Metodologia da Pesquisa Científica...

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Reg. Nº. 4379 amparada pelo Parecer do CNE/MEC Nº. 241/99.505/99 - Lei Federal Nº.1051/69 CNPJ Nº 02.714.955/0001-36 Telefone: (34)3238- 2524 - Av. Cesário Alvim, 662 – Centro- Caixa Postal 2001 - Uberlândia-MG - CEP 38400-098. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA TEOLÓGICA Joenildo Fonseca Leite

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Reg. Nº. 4379 amparada pelo Parecer do CNE/MEC Nº. 241/99.505/99 - Lei Federal Nº.1051/69 CNPJ Nº 02.714.955/0001-36 Telefone: (34)3238-2524 - Av. Cesário Alvim, 662 – Centro-

Caixa Postal 2001 - Uberlândia-MG - CEP 38400-098.

METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

TEOLÓGICA

Joenildo Fonseca Leite

UBERLÂNDIA

2007

INTRODUÇÃO

A prática da pesquisa, a habilidade em escrever e a apresentação formal de um

trabalho são elementos que apontam para um trabalho árduo por parte daquele que se envolve

em projetos dissertativos em qualquer nível. Os tópicos abordados pretendem propiciar uma

orientação inicial.

Para que se tenha uma leitura ampla acerca do assunto, recomendo a leitura das

seguintes obras:

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência. São Paulo: Brasiliense, 1987.

CARVALHO, M.C.M (org). Construindo o saber: técnicas de metodologia científica.

Campinas: Papirus, 1988.

D’ONOFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. São Paulo: Atlas, 1999.

FRAGATA, Júlio. Noções de metodologia: para a elaboração de um trabalho científico.

Porto: Tavares Martins, 1967.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica. São Paulo, Atlas, 1996.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22ª ed. Revista, São

Paulo: Cortez Editora, 2003.

Bem, como veremos, a palavra inicial é PLANEJAMENTO. Mas, antes de iniciar o

planejamento é preciso entender que distinções existem entre as diversas nomenclaturas para

o trabalho científico. Deseja-se planejar, mas planejar que forma de conhecimento? Dentre

um universo muito rico de formas, pode-se ressaltar o conhecimento empírico, e filosófico, o

artístico, o religioso e o científico. Cada uma das formas de conhecimento possui uma base de

trabalho.

a) Para o conhecimento empírico, a vivência é a base de trabalho;

b) Para o conhecimento filosófico, o discurso lógico é a base de trabalho;

c) Para o conhecimento artístico, a intuição é a base de trabalho;

d) Para o conhecimento religioso, o dogma é a base de trabalho;

e) Para o conhecimento científico, a experiência laboratorial (comprovação com fatos) é

a base de trabalho.

O método científico utilizado em larga escala atualmente é o hipotético-dedutivo, ou

seja, parte-se de uma hipótese de trabalho do geral para o particular. Até bem pouco tempo

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atrás havia uma forte distinção entre as formas de trabalho: monografia, dissertação e tese.

Entretanto, contemporaneamente não há qualquer distinção entre elas.

O que se tem hoje, do ponto de visto metodológico, é a inclusão de corpus maior de

trabalho à medida que a graduação acadêmica é galgada e também um maior rigor ao tratar os

diversos níveis.

Isso implica que qualquer trabalho exigido em uma disciplina, tanto quanto uma

monografia de bacharelado, uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, seguem o

mesmo método hipotético-dedutivo.

A leitura de livros diferenciados sempre teve a capacidade de provocar mudanças

significativas e importantes. Após a leitura do livro A estrutura das revoluções científicas

de Thomas S. Kuhn (1989), começou-se a linear uma nova perspectiva do verdadeiro papel

que desempenhamos na nossa vida profissional e como cientistas pesquisadores. Entendeu-se,

então, o significado de uma pesquisa na vida de um pesquisador que, dentre outras coisas, está

fazendo ciências, está pensando cientificamente e, portanto, contribuindo de alguma forma

para uma mudança na sociedade.

Nesse sentido, compreende-se que Kuhn, em seu livro, procura discutir com

profundidade o real significado do que seja ciência, as suas implicações, os seus pressupostos

e suas eventuais interferências no mundo. Ao discutir temas controversos, rompe com

concepções, para não dizer mitos, arraigadas em nossa memória. Por exemplo, quando discute

sobre o fato da não necessidade de um tema de pesquisa ser inédito podendo ser um “braço”,

uma nova vertente de uma pesquisa existente. Ou mesmo, uma reflexão atualizada sobre

pesquisas já existentes procurando redimensioná-la à luz de novas teorias atualizadas.

Por outro lado, ainda segundo Kuhn, uma nova teoria, por mais restrita que seja o seu

campo de atuação, nunca é apenas um mero incremento do que já é conhecido. Seu real

desvelamento requer uma revisão da teoria já existente e uma nova reflexão sobre os fatos

anteriores envolvidos no processo. Uma pesquisa científica procura promover uma articulação

entre os fenômenos e teorias já fornecidas pelo paradigma buscando extrair dos mesmos

novas perspectivas e possibilidades. É importante ressaltar que, muitas vezes, um cientista

adquire grande reputação não por causa da novidade de suas descobertas, mas pela precisão,

segurança e alcance dos métodos que desenvolveram visando à predeterminação de categorias

de fatos anteriormente conhecidas.

Um outro aspecto discutido no referido livro é sobre a necessidade do pesquisador, ao

empreender-se em um novo desafio, já possuir algumas respostas e muitos outros

questionamentos sobre a ciência que está produzindo tais como: “Quais são as entidades

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fundamentais que compõem o universo? Como interagem estas entidades umas com as outras

e com os sentidos? Que questões podem ser legitimamente feitas a respeito de tais entidades e

que técnicas podem ser empregadas na busca de soluções?”.

Kuhn discute ainda um fato interessante que é a questão de um pesquisador, ao se

envolver em uma nova pesquisa, enfrentar resistências, tanto da comunidade científica à qual

pertence como também da sociedade como um todo. Por isso, ao iniciar uma pesquisa, todo

pesquisador deve, a priori, considerar todos os paradigmas ou candidatos a paradigmas que

eventualmente se apresentarem como sendo relevantes para o seu trabalho, mesmo porque, ao

iniciar uma coleta de dados todos os fatos que estão à disposição do pesquisador são

relevantes e devem ser considerados. Sobre o paradigma é importante ressaltar o que escreve

Kuhn: “Para ser aceita como paradigma, uma teoria deve parecer melhor que suas

competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar todos os fatos com os

quais pode ser confrontada”.

Não é raro observarmos alguns paradigmas que foram desenvolvidos com determinada

finalidade serem utilizados em outros fenômenos estreitamente relacionados. Este fenômeno é

possível porque uma teoria pode ser aplicada de diversas maneiras e é passível de leituras

diferenciadas dependendo do objetivo que se tem em mente e do pesquisador que a está

utilizando. Para Kuhn, “uma parte (embora pequena) do trabalho teórico normal consiste

simplesmente em usar a teoria existente para prever informações fatuais dotadas de valor

intrínseco”.

É importante o reconhecimento do papel desempenhado na pesquisa científica por

aquilo que chamo de paradigmas. Considero paradigmas as realizações científicas

universalmente reconhecidas que durante algum tempo, fornecem problemas e soluções

moderadas para uma comunidade de praticantes de ciências.

Esses são apenas alguns aspectos desse livro denso e importante na vida de um

verdadeiro cientista e, portanto, devemos recorrer a ele sempre, seja em busca de respostas

para as muitas perguntas que afligem a mente de um pesquisador, seja para a simples

conferência da veracidade de teorias por nós levantadas. Por outro lado, é de extrema

importância que tenhamos sempre uma postura crítica sobre as teorias propostas pelos

teóricos para que possamos extrair das mesmas o melhor que elas têm a oferecer.

É importante ressaltarmos que um dos objetivos fundamentais de um pesquisador é

instar uma mudança na percepção e avaliação de dados familiares, ainda, que cada revolução

científica altere a perspectiva histórica da comunidade que a experimenta, então, esta

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mudança de perspectiva deverá afetar a estrutura das publicações de pesquisa e dos manuais

do período pós-revolucionário.

Os cientistas, em vez de procurar as contribuições permanentes de uma ciência mais

antiga para nossa perspectiva privilegiada, procuram apresentar a integridade histórica

daquela ciência, a partir de sua própria época.

Observe que uma pesquisa eficaz raramente começa antes que uma comunidade

científica pense ter adquirido respostas seguras para perguntas como:

Quais são as entidades fundamentais que compõem o universo?

Como interagem essas entidades umas com as outras e com os sentidos?

Que questões podem ser legitimamente feitas a respeito de tais entidades e que

técnicas podem ser empregadas na busca de soluções?

Ao menos nas ciências plenamente desenvolvidas, respostas (ou substitutos integrais

para as respostas) a questões como essas estão firmemente engastadas na iniciação

profissional que prepara e autoriza o estudante para a prática científica. O fato de as respostas

poderem ter esse papel auxilia-nos a dar conta tanto da eficiência peculiar da atividade de

pesquisa normal, como da direção na qual essa prossegue em qualquer momento considerado.

Os momentos decisivos associados ao desenvolvimento científico, ligados aos nomes

de Copérnico, Newton, Lavoisier e Einstein, exibem aquilo que constitui todas as revoluções

científicas, pelo menos no que concerne à história das ciências físicas. Cada um deles forçou a

comunidade a rejeitar a teoria científica anteriormente aceita em favor de uma outra

incompatível com aquela. Como conseqüência, cada um desses episódios produziu uma

alteração nos problemas à disposição do escrutínio científico e nos padrões pelos quais a

profissão determina o que deveria ser considerado como um problema ou como uma solução

de problema legítimo.

As equações de Maxwell, que afetaram um grupo profissional bem mais reduzido do

que as de Einstein foram consideradas tão revolucionária como estas e como tal encontraram

resistência. Regularmente, e de maneira apropriada, a invenção de novas teorias evoca a

mesma resposta por parte de alguns especialistas que vêem sua área de competência infringida

por essas teorias. Para esses homens, a nova teoria implica uma mudança nas regras que

governam a prática anterior da ciência normal. Por isso, a nova teoria repercute

inevitavelmente sobre muitos trabalhos científicos já concluídos com sucesso.

É por isso que uma nova teoria, por mais particular que seja seu âmbito de aplicação,

nunca, ou quase nunca, é um mero incremento ao que já é conhecido. Sua assimilação requer

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a reconstrução da teoria precedente e a reavaliação dos fatos anteriores. Esse processo

intrinsecamente revolucionário raramente é completado por um único homem e nunca de um

dia para outro.

O estudo dos paradigmas é o que prepara basicamente o estudante para ser

membro da comunidade científica determinada na qual atuará mais tarde. Uma vez que ali o

estudante reúne-se a homens que aprenderam as bases de seu campo de estudo a partir dos

mesmos modelos concretos, sua prática subseqüente raramente irá provocar desacordo

declarado sobre pontos fundamentais.

Observemos a História da Óptica Física: os manuais atuais de Física ensinam ao

estudante que a luz é composta de fótons, isto é, entidades quânticas-mecânicas que exibem

algumas características de ondas e outras de partículas. A pesquisa é realizada de acordo com

este ensinamento, ou melhor, de acordo com as características matemáticas mais elaboradas a

partir das quais é derivada esta verbalização usual. Contudo, esta caracterização da luz mal

tem meio século. Antes de ter sido desenvolvida por Planck, Einstein e outros no começo

deste século, os estudos de Física ensinavam que a luz era um movimento ondulatório

transversal. Além disso, a teoria ondulatória não foi a primeira das concepções a ser aceita

pelos praticantes da ciência óptica. Durante o século XVIII, o paradigma para este campo de

estudos foi proporcionado pela Óptica de Newton, a qual ensina que a luz era composta de

corpúsculos de matéria. Naquela época, os físicos procuravam provas da pressão exercida

pelas partículas de luz ao colidir com os corpos sólidos, algo que não foi feito pelos primeiros

teóricos da concepção ondulatória.

Na ausência de um paradigma ou de algum candidato a paradigma, todos os fatos que

possivelmente são pertinentes ao desenvolvimento de determinada ciência têm a

probabilidade de parecerem igualmente relevantes. Como conseqüência disso, as primeiras

coletas de fatos se aproximam muito mais de uma atividade ao acaso do que daquelas que o

desenvolvimento subseqüente da ciência torna familiar. Além disso, na ausência de uma razão

para procurar alguma forma de informação mais recôndita, a coleta inicial de fatos é

usualmente restrita à riqueza de dados que estão prontamente à nossa disposição.

Nos primeiros estágios do desenvolvimento de qualquer ciência, homens diferentes

confrontados com a mesma gama de fenômenos – mas em geral não com os mesmos

fenômenos particulares – os descrevem e interpretam de maneiras diversas. É surpreendente

(e talvez também único, dada a proporção em que ocorrem) que tais divergências iniciais

possam em grande parte desaparecer nas áreas que chamamos ciências.

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As divergências realmente desaparecem em grau considerável e então, aparentemente,

de uma vez por todas. Além disso, em geral seu desaparecimento é causado pelo triunfo de

uma das escolas pré-paradigmáticas, a qual, devido a suas próprias crenças e preconceitos

característicos, enfatizam apenas alguma parte especial do conjunto de informações

demasiado numeroso e incoativo.

Quando um cientista pode considerar um paradigma como certo, não tem mais

necessidade, nos seus trabalhos mais importantes, de tentar construir seu campo de estudos

começando pelos primeiros princípios e justificando o uso de cada conceito introduzido. Isso

pode ser deixado para os autores de manuais. Mas, dado o manual, o cientista criador pode

começar suas pesquisas onde o manual a interrompe e desse modo concentrar-se

exclusivamente nos aspectos mais sutis e esotéricos dos fenômenos naturais que preocupam o

grupo.

A ciência normal não tem como objetivo trazer à tona novas espécies de fenômenos;

na verdade, aqueles que não se ajustam aos limites do paradigma freqüentemente nem são

vistos. Os cientistas também não estão constantemente procurando inventar novas teorias;

freqüentemente mostram-se intolerantes com aquelas inventadas por outros. Em vez disso, a

pesquisa científica normal está dirigida para a articulação daqueles fenômenos e teorias

fornecidas pelo paradigma.

Alguns cientistas adquiriram grandes reputações, não por causa da novidade de suas

descobertas, mas pela precisão, segurança e alcance dos métodos que desenvolveram visando

à predeterminação de categoria de fatos anteriormente conhecida.

A tentativa de demonstrar um acordo entre a natureza e a teoria representa um segundo

tipo de trabalho experimental normal que depende do paradigma de uma maneira ainda mais

óbvia do que o primeiro tipo mencionado. A existência de um paradigma coloca o problema a

ser resolvido. Freqüentemente a teoria do paradigma está diretamente implicada no trabalho

de concepção de aparelhagem capaz de resolver o problema.

Freqüentemente um paradigma que foi desenvolvido para um determinado conjunto de

problemas é ambíguo na sua aplicação a outros fenômenos estreitamente relacionados. Nesse

caso experiências são necessárias para permitir uma escolha entre modos alternativos de

aplicação do paradigma à nova área de interesse.

Coulomb, antes de poder construir seu equipamento e utilizá-lo em medições, teve que

empregar a teoria elétrica para determinar como seu equipamento deveria ser construído. Suas

medições tiveram como conseqüência um refinamento daquela teoria. Dito de outra maneira:

os homens que conceberam as experiências para distinguir entre as várias teorias do

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aquecimento por compressão foram geralmente os mesmos que haviam elaborado as versões a

serem comparadas. Estavam trabalhando tanto com fatos como com teorias e seus trabalhos

produziram não apenas novas informações, mas um paradigma mais preciso, obtido com a

eliminação das ambigüidades que haviam sido retidas na versão original que utilizam. Em

muitas ciências, a maior parte do trabalho normal é desse tipo.

Talvez a característica mais impressionante dos problemas normais da pesquisa seja

seu reduzido interesse em produzir grandes novidades, seja no domínio dos conceitos, seja no

dos fenômenos. Algumas vezes, como no caso da medição de um comprimento de onda, tudo

é conhecido de antemão, exceto o detalhe mais esotérico.

Estas são algumas considerações gerais sobre o relevante papel de um pesquisador

para a sociedade e para a sua vida profissional, além de uma breve discussão sobre a

cientificidade da pesquisa e seu papel fundamental na vida de um estudante, seja ele de

graduação ou de pós-graduação. Passaremos agora a discutir as etapas metodológicas de um

projeto de pesquisa e em seguida os passos fundamentais para a realização de uma pesquisa e

sua conseqüente monografia.

1. PRELIMINARES

A elaboração de um trabalho acadêmico deve ser precedida de um planejamento, o

mais detalhado possível, compreendendo as seguintes etapas:

1.1 LEVANTAMENTO DA HIPÓTESE DE TRABALHO.

A hipótese de trabalho se dá, em geral, pela intuição, pela inquirição, pelo desconforto

de que tem sido sempre assim, pela curiosidade de “se fosse de outra forma” etc. Entretanto,

essa intuição não se dá ao vácuo. Para levantar uma hipótese de trabalho é preciso ter

estudado, ter lido o suficiente. O surgimento de uma hipótese não ocorre em “sonhos” sem

que haja envolvimento com a matéria, e nem em heurísticas mirabolantes como se alguém

fosse dotado de um “gênio” singular. A hipótese de trabalho, resultado de boas leituras, será

resposta provisória que se deseje dar a um problema.

Exemplo de hipótese de trabalho:

Depois de estar envolvido com textos e mais textos acerca de missões, além de ter se

envolvido pessoalmente no assunto, alguém sugere a seguinte hipótese de trabalho: “O envio

de missionários para campos estrangeiros reflete mais o modelo de “embaixadas de países” (o

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institucional é mais importante) do que a abertura de novos campos mediante a pregação do

Evangelho” (o Reino é mais importante). A própria hipótese de trabalho conduzirá a uma

seleção de corpus de pesquisa.

1.2 PLANO DE TRABALHO

Depois de intuir uma hipótese, depois de muita leitura, questiona-se de que natureza é

o fato com que se está trabalhando? Fatos discursivos, lingüísticos, etc? Para auxiliar neste

processo, propõe-se que sejam tomadas notas pessoais que dêem conta de algumas atividades:

campo de trabalho, tema sugerido, problema levantado, hipótese proposta, corpus de pesquisa

e variáveis prováveis do trabalho. Lembrando que o método é hipotético-DEDUTIVO, o

modelo proposto pretende partir do mais amplo para o mais particular.

Por exemplo:

O CAMPO poderia ser: Teologia Histórica;

O TEMA poderia ser: A influência de Calvino nas missões ao Brasil;

O PROBLEMA poderia ser: Será que Calvino se preocupou com a questão

missionária? Será que foi apenas um teórico da teologia? Será que houve qualquer ligação

entre Calvino e o envio de missionários franceses à antiga Guanabara?

A HIPÓTESE poderia ser: Calvino não somente se preocupou com o assunto

missionário como enviou alguns para o Brasil.

O CORPUS poderia ser: Cartas de Calvino, artigos etc.

As VARIÁVEIS poderiam ser: Missões e Calvino, o Brasil e Calvino. Com essas

variáveis haveria um trabalho com introdução, dois capítulos e conclusão.

CAMPO: _______________________________________________

TEMA: _______________________________________________

PROBLEMA: _______________________________________________

HIPÓTESE: _______________________________________________

CORPUS: _______________________________________________

VARIÁVEIS: _______________________________________________

À medida que essa tarefa de reescrever o problema, a hipótese e o tema ocorrerem,

trará diversos benefícios. Dentre eles será o de ter o tema do trabalho escolhido e delimitado

com muita clareza, precisão e concretude (não deve ser obscuro nem amplo demais). O tema

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deve trazer uma contribuição, ainda que não totalmente original, para a respectiva área de

conhecimento. Perceba que o aspecto do PROBLEMA lida com diversas indagações (e não de

dados que pareçam meramente interessantes ou da moda) e a HIPÓTESE destina-se a uma

solução temporária (a sua solução) para resolver a questão ou questões levantadas.

1.3 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Para que se tenha uma hipótese de trabalho, para definir bem o tema e preparar o

Projeto de Pesquisa (veja Anexo D: Modelo de Projeto de Pesquisa), é necessário verificar a

disponibilidade de fontes e fazer algumas leituras básicas e introdutórias, começando pela

consulta a um bom dicionário ou enciclopédia do ramo e, em seguida, livros e artigos mais

específicos sobre o tema. Desta forma, o estudante estará preparando o seu referencial teórico,

ou revisão de literatura, ou bibliografia básica visando um domínio amplo do assunto.

Alguns questionamentos simples podem servir para avaliar a qualidade de uma HIPÓTESE:

É relevante? (não estaria o tema demasiadamente desgastado, enviesado ou

massificado? Qual a sua real contribuição?

É verificável? (há bibliografia suficiente disponível na área? Há redundância? O

campo está bem delimitado?).

È refutável? (os pressupostos estão bem explicitados? Há viés na pergunta? Ela admite

a negação, crítica e discordância?).

Alcançou os objetivos propostos? (além dos itens anteriores, é preciso dar destaque na

redação final aos objetivos, permitindo à banca aferir, por meio das considerações finais, se os

objetivos foram alcançados).

2 A PRÁTICA DA PESQUISA

Uma vez que você se inscreveu em uma das linhas de pesquisa específica da Teologia

(exegética, sistemática, histórica ou pastoral – o seu CAMPO), em sua linha de pesquisa

específica (o seu CAMPO ESPECÍFICO, se quiser), logo perceberá a necessidade de

selecionar e estreitar um tópico viável de investigação (o seu CORPUS). De modo

simplificado, o aspecto mais importante para selecionar e estreitar um corpus de estudo é a

sua motivação. É ela que definirá sua pergunta-problema orientadora (PROBLEMA). Esse

ponto de partida deve ser levado em consideração em todo o seu processo de estudos. São 12

as disciplinas que você cursará. Cada monografia de disciplina terá de 4 a 5 mil palavras

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(contado somente o conteúdo), além de outras exigências que podem incluir leituras

supervisionadas, seminários, resenha crítica e prova. Uma vez que devem ser apresentada

diversas monografias de disciplina, será muito importante que você concentre seus esforços

em direção ao seu alvo de pesquisa. Assim, ao envolver-se na tarefa de escrever cada

monografia das diversas disciplinas, considere como cada uma delas vai auxiliá-lo no

desenvolvimento posterior de sua dissertação. Lembre-se de associar o seu interesse pelo tema

com a necessária imparcialidade e objetividade.

A importância de procurar realizar a pesquisa com foco cada vez mais estreito

justifica-se porque não se está apenas aprendendo a metodologia da pesquisa em cada

disciplina; nessa prática o aluno está desenvolvendo o seu sendo crítico e investigativo,

habilidade de comparação, equilíbrio e senso de proporção. Essas qualidades somente podem

ser adquiridas com muita leitura e reflexão.

2.1 SELECIONANDO AS REFERÊNCIAS

É necessário que o estudante cultive a habilidade de identificar os livros e artigos

importantes em um dado assunto e saiba distinguí-lo dos demais. Depois que a bibliografia

(REFERÊNCIA) for anotada, é preciso peneirar mais. É o momento de retirar da lista os

livros de caráter popular, os que não estejam bem documentados ou ainda os que não dizem

respeito à sua pesquisa. Para isso, uma vez formulada a pergunta PROBLEMA e o surgimento

do TEMA, recomenda-se consultar um bom dicionário, enciclopédia ou banco de dados de

alguma biblioteca teológica presencial ou virtual.

Os artigos mais recentes sobre o assunto de seu interesse trarão, em geral, matéria

bibliográfica que propiciará orientação à sua pesquisa. Isso significa que muitas vezes

trabalha-se do mais recente para trás. E lembre-se de continuamente consultar as fontes

primárias no original.

2.2 METODOLOGIA DE LEITURA

Cada pessoa adota um procedimento para tomar notas de leitura. Entretanto, certas

recomendações ainda se fazem necessárias. A regra de ouro é registrar os apontamentos

sempre da mesma forma. Por outro lado, é importante que você conheça várias técnicas de

leitura (sublinhar, métodos hermenêuticos indutivos, etc). Uma leitura apenas não é suficiente

para um estudo mais aprofundado; pelo menos, não da bibliografia primária. Alguns escrevem

em folhas soltas, outros utilizam fichas e há ainda os que anotam diretamente no computador.

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O mais importante é que as notas sejam consistentes e registradas com cuidado. Lembre-se de

que suas anotações devem permitir ser estruturada posteriormente em um esboço coerente

com o assunto de seu interesse na pesquisa. Nas anotações bibliográficas, procure estabelecer

pelo menos uma frase explicativa que permita o uso dessa nota posteriormente. Procure

escrever um ou, no máximo, dois parágrafos em cada ficha ou folha, e em apenas um dos

lados. Isto certamente o obrigará a trabalhar de modo conciso e objetivo. Se você fizer o

fichamento, ou seja, autor, título, lugar da publicação, editora e data, procure fazê-lo já no

formato bibliográfico padronizado pela ABNT, conforme indicado posteriormente neste

trabalho. Isso lhe poupará muito trabalho.

É importante considerar neste tópico a importância da citação. Algumas perguntas

devem nortear seu raciocínio no processo de tomar notas.

Devo citar esta nota ou não? O que é melhor para o meu trabalho? Uma citação

indireta ou paráfrase, uma análise, ou ambos? Em que medida estou utilizando a fraseologia

da fonte consultada?

Estas são questões importantes, pois em poucos meses, se a anotação não tiver sido

tomada apropriadamente, você não saberá se são suas as palavras ou se pertencem a outras

fontes. Você pode criar uma legenda para a distinção. Na maioria dos casos, as notas em seu

trabalho são de fontes primárias. As notas de fontes secundárias, em geral, são em menor

número. O processo da pesquisa envolve a habilidade de interagir analítica, crítica e

sabiamente com um documento em lugar de apenas reproduzi-lo. Lembre-se que os autores

citados são testemunhas de autoridade, e o testemunho de autoridade ocorre somente após a

análise da obra.

2.3 REUNINDO AS ANOTAÇÕES: UM ESBOÇO PRELIMINAR

Em todo o processo de pesquisa, reunidas as anotações (e não deixe de lado os

insights), uma pergunta deve estar sempre presente: “Como isso se articula com o restante?”.

O esboço preliminar de cada capítulo e de toda a dissertação depende de algumas medidas

simples. Uma delas é ter em vista sempre a pergunta-PROBLEMA na sua versão mais

recente. Outra é a reflexão e consideração inicial dos limites do tópico. Outra condição é que

o esboço surja do próprio material pesquisado, considerando sua orientação cronológica ou

fluxo lógico. De qualquer forma, a pergunta “como esse material pode ser mais bem

organizado?” deve ser outra constante nas considerações pessoais.

O esboço preliminar é de extrema importância para dar direção ao andamento do

trabalho. Pode-se perceber, antes de chegar ao final, a necessidade de promover algum tipo de

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alteração de rota, ou até mesmo a supressão ou a mudança completa de abordagens, desde a

pergunta-PROBLEMA. O esboço é uma espécie de declaração sintética de uma hipótese que

ainda está sendo analisada. Esse trabalho inicial será importante para o relacionamento

harmonioso com seu orientador, pois tornará mais simples discutir e amadurecer o trabalho.

Não se esqueça de encaminha um pedido oficial à Coordenação de Cursos da

Academia, solicitando um orientador (após obter aprovação em 2/3 dos créditos). À medida

que o esboço se expande, as notas reunidas vão sendo naturalmente articuladas e postas em

seu devido lugar ou capítulo.

2.4 REDAÇÃO CIENTÍFICA

Escrever bem é uma tarefa difícil que exige raciocínio, capacidade de organizar os

pensamentos e muita concentração, tanto quanto leitura. O texto, na verdade, exerce a função

de expressar as suas idéias na sua ausência. No momento de escrever, a habilidade adquirida

com a prática é o fator mais importante. Isto significa que não adianta, de um dia para o outro,

ou à véspera do vencimento dos prazos, querer produzir textos brilhantes. A habilidade em

escrever bem é obtida através da prática e da leitura cuidadosa.

A melhor forma de escrever o primeiro parágrafo é iniciar a discussão envolvendo-se

com outros escritores naquele campo específico. Assim, é preciso que se esteja preparado para

observar, conceber, desenvolver e exprimir idéias com desenvolturas e conhecimento.

Submeta sempre a redação definitiva a um ou mais revisores. Poucos dominam o português

ou outra língua estrangeira perfeitamente. Sobre esse assunto de “boa revisão” recomendo o

texto do professor Rogério Lacaz-Ruiz, Notas e Reflexões sobre Redação Científica,

disponível no APÊNDICE 5.

3 APRESENTAÇÃO FORMAL

A apresentação formal tem como base as últimas considerações feitas pelas normas da

ABNT para trabalhos científicos (http://www.abnt.org.br).

a. Diagramação

Alinhamento justificado e fontes Times New Roman ou Arial tamanho 12

(recomendadas). Itálicos somente para palavras estrangeiras ou para ênfases. Evita-se o

negrito, exceto para título de obras nas referências bibliográficas e palavras em maiúsculas.

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b. Formato

Papel A4;

Margens: esquerda e superior: 3 cm; direita e inferior: 2 cm;

Fontes: Arial ou Times New Roman;

Numeração das páginas, corpo 10;

Cor da fonte: preta;

Tamanho de corpo de texto: 12;

Espaçamento do texto: 1.5.

Tamanho de corpo das notas de rodapé: 10;

O entrelinha das notas quando forem de rodapé é simples e não há

espaçamento entre as notas;

Títulos com indicativo numérico são alinhados à esquerda;

Somente títulos e subtítulos da parte do desenvolvimento são numerados;

Os títulos sem indicativo numérico (agradecimentos, lista de ilustrações,

resumos, sumários, referências, glossários, apêndices, anexos e índices), devem

ser centralizados;

Todas as folhas do trabalho devem ser contadas seqüencialmente, a partir da

página de rosto. No entanto, serão numeradas a partir da primeira folha da

parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha (2 cm

do topo e 2 cm da direita), sem traços, pontos ou parênteses. Havendo anexos,

suas páginas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve

dar seguimento à do texto principal. A numeração alfabética ou romana deve

ser evitada;

Antes de cada título novo (não subtítulo), inserir uma quebra de página;

Os títulos das subseções devem ser separados do texto que os precede ou que

os sucede por dois espaços duplos;

As citações de mais de três linhas no corpo do texto, as notas de rodapé, as

legendas das tabelas, ilustrações etc e as referências ao final do trabalho devem

ser digitadas com espaço simples;

As referências ao final devem ser separadas com espaço duplo.

4 ESTRUTURA

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A estrutura do trabalho científico (monografia, dissertação ou tese) deve apresentar as

seguintes etapas:

Elementos Dispositivos

Pré Textuais

Capa (obrigatório)

Folha de rosto – No verso constar a Ficha Catalográfica conforme

código de catalogação anglo-americano (obrigatório)

Folha de aprovação (obrigatório)

Dedicatória (opcional)

Agradecimentos (opcional)

Resumo na língua vernácula (obrigatório)

Resumo em língua estrangeira (obrigatório)

Lista de ilustrações (opcional)

Lista de tabelas (opcional)

Lista de abreviaturas e siglas (opcional)

Lista de símbolos (opcional)

Sumário

Textuais

Introdução

| Revisão de Literatura

Desenvolvimento | Material e Método

| Resultados

Conclusão

Pós Textuais

Referências (obrigatório)

Glossário (opcional)

Apêndice(s) (opcional)

Anexo(s) (opcional)

Índice (opcional)

4.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

15

São os elementos de abertura de um trabalho, apresentados anteriormente ao texto, que

auxiliam na identificação e utilização do mesmo. Alguns deles são obrigatórios, outros

opcionais. O APÊNDICE 2 – MODELOS PRÉ-TEXTUAIS exemplificará cada caso. A

seguir são apresentadas as descrições de cada dispositivo.

4.1.1 Capa

A capa é o que protege. É a proteção externa do trabalho e onde se estabelece a

primeira redação auto/leitor, especificamente quanto à sua identificação. Como pode ser visto

no APÊNDICE 2- MODELOS PRÉ-TEXTUAIS, a capa inclui o nome da instituição, o

campo (por exemplo, teologia pastoral), o nome do autor, o título do trabalho, o local da

instituição onde deve ser apresentado e o ano da sua entrega.

4.1.2 Folha de rosto

Como pode ser visto no APÊNDICE 2 – MODELOS PRÉ-TEXTUAIS, a folha de

rosto contém os elementos essenciais para a identificação do trabalho: o nome do autor, o

título do trabalho (lembrar-se de que um bom título permite a fácil recuperação de

informações), a finalidade do trabalho (incluir a área de concentração), o nome do orientador,

o local da instituição onde deve ser apresentado e o ano da sua entrega. No verso da página de

rosto deve constar a ficha catalográfica do trabalho. Busque a ajuda do profissional

bibliotecário da Biblioteca da Academia para que ela seja feita. Há elementos como a

codificação da Tabela Cutter e o número de classificação do assunto que demandam a

intervenção de profissional da área. Veja também no APÊNDICE 2 – MODELOS PRÉ-

TEXTUAIS um exemplo de ficha catalográfica.

4.1.3 Folha de aprovação

Nesta página encontram-se as mesmas informações da folha de rosto e inclui-se o

espaço para a data de aprovação e os componentes da banca examinadora.(descritas as

instituições a que pertencem) com o lugar para a assinatura dos mesmos. Veja um exemplo no

APÊNDICE 2 – MODELOS PRÉ-TEXTUAIS.

4.1.4 Dedicatória

16

Dispositivo opcional reservado para a dedicação a uma pessoa ou instituição ou para

prestar uma homenagem. Veja um exemplo no APÊNDICE 2 – MODELOS PRÉ-

TEXTUAIS.

4.1.5 Agradecimentos

Dispositivo opcional reservado para a expressão de reconhecimento as pessoas ou

instituições que contribuíram de modo relevante com o autor na realização do trabalho. Veja

um exemplo no APÊNDICE 2 – MODELOS PRÉ-TEXTUAIS.

4.1.6 Epígrafe

Dispositivo opcional reservado para uma inscrição, um moto, uma frase ou um

pensamento, em geral condizente com o trabalho. A inscrição, o moto, a frase ou o

pensamento devem ser seguidas de indicação de autoria. Veja um exemplo no APÊNDICE 2

– MODELOS PRÉ-TEXTUAIS.

4.1.7 Resumo na língua vernácula

O resumo é a condensação do trabalho, enfatizando-se seus pontos mais relevantes.

Deve ser desenvolvido e apresentado de forma clara, concisa e direta. Deve ressaltar, numa

visão rápida, o conteúdo e as conclusões do trabalho. O título RESUMO deve estar

centralizado, letras maiúsculas, fonte 14, em negrito. O texto será apresentado três abaixo do

título, em espaço simples de entrelinhas, sem parágrafo. O resumo deverá conter até 500

palavras e é um elemento obrigatório. Veja um exemplo no APÊNDICE 2 – MODELOS

PRÉ-TEXTUAIS.

4.1.8 Resumo em língua estrangeira

O resumo em língua estrangeira: em inglês – Abstract, em francês – Résumé; em

espanhos – Resumen vem logo após o resumo em língua vernácula (português) e segue as

mesmas regras para sua confecção. O resumo em língua estrangeira é apenas uma versão do

resumo para algum idioma de divulgação internacional. Veja um exemplo no APÊNDICE 2-

MODELOS PRÉ-TEXTUAIS.

4.1.9 Lista de ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas e símbolos.

17

Estes são itens opcionais. Cada um deles deverá existir em uma página nova com a

lista de ilustrações, tabelas...(quando houver mais de cinco ilustrações ou mais de cinco

tabelas, etc) para que o leitor possa orientar-se quando necessitar de um desses dados. A

formatação deverá ser a mesma do Sumário, apenas mudando o título e o conteúdo.

As ilustrações referem-se a desenhos, gravuras ou imagens que acompanham um

texto. As tabelas são elementos que pretendem demonstrar uma síntese. As abreviaturas são as

representações de uma palavra por meio de algumas de suas silabas ou letras. As siglas são as

junções das letras iniciais dos vocabulários básicos de uma denominação ou título. Os

símbolos são os sinais que substituem o nome de uma coisa ou de uma ação.

4.1.10 Sumário

Este dispositivo obrigatório precede imediatamente a parte TEXTUAL, do trabalho.

Ele enumera as principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem e

grafia aos utilizados no corpo do texto. Inclui todos os títulos e páginas, a partir da

Introdução. Usar, se possível, o “inserir índice” do Word, pois este poderá ser atualizado

automaticamente se houver mudança na paginação. Veja um exemplo de sumário no

APÊNDICE 2 – MODELOS PRÉ-TEXTUAIS.

4.2 ELEMENTOS TEXTUAIS

4.2.1 Introdução

Nessa parte inicial o autor deve incluir:

a) Apresentação geral do assunto do trabalho;

b) Definição sucinta e objetiva do tema abordado;

c) Justificativa sobre a escolha do tema e métodos empregados;

d) Delimitação precisa das fronteiras da pesquisa em relação ao campo e períodos

abrangidos;

e) Esclarecimento sobre o ponto de vista sob o qual o assunto será tratado;

f) Relacionamento do trabalho com outros da mesma área;

g) Objetivos e finalidades da pesquisa, com especificação dos aspectos que serão ou

não abordados.

Lembre-se de que deve ficar claro aqui qual é o PROBLEMA, bem como a sua

HIPÓTESE. O texto da introdução deve refletir fielmente os capítulos do desenvolvimento.

Esta é a parte mais difícil de se escrever. Sugere-se que deva ser apenas esboçada no início;

18

preferencialmente sua redação deve ser elaborada depois de todo o restante do trabalho estar

redigido.

4.2.2 Desenvolvimento.

Esta é a parte principal do trabalho. Aqui está contida a exposição ordenada e

pormenorizada do assunto. Divide-se em seções e subseções, que variam em função da

abordagem do tema e do método.

Nessa etapa o autor se envolve com a argumentação. A revisão da literatura

apontada na introdução é trabalhada aqui onde o autor do trabalho demonstra que tem

conhecimento da discussão de seu assunto – os prós e contras -, e pode então confirmar a

utilidade de sua pesquisa. O trabalho apresentado ou preencherá lacunas existentes ou

ampliará a pesquisa desenvolvida até aqui sobre o assunto tratado. Todos os autores citados na

revisão de literatura ou em qualquer das partes do trabalho deverão constar da listagem final

das Referências Bibliográficas.

Ainda nessa etapa de desenvolvimento o autor procurará fazer uma descrição precisa

dos métodos de abordagem e como o material pesquisado será utilizado, de modo a permitir a

avaliação metodológica por outros pesquisadores. Novas técnicas devem ser descritas com

detalhe, entretanto, se os métodos empregados já forem conhecidos, será suficiente a citação

de seu autor. A especificação e origem do material utilizado poderá ser dada através de notas

de texto ou notas de rodapé.

Cada capítulo poderá apresentar ao seu final uma avaliação de resultados, preparando

a transição para o próximo capítulo. Espera-se que haja uma concatenação lógica de um

capítulo para o outro. Desta forma, as frases de transição na avaliação de resultados ao final

de cada capítulo desempenham um papel importante para o próprio autor avaliar se há alguma

ligação ou coerência em seu trabalho.

4.2.3 Conclusão.

Deve ser fundamentada nos resultados e na discussão, contendo deduções lógicas e

correspondentes, em número igual ou superior aos objetivos propostos. Vincula-se à

introdução, trazendo resposta às questões que ficaram abertas nela. Apresenta considerações

finais que retornam objetivos, pergunta central e subperguntas, avaliando até que ponto foram

respondidas e que outras pesquisas poderiam dar continuidade a esta.

4.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

19

4.3.1 Referências

As referências são um conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um

documento, que permite sua identificação individual. As referências podem aparecer no

rodapé (notas de rodapé), no fim do texto ou do capítulo (notas de fim de texto), em lista de

referências ou em resenhas e resumos.

A regra geral para as referências é que sejam alinhadas somente à esquerda do texto e

de forma a se identificar individualmente cada documento. Elas deverão ter espaçamento

simples e serem separadas entre si por um espaço duplo. Quando as referências aparecerem

em notas de rodapé elas deverão ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma referência,

abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente (em geral o

número da nota). O entrelinhamento neste caso é simples e não deve haver espaçamento entre

as notas.

O recurso utilizado para destacar o título (negrito, grifo, ou itálico) deve ser uniforme

em todas as referências de um mesmo documento. Os elementos essenciais são autor(es),

título, edição (a partir da 2ª), local, editora e data da publicação. Quando se fizer necessário

acrescenta-se elementos complementares à referência para uma melhor identificação do

documento. Veja os exemplos em NBR 6023;2002. Informação e documentação –

referências – elaboração. Pp.3-21. Nestes exemplos observe especialmente nas páginas 20-

21 a possibilidade da utilização de referências pelo sistema alfabético (notas de texto e

referências alfabética ao final do trabalho) ou numérico (notas de rodapé ou referências

numéricas ao final do trabalho). Associada a NBR 6023;2002, veja ainda o documento NBR

10520. Informação e documentação – citações em documentos – apresentação acerca de

diversos exemplos de citações.

4.3.2 Glossário.

O glossário é opcional. Ele é uma redação de palavras ou expressões técnicas de uso

restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas de suas definições.

4.3.3 Apêndice.

O Apêndice é opcional. É um texto ou documento elaborado pelo autor a fim de

complementar sua argumentação, sem prejuízo do corpo do trabalho.

4.3.4 Anexo.

20

O Anexo é opcional. É um texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de

fundamentação, comprovação e ilustração.

4.3.5 Índice.

O Índice é opcional. É uma lista de palavras ou frases, ordenadas segundo

determinado critério, que localiza e remete para as informações contidas no texto.

5 ESTILO

5.1 ÊNFASE

Para dar ênfase, deve-se utilizar itálicos e não sublinhado ou negrito. Palavras

estrangeiras e títulos de publicações também devem ser italicizadas. Numa citação ao dar uma

ênfase que não se encontra no original, acrescentar na nota bibliográfica “grifo nosso”.

5.2 LÍNGUAS ORIGINAIS

Citações do grego, hebraico e aramaico devem ser feitas nos alfabetos originais (sem

transliteração), digitadas ou à mão. Os termos e citações em língua estrangeira devem ser

preferencialmente traduzidos. Se não o forem (por serem amplamente conhecidos ou

intraduzíveis), deve-se italicizá-los.

5.3 PRONOMES REFERENTES A DEUS

Os pronomes “ele”, “seu”, “sua”, etc., não devem ter inicial maiúscula, em

consonância com as normas da gramática portuguesa.

5.4 LINGUAGEM SUBJETIVA

A linguagem subjetiva (primeira pessoa do singular), coloquial (informal), ou

devocional (própria de um sermão, estudo bíblico ou oração) deve ser evitada.

5.5 REFERÊNCIAS BÍBLICAS

Devem ser colocadas no texto principal e não em notas de rodapé. Quando a referência

for somente ao livro, colocar o nome completo. Se houver capítulo e versículo, utilizar as

abreviaturas de duas letras, apresentadas no índice da versão da Bíblia Almeida Revista e

Atualizada (ver anexo). Por exemplo: Gn 20.5; 2 Cr 1.7; 1 Ts 2.10; Ap 10.1; Jd 5.

21

5.6 COMPATIBILIDADE

É imprescindível que o texto apresente um uso correto da gramática portuguesa e uma

linguagem e estilo compatíveis com um trabalho acadêmico.

APÊNDICE – MODELOS PRÉ-TEXTUAIS

22

Modelos de capa, folha de rosto, verso da folha de rosto, folha de aprovação,

folha de dedicatória, epígrafe, agradecimento, folha de resumo em vernáculo, folha de resumo

em língua estrangeira e folha de sumário.

APÊNDICE I – FORMATO E MARGENS

23

Margem superior 3 cm

Margem Esquerda 3 cm Margem Direita 2 cm

Margem Inferior

2 cm

UNIVERSIDADE REAL DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TEOLOGIA E EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

24

INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS NA OPINIÃO DE

ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE

UBERLÂNDIA EM 2005: influência familiar

Lílian Portela Figueiredo

Uberlândia2007

LÍLIAN PORTELA FIGUEIREDO

25

Nome da instituição que receberá o trabalho, Letras maiúsculas, fonte 14, negrito, centralizado.

Título (maiúsculas) e subtítulo (minúsculas), fonte 14, negrito, centralizado, espaço 1,5.

Nome completo do autor Letras maiúsculas/minúsculas, fonte 12, negrito, recuo de 3cm e centralizado com o espaço restante

Cidade e ano de entrega, fonte 12, negrito, centralizado, espaço simples

Nome completo do autor Letras maiúsculas, fonte 14 negrito, centralizado

INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS NA OPINIÃO DE

ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE

UBERLÂNDIA EM 2005: influência familiar

Monografia apresentada à Banca Examinadora da Faculdade de Teologia e Educação de Minas Gerais e Universidade Real de Brasília, como exigência parcial para conclusão do Curso de Teologia.Orientador: Prof. Dr. Joenildo Fonseca Leite.

Uberlândia2007

SILVA, L.F. Instituições religiosas na opinião de adolescentes de uma escola pública na cidade de Uberlândia em 2005: influência familiar. 2007. 45 f. Monografia (Graduação em Teologia) – Faculdade de Teologia e Educação de Minas Gerais, Universidade Real de Brasília, Uberlândia. 2007.

26

Título (maiúsculas) e subtítulo (minúsculas), fonte 14, negrito, centralizado

Cidade e ano de entrega, fonte 12, negrito, centralizado, espaço simples

Natureza do trabalho, instituição, objetivo, nome e título do orientador, fonte 12, sem negrito, justificado, com recuo de 8 cm (metade da folha útil), espaço simples

Referência bibliográfica completa da monografia. Letra 12, espaço simples, alinhado à esquerda.

Banca Examinadora

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

Aprovada em ____ de ____________ de _____

RESUMO

Quem são os pais da igreja e quais as implicações da sua cosmovisão para a educação? Este primeiro artigo de uma futura série dedicada à filosofia da educação dos pais da igreja concentra-se na importância destes documentos para a construção da identidade dos cristãos através da compreensão ampliada da história e da cosmovisão cristã. O artigo procura

27

evidenciar o fato de que a contribuição destes autores não se limita absolutamente ao cristianismo, mas diz respeito à educação de todo o mundo ocidental cristão. Pretende-se assim ainda resgatar a forte associação que os Pais da Igreja estabeleciam entre a educação e ética. Procuramos demonstrar neste e nos próximos artigos que embora a filosofia da educação usualmente não seja explicita nos documentos do cristianismo primitivo, ela se encontra subjacente a praticamente todos. A modo de conclusão, sumarizam-se os princípios educacionais comuns ao legado dos Pais da Igreja e que podem ser considerados importantes para o educador cristão da atualidade.

Palavras-chave: Filosofia da educação, Teologia da educação, patrística, ética, cosmovisão.

28

29

APÊNDICE 3 – FORMAS DE RESUMO

O resumo consiste na redação de um texto, demonstrando de forma concisa a

mensagem e as informações fundamentais nele contidas. Resumir um texto representa

sintetizá-lo. Há vários tipos de resumo, de acordo com seu objetivo:

RESUMO INDICATIVO Esta forma de resumo indica apenas os pontos principais do texto, não apresentando dados qualitativos,quantitativos, etc. É uma forma adequada à literatura de prospectos (Catálogos de editoras, livrarias, indicações de filmes e peças de teatro em jornais e revistas)

RESUMO INFORMATIVO:Esta forma de resumo informa suficiente o leitor para que este possa decidir sobre a conveniência da leitura do texto inteiro. Expõe finalidades, metodologia, resultados e conclusões.

RESUMO CRÍTICO1. Referência Bibliográfica

Escrever a referência bibliográfica completa da obra resenhada.ROBERTSON, O.Palmer. Terra de Deus; o significado das terras bíblicas para os planos e propósitos de Deus. 1ª ed. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 1998. 175pp

2. Apresentação do autor da obra.Em alguns casos é importante situar o local e ocasião de nascimento. Em todos os outros será importante comentar a formação acadêmica, pessoas que exerceram influência teórica ( ou escolas de pensamento) sobre sua obra e fatos que teriam marcado sua vida e forma de pensar.

3. Perspectiva teórica da obraToda obra escrita se insere em uma determinada perspectiva teórica. É importante saber a que tradição/escola teórica pertence o autor da obra que se está analisando, pois isso permite compreender a forma como está organizada, bem como a lógica da argumentação utilizada.

4. Breve síntese da obraAntes de começar a análise de uma obra é muito importante procurar ter uma visão panorâmica dela, isso pode ajudar a visualizar o começo, o meio e o fim da obra, permitindo saber de onde parte e para onde vai o autor na sua argumentação, esta parte da resenha (e somente esta) pode ser feita na forma de um esquema.

5. Principais teses desenvolvidas na obraDepois de tudo preparado é hora de analisar o conteúdo da obra, o objetivo é traçar as principais teses do autor, e não resumir a sua obra (resenha não é resumo), é preciso ler com muita atenção para se apreender o que é fundamental no pensamento do autor.

30

6. Apreciação crítica da obra.Depois de apresentar e compreender o autor e sua obra pode-se traçar alguns comentários pessoais sobre o assunto, embora os comentários sejam pessoais, não devem ser de exagerada subjetividade ( achei a obra legal...), mas uma opinião pessoal ancorada em um argumento fundamentado academicamente.

PAPERÈ a síntese de uma comunicação oral prevista em um evento científico (seminário, simpósio, encontro, etc.), apresentando resultados de uma pesquisa, que é enviada previamente aos organizadores. Ao final do evento, o texto completo (comunicação) é entregue para posterior publicação nos anais do evento. A metodologia seguida para a realização de um paper é a mesma do método hipotético-dedutivo tratado na p.3.

COMUNICAÇÃOÉ o relatório do que foi efetivamente dito no evento e anunciado no paper, geralmente destinado à publicação posterior nos anais.

FICHAMENTO Resumo informativo de uma publicação escrita numa ficha, com o intuito de facilitar a consulta e o levantamento bibliográfico a respeito de determinado assunto ou para organização de biblioteca pessoal.

APÊNDICE 4 – MODELO DE PROJETO DE PESQUISA

Considera-se dissertação de mestrado o trabalho supervisionado que demonstre

capacidade de sistematização da literatura existente sobre o tema tratado e capacidade de

utilização dos métodos e técnicas de investigação científica.

As informações necessárias para o Projeto de Pesquisa já foram discutidas no corpo

deste trabalho, sendo apenas transcritas para maior clareza. Espera-se que esse projeto de

pesquisa tenha entre 8 e 12 páginas, incluindo todas as partes:

INTRODUÇÃO

Na introdução deve ocorrer a apresentação geral do assunto do trabalho e uma

definição sucinta do objetivo do tema abordado. É importante esclarecer o ponto de vista sob

o qual o assunto será tratado. Lembre-se de que deve ficar clara qual é a pergunta central.

JUSTIFICATIVA

Qual o relacionamento do trabalho com outros da mesma área? Quais os objetivos e

finalidades da pesquisa, com a especificação dos aspectos que serão ou não abordados.

31

Discutir suas possíveis implicações, significados e razões para concordância ou discordância

com outros autores. Qual a contribuição acadêmica e/ou prática pretendida com esse trabalho?

METODOLOGIA

É a descrição precisa dos métodos de abordagem e materiais utilizados, de modo a

permitir a avaliação por outros pesquisadores. A especificação e origem do material utilizado

poderá ser feita no próprio texto ou em nota de rodapé.

CONCLUSÃO

Devem ser fundamentadas nos resultados e na discussão, contendo deduções lógicas e

correspondentes. Refere-se à introdução, fechando-se sobre o início do trabalho.

Considerações finais que retomam objetivos, pergunta central e subperguntas, avaliando até

que ponto foram respondidas e que outras pesquisas poderiam dar continuidade a esta.

ESBOÇO PROVISÓRIO DE SUMÁRIO

Conforme modelo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Listar de acordo com a NBR 6023;2002 e NBR 10520 os livros, os artigos, as obras de

referência, os jornais e revistas, os documentos não publicados, os artigos em Internet, as

entrevistas e outros.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA COMENTADA

Listar cerca de 10 obras que considere fundamentais para o seu trabalho, fazendo uma

breve descrição de seu conteúdo, como se fosse um fichamento – um resumo informativo com

o intuito de facilitar a consulta e o levantamento bibliográfico a respeito de determinado

assunto. Veja alguns exemplos a seguir:

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1983. (Col. Estudos XVI).

188 .

Obra do renomado filósofo, ensaísta e comunicólogo italiano que soube

traduzir em linguagem didática e agradável sua experiência de pesquisador e

sua perícia de professor. São de grande valia para os pós-graduandos não só

suas considerações sobre o ofício de se escrever uma tese como também suas

sugestões técnicas e práticas para a redação da mesma.

32

CARVALHO, M.C.M (org.). Construindo o saber: técnicas de metodologia científica.

Campinas: Papirus, 1988.

Escrito sob forma de antologia com as partes produzidas por diferentes autores,

o texto aborda os seguintes tópicos: a problemática do conhecimento; as

relações mito, metafísica, ciência e as perspectivas antropológicas de hoje; o

estudo como forma de estudo; o estudo de textos teóricos; técnicas de

dinâmicas de grupo; e o trabalho monográfico como iniciação à pesquisa

científica.

FRAGATA, Júlio. Noções de metodologia: para a elaboração de um trabalho

científico.Porto: Tavares Martins, 1967. (Col. Meridiano universitário, 3). 136 p.

Após definir ciência, trabalho científico e método, o autor fala das qualidades

da escrita, da escolha do assunto para o trabalho, da heurística, da escrita dos

documentos, da tomada de apontamentos, da ordenação do material, da redação

e da apresentação dos trabalhos, de sua estrutura externa, de seus aspectos

gráficos, da publicação, da catalogação, da documentação e das recensões

bibliográficas. Bastante completo e acessível.

APÊNDICE 5 – NOTAS E REFLEXÕES SOBRE REDAÇÃO CIENTÍFICA

Rogério Lacaz-Ruiz (Prof. De Metodol. Cient. FZEA/USP e-mail [email protected])

http://www.hottopos.com.br/vidlib2/notas.htm (acessado em 06.02.2003)

“Se você quiser dar crédito a um sujeito, faça isso por escrito.

Se você quiser mandá-lo para o inferno, faça-o por telefone.”

(Charlie Beacham)

Quando foi diagnosticada uma doença grave em um amigo, recorremos a um manual

médico para saber mais sobre a doença. Da leitura do tratado, em inglês, pudemos extrair

todas as informações necessárias, sem praticamente recorrer ao dicionário. O texto estava

completo e sua leitura agradável. O médico que nos emprestou o livro fez um comentário

interessante. Disse que o organizador convidava especialistas para que escrevessem os

capítulos de sua área e antes de fazer a arte final seguia dois protocolos obrigatórios, a saber:

i) enviava todo material a um romancista para tornar a linguagem mais fácil e ii) devolvia o

33

aterial aos autores, para verificarem se as alterações não comprometiam as informações

técnicas.

Este fato, confirma a tese de Peter Drucker: o verdadeiro comunicador é o receptor.

Ao escrever é preciso perguntar-se: quem irá ler este texto? Em que condições? Um aluno

universitário, em geral, precisa ler muito e se o texto for técnico, provavelmente o rendimento

será menor. Um capítulo adaptado por um romancista facilita a leitura e a apreensão do

conhecimento; e este é o objetivo.

As vezes a imaginação nos leva por caminhos estranhos e, por este motivo, não

queremos fornecer uma resposta definitiva ao problema da escrita.

Enumeraremos, a seguir, algumas notas que podem ajudar a quem precisa escrever.

Cada um poderia descobrir naturalmente soluções de como aprimorar a escrita,desde que se

propusesse a isto. Leitura de boas obras e observar como os outros escrevem, facilitam o

aprendizado. Com o passar do tempo, se exercitamos a escrita, poderemos dar passos seguros

e significativos.

Lee Iacocca, o conhecido mega-empresário da indústria automobilística norte

americana, tem uma capacidade de comunicação acima da média. Ele mesmo conta, em sua

autobiografia, o que aprendeu de Robert McNamara: “... ele me ensinou a pôr todas as minhas

idéias no papel. – Você é muito eficiente cara a cara, ele costumava me dizer. – Você

conseguiria vender qualquer coisa a qualquer um. Mas estamos para gastar cem milhões de

dólares aqui. Vá para casa hoje à noite e ponha sua grande idéia no papel. Se você não

conseguir fazer isso é porque não trabalhou a idéia direito. Esta foi uma lição valiosa e a partir

daí passei a seguir sua orientação. Sempre que um dos meus homens tem uma idéia, eu lhe

peço para colocá-la no papel. Não quero que ninguém me venda um plano por causa do tom

da sua voz ou da força de sua personalidade. Seria inadmissível.” (in Iacocca, L.; Novak, W.

Iacocca, uma autobiografia. São Paulo: Livraria Cultura, 1985, p.66). Em outro parágrafo,

complementa a idéia de outra forma: “A cada três meses, cada gerente se reúne com seu

superior imediato para rever seu próprio desempenho e para estabelecer seus objetivos para o

período seguinte. Havendo acordo quanto a esses objetivos, o gerente os põe no papel e o

supervisor assina. Como aprende com McNamara, o hábito de escrever as coisas é o primeiro

passo no sentido de realizá-las efetivamente. Na conversa, você pode se desviar para todos os

tipos de imprecisões e absurdos, muitas vezes sem perceber. Mas, ao colocar suas idéias no

papel, você se força a ir direto ao que interessa. É mais difícil enganar a si mesmo ou enganar

aos outros”.(ibidem p.71-72).

34

“Todo pesquisador deve escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência, no

entanto, muitos não dominam a linguagem científica. Alguns editores apontam a falta de

estilo como principal defeito dos artigos enviados para publicação por cientistas dos países em

desenvolvimento. Isto indica que há uma deficiência importante na formação destes

investigadores”.

O ensino médio (de primeiro e segundo graus) enfoca a forma literária de escrever.

Esta admite frases longas, complexas e retóricas, para passar imagens e sensações ao leitor.

Ao contrário, a linguagem científica deve ser clara, objetiva, escrita em ordem direta e com

frases curtas. Portanto, os indivíduos precisarão adequar sua redação quando se iniciam na

carreira científica. Esse assunto tem sido negligenciado pelos cursos de Pós-Graduação no

Brasil, originando a formação de Mestres e Doutores inabilitados para escrever artigos

científicos. Geralmente esses jovens pesquisadores não têm consciência disso e passarão suas

deficiências aos futuros orientados.

Para corrigir esta falha na formação é necessário muito esforço, paciência e disposição

para ocupar quanto tempo for necessário. Acima de tudo, é preciso ter humildade para

reconhecer as próprias limitações e trabalhar continuamente para eliminá-las. Produzir um

texto adequado é tarefa árdua e demorada mesmo para aqueles que dominam a linguagem

científica” (Valenti, W.C, Guia de Estilo para a Redação Científica).

A seguir, serão apresentadas algumas regras práticas sugeridas pelo professor Valenti,

adaptadas para este artigo. Evidentemente, elas são de mero caráter típico-indicativo e

admitem exceções, mas podem auxiliar na hora de escrever ou revisar um texto acadêmico.

1. Antes de iniciar, organize um roteiro com as idéias e a ordem em que elas serão

apresentadas. Estabeleça um plano lógico para o texto. Só escreve com clareza quem

tem as idéias claras na mente.

2. Trabalhe com um dicionário e uma gramática ao seu lado e não hesite em consultá-los

sempre que surgirem dúvidas.

3. Escreva sempre na ordem direta: sujeito + verbo + complemento.

4. Escreva sempre frases curtas e simples. Abuse dos pontos.

5. Prefira colocar ponto e iniciar nova frase a usar vírgulas. Uma frase repleta de virgulas

está pedindo pontos. Na dúvida, use o ponto. Se a informação não merece nova frase

não é importante e pode ser eliminada.

6. Evite orações intercaladas, parêntesis e travessões. Algumas revistas internacionais

aceitam o uso de parêntesis para reduzir o período.

35

7. Corte todas as palavras inúteis ou que acrescentam pouco ao conteúdo.

8. Evite as partículas de subordinação, tais como que, embora, onde, quando. Estas

palavras alongam as frases de forma confusa e cansativa. Use uma por frase, no

máximo.

9. Use apenas os adjetivos e advérbios extremamente necessários.

10. Só use palavras precisas e específicas. Dentre elas, prefira as mais simples, usuais e

curta.

11. Evite repetições. Procure não usar verbos, substantivos aumentativos, diminutivos e

superlativos mais de uma vez num mesmo parágrafo.

12. Evite ecos (e.g. “avaliação da produção”) e cacófatos (e.g. “uma por cada

tratamento” ...uma porcada...)

13. Prefira frases afirmativas.

14. Frases escritas em voz passiva são muito utilizadas em relatórios e trabalhos

científicos, mas devem ser evitadas.

15. Evite: regionalismos, jargões, modismos, lugar comum, abreviaturas sem a devida

explicação, palavras e frases longas.

16. Um parágrafo é uma unidade de pensamento. Sua primeira frase deve ser curta,

enfática e, preferencialmente, conter a informação principal. As demais devem

corroborar o conteúdo apresentado na primeira. A última frase deve seguir de ligação

com o parágrafo seguinte. Pode conter a idéia principal se esta for uma conclusão das

informações apresesentadas nos períodos anteriores.

17. Os parágrafos devem interligar-se de forma lógica.

18. Um parágrafo só ficará bom após cinco leituras e correções:

a) na primeira, cheque se está tudo em forma direta e modifique se necessário;

b) na segunda, procure repetições, ecos, cacófatos. Orações intercaladas e partículas

de subordinação; elimine-os;

c) na terceira, corte todas as palavras desnecessárias; elimine todos os adjetivos e

advérbios que puder;

d) na quarta, procure erros de grafia, digitação e erros gramaticais, tais como de

regência e concordância;

e) na quinta. Cheque se as informações estão corretas e se realmente está escrito o

que você pretendia escrever. Veja se você ainda está adivinhando, pelo contexto, o

sentido de uma frase mal redigida.

36

Após a correção de cada parágrafo, em separado, leia todo o texto três vezes e faça as

correções necessárias.

Na primeira leitura, observe se o texto está organizado segundo um plano lógico de

apresentação do conteúdo. Veja se a divisão em itens e subitens está bem estruturada; se os

intertítulos (título de cada tópico) são concisos e refletem o conteúdo das informações que os

seguem. Se for necessário, faça uma nova divisão do texto ou troque parágrafos entre os itens.

Analise se a mensagem principal que você desejava transmitir está de forma clara a ser

entendida pelo leitor.

Na segunda, observe se os parágrafos se interligam entre si. Veja se não há repetições

da mesma informação em pontos diferentes do texto, em períodos escritos de forma diversa,

mas com significado semelhante. Elimine todos os parágrafos que contenham informações

irrelevantes ou fora do assunto do texto.

Na terceira leitura, cheque todas as informações, sobretudo valores numéricos, datas,

equações, símbolos, citações de tabelas e figuras, e as referências bibliográficas.

Lembre-se que textos longos e complexos, com frases retóricas e palavras incomuns

não demonstram erudição. Ao contrário, indicam que o autor precisa melhorar se modo de

escrever.

Hoje em dia, já se encontram disponíveis na Internet (www) muitos sites contendo

informações para redigir de acordo com o local onde se pretende publicar. Por exemplo, o

Style and Form do Journal of Animal Science: http://www.asas.uiuc.edu.

Leituras Recomendadas

ECO, U Como se faz uma tese. 14ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1996, p.170.

FIGUEIREDO, L.C. A redação pelo parágrafo. Brasília: Universidade de Brasília, 1995.

127p.

LERTZMAN, K “Notes on writing papers and thesis”,Bulletin of the Ecological Society of

America. V.76,n.2, p.86-90, 1995.

MAGNUSSON, W.E. “How to write backwards”, Bulletin of the Ecological Society of

America. V.77, N.2, p.88, 1996.

MEDEIROS, J.B.; Gobes, A.; Alves, F.; Lima, I. Manual de redação e revisão. São Paulo:

Atlas, 1995. 203p.

Manual de estilo Editora Abril. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 93p.

Manual Escolar de Redação Folha de São Paulo –Editora Ática. São Paulo: Ática, 1994.

184p.

37

APÊNDICE 6 – ENCADERNAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

Após a defesa da dissertação perante a banca, e após as correções implementadas por

sugestão da banca, o trabalho, mediante aprovação do orientador, deverá ser encadernado para

ser entregue aos membros da banca e à biblioteca da Faculdade.

A encadernação deverá ser como segue (capa):

a. O nome da Instituição (corpo 14, caixa alta, negrito, centralizado);

b. Nome do autor

c. Título do trabalho (corpo 14, caixa alta, negrito, centralizado);

d. Local e ano da apresentação (corpo 12, caixa alta e baixa, negrito,

centralizado).

e. A capa deverá ser dura e de cor preta com letras douradas;

Os elementos que deverão compor a lombada são os seguintes:

a. Nome do autor (corpo 14, caixa alta e baixa, negrito), impresso

longitudinalmente do alto para o pé da lombada;

b. Título do trabalho, impresso da mesma forma que o nome do autor, logo

depois deste (corpo 14, caixa alta, negrito);

c. Elementos alfanuméricos de identificação (indicação de volume). Se não

houver mais que um volume essa informação é desnecessária;

d. A sigla da Faculdade;

e. Ano da apresentação.

Exemplo:

38

Eleom

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2007

39

40