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Mindfulness: Um dos Possíveis Caminhos – Lins et alii
Revista Diálogos – mar.abr. – 2017 – n.° 17
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Mindfulness: Um dos Possíveis Caminhos Para o Encontro da
Transcendência Espiritual
d.o.i. 10.13115/2236-1499.v1n17p129
Edilma Edilene da Silva1 - UPE
Irlanda Cavalcanti da Silva Arruda2 - UPE
Jéssica de Almeida Félix3 - UPE
Luciano Fonseca Lins4 - UPE
Patrícia Oliveira Lira5 - UPE
Taciano Valério Alves da Silva6 - UPE
1 Mestranda em Psicologia Práticas e inovações Saúde Mental pela Universidade
de Pernambuco – Campus Garanhuns; Especialista em Docência em Saúde pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Graduada em Psicologia pela
Faculdade Integrada da Vitória de Santo Antão. 2 Mestranda em Psicologia Práticas e inovações Saúde Mental pela Universidade
de Pernambuco – Campus Garanhuns; Especialista em Terapia Cognitivo
Comportamental pela Faculdade Franssinette do Recife; Graduada em
Psicologia pela Faculdade Integrada da Vitória de Santo Antão. 3 Mestranda em Psicologia Práticas e inovações Saúde Mental pela Universidade
de Pernambuco – Campus Garanhuns; Graduação em Psicologia pela
Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns. 4 Orientador do Programa Mestrado em Psicologia Práticas e inovações Saúde
Mental pela Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns. Pós-Doutorado
em Psicanálise Integral pela Universidade do Porto e Doutor em Ciências da
Educação pela Universidade do Porto. 5 Prof.ª Dr.ª adjunta da UPE – campus Garanhuns. Doutora em Psicologia pela
Université Paris-Nord / Paris 13 – França. 6 Prof. Dr. Adjunto da UPE – campus Garanhuns. Doutor em psicologia Clínica
pela Unicap (Univ. Católica de Pernambuco).
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Resumo: A origem e a eliminação do sofrimento humano geram
várias indagações e é o maior desejo dos sujeitos. Nesta perceptiva
busca-se dissertar acerca do sofrimento psíquico a luz da
espiritualidade, objetivando encontrar um possível caminho para
que o sujeito consiga lidar com seus sofrimentos de forma mais
límpida e honesta. Para tanto a prática de Mindfulness será
utilizada como sendo um desses possíveis caminhos que o sujeito
pode estar lançado mão para encontrar o caminho da
transcendência espiritual. Foram realizadas pesquisas de artigos
científicos, livros e periódicos de autores que estudam e
aprofundam seus conhecimentos em tais temáticas, objetivando
sedimentar a correlação entre eles. Na literatura foram achados
vários indícios que a prática de Mindfulness pode proporcionar ao
sujeito um estreitamento da espiritualidade e com isso aproximar-
se da transcendência espiritual, visto que Mindfulness é
reconhecida no campo científico devido sua eficiência e efeitos
benéficos nos sujeitos.
Palavras-chave: Sofrimento humano; Espiritualidade; Mindfulness
Abstract: The origin and elimination of human suffering generate
many questions and is the greatest desire of the subjects. In this
perception it is sought to discuss about psychic suffering the light
of spirituality, aiming to find a possible way for the subject to be
able to deal with their sufferings in a more clear and honest way.
For this purpose the practice of Mindfulness will be used as one of
these possible ways that the subject can be launched to find the
path of spiritual transcendence. Researches were carried out on
scientific articles, books and periodicals of authors who study and
deepen their knowledge in such subjects, aiming to sediment the
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correlation between them. In the literature were found several
indications that the practice of Mindfulness can provide the subject
with a narrowing of spirituality and with that approach the spiritual
transcendence, since Mindfulness is recognized in the scientific
field due to its efficiency and beneficial effects in the subjects.
Keywords: Human suffering; Spirituality; Mindfulness
1. Introdução
Atualmente percebe-se que a temática acerca do sofrimento
humano encontra-se cada vez mais evidencia, seja pela crescente
expansão nos meios de comunicação dissertando sobre a referente
temática ou pelo aumento da busca por profissionais da área da
saúde mental.
Existem várias definições para sofrimento humano, porém
todas as conceituações afirmam que possui algo neste sujeito que o
inquieta e angustia, deixando-o perturbado acarretando um prejuízo
nas diversas áreas da vida.
Assim, consideramos o sofrimento como sendo um conflito
interno no sujeito, isto é, existe uma discordância entre aquilo que
o sujeito afirmar ser daquilo que o mesmo desejaria ser, estes
conteúdos destoante leva a um conflito interno que paralisa e
adoece o sujeito.
Neste sentido, podemos afirmar que a experiência do
sofrimento pode estar atrelada na maneira pelo qual o sujeito se
posiciona em sua vida e nas relações interpessoais, pois segundo
Arendt (2007) os homens ao se relacionarem através das
características que julgam ser bem aceita pela sociedade,
negligenciando sua subjetividade e alteridade potencializando seu
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sofrimento por torna-los ainda maiores devido o conflito interno
entre o Ego ideal e o Ego real.
Nesta perspectiva objetiva-se averiguar a eficácia da prática
na Mindfulness como sendo um dos possíveis caminhos para a
busca da transcendência espiritual e consequentemente a liberdade
da mente possibilitando compreender e manejar os conflitos
internos causadores do sofrimento. Sendo realizadas pesquisas de
artigos científicos, livros e periódicos, em sites reconhecidos pelo
âmbito acadêmico, de autores que estudam e aprofundam seus
conhecimentos em tais temáticas, objetivando sedimentar a
correlação entre eles.
2. Mindfulness: uma prática de meditação
Mindfulness é a tradução inglesa do termo ― Sati, que
significa recordar, consciência, intencionalidade da mente, mente
vigilante, atenção plena, alerta, mente lúcida, e auto-consciência,
tendo seu início há mais de 2.500 anos com embasamento nos
ensinamentos de Siddharta Gautama, mais conhecido como Buda
(HAHN, 1976). A priori, foi utilizada no contexto religioso e
espiritual, porém com o passar dos tempos, a sociedade cientifica
interessou-se pela prática com o objetivo de investigar os efeitos
fisiológicos e os benefícios do uso de Mindfulness na saúde
humana (KABAT-ZINN, 1990; VANDENBERGHE &
ASSUNÇÃO, 2009).
Tal conceito está relacionado com qualidades particulares
de atenção e consciência, que podem ser cultivadas e
desenvolvidas através da meditação (SILLIFANT, 2007). Assim,
Mindfuless será considerada neste texto, como atenção plena por se
tratar de uma antiga prática budista que passou a ser utilizada por
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volta dos anos 90 de forma isenta do cunho religioso com o
objetivo de potencializar o uso da atenção e da consciência em
vivências através da meditação.
Salientando que uma das definições da consciência
encontra-se ligada a dimensão subjetiva, na qual se refere à
atividade psíquica em que o individuo percebe a realidade em sua
volta. Ou seja, é a capacidade do sujeito entrar em contato com a
realidade conhecendo-a através da relação do Eu com o ambiente
(DALGALARRONDO, 2008).
Portanto, Mindfulness consiste na “capacidade de prestar a
atenção, no momento presente, a tudo o que surgir interna ou
externamente, sem se emaranhar ou enganchar em julgamentos ou
no desejo de que as coisas sejam diferentes” (ROEMER &
ORSILLO, 2010, p. 18).
Dessa forma, Mindfulness não é uma percepção julgadora,
mas sim uma forma de visualizar os acontecimentos da maneira
como eles realmente são, aceitando-os em sua totalidade – partes
negativas e positivas – (ROEMER, ORSILLO, 2010). Dessa
forma, podemos afirmar que a prática de mindfulness possibilita no
sujeito o encontro com uma consciência sincera, intencional, ao
que está acontecendo de momento a momento, sem julgar, a
vivência enquanto ela ocorre. Vale frisar que tal prática é a
habilidade de estar consciente dos seus pensamentos, emoções,
sensações e ações, no momento presente sem julgar ou criticar a si
mesmo ou a própria experiência (VANDERBERGHE &
ASSUNÇÃO, 2009).
Kabat-Zinn (1990) define Mindfulness como uma maneira
de experienciar a atenção de forma plena, ou seja, concentrando-se
no presente, intencionalmente e livre de julgamentos; busca-se não
ficar submergido em lembranças e cognições sobre situações
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passadas e ou futuras, objetiva-se apenas vivenciar o momento
atual.
Atualmente percebe-se que os sujeitos vivem de forma
automatizada gerando angústia e o vazio; assim tal prática seria
exatamente trazer mais para próximo do sujeito o uso da atenção
plena para estimular a vivência de situações de forma mais
genuína, pois Krishnamurti (2008) afirma que enquanto a
humanidade estiver temerosa à vida, a morte, a Deus, ao pecado e
ao inverno jamais poderá ser livre e feliz. Ou seja, o uso de
Mindfulness seria uma possibilidade do sujeito se libertar o
automatismo que o Ego o aprisiona através dos seus desejos e
necessidades, tornando-o um ser subordinado aos
condicionamentos mentais e sociais.
Na prática de Mindfulness o terno intencional refere-se ao
sujeito escolher estar plenamente atento e se comprometer para
conseguir permanecer atento ao presente, pois o quê gera
sofrimento nas pessoas seria está tendência de se manterem
desatentas, ou apegadas a julgamentos e reflexões que alienam sua
mente, aos quais formam um padrão peculiar de críticas que os
mantem limitados e robotizados; outro termo usado no Mindfulness
é o sem julgar, que significa aceitar todos os sentimentos,
pensamentos e sensações como autênticos; assim procura
contrapor-se a tendência automatizada das pessoas vivenciarem as
situações de forma fragmentada, ou seja, experienciando apenas
aquilo ao qual julgar ser bom ou menos nocivo para si (KABAT-
ZINN, 1990).
Tendo em vista tal percepção, acredita-se que estes
julgamentos, críticas e classificações que os sujeitos fazem de suas
vivencias são frutos da linguagem do homem, pois esta linguagem
é o discurso, é a tradução interna que o sujeito faz daquilo que é
inerente a si próprio, que o faz sofre e ou expressa um sofrimento
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(FOUCAULT, 1987); por está razão Mindfulness busca abster-se
dos julgamentos pois, estão contaminados pelos desejos do Ego.
Está tendência automotiva, refere-se ao que chamamos de
Esquiva experiencial, na qual foi descrita por Hayes (2004) como a
tentativa de não ter e ou experienciar determinados sentimentos,
pensamentos, memórias, ou estados físicos, por estes serem
julgados negativamente. Evitamos pensamentos, sentimentos e
situações que nos deixam tristes, inseguros ou envergonhados ou
porque achamos que não aguentaríamos ou por julgarmos ser
bastante doloroso, assim evitamos o contato com o sofrimento
psíquico.
Vale salientar que tal estratégia causa um prejuízo
importante na formação perceptiva do sujeito no momento da
vivência cotidiana, pois ao excluir sensações, pensamentos e
sentimentos considerados como negativos, eles serão tidos como
danosos para si, no qual não são, mas sim sinais de condições de
vida que deveriam ser enfrentados. Tal tática utilizada de forma
exacerbada pelo sujeito tornará a vivência de acontecimentos
internos (sensações e sentimentos) como sendo uma experiência
interna dolorosa e insistente, na medida em que a pessoa tenta não
tê-los, mais os terá (HAYES, 2004).
Neste viés a prática de Mindfulness é eficaz, pois
ocasionaria a reduz do processo de tentativas de supressão de tais
conteúdos mentais, isso porque a esquiva de conteúdos e
sentimentos considerados pelo sujeito como aversivos causam
ruminação mental e levam ao aumento involuntário da atenção
seletiva para tais conteúdos (Roemer & Borkovec, 1994), gerando
assim um bloqueio mental que aprisiona o sujeito numa vivência
parcial da situação tornando-o alienado na parte vista como
dolorosa e danosa, potencializando a esquiva emocional e
alienação ao Ego condicionado. Salientando que tal Ego refere-se
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aos ensinamentos considerados pelo sujeito como verdades
absolutas aos quais gerenciam suas atitudes diante das vivências
cotidianas.
Em suma, o exercício de Mindfulness proporciona uma
intensa mudança na relação perceptiva do sujeito com os seus
próprios processos internos, no qual o sujeito terá um
distanciamento dos seus pensamentos, considerando-os apenas
cognições e não significando-os como verdades obsoletas
fortalecendo ainda mais o ego (BAER, 2003).
3. Transcendência Espiritual: uma das maneiras de
libertar a Alma da prisão do Ego
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria cerca de
30% da população brasileira desenvolverão algum tipo de
transtorno mental durante sua vida, porém alerta que este número
populacional aumentaria para cerca de 60 a 70% considerando o
quadro sintomatológico em si, independente do nível de gravidade
relatada pelo sujeito.
Diante desse dado estatístico percebe-se o quão a sociedade
vem adoecendo psicologicamente. Na atualidade os sujeitos estão
muito mais empenhados em alimentar a parte externa do corpo
com bens materiais, finanças, vestuários, dentre outros; e
desnutrindo cada vez mais o lado interno, que é a alma
(CAMPBELL, 1990).
Anteriormente mente e almas eram consideradas algo
diferente que não se misturava hoje se percebe a dualidade como
sendo indissolúvel.
A Mente e ou Ego neste contexto será considerada uma
rede de crenças que influencia significativamente a vida dos
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sujeitos, através dos condicionamentos programados advindos da
tal rede. Estes condicionamentos por sua vez, tornarão o sujeito
alienados em ideias, dogmas, conceitos, que são formados pelos
registros ideológicos derivados da família, cultura, sociedade,
nacionalidade e auto percepção das situações cotidianas ao qual o
sujeito está inserido e sendo considerados pelo mesmo como
verdades absolutas.
No geral, vivemos e estamos hipnotizados por fantasias
mentais, que não possui fundamento real na realidade, isso por que
estamos submersos num egoísmo egóico que suga as
potencialidades e fluxo vital do sujeito, deixando o cada vez cego
distante de tal fluxo.
Em outras palavras, criamos uma realidade embasada em
nossas crenças e dogmas, estabelecendo consequentemente, uma
relação de verdade com tudo àquilo que criamos, tornando assim
seres hipnotizados e alienados em nossos próprios dogmas. Então,
quando algum foge dessa realidade criada por nós, entramos num
conflito interno gerando assim o sofrimento.
Sabemos que o sofrimento humano tem ligação direta com
o desejo advindo da rede de crenças, fonte da elaboração das
ilusões, pois mantem a mente hipnotizada por tais dogmas,
tornando-a compulsiva e embotada. Os padrões de crenças são
características do Ego desempenhando um papel primordial na
significação do sujeito em relação a si ao ambiente social.
O ego anseia por sobrevivência, seja através do viés físico,
psicológico ou social. E nesta busca por sobrevivência o ego acaba
apegando-se a ídolos fabricados pela compulsão egóica, como
dinheiro, poder, fama, culto a aparência; isso porque o ego é uma
instância mental repleta de insatisfação. A mente é uma fonte
significativa de realizações podendo criar efeitos ilusórios,
dependendo da programação elaborada durante toda a vida.
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Em consonância a está ideologia do apego, Krishnamurti
(2009) lança indagações acerca do desapego a todos os processos
de identidade e identificação programada pela família, sociedade,
educação, religião e cultura. E o que resta é a Alma, límpida e
autêntica.
A Alma é o mesmo que Consciência Pura, ou seja, a
consciência é a alma do Ser. Salientando que Consciência Pura
seria uma consciência desprovida de identidades egóica e conflitos,
nos quais são frutos das relações de apego a tais fantasias de posse
da verdade (KRISHNAMURTI, 2009).
Em consonância Lins (2016) afirma que a Alma é a
experiência genuinamente humana, advinda através dos símbolos,
mitos e sonhos; no qual faz uma ponte com o abismo influenciando
assim nossas vivências cotidianas. Salientando que abismo refere-
se à impossibilidade de olhar ou saber o que se passa em nossa
alma quando deixamos de existir como ego ou mesmo como
humanos. Em outras palavras, o abismo seria algo que está para
além da compreensão do homem, assim percebe a presença do
medo, medo do invisível, este espaço imperceptível a nossos olhos
seria o abismo, pois somente uma parte de nós está no mundo e
outra está no infinível.
A alma possui três aspectos. O primeiro refere-se aos
condicionamentos que criamos a partir da nossa subjetividade,
filogênese e ontogênese; nos quais estão inseridos a nossa cultura,
regras sociais para sustentar o sentido da sobrevivência humana. O
segundo trata-se do aspecto funcional da alma humana, que seria a
capacidade do sujeito de olhar para si mesmo, ampliando a
qualidade de discernimento e auto responsabilidade na tomada de
decisão. O terceiro é a capacidade de compreensão dos próprios
condicionamentos e a qualidade de transcendência espiritual
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advinda da percepção para além dos fatos e objetos percebidos
através dos símbolos (LINS, 2016).
Nesta perspectiva podemos considerar Alma como sendo
sinônimo de Consciência, então o Despertar dessa Consciência
Pura pode ser considerado um dos caminhos para libertar o ego
dessas programações, nos quais tornam e mantem o sujeito
alienado. A Consciência Desperta poderia ser considera o desapego
da auto-referência constituídas pelo Ego e suas programações, ou
seja, é uma mudança perceptiva que possibilitaria uma visão da
realidade para além da rede de crenças egóicas.
A mente é o ser alienado pelo ego. Desalienar o ego poderia
ser despertar a consciência para que ela possa ficar livre de
programações, e consequentemente potencializar a qualidade de se
tomar decisões mais autênticas possíveis reconhecendo sua
capacidade de transformação.
Krishnamurti (1982) em suas palestras já evidenciava a
importância do sujeito condicionado despertar a consciência
através da observação interna, pois havendo uma mudança
substancial na singularidade possibilitando um despertar da
consciência.
O despertar não ocorre advindo simples desejo de desertar,
mas de forma singular, pois o despertar advêm da percepção da
realidade como ela é de fato e não subordinada a crenças, desejos e
opiniões egóicas.
Assim, a transcendência espiritual é considerada um dos
caminhos para o despertar da consciência. Mas o que seria está
transcendência espiritual?
Transcendência espiritual é o espaço vazio entre os
condicionamentos egóicos e a realidade inefável, isto é, é a
realidade que não está condicionada pela cultura, crenças e
sociedade.
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Neste contexto, a prática de Mindfulness poderia ser um dos
caminhos para despertar a consciência, pois tal prática orienta os
sujeitos a observar os pensamentos, sentimentos, sensações e
comportamentos que não estão apegados a desejos pessoais
(SEIDL-DE-MOURA, 2012). Assim busca-se desenvolver a
capacidade de prestar a atenção de forma plena no momento
presente buscando uma orientação flexível e adaptativa diante das
experiências emocionais (LEAHY, TIRCH, NAPOLITANO,
2013).
Mindfulness é comumente praticado através da meditação e
esta é considerado um processo de alteração da atenção do foco no
mundo externo para um foco interno (SEIDL-DE-MOURA, 2012).
Porém, existem alguns tipos de meditação, as que chamamos de
concentrativa que consiste na delimitação da atenção a um único
objeto, podendo este ser interno ou externo, busca-se focar a
atividade mental num estímulo específico, como som, imagem,
respiração; este tipo de meditação pode incluir a yoga, meditação
transcendental e a budista samatha. E as meditações
contemplativas acontecem através da junção de duas coisas, a
habilidade de focalizar e de se abrir; neste seguimento temos a
meditação judaica e causadas por algumas orações (CAHN &
POLICH, 2006). Nesta mesma vertente aparece à prática de
Mindfulness sendo considerada uma terceira categoria de
meditação, esta mais voltada para o cunho cientifica, pois é
necessário o sujeito habilitar sua concentração para um
determinado estímulo para só então, ser possível a abertura à
observação livre de julgamentos dos condicionamentos egoícos
(GOLEMAN, 1988).
O despertar da consciência através da meditação possibilita
a grande presença descontaminada pela mente e suas ilusões, pois a
partir do momento que em prestamos atenção aos acontecimentos
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internos livres de julgamento e sem se apegar a tais acontecimentos
internos, significa que temos a possibilidade de vivenciar as
experiências de forma mais autenticas e livres de programações aos
quais nos condiciona.
Sabe-se que a meditação destaca o autoconhecimento, e
isso é considerado um indicador da Consciência Desperta, pois tal
consciência possibilita o sujeito conhecer e enxergar a si próprio
sem restrições e julgamentos, deixando sua alteridade explicita e
sendo quem genuinamente é, despindo-se dos condicionamentos
egóicos. Dessa forma o Mindfulness reafirma sua eficácia, pois tal
prática busca desenvolver uma postura de aceitação das sensações,
sentimentos, processos mentais que ocorrem durante a vivência
cotidiana, sem se agarrar a julgamentos e condicionamentos do
ego.
Vale salientar que o despertar da Consciência não é algo
que ocorre intencionalmente, mas sim de forma espontânea. Então
a prática de Mindfulness poderia potencializar uma aproximação do
fluxo vital na medida em que busca desenvolver uma Consciência
pura das vivências e experiências cotidianas, aceita-las como elas
realmente são e não se emaranhar nelas tornando-o um ser em
sofrimento na maior parte do tempo, distanciando cada vez mais do
fluxo vital.
4. Considerações
Diante do exposto percebe-se que o sofrimento humano é
uma temática que gera indagações constantes relacionada às
melhoras formas de elucida-lo, porém várias receitas são passadas
e nenhuma se aproxima do resultado que os sujeitos desejam.
O sofrimento é algo inerente ao ser humano e não existem
formas de elucida-lo, o que existe são maneiras de lidar com o
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sofrimento. Neste sentido, a prática de Mindfulness surgiu como
sendo uma das possibilidades de manejo do sofrimento, visto que
tal prática possibilitaria no sujeito formas de se libertar as grades
egóicas que o alienam e aprisiona numa teia repleta de desejos e
necessidades ilusórias aos quais potencializa e prolonga o
sofrimento, além de contaminar a Alma com ilusões que
automatizam e hipnotiza o homem.
Neste sentido, Mindfulness possibilitaria tal liberdade no
sentido experiencial, sentir as sensações, pensamentos,
sentimentos, lembranças sem se fixar nos julgamentos oriundos do
condicionamento do Ego, tornando-o um ser autentico e límpido à
luz da Alma.
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