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1 MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA EAD JOGOS E BRINCADEIRAS: o lúdico na educação infantil LUCIENE FELIPE DA SILVA CURRAIS NOVOS/RN 2016

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MINISTERIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA EAD

JOGOS E BRINCADEIRAS: o lúdico na educação infantil

LUCIENE FELIPE DA SILVA

CURRAIS NOVOS/RN 2016

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LUCIENE FELIPE DA SILVA

JOGOS E BRINCADEIRAS: o lúdico na educação infantil

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação do professor Esp. Luiz Antônio da Silva dos Santos.

CURRAIS NOVOS/RN 2016

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JOGOS E BRINCADEIRAS: o lúdico na educação infantil

Por

LUCIENE FELIPE DA SILVA

Artigo Científico apresentado ao Curso

de Pedagogia, na modalidade a

distância, do Centro de Educação, da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciatura em

Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof. Esp. Luiz Antonio da Silva dos Santos (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Prof. Ms. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro (Examinador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Prof. Ms. Francisco das Chagas Sena. (Examinador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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JOGOS E BRINCADEIRAS: o lúdico na educação infantil

Luciene Felipe da Silva1 Luiz Antônio da Silva dos Santos 2

RESUMO

Os jogos e brincadeiras: o lúdico na educação infantil tem por objetivo revelar a importância do aprender brincando, através dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras. Por meio desta pesquisa foi possível entender o quanto o lúdico pode ser um instrumento importante e imprescindível na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das crianças. O mundo do lúdico é um mundo onde a criança está em constante exercício. É o mundo da fantasia, da imaginação, do faz-de-conta, do jogo e da brincadeira. Podemos dizer que o lúdico é um grande laboratório que merece toda atenção dos pais e educadores, pois é através dele que ocorrem experiências inteligentes e reflexivas, praticadas em emoção, prazer e seriedade. Através do brinquedo e das brincadeiras ocorre à descoberta de si mesmo e do outro, portanto, aprende-se. É no brincar que a criança está livre para criar e é através da criatividade que o indivíduo descobre seu eu. Pode-se dizer que as brincadeiras e os jogos são as principais atividades físicas da criança; além de propiciar o desenvolvimento físico e intelectual, promove saúde e maior compreensão do esquema corporal. Os educadores da educação infantil devem buscar o bem estar dos pequenos durante o processo de ensino e aprendizagem, resgatando assim o lúdico como instrumento de construção. Para a construção deste artigo foram de fundamental importância os teóricos, Kishimoto (1999), Huizinga (1999), Vygostsky (1987) entre outros. Os textos consultados discutem como as crianças aprendem através dos jogos e brincadeiras, bem como o uso do lúdico pode contribuir no desenvolvimento da criança e para a construção do conhecimento.

Palavras-chave: Jogo. Ludicidade. Brincadeira. Educação infantil.

ABSTRACT

The fun and games: the playful in early childhood education aims to reveal the importance of learning playing through the games, toys and games. Through this research it was possible to understand how the playful can be an important and indispensable tool in learning, in the development-cognitive, affective and social development of children. The world's playfulness is a world where the child is in constant exercise. It is the world of fantasy, imagination, make-believe, play and

1 Graduanda em Pedagogia pela UFRN – [email protected]

2 Orientador Especialista em Língua Portuguesa e Matemática numa abordagem transdisciplinar e

Graduado em Pedagogia – [email protected]

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play. We can say that the Ludi-co is a great laboratory that deserves all the attention of parents and educators, because it is through it that occur intelligent and reflective experiences practiced in emotion, pleasure and seriousness. Through play and games is the discovery of himself and the other, so you learn. It is the play that cri-dence is free to create and it is through creativity that the individual finds his self. One can say that the games and the games are the main child FISI-cas activities; in addition to providing physical and intellectual development, promotes health and greater understanding of the body schema. Educators of early childhood education must seek the welfare of small during the process of teaching and learning, thus salvaging the playful as a building tool. For the construction of this article were crucial theoretical, Kishimoto (1999), Huizinga (1999), Vygotsky (1987) among others. The consulted texts discuss how children learn through play and games, and co-hand the use of the ludic can contribute to the development of the child and the cons-struction of knowledge.

Keywords: game. Playfulness. play and early. childhood education.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico intitulado “jogos e brincadeiras: o lúdico

na educação infantil” tem o objetivo de demonstrar a importância da inserção do

lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras na construção do processo de

aprendizagem na educação infantil, como um modelo prático de vivência e de

uma pedagogia escolar transformadora num exercício do aprender infantil, para

isso foi realizado um trabalho de pesquisa através de questionários com questões

subjetivas com educadores infantis da “Creche Infância Alegre”, situada na rua

Alberto Oscar Dantas, no município de Currais Novos/RN.

O lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras na construção do processo de

aprendizagem na educação infantil é suma importância para o aprender

brincando, através dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras. O mundo do

lúdico é um mundo onde a criança está em constante exercício. É o mundo da

fantasia, da imaginação, do faz de conta, do jogo e da brincadeira.

Podemos dizer que o lúdico é um grande laboratório que merece toda

atenção dos pais e educadores, pois é através dele que ocorrem experiências

inteligentes e reflexivas, praticadas em emoção, prazer e seriedade. Através do

brinquedo e das brincadeiras ocorre à descoberta de si mesmo e do outro,

portanto, aprende-se.

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É no brincar que a criança está livre para criar e é através da criatividade

que o indivíduo descobre seu eu. Você aprende mais sobre uma pessoa em hora

de brincadeira do que a vida inteira de conversação. Pode-se dizer que as

brincadeiras e os jogos são as principais atividades físicas da criança; além de

propiciar o desenvolvimento físico e intelectual, promove saúde e maior

compreensão do esquema corporal.

Os educadores da educação infantil devem buscar o bem estar dos

pequenos durante o processo de ensino e aprendizagem, resgatando assim o

lúdico como instrumento de construção do conhecimento, afinal, nossas

formações possibilitam as mediações necessárias para que todos possam rumar

a esta perspectiva de trabalho.

Para a construção deste artigo foram de fundamental importância os

teóricos, Kishimoto (1999), Huizinga (1999), Vygotsky (1987) entre outros. Os

textos consultados discutem como as crianças aprendem através dos jogos e

brincadeiras, bem como o uso do lúdico pode contribuir no desenvolvimento da

criança para a construção do conhecimento.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Ao iniciar uma reflexão sobre as brincadeiras e os brinquedos, pensamos

em qual contexto histórico se deu esse desenvolvimento e qual era o papel das

crianças na sociedade. Porém a concepção ou a ideia que se tem da infância foi

sendo construído historicamente e a criança, por muito tempo, não era vista com

um ser com características próprias, com fases de desenvolvimento, e sim como

um adulto em miniatura.

Certamente, a história da criança é registrada a partir do olhar dos adultos,

pois ela é incapaz de registrar sua própria história. Ao ouvir a criança, poderemos

perceber diferentes formas de infância, como aquela que tem momentos de

alegria, a partir de vivências de situações agradáveis e felizes, por outro

poderemos ter relatos de situações de violência física e moral, incompreensões

sofridas, desamparo e uma sorte de circunstâncias a que ela está exposta.

Para relacionar a importância do brincar para a criança com seu

desenvolvimento, será feita uma breve análise do brinquedo, seu vínculo com a

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criança, sua contextualização e sua função ligada diretamente ao simbólico, bem

como proporcionar prazer através de descobertas e desafios.

Os estudos de Winnicott (1975) e outros autores serão abordados para

explorar as práticas psicanalíticas voltadas para compreensão do brincar, sua

influência no desenvolvimento da criatividade e do encontro da criança com si

mesma. Para Sarmento (2002) a capacidade das crianças de construírem de

forma sistematizada modos de significação do mundo e de ação intencional, que

são distintos dos modos adultos de significação e ação

O autor interessa-se pela relação de confiança propiciada entre o

relacionamento mãe e bebê.

2.1 FALANDO SOBRE O LÚDICO

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da

identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se

comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel

na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as

crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a

atenção, a imitação, a memória e a imaginação.

No faz-de-conta, as crianças aprendem a agir em função da imagem de

uma pessoa, de um personagem, de um objeto e de situações que não estão

imediatamente presentes e perceptíveis para elas no momento em que evocam

emoções, sentimentos e significados vivenciados em outras circunstâncias. O faz

de conta no desenvolvimento cultural da criança.

A esse respeito Vygotsky (1998) considera que as crianças envolvem-se

num mundo imaginário. Esse mundo é regido por regras que refletem o mundo

adulto, que a situação imaginária teve como referência.

Enquanto brincam, as crianças estabelecem algum tipo de acordo,

determinando que fica com tal brinquedo, quem começa a jogar, ou mesmo quem

vai ser o pai, a mãe, e o filho. São regras implícitas que, gradativamente, através

da socialização entre criança/criança e criança/adulto, vão sendo assimilados e

paulatinamente coordenam suas ações e julgamentos, propiciando o respeito às

regras e acordos mútuos.

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[...] o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em sim mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferentes da “vida cotidiana”. (HUIZINGA, 2001, p. 33).

Constata-se que os jogos e brincadeiras têm uma função capital na

educação infantil. No entanto, ao utilizá-los o professor deve estar consciente do

desempenho do seu papel enquanto: observador, consultor, mediador,

interventor, organizador e incentivador do processo de construção do saber.

Sendo assim, o fazer pedagógico na sala de aula exige estrutura, planejamento e

intencionalidade.

Ao selecionar os jogos para a primeira etapa da educação básica o

professor deve partir de jogos que estimulam o tato, a audição, o paladar

(índices) que devem ser precedidos aos que estimulam ou se apoiam em

sinalização.

Completadas essas etapas, devem evoluir para a descoberta de símbolos

(pesquisa, revistas, recortar, colar, desenhar, dramatizar) e após, os que

exploram a compreensão de números, letras e desenhos de objetos que

correspondem às palavras (signos).

Desse modo pode-se perceber que o desenvolvimento do jogo possibilita

atividades cada vez mais construtivas.

Para Huizinga (2001) devem fazer uso dos jogos de construção maquetes

e réplicas dos objetos do cotidiano através dos mais diversificados tipos de

materiais; Jogos dramáticos – incorporando a diversidade de personagens no

teatrinho e na dramatização; Jogos com regras – em que fazem a combinação

dos aspectos motores e intelectuais como, por exemplo: o jogo de bolas de gude,

de cartas, de amarelinha, e outros.

Dessa forma, as regras nos jogos têm uma característica marcante, podem

está explícitas ou implícitas com características internas, quase ocultas. Para

Chateau (1987, p. 66): “[...] a criança ama a regra: na regra ela encontra o

instrumento mais seguro de sua afirmação; pela regra, ela manifesta a

permanência de seu ser, da sua vontade, de sua autonomia”.

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Desse modo, percebe-se que ao contrário do que muitos pais pensam, a

criança pede regras, pois por meio delas é que vai estruturar sua confiança

básica em si e no outro. A criança testa a autoridade do adulto para poder confiar

nele; se esta falha, ela se sente perdida, desorientada, pois desconhece seus

próprios limites. Segundo Antunes (1998, p. 52): “O jogo não é uma tarefa

imposta, não se liga a interesses próprios de tempo e o espaço cria a ordem e

equilibra o ritmo com harmonia”. Apesar de não ser uma tarefa imposta, se

constitui em uma forma de estabelecer limites próprios do tempo e do espaço.

Nesse caso, precisa que lhe mostrem, orientem e ensinem até onde possa

ir, o que pode ou não fazer, o que é bom ou ruim. Ela confia no adulto, porém, se

esse for permissivo, a criança perde a confiança.

Diante dessa realidade Kishimoto (1999, p. 38) afirma que

O jogo exerce poder de criar situações imaginárias permite á criança ir além do real, o que colabora para o seu desenvolvimento. No jogo a criança não é mais do que é na realidade, permitindo-lhe o aproveitamento de todo o seu potencial. Nele a criança toma iniciativa, planeja, executa, avalia. Enfim, ela aprende a tomar decisões, a introjetar o seu contexto social [...]. Ela aprende e se desenvolve.

A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações

com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de

aprendizagem. As regras e imaginação favorecem á criança comportamento além

dos habituais.

Segundo Kishimoto (1994) o jogo, vincula-se ao sonho, à imaginação, ao

pensamento e ao símbolo. É uma proposta para a educação de crianças (e

educadores de crianças) com base no jogo e nas linguagens artísticas.

A brincadeira para a criança não representa o mesmo que o jogo e o

divertimento para o adulto, recreação, ocupação do tempo livre, afastamento da

realidade. Brincar não é ficar sem fazer nada, como pensam alguns adultos.

É necessário estar atento a esse caráter sério do ato de brincar, pois, esse

é o seu trabalho, atividade através da qual ela desenvolve potencialidades,

descobre papéis sociais, limites e experimenta novas habilidades, forma um novo

conceito de si mesma, aprende a viver e avança para novas etapas de domínio do

mundo que o cerca.

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Neste sentido Negrine (1994, p. 122) explicita que os jogos enquanto

atividade lúdica desenvolvida na sala de aula é um importante recurso

pedagógico e diz que:

Do ponto de vista intelectual o jogo estimula o desenvolvimento das capacidades do pensamento e da criatividade; do ponto de vista psicomotor [...] principal fator no desenvolvimento da força, do controle muscular do equilíbrio e dos sentidos em geral; do ponto de vista da sociabilidade [...] é uma atividade de que implica relação e comunicação entre os iguais, e isso ajuda a criança a aprender normas de comportamento social; do ponto de vista afetivo [...] é uma a atividade de treinamento que permite a criança aprender a pensar livremente.

Nesse sentido, é nesse processo de interação com sua espacialidade, que

a criança se envolve na fantasia e constrói um atalho entre o mundo inconsciente,

onde desejava viver e o mundo real, onde precisa conviver.

Vale ressaltar que essa atividade pode gerar certo desconforto devido o

barulho, que é inevitável e ao mesmo tempo saudável, por se tratar de um

momento de produção e participação.

Diante do exposto, os jogos e brincadeiras na Educação Infantil têm o

papel de contribuir na minimização de bloqueios emocionais e no resgate do

prazer em aprender, pois nele a criança pode obter a satisfação simbólica do

desejo de ser grande (adulto) e do anseio de ser livre.

Sem contar que socialmente impõe o controle dos impulsos, a aceitação

das regras, mas sem que se aliene a elas, considerando que são estabelecidas

pelos que jogam e não impostas por qualquer estrutura.

A constituição de 1988 trouxe grandes avanços no tratamento de situações

que se referem à criança e ao adolescente. Em relação às crianças com menos

de sete anos, é a primeira vez em que aparece um texto constitucional dizendo

que o poder público deve oferecer condições para sua educação. A educação

institucional de crianças dessa faixa etária é reconhecida constitucionalmente

como um direito da criança desde o nascimento.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL,

1998, p. 27) a brincadeira:

É uma linguagem infantil que mantém vínculo essencial com aquilo que é o não-brincar. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação implica que aquele que brinca

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tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver coerência da diferença existente da brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se.

Assim, a escola deve possibilitar momentos lúdicos, no qual o brincar faça

parte da rotina infantil. De acordo com Piaget (1989, p. 52)

“[...] é indispensável ao seu equilíbrio afetivo e intelectual que possa dispor de um setor de atividade cuja motivação não seja a adaptação do real, senão, pelo contrário, a assimilação do real ao eu, sem coações ou sanções”.

Percebe-se que a criança sente necessidade de adaptação ao mundo

social dos adultos. No entanto, não estão familiarizados com: regras, interesses,

objetos e acontecimentos.

Segundo os RCNEI (BRASIL, 1998, p.14) a educação assume as funções:

social, cultural e política, garantindo dessa forma, além das necessidades básicas

(afetivas, físicas e cognitivas) essenciais ao processo de desenvolvimento e

aprendizagem, a construção do conhecimento de forma significativa, através das

interações que estabelece com o meio. Essa escola promove a oportunidade de

convívio com a diversidade e singularidade, a participação de alunos e pais na

comunidade de forma aberta, flexível e acolhedora.

Ainda sobre as orientações do RCNEI (1998) o brincar é uma atividade

muito significativa para o desenvolvimento da criança, devido ao desenvolvimento

de experiências de brincadeiras com modalidades diferentes em que cada uma

possui uma função importante para as novas aprendizagens e descobertas

infantis, como o brincar de construções, de regras e o de faz-de-conta, esta última

é uma brincadeira que usa muito a imaginação da criança, permitindo reviver

momentos já vividos, imitar adultos, criar histórias, possibilitando o

desenvolvimento da autonomia na realização e criação da brincadeira,

Além de ser um momento privilegiado de interação entre as próprias

crianças da mesma idade, e de faixa etária aproximada, sendo de importância na

educação infantil garantir um espaço para a realização dessa atividade.

Nesse caso, a brincadeira é uma atividade que tem o papel na Educação

Infantil de transformar o real em função de suprir suas necessidades e seus

interesses afetivos e cognitivos, e, assim repensar e reviver os acontecimentos

sociais.

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Nessa concepção, Fontana e Cruz (1997, p. 121) diz que “na brincadeira

do faz-de-conta as crianças criam símbolos lúdicos que podem funcionar como

uma espécie de linguagem interior”. É dessa forma que a criança representa os

objetos ausentes.

Assim, compreende-se que as crianças têm consciência das motivações

que as levam a brincar. Sendo assim, a brincadeira é uma forma privilegiada de

aprendizagem na medida em que vão se desenvolvendo, as crianças trazem para

sua brincadeira o que veem, escutam, observam e experimentam.

2.2 A CONTRIBUIÇÃO DO BRINCAR PARA VIDA DO INDIVIDUO

No século XII ao XVII, segundo Ariés (1981), a infância tomou diferentes

conotações dentro do imaginário do homem em todos os aspectos sociais,

culturais, políticos e econômicos, de acordo com cada período histórico. A criança

é vista com uma função utilitária para a sociedade, e por volta da formação total

da primeira dentição, em torno dos sete anos, ela é inserida na vida adulta e

passa a realizar tarefas imitando os seus pais e acompanhando-os em seus

ofícios, cumprindo assim seu papel perante a sociedade.

Assim, a história da criança contada por Ariès (1981), destaca que elas

foram tratadas como adultos em miniatura: na sua maneira de vestir-se, na

participação ativa em reuniões, festas e danças. Os adultos se relacionavam com

as crianças sem discriminações, realizavam brincadeiras grosseiras, todos os

tipos de assuntos eram discutidos na sua frente, inclusive a participação em jogos

sexuais. Isto ocorria porque não acreditavam na possibilidade da existência de

uma inocência pueril, ou na diferença de características entre adultos e crianças.

Dessa forma, as crianças eram submetidas e preparadas para suas

funções dentro da organização social. O desenvolvimento das suas capacidades

se dá a partir das relações que mantêm com os mais velhos. Portanto, percebe-se

uma distância da idade adulta e da infância em perspectiva cronológica e de

desenvolvimento biológico, pois a infância é retratada pelas afinidades que o

adulto estabelece com a criança, ou seja, tudo era permitido, realizado e discutido

na sua presença. Segundo Bròugere (1997) a infância não acontece da mesma

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forma para todas as crianças e por muito tempo não se soube definidamente qual

era o período da infância de uma criança e quando ela se tornava adulta.

Outra característica da época era entregar a criança para que outra família

a educasse. O retorno para casa se dava aos sete anos, se sobrevivesse. Nesta

idade, estaria apta para ser inserida na vida da família e no trabalho. Nesse

contexto, as mudanças com relação ao cuidado com a criança, só vêm ocorrer

mais tarde, no século XVII, com a interferência dos poderes públicos e com a

preocupação da Igreja em não aceitar passivamente o infanticídio, antes

secretamente tolerado.

Segundo Ariès (1981) preservar e cuidar das crianças seria um trabalho

realizado exclusivamente pelas mulheres, no caso, as amas e parteiras, que

agiriam como protetoras dos bebês, criando uma nova concepção sobre a

manutenção da vida infantil, como se a consciência comum só então descobrisse

que a alma da criança também era imortal. Dessa forma, surgiram medidas para

salvar as crianças. As condições de higiene foram melhoradas assim também

como a preocupação com a saúde delas. Neste período as crianças são

afastadas do mundo “sujo” dos adultos, principalmente em relação à sexualidade.

Os brinquedos até então eram também objetos da vida cotidiana em

miniatura, onde desde pequeninas as crianças reproduziam o que se passavam

no lar em forma de brincadeira. Em destaque as bonecas que tiveram o seu

apogeu no século XIX, tiveram um papel mais importante que o de simples objeto

lúdico, admiradas por crianças e adultos, atuou como retrato da cultura de uma

época, através de suas vestimentas.

As meninas reproduziam o comportamento adulto na sociedade através do

mundo lúdico. No caso das bonecas, fisicamente semelhantes a uma pessoa,

converteram-se numa forma de transmissão da aprendizagem e reforço dos

valores considerados femininos. Seus jogos e bonecas reproduzem o

comportamento sócio emotivo feminino e seu entorno familiar.

Verifica-se que diversos autores, deram voz a diferentes documentos

históricos, e consideraram que a percepção da infância pelos adultos existia em

idades mais remotas, ou seja, havia a preocupação com a sobrevivência da

criança, com a sua educação, sua religiosidade, os cuidados com o seu corpo,

com sua alimentação, enfim, com uma época de aprendizagens, com brinquedos,

roupas e construção de móveis e objetos apropriados à criança.

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Muitos avanços e muitas metodologias foram adotados no âmbito

educacional, para que hoje em dia a criança seja respeitada nas suas diversas

fases do desenvolvimento psíquico motor. De acordo com Winnicott (1975), a

liberdade que o brincar proporciona é fundamental para o desenvolvimento da

criança por levá-la a conciliar o mundo objetivo e a imaginação.

A ausência da brincadeira na infância pode ocasionar muitos problemas

emocionais. Pois a criança que explora os objetos e brinca, desenvolve a

capacidade de imaginar, se inserindo na cultura e na sociedade e aprendendo a

viver em grupo. Sozinha ou com os amigos, ela usa todos os recursos de que

dispõe para explorar o mundo, ampliar sua percepção sobre ele (e sobre si

mesma), organizar o pensamento e trabalhar com afetos e sentimentos. Segundo

Winnicott, 1975) isso tudo ocorre num grau ainda maior quando o brincar envolve

o faz de conta

Por meio do jogo simbólico, a criança passa a dar diferentes significados a

um único objeto. Por exemplo, um pedaço de pau que pode ser uma bengala ou

uma boneca que se embala. O faz de conta é o primeiro contado da criança com

as regras e com o papel de cada um, aprendizado fundamental para a vida em

sociedade. A imaginação tem ainda uma função importante na regulação das

próprias emoções e das ações. Aqueles que tiveram tolhidas na infância a

possibilidade de imaginar, em geral, apresentam a dificuldade de controlar os

impulsos na vida adulta (Idem, 126).

2.3 JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA

Ao surgir no século XIX, a Psicologia da Criança recebe forte influência da

Biologia e faz transposição dos estudos com animais para o campo infantil. Na

teoria piagetiana a brincadeira não aparece em si, mas serve para revelar

mecanismos cognitivos da criança. Ao colocar a brincadeira dentro do conteúdo

da inteligência e não na estrutura cognitiva, Piaget (1976) mostra o pouco valor

que lhe atribui. Para o autor, ao manifestar a conduta lúdica, a criança apenas

demonstra o nível de seus estágios cognitivos.

Os processos psicológicos são construídos a partir de injunções do contexto sociocultural. Seus paradigmas para explicar o jogo infantil localizam-se na filosofia marxista, que concebe o mundo

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como resultado de processos histórico-sociais que alteram não só o modo de vida da sociedade, mas inclusive as formas de pensamento do ser humano. São os sistemas produtivos, geradores de novos modos de vida, fatores que modificam o modo de pensar do homem. Desta forma, toda conduta do ser humano, incluindo suas brincadeiras, são construídas como resultado de processos sociais. (VYGOTSKY, 1988, p. 37).

Já para a autora Kishimoto (1994) o brinquedo é compreendido como um

"objeto suporte da brincadeira", ou seja, brinquedo aqui estará representado por

objetos como piões, bonecas, carrinhos etc. Os brinquedos podem ser

considerados: estruturados e não estruturados. São denominados de brinquedos

estruturados aqueles que já são adquiridos prontos, é o caso dos exemplos

acima, piões, bonecas, carrinhos e tantos outros. Já os brinquedos não

estruturados são aqueles não industrializados, são objetos simples que nas mãos

das crianças sofrem adquirem um novo significado, tais como: folha, pedra,

gravetos etc.

Segundo Vygotsky (1988) é através do brinquedo que a criança cria

situações de transições entre a ação do brincar com objetos concretos e suas

significações. Sendo assim, tanto o brinquedo quanto o ato de brincar e suas

relações sociais estabelecidas, são fundamentais para o desenvolvimento da

zona proximal na criança, que consiste na transição entre o desenvolvimento real

da criança com o desenvolvimento potencial.

“Para a criança, as brincadeiras proporcionam um estado de prazer, o que leva à descontração e, consequentemente, ao surgimento de novas ideias criativas que facilitam a aprendizagem de novos conteúdos e interações conscientes e inconscientes, favorecendo a confiança em si e no grupo em que está inserida.” (ANCINELO CALDEIRA, 2006, p.4).

Assim, o brinquedo além de ter a função de proporcionar prazer a crianças,

tem o objetivo também de livrá-las de frustações, controlando suas energias,

dando motivo e importância a ação de brincar; além disso, estimula a criatividade

e a imaginação infantil, proporcionando o desenvolvimento de um ser humano

completo consigo e com os demais.

O brinquedo mais lindo e sofisticado não tem valor algum se não der prazer

à criança, pois sua validade é o interesse da criança que irá determinar. Bom

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brinquedo é o que convida a criança a brincar, é o que desafia seu pensamento, é

o que mobiliza sua percepção, é o que proporciona experiências e descobertas.

Para diferentes momentos, diferentes brinquedos poderão ser mais

indicados. Um brinquedo que estimula a ação, outro que possibilite uma

aprendizagem, ou que satisfaça a imaginação e a fantasia da criança; às vezes,

apenas um ursinho de pelúcia que lhe faça companhia.

A infância é um momento de apropriação pela criança das diferentes imagens e representações da cultura em que ela está inserida. Ele associa o brinquedo como pertencente e como produto da cultura; produto este que carrega marcas culturais específicos e revelador da própria cultura. O brinquedo está inserido em um sistema social e é portador de funções sociais e de significados que remetem a elementos do real e do imaginário das crianças. É brincando que a criança se expressa e constrói suas próprias percepções de mundo, nesse aspecto é preciso criar espaços que estimule tais experiências. (BROUGÈRE, 1995, p. 22)

A cultura lúdica da criança é simbólica pertencente a uma cultura global,

em que a criança está inserida. Sendo assim, atualmente, percebem-se grandes

influencias da mídia no universo cultural infantil; principalmente os brinquedos que

estão fortemente associados à cultura do consumismo de uma sociedade

capitalista. Dessa forma, o mercado tem cada vez mais focando o universo infantil

através dos brinquedos, tornando o brinquedo muitas vezes mais importante que

a própria brincadeira infantil.

De acordo com Lemos esse sentimento de cultivar a infância, teve alguns

motivos dentre eles estão: a industrialização, “a emergência da medicina moderna

e suas preocupações em cultivar a vida e torná-la saudável, buscando diminuir os

altos índices de mortalidade infantil; do desenvolvimento da Educação

Escolarizada e da reconfiguração das famílias, que passariam a funcionar

centralizadas nos filhos e na sua educação” (ARIÈS, et al., 2007 p. 85).

O brincar como forma de expressão infantil, permite à busca por

experiências, de descobertas de coisas novas. Na sociedade capitalista o brincar,

passou a ser direcionado como um instrumento didático nas pré-escolas, onde é

definido a hora, o lugar e com que a criança brinca, com o objetivo de inseri-las

em sociedade disciplinar.

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Para Lemos (2007, p. 88) “o brincar também foi inserido em uma

temporalidade produtiva, afinal o tempo e local das brincadeiras deve obedecer à

lógica da utilidade constante, das práticas regulares de formação do suposto ser

em desenvolvimento”. Dessa forma, os brinquedos pedagógicos se tornaram um

importante instrumento nas pré-escolas com o discurso que seria um excelente

estimulo para desenvolvimento infantil.

Segundo Lemos (2007. p.89), “objetos não são naturais e que também não

têm uma substância ou uma unidade, mas é pura multiplicidade” há objetivos

específicos implícitos na utilização destes durante a infância, objetos estes que

são produtos de um sistema capitalista que visa o controle do indivíduo.

A criança não se limita a receber passivamente os conteúdos televisivos, mas reativa-os e se apropria deles através das suas brincadeiras. Ela reconstrói de forma inovadora e criativa o seu ser social e cultural, sendo capaz de interpretar, e dar sentidos diferentes e específico às imagens, mensagens e normas da sociedade. Então o brinquedo é um objeto pertencente á cultura infantil, no qual a criança atribui diversas funções, sendo a brincadeira. “Brincar com um brinquedo requer inseri-lo num universo especifico. Ele sozinho não pode efetivamente impor-se na brincadeira sem que essa decisão não parta de quem brinca. A brincadeira como uma ação e produção de sentidos pode considerar o brinquedo como um suporte que estrutura tal atividade (BROUGÈRE, 2004 apud ARAUJO, p. 98).

O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que

existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um

dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para

que possa manipulá-los. Os brinquedos podem incorporar, também, um

imaginário pré-existente criado pelos desenhos animados, seriados televisivos,

mundo da ficção científica com motores e robôs, mundo encantado dos contos de

fada, estórias de piratas, índios e bandidos. Com decorrer da história o brinquedo

sofreu grandes transformações e ressignificações.

Os acontecimentos econômicos marcaram o distanciamento do adulto com

relação a produção desse objeto; antes da industrialização os brinquedos eram

construídos pelos pais para seus filhos, depois os brinquedos se tornaram cada

vez mais objetos industrializados. Quanto mais á industrialização avança,

18

percebe-se cada vez mais a imposição dos brinquedos, como algo alheio às

crianças e aos pais.

Segundo Benjamin (1984), a maneira que os adultos vão impondo a seu

modo de brinquedos às crianças, estes vão se distanciando das riquezas de

materiais, presentes no tempo em que eram utilizados no processo de produção

entre pais e filhos. Para Benjamin (1984, p.70) “[...] quanto mais atraentes (no

sentido corrente) forem os brinquedos, mais distantes estarão de seu valor como

instrumentos de brincar”.

2.4 O LÚDICO E A FORMAÇÃO DOCENTE

Quando referimos à educação, sabemos são muitos os desafios a serem

enfrentados para que esta área possa ser considerada como geradora dos

avanços científicos. Kami (1991) refere que a grande maioria das instituições

educacionais ainda é pautada numa prática que considera a ideia do

conhecimento repetição sob uma ótica comportamentalista, tornando o

conhecimento cristalizado e/ou espontaneísta e não como um saber

historicamente produzido visto sob a ótica do conhecimento construção.

Nesta abordagem do processo educativo a afetividade ganha destaque,

pois se acredita que a interação afetiva ajuda mais a compreender e modificar as

pessoas do que um raciocínio brilhante, repassado mecanicamente. Esta ideia

ganha adeptos ao enfocar as atividades lúdicas no processo do desenvolvimento

humano.

Acrescenta Kishimoto (1994) a ludicidade é uma necessidade do ser

humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O

desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento

pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um

estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação,

expressão e construção do conhecimento.

Os cursos de licenciaturas têm recebido inúmeras críticas, especialmente

no que se refere à sua ineficiência quanto à formação dos profissionais de

educação. É, hoje, questão de consenso que os egressos dos cursos de

graduação não estão suficiente preparados para atender as necessidades das

19

escolas, principalmente no que se refere á compreensão da criança como ser

histórico-social, capaz de construir seu próprio conhecimento.

Segundo Severino (1991) a formação do educador não é um quebra-

cabeça com recortes definidos, depende da concepção que cada profissional tem

sobre a criança, homem, sociedade, educação, escola, conteúdo e currículo.

Neste contexto, as peças do quebra-cabeça se diferenciam, possibilitando

diversos encaixes. Ao entender a educação como um processo historicamente

produzido e o papel do educador como agente desse processo, que não se limita

a informar, mas ajudar as pessoas a encontrarem sua própria identidade de forma

a contribuir positivamente na sociedade e que a ludicidade tem sido enfocada

como uma alternativa para a formação do ser humano, pensamos que os cursos

de formação deverão se adaptar a esta nova realidade.

Partindo deste pressuposto uma das formas de repensar os cursos de

formação é introduzir na base de sua estrutura curricular um novo pilar: a

formação lúdica. A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a

criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma,

proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas experiências corporais

que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte

dinamizadora.

Quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade, maior será a chance de este

profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa. A formação lúdica deve

possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber suas

possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara

sobre a importância do jogo para a vida da criança, do jovem e do adulto.

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesta pesquisa foi de natureza qualitativa foi

desenvolvida, por meio de um questionário com questões estruturadas, o qual foi

respondido pelas professoras desse nível de ensino de Educação Infantil, de uma

escola pública na cidade de Currais Novos. O resultado desse estudo demonstrou

que a escola pesquisada valoriza o lúdico e o toma como necessário para a

aprendizagem da criança.

20

Podemos observar que a partir da análise das repostas dos sujeitos da

pesquisa foi visto que a aprendizagem infantil se torna efetiva se a atividade

lúdica estiver ligada às situações da vida real e do meio em que a criança vive.

Baseando-se na importância do lúdico com as crianças, este projeto

proporciona uma boa recordação e aprendizagem acerca dos jogos, brinquedos e

brincadeiras, para a construção de uma aprendizagem coesa, e nos faz reportar

ao tempo em que era mais valorizado o processo de construção e reconstrução

de brinquedos e das brincadeiras, onde o mais importante não era o produto final,

aquele pronto e acabado, mas o resgate da cultura e praticado lúdico na

constituição de grupos. Acreditamos que com a presente pesquisa foi possível

destacar algumas considerações a respeito do lúdico e os jogos na educação

infantil.

Um desenvolvimento harmônico, lúdico, que inclui aprender a ouvir

opiniões diferentes e a contra-argumentar, estabelecendo comparações objetivas

entre várias maneiras de se compreender um mesmo fato, pouco a pouco vai

contribuir para tornar a criança apta a um intercambio, real com os outros,

favorecendo a troca de experiências, por estar baseada na cooperação e na

reciprocidade.

4 ANÁLISE DOS DADOS

A análise a seguir apresenta os resultados obtidos através de estudo

realizado e os dados coletados na pesquisa de campo, a partir das questões

propostas sobre a temática Jogos e brincadeiras na Educação Infantil realizados

com professores da Educação Infantil de uma creche situada no município de

Currais Novos.

As entrevistas possibilitaram a identificação e descrição das concepções de

ludicidade que um grupo de professores desenvolve nas aulas da Educação

Infantil em escola da rede municipal de Currais Novos-RN. Dentre os

entrevistados, 80% afirmaram que trabalham com elementos lúdicos nas aulas,

enquanto que as demais apontaram como empecilho ao trabalho lúdico a precária

infraestrutura da instituição de ensino, além da ausência de brinquedos.

Observa-se que 20% das professoras entrevistadas tem uma visão que a

ludicidade está intimamente ligada à presença de recursos materiais, tais como

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brinquedos, para que se promova a “ludicidade” nas aulas ao invés do próprio

desenvolvimento do imaginário infantil enquanto elemento fomentador de

situações lúdicas. Este pensamento vai de encontro ao de Oliveira (2000, p. 10),

pois esta autora afirma que “o lúdico não está nas coisas, nos brinquedos ou nas

técnicas, mas nas crianças ou, melhor dizendo, no homem”.

Observa-se o lúdico com viés instrumental nas seguintes respostas:

(...) “a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão.

(...) O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento

É evidente que jogos e brincadeiras fazem parte do planejamento de

qualquer escola, uma vez que se sabe que a criança precisa do lúdico para

aprender. Assim, as respostas das professoras foram importantes para que se

pudesse perceber qual concepção embasa o trabalho com a Educação Infantil na

escola pesquisada.

Quando indagados sobre que importância tem as brincadeiras, jogos e

brinquedos no aprendizado das crianças?” As professoras foram enfáticas em

suas respostas, dando segurança em suas afirmações, inclusive embasadas

teoricamente, especificamente sobre o brincar com brinquedo.

(...) “Nessa faixa de idade, é a essência da descoberta, do aprendizado” (...) “Brincar com um brinquedo requer inseri-lo num universo especifico. Ele sozinho não pode efetivamente impor-se na brincadeira sem que essa decisão não parta de quem brinca. (...) “A brincadeira como uma ação e produção de sentidos pode considerar o brinquedo como um suporte que estrutura tal atividade”.

Já outras professoras que corresponde a 50% responderam a contento,

porém sem um aprofundamento do tema brincar, as afirmações foram baseadas

em vivências.

Apenas 30% responderam a contente sobre “qual o objetivo de propor

jogos e brincadeiras nessa faixa de idade”. As demais professoras demonstraram

insegurança em suas respostas, quando questionadas sobre o objetivo de propor

jogos, totalizando 70% das entrevistadas, alegando que há uma dificuldade de

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implantar uma proposta adequada para o uso de jogos e brincadeiras, que

realmente atenda às necessidades infantis, muitas vezes está amarrada a uma

visão simplista que sugere que basta se ter o jogo na escola para se garantir o

trabalho com eles. Não se percebe que é necessário um planejamento, de modo

a organizar as atividades em função de objetivos a serem trabalhados

Para Kishimoto (2003, p. 24) “tais objetivos podem ser amplos, envolvendo

socialização, expressão, simbolização, conteúdo específicos, etc”. Também é

importante que o brincar seja algo prazeroso e significativo, que incentive a

criança a participar e se envolver na atividade. Neste quesito foi evidenciado que

muitos professores na educação infantil trabalham a ludicidade, jogos,

brincadeiras, mas ainda falta um embasamento teórico de como e para que

brincar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É através desses recursos lúdicos que conseguiremos a formação integral

do indivíduo. Pois, o indivíduo enquanto pequeno vivencia a sua realidade no ato

do brincar.

Na educação infantil é possível utilizar os jogos e as brincadeiras para

desenvolver o cognitivo, a motricidade, a imaginação, a criatividade, a

interpretação, as habilidades de pensamento, tomada de decisão, organização,

regras, conflitos pessoais e com outros, as dúvidas entre outras. A afetividade, o

companheirismo, a disciplina, a organização dos brinquedos após o uso, podem

ser adquiridas através das brincadeiras conjuntas entre as crianças.

Os jogos são importantes para descontrair e fazem bem para a saúde

física, mental e intelectual de todos. Para a criança, os jogos ajudam desenvolver

a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima. Prepara

para serem cidadãos capazes de enfrentar desafios e participar da construção de

um mundo melhor. Por isso se configura adequado para ser utilizado como

ferramenta para a aprendizagem escolar em todas as áreas de conhecimento.

Concluímos que é brincando que se aprende. A brincadeira na infância

possibilita as crianças descobertas e a busca por novas experiências. Cabe ao

adulto proporcionar momentos lúdicos ricos que estimulem essas descobertas, e

não buscar formas de moldá-las, pois, o brincar é uma experiência infantil, e nem

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sempre a forma com o adulto direciona a brincadeira é forma que a criança verá a

mesma; lembrando que a brincadeira, o brinquedo sofrem ressignificações no

imaginário de uma criança.

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REFERÊNCIAS

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