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Microbiologia
Classificação, Estrutura e Replicação dos Fungos
• Introdução
Micologia é um termo de origem grega (mýkes – cogumelo) para designar o es-tudo dos fungos. Estudo este que se faz importante, pois os fungos causam do-enças geralmente negligenciadas, que têm um amplo espectro de acometi-mento. Além disso, alguns fungos estão relacionados ao desenvolvimento de
novos fármacos.
• Taxonomia fúngica
Pertencem ao domínio Eukarya, agrupados no reino Fungi. Os fungos são dis-tribuídos em 4 filos principais com suas respectivas classes:
• Basidiiomycota o Basidiomycetes (fungos macroscópicos) o Telioomycetes o Ustomycetes
• Ascomycota
o Ascomycetes
• Zygomycota (fungos primitivos) o Zygomycetes o Trichomycetes
• Chytridiomycota
o Chytridiiomycetes
Os filos basidiomiceto e ascomiceto contém os fungos mais prevalentes na clí-nica médica. Os fungos da classe Deuteromycetes, agora compõe o grupo cha-mado Mitospórico, espécies com fase sexuada desconhecida (contém 2.600 gêneros e 15.000 espécies). Os Fungos mitospóricos são divididos em 3 clas-ses: Hyphomycetes, Agonomycetes, Coelomycetes.
• Características do reino Fungi
É um reino proposto por Whittaker e colaboradores em 1969, juntamente com os outros 4 reinos. Composto por seres quimioheterotróficos, que reservam gli-cogênio, não formam tecidos verdadeiros (micélio não é tecido) e tem sua pa-rede celular composta por quitina (poucos apresentam celulose), mananas e glucanas. Sua membrana contém ergosterol, que não está presente na célula humana e, portanto, torna-se alvo de medicamentos.
São seres ubíquos, em sua maioria, sapróbios ambientais, que degradam a ma-téria orgânica. No ecossistema são sapróbios, simbiontes, comensal ou parasi-tas. Nutrem-se por absorção dos nutrientes. São, em sua maioria, imóveis (al-guns esporos aquáticos são móveis), tem sua temperatura ótima entre 5 e 37oC.
Como patógenos, em sua maioria, têm características oportunistas, entretanto, alguns são patógenos verdadeiros. Apresentam-se basicamente em duas for-mas: levedura (unicelulares) e filamentosa (pluricelulares)
• Morfologia
As leveduras são células ovaladas, que podem formar estruturas chamadas pseudohifas e pseudomicélio. Produzem colônias pastosas ou mucoides no ágar.
Os fungos filamentosos são formações de células tubulares chamadas de hifas, que juntas constituem o micélio. Produzem colônias filamentosas mais consis-tentes. As hifas podem ser:
• Cenocíticas: sem septos. Grupos de fungos mais primitivos, geralmente não são patogênicos.
• Septadas: apresentam septos. Há passagem de substâncias entre os po-ros da parede dos septos
Os zigomicetos são fungos cenocíticos, porém, quando geram seu esporangió-foro, tem-se na hifa a formação de um septo verdadeiro que isola o esporangió-foro. Isso mantém a maquinaria necessária para a síntese dos esporos concen-trada em uma região citoplasmática, sem se dissipar na célula.
Quanto a coloração, classificam-se os fungos em:
• Demácios: apresentam melanina, que os deixa escurecidos.
• Hialinos: não apresentam melanina. Ao microscópio, são corados de azul pelo corante.
Alguns fungos, em determinadas condições ambientais, podem alterar sua forma entre filamentosa e leveduriforme, processo chamado de dimorfismo.
• Replicação
As leveduras são células que se reproduzem de forma assexuada por brota-mento ou por fissão nuclear, onde a célula progenitora destaca uma porção de si para dar origem a célula filha, formando blastoconidios – gemulação que se forma a partir de uma levedura. Os blastoconídios formam as pseudo-hifas quando não se desprendem da célula mãe. Também podem realizar reprodução sexuada.
As hifas apresentam dois tipos de micélio:
• Micélio vegetativo: realiza reprodução vegetativa, via artroconídio ou cla-midoconídio, além se ser o responsável pela nutrição e fixação do fungo.
o Artroconídeo – fragmentação das hifas em segmentos o Clamidoconídeo – estrutura de resistência, armazenam conídios.
• Micélio reprodutor: permite formação de esporos, que pode se dar de
forma sexuada (esporo teleomorfo) ou assexuada (esporo anamorfo). Os esporos assexuados podem ser de dois tipos: esporangiosporos (conti-dos dentro de um esporângio, em um esporangióforo por uma hifa não septada) ou conídios (desnudos em um conidióforo de uma hifa sep-tada). O fungo entra em fase reprodutiva quando o meio nutricional já encontra-se escasso. O esporo só é produzido pelos zigomiceto, os de-mais fungos filamentosos formam conídios
A reprodução sexuada se dá em três fases sequenciais:
1. Plasmogamia (fusão do citoplasma) 2. Cariogamia (fusão dos núcleos) 3. Meiose (redução dos cromossomos para haploides)
Na análise laboratorial, deve-se avaliar os seguintes parâmetros para a identifi-cação da espécie:
O crescimento fúngico é radial, do centro para a periferia, com a formação de diferentes zonas
A. Zona periférica (fungo jovem com metabolismo ativo) B. Zona de crescimento C. Zona de frutificação D. Zona central
A B C
D
• Questões
1) São características dos fungos, exceto: a) Os filos basidiomiceto e ascomiceto contém os fungos mais prevalentes
na clínica médica, b) São seres quimioheterotróficos, que reservam glicogênio. c) Sua parede celular é composta por quitina, o agrupamento de suas cé-
lulas forma um tecido chamado micélio. d) São seres ubíquos, em sua maioria, sapróbios ambientais.
COMENTÁRIO: o agrupamento das células fúngicas forma de fato o micélio, en-tretanto, o micélio não é considerado um tecido verdadeiro, pois não há interstí-cio e organização com interação celular funcional como em um tecido verdadeiro, como acontece, por exemplo, no tecido cardíaco.
2) Quanto a morfologia dos fungos, assinale a alternativa incorreta: a) Tem o ergosterol como um constituinte de sua membrana plasmática,
característica exclusiva das células fúngicas. b) Apresentam-se em duas principais formas: fungos filamentosos e leve-
duras c) As leveduras são células ovaladas, que podem formar estruturas chama-
das pseudohifas d) Os fungos filamentosos são formações de células tubulares chamadas de
hifas
COMENTÁRIO: apesar de o ergosterol ser um constituinte presente nas células fúngicas, este não é exclusivo do reino, alguns protozoários também o apresen-tam em sua membrana plasmática. Entretanto, este é um constituinte mais ca-racterístico das células fúngicas.
3) A sequencia de eventos que ocorre nas etapas da reprodução sexuada dos fungos é: a) Plasmogamia, meiose, cariogamia b) Plasmogamia, cariogamia, meiose c) Cariogamia, plasmogamia, meiose d) Meiose, cariogamia, plasmogamia
COMENTÁRIO: a sequência de eventos que ocorre na reprodução sexuada co-meça com a fusão do citoplasma (plasmogamia), em seguida, ocorre a fusão dos núcleos (cariogamia) e por último ocorre a redução dos cromossomos de diploide para haploide (meiose).
4) O diagnóstico micológico, através da cultura ou da microscopia, depende da identificação de características morfológicas dos fungos e suas colônias. São características da morfologia fúngica: a) Fungos filamentosos podem apresentar septos entre as estruturas celu-
lares, denominados cenocíticos b) Fungos demácios são aqueles que não apresentam melanina em suas cé-
lulas. c) Colônias de fungos filamentosos são, em geral, consistentes. As colô-
nias de leveduras são pastosas. d) A zona central de uma colônia fúngica é aquela que apresenta o fungo
jovem, com metabolismo ativo
COMENTÁRIO: (a) fungos cenocíticos são aqueles que não apresentam septos; (b) fungos hialinos são aqueles que não apresentam melanina em sua composi-ção; (d) a zona da colônia fúngica que apresenta metabolismo ativo é a zona periférica
5) Quanto as formas de reprodução dos fungos e suas estruturas reprodutivas, assinale a alternativa incorreta: a) Micélio vegetativo é aquele que realiza reprodução assexuada através da
formação de artroconídios b) Clamidoconídios são estruturas de resistência que armazenam os coní-
dios c) No micélio reprodutivo, os conídios são produzidos dentro de um es-
porângio d) Os fungos formam micélio vegetativo quando encontram-se em meio es-
casso de nutrientes.
COMENTÁRIO: no micélio reprodutivo, as estruturas reprodutivas que são pro-duzidas dentro de esporângio são os esporos. Os conídios, nesse micélio, são produzidos expostos diretamente no ambiente.