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A Confirmação faz parte do grupo de Sacramentos incluídos no itinerário de Iniciação Cristã (cf. tema 7). A primei- ra abordagem deste sacramento rela- ciona-o com o dom do Espírito Santo. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Atos dos Apóstolos 8, 14-17; Cate- cismo da Igreja Católica (CIC), números 1285 a 1292] «Recebiam o Espírito Santo» — relata o livro dos Atos dos Apóstolos referindo- se aos habitantes da Samaria. A ação evangelizadora é desenvolvida, em pri- meiro lugar, por Filipe (cf. Atos 8, 5) e depois pelos apóstolos Pedro e João. O primeiro anúncio foi bem recebido: «as multidões aderiam unanimemente à pregação de Filipe» (Atos 8, 6). Segue- se uma segunda intervenção a cargo de duas das primeiras testemunhas do Ressuscitado: Pedro e João. Estes, mediante a imposição das mãos, co- municam o dom do Espírito Santo às pessoas que Filipe tinha batizado. — mistério da [12] |Confirmação: dom do Espírito Santo Confirmação. «A Confirmação comple- ta a graça batismal; ela é o sacramen- to que dá o Espírito Santo» (CIC 1316). Esta afirmação demonstra a íntima liga- ção que existe entre o sacramento do Batismo e o sacramento da Confirma- ção. Aliás, em grande parte dos textos do Novo Testamento, não se faz uma distinção explícita entre um e outro. Há apenas dois relatos no livro dos Atos dos Apóstolos em que são apresenta- dos em dois momentos diferenciados, embora complementares (cf. Atos 8, 15; 19, 6). «Muitos pensam que a Con- firmação equivale a ‘assumir conscien- temente o Batismo’. Esta afirmação não é verdadeira. Se fosse simplesmente assumir o compromisso batismal, não seria Sacramento. Existe algo de mais profundo nela. E é esse algo mais pro- fundo que a torna Sacramento (sinal de salvação)» (José Bortolini, «Os Sacra- mentos na tua vida», São Paulo, Lisboa 1995, 39). www.laboratoriodafe.net

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A Confirmação faz parte do grupo de Sacramentos incluídos no itinerário de Iniciação Cristã (cf. tema 7). A primei-ra abordagem deste sacramento rela-ciona-o com o dom do Espírito Santo. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Atos dos Apóstolos 8, 14-17; Cate-cismo da Igreja Católica (CIC), números 1285 a 1292]«Recebiam o Espírito Santo» — relata o livro dos Atos dos Apóstolos referindo-se aos habitantes da Samaria. A ação evangelizadora é desenvolvida, em pri-meiro lugar, por Filipe (cf. Atos 8, 5) e depois pelos apóstolos Pedro e João. O primeiro anúncio foi bem recebido: «as multidões aderiam unanimemente à pregação de Filipe» (Atos 8, 6). Segue-se uma segunda intervenção a cargo de duas das primeiras testemunhas do Ressuscitado: Pedro e João. Estes, mediante a imposição das mãos, co-municam o dom do Espírito Santo às pessoas que Filipe tinha batizado.

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|Confirmação:dom do EspíritoSanto

Confirmação. «A Confirmação comple-ta a graça batismal; ela é o sacramen-to que dá o Espírito Santo» (CIC 1316). Esta afirmação demonstra a íntima liga-ção que existe entre o sacramento do Batismo e o sacramento da Confirma-ção. Aliás, em grande parte dos textos do Novo Testamento, não se faz uma distinção explícita entre um e outro. Há apenas dois relatos no livro dos Atos dos Apóstolos em que são apresenta-dos em dois momentos diferenciados, embora complementares (cf. Atos 8, 15; 19, 6). «Muitos pensam que a Con-firmação equivale a ‘assumir conscien-temente o Batismo’. Esta afirmação não é verdadeira. Se fosse simplesmente assumir o compromisso batismal, não seria Sacramento. Existe algo de mais profundo nela. E é esse algo mais pro-fundo que a torna Sacramento (sinal de salvação)» (José Bortolini, «Os Sacra-mentos na tua vida», São Paulo, Lisboa 1995, 39).

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Dom. Na Confirmação, o Espírito Santo é comunicado como um dom, um pre-sente de Deus, para o crescimento es-piritual do ser humano. O Espírito Santo é um «presente» (dom) que o Pai faz, a pedido de Jesus; é um presente gratui-to que Jesus prometeu aos Apóstolos e à Igreja. (cf. José Bortolini..., 41). Pela Confirmação, aqueles e aquelas que fo-ram batizados «são mais perfeitamente vinculados à Igreja, enriquecidos com uma força especial do Espírito Santo» (Constituição Dogmática sobre a Igreja — «Lumen Gentium», 11). Espírito Santo. O Espírito Santo é a Ter-ceira Pessoa da Santíssima Trindade, é o «Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas» — assim é definido no artigo do Credo niceno-constantinopo-litano. O Catecismo da Igreja Católica, além da parte correspondente ao Credo — «Creio no Espírito Santo» (CIC 683-747) [a explicação deste tema está publicada no «Laboratório da fé»: www.laboratoriodafe.net/estaeanossafe] —, possui também uma secção sobre «o Espírito Santo e a Igreja, na Liturgia» (CIC 1091-1112) onde se apresenta a ação do Espírito no contexto sacramental: «é Ele quem prepara para receber Cristo, quem traz continuamente à memória dos crentes o que Cristo ensinou, e quem atualiza o seu mistério salvador da Páscoa. É Ele quem, invocado pela Igreja em oração de epiclese — sobre a água, os óleos, o pão e o vinho, os

ordenandos, os doentes, os noivos —, dá eficácia a todos os sacramentos. [...] Na Confirmação, recebe-se como o melhor dom do Senhor Ressuscita-do» (José Aldazábal, «Dicionário Ele-mentar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 109). Apesar desta importância, agora mais reconhecida explicitamente, o Espírito Santo foi es-quecido durante muito tempo na abor-dagem católica. E muito menos ainda se desenvolveu uma relação pessoal com Ele. Mas o facto de o Espírito San-to ser um «desconhecido» para muitos católicos, não significa que não tenha eficácia. «Quando um treinador manda um jogador de futebol para o campo, põe-lhe a mão sobre o ombro e dá-lhe as últimas instruções. Assim também se pode compreender a Confirmação. É-nos posta a mão, entramos em cam-po da vida. Pelo Espírito Santo, sabe-mos o que temos a fazer; Ele motivou--nos até à ponta dos cabelos; o Seu envio ressoa-nos no ouvido; sentimos a sua ajuda; não frustraremos a Sua confiança e decidiremos o jogo por Ele; agora, é só ter vontade e escutá-l’O» (Catecismo Jovem da Igreja Católica [YOUCAT], 203).«Mas não haverá alguma experiência do Espírito Santo? Não haverá algum dado ou prova na vida das pessoas de que a graça de Deus está em ação?» (Timothy Radcliffe, «Imersos na vida de Deus. Viver o Batismo e a Confir-mação, Paulinas Editora, Prior Velho 2013, 293).

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«O candidato à Confirmação, que atin-giu a idade da razão, deve professar a fé [...] e estar preparado para assumir o seu papel de discípulo e testemunha de Cristo» — diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), no número 1319. O sa-cramento da Confirmação tem entre os seus «efeitos» a proclamação pública da fé cristã, o compromisso de profes-sar a fé em todos os âmbitos da vida. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Isaías 61, 1-3; Catecismo da Igreja Católica, números 1302 a 1305]«Enviou-me para levar a boa nova» — relata o livro de Isaías, depois de afir-mar a presença do Espírito. A missão do profeta é anunciar ao povo a alegria da restauração de Israel e o regresso do exílio. Os destinatários são os que sofrem, os desesperados, os exilados, os prisioneiros, os tristes, os aflitos. A mensagem é uma «Boa Nova», um «Evangelho»: o profeta anuncia um ano da graça, um tempo de alegria e de

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|Confirmação:profissão de fé

liberdade. Mais tarde, o próprio Jesus Cristo revê-se neste texto, de acordo com o relato do evangelho segundo Lu-cas (4, 14-21). Jesus Cristo confirma a palavra do profeta tornando atual a sua mensagem: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura». A afirma-ção fixa-se no hoje: a finalidade é que os ouvintes deem conta de que estão a viver um tempo de graça. O hoje inau-gura o tempo da salvação. Neste senti-do, também podemos aplicar este texto aos cristãos confirmados na fé. O con-firmado recebe o dom do Espírito San-to, é ungido, é enviado para viver e tes-temunhar a fé em Jesus Cristo. «Como os profetas do Antigo Testamento rece-biam a força do Espírito de Deus para cumprir a missão (cf. Isaías 40 e 61); como Cristo, no Jordão, ao sair da água batismal, ouviu a voz do Pai e recebeu a força do Espírito para começar a sua missão; como a comunidade apostóli-ca, nascida da Páscoa de Cristo, ouviu

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a voz do Pai e recebeu a força do Espíri-to para começar a sua missão, assim o cristão, na Confirmação, vê completada e levada à plenitude a graça batismal com este novo dom do Espírito para a vivência da sua fé e para a sua mis-são dentro da Igreja e do mundo» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Li-turgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 80).Confirmação. O nome de «Confirma-ção» atribuído a este sacramento apa-rece no século V. Fausto de Riez, bispo galês, que viveu entre 405 e 490, terá sido um dos primeiros a utilizar esta ter-minologia. Durante os primeiros sécu-los da Igreja, o Batismo e a Confirmação fazem parte do mesmo «ritual» sacra-mental da Iniciação Cristã que ocorria durante a Vigília Pascal. A partir do sé-culo IV, o cristianismo alarga geografica-mente os seus horizontes (constituição de pároquias nos ambientes rurais) e estabelece-se o costume de batizar os recém-nascidos. «Duas evoluções que impedem o bispo de presidir a todos os batismos na Vigília Pascal e que levam à nomeação de padres para presidirem aos destinos das novas comunidades locais» (AA. VV., «Preparar, celebrar e viver a Confirmação», Difusora Bíblica, Fátima 1997, 22). No Oriente, man-teve-se a prática dos Sacramentos da Iniciação Cristã numa única celebração. «No Ocidente, porque se desejava re-servar ao bispo completar o Batismo, instaurou-se a separação no tempo, dos dois sacramentos» (CIC 1290).

Profissão de fé. Os cristãos, «pelo sa-cramento da Confirmação, [...] ficam obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras como verdadeiras testemunhas de Cristo» (Constituição Dogmática sobre a Igreja — «Lumen Gentium», 11). Esta afirmação do II Concílio do Vaticano resume o essen-cial do compromisso cristão que o Ca-tecismo da Igreja Católica apresenta como «efeitos» da Confirmação. «Ser confirmado significa fazer um acordo com Deus. O confirmando diz: sim, eu creio em Ti, meu Deus; dá-me o Teu Espírito Santo, para que eu Te pertença totalmente, nunca me separe de Ti e Te testemunhe com o corpo e com a alma, durante toda a minha vida, em obras e palavras, em bons e maus dias! E Deus diz: sim, Eu também creio em ti, Meu filho, e te darei o Meu Es-pírito e até a Mim mesmo; pertencer--te-ei totalmente; nunca Me separarei de ti, nesta e na vida eterna; estarei no teu corpo e na tua alma, nas tuas obras e nas tuas palavras; mesmo que Me esqueças, estarei sempre aqui, em bons e maus dias» (Catecismo Jovem da Igreja Católica [YOUCAT], 205).Na sequência do Ano da Fé proclamado pelo papa Bento XVI (outubro de 2012 a novembro de 2013), no contexto da chamada «nova evangelização», a re-flexão sobre o sacramento da Confir-mação deve questionar-nos, conscien-cializar-nos e comprometer-nos com o anúncio e o testemunho do Evangelho: enviados para levar a boa nova.

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A Confirmação associa a si aspetos que devem ser tidos em conta, na pre-paração, na celebração e até depois da celebração. Quem, como, quando e onde — são questões que sintetizam alguns desses pontos. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Atos dos Apóstolos 19, 1-7; Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1297 a 1301 e 1306 a 1314]«Recebeste o Espírito Santo quando abraçastes a fé?» — pergunta Paulo ao chegar a Éfeso, segundo o relato dos Atos dos Apóstolos. E, depois de ce-lebrar o Batismo «em nome do Senhor Jesus», Paulo impôs-lhes as mãos e «o Espírito Santo desceu sobre eles». Embora não se fale especificamente da Confirmação, a Igreja lê nestes relatos, o fundamento bíblico do Sacramento. «Aqueles que então acreditaram na pregação apostólica, e se fizeram ba-tizar, receberam, por seu turno, o dom do Espírito Santo» (CIC 1287).

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|Confirmação:quem, como,quando e onde?

Quem pode ser confirmado? «Todo o batizado ainda não confirmado pode e deve receber o sacramento da Confir-mação [...], porque, sem a Confirmação e a Eucaristia, o sacramento do Batis-mo é, sem dúvida, válido e eficaz, mas a iniciação cristã fica incompleta» (CIC 1306). Este Sacramento só pode ser celebrado «uma vez na vida», porque imprime, no cristão, «um sinal espiritual ou carácter indelével» (CIC 1317).Quem pode confirmar? «O Sacramento da Confirmação é normalmente presidi-do pelo bispo. Por razões pastorais, o bispo pode incumbir determinado sa-cerdote de o celebrar. Em caso de mor-te, qualquer sacerdote o pode fazer» (Catecismo Jovem da Igreja Católica [YOUCAT], 207).Como é celebrada a confirmação? A Igreja prevê duas possibilidades relacio-nadas com a idade da celebração do Batismo. Quando se celebra o Batismo em criança (nos primeiros anos de vida

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ou nas crianças e adolescentes em idade de catequese — cf. tema 10), o Sacramento da Confirmação inclui a re-novação das promessas do Batismo e a profissão de fé. «Assim se evidencia cla-ramente que a Confirmação se situa na continuação do Batismo» (CIC 1298). No caso de se tratar de jovens ou adultos ainda não batizados, faz-se de acordo com o Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA), que inclui os três Sacramentos da Iniciação Cristã numa única celebração, normalmente na Vi-gília Pascal: Batismo, Eucaristia, Confir-mação (cf. tema 7). Em qualquer dos casos, existe uma parte comum à ce-lebração da Confirmação: a imposição das mãos com a invocação do Espírito Santo sobre os confirmandos; a unção com o óleo do santo crisma na fronte acompanhada das palavras: «[Nome de batismo] recebe por este sinal o Espíri-to Santo, o Dom de Deus»; o ósculo da paz. A explicação destes sinais e símbo-los será apresentada no próximo tema.Quando se pode confirmar? O Código de Direito Canónico (891) refere a «idade da discrição» como momento adequa-do para a celebração da Confirmação. O Ritual aponta uma idade próxima dos «sete anos». Mas acrescenta: «Todavia, por motivos pastorais, sobretudo para inculcar na vida dos fiéis um sentido mais profundo da plena adesão a Cristo Senhor e de firme testemunho dos cris-tãos, as Conferências Episcopais podem determinar outra idade que pareça mais adequada, de maneira que este sacra-

mento seja conferido em idade mais adulta, depois de conveniente prepa-ração» (Ritual da Confirmação. Prelimi-nares, 11). Em Portugal, seguindo o plano de catequese da infância e ado-lescência, a idade para a Confirmação situa-se nos 15 ou 16 anos (décimo ano de catequese). Convém esclarecer que «não existe uma idade fixa para se receber a Confirmação. O que se exige do candidato é a maturidade espiritual, isto é, a capacidade de deixar o Espírito Santo agir dentro e fora dele. É um tan-to difícil que haja maturidade espiritual, por exemplo, aos doze anos. Não nos devemos preocupar com a idade que o candidato tem. O que se exige dele é que esteja habilitado a viver para Deus, no Espírito» (José Bortolini, «Os Sacra-mentos na tua vida», São Paulo, Lisboa 1995, 44).Onde se pode confirmar? No caso dos jovens ou adultos (não batizados), que celebram os três Sacramentos da Iniciação Cristã, o lugar aconselhado é a Sé Catedral, durante a Vigília Pascal. Em relação aos adolescentes que já celebraram o Batismo e a Eucaristia, a celebração acontece na igreja paroquial ou numa igreja da zona pastoral.«A força do Espírito não cessa jamais de encher de vida a Igreja. [...] Esta força flui também no nosso íntimo como um rio subterrâneo que alimenta o espírito e nos atrai e aproxima cada vez mais da fonte da nossa verdadeira vida, que é Cristo». (Bento XVI, Homilia a 20 de julho de 2008).

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Os sinais e símbolos (cf. tema 3) ocu-pam um lugar importante no contexto da vida humana; o mesmo acontece no contexto litúrgico. Por isso, dedica-mos este tema à explicação dos sinais e símbolos associados ao Sacramento da Confirmação. [Para ajudar a com-preender melhor, ler: 2Coríntios 1, 18-22; Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1293 a 1301]«Aquele que nos confirma juntamente convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, Ele que nos marcou com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito» — escreve Paulo na Segunda Carta aos Coríntios. Numa si-tuação de crise na comunidade, Paulo invoca o testemunho do próprio Deus; e apresenta a garantia do caminho a seguir: Deus que «dá a unção», marca «com um selo» e oferece o «penhor do Espírito». São três expressões que se podem associar aos Sacramentos, em especial ao Batismo e à Confirmação.

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|Confirmação:sinais e símbolos

Profissão de fé. «Os confirmandos ex-primem a sua adesão a Deus Pai, que se revela e nos salva em Jesus seu Fi-lho e nos faz viver pelo sopro do seu Espírito Santo. Ao mesmo tempo, pro-clama-se a fé dos confirmandos e a fé da Igreja. Não podem estar separadas uma da outra; a palavra pessoal ecoa na palavra da Igreja» (AA. VV., «Preparar, ce-lebrar e viver a Confirmação», Difusora Bíblica, Fátima 1997, 52). [cf. tema 13]Imposição das mãos. «A imposição das mãos não é um gesto mágico, um abracadabra. É um gesto simbólico, mediante o qual se quer comunicar o Espírito Santo ao confirmando. A Igreja usa este gesto porque tem um signi-ficado muito belo ao longo da história do povo de Israel, nas ações de Jesus e na vida da Igreja» (José Bortolini, «Os Sacramentos na tua vida», São Paulo, Lisboa 1995, 47). É, na verdade, um gesto bíblico associado a uma bênção ou consagração. «A Bíblia regista, abun-

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dantemente, o uso do gesto simbólico de impor as mãos – sobretudo a direita – sobre a cabeça de alguém ou sobre um objeto e com sentidos variados: para significar a transmissão de pode-res, a bênção, o perdão, ou a identifi-cação. Jacob impõe as mãos sobre os seus netos para lhes desejar a bênção de Deus (cf. Génesis 48,9-20), Aarão, sobre o povo (cf. Levítico 9, 22), e Moi-sés, sobre o seu sucessor Josué, para lhe transmitir a autoridade e a sabedoria divinas (cf. Deuteronómio 34, 9), ou o sumo-sacerdote sobre o bode, na festa da expiação, para carregar sobre ele os pecados do povo e expulsá-lo para o deserto. Também Jesus abençoa, cura e perdoa com o gesto expressivo da imposição das mãos. E a comunidade cristã utiliza este mesmo gesto para transmitir o Espírito Santo aos batiza-dos (cf. Atos 8, 17 e 19, 6), ou para confiar oficialmente uma missão, como aos diáconos ou a Paulo e Barnabé (cf. Atos 6, 6; 13, 3). [...] Na liturgia, por-tanto, é muito frequente o gesto, que exprime visualmente os dons de Deus e a mediação eclesial» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia», ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 140-141).Crismação. É o «rito essencial da Con-firmação» (CIC 1320). O bispo faz o sinal da cruz na fronte do crismando com o óleo do Crisma. Trata-se de um óleo perfumado benzido pela bispo, na manhã de Quinta-feira Santa, tal como o óleo dos Catecúmenos e da Unção dos Enfermos (cf. tema 11). É «o mais

nobre dos óleos eclesiais: o crisma, uma mistura de azeite de oliveira e com perfumes vegetais. É o óleo da unção sacerdotal e da unção real, un-ções estas que estão ligadas com as grandes tradições de unção da Antiga Aliança. Na Igreja, este óleo serve so-bretudo para a unção na Confirmação e nas Ordens sacras» (Bento XVI, Ho-milia a 21 de abril de 2011). O óleo e o perfume evocam o duplo sentido da Confirmação: «ao ser marcado pela mão do bispo com óleo perfumado, o batizado recebe um carácter indelével, marca do Senhor, juntamente com o dom do Espírito que o configura mais perfeitamente com Cristo e lhe confe-re a graça de difundir entre os homens o ‘bom odor’» (Ritual da Confirmação. Preliminares, 9). De facto, «tal como o perfume penetra o corpo e em se-guida expande a sua fragrância, assim também o Espírito enche o coração do confirmando e em seguida se expan-de através dos seus dons [...], sempre com uma condição: que o confirmando viva do seu sopro!» («Preparar, celebrar e viver a Confirmação»..., 58).Ósculo da paz. «Significa e manifesta a comunhão eclesial com o bispo e com todos os fiéis» (CIC 1301). «Abramos a porta ao Espírito, façamo--nos guiar por Ele, deixemos que a ação contínua de Deus nos torne ho-mens e mulheres novos, animados pelo amor de Deus, que o Espírito San-to nos dá» (Francisco, Homilia de 28 de abril de 2013).