MÉTODOS DE ELETRORRESISTIVIDADE E...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS GEOLOGIA ENALDO OLIVEIRA LOPES FILHO MÉTODOS DE ELETRORRESISTIVIDADE E POLARIZAÇÃO INDUZIDA APLICADOS A PROSPECÇÃO DE OURO EM SEDIMENTO ALUVIONAR NO RIACHO DO INCÓ, BARROCAS - BAHIA. Salvador 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

GEOLOGIA

ENALDO OLIVEIRA LOPES FILHO

MÉTODOS DE ELETRORRESISTIVIDADE E

POLARIZAÇÃO INDUZIDA APLICADOS A PROSPECÇÃO

DE OURO EM SEDIMENTO ALUVIONAR NO RIACHO DO

INCÓ, BARROCAS - BAHIA.

Salvador 2013

ENALDO OLIVEIRA LOPES FILHO

MÉTODOS DE ELETRORRESISTIVIDADE E POLARIZAÇÃO INDUZIDA APLICADOS A PROSPECÇÃO DE OURO EM SEDIMENTO ALUVIONAR NO RIACHO DO

INCÓ, BARROCAS – BAHIA.

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Instituto de

Geociências da Universidade Federal da Bahia como requisito

para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.

Orientador: Prof. Dr. JOSÉ HAROLDO DA SILVA SÁ Co-Orientador: Prof. Dr. OLIVAR ANTÔNIO LIMA DE LIMA

TERMO DE APROVAÇÃO

ENALDO OLIVEIRA LOPES FILHO

Salvador, 30 de Agosto de 2013

MÉTODOS DE ELETRORRESISTIVIDADE E

POLARIZAÇÃO INDUZIDA APLICADOS A

PROSPECÇÃO DE OURO EM SEDIMENTO ALUVIONAR

NO RIACHO DO INCÓ, BARROCAS – BAHIA.

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM GEOLOGIA

BANCA EXAMINADORA Thiago Novaes Xavier Souza Geólogo Sênior na Yamana Gold Inc. Prof. Dr. José Haroldo da Silva Sá Professor da Universidade Federal da Bahia Prof. Luis Rodrigues dos Santos de Oliveira Professor da Universidade Federal da Bahia

“Existem minas de prata e locais onde se refina ouro. O ferro é extraído da terra, e do

minério se funde o cobre. O homem dá fim à escuridão e vasculha os recônditos mais

remotos em busca de minério, nas mais escuras trevas. Longe das moradias ele cava

um poço, em local esquecido pelos pés dos homens; longe de todos, ele se pendura e

balança. A terra, da qual vem o alimento, é revolvida embaixo como que pelo fogo; das

suas rochas saem safiras, e seu pó contém pepitas de ouro. Nenhuma ave de rapina

conhece aquele caminho oculto, e os olhos de nenhum falcão o viram. Os animais

altivos não põem os pés nele, e nenhum leão ronda por ali. As mãos dos homens

atacam a dura rocha e transtornam as raízes das montanhas. Fazem túneis através da

rocha, e os seus olhos enxergam todos os tesouros dali. Eles vasculham as nascentes

dos rios e trazem à luz coisas ocultas. Onde, porém, se poderá achar a sabedoria?

Onde habita o entendimento? O homem não percebe o valor da sabedoria; ela não se

encontra na terra dos viventes. O abismo diz: “Em mim não está”; o mar diz: “Não está

comigo”. Não pode ser comprada, mesmo com o ouro mais puro, nem se pode pesar o

seu preço em prata. Não pode ser comprada nem com o ouro puro de Ofir, nem com o

precioso ônix, nem com safiras. O ouro e o cristal não se comparam com ela, e é

impossível tê-la em troca de joias de ouro. O coral e o jaspe nem merecem menção; o

preço da sabedoria ultrapassa o dos rubis. O topázio da Etiópia não se compara com

ela; não se compra a sabedoria nem com ouro puro! De onde vem, então, a

sabedoria? Onde habita o entendimento? Escondida está dos olhos de toda criatura

viva, até das aves dos céus. A Destruição e a Morte dizem: “Aos nossos ouvidos só

chegou um leve rumor dela”. Deus conhece o caminho; só ele sabe onde ela

habita, pois ele enxerga os confins da terra e vê tudo o que há debaixo dos

céus. Quando ele determinou a força do vento e estabeleceu a medida exata para as

águas, quando fez um decreto para a chuva e o caminho para a tempestade

trovejante, ele olhou para a sabedoria e a avaliou; confirmou-a e a pôs à prova. Disse

então ao homem: “No temor do Senhor está a sabedoria, e evitar o mal é ter

entendimento”.

Jó 28.

AGRADECIMENTOS

Toda essa jornada foi apoiada por minha família e citar nomes talvez

desmerecesse alguns, mas o certo é que todos contribuíram como e quando

pôde com uma palavra, um trocado, um punhado de farinha um teto, foram

todos indispensáveis. TODOS DA MINHA FAMÍLIA; OBRIGADO!

Meus pais sempre se sacrificaram por mim, eu sei que se dependesse

somente deles eu seria um homem bem melhor. Mas eles fizeram mais do que

eu merecia, deram mais do que podiam, acreditaram mais do que valia e nunca

receberão de volta o que lhes é justamente devido, sou um filho que procura

honrá-los e sei que nunca será suficiente. Pai, Mãe e Irmãos, meus tesouros.

Os que proporcionaram diretamente à realização deste trabalho, os

idealizadores; Professores. Haroldo e. Olivar, o apoio da Companhia Baiana de

Pesquisa Mineral - CBPM, e do Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia –

CPGG/UFBA, ao colega Luis, vulgo Cabeça, sempre disponível e disposto a

ajudar. E a Mineração Fazenda Brasileiro – MFB, Yamana Gold, sob as ordens

do Sr. Mauricio Assis e do Sr Thiago Novaes, por fornecer recursos e uma

equipe para realizar este trabalho.

Aos que acreditaram, aos meus colegas, a todos os meus professores,

aos meus chefes de estágio, Elias Bernard (CPRM) e Rodolfo Rodrigues

(Yamana) serei sempre grato e honrarei este titulo me lembrando de cada um,

na busca por contribuir para este mundo da melhor forma possível.

Minha querida Têrinha que me acompanhou todos esses anos. Amor.

Nunca fui um bom aluno, nem sempre um bom colega, mas meus

amigos terão de mim sempre o melhor. Jamille Alves, Paulo Roberto, Dário,

Bah, Coroa, None, Al, Fabi, Muía, Nati, Anderson, Gi, Richard, Dan, Binho, AJ,

Carol, Adriano, Lucas, Acácio, Tai, Neto, Déa Marcus, Felipe, Cabeça, Geo,

Bruno, Na, Mike, Jéu, Vanjo, Mari, Dan, Léu, Lia, Bel, Kau, Viu, Ane, Rick, Rô,

Smigol, Cipre, Deu, Tina, Alan. Clara, Maria, Nanda, Gua, Line, Dino, Vi, Jó,

Fau. Du, Dane, Gueu, Ana, Elo, Diego, Lu, , Peu, Amigos todos de todas as

horas sempre estarão comigo; citar nomes fica injusto, mas não sou juiz.

Se um dia eu me comparar a alguém que seja ao meu “Velhote” José

Olívio de Oliveira, queria que estivesse aqui para a alegria ser completa.

Cada passo no caminho deve fazer valer a pena à linha de chegada.

RESUMO

O Riacho do Incó está situado no setor sul do Greenstone Belt do Rio

Itapicuru, um dos mais importantes distritos de ouro do Brasil, localizado no NE

do Estado da Bahia. A pesquisa sobre o potencial de mineralização nos

aluviões nessa drenagem, através dos métodos geofísicos em um trecho

selecionado do riacho, na Mineração Fazenda Brasileiro, tem o objetivo de

delimitar seus parâmetros geométricos e a arquitetura faciológica do canal. A

Geofísica Aplicada consiste em efetuar uma avaliação não invasiva, utilizando

propriedades ou parâmetros físicos, incluindo instrumentos e métodos para

estudar as propriedades do planeta desde sua superfície à subsuperficie,

procurando encontrar e examinar informações geológicas úteis à sociedade.

Os métodos estabelecem critérios para definir novos alvos de exploração,

adaptando arranjos em função de cada área em estudo. Neste trabalho foi

utilizado o caminhamento elétrico, atribuindo uma nova perspectiva para a

geofísica aplicada. Usando o arranjo Dipolo-Dipolo de elétrodos; foram

discutidas aplicações do método, as suas vantagens e desvantagens em busca

de novos direcionamentos para a prospecção de ouro em sedimentos

aluvionares. Definir resistividade e cargabilidade em subsuperficie, do ponto de

vista mais teórico, relacionando a geologia com a resistividade, indicando as

descrições dos furos de sondagem e os comparando aos valores de

resistividade e condutividade dos sedimentos entre outros materiais geológicos.

Nesse trabalho descreve-se a metodologia utilizada para caracterizar a

arquitetura faciológica e acamadamento dos sedimentos do canal, com os

métodos de resistividade elétrica e polarização induzida relatando

pseudoseções e mapas de cargabilidade obtidos pelo método de resistividade

e polarização induzida fazendo a sua correlação com dados diretos de furos de

sondagem, associando os resultados obtidos para confeccionar uma seção

interpretada, um modelo que relata de forma clara os benefícios da integração

da geologia com a geofísica.

PALAVRAS-CHAVE: Prospecção Mineral, Geofísica Aplicada,

Polarização Induzida, Resistividade e Furos de Sondagem.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE FOTOS

CAPITULO 1 – INTRODUÇÃO 11

1.1 – APRESENTAÇÃO 11

1.2 – OBJETIVO 12

1.3 – LOCALIZAÇÃO E SITUAÇÃO 12

1.4 – TRABALHOS ANTERIORES 14

CAPITULO 2 – MATERIAIS E MÉTODOS 15

2.1 – LEVANTAMENTOS BIBLIOGRÁFICOS 15

2.2 – LEVANTAMENTOS DE CAMPO 15

2.3 AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DE DADOS 18

CAPITULO 3 – FUNDAMENTAÇÕES TEORICA 24

3.1 – GEOFÍSICA 24

3.1.1 Resistividade das rocas e dos minerais 26

3.1.2 Procedimento e Arranjo 29

3.1.3 Arranjo Dipolo-Dipolo 31

3.1.4 Profundidade de análise 32

3.1.5 Método Polarização induzida – IP 33

3.1.6 Limitações e Capacidades 35

CAPITULO 4 GEOLOGIA 37

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 41

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52

LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1: Modelo de Arranjo de Blocos e Pontos de Dados de Resistividade

Aparente para espaçamento de 5 metros.

Figura 5.2: Modelo e Arranjo de Blocos e Pontos de Dados de Resistividade

Aparente para espaçamento de 2,5 metros.

Figura 5.3: Pseudoseções de Cargabilidade Aparente e Calculada e Seção

geoelétrica invertida. As imagens mostram o contorno da cargabilidade

perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento entre os eletrodos

de 5/5m na linda de sondagem 13. A imagem mostra a profundidade em

metros no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem em metros na

parte superior e a Cargabilidade em mV/V com a escala de cores em baixo das

imagens.

Figura 5.4: Pseudoseções de Cargabilidade Aparente e Calculada e Seção

geoelétrica invertida. As imagens mostram o contorno da cargabilidade

perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento entre os eletrodos

de 2.5/2.5m na linda de sondagem 13. Na imagem a profundidade em metros

no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem em metros na parte

superior e a Cargabilidade em mV/V com a escala de cores em baixo das

imagens.

Figura 5.5: Pseudoseções de Resistividade Aparente Medida e Calculado e

Seção geoeletrica invertida da resistividade. As imagens mostram o contorno

da resistividade perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento

entre os eletrodos de 5/5m na linda de sondagem 13. Na imagem a

profundidade em metros no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem

em metros na parte superior e a resistividade em ohm.m relacionada a escala

de cores em baixo das imagens.

Figura 5.6: Pseudoseções de Resistividade Aparente Medida e Calculado e

Seção geoeletrica invertida da resistividade. As imagens mostram o contorno

da resistividade perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento

entre os eletrodos de 2,4/5,2m na linda de sondagem 13. Na imagem a

profundidade em metros no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem

em metros na parte superior e a resistividade em ohm.m relacionada a escala

de cores em baixo das imagens

Figura 5.7: Pseudoseção Interpretada; limites de resistividade aparente

associados a litologia demarcada através dos furos de sondagem; mostrando

que o método geoelétrico associado com o furo de sondagem delimita,

profundidade, largura e litologias associadas ao paleocanal. As cores referem-

se aos padrões de resistividade da litologia mostrando sua largura e

profundidade em metros. Este perfil foi interpretado usando as pseudoseções

geradas pelo software de inversão e as interpretações dos furos de sondagens

da linha 13 da MFB.

LISTA DE FOTOS

Foto 01: Disposição dos eletrodos em linha de sondagem. Foto com visada para norte, trecho

perpendicular ao Riacho do Incó, Mineração Fazenda Brasileiro, Barrocas, Bahia, Brasil.

Foto 02: Disposição dos eletrodos, de 5,0m em 5,0m, ligados por fios ao

resistivímetro SiscalPro,

Foto 03: Resistivimetro IRIS SYSCAL Pro com 10 canais. Com cabos

acoplados aos eletrodos.

11

1.0 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

O caso deste trabalho refere-se à prospecção mineral, tendo como principal

ferramenta a geofísica aplicada, em particular a eletroresistividade e a

polarização induzida (IP). Estes métodos além do aparelho com alta

capacidade de leitura e armazenamento de informações também processa os

dados de forma idônea, computando os dados medidos em campo através de

softwares que geram imagens em até 3D, determinando padrões associados

ao verdadeiro.

Para prospecção de ouro este caso é particular, sendo que não se trata de

uma medida direta associada ao minério e sim ao seu ambiente de

acumulação, levando em consideração que diretamente há a discriminação de

condutores disseminados no ambiente pela polarização induzida. A aplicação

do método pode ser bastante útil na delimitação e discriminação das litologias

associada a uma jazida integrando dados obtidos pela geofísica com os do

fundo de sondagem da geologia. O acúmulo de sedimentos drenados das

rochas mineralizadas pode gerar uma nova fonte de extração de ouro. Essa

possibilidade motivou uma pesquisa sobre o potencial de mineralização nos

aluviões nessa drenagem, através dos métodos geofísicos de Resistividade e

Polarização Induzida (IP). Aplicados em um trecho do riacho, com o objetivo de

delimitar seus parâmetros geométricos e sua arquitetura faciológica.

O contraste existente entre as propriedades físicas de cargabilidade e

resisitividade do meio envolvido torna a delimitação do ambiente de deposição

propício à identificação da zona de acumulação do minério de ouro, tornando

possível através de furos de sondagem identificar o potencial produtor da área

em questão.

“Nos levantamentos geofísicos de campo, não se deve descartar “a priori” a

possibilidade de se efetuar algumas perfurações por sondagens mecânicas.

Estas sondagens, ainda que, normalmente, mais onerosas que os métodos

geofísicos, fornecem dados seguros e exatos sobre o subsolo, os quais servem

para minimizar a ambiguidade inerente a interpretação geofísica, ajustando o

modelo inicial”. (Braga, A.C.O. 2007)

12

1.2 OBJETIVO

Este trabalho usa a geologia e a geofísica aplicada para validar os métodos

de Eletroresistividade e Polarização Induzida (IP) na prospecção de ouro em

depósitos aluvionares, a fim de estimular a redução de custos em prospecção

com o menor tempo possível, fornecendo imagens em 2D para relacionar com

furos de sondagens realizado no Riacho do Incó na área da Mineração

Fazenda Brasileira (MFB), em uma linha de sondagem sob prévio acordo com

a Yamana Gold, utilizando o Syscal Pro do Centro de Pesquisa em Geologia e

Geofisica (CPGG) da Universidade Federal da Bahia e com apoio da

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).

1.3 LOCALIZAÇÃO E SITUAÇÃO

A mina Fazenda Brasileiro onde se encontra o Riacho do Incó, está

localizada na região nordeste do Estado da Bahia, no município de Barrocas,

na latitude 11° 25‟ sul e longitude 39°05‟ oeste. O trajeto à mina pode ser feito,

a partir de Salvador, em aproximadamente 210 km, seguindo-se pela BR-324

até Feira de Santana e depois pela BR-116 até Teofilândia. Daí até a mina, o

percurso é feito por 12 km em estrada não pavimentada (Figura 1).

13

Figura 1.1: Mapa de Localização e Situação

14

1.4 TRABALHOS ANTERIORES

Trabalhos vêm sendo desenvolvidos na região ao longo do médio Itapicuru

desde a década de 70, e evoluindo em pesquisa que relataram a geologia a

geoquímica e a geofísica da área, o que levou a caracterizar a sequência de

rochas vulcanosedimentares.

Com as pesquisas da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) foi

localizado o alvo onde hoje se encontra a Mineração Fazenda Brasileiro. O

Greenstone Belt do Rio Itapicuru se tornou alvo de estudos e pesquisas cada

vez mais objetivas, com enfoque para os trabalhos da Prfª Maria da Gloria Silva

como o artigo; Sm-Nd idade do Gabro da Fazenda Brasileiro, Bahia, Brasil:

Exemplo de comportamento robusto do sistema isotópico Sm-Nd em alteração

hidrotermal extrema.

Sendo um dos últimos trabalhos recentemente publicado, a defesa de

bacharelado de Lisalvaro Lucas Chaves Costa; Características Petrográficas e

Aspectos Metalogenéticos do Corpo C-59, Mina Fazenda Brasileiro, Bahia

(2008). Um trabalho que promoveu novos horizontes a Yamana Gold, que em

parceria com a UFBA agenciaram este estudo, com amplo beneficio para a

sociedade cientifica.

O fato é que nenhum trabalho com ênfase na geofísica aplicada a

sedimentos aluvionares, foi publicado em vias oficiais, tornando este pioneiro

para tal fim.

15

2.0 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

O inicio deste trabalho se deu através de estudos em livros técnicos,

artigos científicos, teses e textos sobre os métodos geofísicos elétricos, com

ênfase em Resistividade e Polarização Induzida (IP). Sendo que não foi

encontrado trabalho com aplicações semelhantes até o termino desta etapa.

Foram também realizadas leituras sobre a geologia da área e manuais

para utilização do aparelho e dos softwares utilizados.

2.2. LEVANTAMENTO DE CAMPO

O trabalho de campo é identificado como a caracterização das

propriedades físicas no canal. Sendo que a geofísica aplica métodos indiretos

baseados nos princípios da Física justapostos ao estudo da Terra.

Com o auxilio do Geólogo Thiago Novaes e a equipe de apoio da MFB,

foram identificados alvos para implantação das linhas de sondagem. Antes de

se iniciar o levantamento geofísico é necessário conhecer o substrato do local,

com um caminhamento descritivo na área para evitar erros e impossibilidades

de coleta de dados. Uma das condições fundamentais para o sucesso da

utilização deste método é existir contraste entre as propriedades físicas do

meio e as dos alvos a detectar. As condições físicas mais propicias são em

épocas de seca pois o solo não estará encharcado, evitando dissipação da

corrente.

Foram selecionados quatro alvos para analise, em função da

geomorfologia, perpendiculares ao canal e onde há provável concentração de

sedimentos pesados. Sendo que dentre os alvos dois foram pesquisados no

inicio do trabalho, para teste do método e do equipamento, com localizações

mais acessíveis, e arquitetura do canal mais propicia; e outros dois para

levantamentos técnicos mais específicos, com maior probabilidade para

identificação de acumulado, e cujos furos deram melhor resposta para

prospecção de ouro.

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No presente caso de estudo a pesquisa é em função de uma

acumulação de ouro, oriunda da lixiviação das rochas constituintes do

“Greenstone Belt” do Rio Itapicuru (G.B.R.I), o que já fora anteriormente

identificado por concentrado de bateia. O ouro encontra-se em sedimentos

arenosos e cascalhos que estão associados com argilas de espessuras

variadas em função da deposição no canal.

Com observação das condições existentes no terreno, relevo e

topografia, camada de solo que deve ser facilmente penetrável para os

eletrodos, pouca vegetação, pois árvores podem ser obstáculos à colocação

dos elétrodos e manutenção de uma linha reta e finalmente, ausência de

fatores externos à superfície que perturbem a qualidade das medições como,

estruturas metálicas e postes de eletricidade. É dada a colocação dos

elétrodos. A pesquisa foi realizada com um sistema em que eletrodos estão

dispostos ao longo de uma linha com um espaçamento constante entre

eletrodos adjacentes (Foto 1)

Foto 01: Disposição dos eletrodos em linha de sondagem. Foto com visada para norte, trecho

perpendicular ao Riacho do Incó, Mineração Fazenda Brasileiro, Barrocas, Bahia, Brasil.

Os eletrodos são colocados em distâncias previamente definidas medida

com fita métrica, em função da profundidade de investigação e resolução dos

dados. Devem ser bem enterrados com uso de uma marreta para fixação.

Depois são estendidos os cabos ao longo da linha de prospecção e feita

17

ligação entre os cabos, os elétrodos e o aparelho SyscalPro, o qual é colocado

preferencialmente no meio da linha de prospecção, para facilitar a locomoção

do arranjo.

Foto 02: Disposição dos eletrodos, de 5,0m em 5,0m, ligados por fios ao resistivímetro

SiscalPro,

Para o próximo passo é importante conferir se todas as ligações e

elétrodos estão impecavelmente instalados para conduzir corrente ao solo. No

aparelho utilizado, com um clique no botão RS CHECK, se constata isso em

instantes. No intuito de aprimorar o contato entre os elétrodos e o terreno rega-

se os elétrodos e o solo envolvente com água salgada, a qual apresenta

elevada condutividade.

Realizada uma leitura, desconecta o primeiro eletrodo e conecta no

segundo, sequencialmente até que o ultimo eletrodo, precise do primeiro

desconectado que deve ser translocado para o fim da linha de sondagem. Este

rearranjo é feito até completar a linha de sondagem, movendo o eletrodo até a

outra extremidade da linha, reconectando-os a cada leitura, até concluir a

seção. Concluída a seção, retira os eletrodos e os cabos com atenção para não

os perder, em meio ao percurso.

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2.3. AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DE DADOS

Para execução dos perfis de resistividade elétrica foi utilizado o

resistivímetro da IRIS Instruments, o SYSCAL Pro de 10 Canais (Foto 03). Este

equipamento está programado para alternar automaticamente entre os seus 10

elétrodos, obtendo autonomamente os dados de resistividade e cargabilidade

aparentes ( a e a). Posteriormente esses dados são invertidos para valores de

resistividade real com o software Res2DInv, da Geotomo Softwares. O

equipamento utilizado tem aquisição automática de dados com alta precisão e

confiabilidade.

Entendido os conceitos e concluída a aquisição dos dados, estes são

transferidos do aparelho para o computador, através de cabo próprio para a

comunicação entre eles, com o software PROSYSII, nos seguintes passos no

software; Comunication – Data download – Syscal Kid Switch com é visto na

figura 2.1.

Foto 03: Resistiviemetro IRIS SYSCAL Pro com 10 canais.

19

Figura 2.1: Mostrando como carregar arquivos do aparelho Syscal Pro, para o computador,

através do Software ProsysII.

Após a transferência de dados, o software de inversão RES2DINV

projeta os dados a serem processados para gerar os mapas de resistividade a

e cargabilidade a aparentes. Os terrenos menos porosos, teoricamente,

apresentam menor condutividade em função dos menores espaços vazios a

eles associados, que os siltosos e argilosos mais porosos e coesos, que têm

cargabilidade menos elevada.

Para exportar os dados para o software de inversão faz-se os seguintes

passos; File – Export and Save – Res2Dinv.

Figura 2.2: Transferência dos arquivos do software ProsysII pra o Software Res2Dinv, “File –

Export and Save – Res2Dinv/Res3Dinv.

20

A transação entre softwares se conclui ao salvar o arquivo em formato „.dat‟.

Figura 2.3. Conversão do arquivo „*.bin‟ em „*.dat‟. Pra ser tratado no inversor

.Com o uso do software RES2DINV da Geotomo Softwares, determina-

se um modelo 2-D para o subsolo a partir dos dados da resistividade por um

levantamento de imagem elétrica. Esta funcionalidade denomina-se

Imageamento elétrico.

Após a transferência dos dados par o computador, o programa ProsysII,

converte os dados adquiridos na linha, para o software de inversão RES2DINV.

O foco deste método é a representação da distribuição em imagem da

resistividade sob a superfície a partir dos dados de resistividade aparente, este

imageamento é feito através da chamada inversão.

O primeiro objetivo da inversão é a redução da diferença entre os dados

da resistividade aparente medida e a resistividade aparente calculada.

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A diferença entre estes dois conjuntos de dados é quantificada pelo erro

quadrático médio (root mean square - RMS) em percentagem. Equação 07

Equação 07

Onde N é o número total de medições, dPred corresponde aos dados

previsto e dMeas aos dados medidos. O erro RMS está muito dependente do

número de valores anômalos e da magnitude dos mesmos. Um único valor

anômalo pode aumentar substancialmente o valor do erro RMS, ainda que as

restantes medições sejam de boa qualidade. A melhor solução será remover

estes valores anômalos. O modelo obtido com o menor erro nem sempre é o

melhor. Em geral o mais prudente é escolher aquele modelo em que a variação

do erro entre uma e outra interação seja pequena o que normalmente acontece

entre a terceira e a quinta interação (Loke & Barker, 1996a)

Os programas de inversão usam normalmente métodos iterativos, onde,

a partir do modelo inicial, os programas procuram melhorar o padrão até que a

diferença entre os valores de resistividade aparente calculada e os valores de

resistividade aparente medida no campo seja mínima.

O modelo 2D alcançado pelo programa reparte a subsuperfície em

blocos retangulares. A finalidade do software é definir a resistividade exata dos

blocos retangulares que originaria uma pseudoseção de resistividades

aparentes análogas a seção de resistividade aparente medida em campo.

O programa irá primeiro verificar o sistema de computador para garantir

que ele tenha o recurso necessário. Ele irá verificar a memória disponível e

espaço em disco rígido. Se o programa exibe um aviso, deve-se sair do

programar par fazer as mudanças necessárias. Depois de verificar que o

computador tem a configuração, irá exibir a barra de menu principal na parte

superior da tela. Selecionar uma opção clicando com o cursor do mouse.

A opção „Ler arquivo de dados’ - Quando você selecionar esta opção, a

lista de arquivos no atual diretório que tem uma extensão *.DAT será exibida.

Pode-se usar o mouse ou teclado para selecionar o arquivo apropriado, ou

para alterar a pasta.

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O tutorial do software explica cuidadosamente todos os passos para

gerar a inversão desejada, com todos os atributos e especificações de cada

modele elétrico.

Após carregar o arquivo *.dat, deve-se tratar os dados para melhor

obtenção de resultados, este tratamento pode ser remoção de pontos ruins,

diminuição virtual no espaçamento entre os eletrodos, entre outros.

Figura 2.4: Barra do RES2DINV, mostrando como ler arquivos de dados no programa.

O programa tem um conjunto de configurações predefinidas para os

fatores de amortecimento e outros variáveis que geralmente dão resultados

satisfatórios para a maioria dos conjuntos de dados. No entanto, em algumas

situações, pode-se obter melhores resultados, modificando os parâmetros que

controlam o processo de inversão. Quando selecionar a opção “Alterar

configurações”, a seguinte lista de opções do menu será exibida.

As configurações do sistema são alteradas conforme a necessidade do

projeto, os itens estão de acordo a modelos previamente definidos, e erros

ocasionais do método em questão.

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Figura 2.5: Botão para limitar os valores do modelo de resistividade, para que estes não se

tornem demasiadamente grandes ou pequenos.

Figura 2.6: Criar modelo de inversão – após as configurações do sistema, este botão da inicio

a pseudoseção. Criando vários modelos a serem selecionados de acordo com a realidade do

terreno.

Gerado o modelo de inversão, cabe ao analista estabelecer a

pseudoseção que melhor represente o modelo. Nesta opção, pode-se ler em

um arquivo de saída produzido pelo programa de inversão e exibir a

resistividade aparente medida e calculada e a seção modelo.

Figura 2.7: Botão para apresentação das pseudoseções

Definida a pseudoseção a que melhor represente o modelo do terreno

pode-se imprimir e interpretar os dados para as conclusões.

24

3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O objetivo dos estudos de resistividade elétrica é estimar a distribuição

espacial de resistividade em sub superfície, quer seja na vertical quer seja na

horizontal, ou ambas. Onde corrente elétrica artificial e injetada no solo, e as

diferenças de potenciais são medidas na superfície.

3.1 GEOFÍSICA

A Geofísica Aplicada atribui prospecção eléctrica em diferentes funções.

Usando campos apropriados da geoesfera, ou introdução de campos artificiais

(correntes eléctricas) no substrato. Nos métodos resistivos, uma corrente

artificial é introduzida no solo e a diferença de potencial resultante é medida à

superfície Os desvios do padrão de ΔV esperados de um solo homogéneo

fornecem informação sobre a forma e propriedades eléctricas das

heterogeneidades. (Luis, 2005).

No método de resistividade, injeta-se corrente elétrica no terreno através

de um par de eletrodos (A e B – eletrodos de corrente) e é medida a diferença

de potencial resultante entre outro par de elétrodos (M e N – eletrodos de

potencial). A resistividade do terreno é então calculada a partir das distâncias

entre os eletrodos, corrente aplicada e diferença de potencial medida, com

base na Lei de Ohm. O resultado é a resistividade do terreno em Ohm.m ou o

seu inverso, a condutividade em Siemen(S)/metro.

A resistividade de um material, no Sistema Internacional S.I., é medido

em ohm.m, é definida como a resistência entre as faces opostas de um cubo

de aresta unitária desse material. Num cilindro condutor (Figura 3.1) de

resistência R, comprimento L e área A, a resistividade é dada por (Kearey

et al, 1984)

Equação 01

25

Figura 3.1: Parâmetros usados na definição da resistividade de um material (Kearey et al,

1984).

A intensidade de corrente que atravessa o cilindro provoca uma queda

de potencial entre as extremidades do elemento. A lei de Ohm diz que V= R,

sabendo a partir da equação de que R= ( L)/ A, e substituindo

Equação 02

V/ L, representa o gradiente de potencial através do elemento de volume (em

volt/m) e é a densidade de corrente em A/m2.

Considerado um único eletrodo de corrente na superfície de um meio de

resistividade uniforme. O circuito é fechado a grande distância do eletrodo

Figura 3.2: Fluxo de corrente a partir de um único eletrodo à superfície (adaptado de Kearey et

al, 1984).

Num cenário de terreno homogêneo quanto à resistividade, a corrente

flui radialmente a partir do eletrodo de tal modo que a distribuição de corrente é

uniforme em calotas hemisféricas centradas na fonte. À distância r do eletrodo

a calota terá uma área de 2 r² e a densidade de corrente será:

Equação 03

26

Associando as equações (03) e (04) o gradiente de potencial associado à

densidade de corrente é dado por:

Equação 04

O potencial Vr à distância r é obtido por integração:

Equação 05

A equação (05) permite o cálculo do potencial num ponto qualquer do

hemiespaço. As calotas da figura (3.2) são superfícies equipotenciais (Kearey

et al, 1984).

Quando o solo é homogêneo, a resistividade calculada deverá ser

constante e independente da configuração dos eletrodos e da localização

espacial. Porém, quando existem heterogeneidades, a resistividade irá variar

com a posição relativa dos eletrodos. O valor calculado chama-se então

resistividade aparente a.

Equação 06

Onde é o fator geométrico próprio de cada dispositivo geoelétrico.

A resistividade aparente não é uma propriedade física do terreno, ao

contrário da resistividade verdadeira. Para estimar as resistividades

verdadeiras, a partir dos dados de campo de resistividade aparente, tem de se

recorrer a um processo designado por inversão dos dados.

3.1.1 Resistividade das rochas e dos minerais

A resistividade é uma propriedade física muito varável. Alguns minerais

conduzem a eletricidade via deslocamento dos elétrons (condução electrónica).

Porém, a maioria dos minerais constituintes das rochas é isolante elétrico e a

corrente eléctrica é transportada principalmente pela passagem de íons nas

águas intersticiais e ou fraturas.

Os íons que regem a corrente eléctrica resultam da dissolução de sais na

água. Dado que cada íon transporta uma diminuta quantidade de carga,

27

quantos mais estiverem presentes na solução, maior é a carga eléctrica

transportada. Deste modo, as soluções que tiverem um maior número de íons

terão uma condutividade mais elevada. De uma maneira geral, para uma dada

porosidade, uma rocha cujos poros estrão impregnados com uma água salina

será tanto mais condutiva quanto maior for a salinidade dessa água. A

salinidade é assim um dos dois fatores principais que condicionam a

resistividade das rochas. O outro é, obviamente, a porosidade efetiva já que

quanto maior ela for maior poderá ser o número de íons dissolvidos nas águas

intersticiais.

Temos, no entanto, de ter em atenção que a porosidade, por si só, não

tem uma relação tão direta com a condutividade como aquela que se poderia

depreender pela afirmação anterior. É que, sendo a condução elétrica

processada por via eletrolítica, é necessário que exista uma interconecção dos

vários poros, de maneira a que a corrente eléctrica possa circular ao longo das

rochas. Tecnicamente, a este efeito chama-se a tortuosidade dos poros que

tem uma relação estreita com a textura dos materiais. (apud Luis 2005)

As rochas sedimentares apresentam baixa resistividade, em sua maioria,

principalmente devido a porosidade, maior porosidade efetiva e preenchida por

fluido eletrolítico implica em menor resistividade. Porém as argilas quando

encharcadas são bastante condutivas, devido o efeito combinado da água e da

polarização superficial das partículas de argilas. Ao contrário das rochas

ígneas, por exemplo, que possuem alta resistividade, devido sua baixa

porosidade, sendo que isto é inverso quando a rochas ígneas são fraturadas, e

cujas fraturas estejam preenchidas por fluidos eletrolíticos.

As partículas de argila fornecem em relação ao trajeto eletrolítico, um

percurso alternativo de baixa resistência para a condução de eletricidade. A

origem da condutividade anormalmente elevada dos minerais de argila assenta

na distribuição de cátions em torno desses minerais. As dimensões finitas dos

cátions impedem a formação de uma camada única em torno do mineral. Em

vez disso, forma-se uma camada dupla constituída por uma camada fixa nas

imediações do mineral e uma camada difusa, cuja densidade decai

exponencialmente com a distância à camada fixa. Contrariamente à camada

fixa, a camada difusa tem liberdade para se mover quando sujeita à ação de

28

um campo elétrico exterior. O efeito resultante é o aumento da condutividade,

que neste caso se chama condutividade superficial (Luís, 2005).

A prospecção geofísica pelo método da resistividade gera uma imagem

da distribuição de resistividade no subsolo. Para converter esta imagem num

modelo geológico são necessários conhecimentos acerca dos valores típicos

de resistividade dos diferentes materiais no subsolo que podem ser

consultados na figura 3.3. Ela mostra alguns exemplos de texturas de rochas

que encontramos com frequência. Da sua análise podem-se tirar algumas

conclusões qualitativas.

a) arenitos grosseiros têm com uma grande percentagem de espaços vazios

(cheios de ar), e por isso uma baixa resistividade.

b) arenitos com grãos de várias dimensões têm uma porosidade mais reduzida

e, logo, uma maior resistividade.

c) a dissolução de rochas calcárias ao longo de fraturas aumenta à porosidade

e baixa a resistividade, quando preenchido por fluido condutor.

d) a precipitação de minerais não condutores, baixa a porosidade e aumenta a

resistividade.

e) as rochas graníticas conduzem a eletricidade ao longo de fissuras. Se as

falas ou fraturas estiverem preenchidas por fluido condutor. As porosidades

são, nestes casos, baixas e as resistividades elevadas.

f) os basaltos têm frequentemente a característica de os seus poros estarem

isolados uns dos outros. Assim, mesmo se tiverem uma elevada porosidade

eles podem exibir uma alta resistividade.

29

Adaptado de Luis (2005).

Figura 3.3 Várias texturas de rochas.

Modificado de Ward. (1990).

Figura 3.4: Variação de resistividade em rochas e solos.

30

3.1.2 Procedimento e Arranjo

O ensaio de Caminhamento Elétrico (CE) é desenvolvido ao longo de

perfis previamente estaqueados, com espaçamento constante, em função das

profundidades de investigações requeridas, pois tanto o espaçamento de

eletrodos quanto o número de eletrodos utilizados regulam as profundidades de

investigações atingidas após a disposição do arranjo no terreno, e obterem-se

as leituras pertinentes, todo o arranjo é deslocado para a estaca seguinte e

efetuadas as leituras correspondentes, continuando esse procedimento até o

final do perfil a ser levantado. O caminhamento elétrico gera mapas de

contornos de resistividade e cargabilidade aparente.

Por outro lado, para se estimar as variações horizontais, o espaçamento

entre eletrodos mantém-se constante, deslocando todo o arranjo de sítio ao

longo da linha de prospecção. Neste caso, perde-se a informação acerca das

variações em profundidade e a interpretação deve ser meramente qualitativa

(Loke, 1999).

Para representar a distribuição vertical e horizontal de resistividade são

geralmente utilizadas as pseudoseções. Nestes modelos a 2D, é admitido que

não existem variações elétricas na direção perpendicular à linha de

prospecção. Esta é das técnicas mais utilizadas funcionando, normalmente,

com uma linha com vários eletrodos e um resistivímetro com capacidade para

alterar automaticamente as funções dos eletrodos responsáveis pela medição.

São obtidos valores de resistividade a várias profundidades e em vários pontos

ao longo da linha de prospecção.

O uso do método da eletrorresistividade no campo é baseado na

capacidade do equipamento de introduzir uma corrente elétrica no subsolo, a

apartir de diferentes espaçamentos entre os eletrodos A e B, dispostos na

superfície do terreno e calcular a resistividade dos materiais geológicos a estas

variáveis profundidades de investigação;

31

Figura 3.5: Conjunto de dados da linha de sondagem, valores da esquerda representam a

resistividade aparente e os da direita os eletrodos com seus respectivos espaçamentos. Os

pontos nas linhas representam os valores de resistividade a várias profundidades e em vários

pontos a o longo da linha de prospecção.

Neste trabalho considerara-se modelos 2D para a distribuição de

resistividade, representados sob a forma de perfis de resistividade.

3.1.3 Arranjo Dipolo-Dipolo

Como dito anteriormente o valor da resistividade aparente depende da

geometria dos eletrodos, onde fora usada a configuração mais comum dos

eletrodos de corrente e potencial, o dispositivo Dipolo-Dipolo.

Figura 3.6: Arranjo dipolo – dipolo, eletrodos de corrente C1 e C2, eletrodos de potencial P1 e

P2. Espaçamento entre os eletrodos „a‟. „na‟ fator de distância entre os dipolos

Este arranjo tem sido muito utilizado em estudos de resistividade e

polarização induzida (IP). O espaçamento entre os eletrodos de corrente A e B

e de potencial M e N é dado por “a”. Considera-se, ainda, um fator de distância

“na” entre os dipolos de corrente e os de potencial. Neste tipo de dispositivo o

32

espaçamento “a” é mantido inicialmente constante; para aumentar a

profundidade de investigação o espaçamento é aumentado de um fator “n”, que

não deve ultrapassar o valor de 8 (Loke, 1999).

. (Braga, 2007)

Figura 3.7: Esquema de aquisição de dados usando o arranjo Dipolo-Dipolo

A sensibilidade desta configuração é maior sob os dipolos de corrente A

e B e de potencial M e N, e menor no centro do dispositivo. É também mais

sensível a variações horizontais na resistividade, mas menos sensível a

variações verticais. Este fato faz dele um bom dispositivo para detectar

estruturas verticais como diques e cavidades, mas é pouco indicado para

detectar estruturas horizontais como estruturas geológicas com geometria

horizontal. A profundidade média de investigação depende do fator “n” assim

como do valor de ”a”. (Loke, 1999).

Um arranjo rápido e preciso que estuda a variação lateral do parâmetro

físico em vários níveis de profundidade, resultando na caracterização dos

materiais tanto horizontal quanto verticalmente.

Uma possível desvantagem deste dispositivo é a diminuição do sinal

para valores elevados do fator “na”. A voltagem cai inversamente proporcional

ao cubo do fator “na”. Isto significa que para a mesma corrente, a voltagem

medida diminui cerca de 200 vezes com o aumento do fator “n” para o valor 6.

Uma técnica para ultrapassar esta limitação consiste em aumentar o

espaçamento “a”. Para usar este dispositivo eficazmente, o resistivímetro deve

33

rejeitar bem o ruído de fundo, e deve se estabelecer um bom contato dos

eletrodos com o solo (Loke, 1999).

3.1.4 Profundidade de análise

Num solo homogêneo, a profundidade de penetração da corrente

aumenta com a separação dos eletrodos de corrente.

A Figura (3.8) mostra a percentagem de corrente que fluí abaixo de uma

dada profundidade Z em função da razão de separação L dos eletrodos de

corrente e da profundidade Z.

Quando L=Z cerca de 30% da corrente fluí abaixo de Z e quando L=2Z

cerca de 50% flui abaixo de Z. Assim, para pequenos valores de L/Z só a parte

superficial é sondada, enquanto para grandes valores da relação L/Z só as

maiores profundidades são sondadas. A separação dos eletrodos de corrente

tem que ser escolhida de modo a que seja injetada corrente no solo até à

profundidade requerida e deve ser no mínimo o dobro e preferencialmente mais

do que três vezes a profundidade (Reynolds, 1997).

(Kearey et al, 1984).

Figura 3.8: Fração de corrente que passa abaixo da profundidade Z para uma separação de

eletrodos L

34

Além do afastamento entre eletrodos, outros fatores, como a

configuração escolhida, características dos terrenos e capacidade do

resistivímetro, influenciam a qualidade das medições em profundidade. Para

fazer prospecção a grandes profundidades a situação ideal é possuir um

equipamento que injete maior intensidade da corrente e o terreno possuir

resistência baixa entre os eletrodos de corrente (Benard, 2003).

3.1.5 Método Polarização induzida - IP

Assim como foi mencionado no método a eletrorresistividade, quando

dois eletrodos transmitem corrente elétrica em sub-superfície, é gerado uma

voltagem entre outros dois eletrodos de potencial. Se após o desligamento da

corrente ocorrer um caimento da voltagem em um determinado tempo, tem-se

o chamado efeito de polarização induzida ou efeito de IP, que foi primeiramente

estudado por Schlumberger (Parasnis, 1973).

O curso elétrico em subsuperfície é geralmente transportado por íons

nos eletrólitos nos poros do substrato rochoso, se o caminho destes íons é

barrado por certos fragmentos minerais como os metais, que conduzem a

corrente através de elétrons, as cargas iônicas se acumulam na interconexão

partícula (mineral metálico) – eletrólito. O acumulo de carga causa uma força

DDP (Diferença de Potencial) que tende a se opor a direção da corrente

elétrica, e assim pode se dizer que a partícula esta polarizada. Quando a

corrente é desligada uma tensão residual permanece ao longo da partícula,

isso por que há presença de cargas iônicas nas paredes do grão metálico, mas

a voltagem diminui sucessivamente enquanto os íons voltam lentamente ao

seu local de origem. Essa é a polarização do eletrodo, Figura 3.9

Apud Sato (2004)

Figura 3.9 Fenômeno de polarização metálica ou eletrônica

35

A polarização da membrana (Figura 3.10) ocorre em rochas que

contenham partículas de argila. As superfícies destas partículas têm cargas

negativas que aproximam íons positivos dos eletrólitos presentes na zona

capilar de agregados de argilas, originando um grande acumulo de íons

positivos próximos a parede do grão de argila. Estes íons, que se agrupam,

mas ficam longe da zona capilar são repelidos pelos íons positivos situados na

zona capilar, gerando uma membrana entre eles.

Apud. Sato (2004)

Figura 3.10 Fenômeno de polarização de membrana

Ao injetar uma corrente, os íons positivos se deslocam (seguem o fluxo

de corrente), com a interrupção da corrente, as cargas positivas tendem a se

redistribuir voltando ao padrão equilibrado anterior. Este processo de

redistribuição gera um caimento da voltagem entre dois eletrodos. A

polarização induzida é inversamente proporcional à continuidade elétrica entre

os grãos.

A partir da aquisição dos dados em campo são obtidos valores de

resistividade e cargabilidade aparentes ( a e a). A inversão destes dados

permite a obtenção de uma seção (modelo) de resistividades e cargabilidade

verdadeiras (Griffiths & Barker, 1993), que obedece a configuração que mais se

aproxima da geologia da seção, promovendo a definição e a visualização em

profundidade das rochas e sedimentos. O que será constatado nas figuras 5.5,

5.6, na pagina (47 e 48).

36

3.1.6 Limitações e Capacidades

Concordando com Hasan Aktarakçi (2008) as aplicações mais frequentes e

eficazes do método de resistividade são:

- Detecção de cavidades;

- Caracterização geotécnica;

- Prospecção de águas subterrâneas;

- Mapas litológicos (contato geológico);

- Prospecção de massas minerais;

- Investigações arqueológicas;

- Detecção de plumas de contaminação;

- Monitorização de terrenos sujeitos a técnicas de remediação;

-Monitorização de processos subterrâneos como recarga de aquíferos,

infiltração, intrusão salina, túneis e infiltração em barragens.

- As principais capacidades e limitações do método da resistividade elétrica são

as seguintes (adaptado de Martinho, 2002):

- As sondagens de resistividade podem estimar a profundidade, espessura e resistividade das camadas;

- Os dados das sondagens e dos perfis podem ser avaliados no campo;

- Os valores de resistividade podem ser usados para identificar a provável composição geológica de uma camada ou para estimar a condutividade.

- A profundidade de canais e locais de depósito de resíduos enterrados, pode ser estimada. Limitações

- O método é muito susceptível ao ruído provocado por cercas metálicas, tubos

e heterogeneidade geológica;

- A interpretação quantitativa exige o uso de curvas padrão e/ou programas de

computador e experiência na sua utilização;

- O método é relativamente lento e exige dois ou três operadores no campo.

37

4.0. GEOLOGIA

A mineralização de ouro de Fazenda Brasileiro é hospedada por um sill

gabróico intrusivo em rochas metavulcânicas/metassedimentares do

Greenstone Belt do Rio Itapicuru, Craton do São Francisco. A mineralização,

com idade de ca. 2.05 Ga está associada com forte cizalhamento e alteração

hidrotermal, e o gabro hospedeiro está alterado para rochas ricas em clorita,

actinolita, carbonato e quartzo (Pimentel e Silva 2003)

A sequência vulcano-sedimentar Itapicuru e terrenos granito-gnaisse

associados fundamentam uma área de ca.8400 km consistindo principalmente

de faixas de rochas supracrustais que se estende em direção a NNW. Apenas

na parte sul do cinturão onde a foliação tem uma tendência regional EW. Essas

supracrustais estão associados com as unidades gnáissicas tonalito-

granodioríticos que formam o embasamento gnáissico, sendo invadido por

grandes cúpulas graníticas alongadas NS. (Pimentel e Silva 2003)

A sequência supracrustal do greenstone belt do Rio Itapicuru foi

inicialmente comparado ao Arqueano, sequências greenstone durante os

estudos geológicos pioneiros realizados na década de 70 (Mascarenhas 1973,

Kishida e Riccio 1980), quando o Greenstone Belt do Rio Itapicuru foi

caracterizado. Estudos posteriores geocronológicos revelaram a idade

paleoproterozóica do Rio Itapicuru rochas vulcânicas e associado cúpulas

graníticas (Brito Neves et al. 1.980, Silva 1992, 1996, Mello 2000).

A Sucessão Estratigráfica Vulcano-sedimentar pode ser dividida nas

seguintes unidades segundo Pimentel e Silva 2003.

1 A unidade vulcânica máfica basal formada por metabasaltos com abundantes

características vulcânicas primárias, visualizadas, metais como almofadas,

brechas de fluxo e texturas vesiculares. Finas camadas de xisto pelitico

(grafite) e pequenas intrusões máficas similar na composição às vulcânicas

também são encontrados dentro da pilha vulcânica.

38

Adaptado de Pimentel e Silva 2003

Figura 4.1: Esboço de mapa geológico do Cráton São Francisco, mostrando a localização do

Greenstone Belt Rio Itapicuru (RIGB).

2. Unidade vulcânica félsica-intermediária formada por lavas e depósitos

piroclásticos de andesito a composição dacítica, e também por pequenas

intrusões subvulcânicos coevos;

3. Unidade sedimentar superior compreendendo conglomerados, arenitos,

siltitos e folhelhos.

39

A nível local, a área de estudo está inserida em um contexto de sedimentos

coluvio-eluvionares, cujas superfícies de sedimentação são bastante variadas,

assim como a litologia e composição sedimentar.

Trata-se de um canal de drenagem de aproximadamente 2,5 Km que

corta a Mineração Fazenda Brasileiro de noroeste par sudeste, há mais ou

menos 2,2 Km da sede, ao sudoeste da área da empresa.

Adaptado de Pimentel e Silva 2003

Figura 4.2: Mapa geológico do Greenstone Belt do Rio Itapicuru mostrando a localização da

mina de ouro Fazenda Brasileiro e o Riacho do Incó.

A Terra não sendo um isolante perfeito é condutora de energia elétrica

podendo ser considerada como um agregado de materiais, na qual a

resistividade e influenciada por diversos fatores, tais como:

- Resistividade dos materiais (líquidos, minerais e gases) que compõem a

rocha; - Porosidade da rocha; - Umidade da rocha; - Textura e porosidade da

rocha.

40

A Unidade Riacho do Incó, segundo Kishida et al 1979. teve estas

rochas definidas numa divisão litoestratigrafica caracterizando a Sequência

Riacho do Incó por metabasaltos, alterados para xistos máficos, interpostos por

lentes de metagabros. Associadas a essa rocha ocorre metapelitos grafitosos e

cherts que desenvolvem uma camada fina e ininterrupta, capeando a zona do

minério, chamada horizonte guia. Proporciona uma espessura superior a

1000m correspondendo a Unidade Vulcânica Máfica da geologia regional.

A geologia da área onde se insere o estudo é constituída por uma

formação geológica de um complexo detrítico composto por argila, areia e

cascalho. Sedimentos oriundos desta e de outras unidades, presentes na bacia

hidrográfica do Itapicuru.

Os relatórios de sondagem existentes na área de estudo mostraram uma

alternância entre cascalho, areia e argila, contendo fragmentos de rocha.

A figura a seguir apresenta as colunas litológicas de alguns furos de

sondagen anteriormente realizadas na área de estudo, dispostas em perfil.

Pode observar-se que os níveis são constituídos predominantemente por

argilas.

Profundidade

(m)

Furo-46 Furo-47 Furo-48 Furo-49 Furo-50 Furo-51

Figura 4.3: Resumo dos furos de sondagem. Disposição do sedimento em profundidade

métrica e distância entre os furos de aproximadamente 5 metros.

41

5.0. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Definida no início do trabalho, a validação dos métodos de

eletrorresistividade e IP, para a prospecção de ouro em depósitos aluvionares

trata-se do desenvolvimento de pesquisas de geofísica aplicada.

De inicio, os métodos elétricos foram estudados do ponto de vista teórico,

analisando os seus fundamentos, as técnicas e aparelhamentos desenvolvidos

para aplicação prática, distinguindo os trabalhos já realizados e abrangendo a

sua aplicabilidade, habilidades e limitações. No imageamento elétrico 2D, são

utilizados equipamentos com aquisição automática de dados, o que possibilita

uma quantidade maior de leituras em boas condições de tempo. Na prática, a

validação dos métodos elétricos para prospecção de ouro no Riacho do Incó.

Os materiais e métodos adotados ao longo desta pesquisa e em campo são

abordados em teste, podendo dar assistência a possíveis trabalhos futuros.

O modelo 2D gerado através do software RES2DINV, que consiste em

blocos retangulares, cuja distribuição e tamanho são automaticamente gerados

pelo programa; quanto maior o número de pontos medidos em campo mais

precisa é a modelagem dos dados. O que pode ser constatado ao comparar o

modelo que tem espaçamentos entre os eletrodos de 5m com (Figura 5.1) os

que têm 2,5m (Figura 5.2).

Valores de resistividade e cargabilidade aparentes medidos no campo,

não representam propriamente a geologia de sub-superfície. A geração de

modelos 2D pode ser a única forma de delimitar e determinar litologias e a

arquitetura faciológica em um canal. Com a interpretação do modelo 2D foi

possível delimitar contornos do subsolo, levando em consideração que a

qualidade dos dados na área estudada é baixa, devido, sobretudo ao

encharcamento do solo devido a chuvas recentes na região, o que torna o

substrato muito mais condutivo e susceptível a ruídos.

Apesar de um erro absoluto baixo a qualidade a investigação é

comprometida por falta de contraste entre as litologias, apresentando um perfil

pouco capacitivo (Figuras 5.3 e 5.4). Contudo ficou explicito nas imagens de

cargabilidade a possibilidade da existência de Au disseminado no saprólito e na

rocha do embasamento que da uma resposta de alta cargabilidade e

resistividade alta.

42

Figura 5.1: Modelo de Arranjo de Blocos e Pontos de Dados de Resistividade Aparente para espaçamento de 5 metros.

Figura 5.2: Modelo e Arranjo de Blocos e Pontos de Dados de Resistividade Aparente para espaçamento de 2,5 metros.

43

Figura 5.3: Pseudoseções de Cargabilidade Aparente e Calculada e Seção geoelétrica invertida. As imagens mostram o contorno da cargabilidade

perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento entre os eletrodos de 5/5m na linda de sondagem 13. A imagem mostra a profundidade em metros

no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem em metros na parte superior e a Cargabilidade em mV/V com a escala de cores em baixo das imagens.

44

Figura 5.4: Pseudoseções de Cargabilidade Aparente e Calculada e Seção geoelétrica invertida. As imagens mostram o contorno da cargabilidade

perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento entre os eletrodos de 2.5/2.5m na linda de sondagem 13. Na imagem a profundidade em metros

no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem em metros na parte superior e a Cargabilidade em mV/V com a escala de cores em baixo das imagens.

45

Ao final, os dados foram utilizados na delimitação do paleocanal e das

litologias com bons resultados de resistividade e polarização induzida, sendo

possível concluir que para investigação em sedimentos aluvionares como os do

riacho do Incó, a técnica de imageamento elétrico em 2D é bem aplicada,

mostrando que a curva de resistividade varia suavemente entre os meios de

resistividades diferentes, e a discriminação da litologia pode ser mapeada com

o IP.

As imagens a seguir mostram os resultados da inversão elétrica, da

resistividade medida na linha 13 dos furos de sondagem no Riacho do Incó.

Contornos de pseudoseção de resistividade aparente medida.

A figura 5.5 representa a seção com espaçamentos de 5m entre os

eletrodos, caracterizando o canal com até 8,0m de profundidade em contato

com o embasamento, que representa maior resistividade no espectro de cores

avermelhadas tendendo a violeta. Bem delimitado pelas curvas de

resistividade. A partir desta imagem em comparação com os furos pode-se

perceber que os dados fogem a realidade relatada pela sondagem, porem a

diferença é menor que 2,0m, proporcionalmente aceitável quando se trata de

ambientes rasos e estreitos.

A figura 5.6 representa a pseudoseção com espaçamento de 2,5m entre

os eletrodos, caracterizando o canal com profundidade variando entre 1,0 e até

7,0 metros, o que é coerente com os furos de sondagem que relatam uma

litologia variada, entre argilas e fragmentos de rocha que são coerentes com a

imagem da inversão da figura 5.6. Tendo que a resistividade dos sedimentos

aluvionares é variável, pode-se interpretar a posição dos furos com a

resistividade apresentada no espectro. Observando que os sedimentos são em

maioria argilas que estão encharcadas. Esta seção melhor representa o canal,

por estar mais próxima ao que os furos de sondagem relatam nos perfis. Ela foi

gerada com espaçamento com metade do usado na seção e um número maior

de eletrodos, possibilitando melhor resolução e confiabilidade.

Em geral o ambiente está muito condutivo, principalmente, devido a

chuva que ocorreu durante a coleta de dados, na região. Associado a

sedimentos aluvionares que tem uma resistividade aproximadamente de até

100 Ohm.m. Com o sedimento rico em argilas encontrados nos furos,

caracterizando que a resistividade é inversamente proporcional a porosidade

46

preenchida por fluidos, as argilas apresentaram-se mais condutivas por

estarem encharcadas, devido o efeito combinado da água e da polarização

superficial das partículas de argilas.

Comparando os dois modelos pode-se perceber que diminuindo o

espaçamento entre os eletrodos, encontra uma melhor equidade dos valores,

no entanto uma menor profundidade de alcance, o que condiz com a teoria,

constata-se também que a melhor resolução está no espaçamento de 2,5m,

que se aproxima mais do modelo real proposto a partir da descrição dos furos

de sondagem, onde se observa um alto no embasamento, em relação a

profundidade e a litologia discriminada. Pode ser observado que a sondagem

com menor espaçamento entre os eletrodos é mais próxima das litologias

descritas nos furos de sondagem, promovendo uma melhor seção esquemática

e confiável.

47

Figura 5.5: Pseudoseções de Resistividade Aparente Medida e Calculado e Seção geoeletrica invertida da resistividade. As imagens mostram o contorno da

resistividade perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento entre os eletrodos de 5/5m na linda de sondagem 13. Na imagem a profundidade em

metros no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem em metros na parte superior e a resistividade em ohm.m relacionada a escala de cores em baixo

das imagens.

48

Figura 5.6: Pseudoseções de Resistividade Aparente Medida e Calculado e Seção geoeletrica invertida da resistividade. As imagens mostram o contorno da

resistividade perpendicularmente ao Riacho do Incó, com espaçamento entre os eletrodos de 2,4/5,2m na linda de sondagem 13. Na imagem a profundidade

em metros no lado esquerdo, a extensão da linha de sondagem em metros na parte superior e a resistividade em ohm.m relacionada a escala de cores em

baixo das imagens.

49

6.0 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A finalidade do trabalho foi testar os métodos de resistividade e IP, para

prospecção de ouro em aluvião. O que pode ser concluído é que o método de

resistividade delimita as descontinuidades tanto verticais, os contornos laterais do

canal, quanto horizontais, marcando o embasamento e litologias mais resistivas,

como saprólitos e cascalhos diferenciando-as das mais condutivas enquanto que a

polarização induzida sugere locais com condutores disseminados que causam o

efeito de polarização induzida.

Para ambos os perfis foram distinguidas três zonas com grande contraste de

condutividade.

A zona 1 com alta condutividade, representando os tons de azul a verde,

concentrando-se entre o nível freático e até 5 metros de profundidade. Corresponder

ao nível de material mais encharcado podendo conter de argila a cascalho,

representados na sondagem f-49 e f-50 (Figura 5.7).

A zona 2 com condutividade intermediária, representado tons de verde a

laranja, estão menos encharcados, com uma litologia não muito diferente da zona

anterior, mas com maior porosidade e espessuras podendo ser mais profundos que

6.0m. Melhor representado pelo furo f-47 (Figura 5.7).

A Zona 3 com alta resistividade, imaginando tons de laranja a violeta, estão

relacionadas a rocha do embasamento, sendo os tons mais claros relacionado ao

intemperismo da mesma. Representado pela sondagem f-48 em que a rocha esta

mais rasa devido a uma estrutura geológica identificada com o caminhamento.

(Figura 5.7).

A confiabilidade dos dados é considerada a partir da comparação com os

furos de sondagem, sendo que o levantamento de dados geofísicos em campo

foram alinhados com os furos anteriormente realizados pela equipe da MFB, na linha

13 de sondagem. O que e retratado na figura 5.7

Levando em consideração os erros associado aos materiais, juntamente com

as condições do terreno muito úmido para a finalidade da pesquisa.

50

Figura 5.7: Pseudoseção Interpretada; limites de resistividade aparente associados a litologia demarcada através dos furos de sondagem;

mostrando que o método geoelétrico associado com o furo de sondagem delimita, profundidade, largura e litologias associadas ao paleocanal. As cores

referem-se aos padrões de resistividade da litologia mostrando sua largura e profundidade em metros. Este perfil foi interpretado usando as pseudoseções

geradas pelo software de inversão e as interpretações dos furos de sondagens da linha 13 da MFB.

0.625

1.094

3.380

4.970

6.720

F-46 F-47 F-48 F-49 F-50 F-51m

20 40m

Sedimentos Encharcados; baixa resistividade; lama arenosa, também fragmentos de rocha.

Sedimentos Úmidos; resistividade intermediaria; argila, areia, cascalho e fragmentos de rocha.

Rocha; resistividade mais alta; Rocha alterada.

Furos de Sondagem.

51

As interpretações são ambíguas e limitadas a configurações estratigráficas

simples, necessitando de complemento com furos de sondagem que mostram dados

diretos da subsuperficie, a topografia e os efeitos das variações de resistividade

próximos à superfície pode mascarar a resistividade em profundidade, a

profundidade da analise é limitada pela energia máxima que pode ser aplicada ao

solo e pelos fios estendidos por longos comprimentos.

Os dados são promissores. Concluindo que a sondagem elétrica, a partir dos

métodos de Resistividade e IP, para prospecção em aluvião, é uma técnica de

geofísica aplicada valida. Tem como resultados a dimensão do canal, a

profundidade do embasamento e a possibilidade de existir ouro disseminado no

saprólito a condutividade das camadas do subsolo, sugerindo a interpretação da

porosidade e permeabilidade dos sedimentos, a dimensão destes depósitos, o que

facilita a determinação do corpo econômico prospectado através da peseudoseções

gerando modelos em 2D, a redução de custos com furos de sondagem, que a

exemplo desta seção seriam necessários apenas 3 furos 47,48 e 51.

O custo estimado do trabalho de prospecção com o método de resistividade

tendo em conta uma equipa de 3 pessoas 1 geólogo/geofísico e 2 operários e

considerando dois dias de trabalho necessários pra duas seções, o valor de

mercado de um imageamento elétrico está estimado em no mínimo R$2.500 por

quilometro, segundo o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA.

Como sugestão para trabalhos futuros nesta área de estudo, utilizando o

método elétrico, sugere-se a realização de mais perfis de resistividade, ao longo da

drenagem para caracterizar melhor o canal do riacho e gerar imagem até 3D. Além

disso, poderia complementar o trabalho utilizando contemporaneamente outro

arranjo como a Wenner ou Schlumberger, para comparar os resultados. E ainda

realizar o tratamento de dados ao fim de cada seção, pois eventuais erros podem

ser corrigidos ainda em campo, reduzindo o custo da logística, considerando

também o clima mais propício.

52

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