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Modelagem computacional do golpe de arete em condutos plsticosComputational modeling of water hammer in plastics conduits
Fbio Eduardo Franco Rodrigues Ferreira* Doutorando em Engenharia Civil Recursos Hdricos do Departamento de Engenharia Hidrulica e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Cear. Professor do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Cear (IFCE). Joo Marcelo Costa Barbosa Doutorando em Engenharia Civil Recursos Hdricos do Departamento de Engenharia Hidrulica e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Cear. Marco Aurlio Holanda de Castro Ph.D. em Engenharia pela Drexel University (1994). Professor titular do Departamento de Engenharia Hidrulica e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Cear. Membro associado da Associao Brasileira de Recursos Hdricos (ABRH). * Endereo para correspondncia: Rua: Holanda, 183. Maraponga, Fortaleza -CE.
Data de entrada: 25/01/2015
Data de aprovao: 03/07/2015
Fbio Eduardo Franco Rodrigues Ferreira | Joo Marcelo Costa Barbosa | Marco Aurlio Holanda de Castro DOI 10.4322/dae.2015.008
ResumoO dimensionamento impreciso de condutos plsticos de aduo torna o sistema vulnervel ao golpe de are-
te. O emprego de modelos mais precisos para a descrio do comportamento dos condutos conduz a melho-
rias sensveis no seu dimensionamento. Assim, esta pesquisa prope uma adaptao do modelo viscoelstico
a condutos pressurizados sujeitos a transientes gerados por falha no bombeamento. O modelo foi implemen-
tado, para fins de teste, em um mdulo computacional, utilizado para simulao do golpe de arete em adu-
toras. As simulaes foram realizadas em uma adutora hipottica composta por um conjunto motobomba a
montante e um reservatrio a jusante, com condutos de material PVC. Os resultados confirmaram os efei-
tos esperados de atenuao e disperso da onda de presso, indicando que previses com base no modelo
viscoelstico resultam em um dimensionamento economicamente menos dispendioso.
Palavras-chave: Golpe de arete. Interrupo no bombeamento. Viscoelasticidade.
AbstractThe inaccurate sizing of plastic conduits of adduction makes the system vulnerable to the water hammer. The use
of more accurate models for the description of the performance of conduits conduces to significant improve-
ments in its sizing. Thus, this research proposes an adaptation of the viscoelastic model to pressurized conduits
exposed to transients generated by pump failure. For testing purposes, the model was implemented in a compu-
tational module, used for simulation of water hammer in adductors. The simulations were performed under a
hypothetical adductor composed by an upstream pump, a downstream reservoir and conduits of PVC material.
The results confirmed the expected effects of attenuation and dispersion of the pressure wave, indicating that
the predictions based on viscoelastic model results in an economically less expensive sizing.
Keywords: Water hammer. Pump shutdown. Viscoelasticity.
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artigos tcnicos
maio agosto 2016
http://doi.editoracubo.com.br/10.4322/dae.2014.149
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IntRoduoOs sistemas de abastecimento de gua possuem
um papel fundamental na melhoria de aspectos
sociais, sanitrios e econmicos. Entre seus ele-
mentos constituintes, destacam-se os equipa-
mentos e instalaes de aduo, que so de suma
importncia, pois conduzem a gua para as uni-
dades que precedem a rede de distribuio. Algu-
mas instalaes de aduo funcionam com base
na operao de Estaes Elevatrias de gua
(EEAs), seja para transportar gua de um ponto de
cota mais baixa para outro de cota mais elevada,
seja para aumento de vazo em adutoras por gra-
vidade. Nesses casos, so empregados conjuntos
motobombas e o escoamento fica sujeito s con-
dies de bombeamento.
A ocorrncia de perturbaes nesses escoamen-
tos, como acionamento ou desligamento de bom-
bas, produz os fluxos no permanentes. Esses
fluxos so caracterizados por variaes temporais
e espaciais na velocidade e presso do fluido. Um
tipo especial de escoamento no permanente
aquele localizado temporalmente entre dois regi-
mes permanentes. Esse tipo de escoamento inter-
medirio denominado transiente.
O transiente hidrulico descrito matematica-
mente por meio das equaes de continuidade e
momento, porm no existe ainda uma formula-
o que modele com total preciso os dados ob-
servados. Isso se deve s simplificaes inerentes
ao equacionamento e aos esquemas numricos
utilizados para obteno de solues. No que diz
respeito ao equacionamento, pode-se destacar a
simplificao relativa ao comportamento mecni-
co das paredes dos condutos sob presso. A abor-
dagem clssica, denominada modelo da coluna
elstica, considera que o material do tubo possui
comportamento mecnico elstico linear (CHAU-
DHRY, 1987; WYLIE; STREETER, 1978), ou seja, a
energia mecnica do slido se conserva durante
a deformao e a tenso e a deformao esto
relacionadas mediante uma equao linear. Essa
aproximao satisfatria para tubos de metal
e concreto. Entretanto, conforme atestam Rieu-
tord e Blanchard (1979), Gally, Gney e Rieutord
(1979), Ramos et al. (2004), Covas et al. (2005) e
Stephens, Simpson e Lambert (2007), ela impre-
cisa na descrio do comportamento mecnico
de condutos plsticos como o polietileno e o PVC,
durante o transiente hidrulico. Essa impreciso
resulta em dimensionamentos incorretos dos dis-
positivos atenuadores do golpe de arete, aumen-
tando as probabilidades de incidentes provocados
por eventos transitrios. Em consequncia, o sis-
tema de abastecimento fica sujeito a interrupes
no fornecimento de gua, prejudicando a manu-
teno da cadeia produtiva e da sade pblica.
Com o objetivo de obter solues adequadas a
esse problema, Ramos et al. (2004), Covas et al.
(2005), Stephens, Simpson e Lambert (2007), Soa-
res (2007) e Soares, Covas e Carrio (2012) utili-
zaram o modelo viscoelstico linear para condu-
tos plsticos e obtiveram resultados satisfatrios
para o caso de transientes provocados por fecha-
mento de vlvula. Nesses casos, lograram xito ao
incorporar ao modelo hidromecnico os efeitos
de disperso e amortecimento da onda de pres-
so, caractersticos dos dados experimentais ob-
servados. Contudo, no contemplaram o caso dos
transientes provocados por falhas no conjunto
motobomba, em adutoras de recalque. impor-
tante frisar que nesses tipos de evento transiente,
a primeira onda de presso negativa, devido ao
decrscimo de vazo, e se propaga na direo de
jusante, na linha de descarga, diferentemente dos
cenrios de fechamento de vlvula, em que a pri-
meira onda de presso positiva, devido redu-
o da velocidade prximo vlvula, e se propaga
a partir dela (CHAUDHRY, 1987).
De modo geral, os resultados e simulaes so es-
cassos para os cenrios de desligamento de bom-
ba. Assim, o artigo visa avaliao e delimitao
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do campo de validade do modelo viscoelstico
linear em transientes provocados por interrupo
no bombeamento.
MetodologIAA pesquisa foi realizada em trs etapas. Na pri-
meira, o modelo viscoelstico linear foi incorpo-
rado ao modelo clssico da coluna elstica pela
introduo da deformao lenta na equao da
continuidade deste modelo. As expresses para
carga, vazo e deformao lenta foram obtidas
com base nas equaes diferenciais de momento
e continuidade por meio do emprego de mtodos
de diferenas finitas e integrao numrica.
Na segunda etapa, foi desenvolvida uma rotina
computacional, escrita em linguagem Visual Ba-
sic, para automatizao dos processos de simu-
lao do transiente hidrulico com a considera-
o do comportamento viscoelstico linear em
condutos. A rotina foi elaborada em um mdulo
computacional, utilizado para simulao do golpe
de arete em adutoras. No mdulo, j constava o
algoritmo baseado no modelo da coluna elstica,
ento se estabeleceu uma integrao entre a ro-
tina do modelo viscoelstico e a rotina do modelo
da coluna elstica, com a finalidade de evitar a re-
dundncia na codificao e tornar o mdulo mais
eficiente. Em adio, foram implementadas roti-
nas para a integrao do modelo viscoelstico aos
algoritmos associados aos seguintes dispositivos
de alvio do golpe de arete: one-way, chamin de
equilbrio e vlvula antecipadora de onda.
Na terceira etapa da pesquisa, foram estabelecidas
simulaes em uma adutora hipottica, denomi-
nada Cui, composta por um conjunto motobom-
ba a montante, um conjunto de condutos de PVC
em srie e um reservatrio a jusante. Nas simula-
es, foram utilizados como referncia os valores
de parmetros viscoelsticos calibrados por Covas
et al. (2003). Como se tratava de uma adutora hi-
pottica, os resultados numricos obtidos com a
considerao do modelo viscoelstico linear foram
comparados com aqueles resultantes do modelo
da coluna elstica. Alm disso, para verificar a ade-
quabilidade do modelo proposto ao sistema hipo-
ttico, partiu-se do pressuposto de que o simulador
hidrulico em transientes produzidos por interrup-
o no bombeamento deveria reproduzir os mes-
mos efeitos de atenuao e disperso da onda de
presso que os observados por Ramos et al. (2004),
Covas et al. (2005), Stephens, Simpson e Lambert
(2007), Soares (2007) e Soares, Covas e Carrio
(2012) em transientes gerados pelo fechamento de
vlvula. Os modelos viscoelstico e elstico tam-
bm foram simulados levando em considerao a
incluso de dispositivos de alvio do golpe de arete
com o one-way, a chamin de equilbrio e a vlvula
antecipadora de onda.
Modelo matemtico
Tradicionalmente, a descrio matemtica do es-
coamento transiente em condutos forados es-
tabelecida por intermdio da considerao de um
conjunto de pressupostos fsicos, denominado mo-
delo da coluna elstica. Essa abordagem consiste
em considerar as paredes do conduto linearmente
elsticas. Trata-se de um modelo unidimensional
em que a dissipao de energia expressa por meio
de uma formulao quase permanente.
A descrio do escoamento transiente feita em
termos das equaes de momento e continuidade:
(Equao 1)
(Equao 2)
Em que: Q indica a vazo atravs do conduto ([L].
[t]-1); t o tempo, medido a partir do incio do
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evento transiente ([t]); g a acelerao da gra-
vidade ([L].[t]-2); A a rea da seo transversal
([L]); H representa a cota piezomtrica ([L]); x re-
presenta a distncia coordenada ao longo do eixo
do tubo a partir de uma origem arbitrria ([L]); f o
fator de atrito de Darcy-Weisbach (adimensional);
D o dimetro do tubo circular ([L]); a representa a
celeridade da onda de presso ([L].[t]-1) .
Essas equaes podem ser convertidas em equa-
es diferenciais ordinrias, sujeitas a restries,
por meio da aplicao do mtodo das caracte-
rsticas. Nesse mtodo numrico, as equaes
de continuidade e momento so primeiramente
convertidas em equaes diferenciais ordinrias
e depois resolvidas por uma tcnica de diferenas
finitas explcita.
(Equao 3)
(Equao 4)
Segundo Chaudhry (1979), a hiptese de compor-
tamento elstico linear vlida para alguns tipos
de conduto, como os feitos de metal ou concre-
to. Por outro lado, alguns pesquisadores (COVAS,
2005; SOARES, 2007) tm mostrado que a formu-
lao elstica no produz resultados muito preci-
sos para transientes em condutos plsticos ou vis-
coelsticos. Esse tipo de material representa uma
situao intermediria entre slidos elsticos e
fluidos viscosos.
Em um slido viscoelstico, a deformao total
dada pela soma de duas parcelas, a deformao
elstica instantnea e a deformao lenta. A de-
formao lenta est relacionada fluncia, que
corresponde razo entre deformao e tenso,
e explicada pelo princpio da superposio de
Boltzman, o qual est pautado na ideia de que a
tenso aplicada em cada instante tem uma con-
tribuio independente na deformao final, de
modo que a deformao total pode ser obtida
como a integral de todas as contribuies diferen-
ciais. Alm disso, de acordo com esse princpio, a
fluncia funo do histrico de carregamento da
amostra. Dessa forma, a deformao total dada
em um tempo t :
(Equao 5)
Em que: J(t) a funo fluncia do slido viscoels-
tico ([L]2[F]-1); a tenso aplicada no slido vis-coelstico ([F][L]-2); (t) a deformao associada tenso aplicada (adimensional); J
0 o coeficien-
te de fluncia elstico ([L]2[F]-1).
A funo fluncia, nesse caso, define o peso ou
importncia de cada tenso incremental no cl-
culo da deformao. A primeira parcela do segun-
do membro representa a deformao instantnea
e a segunda, a deformao lenta.
Para a avaliao da integral de convoluo expli-
citada na Equao 5, necessria a definio de
uma expresso analtica para a funo fluncia.
Essa expresso estabelecida pelo modelo vis-
coelstico de Kelvin-Voigt generalizado, que tem
validade assegurada para slidos viscoelsticos,
entre os quais se enquadram o PVC e o polietileno
em condies normais de temperatura. De acor-
do com o modelo generalizado de Kelvin-Voigt,
o comportamento mecnico de um material vis-
coelstico equivalente ao do sistema de molas
e amortecedores representado pela Figura 1. As
molas tm massas desprezveis e satisfazem lei
de Hooke e os amortecedores esto sujeitos ao
comportamento mecnico descrito pela lei da vis-
cosidade de Newton.
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O comportamento de fluncia do material des-
crito como um somatrio das funes fluncia de
cada unidade de Kelvin-Voigt (FERRY,1980):
(Equao 6)
Em que: J0 a fluncia do primeiro elemento mola
definida por J0 = 1/E
0 ([L]2[F]-1); J
k a fluncia da
mola do k-simo elemento de Kelvin-Voigt defini-
da por Jk = 1/E
k ([L]2[F]-1); E
k o mdulo de elastici-
dade da mola do k-simo elemento ([F].[L]-2); k o
tempo de relaxamento do amortecedor no k-si-
mo elemento ([t]); k a viscosidade do amortece-
dor no k-simo elemento ([F][t][L]-2). Os parme-
tros Jk
e k da funo fluncia no so conhecidos
a priori e podem ser determinados experimental-
mente em um teste mecnico independente ou
calibrados por meio de dados transientes.
Figura 1 Modelo generalizado de Kelvin-Voigt para um slido viscoelstico.
Considerando a tenso circunferencial
(CHAUDRY, 1987; WYLIE; STREE-
TER, 1978), a equao de deformao para um
conduto circular pode ser explicitada como:
(Equao 7)
Em que: J0 a funo fluncia instantnea ([L]2[F]-1);
J(t) a funo fluncia no tempo t ([L]2[F]-1); (t) e
0 so os coeficientes de ancoragem nos tempos t
e t = 0, respectivamente (adimensional); D o di-
metro interno do tubo ([L]); e a espessura da pa-
rede do conduto ([L]); a variao da presso
interna ([F][L]-2).
A considerao da deformao lenta resulta em
uma reformulao da equao da continuidade,
que deve ser deduzida novamente a partir do teo-
rema de transporte de Reynolds. As equaes de
continuidade e momento resultantes so trans-
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formadas em equaes diferenciais ordinrias
pelo mtodo das caractersticas:
(Equao 8)
(Equao 9)
Em que: r a deformao lenta do material do
conduto (adimensional).
Esse mtodo de diferenas finitas no permite o
clculo direto da taxa de variao da deformao
lenta, exigindo uma discretizao numrica
adicional. A discretizao da derivada da
deformao lenta depende do estabelecimento
de uma relao funcional entre a deformao
lenta e as variveis e parmetros apresentados na
Equao 7. A derivada da deformao lenta ob-
tida pela derivao da segunda parcela da mesma
equao. J a deformao lenta e sua taxa de va-
riao so fornecidas pelas expresses:
(Equao 10)
(Equao 11)
Em que: r (i, t) a deformao lenta de um ele-
mento de Kelvin-Voigt para um dado trecho, em
um passo de tempo (adimensional). A funo F(i,t)
definida por:
(Equao 12)
Em que: o peso especfico do fluido ([F].[L]-3).
A diferenciao analtica da Equao 10, para
cada elemento de Kelvin-Voigt, resulta na relao:
(Equao 13)
A partir da, faz-se necessria a utilizao de al-
gum esquema numrico para a determinao da
deformao lenta para cada elemento de Kelvin-
Voigt. Covas et al. (2005) empregam algumas ma-
nipulaes analticas e integrao numrica para
determinar recursivamente a deformao lenta
de um elemento de Kelvin-Voigt:
(Equao 14)
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Assim, a derivada da deformao lenta para cada
elemento de Kelvin-Voigt calculada iterativa-
mente por meio da Equao 14. A deformao
lenta nas equaes caractersticas calculada
pela soma das taxas de variao das deformaes
lentas de cada elemento dadas pela Equao 11.
SIMulAeS e ReSultAdoSAs simulaes foram realizadas em um mdu-
lo computacional denominado UFC6, utilizado
para simulao do golpe de arete em adutoras.
Utilizou-se um sistema hipottico, denominado
adutora Cui, composto por um conjunto moto-
bomba na extremidade de montante, um perfil de
sete trechos de tubulao de PVC DeFofo dispos-
tos em srie, perfazendo um total de 1.770 m de
comprimento, e um reservatrio na extremidade
de jusante em nvel constante. Os dados utilizados
para a bomba, gerados pelo mdulo UFC6, esto
dispostos na Figura 2, apresentada a seguir.
Figura 2 Dados da bomba utilizados no sistema hipottico.
Foram empregados, para a descrio das proprie-
dades geomtricas e mecnicas da tubulao, os
valores explicitados na Tabela 1.
Tabela 1 Propriedades geomtricas e mecnicas da tubulao.
Dimetro interno (mm)
Espessura (mm)
Rugosidade (mm)
Mdulo de elasticidade
(GPa)
Coeficiente de Poisson
Presso de
servio (mca)
299,8 13,1 0,0015 3,0 0,38 100
Na Tabela 2, so mostrados os dados referentes
ao perfil da adutora, comprimento de cada trecho,
tipo de ancoragem e tipo de material. O tipo de
ancoragem designado por 1 indica que os
condutos esto ancorados de modo que no haja
movimento longitudinal. O tipo de material repre-
sentado por 4 indica que os condutos so feitos
de material PVC DeFofo.
Tabela 2 Dados relacionados ao perfil e aos trechos da adutora.
TrechoCota de
montante (m)
Cota de jusante
(m)
Comprimento (m)
Tipo de ancoragem
Tipo de material
1 3,61 2,5 200 1 4
2 2,5 11 500 1 4
3 11 8 430 1 4
4 8 27,69 60 1 4
5 27,69 37,8 110 1 4
6 37,8 39,35 50 1 4
7 39,35 40 420 1 4
Nas Figuras 3 a 7, estabeleceu-se uma compa-
rao entre o modelo viscoelstico e o modelo
elstico no sistema de aduo por recalque hipo-
ttico. Os modelos simulados incluem rotinas que
envolvem os seguintes dispositivos de atenuao
do golpe de arete: one-way, chamin de equilbrio
e vlvula antecipadora de onda.
Para a determinao de um mecanismo de alvio
adequado a um sistema hidrulico e para o di-
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mensionamento eficaz desse dispositivo, neces-
srio que o modelador avalie o comportamento
da onda de presso no sistema sem mecanismo
de proteo. A onda de presso avaliada em um
n representativo da adutora. Em adutoras por
recalque, esse n encontra-se prximo bomba.
Os efeitos do transiente produzido por falha no
funcionamento da bomba para a adutora Cui so
apresentados na Figura 3.
Verifica-se que o modelo viscoelstico reproduz os
efeitos de atenuao e disperso da onda de pres-
Figura 3 Carga no n 1: resultados numricos para os modelos elstico e viscoelstico.
so. Trabalha-se com a hiptese de que, em um
sistema real, os dados de carga apresentam esse
tipo de comportamento, uma vez que, no modelo
da coluna elstica, so feitas algumas hipteses
simplificadoras acerca da perda de energia.
Na Figura 4, so apresentadas as envoltrias
mximas e mnimas considerando os modelos
elstico e viscoelstico. importante perceber
que os valores de carga mnima e mxima devem
mudar e, com isso, o dimensionamento de alguns
dispositivos de atenuao do golpe de arete.
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Considerando a insero de dispositivos de ate-
nuao do golpe de arete, os modelos elstico e
viscoelstico foram comparados para os seguintes
casos: adutora com tanque de alimentao unidi-
Figura 4 Grfico das envoltrias mximas e mnimas: comparao entre os modelos elstico e viscoelstico sem mecanismo de proteo contra o golpe de arete.
Tabela 3 Dados de entrada para o dispositivo one-way.
Dados do one-way Dados do tubo de ligao
Dimetro (m) Nvel de gua inicial
(m)
Dimetro (mm)
Coeficiente de perda
localizada
1,50 10,00 300 2,50
recional (one-way), adutora com chamin de equi-
lbrio e adutora com instalao de vlvula anteci-
padora de onda. Os dados de entrada para esses
dispositivos so apresentados nas Tabelas 3, 4 e 5:
Tabela 4 Dados de entrada para o dispositivo chamin de equilbrio.
Dados da chamin de equilbrio Dados do tubo de ligao
Dimetro (m) Nvel de gua inicial (m)
Dimetro (mm)
Coeficiente de perda na
entrada
2,00 10,00 300 1,00
Tabela 5 Dados de entrada para o dispositivo vlvula antecipadora de onda.
Funo de alvio Funo antecipadora de onda Dados da tubulao
Presso mxima de regulagem
(mca)
Presso mnima de regulagem (mca)
Tempo inicial de abertura da
vlvula (s)
Intervalo do tempo de abertura
da vlvula (s)
Intervalo do tempo de
permanncia da vlvula (s)
Intervalo do tempo de
fechamento da vlvula (s)
Dimetro nominal (mm)
58,48 26,58 10,71 1,30 1,00 30,00 75
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Figura 5 Dados das envoltrias mximas e mnimas: comparao entre os modelos elstico e viscoelstico considerando a utilizao do one-way.
Figura 6 Grfico das envoltrias mximas e mnimas: comparao entre os modelos elstico e viscoelstico considerando a utilizao da chamin de equilbrio.
Nas Figuras 5 a 7, estabelece-se um paralelo en-
tre os resultados da simulao para os modelos
elstico e viscoelstico com proteo de um dado
dispositivo de alvio. So apresentadas compara-
es entre os dois modelos de simulao, consi-
derando a instalao do one-way, da chamin de
equilbrio e da vlvula antecipadora de onda, res-
pectivamente. O one-way e a chamin de equil-
brio so inseridos no n 6 e a vlvula antecipadora
de onda, no n 2 a montante do conjunto moto-
bomba, localizado no ponto de referncia para
a distncia horizontal. A linha pontilhada indica
a utilizao do modelo elstico e a linha cheia, a
utilizao do modelo viscoelstico.
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Observa-se, em todos os casos, uma atenuao
mais acentuada na envoltria mxima para o mo-
delo viscoelstico. Tambm fica evidente o efeito
de disperso, observado pelo deslocamento late-
ral da envoltria mxima. Pode-se constatar que
a hiptese proposta para o comportamento da
onda de presso em tubos plsticos se confirma
nas simulaes.
ConCluSeS e ReCoMendAeS Foi elaborado um cdigo computacional para si-
mulao de transientes hidrulicos em condutos
plsticos, produzidos por falha no bombeamento
em sistemas de aduo por recalque. As rotinas
foram implementadas no mdulo computacional
UFC6, utilizado para simulao do golpe de arete
em adutoras.
No algoritmo de avaliao hidrulica, as equa-
es diferenciais parciais representativas do es-
Figura 7 Grficos das envoltrias mximas e mnimas: comparao entre os modelos elstico e viscoelstico considerando a utilizao da vlvula antecipadora de onda.
coamento transitrio em condutos pressurizados
foram resolvidas pelo mtodo das caractersticas.
O simulador hidrulico foi objeto de testes em um
sistema hipottico composto por um conjunto
motobomba a montante e um reservatrio a ju-
sante, com condutos de material PVC e transiente
gerado pela interrupo do bombeamento. Alm
disso, foram realizadas simulaes levando em
considerao a incluso de dispositivos de ate-
nuao do golpe de arete.
A formulao viscoelstica conseguiu reproduzir,
em um cenrio de falha no bombeamento, efeitos
de atenuao e disperso da onda de presso simi-
lares aos observados por Ramos et al. (2004), Covas
et al. (2005), Stephens, Simpson e Lambert (2007),
Soares (2007) e Soares, Covas e Carrio (2012) em
transientes gerados pelo fechamento de vlvula.
Entretanto, para as condies de escoamento ana-
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lisadas, as diferenas entre os modelos elstico e
viscoelstico no foram significativas.
Para pesquisas futuras, prope-se a utilizao de
um sistema de aduo experimental ou de cam-
po, com vistas avaliao da preciso do mode-
lo viscoelstico em relao ao modelo da coluna
elstica, como tambm a comparao entre esses
modelos e os dados experimentais considerando
variados regimes de escoamento no sistema de
recalque, de modo a verificar se as diferenas en-
tre os modelos esto dentro dos intervalos previs-
tos por coeficientes de segurana do projeto.
Outra proposta de trabalho futuro estender a
anlise para elementos de topologia mais comple-
xa, como as redes de distribuio, componentes do
sistema de abastecimento de gua. Nesse contex-
to, sugere-se tambm a considerao de transien-
tes provocados por falha no bombeamento.
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artigos tcnicos
maio agosto 2016