com fundo de curto prazo.

Observações de Fleuriet quanto ao CDG

Page 17: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O Saldo de Tesouraria é determinado pela diferença entre o ativo e o passivo erráticos. Tanto o ativo como o passivo errático representam contas do circulante que se alteram de forma aleatória,ou seja, não estão diretamente ligadas com a operação da empresa. O Saldo de Tesouraria também representa a diferença entre o Capital de Giro e a Necessidade de Capital de Giro.

Saldo de Tesouraria (T)

Page 18: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Saldo de Tesouraria (T)

Page 19: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Como saldo de tesouraria (T), devemos entender o endividamento líquido de curto prazo da empresa. Portanto, não adianta ter dinheiro em caixa se temos dívidas financeiras de curto prazo junto a banco ou terceiros. Desta forma, para efeito patrimonial, nos interessa o saldo financeiro líquido da empresa, podendo ser mensurado pela diferença entre o ativo e o passivo erráticos (financeiros), conforme a equação abaixo:

T = Ativo Errático – Passivo Errático

Saldo de Tesouraria (T)

Page 20: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O saldo de tesouraria também representa um valor residual correspondente à diferença entre o CDG e a NCG, conforme a equação abaixo:

T = CDG - NCG

Saldo de Tesouraria (T)

Page 21: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Desta forma, se o CDG for insuficiente para financiar a NCG, o saldo de tesouraria será negativo, levando a empresa financiar parte da NCG com fundos de curto prazo,aumentando conseqüentemente seu risco de insolvência. Sendo que o contrário, caso o saldo de tesouraria seja positivo, a empresa disporá de fundo de curto prazo que, por exemplo,poderão ser aplicados em títulos de liquidez imediata (open market), aumentando sua margem de segurança financeira.

Portanto, em suma, o saldo de tesouraria mensura o risco a curto prazo da empresa e é conseqüência das decisões estratégicas tomadas nos componentes do CDG.

Observações de Fleuriet quanto ao T

Page 22: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Uma vez realizada a reclassificação das contas e apurados o CDG, a NCG e o T é possível classificar a empresa em um dos seis tipos de balanços, conforme proposto por Vieira (2005), iniciando-se o processo de análise da empresa.

Os Tipos de Balanço

Page 23: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Tipos de Balanço

Page 24: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Portanto, de acordo com Vieira (2005), as estruturas financeiras das empresas podem ser assim consideradas:◦ Tipo 1: evidencia a pior situação financeira, pois

a NCG positiva precisa ser financiada, como o CDG está negativo o T acaba sendo o responsável pelo financiamento de ambas, ocasionando um alto risco devido a grande dependência de empréstimos de curto prazo.

Classificação das empresas

Page 25: Modelo Dinâmico de Fleuriet

◦ Tipo 2: é uma situação muito delicada, apesar da NIG negativa, constituindo uma fonte de recursos para a empresa, o financiamento do CDG, também negativo, precisa ser complementado pelo T, deixando a empresa muito exposta as flutuações externas.

◦ Tipo 3: nesta situação a NCG negativa é suficiente para financiar o CDG, também negativo, formando um excedente em T, agora positivo. Esta estrutura ainda envolve riscos que precisam ser gerenciados.

Classificação das empresas

Page 26: Modelo Dinâmico de Fleuriet

◦ Tipo 4: evidencia uma demanda operacional, NCG positiva, que é financiada pelo CDG e pelo T.

◦ Tipo 5: os recursos do CDG, positivo, são suficientes para financiar a NIG, também positiva, gerando ainda um excedente no T. Essa estrutura é bastante confortável do ponto de vista financeiro.

◦ Tipo 6: evidencia a melhor situação financeira, pois a NCG negativa torna-se numa fonte de recursos para a empresa,que somados aos recursos gerados pelo CDG, são aplicados no T. É uma estrutura sólida, evidenciando uma gestão para voltada para baixos níveis de risco financeiro.

Classificação das empresas

Page 27: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Uma das considerações feitas a respeito da Necessidade de Capital de Giro, quando

positiva, é a de que ela deve ser financiada com recursos de longo prazo. Quando esses recursos

de longo prazo não são suficientes para financiar a Necessidade de Capital de Giro o

restante desta será financiado com recursos de curto prazo, ou seja, com parte do Saldo de Tesouraria. Esta prática de financiamento,

apesar de arriscada, é utilizada com freqüência pela “maior parte das empresas” brasileiras,

merecendo assim um constante monitoramento.

Considerações sobre o Modelo Dinâmico de Análise

Page 28: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Neste contexto, a utilização dos recursos financeiros do Saldo de Tesouraria, no

financiamento da demanda operacional de recursos indicada pela Necessidade de Capital de Giro, representa um certo

distúrbio ou desequilíbrio e se torna um dos pilares para a avaliação do risco financeiro

e da liquidez da empresa.

Considerações sobre o Modelo Dinâmico de Análise

Page 29: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O Indicador de Liquidez (ILNCG) expressa a proporção entre o Saldo de Tesouraria em relação à Necessidade de Capital de Giro, e atende ao objetivo de monitorar

a utilização de recursos de curto prazo no financiamento das operações da empresa.

Indicador de Liquidez = T/NIG

Quanto mais negativo for o valor do indicador, pior tenderá a ser situação financeira da empresa e a

análise de tendência, evidenciada por este indicador, ao longo de pelo menos três anos, verifica a

existência do efeito tesoura.

Considerações sobre o Modelo Dinâmico de Análise

Page 30: Modelo Dinâmico de Fleuriet

O Efeito Tesoura:◦ As empresas que operam com Saldo de Tesouraria

negativo financiam sua Necessidade de Capital de Giro com fundos de curto prazo. Caso esses recursos de curto prazo não sejam renovados essas empresas podem ser levadas ao estado de insolvência,

◦ Para Vieira (2005) “o efeito tesoura se instala quando ocorre um descompasso entre a evolução das fontes disponíveis de longo prazo(CDG) e as aplicações que precisam ser financiadas (NCG)”

Considerações sobre o Modelo Dinâmico de Análise

Page 31: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Considerações sobre o Modelo Dinâmico de Análise

Page 32: Modelo Dinâmico de Fleuriet

Vieira (2005) descreve ainda que as principais causas do efeito tesoura são:a) Crescimento muito elevado das vendas; b) Investimentos elevados com retorno a longo

prazo; c) Crescimento expressivo do ciclo financeiro; d) Baixa geração de lucros; e) Investimentos com baixos retornos; f) Inflação elevada; g) Distribuição de resultados elevada com alto

percentual de dividendos; h) Redução das vendas.

Considerações sobre o Modelo Dinâmico de Análise

Page 33: Modelo Dinâmico de Fleuriet

De acordo com Fleuriet, para evitar o efeito tesoura a empresa deve planejar a evolução

do Saldo de Tesouraria, que depende de variáveis que afetam o Autofinanciamento,

a Necessidade de Capital de Giro e o Capital de Giro. Fazendo com que o

Autofinanciamento seja suficiente, pelo menos, para financiar os aumentos da NCG.

Considerações sobre o Modelo Dinâmico de Análise